l a i c e p Es
CARTA MENSAL DA GOVERNADORA DISTRITO 1960 | PORTUGAL | eDIÇÃO Especial Presidente R.I. d.k. lee | Governadora tERESA mAYER
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Ryla 2009
RYLA 2009: uma Ideia... um Sonho... uma Realidade! Caras(os) Companheiras(os),
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o início deste Ano Rotário, o Distrito foi desafiado para um RYLA diferente daqueles a que nos temos vindo a habituar desde há uns anos a esta parte. Com efeito, o nosso RYLA deste ano esteve totalmente direccionado para Jovens Surdos, aos quais foram ministradas um conjunto de actividades de Liderança em parceria com a Academia Militar e sob a diligente orientação do Sr. Tenente-Coronel Carlos Rouco. Com efeito, a Equipa, Coordenada pelo Compº. Sebastião Pires, do Rotary Club da Amadora, teve como Presidente da Comissão Organizadora, o Compº. Raul Proença de Melo, do Rotary Club Setúbal-Sado e teve como Clubes parceiros na Recepção e Organização do RYLA: o Rotary Club de Azeitão,o Rotary Club do Montijo, o Rotary Club de Setúbal, o Rotary Club do Barreiro, o Rotary Club de SetúbalSado e o Rotary Club de Sesimbra, a quem deixo uma palavra de particular reconhecimento. Uma palavra especial de agradecimento ainda a todos os outros Clubes que acreditaram e que aceitaram ser partes integrantes deste Projecto: Rotary Club de Abrantes; Rotary Club de Algés; Rotary Club da Amadora; Rotary Club de Carnaxide; Rotary Club de Castelo Branco; Rotary Club do Entroncamento; Rotary Club de Évora; Rotary Club
de Fátima; Rotary Club Lisboa-Belém; Rotary Club Lisboa-Benfica; Rotary Club Lisboa-Centennarium; Rotary Club LisboaCentro; Rotary Club Lisboa-Lumiar; Rotary Club Lisboa-Norte; Rotary Club LisboaOeste; Rotary Club da Moita; Rotary Club de Oeiras; Rotary Club de Ponta Delgada e o Rotary Club de Rio Maior. O RYLA do Distrito 1960 foi uma ideia conjunta e partilhada com todos os Companheiros(as), foi um sonho de todos aqueles que ousaram participar neste Projecto, foi um Sonho de todos aqueles que acreditam que juntos podemos e devemos rumar à Inclusão, com Liderança! Assim, a nossa maior felicidade enquanto Rotários é a de podermos partilhar da alegria, da liderança, da satisfação e do empenhamento motivacional que os Jovens Surdos levaram como recordação deste RYLA. Valeu a pena Sonhar, Projectar, Estruturar e Realizar este Sonho do nosso Distrito! Realizámos um Sonho! Rumo à Inclusão, com Liderança! Aceitem um forte Abraço de Amizade,
TERESA MAYER
Governadora D1960
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Edição especial
Ryla 2009
RYLA para JOVENS SURDOS SEBASTIÃO PIRES
Coordenador do RYLA 2008-09
Neste Ano Rotário a Companheira Governadora Teresa Mayer teve como sonho organizar um RYLA para Jovens Surdos. Surgiram algumas polémicas no sentido de que “ Os Surdos não eram capazes de serem lideres, que não era possível ter-se um Presidente de Clube, “SURDO MUDO”, que nunca se tinha visto alguma coisa assim e por diante... Quando tudo se iniciou, em Julho, convidei o Rotary Club de Setúbal Sado na pessoa do seu Presidente Compº Raul Melo, que sabia ser médico Otorrinolaringologista. Pelo menos alguém que sabia mais do que eu de “SURDOS MUDOS”. E sabia de muito mais, como o demonstrou na organização deste RYLA. Confesso que foi grande alívio da minha parte, quando veio a resposta favorável, do Clube. Iniciámos logo as reuniões de preparação e descobri que afinal os “SURDOS” não eram “MUDOS” e para os meus botões agradeci à companheira Teresa Mayer por ter-me permitido aprender “algo novo”. De facto os SURDOS são pessoas normais que “não ouvem”. Mas são inteligentes e burros como todos os que ouvem. Os Chineses também falam Chinês ou Mandarim e eu não os entendo nem sequer consigo comunicar com eles e esses ouvem e têm cordas vocais também. Será que não podem ser líderes e Presidentes de Clubes Rotários? Claro que podem. Criou-se um Blog e é com espanto que o nosso companheiro PGD Manuel Cardona após visita ao BLOG se manifesta da seguinte maneira: “Vila Real, 23/02/2009 Querido Amigo e Companheiro Sebastião, 3
Parabéns pela organização e sucesso da vossa reunião. Aproveito para referir que contactei com Companheiros de um Rotary Club que é de surdos pelo que, durante as reuniões, se alertam com um sino “luminoso”, isto é, que dá um sinal luminoso e depois comunicam-se gestualmente.É o Rochester Deaf Rotary Cliub – Fingers Lakes Region – District 7120 e o past Presidente 2006/2008 foi John Haynes – e.mail johnhaynes@deafrotary.org com quem poderão contactar e dar notícias do vosso êxito. Para quem quiser um Deaf Rotary Visual Bell pode contactar Canandaigu Rotary Club – jholden@rochester.rr.com. Abraços do amigo Manuel Cardona.” Afinal até alguém e bem conceituado e conhecido no nosso Mundo Rotário conhece um “Clube Rotário” de “SURDOS”... O “Culminar” de tudo isto é a “DEMONSTRAÇÂO DA ACADEMIA MILITAR PORTUGUESA” que por certo não é de “Surdos “nem deixam os seus líderes, de serem inteligentes ou ficarão menos líderes por isso... Agora, o que tem que se dizer, com muito entusiasmo e reconhecimento merecido é que não é fechada à inovação nem é de preconceitos. Foi determinante o entusiasmo e a sensibilização do Sr. Tenente-General Paiva Monteiro, Comandante da Academia Militar, para a indispensável autorização. O programa desenhado, foi idêntico a qualquer programa de escolha de futuros Cadetes. Actividades de Liderança dadas pelo Tenente-Coronel Dias Rouco, Major Mariano e Major Quinta, Professores no Instituto Superior Técnico de Lisboa, Universidade do Minho, Universidade Nova de Lisboa. Já deram e dão formação de
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Ryla 2009 Actividades de Liderança a Jovens Empresários que desejam aprender mais, sobre como liderar este País. Tem que se louvar também a Base Aérea nº 6 do Montijo e a Escola de Fuzileiros que não quiseram ficar indiferentes à iniciativa e promoveram a visita às suas Instalações Militares dando resposta digna às solicitações dos Rotary Club do Montijo e do Rotary Club do Barreiro. A Associação Portuguesa de Surdos na pessoa do Dr. João Alberto e a Dra. Helena Alves da Casa Pia de Lisboa foram também motores desta oportunidade. As Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (LGP) foram a “Ponte” desta ligação de margens e que permitiram o romper de novos horizontes. Os Rotary Club de Azeitão, Sesimbra e Setúbal também acreditaram nesta aposta e proporcionaram momentos muito agradáveis e de conhecimento tal como o que se fez no Centro
do Yoga da Quinta do Anjo. É de referir todo o dinamismo e irreverência da Compª. Carla Tavares, Secretária do Rotary Club de Setúbal Sado, tal como o apoio durante a actividade do RYLA da Compº. Naná Almeida, Representante dos Delegados ao RYLA. Os apoios surgiram um pouco por todo o lado porque havia e há um sentimento de inovação e energia. Tolstoi, no seu livro Guerra e Paz diz que o Napoleão só foi à Rússia porque todos os seus oficiais lá queriam ir, pelas riquezas. O que nos move é a certeza de que o caminho não poderá ser outro e estes jovens provaramno pela sua voluntariedade, sentido de oportunidade e generosidade. Há sonhos que se realizam e este foi um deles. A Paz constrói-se todos os dias. RUMO Á INCLUSÂO COM LIDERANÇA
Rumo à inclusão com liderança RAUL PROENÇA MELO
Presidente RC Setúbal-Sado Presidente Com. Organizadora RYLA 2008-09
O porquê e como... Quando o Compº. Sebastião Pires, em Julho de 2008, como Coordenador do RYLA da Governadora Teresa Mayer, propôs ao Rotary Club Setúbal-Sado a organização deste RYLA, pessoalmente, vi nesta a oportunidade e o momento de testar e comprovar algumas ideias, que foram surgindo, de forma dispersa, no contacto com surdos, ao longo de 30 anos de prática clínica, como otorrinolaringologista, responsável por um Centro de Áudio-fonologia. Como Presidente neste Ano Rotário, encarei como uma grande oportunidade, mas cons4
ciente de que só seria possível com o Clube empenhado em torno desta tarefa. Tive a ventura dos Companheiros me apoiarem e incentivarem. Não posso deixar de realçar a Compª. Carla, Secretária do Clube e Relações Púbicas da Equipa Coordenadora do RYLA pela sobrecarga que teve. Por sua vez o Compº. Sebastião Pires assumiu em pleno o seu papel e ultrapassou-o, dispondo-se a trabalhar de forma directa na sua organização. Desde esse momento, até Agosto, devido á complexidade deste RYLA, procurei estruturá-
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Ryla 2009 lo, como um evento a desenvolver: • em ambiente de partilha por vários Clubes, quanto á parte sócio cultural; • de especificidade quanto á comunicabilidade, sendo portanto indispensáveis intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (LGP); • com necessidade de selecção específica pelas Associações de Surdos; • e principalmente quanto ás actividades de Liderança a necessidade de uma Equipa muito homogénea, qualificada e com larga experiência. Estes pressupostos levaram-me a solicitar a partilha com os Clubes de Setúbal, Sesimbra, Montijo, Barreiro e Azeitão, em boa hora, porque aceitaram e o assumiram com bons resultados. A pedir a colaboração da Associação Portuguesa de Surdos (APS), que após se certificarem das nossas boas intenções, foram inexcedíveis na colaboração, envolvendo o Centro de Jovens Surdos, Intérpretes de LGP e procedendo á selecção de grande parte dos jovens, vindo os restantes da Casa Pia, Porto e Açores. Para as actividades de liderança fomos bafejados com a adesão da Equipa de ensino de Liderança da Academia Militar, que desde o primeiro contacto mediado pelo Tenente Coronel Arsénio Luís, com o Tenente Coronel Dias Rouco, Regente da Cadeira de Liderança, com um total empenhamento motivou o Major Quinta e o Major Mariano de tal forma que passou a ser para eles um desafio a vencer, apesar de toda a sobrecarga de trabalho que acarretou para eles. Foram feitas várias reuniões, na Academia Militar e deslocaram-se propositadamente a vários lugares. Foi determinante o seu entusiasmo na sensibilização do Sr. Tenente-General Paiva Monteiro Comandante da Academia Militar, para a indispensável autorização. Outro ponto muito importante foi a sensibiliza5
ção e preparação dos Companheiros Rotários, para ganharem aproximação na relação com os jovens Surdos, pelo que houve necessidade de organizar dois Seminários de “Introdução á cultura e comunicabilidade do Cidadão Surdo” que se efectuaram em Fevereiro e Março no Hotel Isidro em Setúbal, com a participação como Palestrantes da Associação Portuguesa de Surdos, Dr. João Alberto e Amílcar Morais, Dra. Helena Alves, da Casa Pia de Lisboa e o Tenente Coronel Dias Rouco. O pressuposto a avaliar, que me ocorria de há muito, era de que o Cidadão Surdo, apenas tem um deficit sensorial (falta de audição), por isso só necessita do “interface” mais ajustado, a cada um e em cada momento, como pessoa, idêntico ao que necessita qualquer outro cidadão, sendo igualmente variável o seu potencial, enquanto pessoa, como qualquer outra. Por isso a diferença e dificuldade advêm da qualidade e quantidade de informação que pode obter da comunicação, logo o que se torna indispensável é viabilizar seja por Língua Gestual, Verbal reforçada ou mista e hoje por vias informáticas com ícone ou outras, incluir estes cidadãos de forma voluntária no contexto social. Isto significa necessidade de respeito pelas Comunidades Surdas e pelas suas regras e ganhá-los para essa inclusão. Com a explosão da moda “internauta”, está a surgir uma multidão de tribos “ouvintes-surdos”, que de forma voluntária, por vezes obsessiva se limitam á visualização e á introdução de uma comunicação de ícones. Este RYLA, veio, para mim, reforçar esta convicção e aguardo os resultados para quando o grupo de trabalho tiver conclusões. Para mim este RYLA foi um “Sonho Realizado”. “Realizemos o Sonho” - Rumo á Inclusão com Liderança.
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A todos os JOVENS RYLISTAS SOFIA FIGUEIREDO
Ex-Equipa de Intérpretes
Olá a todos, Perdoem-me o abuso, e a informalidade, mas tinha de escrever algumas palavras... Também na sequência de um E-mail do Dr. Raul, enviado a todos os jovens Rylistas...muito obrigada pelas suas palavras, também eu já tenho saudades... Quero agradecer imenso, especialmente, claro, às pessoas com quem mais contactei nestes dias, mas a todas as outras também... Há algumas pessoas com quem estive pouco tempo, tenho pena... e o cansaço dos últimos dias também não ajudou... Agradeço muito à Dra. Teresa Mayer (pela forma como sempre me tratou...), ao Dr. Raul (sempre simpático e disponível...), ao Arquitecto Sebastião (pelo seu bom-senso, e pelo empenho, nomeadamente na actualização do blog...), à Carla – faço-lhe a vontade: nada de ‘Dra.’ – (pela sua sinceridade e forma de ser...), à Marta e ao Nuno (pelas fotografias), mas sobretudo pela constante simpatia e grande amizade...), à Dra. Naná (pelo divertimento que proporcionou...), e às pessoas ligadas ao Rotary, que fui conhecendo nestes meses (sempre muito acessíveis...); e da mesma forma, agradeço muito ao Sr. Coronel Lourenço (nomeadamente pelas palavras que me disse na entrega dos diplomas...), ao Sr. Tenente-Coronel Carlos Rouco (pela relação connosco, pela abertura, pelas brincadeiras...pela inteligência que tem...), ao Sr. Major Quinta – e não Quintas...) – (pela sua inteligência também, pela muita paciência... pela boa-disposição e sorrisos...), ao Sr. Major Mariano (pela ‘rispidez’ – muito fingida, é certo) 6
– que também fazia falta... e pela constante brincadeira e à-vontade...), e aos restantes militares (nomeadamente ao jovem que ficou na mesma mesa que eu no almoço de encerramento - nós gostámos muito das peripécias que ele contou, de actividades militares). Gostei imenso destes dias. Quero agradecer muito mesmo! Para mim foi uma experiência fantástica. Aprendi imenso... Não há como pôr em palavras. Errei muito também. Mesmo... E apesar de se errar sempre, quando só se tem três anos e meio de Língua, como é o meu caso, erra-se muito mais... Mas isso fez-me crescer muito, e não só como falante de LGP, mas como Pessoa... Pequenas grandes coisas que farão toda a diferença. Que já fazem... dentro de mim. Foi uma descoberta a todos os níveis. Foi difícil o primeiro dia, há que dizê-lo... pois havia uma certa desconfiança entre alguns jovens. Mas isso depressa passou, porque a Comunidade Surda tem tanto de ‘fechamento’ como de abertura - e esta é uma característica fascinante. Tudo se baseia na confiança - é de facto decisiva, aliás, em tudo na vida. Agora espero, acima de tudo, que os jovens Surdos aproveitam e espalhem sementes entre a Comunidade Surda: fazem muita falta novos líderes, pessoas que lutem (‘com pés e cabeça’, e em grupo, não cada um por si...) pelo património linguístico e cultural da Comunidade Surda Portuguesa. E é preciso que se lute contra a nova vaga oralista que por aí vem...e que está sempre presente... Os Surdos, e os Ouvintes que par-
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Ryla 2009 tilham os mesmos sonhos, têm de lutar por um bilinguismo onde a Língua Gestual Portuguesa tenha um lugar de destaque. Não é possível que a Língua Portuguesa faça tudo... E bem se viu durante o RYLA: mesmo os jovens com maior grau de audição não conseguiam perceber tudo. É preciso que se continue a desmistificar a LGP. E este RYLA foi pensado para jovens Surdos Utilizadores de LGP... isto diz muito. Muito obrigada... Para além do convívio, os jovens adoraram experimentar um pouco da vida militar. Ficaram muito entusiasmados. Temos falado estes dias, e as conversas são sempre as mesmas:
querem repetir! Bem, só queria mesmo agradecer-vos. Não me vou alongar mais... Desejo que continuem os vossos trabalhos, na certeza de que o contacto com os jovens Surdos foi, como se costuma dizer, ‘uma lufada de ar fresco’ para vós. Continuem ligados à Comunidade Surda... não se esqueçam deles, pois eles não se esqueceram de vós. Sem formalidade me despeço: Muitos Beijinhos e Abraços, de todos os Jovens Surdos e Ouvintes que passaram pelo RYLA 2009. Até Sempre!
Chegou o meu espectáculo CÁTIA MACHADO
Chegou o meu espetaculo. Pergunto eu: O que vou fazer na académica militar?! Dizem que não é brincadeira, é só para trabalhar... Não acredito porque não vejo o que tem lá dentro. Pronto! Eu a ansiosa para chegar perto dos surdos O avião está á minha espera O avião leva-me para Lisboa Lá no aeroporto, as meninas do Ryla estão à minha espera Vi logo que estavam ali a minha espera, mas.... O primeiro que vi com uma senhora com o cabelo preto e um sorriso grande... 7
Era uma senhora do CORAÇÃO...(risos) Comecei a sentir muito barulho na minha barriga Significa que estava com muita fome Estava ansiosa a ir para o hotel de Setúbal Não, enganei-me! A hora de almoço, comi uma comida esquisita e nojenta na tropa Ai não gostei da comida, sorry sorry Mas gostei de comer sopa:) Nada mau! A comida não me agradou nada! Esforcei-me por comer, para não ficar com fome, acredita! Então finalmente entrei na académica militar, vi tudo! É lindo lindo, parece um castelo! Conheci os três soldados “maus”.
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Ryla 2009 Sabem que parecem que eu vejo aqueles três rufias soldados? 3: um homem risonho, outro( soldado do oculos) homem de aspecto duro e outro homem vigilante e com os olhos sedutores... (risos) homem risonho gosta de ver-nos os surdos que temos os nossos gestos fantasticos que lhe faca a rir. homem de aspecto duro puxava-nos tanto sempre para trabalhar a matéria prática. Eu quase desisti aquela materia prática que me passava na cabeça, ai ai... E outro homem vigilante e os olhos sedutores que sempre mandava nos que nao pode, nao pode! Pelo menos que vi, aprendeu bastante a gestual. Muito bem! Tinhamos 4 equipas cada uma, a minha chamase HEREOS. Olha la, se precisam de ajuda “socorros”. Chamem os Hereos! O Major Rouco ensinou-nos a perceber o que é a Liderância.
Também aprendemos a perceber melhor como se vence pela sobrevivência. Libertamos o nosso medo Passamos muito durante cinco dias fantásticos Conseguimos Queremos repetir mais mais... Nós agradecemos muito por tudo, ao Rei Leão Raul Melo Aos lideres e todos os outros que nos ajudaram e que nos cuidaram Ups, essa Mulher Africa, divertimos-nos imenso com as piadas dela. Nós os surdos gostamos muito que a senhora Carla deixou-nos com um carinho do coração para mim e para todos os surdos Adoramos-te, rainha do coração Nunca desista o seu Ryla, Rei Raul Melo Nós separamos para os nossos sitios onde vivemos A minha despedida, deixei uma lágrima cair Gostei imenso... Temos as nossas recordações, ficamos com muitas saudades bem apertadas no coração.
DESCOBRI UMA LUZ BRILHANTE PEDRO RIBEIRO
Um dia certo, Eu estava vaguear na praia, De repente vi um objecto não identificado, Luz, Sim senhora, uma luz muito forte que voou para no céu, Eu fiquei observar a luz, Que uma luz tão linda e muito atraída, Pois fui atraído por uma luz, Decidi saber onde viera a luz, 8
Arrisquei ir para o mar, Nadei sem pensar duas vezes O que tem debaixo do mar, Monstros aquáticos, talvez? Ou peixes devorados, talvez? Mas não pensei nisso, fiquei tão atraído por uma luz E não me ocorrem nada os perigos do debaixo do mar, Portanto, nadei,
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Ryla 2009 Nadei prolongado, Nadei directamente até luz, E vi uma sombra no horizonte, Continuei nadar, A sombra cada vez mais aumentara, A sombra era uma ilha que eu não conheci Uma ilha tão linda, Do qual não consigo explicar agora, Cheguei tocar no solo da ilha desconhecida Vi outras vinte e cinco pessoas que se chegaram até ilha, Apercebi que eles também foram atraídos para a ilha Como eu, Mas por sorte, maioria das vinte e cinco pessoas que eu conhecia E alguns que eu não conhecia, Juntamo-nos, a preparar explorar a ilha, De repente, um menino e uma menina que aparecem do nada, Menino que se chamava RYLA E menina, ROTARY. Seleccionaram-nos a dividir por cinco pessoas de uma das quatro equipas, Fui juntado com equipa que se chamava HEROES Outras três equipas que se chamavam LIDERES; COMPANHEIROS, RAPH FIEL Dois meninos apresentavam-nos seus três animais extraordinários diferentes, Estes três animais que eram Grifo, Fénix e Dragão. Grifo se chamava Mariano, Fénix se chamava Quintas, E Dragão se chamava Rouco. Então, destes três animais extraordinários mostravam-nos seus refúgios, Suas vidas quotidianas, E depois, obrigaram-nos a trabalhar com eles Que tivemos usar nossos cérebros e corpos Para percebermos melhor sobre sobrevivência. Trabalhávamos com eles, Com minha equipa, 9
E com outras equipas, Enfrentávamos nossos medos, Nossos obstáculos, Dos quais nunca esperávamos que podíamos enfrentar, Mas conseguimos enfrentar maiores dificuldades que tivemos Conseguimos participar-nos E empenhar-nos. Por fim, tornamos mais do que passado, Mais confiantes, Mais orgulhosos, Mais inteligentes, Mais cooperativos, Mais fortes E mais duros. Tudo a inclui a minha amizade com pessoas e animais na ilha Torna uma amizade especial que faz mais forte do que nunca Com nossas bandeiras de equipas, Pousávamos as bandeiras no solo da ilha desconhecida. Olhávamos a luz brilhante no céu, E mostrávamos nossos sorrisos A dizer que conseguimos tudo À graça de menino RYLA, menina ROTARY E Grifo Mariano, Fénix Quintas e Dragão Rouco. Com essa luz brilhante suga as nossas recordações Que durou seis dias de sobrevivência daquela ilha desconhecida Por fim, nós fomos nadados para voltar as nossas vidas Voltamos nossas vidas e esquecer a ilha desconhecida? Não senhora. Porque a luz continua manter no céu, Nós podemos observar a luz quando nos apetecemos. Luz estará sempre presente deste Planeta Terra. E luz está nosso corações!
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Estágio de Liderança na Academia Militar Portuguesa para jovens surdos no âmbito do RYLA CARLOS ROUCO 1 Tenente-Coronel
“Rumo à inclusão pela liderança” 2 Introdução A Academia Militar portuguesa desenvolveu e ministrou um estágio de liderança para 20 jovens surdos, no período de 4 a 9 de Abril de 2009. Para tornar possível esta iniciativa “inédita” a nível internacional e tendo em conta as necessidades educativas especiais dos jovens surdos estiveram envolvidas várias instituições portuguesas: Movimento Rotário (Distrito 1960), Academia Militar, Casa Pia, Associação Portuguesa de Surdos e ainda na fase de planeamento e sensibilização na área da comunicação, a Fundação Portugal Telecom. Este evento foi da iniciativa do Movimento Rotário em Portugal, através do programa denominado de RYLA, cujo objectivo é desenvolver nos jovens entre os 14 e 30 anos capacidades de liderança, cidadania e, crescimento pessoal e busca. Para o ano 2008/ 2009, o grande objectivo do Rotary Internacional foi o de proporcionar um estágio de liderança como prémio de liderança juvenil para jovens surdos. Esta iniciativa, procurou ainda investigar (actualmente em fase de análise e discussão de resul-
tados), através de um estudo de caso efectuado ao estágio de liderança, como os programas pedagógicos curriculares dos estabelecimentos de ensino regulares podem ser adaptados e implementados às necessidades especificas dos alunos com necessidades educativas especiais, visando identificar todas as etapas necessárias, os benefícios e as dificuldades especificas. 1. Inclusão escolar Ao longo das últimas décadas pudemos observar que a luta pela inclusão social tem sido uma constante na vida das pessoas com deficiências. Esta luta começou a fazer-se sentir, à medida que a concepção dos direitos humanos que se fundamenta no reconhecimento da dignidade e na universalidade dos direitos de todas as pessoas, foi introduzida na Declaração dos Direitos Humanos. Assim como o reconhecimento pelos valores da igualdade, do respeito à diversidade e singularidades, impulsionou o início do movimento que garantem os direitos dessas comunidades. Na área da educação, o termo inclusão foi usa-
1 Professor Regente da Unidade Curricular (UC) “Ética e Liderança” (Academia Militar) e Professor da UC “Competências Transversais I” (Instituto Superior Técnico). Coordenador dos cursos de liderança na Academia Militar. Membro do Centro de Investigação da Academia Militar. 2 Lema escolhido e eleito pela equipa coordenadora para esta iniciativa.
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Ryla 2009 do pela primeira vez em 1990 na Conferência Mundial sobre educação para todos, onde estabeleceu objectivos que tiveram consequências imediatas para a educação especial. Também, na Declaração de Salamanca (Espanha, 1994), foram estabelecidas as linhas orientadoras para o enquadramento da acção, visando a inclusão de crianças portadoras de deficiências, e que possuíssem qualquer dificuldade que as impediam de frequentar a escola. A educação inclusiva caracteriza-se como o processo com capacidade para incluir os alunos com necessidades educativas especiais ou com distúrbios de aprendizagem no sistema regular de ensino. A inclusão é consequência de uma escola de qualidade, isto é uma escola capaz de perceber cada aluno com um estigma a ser desvendado. As escolas inclusivas têm que reconhecer e satisfazer todas as necessidades diversas dos alunos, conforme transcrição da declaração de Salamanca em que “... O principio fundamental das escolas inclusivas em que todos os alunos devem aprender juntos sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. As escolas inclusivas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adoptando aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos...”. Ainda segundo esta declaração e para os jovens “... com necessidades educacionais especiais deveriam ser auxiliados no sentido de realizarem uma transição efectiva da escola para o trabalho. As escolas deveriam auxiliá-los a se tornarem economicamente activos e provêlos das habilidades necessárias ao quotidiano do dia a dia, oferecendo treino em habilidades que correspondam às solicitações sociais, de comunicação e às expectativas da vida adulta. Isto implica tecnologias adequadas de treino, incluindo experiências directas em situações de 11
vida real fora da escola. O currículo para alunos mais maduros e com necessidades educativas especiais deveria incluir programas específicos de transição, (...) que os prepare para a autonomia enquanto membros contribuintes nas suas comunidades (...). Deve-se, igualmente, promover a inclusão de jovens e adultos com necessidades especiais em programas de nível superior ou em cursos de formação Professional (...). Neste sentido, procurou-se desenvolver um estágio de liderança que permita o desenvolvimento de competências de liderança nos jovens surdos com a finalidade de os preparar para a liderança e gestão de equipas na sua comunidade, através de uma formação complementar e adaptada do ensino regular. 2. Estágio de liderança Durante cinco dias, os jovens estiveram num estágio de liderança que foi adaptado dos cursos de liderança que a Academia Militar portuguesa ministra aos alunos finalistas universitários com as quais tem protocolos de cooperação e recentemente também a jovens empresários, através da Associação Nacional se Jovens Empresários. O curso de Liderança ministrado na Academia Militar é baseado nas qualificações necessárias para o desempenho de funções de comando e chefia em baixos escalões. Os conhecimentos e experiências ministrados nestes cursos são sistematicamente desenvolvidos no ensino ministrado pela Academia Militar aos seus Cadetes - Alunos. Para os seus alunos, saber liderar em situações adversas e incertas é um requisito obrigatório na sua formação tendo em vista as suas futuras funções de comando que também exigem deles competências humanas e gestão de emoções. Assim, este estágio de liderança teve como objectivos principais mostrar a Instituição Mili-
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Ryla 2009 tar aos jovens surdos e procurou desenvolver competências comportamentais, nomeadamente de relacionamento interpessoal, tendo em vista o reforço das principais características da liderança eficaz de pequenas equipas. Em particular, procurou-se desenvolver a autoconfiança e auto-controlo; a capacidade para planear acções e tomar decisões; comunicar assertivamente e saber influenciar; coordenar e apoiar recursos técnicos e humanos. Entenda-se as competências como sugere Ceitil (2007) em que estas estão associadas a comportamentos ou reacções, para Shippman et al (2000) a competência define o desempenho de uma actividade ou tarefa com sucesso ou o conhecimento adequado de um certo domínio do saber e com ênfase no indivíduo. Também Boyatzis (1982) define-a como uma capacidade de demonstrar um sistema e uma sequência de comportamentos que se relaciona funcionalmente com a prossecução de um objectivo ou Meclelland (1973) sugere que os resultados devem estar concentrados nos desempenhos/ acção, apesar de haver a necessidade de os relacionar com preditores intrínsecos aos indivíduos. Para alcançar estes objectivos, os jovens tiveram várias sessões teórico – práticas, nomeadamente: provas de projecto e planeamento, prova de situação e treino físico de aplicação militar. 3. Feedback dos jovens surdos As actividades que mais concorreram para o desenvolvimento destas competências foram as provas de situação, as provas de projecto e planeamento e a transposição de obstáculos. As provas de situação e as provas de projecto e planeamento permitiram desenvolver nos jovens o trabalho de equipa e a cooperação, através da resolução de problemas e a tomada de decisão em equipa. Para isso os jovens tiveram que desenvolver habilidades para discutir 12
as várias soluções, onde aprenderam a ouvir a opinião dos outros, a ceder e a não tomar como melhor e única a sua solução, assim como desenvolveram a criatividade e raciocínio analítico. Os jovens observaram que o papel do líder é facilmente destacado dos restantes membros, dado que é este que toma as decisões finais ou que as transforma em tarefas, assim como ficaram sensibilizados para a importância do papel do líder e os instrumentos que este têm ao seu dispor para influenciar os restantes membros da equipa. Os jovens surdos ainda observaram que os líderes emergentes são aqueles que conseguem “manter a cabeça fria” e “planear e atribuir tarefas”. Para a realização de todas as tarefas é necessário ter um bom planeamento adequado ao tempo disponível, mas que em todas as situações é necessário ter planos alternativos e não cair no impasse por falta de soluções que normalmente são geradores de conflitos e disputa da liderança vigente. As provas de transposição de obstáculos e o Treino Físico de Aplicação militar desenvolveu nos jovens a auto-estima, o auto-controlo, a auto-confiança e a perder alguns medos. O estágio de liderança desenvolveu nos jovens: a. A compreensão dos paradigmas da liderança; b. A compreensão clara do papel do líder; c. A compreensão de que a liderança está ao alcance de todos; d. Desenvolvimento da comunicação “Língua Gestual”; e. Comunicar melhor as decisões; f. Aprender a escutar; g. Aprender a trabalhar em equipa e a cooperar; h. Aprender a aceitar opinião dos outros e desenvolvimento do espírito de inter-ajuda; i. Resolver problemas em equipa; j. Perder medos; k. Compreender que o trabalho em equipa
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Ryla 2009 desenvolve maior confiança, segurança e uma verdadeira noção de família que nos dá maior garantia de sucesso. Quais os ensinamentos auto-percepcionados pelos jovens e com aplicação no seu dia a dia: a. Ter maior capacidade para enfrentar os desafios; b. Desenvolvimento da auto-confiança para enfrentar as pessoas e maior capacidade para se relacionar com elas; c. Desenvolvimento na atitude que deve ter no relacionamento com os outros; d. Saber ouvir e respeitar a opinião de todos; e. A importância da liderança e gestão de equipas Conclusões Durante a fase de planeamento e elaboração dos programas de actividades para os jovens com necessidades educativas especiais deve criar-se um grupo com especialistas sobre as características especificas das suas deficiências e sobretudo envolver as entidades oficiais que os representam para a definição das melhores tecnologias educativas e pedagógicas. Durante a fase da elaboração dos programas recomenda-se a realização de seminários com todas as entidades envolvidas para reflexão e debate sobre os meios e objectivos a atingir. Durante a execução das provas de transposição de obstáculos, verificou-se que os jovens têm uma coragem física e uma determinação acima
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da média. Em futuros estágios, os conceitos teórico e os textos devem ser simplificados ao máximo e as sessões teóricas devem ter uma duração máxima de 20 minutos e baseadas em filmes específicos com legendas. As provas de situação são excelentes tecnologias educativas e pedagógicas, para o desenvolvimento do raciocínio analítico e tomada de decisão em grupo dado que é necessário reflectir em equipa qual a melhor modalidade para ultrapassar os obstáculos. Este tipo de estágios podem representar um modelo de formação complementar e que contribuem significativamente para o desenvolvimento geral do jovem surdo. Bibliografia BOYATZIS, R. E. (1982). The competence manager: a model of effective performance, John Wiley e Sons, New York, Estados Unidos da América. CEITIL, M. (2007). Gestão e desenvolvimento de competências, Edições Sílabo, Lisboa. MCCLELLAND, D. C. (1973). “Testing for competences rather than for intelligence”, In Vários, American Psychologist, N.º 28, p. 1-14. SHIPPMAN, J. S., ASH, R. BATISTA, M., CARR, L., EYDE, L. HESKETH, B., KEHOE, J., PEARLMAN, K., PRIEN, E. P. e SANCHEZ, J. I. (2000). “The practice of competency modeling”, In Vários, Personnel Psychology, N. º 53, p. 703-740.
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