arte sacra xvii - xxi biblioteca mรกrio de andrade 10.10-10.12.2017
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arte sacra dos séculos xx ao xxi moderna e contemporânea curadoria
charles cosac farnese de andrade mario cravo neto siron franco karin lambrecht vik muniz arthur omar fulvio pennacchi miguel rio branco josé rufino daniel senise guy veloso
arte sacra na mário Ainda dentro do espírito do "acordo de confiança" – termo definido por Jacapo Crivelli, curador da exposição homônima, a primeira de 2017 na Biblioteca Mário de Andrade –, e da austeridade que caracteriza esse período de restrições monetárias e recursos parcos, esta exposição, Arte Sacra, século XVII-XXI, é basicamente fruto da generosidade de um querido amigo baiano, Itamar Musse, que partilha agora com o público sua fabulosa coleção de imagens sacras dos séculos XVII ao XIX. Neto e filho de santeiros, Itamar Musse há anos, exerce a profissão de antiquário, o que, por sua vez, propiciou-lhe o "fabuloso acúmulo" do que ora está exposto na Mário. Esta exposição é mais uma prova de que o público e o privado podem se unir e, com pouco esforço e muito boa vontade, produzir resultados positivos e profícuos como este. Anônimos, exceção a um único caso atribuído, optei categoricamente em não entrar na seara de atribuições, fomentando sonhos vãos e o ávido mercado de arte. As obras, provenientes de uma única coleção particular, não têm curadoria, exceto o olhar do colecionador. Além do período que as abarca, do século XVII ao XIX, não há outro critério que as reúna – por mais feliz que tenha sido este enfeixamento. Não fazendo parte de conjunto escultórico algum, cada imagem demanda um olhar próprio, singular. Isso justifica a ordem randômica e anacrônica a que seguem as obras aqui expostas. No catálogo, além de uma legenda técnica, cuidadosa e compreensiva, há também uma breve história acerca do que cada uma dessas imagens representa. Outrora cultuada exclusivamente por cristãos católicos, com o passar dos séculos, e com o declínio do cristianismo, hoje elas podem ser apreciadas – não só por sua acepção religiosa, mas também por seus aspectos escultóricos e pela bela policromia – por todo tipo de público. A meu ver, seja pela esquerda, seja pela direita, elas são igualmente esplendorosas. E mesmo para os não devotos, impõem grande respeito. Em contraste e como complemento à exposição supramencionada, optei por estendê-la até a contemporaneidade, expondo artistas que trabalham exclusivamente com o tema sacro, como Karin Lambrecht e Guy Velloso, bem como dos que se utilizam do rico imaginário cristão para produzirem obras contemporâneas, como Miguel Rio Branco, Mário Cravo Neto, Vik Muniz, Arthur Omar e Daniel Senise, e daqueles que vivem o espiritual à sua própria maneira, como Siron Franco, Farnese de Andrade e José Rufino – todos presentes nesta mostra. Novamente, também nesta seção da exposição, não houve curadoria, e sim circunstâncias providenciais. Isso não a torna mais ou menos séria, mas, inevitavelmente, incompleta, sem a presença de artistas como Guignard, Portinari, Volpi e Adriana Varejão, dentre tantos outros. Agradeço primeiramente aos ilustríssimos prefeito João Dória e ao secretário municipal da Cultura André Sturm, por propiciarem este belo espaço de exposição, e por me permitirem trabalhar nele, e ao amigo e colecionador Itamar Musse. Agradecimentos também são devidos à Galeria Millan e a Galeria Nara Roesler, assim como aos artistas que generosamente cederam suas obras para nossa exposição.
Charles Cosac 5
as imagens religiosas e os livros como fontes de inspiração As esculturas religiosas presentes nesta exposição são conhecidas na história da arte como arte sacra. Esse termo é utilizado, normalmente, para designar objetos que possuem temática e função religiosa, englobando tanto os de uso na liturgia diária, quanto os ‘artísticos’, presentes na decoração dos espaços sagrados. Portanto, arte sacra contempla não só os santos desta exposição, mas também as pinturas, livros, prataria, azulejos, paramentos, e ainda o conjunto deles, presentes nos interiores das nossas igrejas barrocas do século XVIII. Talvez pareça estranho que uma exposição de imagens religiosas esteja acontecendo no ambiente da Biblioteca Mário de Andrade. Entretanto nada é mais natural, pois os temas religiosos representados na arte sacra eram divulgados pela Igreja através das ilustrações dos livros, das gravuras, inspirando os artistas e suas obras. A Igreja utilizou as ilustrações e as gravuras com o intuito de divulgar certos padrões compatíveis com o dogma estabelecido. As gravuras e as estampas tornaram-se, assim, arautos das ideias e dos padrões iconográficos. Tinham a vantagem de serem reproduzidas e disseminadas sem grandes custos, possibilitando que "o [...] código imagético [fosse] vigiado de perto pelas autoridades eclesiásticas, seguindo as normas correntes em todas as oficinas da época [...]"1. Apesar de existir um padrão iconográfico, comum a todas as imagens, as esculturas irão apresentar diferenças entre si por conta de outras particularidades, tais como suas diferentes funções [ou aplicações]. A historiadora de arte Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira assinala que a escultura sacra tinha essencialmente quatro funções no período colonial que definiam “[…] tipologias diferenciadas: a exposição em retábulos de igrejas ou capelas, o uso em procissões e outros rituais católicos a céu aberto, a participação em conjuntos cenográficos, notadamente vias-sacras e presépios, e a inclusão em oratórios do culto doméstico”2. Conforme o próprio nome indica, as imagens retabulares exerciam a função de culto, nos nichos dos retábulos das igrejas, como o patrono principal, nos espaços centrais ou como devoções secundárias, nas peanhas laterais. A maioria das esculturas presentes nesta exposição pertence a esta categoria. São obras de grande porte, que apresentam o entalhe e a decoração simplificados no verso, pois foram feitas para serem vistas de frente.
1 MOURA, Carlos, ‘Uma poética da refulgência: a escultura e a talha dourada’. In: História da Arte em Portugal. O limiar do Barroco, vol. 8, Lisboa, Alfa, 1986, p. 95. 2 OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. ‘A imagem religiosa no Brasil’, publicado em Mostra do redescobrimento, módulo Barroco, São Paulo, Bienal de São Paulo, 2000, p. 41. 7
Em contrapartida, os dois pares de Anjos tocheiros, cuja localização nas igrejas permitia a visão tridimensional, receberam um tratamento cuidadoso e detalhado de todos os lados. As imagens processionais eram as que saiam nos andores das procissões e, por esse motivo, podiam apresentar simplificação corporal do tronco e das pernas, encobertas por roupagens naturais. Tal artifício as tornava mais leves para serem conduzidas nos andores, sem exigir muito esforço dos fiéis que os carregavam, e também facilitava a confecção, pois só a cabeça e as mãos deveriam ser esculpidas com perfeição. As imagens cenográficas participavam de encenações. Um bom exemplo dessas esculturas, nesta exposição, é a Nossa Senhora da Natividade [p.p. 25], que deveria figurar na cena do nascimento de Jesus. Portanto, falta-lhe o Menino deitado na manjedoura e ainda o São José, de pé, ou ajoelhado, cerceando Jesus junto à Virgem. A mesma Virgem também poderia participar da Adoração dos pastores ou da Adoração dos Reis Magos, quando então, além do menino e de José, figurariam alguns pastores, na primeira, e os três Reis Magos, na segunda, ou juntos, como nas tradicionais encenações dos presépios. E finalmente, as esculturas utilizadas no culto doméstico, que tinham como principal característica o pequeno porte, pois fariam parte da vida cotidiana dos devotos, servindo ao culto particular e se encontravam, quase sempre, em oratórios. Outro diferencial era a maestria dos artífices que as confeccionavam, isto é, o talento do escultor e do pintor. As imagens religiosas do século XVIII eram obras coletivas, de, no mínimo, dois artistas. O primeiro idealizava e esculpia e o segundo se responsabilizava pela pintura, que incluía o douramento e as técnicas decorativas. Portanto, como resultado final, tinha-se uma obra original, que apresentava fatura, forma e qualidades técnicas distintas, fruto do modelo divulgado pela igreja, mas sobretudo, do talento dos homens que as executaram. No Brasil dos séculos XVII e XVIII, os artífices eram portugueses natos ou filhos destes já nascidos no Novo Mundo. A estes se juntaram os nativos do país, os índios, que, sob a custódia dos jesuítas, foram bons escultores, e os negros, que, além do trabalho nas lavouras, foram exímios ajudantes nas oficinas, demonstrando talento nato. Não havia por aqui uma escola para a formação dos artistas, como existem hoje as Escolas de Belas Artes. Naquela época, o aprendizado se fazia nas oficinas, com os mestres, responsáveis pelas obras e pela transmissão dos conhecimentos. O aprendiz podia tornar-se mestre quando, tendo passado por todas as etapas da produção de uma escultura religiosa, prestasse um concurso e mostrasse que era capaz de confeccionar uma obra com perfeição. Só assim teria licença para abrir sua própria oficina e transmitir seus ensinamentos a novos aprendizes. A maioria das obras produzidas nesse período é anônima, fruto do trabalho coletivo das oficinas. São poucas as esculturas que apresentam a assinatura do autor e a data de produção. Muitas vezes, conhece-se a autoria das obras através de um documento, o 8
contrato feito pelo artista e o encomendante, isto é, o responsável pelo pagamento da obra. Nesta exposição, o São José de Botas [p.p. 49] é um caso raro de obra datada e assinada, apesar de não se conseguir ler corretamente a identificação da sua autoria. A partir da segunda metade do século XV, com o surgimento da imprensa, e consequentemente de obras impressas, houve maior divulgação das fontes iconográficas. Os livros religiosos, e junto com eles objetos devocionais conhecidos como “registros de santos”, se popularizaram. Estes “registros de santos”, pequenas gravuras típicas da devoção popular, eram oferecidas como lembrança aos peregrinos nos santuários sagrados. Com o tempo, foram reconhecidas como obras, sendo vendidas separadamente, independentemente da data festiva. Os principais livros ilustrados utilizados no ofício religioso ou na devoção particular foram a Bíblia e o Missal. O Missal [Missale Romano]3 servia para orientar os religiosos nos ritos diários. As ilustrações dos missais da Idade Moderna apresentam uma sucessão de episódios da vida de Cristo, acompanhando o ano litúrgico: Anunciação, Adoração dos pastores [Natividade], Adoração dos Reis Magos [Epifania], Santa Ceia, Crucificação, Ressurreição, Ascensão de Cristo, Pentecostes, Assunção da Virgem, Adoração do Cordeiro Místico ou Santíssima Trindade adorada pelos santos. Nos séculos XV e XVI, as Bíblias4 estavam presentes não só nas igrejas mas também nas casas dos fiéis. Tornaramse populares a partir principalmente dos exemplares traduzidos nas línguas vernaculares, pois nem todos conseguiam ler o latim. Da Idade Média, chegaram exemplares manuscritos e iluminados, entre eles a tipologia conhecida como Biblia Pauperum [Bíblia dos pobres], quase uma historieta em quadrinho para a população da época que não sabia ler. Havia também os álbuns iconográficos, compostos praticamente só de ilustrações que privilegiavam um único tema. Eram reproduções que serviam de fonte de inspiração e de referencial para os artistas e os fiéis de um modo geral. Eram compostos por séries completas que retratavam fatos da vida de um determinado personagem. As estampas podiam ser utilizadas na sua totalidade, copiadas em todos os detalhes ou apenas em partes, ou ainda, articular detalhes de diversas gravuras. Portanto, além do Cristo da Ressurreição [p.p. 15] desta exposição, podem ser encontradas outras peças similares, pois existe um padrão iconográfico disseminado pela Igreja. Os temas relacionados à vida de Cristo foram fixados ao longo do tempo por obras específicas. Uma das mais interessantes foi a série de xilogravuras, conhecidas como a Grande Paixão e a Pequena Paixão5, publicadas em 1511, do artista alemão Albrecht Dürer [1471-1528], formando um corpus de estampas com passagens da vida de Cristo. Em 1593, o padre
Missal é o manual litúrgico que contém as partes recitadas e cantadas da missa para os dias do ano e as festas religiosas, com a indicação das cerimônias que as acompanham. Os primeiros missais apareceram nos finais do século X, início do XI. Durante este século, convivem com o sacramentário, mas, no decurso do século seguinte, este desaparece em favor do missal. O Missal romano era utilizado para o culto segundo o rito romano. In: FARIA, Maria Isabel Ribeiro de; e PERICÃO, Maria da Graça, Dicionário do livro. Da escrita ao livro electrónico, Coimbra, Almedina, 2008, p. 781.
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Bíblia é o nome comumente empregado para o conjunto de textos do Antigo e Novo Testamento. 9
jesuíta Hieronymo Natali [Jerónimo Nadal] publica Evangelicae Historiae Imagenes6, com uma série de tipos iconográficos do Cristo. Obra “[...] ornada com cento e cinquenta e três estampas gravadas pelos irmãos Wierix e outros artistas, segundo desenhos de Maerten de Vos, Bernardino Passeri e Antón Wierix. [...]”7. Estudos mostram que exemplares desta obra chegaram às livrarias dos Colégios jesuíticos de todos os continentes, da China à América. Quando o artista traduz o tema para uma obra tridimensional, a tendência é a simplificação. No Cristo da Ressurreição desta mostra vê-se o diálogo com as obras impressas do século XVIII, incluindo os missais – essa escultura traduz o momento exato da saída de Cristo do túmulo, criando uma ilusão de movimento ascendente, com o recurso do manto esvoaçante e a gestualidade dos braços. As esculturas religiosas que compõem a atual mostra enquadram-se nos seguintes estilos artísticos, dominantes em Portugal e no Brasil, no período compreendido: maneirismo [século XVII], com o São José; barroco [Nacional e Joanino, de 1700 a 1770, aproximadamente], que inclui a maioria das obras desta mostra, entre elas a excepcional Nossa Senhora da Assunção [p.p. 33]; e rococó, de 1770 em diante, que se prolongou até princípios do século XIX, em diversas regiões do Brasil. Representativa do rococó seria o São José com o Menino, da escola lisboeta [p.p. 27], e, do século XIX, o São Vítor [p.p. 23]. A Ordem Carmelita contou com alguns destes álbuns para fixar a iconografia dos dois principais santos dos Descalços, canonizados no século XVII: Santa Teresa e São João da Cruz8. Assim como os dois principais santos negros da Ordem, Santo Elesbão [p.p. 41] e Santa Efigênia [p.p. 39], tiveram suas biografias reforçadas no século XVIII, pela mão do cronista carmelita Frei José Pereira de Santana9. Esses santos já estavam presentes na hagiografia tradicional, Santa Efigênia, por exemplo, é citada na Legenda Áurea de Jacoppo de Varazze, no capítulo sobre as andanças do apóstolo Mateus pela África10. As duas belíssimas esculturas destes santos da exposição são provavelmente de origem portuguesa, trazidas da metrópole para os conventos da Ordem do Carmo no Brasil, no século XVIII. Observamos que os dois santos são reproduzidos na cor negra,
Passio domini nostri Jesu: ex Hieronymo Paduano, Dominico Mancino, Sedulio et Baptista Mantuano per fratrem Chelidonium collecta, cum figuris Alberti Dureri Novici Pictoris. Nuremberg: Hieronymus Holzel, 1511. E Passio Christi ab Alberto Durer Nurenbergensi effigiata cum varii generis carminibus Fratris Benedicti Chelidonii Musophili. Nuremberg: Albrecht Dürer, 1511.
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NATALI, Hieronymo [Societatis IESV, Theologo], Evangelicae Historiae Imagines Ex ordine evangeliorum, qua Toto anno in Missae Sacrificio recitantur, In ordinem temporis vitae Christi digestae, publicado em Antuerpia em 1593.
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SERRÃO, Vítor, Entre a China e Portugal: temas e outros fenómenos de miscigenação artística, um programa necessário de estudos, disponível em https://www.academia.edu/19764171/.
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COLLAERT, A., C. Galle, Vita S. Virginis Teresiae a Iesu Ordinis Carmelitarum Excalceatorum piae restauratricis, Antuérpia, Apud Ioannem Galleum, 3ª edição, Antuérpia, Apud Ioannem Galleum, 1630. Biblioteca Nacional de Portugal, Secção de Iconografia, E. A. 14//6 P., fls 138-162. [Primeira edição: 1613] URL: http://purl.pt/6368.html. E WESTERHOUT, A. V., Vita effigiata della serafica vergine S. Teresa di Gesù fondatrice dell’Ordine Carmelitano Scalzo, Roma, 1716. Biblioteca Nacional de Madrid: ER_1619. 8
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fiéis representantes da fé religiosa do continente africano. Vestem-se com o hábito dos carmelitas [composto de uma túnica marrom com escapulário e capa branca com véu negro] e seguram a maquete de uma igreja. Erroneamente, no Santo Elesbão, que pisa o rei branco, seu atributo particular, a maquete também está a arder, detalhe que demonstra a originalidade das obras, que, apesar do padrão iconográfico fixado pela igreja, podia incorporar pequenos deslizes de responsabilidade dos seus autores. Como se sabe, a especialidade do Santo Elesbão é a proteção contra os perigos do mar e a de Santa Efigênia é salvaguardar contra incêndios. Fátima Justiniano
SANTANA, José Pereira. Os dous Atlantes da Ethiopia : Santo Elesbao, Emperador XLVII. da Abessina, Advogado dos perigos do mar, e Santa Ifigenia, Princeza da Nubia, Advogada dos incendios dos edificios, ambos Carmelitas... / pelo M.R.P. Mestre Fr. Joseph Pereira de Santa Anna...; com varias Annotaçoens, e hum Sermam do mesmo Author, prégado na collocação das Sagradas Imagens de ambos os Santos. Lisboa Occidental : na Officina de Antonio Pedrozo Galram, Tomo.I e II. 1735-1738
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VARAZZE, Jacopo de. Legenda áurea: vida dos santos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 778-783. [Original: Legendae sanctorum, vulgo historia lombardica dicta. De Varazze, Jacopo, Arcebispo de Gênova, ca. 1229-1298]
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cristo da ressureição, atribuída a frei domingos da conceição e silva [1643-1718] Rio de Janeiro, Brasil séc XVII - XVIII Madeira policromada 200 x 135 x 0,25 cm col Itamar Musse, Salvador Jesus, século I, Belém, Judéia. Filho da Virgem Maria e São José. Jesus ressuscitou três dias após sua morte, saiu milagrosamente do sepulcro fechado, por seu próprio poder e divindade. Permaneceu quarenta dias na terra até a sua Ascenção aos céus. Costuma ser representado com os braços elevados, de perizônio branco e manto vermelho, segurando o estandarte da cruz. Nesta escultura o posicionamento dos pés sugere o momento da sua elevação do sepulcro.
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nosso senhor morto Bahia, Brasil séc XIX Madeira policromada e dourada 146 x 0,95 x 55 cm col Itamar Musse, Salvador Jesus, século I, Belém, Judéia. Filho da Virgem Maria e São José. Segundo o evangelho Jesus foi deposto da cruz, por José de Arimatéia e Nicodemos que o envolveram em lençóis com aromas, conforme a tradição judaica. Nesta cena da Paixão de Cristo, Jesus é representado morto, deitado sobre o lençol, com os braços rentes ao corpo, os olhos fechados, vestindo o perizônio branco.
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são joaquim Portugal [?] séc XVIII Madeira policromada e dourada 159 x 0,82 x 0,60 cm col Itamar Musse, Salvador São Joaquim, século I, Nazaré, Galileia. Esposo de Santana, pai da Virgem Maria e avô de Jesus. Santana e São Joaquim ficaram muitos anos casados sem terem filhos, até que um anjo apareceu a Joaquim e anunciou o nascimento de uma filha chamada Maria, que geraria um filho altíssimo cujo nome seria Jesus. É representado idoso, com barba longa e calvo. Veste túnica longa cintada e manto, usa botas e costuma carregar um cajado.
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são mateus Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 170 x 0,76 x 0,42 cm col Itamar Musse, Salvador São Mateus, século I, apóstolo, evangelista e mártir. Autor do Primeiro Evangelho do Novo Testamento, escrito sob a inspiração de um anjo. Antes de se tornar apóstolo foi cobrador de impostos. Faz parte do grupo dos quatro evangelistas junto com Lucas, Marcos e João. Foi martirizado na Etiópia. É representado como um homem de meia idade com a barba longa. Veste túnica e manto, indumentária tradicional dos apóstolos. Tem por atributos o livro e a figura de um homem ou criança, em alusão ao fato de seu evangelho começar com a genealogia de Cristo.
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são vitor Portugal séc XIX Madeira policromada e dourada 118 x 0,52 x 0,46 cm col Itamar Musse, Salvador São Vitor, século III, Lucânia, Itália. Mártir do princípio do cristianismo, tinha 14 anos de idade quando foi perseguido e martirizado pelo imperador Diocleciano, por reiterar sua fé cristã. É representado com aparência muito jovem, usa vestimenta romana com túnica curta, couraça e manto. Seus atributos são um cachorro ou um galo. Embora seja venerado em Portugal, sua devoção não se difundiu no Brasil.
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nossa senhora da natividade Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 118 x 0,62 x 0,52 cm col Itamar Musse, Salvador Nossa Senhora da Natividade é uma invocação da Virgem Maria relacionada ao nascimento do menino Jesus. Nas cenas do presépio, Maria é representada ao lado de José, ajoelhada, com as mãos juntas orando. O olhar é direcionado para o menino Jesus, na manjedoura. Veste túnica longa, manto e um véu cobrindo a cabeça.
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josé com menino jesus Escola de Lisboa, Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 210 x 100 x 0,85 cm col Itamar Musse, Salvador São José, século I, Belém, Judéia. Filho de Jacó, descendente do Rei David, esposo da Virgem Maria e pai de Jesus. São José casou com a Virgem Maria por intervenção divina. Na hora de escolher o esposo de Maria, os sacerdotes determinaram que todos os homens descendentes do Rei David, que não estivessem unidos em matrimônio colocassem um ramo de lírio sobre o altar no templo. O ramo que florisse estaria indicando a pessoa que iria casar com a Virgem Maria. Floresceu o ramo de José, por isso ele é frequentemente representado com um ramo de lírio branco. Nesta escultura veste uma túnica longa cintada e manto, calça sandálias e recebe uma coroa de lírios do menino Jesus.
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par de arcanjos tocheiros Portugal séc XVIII Madeira policromada 154 x 0,69 x 0,42 cm col Itamar Musse, Salvador [direita] Portugal séc XVIII Madeira policromada 154 x 0,69 x 0,42 cm col Itamar Musse, Salvador [esquerda] Os anjos tocheiros fazem parte da decoração das igrejas, geralmente em par, costumam ficar na entrada das capelas-mores, junto ao arco do cruzeiro, reforçando a iluminação do altar. Vestem túnica curta cintada e corpete sobre uma túnica longa com abertura lateral mostrando as pernas. Os cabelos são presos por um coque de onde parte o enfeite de plumas. Costumam carregar numa das mãos uma cornucópia, neste exemplar substituída por uma vara porta vela de prata. São tradicionais de Portugal, das regiões do Minho e do Douro e chegaram ao Brasil com os colonizadores portugueses. São mais frequentes nas igrejas baianas e mineiras.
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nossa senhora dos navegantes Bahia, Brasil séc XVIII Madeira policromada e dourada 153 x 0,61 x 0,46 cm col Itamar Musse, Salvador A invocação a Nossa Senhora dos Navegantes começa na Idade Média, na época das Cruzadas, com os navegadores que atravessavam o Mediterrâneo rumo a Jerusalém. A devoção se difundiu a partir do século XV, com as navegações portuguesas, chegando ao Brasil no período colonial. A Virgem é representada em pé, sobre nuvens, com o menino Jesus no braço esquerdo. O seu atributo normalmente faz referência ao mar, pode ser uma embarcação ou um artefato marítimo. Nesta obra, é uma ancora carregada pelo anjo posicionado nas nuvens sob os pés de Nossa Senhora.
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nossa senhora da assunção Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 125 x 0,70 x 0,40 cm col Itamar Musse, Salvador Representação da Assunção da Virgem Maria. A morte da Virgem Maria foi anunciada pelo Anjo Gabriel, o mesmo anjo que anunciou o nascimento de Jesus. Maria morreu e ressuscitou diante dos apóstolos. Segundo Santo Agostinho, ela foi alçada ao tálamo celeste, acompanhada por uma multidão de anjos, para encontrar com Jesus, que a aguardava com toda a milícia celeste para guiá-la ao céu. Costuma ser representada em pé, sobre nuvens e uma revoada de anjos, com fisionomia tranquila, rosto sereno e olhar direcionado para o alto. Veste túnica longa e manto e usa uma coroa.
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nossa senhora do rosário Pernambuco, Brasil séc XVIII Madeira policromada e dourada 100 x 0,48 x 0,33 cm col Itamar Musse, Salvador A devoção à Nossa Senhora do Rosário está ligada a ordem dominicana, segundo a hagiografia o fundador da ordem São Domingos de Gusmão, século IV, teria recebido o rosário da Virgem Maria durante uma visão. Costuma ser representada em pé sobre nuvens e querubins, tem o menino Jesus no braço esquerdo e um rosário na mão direita. Veste túnica longa, com manto e véu curto. No Brasil a devoção foi introduzida no início da colonização e se difundiu, principalmente entre os escravos.
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santana mestra Pernambuco, Brasil séc XVIII Madeira policromada e dourada 0,95 x 0,41 x 0,25 cm col Itamar Musse, Salvador Santana, século I, Belém, Judeia. Foi casada com São Joaquim, é mãe da Virgem Maria e avó de Jesus. É representada com aparência de uma mulher madura, serena, transmitindo o seu conhecimento [Santana Mestra] ou guiando a Virgem Maria [Santana Guia]. Frequentemente aparece sentada, com Maria de pé a seu lado lendo o livro. Neste exemplar, está representada de pé, com a Virgem Maria ainda criança nos braços e ambas seguram o livro aberto. Santana veste túnica longa, manto e véu, e a Virgem, túnica longa. Tem por atributo o livro aberto.
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santa efigênia Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 126 x 0,57 x 0,33 cm col Itamar Musse, Salvador Santa Efigênia [ou Ifigênia], século I, princesa Núbia, filha do rei da Abissínia [Etiópia]. Foi convertida ao cristianismo por São Mateus, apóstolo. É considerada responsável pela difusão do cristianismo na Etiópia. Segundo a tradição hagiográfica, Santa Efigênia fundou um convento dedicado à Nossa Senhora do Carmo, onde viveu com suas seguidoras. Após a morte de seu pai, um tio quis desposá-la para se tornar rei. Santa Efigênia não aceitou a proposta e o tio mandou incendiar o convento, mas milagrosamente o fogo apagou. Representada com o hábito carmelita, tem como atributo uma igreja em chamas. Santa Efigênia e Santo Elesbão são santos negros venerados pela Ordem Carmelita.
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santo elesbão Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 120 x 0,42 x 0,34 cm col Itamar Musse, Salvador Santo Elesbão, século VI, Rei da Abissínia [Etiópia]. Responsável pela expansão do cristianismo desde a Etiópia até a península Arábica e Iêmen. De origem nobre, abandonou o reinado para ingressar num convento carmelita, e por esse motivo é representado com o hábito da ordem. Tem por atributos uma pequena igreja sobre um livro, símbolos da defesa do cristianismo. Neste exemplar, além da igreja que está segurando, tem sob os pés a figura de um rei considerado herege, simbolizando a vitória da fé cristã. No Brasil, a devoção a Santo Elesbão, assim como a Santa Efigênia e a outros santos negros, foi introduzida pelas ordens religiosas com a intenção de converter os escravos africanos ao catolicismo.
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nossa senhora do rosário Bahia, Brasil séc XIX Madeira policromada e dourada 115 x 0,48 x 0,33 cm col Itamar Musse, Salvador A devoção a Nossa Senhora do Rosário está ligada a ordem dominicana. Segundo a hagiografia, o fundador da ordem São Domingos de Gusmão, século IV, teria recebido o rosário da Virgem Maria, durante uma visão. Costuma ser representada de pé sobre nuvens e querubins, com o menino Jesus no braço esquerdo e o rosário na mão direita. Neste exemplar, veste túnica longa, manto, não usa o tradicional véu e os cabelos estão presos por uma tiara que lembra as contas do rosário. No Brasil a devoção foi introduzida no início da colonização e se difundiu, principalmente entre os escravos.
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são benedito Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 0,89 x 0,44 x 0,28 cm col Itamar Musse, Salvador São Benedito, Sicília, Itália. Filho liberto de escravos africanos, entrou para a Ordem Franciscana e foi reconhecido por sua sabedoria e humildade. Apesar de não ter instrução e trabalhar na cozinha, chegou a ocupar o cargo de Superior do convento. Mencionado como um homem de oração sublime, dizem que quando rezava era visto, pelos frades do convento, segurando o Menino Jesus, como vemos neste exemplar. É representado como um jovem, negro, cabelo curto, e vestindo o hábito franciscano. Além do Menino Jesus, pode ter por atributos um avental cheio de flores e um pano de cozinha. A devoção no Brasil, como ocorreu com outros santos negros, começou no período colonial por influência das ordens religiosas.
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são josé com menino jesus Portugal séc XIX Madeira policromada e dourada 135 x 0,55 x 0,36 cm col Itamar Musse, Salvador São José, século I, Belém, Judeia, pai de Jesus. Nesta representação São José aparece com os seus principais atributos, o menino Jesus no braço esquerdo e o cajado ou o lírio na mão direita. Veste a tradicional túnica longa cintada e manto.
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são josé de botas Portugal séc XVII, [16?5] Madeira policromada e dourada 154 x 0,55 x 36 cm col Itamar Musse, Salvador São José, século I, Belém, Judeia, pai de Jesus. São José, quando se casou com a Virgem Maria, era um homem maduro, e já havia morrido quando Jesus foi crucificado. Neste exemplar, é representado com cabelo curto, calvo, e barba e bigode. Veste túnica curta e manto, e calça botas. Nas cenas da fuga para o Egito e do retorno para Nazaré, costuma ser representado com vestimentas de viagem: capa, chapéu e botas, por isso é chamado de São José de Botas. Considerando que segura uma espécie de fruto na mão direita, este exemplar pode se referir a uma cena ocorrida durante a viagem ao Egito.
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par de arcanjos tocheiros Região de Braga, Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 210 x 0,80 x 0,80 cm col Itamar Musse, Salvador [direita abaixo] Região de Braga, Portugal séc XVIII Madeira policromada e dourada 210 x 0,85 x 0,82 cm col Itamar Musse, Salvador [esquerda p.p. ao lado] Os anjos tocheiros fazem parte da decoração das igrejas, geralmente em par, costumam ficar na entrada das capelas- mores, junto ao arco do cruzeiro, iluminando o altar-mor. Vestem a tradicional túnica curta sobre a túnica longa, amarradas na cintura com um laço simples e calçam botas. Sobre os ombros desce uma faixa com caimento em pontas. Na cabeça usam uma tiara com enfeite de plumas. Costumam carregar numa das mãos uma cornucópia, neste caso substituída por uma vara de procissão de prata. São tradicionais de Portugal, das regiões do Minho e do Douro e chegaram ao Brasil com os colonizadores portugueses. São mais frequentes nas igrejas da Bahia e Minas Gerais.
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retábulos Escola Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil séc XVIII Madeira policromada e dourada 407 x 264 x 0,46 cm col Itamar Musse, Salvador [direita] Escola Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil séc XVIII Madeira policromada e dourada 407 x 265 x 0,36 cm col Itamar Musse, Salvador [esquerda] Retábulo em estilo rococó, provavelmente da segunda metade do século XVIII. Os retábulos fazem parte da decoração das igrejas, e sua função é abrigar no nicho central as imagens religiosas. Este exemplar, inserido em uma arcada rasa, é composto de lambris de madeira lisa sobre os quais foram aplicados ornatos em talha dourada. A decoração da parte superior é característica da escola fluminense, com tarja sinuosa, ladeada por duas aletas em rocalhas que extrapolam o limite da arcada. O douramento é restrito aos ornatos, postos em evidência pelo fundo liso azulado.
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arte sacra dos sÊculos xx ao xxi moderna e contemporânea
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s/título [sudário] Daniel Senise 1989, São Paulo Óleo sobre tela 212 x 132 cm col particular Rio de Janeiro, capital, 1955. Formado em engenharia civil, ingressa na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde mais tarde se tornaria professor. Sua obra pode ser depreendida em termos de equilíbrio e peso, e de presença e ausência de objetos. Suas imagens abrem-se a um vasto campo de experiências e evocações materiais e poéticas. “O interesse despertado pelo trabalho de Daniel Senise pode residir no fato de que seu universo pictórico se constrói sobre a consciência da inutilidade do gesto, em um mundo irremediavelmente fragmentado, que se separou da natureza, onde um quadro é um objeto em si mesmo, condutor de signos à deriva” [Território dos Sentidos, Ivo Mesquita]. Reside e trabalha no Rio de Janeiro.
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anunciação Fulvio Pennacchi 1938, São Paulo Óleo sobre tela 2,05 x 175 cm col Emerson Curi Villa Collemandina, Toscana, Itália, 1905 - São Paulo, capital, 1992. Desenhista, pintor, muralista, ceramista, professor. Inicia sua educação em artes em Lucca, na Itália. Vem para o Brasil em 1929, fixando residência em São Paulo, capital. Em suas pinturas, retrata paisagens, o homem do campo ["eu adoro figuras, principalmente se retratam homens do campo, gente simples e ingênua, dando movimento a cada tela; considerome um pintor que quer refletir a vida humilde que vejo lá fora, a rodear as cidades", disse a Roberto Pontual, na revista Arte Hoje], naturezas-mortas, temas religiosos "transmite nos temas religiosos o humano dos santos, não para diminuí-los em sua santidade, mas para irmaná-los aos homens” [Aldo Bonadei, 1973].
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s/título [flagelado] Farnese de Andrade 1987, São Paulo Assemblage [oratório contendo imagem sacra sob redoma de vidro, menino Jesus em madeira e ornamentos sobre placa de madeira] 70 x 35 x 20 cm col Gottfried Stützer Araguari, Minas Gerais, 1926 - Rio de Janeiro, capital, 1996. Desenhista, gravurista e pintor, é mais frequentemente lembrado pelos seus “objetos” [assemblages]. Em 1945 inicia estudos de desenho com Guignard, em Belo Horizonte. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1948. Seu primeiro Objeto foi criado em 1964. “Seus trabalhos, em vez de serem uma montagem de objetos e imagens, são na verdade uma colagem de tempos, que no entanto tendem sempre a se instalar numa região do passado a que não teremos mais acesso" [A grande tristeza, Rodrigo Naves].
[obras também expostas]
anunciação Farnese de Andrade 1966, São Paulo Desenho, nanquim sobre papel 48 x 33 cm col Gottfried Stützer
ele será seu filho Farnese de Andrade 1966, São Paulo Desenho, nanquim sobre papel 33 x 48 cm col Gottfried Stützer
anunciação Farnese de Andrade 1988, São Paulo Assemblage [oratório com ex-voto [braço em madeira], fotos resinadas e pequena resina contendo boneco de plástico] 78 x 39 x 16 cm col Gottfried Stützer 60
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série "pictures of chocolate", êxtase de santa theresa, d'après bernini Vik Muniz 2015, São Paulo Cópia fotográfica por sublimação 145 x 100 cm col Galeria Nara Roesler São Paulo, capital, 1961. Estudou artes plásticas em São Paulo, desenho e modelagem. Trabalhou com publicidade e iniciou seus trabalhos fotográficos na década de 1980. Segundo Moacir dos Anjos [Uma ética da ilusão], "Utilizando materiais efêmeros ou frágeis e valendo-se da destreza inequívoca na construção de objetos e no desenho, recria imagens extraídas de um repertório visual consagrado pela história da arte ou informado pelo cotidiano". Reside e trabalha no Brooklyn, em Nova York, e na cidade do Rio de Janeiro.
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memento mori José Rufino 2005, São Paulo Monotipia sobre superfície rígida 240 x 130 cm col Gottfried Stützer João Pessoa, Paraíba, 1965. Desenhista, criador de objetos e instalações. Morou em Recife, onde se graduou em geologia. Trabalha principalmente com a memória de sua família, utilizando-se de cartas, documentos e mobília. "Rufino trabalha sua bagagem emocional com um esmero estético de efeitos sutis e sofisticados, que o levam a percorrer campos de significados inusitados. O artista revela-se um exímio manipulador de símbolos" [José Rufino, Kátia Canton]. Reside e trabalha em João Pessoa.
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s/título [semana santa] Guy Velloso 2010, Ouro Preto-MG Fotografia 105 x 70 cm col do artista, Belém Belém, Pará, 1969. Fotógrafo, iniciou nas artes pela pintura. Ganhou a primeira máquina aos 17 anos, cursou Direito e, durante todo o curso, fotografou a cidade e a festa do Círio de Nazaré de diferentes ângulos. Em 1989, faz sua estreia em exposições. Adota a religiosidade como tema e afirma que "a religião tem até mais importância para mim do que a arte" [Fotografia e transe, Eder Chiodetto]. Fotografa romarias, comunidades religiosas e penitentes, o que considera a sua mais longa pesquisa. Reside e trabalha em Belém, sua cidade natal.
[obras também expostas]
verônica [semana santa] Guy Velloso 2002, Laranjeiras-SE Fotografia 105 x 70 cm col do artista, Belém
s/título [círio de nazaré] Guy Velloso 2004, Belém-PA Fotografia 105 x 70 cm col do artista, Belém 66
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trinta dinheiros - judas Siron Franco 2017, Goiânia Óleo e metal sobre tela 155 x 135 cm col do artista Goiás Velho/ GO, 1947. Desenhista, gravurista, escultor, pintor. Autor de Instalações e Manifestações [que chama de "artivismo"], tem na pintura seu "grande rio". O acidente em Goiânia envolvendo material radioativo [Césio 137], ocorrido em 1987, foi o grande divisor em sua arte, gerando também as primeiras esculturas. "... de sua capacidade de produzir imagens fortes, impregnantes... o artista tornou-se mais sofisticado e suas colocações ganharam ressonâncias míticas..." [O que se vê do cerrado - Agnaldo Farias]. Reside e trabalha em Goiânia/ GO.
[obras também expostas]
s/título [maria grávida] Siron Franco 1987, São Paulo Óleo sobre madeira 80 x 104 cm col Gottfried Stuetzer 68
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não te vejo com a pupila, mas com o branco dos olhos Arthur Omar 1972-1996, Rio de Janeiro Cópia em prata, manual, selenizada, papel Ilford Gallery 97 x 97 cm col do artista Poços de Caldas, Minas Gerais, 1948. Fotógrafo, inicia a vida artística como diretor de cinema, trabalhando com linguagens variadas, entre vídeo, instalações, música, poesia e desenho. É também ensaísta, formado em antropologia e etnografia e profundamente ligado às reflexões da natureza da imagem e de seus processos de criação. “Destruindo as classificações rígidas, a obra de Omar faz da imagem matériaprima de um novo meio, híbrido, fluido, no limite … sua obra se inscreve na história da arte e no esforço de construção de uma visualidade brasileira. Garimpo e lapidação de imagens” [Arthur Omar: o êxtase da imagem, Ivana Bentes]. Reside e trabalha no Rio de Janeiro/RJ.
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sleeping santiago Miguel Rio Branco 1993-2017, São Paulo Fotografia 100 x 300 cm [tríptico] col Galeria Millan Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, 1946. Fotógrafo, pintor autodidata e filho de diplomata, cresceu entre a Espanha, Portugal, Brasil, Suíça e Estados Unidos, e com apenas dezessete anos realizou sua primeira exposição individual, em Berna, Suíça, na Galeria Anlikerkeller. “A grande característica de seu trabalho é sua vontade de domínio da matéria, sua capacidade de obrigá-la à ação. Não a quer, não a aceita como veículo passivo, portador de sensações a ela estranhas. Procura pertinazmente sua natureza íntima, obriga-a a falar, a nos contar o que por detrás dela se esconde” [A arte, tal como a vida, é um milagre, Maria Martins]. Reside e trabalha em Araras, no estado do Rio de Janeiro.
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mundu Karin Lambrecht 2011-2012, São Paulo Pigmentos em emulsão acrílica, chuva, marcas de pedras e caligrafia sobre lona 200 x 340 cm col Galeria Nara Roesler Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1957. Desenhista, gravadora, pintora, cria objetos e instalações. Gradua-se em desenho e gravura na UFRGS. Frequentou curso de arte em Berlim, na Alemanha. Em suas obras, emprega detritos industriais e materiais orgânicos diversos. "No pensamento e na produção de Karin Lambrecht, perpassam as dimensões de religiosidade e da religião, verificadas de imediato no uso da simbologia cristã [histórica e arcaica] e na referência marcante da figura de Jesus Cristo" [Karin Lambrecht, Miguel Chaia]. Reside e trabalha em Porto Alegre.
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cristo do bom jesus dos navegantes Mario Cravo Neto déc 1990, São Paulo Pigmento natural sobre papel de algodão com aplicação de verniz UV 120 x 120 cm col. Galeria Millan Salvador, Bahia, 1947 - Salvador, Bahia, 2009. Fotógrafo, escultor e desenhista, recebe as primeiras orientações no campo do desenho e da escultura de seu pai, Mario Cravo Júnior. Em 1964 viaja com o pai à Berlim, onde conhece o artista Emilio Vedova e o fotógrafo Max Jakob. Muda-se para Nova York em 1968, onde passa a estudar na Arts Students League sob orientação de Jack Krueger - um dos precursores da arte conceitual novaiorquina. Retorna ao Brasil em 1970 e passa a se dedicar à fotografia de estúdio e à instalações. Nesta mesma década realiza trabalho fotográfico com temática relacionada ao candomblé e ao catolicismo - o que lhe conferiu inúmeros prêmios. “Mario foi um espírito provocador que soube articular seu conhecimento técnico a um formalismo apurado em fina sintonia com o sincretismo religioso de Salvador, Bahia, seu principal ponto de produção e reflexão” [A louca aventura da criação artística, Rubens Fernandes Junior].
[obras também expostas]
cristo sofrido Mario Cravo Neto déc 1980, São Paulo Pigmento natural sobre papel de algodão com aplicação de verniz UV 120 x 120 cm col Galeria Millan
dor de cristo Mario Cravo Neto déc 1980, São Paulo Pigmento natural sobre papel de algodão com aplicação de verniz UV 120 x 120 cm col Galeria Millan 76
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Prefeito do Município de São Paulo
João Doria Secretário Municipal de Cultura
André Sturm
EXPOSIÇÃO
Arte Sacra. séculos XVII-XXI Curadoria
Itamar Musse Charles Cosac
BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE Diretor
Charles Cosac Supervisora da Ação cultural
Adriane Freitag Ação cultural
Matheus de Andrade Aline Coelho Gabriel Hideki Marcos Albano Isabella Martino Paolo Ribeiro Silas Rocha Bárbara Spavier Supervisor do atendimento
Emanuel Guedes Atendimento
Natan Sezerdello Ana Carolina Russo Rizio Bruno Sant’Ana Supervisor de administração e finanças
Pedro Henrique R. Rocha Arquitetos
Bruno Bianchini Andrea Peruzini
Textos e legendas
Fátima Justiniano Jô Frazão Design gráfico
Gabriel Hideki Raul Loureiro Preparação e revisão de texto
Maria Eugênia Régis Fotografia
Maycon Lima p.p. 15-53 Paolo Ribeiro p.p. 61, 65 Fabio del Re p.p. 75 Vivafotos p.p. 69 Montagem
Luiz dos Santos Menezes Erick Martinelli AGRADECIMENTOS
Socorro de Andrade Fabíola Ceni Emerson Curi Galeria Millan Joanna Millan Galeria Nara Roesler Gottfried Stützer Justo Werlang
Assistente jurídico
Jorge Josino Luiz Rodrigo Costa
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biblioteca mário de andrade rua da consolação, 94- centro 11 3775-0002