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Quadro 6- Indicação da mistura de cores aplicada nas lacunas do fundo claro
from Elaine Dutra Pessôa -RESTAURAÇÃO DA PINTURA RETRATO DE BERNARDO MASCARENHAS, EXECUTADO POR MIGUEL...
by Biblio Belas
As lacunas presentes no fundo claro foram de difícil reintegração por causa da enorme quantidade de craquelês. Nas pequenas foi aplicada a técnica mimética, porém nas duas maiores, próximas ao rosto, isso não foi possível, devido à camada pictórica estar muito reticulada e em tamanhos muito pequenos. Nessas regiões, ao se aplicar a massa de nivelamento, proporcionou uma superfície lisa, o que por si só, já se diferencia do entorno. Tentou-se produzir um relevo, porém sem sucesso. A solução foi utilizar de recursos de aplicação da tinta, simulando uma irregularidade, por meio da utilização de tons claros e escuros, que a uma certa distância, essas lacunas se integraram perfeitamente, porém percebidas quando se está próximo.
Fotografia 187- Detalhe da reintegração.
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Fonte: Fotos da autora, 2017. Fotografia 188- Efeito da reintegração vista de longe.
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Quadro 6- Indicação da mistura de cores aplicada nas lacunas do fundo claro.
Mistura das Cores (Pigmentos)
Lacunas no fundo Flor de Rosa Opera (PR122) Azul Winsor (matiz verde) (PB15) Verde Vejiga Permanente (PG36, PY110) Branco de China (PW4) Preto de Marfim (PBk9)
Fonte: Dados da autora, 2017.
Outra questão relevante sobre essa área da pintura: ao contemplar a obra, não há como não observar a rede de craquelês aí presente. É justamente pelo fato da tonalidade clara, que o escuro emanado pelo acúmulo das sujidades depositadas nos veios dos craquelês, enseja um forte contraste. Esta questão demandou uma reflexão sobre reintegrar ou não esses veios. Como a fatura é datada de 1900, é portanto um objeto histórico. “Dado que a obra de arte se define, antes de mais nada, na sua dúplice polaridade estética e histórica, a primeira diretriz de indagação será a relativa a determinar as condições necessárias para a fruição da obra como
imagem e como fato histórico.” (BRANDI, 2004, p. 102). Apenas essa citação, já justificaria deixá-los como estão, mas existe outra. Como mencionou-se antes, o estudo da pesquisadora Ana Bailão, existe uma variação cromática das cores das tintas com o passar do tempo. A questão principal é que elas são de tipos diferentes, a original é à óleo e a da restauração aquarela. Portanto, certamente têm comportamentos diferenciados durante o envelhecimento. Pensando nisso, decidiu-se por não encobri-los, pois se correria o risco da formação de uma espécie de desenho na área clara da pintura, o que chamaria ainda mais, a atenção, mostrando uma aparência extremamente desagradável ao olhar. Ao término da utilização da tinta aquarela, observou-se que algumas regiões apresentavam-se um pouco mais foscas e outras com algumas pequenas diferenças de tonalidade, principalmente na parte do paletó. Para resolver esta questão propôs-se efetuar uma apresentação estética com a utilização do pigmento-verniz. Para tanto, é condição primeiramente igualar as lacunas reintegradas com aquarela, e portanto foscas, com as demais partes da pintura, com brilho da tinta à óleo, por meio de saturação com verniz. Primeiramente tentou-se o Dammar a 5% em xilol, aplicado com pincel. O resultado não foi bom porque ele saturou demasiadamente os locais reintegrados, ou seja, ficaram ligeiramente mais escuros. Assim, a alternativa possível foi a utilização do Paraloid B72 a 5% em xilol. O resultado foi bem melhor, pois apenas alguns pontos onde ocorreram a reintegração se sobressaíram.
Fotografia 189- Diferença no local da reintegração.
Fonte: Fotos da autora, 2017. Fotografia 190- Detalhe. Fotografia 191- Diferença no colarinho cinza.
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Com o surgimento de uma diferença de tonalidade em algumas áreas reintegradas e considerando que foi aplicado do Paraloid B72 como verniz para igualar o brilho da tinta aquarela com a original, foi imperativo que se procedesse a apresentação estética nesses locais. Segundo Anamaria Ruegger (2013, p. 97), a apresentação estética é um termo usado na restauração de