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I. Introdução

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Ação Libertária

Ação Libertária

I. INTRODUÇÃO

A quem se propor ler esse trabalho que fique claro, ele não é um parâmetro para certezas, não há precisões, números ou regras. Esse é um trabalho sobre todas as interrogações que nasceram quando me vi professora, aluna, artista e mulher no mundo. Todas as dúvidas as quais me entreguei ao matutar sobre a vida, o teatro e a educação. Eu fui teatro por um bom tempo antes de ser qualquer outra coisa, eu fui menina teatro. Meu pai foi quem me fez assim, ele carregava o teatro nas costas, eu ia junto, curiosa, sempre á espreita, fui reclamando meu lugar no tablado. Não sei quando começou, nem para onde realmente foi, mas era sim menina fantasia. Fantasia de quando acorda, até quando dorme, só depois fui ser outra coisa. Fazer, ser e viver teatro na terra do café onde nasci não é muito fácil, lhe garanto. É essencialmente um ato de amor, quando o vento sopra na direção contrária, quando não se conta com o consolo da moeda, quando se cede muito além do que retorna e ainda por cima se convive com o julgo “amador” (palavra ingrata), é extraordinária configuração de amor. Quando acrescemos aprendemos ser muitas coisas, muitas palavras, muitos gestos, muito isso ou aquilo; no entanto não se trata apenas de querer ser, existe uma rota mais ou menos definida (ou imposta) caso se queira avançar. Minha compreensão do universo escolar seguia um discurso de esperança, signo com significante “ser alguém na vida”. O que é ser alguém na vida eu ainda não sei, mas persisto na idealização de que a educação é a melhor vereda para se progredir. Diariamente meus pais reforçavam o quão grande era poder estar na escola, eles não contaram com esse privilégio, tiveram que interromper essa jornada para poder engolir. Quando miúdos carregavam um peso diferente de vida, que felizmente eu nunca precisei sentir. Foi a partir desse discurso de ser mais que fundamentei meu curso como estudante. A escola era um lugar estranho de se decifrar, transitava com facilidade entre os colegas e os professores, as relações na maior parte do tempo eram agradáveis, leves, empolgantes. Mas ao mesmo tempo pairava uma sensação de ser massa, uma agulha no palheiro, um corpo na multidão, um número. O meu número na lista de chamada dos professores era 14, esse número era o que me representava e me definia enquanto ser humano dentro da escola. Ser 14 não era muito animador, havia muitas palavras, códigos, números, que não me alcançavam. Eram prótons, elétrons, a relatividade, o barroco, a revolução

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