CARTA Distrito 1960 -O canto do ambiente - 5

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Comissão

Sub-Comissão Preservar o Planeta Terra • N.º 5 - Dezembro

Serviços à Comunidade Distrito 1960

Tema: A erosão dos solos Os solos que ainda vamos tendo O solo é um dos bens essenciais que possuímos enquanto usufrutuários do planeta que habitamos. Nem sempre, ou quase nunca, olhamos para ele desta forma. Muitas das vezes nem reparamos que existe e não damos conta da falta que nos faria caso deixasse de existir. Solo é, em termos muito gerais “... um corpo natural, sujeito a evolução, resultante da acção conjunta do clima e seres vivos sobre as rochas, de acordo com determinadas condições topográficas, durante um certo período de tempo.” Desta definição de solo podemos tirar a conclusão de que este é algo que tem a sua génese na natureza, que evolui e regride (é dinâmico) conforme as acções dos agentes que lhe são impostos e de que necessita de tempo, muito tempo, para se formar a partir da rocha-mãe, de onde se origina. O solo tem ainda a característica de ser um corpo mobilizável e por isso mesmo facilmente erosionável e transportável em soluções ou por arrastamento. Tendo em consideração que os solos agricultáveis representam somente 22% das terras emersas (cerca de 3,3 milhões de hectares) bem nos devemos precaver quanto à sua erosão e contaminação, de forma a que daqui a alguns anos não nos venham a limitar a existência, enquanto espécie, na Terra. Mas quais são, afinal, as causas do erosionamento e contaminação dos solos? Podemos encontrar duas causas principais: 1 - Erosão mecânica, quando o solo é removido do seu lugar de origem e é deslocado pela força das correntes de água, ou pelo vento, para outro local, deixando a rocha-mãe a descoberto ou ficando com uma espessura que não é cultivável (solos esqueléticos). Esta erosão tem a sua origem na desflorestação das terras que deixam os solos à mercê dos impactos das gotas de água da chuva que o vão desagregando e depois actuam as torrentes que transportam os solos para outro local próximo (normalmente vales) ou distante, através dos rios, assoreando barragens e estuários. É o depósito do solo onde ele não é necessário. Outra fonte de degradação mecânica são as movimentações dos solos para fins agrícolas (o que normalmente se designa por “lavras”) que sendo executadas perpendiculares às curvas de nível vão favorecer a torrente e a consequente remoção de grandes quantidades de solo declive abaixo. Erosões muito fortes podem deixar o terreno impraticável para o cultivo. Nalguns solos mais pedregosos, quando as chuvadas são muito fortes a porção do solo mais fina é removida pela água em escorrência ficando somente pedras e pedregulhos que não conseguiram ser deslocadas. 2 - A erosão química, é também, muito importante na erosão dos solos e actua tanto por defeito como por excesso. No primeiro caso o solo é usado para agricultura até à exaustão, sem que haja o cuidado de repor os nutrientes (matéria orgânica, Azoto, Fósforo, etc...) que são retirados pelos produtos agricultados, o que deixa o solo pobre , mesmo infértil e desagregado o que leva à consequente remoção pelos agentes físicos. Por excesso, quando é praticado nele uma cultura intensiva com inclusão desregrada de fertilizantes que se acumulam nos solos originando aquilo que se chama “solos salgados” que tornam a agricultura impraticável, deixando por isso mais uma vez o solo sem protecção, logo potencialmente erosionável. continua no verso

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Uma consequência colateral, mas muito frequente quando existe degradação dos solos devido à inexistência de coberto vegetal é a significativa diminuição da capacidade de retenção de água por parte destes. Por um lado porque as raízes das plantas e as próprias plantas garantem uma retenção mais eficaz da água no solo durante bastante tempo, por outro a inexistência de coberto vegetal faz com que a cinética das gotas de água seja maior e que quando cai seja impelida a escorregar e não a ser absorvida pelo solo como aconteceria caso caisse amortecida pelas folhas da vegetação. Este tipo de situação acarretará a médio prazo uma secagem gradual do solo e uma consequente aumento da aridez da região, diminuindo ainda de forma muito significativa a quantidade de água que vai chegar aos lençóis freáticos. Este tipo de problema só muito recentemente tem vindo a ser referido na imprensa generalista e foi muito focado a quando dos grandes fogos deste Verão, aguardo que não caia de novo no esquecimento da opinião pública, pois o seu efeito será muito severo em gerações futuras no que concerne ao abastecimento de água potável.

Frases do mês “A desertificação à custa de terras secas não é devido sómente à falta de precipitação. O mal resulta das culturas intensivas, do sobrepastoreio...” (Sciense et Vie nº 1020 Setembro 2002)

“Todos os anos continua a haver uma perda liquida de 25 biliões de toneladas de terra devido à erosão; a desertificação de origem humana é responsável pela perda de 6 milhões de hectares de solo que foram anteriormente produtivos e 2,5 milhões de hectares de terras agrícolas de primeira qualidade são abandonadas por causa da salinização devida a uma irrigação a grande escala.” (L’ Écologiste nº 8 - Outubro de 2002)

Ficha Técnica Folha da Sub-comissão Preserve o Planeta Terra, da Comissão dos Serviços à Comunidade Responsável pela Sub-Comissão e pelos conteúdos: José Rodrigues (Rotary Club de Sesimbra) Tel.: 21 084 16 64 • Email: jose.rodrigues.60@netvisao.pt

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Sites e livros de interesse www.inag.pt www.go.hrw.com/atlas www.energiasrenovaveis.com Earth Sciense (Tarbuck)/Prentice hall A Fertilização das Terras áridas (J. Carmont)/Enciclopédia Diagrama

Técnicas de Produção Florestal - A. A. Monteiro Alves/ INIC


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