Carla Akemi Tomizawa - MY OWN PRIVATE IDAHO: O filme inserido no movimento New Queer Cinema e ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CARLA AKEMI TOMIZAWA

MY OWN PRIVATE IDAHO: O filme inserido no movimento New Queer Cinema e suas influências e impactos na temática e representação LGBTQ do cinema americano atual

BELO HORIZONTE – MG 2018


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CARLA AKEMI TOMIZAWA

MY OWN PRIVATE IDAHO: O filme inserido no movimento New Queer Cinema e suas influências e impactos na temática e representação LGBTQ do cinema americano atual

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de Bacharelado em Cinema de Animação e Artes Digitais da Universidade Federal de Minas Gerais. Orientador: Rafael Conde Resende Co-Orientadora: Tatianna Carvalho Costa

Belo Horizonte UFMG / Escola de Belas Artes 2018


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Resumo Essa pesquisa tem como intuito analisar alguns aspectos e fatores que influenciaram o cinema queer atual através do filme My Own Private Idaho lançado em 1991 que está inserido no movimento New Queer Cinema, numa época onde muitos filmes queers foram lançados e começavam a ganhar destaque mundial, mudando a visão e o modo como a comunidade LGBTQ era representada no cinema dos Estados Unidos.

Palavras-chave: Representatividade, LGBTQ, cinema queer, New Queer Cinema, My Own Private Idaho, Gus Van Sant

Abstract This research aims to analyze some aspects and factors that influenced the current queer cinema through the film My Own Private Idaho released in 1991 that is inserted in the movement New Queer Cinema, in an era where many queers films were launched and began to gain worldwide prominence, changing the vision and the way the LGBTQ community was represented earlier in the United States.

Keywords: Representation, LGBTQ, queer cinema, New Queer Cinema, My Own Private Idaho, Gus Van Sant


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Sumário Resumo ......................................................................................................................... 3 Abstract ......................................................................................................................... 3 1 Introdução ................................................................................................................ 5 2 Representação LGBTQ no Cinema ......................................................................... 7 3 New Queer Cinema ................................................................................................. 8 4 My Own Private Idaho ............................................................................................ 10 5 Influência nas atuais representações do Cinema ................................................... 18 6 Conclusão ............................................................................................................... 19


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Introdução Ao longo da história recente da humanidade, homossexuais, bissexuais, trans e queers foram constantemente invisibilizados e desvalidados como cidadãos, tratados como doentes ou anormais e sendo até mesmo condenados por sua orientação sexual. Isso se reflete não só nos direitos humanos e política, como na arte, na pintura, literatura e, claro, cinema, onde há casos que demonstram que, a partir do momento em que se aprofunda na questão de sexualidade e gênero, surge uma grande aversão e opressão vinda de boa parte da população, incluindo organizações e governos no poder. Na segunda metade do século XX, essas questões passaram a ser mais estudadas e pesquisadas na filosofia, sociologia e psicologia. Nomes como Simone de Beauvoir e Judith Butler trouxeram pensamentos sobre a visão do feminino na sociedade, estimulando movimentos que fomentavam a maior discussão sobre gênero e orientação sexual, e questionavam o patriarcal e o heteronormativo, fazendo com que essa visão mudasse, lentamente, ao longo dos anos. Todo comportamento e mudanças políticas e civis de cada época refletem-se no cinema e, com a temática LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queers), não seria diferente. New Queer Cinema foi um termo cunhado em 1992 pela crítica B. Ruby Rich para se referir à onda de filmes com temática LGBTQ que estavam surgindo cada vez mais. A palavra queer, inicialmente, significava estranho e excêntrico e, no decorrer do tempo, foi usada como termo pejorativo e ofensa aos LGTBQs. O termo começou a sofrer uma reapropriação por essa comunidade no século XX até ter seu significado, novamente, modificado. Queer pode ser traduzido por estranho, talvez ridículo, excêntrico, raro, extraordinário. Mas a expressão também se constitui na forma pejorativa

com

que

são

designados

homens

e

mulheres

homossexuais. Um insulto que tem, para usar o argumento de Judith Butler, a força de uma invocação sempre repetida, um insulto que ecoa e reitera os gritos de muitos grupos homófobos, ao longo do tempo, e que, por isso, adquire força, conferindo um lugar discriminado e abjeto àqueles a quem é dirigido. Este termo, com toda sua carga de estranheza e de deboche, é assumido por uma vertente dos movimentos homossexuais precisamente para caracterizar sua


6 perspectiva de oposição e de contestação. Para esse grupo, queer significa colocar-se contra a normalização – venha ela de onde vier. Seu

alvo

mais

imediato

de

oposição

é,

certamente,

a

heteronormatividade compulsória da sociedade; mas não escaparia de sua crítica a normalização e a estabilidade propostas pela política de identidade do movimento homossexual dominante. Queer representa claramente a diferença que não quer ser assimilada ou tolerada e, portanto, sua forma de ação é muito mais transgressiva e perturbadora. (Louro; 2004, pág. 6)

O movimento ocorreu no início dos anos 1990 e ainda influencia filmes recentes. Não há muito material no Brasil sobre o tópico em questão, trazendo a necessidade de informar sobre o movimento, suas consequências e apontar alguns desses filmes que excederam as expectativas iniciais de seus criadores e ganharam tamanha popularidade a ponto de ainda influenciar as gerações seguintes e trazer mais diversidade e representatividade à comunidade LGBTQ. É claro que o nascimento de um movimento nunca é unilateral, nunca é um assunto solitário; é um impulso que visa criar comunidade e é feito pela comunidade. Com o útil slogan do NQC, filmes lançados nos anos seguintes foram capazes de obter financiamento para produção, festivais, distribuição e, acima de tudo, uma conexão com seus públicos apropriados e até mesmo inapropriados. Eles eram filmes e vídeos sem precedentes, cruzando novas fronteiras em busca de um vernáculo queer atualizado.¹ (Rich; 2013, pág. 12)

Os textos de B. Ruby Rich, Vito Russo e de outros estudiosos do New Queer Cinema e Cinema Queer em geral, que analisaram o início do movimento ou seu rumo ao longo dos anos, foram extremamente necessárias para ter uma compreensão vasta e panorâmica de como a temática é e foi retratada na história ________________ ¹ RICH, B. Ruby; New Queer Cinema: Introduction, pág. 12. Of course, the birth of a movement is never unilateral, never a solitary affair; it's an impulse aimed at creating community and made by community. With the handy NQC tagline, films released over the next few years were able to get production financing, festival play, distribution, and, above all, a connection to their proper and even improper audiences. They were unprecedented films and videos, crossing new borders in search of an updated queer vernacular. Traduzido pelo autor. Original inglês.


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do cinema. Com os livros, críticas, resenhas, a forma de divulgação retratada na história do cinema. Com os livros, críticas, resenhas, a forma de divulgação da época, entrevistas com os envolvidos na produção dos filmes de Gus Van Sant, especialmente My Own Private Idaho (1991, EUA), e sua repercussão nos anos seguintes, foi feita a análise e pesquisa do filme em questão inserido no New Queer Cinema e sua influência posterior no cinema americano.

Representação LGTBQ no cinema Para elaborar e trazer esse movimento em tópico, é necessário falar um pouco da representação de personagens LGBTQ desde o início do cinema e sua mudança lenta e gradual ao longo das décadas. As poucas representações não censuradas de personagens desde o início do cinema americano são, na maioria das vezes, dadas por coadjuvantes com um tom caricato e estereotipado ou trágico e subversivo (Russo, 1987). O crescimento da indústria cinematográfica trouxe a atenção dos conservadores, dentre eles o advogado presbiteriano William H. Hays que, representando instituições religiosas, insistiu na implementação do Motion Picture Production Code ou, como é popularmente conhecido, o Código Hays para todo o país. De 1930 a 1968, o código censurava qualquer tema considerado impróprio, de adultério, cenas de sexo, nudez, cenas de parto a certas cenas de assassinato e danças. Os homossexuais e suas histórias, obviamente, foram os personagens e narrativas mais censurados e apagados dessa era. Os roteiristas e cineastas conseguiam burlar o código retratando personagens e relacionamentos homossexuais em subtextos que, em tela e de forma geral, não eram explícitos e, por isso, passavam despercebidos aos olhos do público conservador e heteronormativo, mas tendo seus sinais facilmente captados pela comunidade LGBTQ. O Código teve vários nomes e vários ajustes e reajustes em suas normas ao longo dos anos. Nos anos 1960 e 1970, com o enfraquecimento e fim do Código Hays, movimentos políticos de contracultura, e a eclosão do movimento gay (marcada, principalmente, pela Rebelião de Stonewall de 1969¹) e,

também, de

________________ ¹ A Rebelião de Stonewall foi uma série de manifestações violentas e espontâneas de membros da comunidade LGBTQ contra uma invasão da polícia de Nova York que aconteceu nas primeiras

horas

da

manhã

de

28

de

junho

de

1969,

no

bar

Stonewall

Inn.


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movimentos feministas que tratavam sobre gêneros e libertação sexual refletiram no cinema com filmes e documentários como A Gaiola das Loucas (La Cage aux Folles, 1978, França/Itália, Édouard Molinaro), Eu Tu Ele Ela (Je Tu Il Elle, 1976, França/Bélgica, Chantal Akerman), World is Out (1977, EUA, Peter Adair, Rob Epstein, Lucy Massie Phenix, Veronica Selver, Andrew Brown), The Boys in the Band (1970, EUA, William Friedkin), The Rocky Horror Picture Show (1975, EUA/Reino Unido, Jim Sharman) ou a filmografia do consagrado diretor alemão Rainer Werner Fassbinder, assumidamente bissexual. Os direitos respeitados, igualdade e uma boa representatividade no cinema ainda estavam longes de ser alcançados, mas personagens homossexuais voltaram a ser um pouco mais explícitos em filmes.

New Queer Cinema Nos EUA dos anos 1980, em meio ao governo do 40º presidente Ronald Reagan, houve a grande epidemia de AIDS que, atrelada a homofobia, numa época em que a maioria da população acreditava erroneamente que o vírus atingia apenas os homossexuais, causou a morte de inúmeras pessoas. Movimentos e organizações de apoio aos infectados como o ACT UP¹ foram criadas para resistir e exigir o encontro de uma solução rápida e eficaz para evitar que mais vidas fossem perdidas. Em meio a essa situação e ânimos a flor da pele, com o advindo da câmera e VHS trazendo mais facilidade na produção de vídeos, o cinema para a comunidade LGBTQ serviu como uma forma dos artistas se expressarem. (Rich, 2013) O catalisador do movimento New Queer Cinema poderia ser

________________ ¹ AIDS Coalition to Unleash Power (ACT UP) era uma organização sem fins lucrativos ² OTTERWELL, Jessica. Getting Into the Outside. Representations of Class and Homosexuality in Gus Van Sant's My Own Private Idaho, 2013. The catalyst for the New Queer Cinema movement could be credited to two things, one was, as Davies states,'a mid-80s American indie production boom' and the other was the republican government's refusal to acknowledge the AIDS epidemic until the death of Rock Hudson in the 1985. Davies continues, 'Reagan did not publicly utter the word AIDS during the first six years of his administration and his first public mention of the disease didn't come until a press conference in which he discussed the federal government' role in fighting it in May 1987'. Traduzido pelo autor. Original inglês.


9 creditado a duas coisas, uma era, como Davies afirma, "um boom da produção indie americana dos anos 80" e a outra era a recusa do governo republicano em reconhecer a epidemia da AIDS até a morte de Rock Hudson em 1985. Davies continua: 'Reagan não pronunciou publicamente a palavra AIDS durante os primeiros seis anos de sua administração e sua primeira menção pública da doença não veio até uma conferência de imprensa em que ele discutiu o papel do governo federal em combatê-lo em maio de 1987'.³ (Otterwell; 2013)

Em 2013, B. Ruby Rich lançou o livro intitulado New Queer Cinema: The Director’s Cut onde reúne seus artigos e críticas relativos a filmes antigos e atuais, suas influências e seu status político-social, dando uma ampla visão de como os anos de crescimento da abordagem dessa temática de forma mais diversificada foram cruciais para assegurar mais respeito e visibilidade a comunidade LGBTQ retratada no cinema popular atual. Um renascimento do cinema e do vídeo chegou, justamente quando a energia apaixonada que caracterizava o ativismo da AIDS estava enfraquecendo. Feito por algumas das mesmas pessoas, era um cinema ferozmente sério, com a intenção de reescrever tanto o passado quanto o futuro, fornecendo inspiração para o que quer que fosse e para quem viria a seguir. À medida que a urgência e a raiva começaram a desmoronar em desespero e frustração pela geração ACT UP, o New Queer Cinema criou um espaço de reflexão, nutrição

________________ ¹ RICH, B. Ruby; New Queer Cinema: The Director’s Cut. Introduction. A renaissance of film and video arrived, just when the passionate energy that had characterized AIDS activism was flagging. Made by some of the same people, it was a fiercely serious cinema, intent on rewriting both past and future, providing inspiration for whatever and whoever was going to come next. As urgency and rage began to collapse into despair and frustration for the ACT UP generation, the New Queer Cinema created a space of reflection, nourishment, and renewed engagement. The NQC quickly grew--embryonically at first, with its first steps in the years 1985-91, then bursting into full view in 1992-97 with formidable force. Its arrival was accompanied by the thrill of having enough queer videos and films to reach critical mass and tip over into visibility. An invention. A brand. A niche market. Traduzido pelo autor. Original inglês.


10 e

compromisso

renovado.

O

NQC

cresceu

rapidamente

-

embrionariamente no início, com seus primeiros passos nos anos de 1985-91, depois explodindo em 1992-1997 com uma força formidável. Sua chegada foi acompanhada pela emoção de ter vídeos e filmes queer suficientes para atingir a massa crítica e se transformar em visibilidade. Uma invenção. Uma marca. Um nicho de mercado.¹ (Rich; 2013, pág. 11)

Nos EUA, os nomes mais conhecidos que surgiram desse meio são Todd Haynes e Gus Van Sant. Em Portugal temos o exemplo de João Pedro Rodrigues, e na Espanha, Pedro Almodóvar. Segundo o Catálogo New Queer Cinema: Segunda Onda: O cinema queer não só continuou a ser realizado com certa frequência, mas ganhou um espaço cada vez maior. Alguns dos principais cineastas daquele momento eram queers e suas obras eram completamente calcadas nessa constante presença e discussão de temas relacionados à sexualidade, corpo e erotismo. (Murari, Nagime, Lopes; 2016, pág. 5)

Apesar das únicas semelhanças entre os diretores inseridos no movimento ser a temática que passou a ser mais difundida no cinema e a maneira despretensiosa de representação LGBTQ, eles passaram a fazer parte de um grupo de diretores queers que estavam, no momento, fazendo filmes independentes com narrativas e tramas inusitadas sem personagens incluídos nas normas de sexualidade e gênero estabelecidas pela sociedade. No entanto, tais representações não muito positivas geravam certas reclamações e desconfortos por parte da comunidade, não só nos EUA como em várias partes do mundo durantes os anos seguintes. Porém, é inegável que certos filmes que chegaram não só no circuito independente e alcançaram destaque mundial, trouxeram maior visibilidade diante o público geral.

My Own Private Idaho My Own Private Idaho (1991, EUA), ou Garotos de Programa no Brasil, retrata a vida de pessoas marginalizadas que vivem nas ruas e se prostituem. Considerado até hoje um dos filmes mais ousados de Gus Van Sant,


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é parcialmente baseado em Henrique IV (1592), de Shakespeare. Inspirado na vida real de garotos de rua que Van Sant havia conhecido, especialmente Mike Parker, ele reúne suas influências e faz uma mistura experimental de gêneros. A um certo ponto do filme, com os garotos relatando seus primeiros encontros e vida na prostituição, temos elementos documentais. Com os monólogos e viagens de Mike Waters, interpretado por River Phoenix, temos elementos de faroeste e de road movies, misturados a fantasias e sonhos quando o protagonista tem seus rompantes e ataques de narcolepsia¹. Segundo sua entrevista com Todd Haynes nos extras do DVD na versão da Criterion Collection, Van Sant tem várias influências cinematográficas tanto em relação à narrativa com Chimes at Midnight (1965, Espanha/Suíça) de Orson Welles, onde o próprio diretor interpreta Falstaff e adapta o roteiro contendo muitas passagens originais das peças Henrique IV, Ricardo II e Henrique V de William Shakespeare. Há também a visualidade de Stanley Kubrick, com sua estética, cores e planos simétricos, que influenciou Van Sant desde o início de sua carreira como cineasta. O filme trata também da família, desigualdade social, amor e sexualidade do ponto de vista subjetivo de seu protagonista, Mike Waters. O enredo une vários temas, muitas vezes sem a pretensão de trazer uma representatividade de fato. Por vezes, há quem questione se ele pode ser incluído no movimento New Queer Cinema. A principal razão pela qual My Own Private Idaho foi incluído dentro deste movimento é porque Gus Van Sant era um homem abertamente gay, fazendo filmes sobre homens gays em uma época em que outros gays estavam fazendo o mesmo.² (Otterwell; 2013)

É o terceiro filme de Van Sant, que se segue à estreia em Mala Noche (1986, ________________ ¹ Narcolepsia é uma perturbação neurológica crônica caracterizada pela diminuição da capacidade de regulação do ritmo de sono e de despertar. ² OTTERWELL, Jessica. Getting Into the Outside. Representations of Class and Homosexuality in Gus Van Sant's My Own Private Idaho, 2013. The main reason that My Own Private Idaho has been included within this movement is because Gus Van Sant was an openly gay man, making films about gay men at a time when other gay men were doing the same. Traduzido pelo autor. Original inglês.


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EUA), sobre um vendedor de licor apaixonado por um imigrante mexicano, e por Drugstore Cowboy (1989, EUA), sobre um casal viciado em drogas que vive de cometer pequenos furtos. Idaho narra a vida de Mike Waters, um garoto narcoléptico que vive nas ruas de Portland e se prostitui para sobreviver. Seu transtorno que não o permite controlar quando e onde irá dormir e despertar, o que deixa-o, de certa forma, a deriva e marginalização emocional e psicológico, o que é uma boa analogia para onde ele se encontra fisicamente. Desde o início do filme, fica claro que ele não teve uma família bem estruturada e que deseja reencontrar a sua mãe, quem ele não vê por muitos anos e que permeia suas memórias e sonhos enquanto ele entra em seus colapsos narcolépticos ocorridos geralmente em momentos de estresse e aborrecimentos. A busca por sua mãe, amor e aceitação fica ainda mais intensa no decorrer do filme. Mike tem seu amigo Scott Favor, interpretado por Keanu Reeves, que também vive nas ruas, porém, sua situação mostra ser diferente comparada à de Mike e dos demais garotos retratados do filme. Scott é o personagem inspirado em Henrique IV e, assim como na peça, ele é o Príncipe Hal, ou Henrique V, que sai da casa de sua família, rica e supostamente bem estruturada, e vive uma vida que o pai desaprova. Até que o momento de assumir os negócios e responsabilidades da família chega e ele, deliberadamente, abandona sua vida nas ruas e seus antigos amigos. Scott, diferente dos outros que não possuem escolha sob as circunstâncias sociais em que se encontram, tem a opção de sair das ruas quando bem entender e voltar para a riqueza, conforto e a vida de boas aparências da família. Scott tem também uma relação com o morador de rua Bob Pigeon, inspirado no personagem Falstaff, a quem ele alega ser seu verdadeiro pai por lhe ensinar tudo o que sabia. Falstaff, assim como Bob, esperava que assim que o príncipe herdasse o trono, recebesse a sua ajuda e, possivelmente, até deixaria a vida de pobreza para traz juntamente com Henrique V. ________________ ¹ OTTERWELL, Jessica. Getting Into the Outside. Representations of Class and Homosexuality in Gus Van Sant's My Own Private Idaho, 2013. Van Sant is able to make the comment that both homosexuals and the homeless are viewed as outsiders by the rich in society and the film questions whether it is just and fair that heterosexuality and wealth are viewed as more socially acceptable. Tradudizo pelo autor. Original inglês.


13 Van Sant é capaz de fazer o comentário de que tanto os homossexuais quanto os sem-teto são vistos como estranhos pelos ricos da sociedade, e o filme questiona se é justo e correto que a heterossexualidade e a riqueza sejam vistas como mais socialmente aceitáveis.¹ (Otterwell, 2013)

Durante o filme, Mike e Scott mostram ser amigos há anos enquanto vivem nas ruas de Portland. Scott ajuda Mike em seus colapsos. A relação dos dois é baseada na de Príncipe Hal e Poins na peça Henrique IV, onde andavam sempre juntos enquanto o príncipe vivia sua vida boêmia juntamente aos pobres plebeus. Na véspera do lançamento de My Own Private Idaho, [Gregg] Araki expressou alguma curiosidade sobre o tipo de impacto que o filme de Van Sant teria sobre as atitudes e os mercados do mainstream. “Eu acho que [My Own Private Idaho] será importante como um teste para a aceitação de Hollywood do conceito de um jovem autor que faz filmes com temas quase gays e grandes estrelas”¹ (Lang; 1997, pág. 332)

Uma das cenas do filme que se tornaram mais emblemáticas foi a campfire scene ou a cena da fogueira. Após a primeira metade do filme, onde a vida de Mike e Scott em Portland foi introduzida, Mike diz que precisa visitar seu irmão em Idaho e Scott o acompanha. Os dois viajam de moto e, numa noite passada à beira da estrada em frente a uma fogueira, eles começam a conversar. O ambiente é escuro no filme que, até então, possui emblemática e colorida fotografia com cores quentes que representam a vida na noite da cidade e suas luzes de neon. Nessa cena, a única fonte de luz é a fogueira no centro com Scott e Mike em diferentes extremos do enquadramento. A montagem alterna entre o plano geral e o primeiro plano em cada um dos personagens. ________________ ¹ LANG, Robert. The Road Movie Book: My Own Private Idaho and The New Queer Road Movies, 1997. On the eve of My Own Private Idaho’s release, [Gregg] Araki expressed some curiosity about what sort of impact Van Sants film would have on mainstream attitudes and markets. “I think [My Own Private Idaho] will be important as a test of Hollywood’s acceptance of the concept of a young auteur who makes films with quasi-gay themes and big stars” Traduzido pelo autor


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Mike pergunta o que ele significa para Scott e ele responde prontamente que Mike é seu melhor amigo, até que entende as reais implicações da pergunta e responde que só faz sexo com homens por dinheiro e que dois homens não podem se amar. Mike retruca dizendo “Sim. Bem, eu não sei. Digo… Digo, para mim, eu poderia amar alguém mesmo se eu, sabe, não fosse pago para isso… Eu te amo, e… você não me paga.”¹. Após essa declaração, Mike, já interpretado de uma maneira sensível e que desperta a empatia do público, está mais vulnerável do que nunca. Scott o chama para um abraço e a cena termina assim, sem que se saiba o que aconteceu em seguida, com Mike acordando no meio do asfalto, na estrada, no dia seguinte. A cena em questão, com a declaração de Mike, foi reescrita pelo ator River Phoenix que queria que seu personagem fosse explicitamente gay e que expressasse seus sentimentos por Scott. Como Van Sant disse ao documentário The Celluloid Closet (1995), 'River queria fazer seu personagem definitivamente gay, o que não estava no roteiro. Então ele fez essa declaração de amor na cena da fogueira'. Ao discutir sua motivação em escrever a cena, Phoenix disse ao jornalista James Ryan, 'meus motivos eram apenas que eu me senti muito próximo do personagem. Os motivos foram baseados completamente em uma necessidade profunda de comunicar e compartilhar informações'² (Otterwell; 2013)

Após o lançamento e divulgação do filme, Phoenix passou a, de certa forma, posicionar-se em defesa a comunidade LGBTQ em entrevistas. E, levando em conta seus status de ídolo adolescente e estrela de Hollywood em ascensão, seu impacto e alcance ao público comum do país com relação a essas ________________ ¹ “Yeah. Well, I don't know. I mean... I mean, for me, I could love someone even if I, you know, wasn't paid for it... I love you, and... you don't pay me”. Traduzido pelo autor ² OTTERWELL, Jessica. Getting Into the Outside. Representations of Class and Homosexuality in Gus Van Sant's My Own Private Idaho, 2013 – posição 380. As Van Sant told The Celluloid Closet documentary (1995), 'River wanted to make his character definitely gay, which he wasn't in the script. So he fashioned this declaration of love in the campfire scene'. When discussing his motivation in writing the scene, Phoenix told journalist James Ryan, 'my motives were just that I felt very close to the character. The motives were based completely on a deep need to communicate and share information' Traduzido pelo autor. Original inglês.


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questões abordadas no filme foi significativa. Numa entrevista para a revista The Face de 1992, Phoenix afirma para o entrevistador James Ryan: A linguagem do filme evoluiu o suficiente para que as pessoas interagissem com o filme. É excitante para nós exibi-lo, e é emocionante para as pessoas assisti-lo... Eu acho que é muito importante para a comunidade gay ter personagens aleatórios que representam nada mais do que pessoas... Eu acho que é parte de uma onda que vai definir algum tipo de precedente para que você não precise mais de um rótulo.¹ (Phoenix, 1992)

Em This Road Will Never End (1996, EUA, William Perry), um documentário em homenagem a River Phoenix, enfatizando seu impacto e de seu personagem nas vidas da comunidade queer, há inúmeros relatos de fãs, críticos e pessoas próximas a ele sobre o quão significativo foi o filme e seu papel. Muitos falam de como nunca haviam visto um filme, até aquele momento, onde um homem expressa seus sentimentos românticos para outro de forma tão natural e do quanto isso os impactou. Assim como River, Gus Van Sant, relata ouvir² até hoje pessoas vindas de várias partes do país lhe dizendo que o filme e seu protagonista colaboraram para que conseguissem assumir sua sexualidade. Em dezembro de 2014, ao receber uma homenagem e retrospectiva de carreira no BAFTA, o ator Ethan Hawke mencionou Phoenix, com quem trabalhou e que conheceu com apenas 14 anos, e seu trabalho e impacto em My Own Private Idaho: Há um nível de honestidade em relação a tudo que River fez que é realmente impressionante a ponto de quando ele fez My Own Private Idaho, eu realmente sinto que as pessoas estão em busca de direitos lésbicos e gays, e elas esquecem o quão inovador o River foi. River ________________ ¹ PHOENIX, River; The Face, 1992. The film language has evolved enough that you should get people interacting with the film. It's exciting for us to exhibit it, and it's exciting for people to watch it... I think it's very important for the gay community to have random characters that represent nothing more than people... I think it's part of a wave that will set a precedent of some sort so that you will no longer need a label. Traduzido pelo autor ² Em sua conversa com Todd Haynes presente nos extras do DVD da Criterion Collection


16 era um ídolo adolescente completo; Ídolo adolescente tipo Justin Bieber! Eu estava apoplético de ciúmes sobre o quanto todo mundo amava o River! Se você quer saber porque, vá assistir Stand By Me. Tem o James Dean. James Dean não tem nada daquele garoto! E River trabalhou com um cineasta realmente experimental (Gus Van Sant), uma pessoa que usava o cinema como arte, como autoexpressão, não como indústria.

River interpretou um personagem gay em num período em que isso era completamente desaprovado. Foi ativamente incendiário naquele momento. Foi um fardo enorme para suportar, porque River era um homem jovem, e isso o empurrou a frente de muitas situações que ele não estava realmente certo de como... ele era apenas totalmente um pedaço da desigualdade desconstruída da humanidade! Mas ele não precisava ser um porta-voz para isso, aquilo ou aquilo. Mas eu sempre achei que ele era um líder maravilhoso nesse sentido.¹ (Hawke; 2014)

Gus Van Sant, River Phoenix e Keanu Reeves eram nomes novos e que despertavam interesse do público e mídia do momento. A união dos três na produção desse projeto trouxe uma grande repercussão. Gus, por ser um dos

________________ ¹ HAWKE, Ethan. A Life In Pictures, BAFTA London - Dezembro 18, 2014. There’s a level of honesty to everything River did that’s really striking to the point that when he did My Own Private Idaho, I really feel that people are looking around today about lesbian and gay rights, and people forget what a groundbreaker River was. River was a full-blown teen idol; Justin Bieber, teen idol! I was apoplectic with jealousy about how much everyone loved River! If you wonder why, go watch Stand By Me. There’s James Dean. James Dean has got nothing on that kid! And River worked with a really experimental filmmaker (Gus Van Sant), a person who was using cinema as art, as self-expression, not as industry.

River played a gay character at a time period when it was completely frowned upon. It was actively incendiary at that moment. It was a huge burden to bear, because River was a young man, and it pushed him into the forefront of a lot of situations that he wasn’t really sure how… he was just totally a piece of the unlabored inequality of mankind! But he didn’t need to be a spokesperson for this, that or the other. But, I always found him to be a beautiful leader in that way. Traduzido pelo autor


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novos diretores abertamente gays a surgir na cena do cinema americano, e Phoenix e Reeves por elogiarem e defenderem abertamente seus papéis, especialmente por conta de sua sexualidade, numa época onde atores de Hollywood preferiam se abster de certos assuntos por medo de comprometerem a sua carreira. O entusiasmo da mídia sobre o filme, Phoenix e Reeves falando positivamente sobre os papéis e Phoenix reescrevendo uma cena para transmitir o amor homossexual de seu personagem pelo personagem de Keanu Reeves fez duas coisas. Em primeiro lugar, mostrou que os estúdios de cinema e mainstream demonstraram uma homofobia latente, em que, eles foram surpreendidos por um ator de Hollywood e ídolo adolescente aceitar tal papel. Em segundo lugar, Phoenix e Reeves, assumindo os papéis e acreditando no filme, estabeleceram um precedente para as futuras estrelas de Hollywood e abriram o caminho para os estúdios de Hollywood (quase quinze anos depois) escalarem dois outros ídolos adolescentes, Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, em Brokeback Mountain (2005). My Own Private Idaho foi capaz de definir um presciente porque o elenco de estrelas de Hollywood em papéis positivos e abertamente homossexuais não tinha sido visto antes. Em essência, elevou o nível para outros cineastas e atores se aproximarem. Phoenix havia criado um personagem que atravessou as seções de platéias simpatizantes dele ou que queriam imita-lo.¹ (Otterwell; 2013) ________________ ¹ OTTERWELL, Jessica. Getting Into the Outside. Representations of Class and Homosexuality in Gus Van Sant's My Own Private Idaho, 2013. The media hype about the film, Phoenix and Reeves talking positively about the roles and Phoenix rewriting a scene to convey his character's homosexual love for Keanu Reeves' character did two things. Firstly showed that the film studios and mainstream demonstrated a latent homophobia, in that, they were surprised a Hollywood actor and teen idol would accept such a role. Secondly, Phoenix and Reeves taking the roles and believing in the film had set a president for future Hollywood stars and paved the way for Hollywood studios to (nearly fifteen years later) cast two other teen idols, Heath Ledger and Jake Gyllenhaal, in Brokeback Mountain (2005). My Own Private Idaho was able to set a prescient because the casting of Hollywood stars in positively and overtly homosexual roles had not been seen before. In essence it raised the bar for other film makers and actors to step up to. Phoenix had created a character which cross sections of audiences sympathised with or wanted to emulate. Traduzido pelo autor.


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Influência nas atuais representações do cinema A influência de My Own Private Idaho é percebida ainda hoje com novos cineastas, atores e uma nova geração citando o filme como referência. O cineasta Xavier Dolan, por exemplo, expressou publicamente inúmeras vezes o quanto apreciou o filme e a interpretação de River Phoenix. Em seu segundo filme como diretor, Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires, 2010), Dolan tem um triângulo amoroso como os protagonistas. Um dos personagens, chamase Francis, interpretado pelo próprio diretor, é gay e está apaixonado pelo seu amigo Nicolas. Numa das cenas do filme, Francis vai até a casa de Nicolas e se declara para ele dizendo: “Eu te amo. Eu realmente quero te beijar. Eu não sei porque estou te dizendo isso.”¹ O personagem também se veste com roupas de cores parecidas com a de Mike Waters e Xavier alega na entrevista para Deenah Vollmer, na Interview Magazine, em 2011, que uma das cenas finais do filme onde Francis interrompe Nicolas com um grito foi um tributo ao River, que tem uma cena similar em My Own Private Idaho. (Vollmer, 2011) Xavier, posteriormente, trabalha no filme Laurence Anyways (2012, França/Canadá), tendo Gus Van Sant como produtor executivo, trata-se da história de Laurence que se assume transexual para sua namorada e decide começar a passar por sua transição. Numa entrevista para o Festival de Filme de Estocolmo, Xavier, que teve seus primeiros filmes muito bem recebidos no Festival de Cannes nos últimos anos, demonstrou admirar o trabalho de Gus Van Sant. Dolan é abertamente gay, seus filmes iniciais tem um teor muito pessoal e ele já expressou em vários momentos o quanto My Own Private Idaho o influenciou e foi importante em sua vida, não apenas de cineasta. Um dia, aluguei My Own Private Idaho, lembro exatamente das

________________ ¹ “I love you. I really want to kiss you. I don't know why I'm telling you this.” Traduzido pelo autor ² DOLAN, Xavier. Xavier Dolan about Gus Van Sant, at the Stockholm Film Festival, 2010. One day I rented My Own Private Idaho, I remember exactly the circumstances in which I saw these film. I remember where I was, how old I was and how I was feeling and then who I called right after and said ‘Oh my God, have you seen this film?’ And I remember everything because It felt like it was an important moment of my life. That was My Own Private Idaho. Traduzido pelo autor.


19 circunstâncias em que vi esse filme. Eu me lembro onde eu estava, quantos anos eu tinha e como eu estava me sentindo e para quem eu liguei logo depois e disse 'Oh meu Deus, você viu esse filme?' E eu lembro de tudo porque parecia que era um momento importante da minha vida. Esse era My Own Private Idaho.² (Dolan; 2010, YouTube)

Nos extras do DVD da The Criterion Collection, o cineasta Jonathan Caouette diretor de Tarnation (2003, EUA), filme que conta com o nome de Gus Van Sant como produtor executivo, em uma conversa com o diretor, conta que assistiu My Own Private Idaho por volta dos 14 anos e que isso lhe causou um grande impacto em seus trabalhos. Jonathan faz filmes caseiros desde seus 8 anos. Tarnation é um documentário autobiográfico do diretor, abertamente gay, onde, usando imagens e vídeos originais feitos ao longo de sua vida e de sua família, nos leva de volta ao tempo, conhecendo um pouco de sua história no Texas antes mesmo de seu nascimento, dos problemas psicológicos de sua mãe e sua relação com seus avós. Com fortes e íntimos relatos, Jonathan fez um aclamado documentário que chamou atenção em festivais.

Conclusão New Queer Cinema, incluindo My Own Private Idaho, trouxe a popularidade de uma temática e personagens pouco explorados no cinema anteriormente, não apenas nos Estados Unidos. Impressionando, motivando e inspirando todo um público e crítica e refletindo-se no trabalho da nova geração de filmes e cineastas, o movimento foi uma divisão de águas com relação a como personagens LGBTQ eram representados no cinema tradicional, passando a ser difundindo em massa e chegando até mesmo a ganhar reconhecimento das renomadas premiações americanas tal como o Oscar. É importante ressaltar que ainda que o New Queer Cinema tenha sido um movimento específico que aconteceu entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, especialmente nos Estados Unidos e Reino Unido, ele se deu em uma época de lutas políticas avançadas e cada vez mais globalizadas, ampliando a repercussão desses filmes em muitos outros países.


20 No Brasil, seus principais títulos foram exibidos em diversos festivais e Garotos de Programa (My Own Private Idaho, 1991, Gus Van Sant) chegou a estrear no circuito de arte. O início dos anos 1990 também era o auge da cultura do VHS e filmes que fracassavam nas bilheterias do cinema viraram cults nas locadoras.

Se não podemos afirmar com certeza que os filmes do New Queer Cinema influenciaram todo um cinema queer ao redor do mundo, é fato que, ao menos, eles criaram uma tendência que permitiu a proliferação de uma produção que desafiou cada vez mais as sexualidades dominantes. E de modos cada vez mais difusos: ora a partir de imagens e narrativas ainda mais ousadas, ora em tramas mais simples e acessíveis a uma plateia média. (Murari; Nagime; Lopes, 2016)

My Own Private Idaho (1991, EUA, Gus Van Sant) foi um dos filmes que abriu as portas para maior tolerância e atenção em um cinema que escapava da

heteronormatividade.

Juntamente

com

ele

e

mais

outros

filmes

contemporâneos e independentes, foi possível a relação posterior de grandes produções com um melhor financiamento de grandes produtoras e estúdios. Analisando o filme, seu alcance a vários tipos de público e suas respostas, principalmente a da população LGBTQ que atribuem ao filme e ao personagem de River o impacto positivo quanto a homossexualidade e a influência em filmes seguintes. Levando, assim, a possível discussão de seu impacto e peso no cinema popular americano e, consequentemente, na sociedade.

Referências Bibliográficas LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2004. RICH, B. Ruby. New Queer Cinema: The Director’s Cut. Estados Unidos: Duke University Press Books, 2013.

RUSSO, Vito. The Celluloid Closet: Homosexuality in the Movies. Estados Unidos: Harper & Row, 1987.


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OTTERWELL, Jessica. Getting Into the Outside. Representations of Class and Homosexuality in Gus Van Sant's My Own Private Idaho. Reino Unido: 2013.

MURARI, Lucas; NAGIME, Mateus. New Queer Cinema: Segunda Onda, 1ª Edição. Inhamis Studio, 2016.

COHAN, Steven Cohan; HARK, Ina Rae; LANG, Robert. The Road Movie Book: My Own Private Idaho and The New Queer Road Movies. Estados Unidos: Routledge; 1 Edição. Novembro 23, 1997.

DYER, Richard. Now You See It: Studies in Lesbian and Gay Film. Estados Unidos: Routledge; 2 Edição. Novembro 5, 2013.

RYAN, James. The Face. Estados Unidos: 42 Edição. Março, 1992.

VOLLMER, Deenah; DOLAN, Xavier. Interview Magazine. Estados Unidos: 2011.

My Own Private Idaho (1991). Direção: Gus Van Sant. Estados Unidos: The Criterion Collection, 2005. 2 DVDs, son., color.

The Celluloid Closet (1995). Direção: Rob Epstein e Jeffrey Friedman. Estados Unidos: Sony Pictures Home Entertainment, 2001. 1 DVD, son., color.

This Road Will Never End. Direção: William Parry. Estados Unidos, 1996. (19 min.), son., color.

Referências eletrônicas NEW QUEER CINEMA: SEGUNDA ONDA, 1ª Edição, 2016; Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza: Inhamis Studio, 2016. Disponível em: <http://newqueercinema.com.br/>

Project Muse - The Global Economy of Gay and Lesbian Film Festivals. Disponível em: <https://muse.jhu.edu/article/202846/summary>


22

Cinema Queer: Gay Film Reviews by Michael D. Klemm. Disponível em: <http://www.cinemaqueer.com/review%20pages%203/malanoche.html>

THE ACADEMY EVENT "MY OWN PRIVATE IDAHO (1991)", Setembro de 2016. Samuel Goldwyn Theater (Califórnia, EUA). My Own Private Idaho (1991) - Making the Film. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RrKjMepQmts>

THE ACADEMY EVENT "MY OWN PRIVATE IDAHO (1991)", Setembro de 2016. Samuel Goldwyn Theater (Califórnia, EUA). My Own Private Idaho (1991) - New Queer Cinema. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7B5Kwum6GYE>

THE ACADEMY EVENT "MY OWN PRIVATE IDAHO (1991)", Setembro de 2016. Samuel Goldwyn Theater (Califórnia, EUA). My Own Private Idaho (1991) - Portland and the Script. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=shSWtXFcrNE>

THE ACADEMY EVENT "MY OWN PRIVATE IDAHO (1991)", Setembro de 2016. Samuel Goldwyn Theater (Califórnia, EUA). My Own Private Idaho (1991) - Hans and Working with Gus Van Sant. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OKwRjxFehyA>

THE ACADEMY EVENT "MY OWN PRIVATE IDAHO (1991)", Setembro de 2016. Samuel Goldwyn Theater (Califórnia, EUA). My Own Private Idaho (1991) - River Phoenix. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UsRtwt3OqRE>

Critics Round Up. Disponível em: <https://criticsroundup.com/film/my-ownprivate-idaho/>

Xavier Dolan about Gus Van Sant, at the Stockholm Film Festival. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wfDgPp6HcIQ>


23

Made In The USA report: My Own Private Idaho & Rentboys (1992). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8jEZ6vzrcE0>

Dustin Lance Black on My Own Private Idaho | BFI Flare. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=K4se_kg-6h4>


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