Madonnaro e Arte Marajoara

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ÁREA TEMÁTICA: Professores em espaços de formação: mediações, práxis e saberes docentes.

TÍTULO: Elementos da Arte Indígena Marajoara Através da Prática Madonnaro AUTORES / INSTITUIÇÕES: Priscila Marcondes da Silva ( Licenciatura em Belas Artes – UFRRJ); Marcelo Amaral Coelho ( Licenciatura em Belas Artes – UFRRJ) e Patrícia Karla Mendes Vieira ( Licenciatura em Belas Artes – UFRRJ) Coordenadores PIBID: Bruno Vieira e Luciana Dilascio Neves Introdução O trabalho “Elementos da arte indígena Marajoara através da prática Madonnaro” é parte integrante das ações do PIBID-Belas Artes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e ocorreu como uma oficina em que as atividades foram realizadas com uma turma de EJA-Fase IX, da Escola Municipal Gilson Silva, em Seropédica (RJ). Partindo do pressuposto da viabilidade reflexiva e expressiva da Arte no contexto da escola, o projeto foi elaborado sob uma tríade: a técnica Madonnaro², a plástica Marajoara³ e estética do pintor brasileiro Vicente do Rego Monteiro. Nessa oficina objetivou-se fazer interagir conhecimentos de arte brasileira e aquela estrangeira – a prática italiana do Madonnaro – estimulando a reflexão a partir do cotidiano, contribuindo com a construção da identidade e estimulando a criatividade dos alunos.

Madonnaro

Urna

Para a execução do trabalho final os alunos partiram dos estudos feitos na aula anterior. O espaço destinado à produção dos madonnari foi uma espécie de calçamento que circunda o prédio da escola. Dividiu-se este espaço em áreas de cerca de 1,00m x 1,20m. Os alunos trabalharam em duplas. Aqueles que desejaram fizeram uso do procedimento da quadrícula para o transporte do desenho (estudo preparatório) para o pavimento. Em seguida, deu-se a pintura das composições. Feito isso a obra estava finalizada. No dia seguinte os trabalhos estiveram em exposição para que o público (pais, responsáveis, profissionais e alunos) pudessem contemplar.

O menino e ovelha

Metodologia A metodologia estabelecida para a presente oficina foi distribuída em 3 diferentes etapas: estudo temático/referencial, concepção e produção final. Num primeiro encontro foi apresentado um panorama histórico da técnica Madonnaro surgida em Veneza, na Itália, no século XVI. Contextualizando com a cultura brasileira foram lembrados os tapetes de Corpus Christi e as ruas pintadas para a Copa do Mundo. Tanto um como o outro se diferenciando do Madonnaro seja na temática quanto na materialidade. No encontro seguinte, trabalhamos o desenho, focando na linearidade e na estilização formal através de referências do universo Marajoara. Os alunos receberam folhas com imagens as quais deveriam primeiramente realizar uma cópia naturalista. Depois, o desafio era captar os aspectos formais da imagem e por fim, com base numa análise rítmica, registrar apenas o essencial.

Foto: Priscila Marcondes.

Resultados e discussão A oficina “Elementos da arte indígena Marajoara através da prática Madonnaro” foi partindo da possibilidade da narrativa visual objetivou-se fazer interagir conhecimentos de arte brasileira e estrangeira, estimulando a reflexão a partir do cotidiano, contribuindo com a construção da identidade e a criatividade dos alunos. Criando também condições para que houvesse uma participação mais expressiva dos alunos. A interação entre obras e a história, através do contato com outras realidades culturais, pôde torná-los conscientes das diferentes expressões de arte e seu valor dentro das sociedades. A produção das obras em Madonnaro pode proporcionar uma reflexão quanto ao patrimônio físico da escola. Acreditamos que o Madonnaro, com sua efemeridade, permite intervir no espaço físico sem danificá-lo. Os alunos se mostraram bastante interessados desde o primeiro dia e durante as oficinas foram se desprendendo de seus conceitos pré-estabelecidos e se fazendo mais participativos nas aulas, colocando seus pontos de vista quanto às interpretações das imagens apresentadas.

Urna

Serpente mística

Num terceiro encontro se propôs o estudo cromático a partir da obra do pintor pernambucano Vicente do Rego Monteiro, que buscou na arte Marajoara elementos para sua pintura. Explorouse a economia formal e os volumes. Os alunos receberam imagens de obras de Rego Monteiro, folha A4 e giz pastel. A proposta era que desenhassem a partir das obras do pintor pernambucano, observando sempre a relação formal e a paleta de cor utilizada por Rego Monteiro.

Maria e a criança. Artesão.

Foto: Priscila Marcondes

Foto: Priscila Marcondes Foto: Patrícia Vieira

A aula que antecedeu à produção final foi sobre concepção e criação. Nela os alunos puderam criar suas próprias composições em uma folha A3 a partir de referências próprias e aquelas apresentadas anteriormente sobre a obra de Vicente do Rego Monteiro. Pretendeu-se que pudessem trazer para as composições observadas elementos de seu cotidiano a serem (re)trabalhados sob a estética de Vicente do Rego Monteiro

Através desse projeto os alunos puderam correlacionar o imaginário criativo próprio com os estudos das referências; refletir a própria realidade (re)afirmando suas identidades num contexto de intercâmbio cultural. Podendo, dessa forma, se posicionarem como indivíduos autônomos e conscientes de sua condição social. Oferecendo condições de, lembrando Paulo Freire, por meio da arte, transformar o suporte em mundo e a vida em existência.12 Sendo este um processo contínuo onde o homem é um ser histórico e inacabado, portanto, em constante aprendizado.

Foto: Priscila Marcondes Foto: Priscila Marcondes

Referências: DEWEY, John. Cultura e Indústria na Educação. Trad. Angela Fontes. In: BARBOSA, Ana Mae. John Dewey e o ensino de arte no Brasil. S. Paulo: Cortez, 2002.;DICIONÁRIO INFORMAL. Brasilidade. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/brasilidade/. Consultado em: 26/10/2014, às 21h15.; Enciclopédia Itaú Cultural/Artes Visuais. Retorno à Ordem. In: http://www.itaucultural.org.br/. Atualizado em 18/02/2008. Consultado em 06/09/2014, às 23h23.; FREIRE, Gilberto et alii. Vicente do Rego Monteiro_ Pintor e poeta. 5ª ed. Cor Editores: Rio, 1994.; FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia_ Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Coleção Leitura. 25ª Ed. ISBN 85-219-0243-3; L'arte dei madonnari: un linguaggio estetico di religiosità popolare. Fondazione Migrantes.In:http://www.chiesacattolica.it/documenti/2002/10/00007196_l_arte_dei_madonnari_un_linguaggio_esteti.html. Consultado em: 03/06/2014, às 08h13.; LEITE, Míriam Lifchitz Moreira. Texto visual e texto verbal. In.:FELDMAN-BIANCO, Bela & LEITE, Míriam L. Moreira. Desafios da Imagem: Fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas: Papirus Editora, 1998.; MORA, Paolo e Laura e PHILIPPOT, Paul. La conservazione delle pitture murali. Trad.: Bresciani S.r.l. 2ª ed. Bologna: Editrice Compositori , 2001. ISBN 88-7794-279-7; NAALIN, Felice. Artisti si nasce. Tormento ed estasi. S. Pietro in Cariano: West Press, 2006.; ___________ . L'arte dei madonnari. Le tecniche. Del segno e del colore. Milano: Giunti Demetra, 2000.; Scuola Internazionale di Madoneri. In: https://www.youtube.com/watch?v=4Lw6UuffLsU. Visto em: 25-05-2014, às 00h05. Vídeo.; SCHAAN, Denise Pahl. A Ceramista, seu pote e sua tanga: Identidade e Significado em uma Comunidade Marajoara - XII Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira São Paulo, 21-25/09/2003. Simpósio – Cultura Material e Significados Simbólicos.; 40º Incontro Nazionale dei Madonnari- 15 agosto 2012- Grazie di Curtatone. In: https://www.youtube.com/watch?v=j7iq4gAWSeE. Visto em: 25-05-2014, às 00h08. Vídeo.


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