Comissão
Sub-Comissão Preservar o Planeta Terra • N.º 3 - Setembro
Serviços à Comunidade Distrito 1960
Tempo necessário para a degradação de alguns tipos de materiais dentro de água do mar
Tema: Os Oceanos OS MARES QUE NOS CAÍRAM DOS CÉUS Foi convicção, até ao meio do século passado, que os oceanos se tinham formado com origem na própria Terra. Em 1951, porém, foi calculado que da constituição inicial da crosta terrestre não se teria conseguido mais de 10% das águas que enchem os mares. Foi-se montando, então, a teoria, agora comumente aceite, do nascimento dos oceanos com base na água trazida por meteoritos dos confins do espaço gelado e que com a Terra foram chocando. Os oceanos (ou talvez mais bem dito O Oceano) formaram-se pouco tempo após a formação da Terra, e após se terem evaporado e regenerado várias vezes, estabilizaram (na Era Précambrica) à cerca de 4,2 milhões de anos. Estes mares globais, na actualidade, apresentam uma massa de 1,4 x 1021 Kg, e cobrem 71% da área total do globo. Impregnados de vida, aliás é consentâneo que esta, conforme a conhecemos, teve o seu berço nas profundezas dos mares ancestrais, comporta uma infindável panóplia de seres vivos, muitos deles com importância extrema para a sobrevivência da espécie humana (1 milímetro cúbico de água do mar contem perto de 1 milhão de seres microscópicos). O mar, durante muitos milénios foi pensado como não tendo fim e como sendo um reservatório incomensurável onde todos os dejectos se poderiam lançar, pois este se encarregaria de os diluir e fazer desaparecer. O pensamento humano é efémero e muitas vezes errado , e acabou-se por chegar à conclusão que os grandes oceanos eram finitos. Foi, infelizmente, necessário muitos mais séculos para se perceber que a capacidade de diluição das águas possuía limites e que antes de se esgotarem trariam modificações fortíssimas no mega-ecossistema marinho, que colocaria em perigo a relação (de depredação) que o homem sempre teve com o mar. Quais são afinal os grandes ataques que fizemos, e fazemos, às massas de água marinhas e aos seus habitantes? 1.Para ele são canalizados enormes quantidades de dejectos e resíduos provenientes da acção humana, e que só há algum tempo, em pequena quantidade, são tratados. A quantidade de químicos e seres patogénicos que se instalam na água torna-a muitas vezes imprópria mesmo para um simples banho (este problema agudizasse se falarmos de mares interiores, ex: Mediterrâneo). As soluções passam por tratar os efluentes líquidos domésticos e industriais antes de serem lançados ao mar, e quando o forem devem ser descarregados o mais afastado possível da costa (a longo prazo dever-se-á diminuir a quantidade de descargas aumentando as reutilizações da mesma porção de água potável). 2. No que concerne às marés negras estas são somente a ponta do iceberg, ou seja são os derrames com maior impacto mediático mas não representam a maior quantidade de crude lançado nas águas. Por debaixo destas catástrofes concentradas estão os derrames constantes de hidrocarbunetos, sejam das plataformas, seja das lavagens dos depósitos dos milhares de petroleiros que sem controle sulcam os mares. Notam-se melhoras no nível da segurança dos petroleiros mas no que diz respeito às restantes descargas tudo se mantém igualmente desregrado. 3. Dele são retirados, sem conta nem medida, milhões de toneladas de peixe (no fim do século XIX 5 milhões ton/ano, no fim da década de oitenta 86 milhões ton/ano). Esta depredação irá conduzir à exterminação de várias espécies e modificará de forma irremediável os ecossistemas a que estas espécies pertencem. Segue no verso
Setembro 2003 1
Estamos a hipotecar o futuro capturando desregradamente adultos e juvenis. Mais preocupante é que a população em geral e os pescadores em particular não querem entender o estado a que a sobrepesca chegou. A luz que pode haver ao fim do túnel pode passar pela aquicultura que, segundo dados não devidamente auditados, já atingirá as 50 milhões de ton/ano (na Europa só se conta com 2,5 milhões ton/ano). 4. Se estas macro-intervenções não nos deixam margens para dúvidas, existem, ainda, outras perturbações com muito menor notoriedade mas com impactos muito fortes. São poluições químicas de variadissimas fontes com caracter cumulativo que se vão instalando nos microrganismos e que subindo na cadeia trófica vão alterando sexos e delapidando espécies entre os organismos marinhos (especialmente notório nos bivalves). É uma forma de poluição muito difícil de atacar porque é muito difícil, também, de detectar. Ter-se-á de minutar de forma fina as águas e os organismos de forma a detectar a poluição em causa. Depois de todas estas acções nefastas, somadas a outras derivadas de outros níveis de poluição, teremos de contar que: Haverá uma subida (irreversível) do nível médio das águas do mar e o consequente ataque às costas e às terras baixas. O celeiro dos últimos milénios tem de ter tempo para recuperar e por isso tem de se inventar alternativas à fonte de calorias e proteínas que são os peixes marinhos. O mar não é mais um caixote de lixo da civilização. Algumas surpresas que este mar nos terá para dar, algumas concerteza bem desagradáveis. Mas também será este mar a dar-nos algumas ajudas preciosas, porventura, vai ser ele a fornecer-nos uma solução para a eliminação do CO2 que não paramos de fabricar. É a nossa matriz. É com ele que poderemos viver. Só com ele podemos habitar a Terra. Respeitarmos o seu equilíbrio como grande ecossistema, que é, parece ser a atitude mais acertada.
Frases do mês “ Pescamos com determinação e persistência o pouco que já nos resta .” (site Ipimar : www.ipimar-iniap.ipimar.pt)
“A explosão da tecnologia e o rápido incremento da população humana tiveram efeitos significativos na ecologia dos oceanos, sobretudo nos anos mais recentes” (James Nybakken, in Marine Biology, Benjamin Cummings)
Ficha Técnica Folha da Sub-comissão Preserve o Planeta Terra, da Comissão dos Serviços à Comunidade Responsável pela Sub-Comissão e pelos conteúdos: José Rodrigues (Rotary Clube de Sesimbra) Tel.: 21 084 16 64 • Email: jose.rodrigues.60@netvisao.pt
2 Setembro 2003
Já se iniciou a recepção de fotos Aguardamos as suas ! ( O prazo termina em 29 de Fevereiro de 2004 )
Sites e livros de interesse www.inag.pt www.go.hrw.com/atlas www.energiasrenovaveis.com www.campodelcielo.org/maresyoceanos.htm Marine Biology (James Nybakken)/Benjamin Cummings
AAAS Atlas of population & environment -Peter Raven/ AAFAS