- confesso que bem hostil -, além da abordagem didática ser mais “tradicional”, fui bem acolhida por todos, mas a linguagem do Teatro, que é um tema totalmente novo para o programa da Escola em questão, resultou numa recepção apática e indiferente por parte dos alunos. Ao descrever lembranças das minhas primeiras experiências discentes - em anexo -, quero comentar que tive uma infância muito divertida e criativa e por isso concordo com Bertold Brecht, quando ele nos propõe uma Escola de Estética deste tipo: ... Para desenvolver o gosto nas crianças... é preciso que entrem em uma escola especial onde possam fazer aquilo que se faz com a química nos laboratórios. Elas devem ter máscaras, roupas e objetos para brincar. Elas devem ter móveis para decorar quartos no cenário. Os móveis devem ser de boa e má qualidade, as roupas de diferentes qualidades. Elas precisam ter blocos de construção com peças de épocas diferentes, entre as quais possam escolher. A partir de pequenos moldes devem aprender a planejar jardins e fazer arranjos com flores artificiais. Para a aula de musica elas necessitam de gravadores, com fitas de trechos de obras musicais. Elas devem aprender a fotografar e fazer composições, a moldar e pintar potes de barro. Elas necessitam de tipografias para compor paginas de livros. De pastas e imagens kitsh. Precisam ler poemas, ouvir bons e maus oradores em discos. Precisam de caixas com objetos de uso nobre, talheres, cartas de baralho. 44
No Ensino de Teatro, pensamento e emoção estarão sempre relacionados. Por experiência própria e através de estudos e referências de outros artistas e professores, concordo com uma educação estética na qual seja possível orientar o aluno como ser pensante e autônomo através de um processo que envolve a criação de espaços para experiências sensíveis exigindo o máximo de nossos sentidos simultaneamente - provocando uma mistura de sensações diferentes. Os estímulos ao imaginário devem ser especificados e pré-determinados pelo planejamento do professor, permitindo ainda boa parte de maleabilidade na 44
Ingrid Koudela, livro texto e jogo – Uma didática Brechtiana.
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