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I. INTRODUÇÃO

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II. A ORIGEM

II. A ORIGEM

I. INTRODUÇÃO

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Desde criança, há algo em mim que me leva em direção às artes. Existe no meu ser uma vontade criadora que me leva a produzir. Quando menino, brincava com brinquedos de montar, gostava de desenhar e criar historias. Hoje, mais próximo da vida adulta, e após algumas reflexões sobre minhas vocações, tenho certeza que meu caminho está nas artes, e principalmente no cinema. Isso provavelmente eu já sabia quando era criança e ficava maravilhado com as criaturas animadas pelo Ray Harryhausen, em filmes como Jasão e os Argonautas, de 1963, dirigido por: Don Chaffey. Algumas duvidas surgiram durante a adolescência, mas, por sorte, não me desviaram da minha vocação. Em meio a essas certezas, uma grande dúvida que surge é de onde veio essa vocação. O que percebo é que parece que essa vocação sempre esteve em mim, mas não sei como surgiu ou o porque de eu a ter. Mas sei que ela é, talvez, a grande força que anima minhas vontades. É a vontade criadora.

Acredito que esse meu pequeno resumo sobre o que me move para a arte encontra eco em outros alunos dentro da Escola de Belas Artes. O que levou meus colegas de curso a escolherem estudar em uma escola de artes, eu não sei especificamente. Mas tenho certeza de que, pelo menos, uma minima vontade criadora deve estar presente neles. Essa vontade de criar sempre esteve presente na humanidade. É a força que sempre move os artistas. Mas não é somente essa vontade que faz a arte existir. Se fosse apenas isso, a criação de qualquer coisa já traria satisfação ao artista. Existe algo mais. Quando o artista cria, além dessa força criadora, há outras coisas dentro dele que geram as obras. Essas coisas são as impressões pessoais, aquelas percepções que temos do mundo em torno de nós e dentro de nós mesmos. Essas impressões compõem o nosso ser. Mas porque expressar essas impressões? Poderíamos apenas guardá-las para nós mesmos. Mas não, os artistas estão sempre fazendo suas obras, externando essas impressões. Portanto podemos dizer que há uma necessidade de que outros compartilhem dessas impressões. Pois, senão, o artista não faria arte. A arte existe para que outros também possam ser levados pela obra até a impressão inicial que a gerou. É uma comunhão de experiências, de vida. Com tudo isso, posso dizer que surgiram para mim grandes dúvidas em relação a arte na sociedade atual, e também Dificuldades em relação a criação de obras de arte. Eu percebi essas mesmas duvidas em alguns colegas de curso. Sendo assim, vou colocar essas questões para analisarmos.

Parece-me que a arte atual está se distanciando desta comunhão de experiencias. Mas o

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problema, acredito eu, não se encontra na arte em si mesma, e sim nos artistas. Somos nós, os artistas, que estamos passando por uma dificuldade de criação. Não é uma dificuldade em produzir e fazer obras, mas sim uma dificuldade relacionada com essa comunhão de experiencias. Parece-me que os artistas estão se fechando dentro de si mesmos, que talvez seja um dos problemas vividos em nossa sociedade atual. As pessoas na sociedade ocidental parecem estar se fechando cada vez mais dentro de si mesmas.

Reconheço que minha função aqui não é responder a essas questões, pois não tenho a minima capacidade filosófica para tanto, e sei que um estudo aprofundado sobre essas questões poderia levar anos de pesquisa séria, e talvez o trabalho de vários filósofos dedicados. Eu não tenho tamanha pretensão. Mas o que consigo reconhecer, é que o ser humano pode perceber coisas muito antes de conseguir expressá-las na forma de um estudo mais completo e filosófico. Na verdade essas percepções vem muito antes desses estudos. Ao artista, cabe essa função de expressar aquilo que percebe, muitas vezes antes de existir qualquer estudo filosófico sobre o tema.

A minha forma de tratar essas questões aqui sera baseada em uma obra de arte atual, que acredito ser uma obra que consegue expressar esse momento atual, no qual o ser humano está se fechando dentro de si mesmo. Eu escolhi o filme A Origem (Inception), de Christopher Nolan, lançado em 2010. O motivo de ter escolhido esse filme foi principalmente seu tema, que acredito ser uma percepção do diretor sobre esse “EU” que se fecha dentro de si mesmo, e que talvez seja um dos problemas vividos pelos artistas hoje em dia.

Em minha analise do filme quero ressaltar os pontos que podem ter sido usados para o desenvolvimento da historia e dos personagens do filme. Quero tentar elucidar o conflito que gira por traz de dos vários acontecimentos dessa historia, e colocar alguns pontos que possam ter sido usados para o desenvolvimento do filme, e que podem tanto servir de guia para o criação de outras obras, quanto possam ajudar a elucidar, talvez, alguma coisa em relação a esse problema vivido hoje na arte. Como disse, não tenho pretensão de responder essas questões. A minha intenção é, apenas, tentar expressar minhas impressões do filme que, talvez, possam servir de ajuda para algum colega de curso.

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