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O político despolitizado e os temas geradores: outras formas do político

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desafio que está relacionado a maneira direta como essas referências pensam a interferência na realidade.

O político despolitizado e os temas geradores: outras formas do político

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Temos um impasse? O engajamento político-social da Pedagogia do Oprimido nunca mentiu que seu propósito é mudar a vida dos homens na prática, em questões claras e objetivas. E de clareza o teatro pós-dramático está farto, ele também não pode se abster da fruição para fora de alguma significação, que é seu carro chefe. A intervenção na realidade dentro dessa proposta de articulação híbrida entre a Pedagogia do Oprimido e do teatro pósdramático, requer um esforço para que as referências se contaminem uma pela outra, mas que não percam sua essência. O teatro pós-dramático dentro de uma proposta em concordância com a educação problematizadora, nunca poderia apenas dar aos oprimidos uma nova perspectiva para se apoiarem. A opressão será problematizada através de experienciação de situações, mas a forma concludente é substituída pela forma aberta e fragmentada. Não espere que esse teatro entre na escola para esclarecer, o que ele faz é uma bagunça maior ainda, não há pontos finais no teatro pós-dramático. Há o envolvimento de toda a realidade dos alunos, os problemas e as dádivas que eles carregam estarão sim presentes no trabalho, mas o que há de político na arte não está na discussão de temas e sim na sua configuração genuína de estado. A própria natureza da arte, o modo que ela se instala no ambiente é o que a torna política. Dentro das reflexões que Lehmann (2002) propõe, a discussão de temas não torna o fazer artístico mais comprometido com os problemas do mundo, pois os elementos que compõe o teatro (corpo, espaço e tempo) são os mesmos independente de uma intenção política. A explicação para esse embaraço no arranjo do político e do pós-dramático que dizer que lidar com os elementos que compõe o teatro já é uma situação política e automaticamente os “temas sociais” irão cruzar o campo de explorações porque estão inclusos nesses signos. Lehmann adjetiva a política presente no pós-dramático de “despolitizada” porque em comparação às formas tradicionais de olhar para as questões públicas esse teatro toma um

novo rumo.

O teatro pós-dramático manifesta nos oprimidos a perturbação diante de formas totalizadoras, desconstrói aquela segurança das coisas boas, belas, firmes e confiáveis, jamais mostra uma direção a seguir, mas muitas delas. Deixa que o oprimido vagueie entre vielas,

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