O que é
VISAGISMO é a adequação da expressão da imagem pessoal de modo a revelar as características de alguém ou mesmo neutralizar essas características de acordo com as suas particularidades físicas e com os princípios da linguagem visual (harmonia estética). Para tal, são usados, entre outros recursos estéticos, a maquiagem e o corte, a coloração e o penteado de cabelo.
pretende valorizar a adequação da imagem de modo a expressar uma mensagem específica. Os mesmos conceitos da linguagem visual podem ser utilizados em outras áreas do corpo e até fora dele, mas isso não é unicamente visagismo, mas, sim, consultoria de imagem. é a tradução do termo francês visagisme, que deriva do também francês visage, que significa rosto.
Breve histórico do visagismo O termo visagismo foi primeiramente usado em 1937 por Fernand Aubry, cabeleireiro e maquiador. Mas, mesmo muito antes de existir o conceito, algumas culturas africanas e indígenas, de forma intuitiva, já aplicavam o visagismo. Nessas culturas, criava-se a imagem dos indivíduos de acordo com a função que desempenhavam. Líderes, guerreiros e pajés tinham suas imagens estilizadas, modificadas para fazer com que se parecessem com animais ou deuses específicos.
O célebre arquiteto Louis Sullivan resumiu assim o costume desses povos:
“a forma sempre segue a função”. Em 1918, a escola de artes Bauhaus foi fundada sobre esse princípio. Walter Gropius e um influente grupo de artistas mudaram definitivamente toda a área de artes visuais, desde as belas artes até o design. Para Sullivan, antes de se pensar no aspecto do belo e do esteticamente agradável, é preciso refletir sobre para que ou para quem a imagem serve. Exemplo disso é que alguns cortes, cores e penteados, apesar de belos, podem não ser adequados a determinadas pessoas. Na grande maioria das culturas, a estilização da imagem pessoal foi se uniformizando de acordo com padrões estabelecidos pelas elites. No início do século XX, os indivíduos manipulavam sua imagem (cabelo, roupas e acessórios) baseando-se na imagem da classe à qual acreditavam pertencer, fosse ela econômica ou ideológica. Um artista com convicções socialistas, por exemplo, não poderia ter uma imagem semelhante à de um membro da elite social, conservadora e católica. Surgiram daí vários estereótipos que se mantêm há décadas.
Partindo de sua intuição e sensibilidade, Fernand Aubry começou a criar uma imagem despadronizada e personalizada, tendência que foi crescendo ao longo do século. A partir da década de 1960, passou-se a falar cada vez mais em expressar a beleza interior e em fugir de padrões de beleza já estabelecidos. Quem mais difundiu o conceito do visagismo nos últimos anos foi Claude Juillard, autor do livro Formes et Couleurs (1999), escrito em parceria com Brigitte Gautier. Foi a primeira pessoa a pensar em um método que se baseasse na análise do comportamento (linguagem corporal) e nas características físicas. Foi um avanço grande, mas ainda estava limitado à percepção de como uma pessoa está e não de quem ela é.
No Brasil, o visagismo ganha projeção a partir de 2002, com o lançamento do livro do artista visual Philip Hallawell Visagismo: harmonia e estética, publicado pela Editora Senac.
Em sua obra, Hallawell destrincha o visagismo e identifica as características e os princípios básicos para que o profissional possa aplicar esse conceito junto ao seu cliente. A partir da divulgação do trabalho do artista, os profissionais da beleza e da estética passaram a se preocupar com o assunto e a colocá-lo em prática. Em 2009, Hallawell lança seu segundo livro sobre o assunto: Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza, também pela Editora Senac. Desta vez, o autor explica como exercer a arte do visagismo a partir do método por ele criado.
Afinal, quem é o visagista? O visagista é o profissional com formação em visagismo. Ele utiliza métodos e técnicas específicas para auxiliar o seu cliente a estabelecer uma intenção para sua imagem. Profissionais de diversas áreas podem utilizar os princípios de visagismo em seu trabalho.
Cabeleireiros, maquiadores, estilistas, consultores de moda, ortodontistas, cirurgiões plásticos e outros profissionais que trabalham com imagem pessoal têm, no visagismo, a possibilidade de ampliar o seu campo de ação. O visagismo já é usado na odontologia estética, na medicina estética, na moda, no design de interiores, na arquitetura, na psicologia do trabalho e, inclusive, no gerenciamento de equipes.
elementos de linguagem visual Nas artes visuais, inclusive na área da imagem pessoal, há uma tendência de foco na técnica, deixando de lado a linguagem visual. Muitos profissionais da beleza nem mesmo sabem o que é a linguagem visual e qual é o seu papel. Certamente, a técnica é essencial ao processo criativo, pois é fundamental para que se possa praticá-lo por completo. Sem técnica, não há como executar o trabalho. Quanto maior for o domínio da técnica, mais possibilidades o criador encontrará. Com a técnica, o profissional utilizará o ângulo correto para executar o corte que deseja, conhecerá o modo como se aplica a coloração, saberá usar a escova. Entretanto, mesmo dominando a técnica, se não tiver outros conhecimentos, o profissional não saberá finalizar um corte, estilizá-lo, dar personalidade ao trabalho; não poderá definir em formas suas intenções ou se expressar por meio da luz e da sombra. Portanto, é importante que o profissional de beleza se aproprie de alguns conceitos de linguagem visual. Já vimos que, segundo Louis Sullivan, “a forma sempre segue a função”. Isso significa que é preciso refletir sobre para que ou para quem a imagem serve antes de se pensar se é bela ou esteticamente agradável.
Vejamos um exemplo prático disso no que diz respeito ao trabalho do cabeleireiro. Uma jovem advogada pode ficar muito bonita com um penteado alto, cheio de volume e ornamentado, mas talvez assim não transmita a imagem que quer perante um juiz, durante a defesa de um cliente.
Quando se tem como prioridade a função, esta determinará como a imagem deve ser, para que possa ser adequada, mas sem deixar de ser bela. É importante compreender que toda e qualquer imagem expressa conceitos. A imagem de uma pessoa é constituída pelo
formato de seu rosto, por suas feições, sua cor de pele, seu corte de cabelo, penteado, coloração do cabelo, sua maquiagem, suas vestes e acessórios.
No caso dos homens, há ainda os pelos faciais. Esse conjunto de coisas diz ao mundo quem a pessoa é; e essa declaração é feita por meio da linguagem visual. Intuitivamente, entendemos o que essa linguagem comunica. Algumas vezes, conseguimos até sentir o que uma imagem comunica.
Nisso se estabelece um conceito, ou seja, É preciso partir do estudo e da compreensão a função da imagem, e esse é o primeiro dos elementos da linguagem visual, os quais passo do processo criativo. Mas, para se são os fundamentos do visagismo. criar a forma mais adequada para expressar esse conceito, é preciso dominar o uso da linguagem visual, conhecendo e estudando seus fundamentos, quais sejam: luz e sombra, cor, composição, proporção áurea, dinâmica das linhas, entre outros.
Os temperamentos Há quatro tipos de temperamento: sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático. Esses tipos foram descobertos/ criados pelo filósofo e médico grego Hipócrates, e, posteriormente, adaptados às teorias de visagismo pelo artista visual, arte-educador e visagista Philip Hallawell. Cada um dos temperamentos tem características específicas, e, cada um de nós, contemos essas características em percentuais diferentes. Normalmente, temos características predominantes de dois temperamentos, um dominante e um secundário.
As características de cada temperamento são divididas em forças (positivas) e fraquezas (negativas). É importante ressaltar que nosso comportamento e nossa personalidade estão relacionados ao nosso temperamento. Contudo, temperamento não é sinônimo de personalidade nem de comportamento, a personalidade que expressamos e o comportamento que provém dessa expressão estão diretamente ligados ao temperamento, mas não são a mesma coisa.
Os temperamentos
Forças: Extrovertido Comunicativo Motivado Automotivado Festivo Alegre Enérgico impetuoso Curioso
Interessado por novidades Criativo Inovador Espirituoso Rápido Chama a atenção Marca presença
Cria empatia Avesso a rotinas e pequenos espaços Audacioso Proativo Intuitivo Espontâneo Transparente
Tem dificuldade de completar tarefas Pode vir a ser superficial Pode vir a ser frívolo Vaidoso Esquecido Genioso
Pode ter acessos de raiva Pode vir a ser inconveniente e intrometido Barulhento Arriscado Imprudente
Fraquezas: Irregular Inconstante Desorganizado Desestruturado Sem foco Tem dificuldade de concentração
Os temperamentos
Melancolico
(melancólico artístico e melancólico científico)
Forças: Organizado Disciplinado Detalhista Pragmático Perfeccionista Paciente Profundo Pensativo
Sensível (artístico) Romântico e delicado (artístico) Confiável Competente Cerebral e lógico (científico) Muito organizado e sistemático (científico)
Concentrado Disciplinado Paciente Persistente “Acabativo” Respeitador Discreto
Tem dificuldade de completar tarefas Pode vir a ser superficial Pode vir a ser frívolo Vaidoso Esquecido Genioso
Pode ter acessos de raiva Pode vir a ser inconveniente e intrometido Barulhento Arriscado Imprudente
Fraquezas: Irregular Inconstante Desorganizado Desestruturado Sem foco Tem dificuldade de concentração
Os temperamentos
Forças: Determinado Persistente Objetivo Explosivo Passional Emotivo Dramático Intenso Líder Resolutivo
Colerico Rápido Busca resultados Motivado pelo desafio Leal Fiel Generoso Abomina traição Dominante Forte Corajoso
Concentrado Gosta de luxo Levemente extrovertido Reservado Direto Franco Aceita opiniões se forem bem fundamentadas Temperamental Não guarda rancor
Pode parecer insensível Dominante Brusco Imperioso Centralizador Pouco sutil Intimidador Vaidoso Orgulhoso
Transfere as culpas Intenso Obsessivo Bagunceiro, mas não desorganizado Apressado Avesso a controle e pressão
Fraquezas: Impaciente Intolerante Autoritário Competitivo Combatente Pode ser violento, raivoso e explosivo Imprudente Intolerante para fraquezas
Os temperamentos
Forças: Diplomata Pacífico Místico Bonachão Amigável Agradável, alegre e sorridente Calmo Fraquezas: Irregular Inconstante Desorganizado Desestruturado Sem foco Tem dificuldade de concentração
Fleumatico Não demonstra grandes emoções Não assume confrontos nem desavenças Bom anfitrião Ouvinte Não competitivo Desapegado materialmente Desprendido
Generoso Constante Paciente Confiável Fiel Leal Adaptável Não gosta de mudanças Conformado Busca segurança
Tem dificuldade de completar tarefas Pode vir a ser superficial Pode vir a ser frívolo Vaidoso Esquecido Genioso
Pode ter acessos de raiva Pode vir a ser inconveniente e intrometido Barulhento Arriscado Imprudente
Elementos de linguagem visual Ponto Pode-se considerar o ponto o começo de tudo. O ponto gráfico é a base da linguagem visual. Simboliza a existência de algo sobre o nada; expressa demarcação, a pontuação de algo.
Linha A linha é constituída por uma sequência de pontos, podendo ser reta ou curva. As diferentes formas de linha têm expressões distintas: a curva expressa suavidade, gradação, flexibilidade e existe abundantemente nas formas da natureza; a reta, angulosa, surge mais como resultado da ação humana, e sua produção expressa constância, firmeza, linearidade.
Forma O plano, ou forma, é formado pela união de linhas, dispostas de forma a contornar um espaço vazio. Expressa delimitação e separa o espaço interno do espaço externo.
Cor A cor confere preenchimento e certa carga emocional à forma. Cada cor transmite uma informação, uma mensagem. Essas informações normalmente são associadas a temas específicos.
Contorno As bordas, ou contornos, servem para reforçar o limite dado pelas formas. Quanto mais espessa for a borda, mais claras ficam as delimitações. A espessura e o tipo de borda (pontilhada, delineada ou outra) podem transmitir suavidade ou agressividade, o que depende também das cores e das formas utilizadas.
Textura A textura é um recurso muito utilizado para simular materiais diversos. Bem como as cores, a textura pode sugerir envolvimento emocional, transmitindo mensagens como maciez, solidez e viscosidade, entre outras.
Elementos de linguagem visual Tom (nuance) O tom é o grau de intensidade de um preenchimento e está fundamentado na relação entre luz e sombra.
Direção e sentido A disposição dos elementos em um plano pode conduzir o olhar a um sentido espacial. Linhas verticais podem sugerir altura, por exemplo. Formas ou linhas horizontais se relacionam com largura, amplitude; expressões em diagonal podem sugerir instabilidade.
Escala e proporção A proximidade entre elementos visuais de diferentes tamanhos e parecidos em forma e/ou cor transmite a ideia de escala e proporção, devido à possibilidade de comparação.
Movimento e ritmo A sensação de movimento pode ser obtida por meio de vários recursos. Todos têm em comum a repetição de alguns elementos, o que forma o ritmo.
Volume e perspectiva A imagem da perspectiva é obtida com a simulação de dois planos, com a criação de uma relação entre eles. As linhas que relacionam dois planos apontam para um mesmo ponto de fuga, invisível no horizonte; logo, se as linhas forem estendidas, acabam por se encontrar. O volume está diretamente ligado à luz e à sombra, pois é por meio delas que o volume será expresso.
Luz A luz não é exatamente um elemento da linguagem visual, pois sua expressão gráfica depende da manifestação de outros elementos no espaço. Entretanto, é da luz que vem o elemento sombra. Além disso, a luz está diretamente ligada ao volume.
Elementos de linguagem visual Sombra Trata-se de um espaço ou de uma região que se forma pela falta de luz. É produzida quando um corpo opaco impede a passagem da luz. É um recurso muito utilizado para simular a terceira dimensão e o volume em imagens de duas dimensões.
Negativo É um recurso amplamente utilizado na produção de efeitos e de destaques visuais. O padrão com o qual nossos olhos e cérebro estão acostumados é um espaço (ou fundo) claro com elementos mais escuros. O negativo é a inversão desse padrão. Ao contrário do que se pensa, o negativo nem sempre é a parte escura de uma forma ou de um plano. É necessário que haja duas cores quaisquer distintas e que sejam expostas em posições opostas.
Contraste Contraste significa distinção. Seu princípio é a existência de positivo e de negativo. Só é possível distinguir positivo de negativo pelo contraste entre eles. O contraste não se dá única e exclusivamente entre o preto e o branco. Ele pode existir até mesmo entre duas partes com a mesma cor, desde que de tons diferentes. Quanto maior for a distinção entre as cores, maior será o contraste. O contraste máximo que se pode alcançar é entre o preto e o branco.
Tom sobre tom Este efeito é basicamente um contraste; porém, aqui teremos uma mesma cor, trabalhada em diferentes tonalidades, com esses tons postos um após o outro.