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Figura 8: Sou uma tela em branco (2016) –Performer André Couto

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do ou da performer ao se colocar diante de todos os acontecimentos ali apresentados. Para o ou a performer, mesmo sendo uma escolha, pode ser difícil estar em meio a pessoas que, muitas vezes, são desconhecidas. Mas o performer se arrisca, afinal esse é também o lugar do corpo numa ação performática. Aceitar o risco é como colocar vários potes de tinta em frente ao seu corpo e sugerir que as pessoas façam o que quiser com esse material – as tintas e o corpo12 . Como diria Fabião (2009): “um performer não apenas coloca propositalmente pedras em seu sapato, mas usa sapatos de pedra para que outros fluxos e outras maneiras de percepção e relação possam circular” (pág. 243).

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Figura 8: Sou uma tela em branco (2016) – Performer André Couto. Fonte: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=T0JoHc7uSlo> Acesso, fevereiro de 2020.

Fazer performance é envolver as partes, é proporcionar às pessoas que assistem a ação a experiência de se sentirem parte do que está acontecendo, se questionarem sobre o que veem, sobre como aquele corpo age. Quando discentes e docentes estranham os jovens com cartazes e se veem na decisão de pedir ou não um abraço, é disso que a performance se trata. É sobre você, enquanto espectador ou espectadora, ser impelido a tomar uma decisão. É decidir se vai ajudar o performer ou a performer que está em risco, ou se vai deixar que o pior aconteça, quando, por exemplo, uma mulher se coloca diante de um grupo de pessoas e disponibiliza objetos que podem ser usados da forma que o público achar conveniente13, e entre esses objetos há armas. É dessa decisão que se trata, é sobre ação ou não ação.

12 Sou uma tela em branco (2016) – performer André Couto: o artista propõe que os transeuntes pintem seu corpo com as tintas oferecidas. A proposta foi realizada dentro da disciplina Arte da Performance, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=T0JoHc7uSlo> Acesso, fevereiro de 2021. 13 Rhythm 0 (1974) – performer Marina Abramović: Segundo Carolina Marcello (sem ano) “É, sem dúvida, uma performance muito marcante e também uma das mais conhecidas da artista. Na Galleria Studio Morra, em Nápoles, ela posicionou 72 objetos em cima de uma mesa e se colocou ao dispôr do público durante um período de 6 horas. Com instrumentos variados como uma flor, canetas, facas, tintas, correntes e até uma arma de fogo carregada, deixou instruções avisando que a plateia poderia fazer o que quisesse com ela durante esse tempo. Marina foi despida, pintada, machucada e teve mesmo uma pistola apontada à sua cabeça. Levando o seu corpo ao limite novamente, problematizou a psicologia humana e as relações de poder, transmitindo uma reflexão arrepiante sobre

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