O feminismo é um humanismo

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V e j aov i d e o s o b r eot e ma

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O feminismo ĂŠ um humanismo


Títulos do autor em nosso catálogo: Cantares Narcisismo e poesia Comigos de mim O feminismo é um humanismo Lou Andreas-Salomé / Palavra de mulher / Solo para computador

homepage / e-mail do autor: www.booklink.com.br/rachelgutierrez rachel_gutierrez@uol.com.br


Rachel Gutiérrez

O feminismo

2a EDIÇÃO

é um humanismo


Copyright © 2009 Rachel Gutiérrez Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida, por qualquer meio ou forma, seja digital, fotocópia, gravação etc., nem apropriada ou estocada em banco de dados, sem a autorização do autor. Capa Cris Lima / Demanda Editorial Ilustração Eugène Delacroix (A liberdade guiando o povo) Editor Glauco de Oliveira Editor Assistente Bruno Torres Paraiso Direitos exclusivos desta edição Booklink Publicações Ltda. Caixa postal 33014 22440 970 Rio RJ Fone 21 2265 0748 www.booklink.com.br booklink@booklink.com.br G995f Gutiérrez, Rachel. O feminismo é um humanismo - 2. ed. / Rachel Gutiérrez. – Rio de Janeiro : Booklink, 2011. 148 p. ; 21cm. ISBN: 978-85-7729-110-6 1. Feminismo. 2. Mulheres - condições sociais. 3. Mulheres direitos. 4. Mulheres na política. I. Título. CDD 301.412


À memória de minha mãe, mar, líquido inicial. À memória de meu pai, para sempre rei da minha infância. Às companheiras do grupo MULHERANDO do Rio de Janeiro.



A Celina Engersen (in memoriam), que generosamente arranjou um escritório para mim em sua casa, onde pude desfrutar não apenas de sua excelente biblioteca, mas de sua lúcida inteligência, de sua cultura e de sua calorosa amizade. A José Henrique Vilhena de Paiva, orientador e amigo que, como bom “advogado do diabo”, soube incentivar minha busca de concisão e de clareza. A Rilda Valois, colega e amiga que muito me estimulou. A Creusa Capalbo e a Franklin Trein, os primeiros a se interessarem por meu tema e por meu trabalho. A Luiz Carlos Marinho, colega e amigo, que me ensinou muito sobre a paciência e a humildade. A Carmem Maria Hurtado e Celina Acauan (in memoriam), amigas desde sempre que, de longe, acompanham com amoroso entusiasmo tudo que faço. E a Roland Corbisier (in memoriam), cuja paixão da verdade, e cuja integridade intelectual serão sempre modelos para mim.



Sumário Prefácio .................................................................................................... 11 Prefácio da 1a edição ........................................................................ 15 Introdução ............................................................................................. 19 CAPÍTULO I Mulher: “essência” ou identidade ................................................... 22 CAPÍTULO II Feminismo e capitalismo .................................................................. 46 CAPÍTULO III Feminismo e socialismo...................................................................... 95 CAPÍTULO IV O feminismo é um humanismo........................................................130 Bibliografia...............................................................................................142



Prefácio “La démocratie sexuelle, toujours imparfaite, se gagne à petits pas.” (Elisabeth Badinter) “mi estupor de que el tiempo, nuestra substancia, pueda ser compartido.” (Jorge Luis Borges)

Este livro foi escrito há 26 anos. O livro está datado como datada está a forma da luta que empolgou milhares de mulheres, e alguns homens, em todo o mundo, e que se radicalizou a partir dos anos 60 do século XX. Multiplicavam-se os grupos de reflexão e de ação para desalienar, questionar, denunciar a opressão e combater as injustiças de tudo o que caracterizava e, em alguns aspectos ainda caracteriza a condição feminina. Carmen da Silva, em seu bem-humorado e entusiástico prefácio começa citando a pergunta “quem entende as mulheres?” que remonta a “tempos imemoriais”. De fato, numa das lendas da cavalaria, do século XII, conta-se que Sir Gawain, o mais corajoso e leal cavaleiro da Távola Redonda, se apresenta para cumprir um castigo destinado a seu primo, o Rei Arthur, que fracassara na tentativa de descobrir “que é que as mulheres querem”. Gawain é obrigado a se casar com uma bruxa horrenda. 11


E quando se dispõe a consumar o injusto casamento, eis que a bruxa se transforma numa belíssima donzela, que o adverte: “Se a preferir jovem e bela durante a noite, assim a terá, mas durante o dia voltará a ser a bruxa repelente e asquerosa; se, ao contrário, a quiser bela durante o dia, à noite terá de deitar-se com a bruxa”. Sir Gawain, é claro, diz que a prefere em sua bela forma à noite, mas ela argumenta que seria mais feliz se todos a pudessem ver assim durante o dia. Após rápida reflexão, Gawain cede-lhe a vontade, o que confirma sua elegância e sua nobreza. É a partir daí que o feitiço se desfaz e a bruxa dá lugar à donzela em todo o seu esplendor, para sempre! Desse modo ficamos sabendo que a pergunta que inquietaria Freud séculos mais tarde foi respondida no século XII. O que as mulheres querem, afinal, é que a sua vontade seja respeitada. Podemos perguntar agora se a luta feminista atingiu seus objetivos. De acordo com a Fundação Carlos Chagas, é impressionante nas últimas décadas “o vigor e a persistência do crescimento da força de trabalho feminina. As mulheres vêm desempenhando um papel muito mais relevante do que os homens no crescimento da população economicamente ativa. A prevalência das mulheres entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino médio e se estende ao superior”. Nas áreas da advocacia e da magistratura, da medicina e da pesquisa científica, há mais de 60% de mulheres. E não podemos esquecer o papel que desempenham nas artes, na música, na literatura e no teatro, no atletismo e até mesmo no futebol. Nosso mundo parece ter mudado. No entanto, Miriam Leitão, em sua coluna de economia, afirmou no jornal O Globo, do Rio de Janeiro (25/12/2008) que “as mulheres têm escolaridade maior, mas a diferença salarial aumenta quanto mais se estuda”. Há um longo caminho a percorrer para que sejam atingidas condições igualitárias no mundo do trabalho, embora as mulheres já estejam chegando, 12


até no comércio, aos cargos de gerentes e diretoras. Há dez anos, de cada quatro pessoas que desempenham essas funções, uma é mulher. Apesar disso, como diz a filósofa francesa Elisabeth Badinter, “os homens conservam ciosamente o poder que condiciona todos os outros, isto é, o poder econômico e financeiro”. E em seu último livro, Le conflit, la femme et la mère, publicado em 2010, Badinter denuncia uma espécie de novo “naturalismo” que pretende confinar mais uma vez as mulheres não apenas no papel de donas-de-casa, mas no de “mães perfeitas”. E cita o absurdo da taxa imposta pelos ecologistas às fraldas descartáveis. Ora, diz ela, as fraldas descartáveis contribuem para liberar as mulheres, cuja dupla tarefa mudou tão pouco. Ainda estamos longe da previsão romântica do meu penúltimo capítulo, onde escrevi que “a intimidade que as mulheres aprenderam a estabelecer, na opressão, com as coisas simples da vida, sairá da sombra para que homens e mulheres, juntos, partilhem os afazeres do viver”. Simone de Beauvoir, em O segundo sexo, de 1949, havia estabelecido o primado da cultura sobre a biologia, afirmando que a mulher se define não pelo que é mas pelo que escolhe ser. No entanto, essa “audaciosa desconstrução” do conceito de natureza feminina, que se encontra na origem de todos os grandes avanços das últimas décadas, continua encoberta pela mídia que teima em explorar a mulher-objeto sem deixar de exaltar, ao mesmo tempo, sua função reprodutora e seu “instinto maternal”, cuja força biológica supostamente inata a concepção moderna de “um amor conquistado” se encarregou igualmente de desconstruir. Por outro lado, a conquista feminina do direito a um prazer sem culpa se vê ameaçada pela banalização da pornografia e até mesmo do sadomasoquismo, que aparentemente quebram tabus mas, na verdade, reduzem a sexualidade a meras sensações físicas vazias de significado e de emoção. E não vamos esquecer 13


as tristes estatísticas que revelam que a cada 15 segundos uma mulher é espancada no Brasil; que a maioria dos assassinatos de mulheres são cometidos por seus parceiros homens, maridos ou namorados; que não apenas no nosso extenso e esquecido interior, pais estuprarem e engravidarem filhas crianças e adolescentes é crime corriqueiro e quase sempre impune. No item sobre “A nova feminilidade”, do capítulo III, eu dizia que “dispor do próprio corpo significa assumi-lo conscientemente, assenhorear-se dos próprios desejos para manifestá-los ou não, de forma livre e responsável”... para, “com o outro, em fraterna igualdade”, sermos capazes de expressão e de comunicação. Ora, a sociedade que hoje se caracteriza como de consumo sexual, quando os homens vivem obcecados por seu desempenho e as mulheres, por sua aparência, quando a invasão da indústria multimilionária da pornografia impregna a inteligência e o imaginário coletivos, certamente essa sociedade não corresponde ao que sonharam as feministas históricas. Apesar de tudo, ainda acredito que em todos os terrenos, a questão da equivalência, ou da “igualdade na diferença”, que orientou a segunda grande onda do feminismo, deverá inspirar as lutas ou a resistência contra qualquer tipo de discriminação. E não precisamos nos envergonhar de termos acreditado no projeto socialista porque mesmo sem saber dos desmandos em suas tentativas de aplicação, sempre o vimos com reservas e tivemos a coragem de denunciar suas contradições no que se referia à emancipação e à liberdade das mulheres. E se há 25 anos dizíamos, com Gisèle Halimi, que a transição para o socialismo era condição necessária, mas não suficiente para a realização do feminismo, hoje podemos dizer que a derrota histórica aparentemente definitiva do socialismo não exclui dos ideais das mulheres a esperança num mundo melhor de fraternidade e justiça. 14


Prefácio da 1a edição Carmen da Silva1 Desde tempos imemoriais, os homens perguntam com um tonzinho entre superior, irônico e exasperado: “Quem entende as mulheres”? Parece mentira que o homo-sapiens e autoproclamado Rei da Criação não tenha conseguido chegar por si mesmo à resposta óbvia: entende-as quem se dispuser a escutá-las com ouvido atento e mente aberta. Paradoxalmente, o desentendimento jamais os impediu de explicá-las, defini-las, enquadrá-las, situá-las “em seu lugar”. Condenada durante seis mil anos ao silêncio público, nem sequer no âmbito da intimidade a mulher podia manifestarse. Se tentasse exprimir ideias, conceitos, opiniões, o homem a seu lado cassava-lhe a palavra, quer mediante o sarcasmo (“Ah, a lógica feminina!”), quer pela peremptória desqualificação (“Mulher não entende dessas coisas”), quer esgrimindo uma falsa, mas nem por isso menos intimidante, indulgência: “Você é muito ingênua, não tem experiência do mundo”. E, é claro, sua coação e seus vetos se encarregavam de mantê-la justamente assim: cândida e inexperta, o que ajudava a perCarmen da Silva não está mais entre nós, não teve tempo de ver em letra de forma seu caloroso prefácio a este livro. Mas seu exemplo, sua alegria, seu espírito de luta e seu compromisso com a “condição plural” da mulher hão de nortear sempre; a teoria e a prática do feminismo no Brasil. (RG, maio de 1985).

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petuar sua dependência e submissão, tão convenientes aos interesses do sistema. Mas eis que, de uns tempos para cá, a mulher começou a falar. Reivindicou o discurso, assumiu uma voz, passou a explicar-se por si mesma, através da sua própria ótica – uma visão sensível e direta que recusa os filtros do olhar masculino, os espelhos deformantes, as imagens pré-fabricadas. E essa linguagem nova, insólita, perturbadora, acenando com reviravoltas radicais, transformações na estrutura da família, da sociedade, das relações humanas, caiu feito uma pedra no poço das bem-assentadas seguranças patriarcais. Não é só a paquidérmica boa-consciência machista que se sente ameaçada: é a própria humanidade em seus novos rumos, apavorada ante a perspectiva de abandonar o chão familiar da pré-história para ingressar no terreno desconhecido da História. Foi um deus-nos-acuda. A antiga pergunta – “Quem entende as mulheres?” – no fundo tão lisonjeira para quem a formulava, pois traduzia a inteligente perplexidade da lógica masculina ante as manifestações da “irracionalidade” feminina, converte-se agora num angustiado: “Mas afinal, o que é que elas querem”? Já era mais do que hora de formular essa interrogação. Não como um desabafo de mau-humor ou explosão de agressividade: mas seriamente, honestamente, com vistas a deslindar questões fundamentais do gênero humano. Rachel Gutiérrez empreendeu a tarefa de dar-lhe uma resposta profunda, abrangente e, sobretudo, dinâmica, pois a História é projeto e movimento, um contínuo fazer-se que não se deixa imobilizar no cadafalso das certezas definitivas. E é precisamente na condição de ser histórico e não mero “ente da natureza” que Rachel encara a mulher. Seu livro nos dá o embasamento filosófico do feminismo e seus entrelaçamentos com a psicanálise e o marxismo. Lúcida demais para cair em armadilhas, ela traça um caminho que não desemboca em pontos cegos, becos sem saída, fins de linha: 16


manejando a dialética com brilhante desenvoltura, analisa o movimento feminista em seus começos, em sua fase atual e em seus previsíveis desdobramentos futuros. Tudo isso escrito com uma clareza luminosa que reconcilia os leigos com a filosofia. Se antes era preciso aconselhar pelo menos uma vintena de leituras a quem desejasse saber “o que é que as mulheres querem”, a partir de agora basta remeter o indagador ao livro de Rachel: ele nos revela a enormidade (quantitativa) e a grandeza (qualitativa) do que o feminismo pretende. Após sua História. O estilo, deslumbrante de precisão e tensão estética, realiza a rara façanha de plasmar na forma o que preconiza no conceito: a abolição de barreiras, a integração dos dois mundos, feminino e masculino, arbitrariamente cindidos pelos interesses espúrios do sistema capitalista/patriarcal. A linguagem que se convencionou chamar masculina – cartesiana, coerente, racional – combina-se com rara felicidade com o assim chamado elemento feminino: o engajamento, a emoção, a paixão, essa coisa mágica e belíssima que é a utopia tomada como diretriz para a construção de uma nova realidade. Ao sintetizar dois universos até hoje mantidos estanques – a um altíssimo preço de alienação, sofrimentos e agonias – Rachel nos aponta uma perspectiva que o sistema até agora sonegou a homens e mulheres: um mundo de justiça, fraternidade, concórdia e amor.

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Introdução

Este livro é uma reflexão sobre o movimento que empolga milhares de mulheres em todo o mundo, o feminismo. Mas é também uma apologia. Partindo de uma concepção filosófica que não separa a política da filosofia, mas ao contrário reconhece na política a práxis da filosofia, procura compreender em que consiste a condição feminina em nossos dias, por que lutam as mulheres e qual o sentido dessa luta. Não sendo uma tese de sociologia, pretende, a partir do pensamento de mulheres como Simone de Beauvoir, Kate Millett, Juliet Mitchell, Maria Antonietta Macciocchi e tantas outras, postular as bases teóricas do feminismo contemporâneo. As mulheres não aceitam mais que lhes digam quem são, ou o que devem ser, ou como devem agir. Após seis mil anos de opressão, começam a reescrever a própria história, no duplo sentido de resgatar o passado, de reconstituir o vivido e de projetar o futuro, denunciando, na teoria e na prática, o acirramento das contradições do sistema patriarcal capitalista, e preparando a transformação radical das estruturas sociais e da qualidade da vida. Neste momento de sua história, as mulheres sabem que mais importante do que obter respostas é perguntar; mais importante do que cometer erros é agir, mesmo que a frequentação do 19


erro as leve a recomeçar constantemente; mais importante do que repetir estratégias é reformular muitas vezes suas táticas de ação. Alijadas do processo histórico durante tantos séculos, carregando o legado da emocionalidade, já que a racionalidade é prerrogativa masculina, descobrem que essa emocionalidade é também política e que, em sua luta, não importa apenas o que é dito e o que é feito, mas como é dito e feito. O movimento feminista inaugura uma nova forma de política. Por apresentar características originais, especiais, inesperadas, o movimento feminista, embora de esquerda, não aceita a ortodoxia marxista. Se a filosofia da práxis não pode ser ampliada ou encarada do ponto de vista dos protagonistas da História de hoje, se o marxismo for utilizado como um dogma, como doutrina acabada e não em movimento, não poderá servir à luta das mulheres, ou à luta de qualquer outro oprimido, nesta fase de grandes transformações do capitalismo avançado. A teoria feminista está em movimento, em elaboração, tanto quanto sua práxis. As diferentes organizações feministas espalhadas pelo mundo assumem as características próprias de cada região, de acordo com o nível de consciência das mulheres que delas participam. Este trabalho de reflexão procura depreender, para além de todas as diferenças, o pensamento comum, as afinidades, as confluentes reivindicações do movimento das mulheres. No primeiro capítulo, embora a pergunta possa parecer ociosa, indagamos em que consiste ser mulher, ou tornar-se mulher, na sociedade dominada pelos homens. Tentamos analisar a contradição existente entre o estereótipo feminino ditado pela ideologia patriarcal e a nova identidade da mulher, que resulta de sua situação na sociedade atual, e de sua tomada de consciência a respeito da própria opressão. Essa comparação inicial determinou o método dos capítulos seguintes. No segundo capítulo, examinamos a situação das 20


mulheres no capitalismo, a partir da Revolução Francesa e da promulgação do Código Napoleão, comparando a ideologia do patriarcado capitalista com as reivindicações das mulheres do passado e do presente. Continuando a percorrer o caminho de contradição em contradição, no terceiro capítulo contrapomos o feminismo à questão feminina na Revolução Russa e no projeto socialista. O pequeno capítulo final, ou conclusão, como todo o trabalho, aliás, pretende apenas sugerir temas para o debate, pois nada de definitivo pode ser dito sobre um fenômeno social ainda fragmentado, por definição incompleto, em movimento. O livro pretende, isto sim, provocar a discussão, levantar o problema entre nós, aqui, no Brasil, no Terceiro Mundo onde o machismo tem boa consciência. Quando a cada dia surgem novos títulos nas livrarias e bibliotecas de todo o mundo sobre o assunto, e na impossibilidade de consultar uma bibliografia exaustiva, desejamos que o nosso estudo suscite outros, muitos outros. Esses novos estudos continuarão a acompanhar a evolução do que podemos chamar de revolução das mulheres, ou de face feminina da grande mutação, ou ainda de Revolução com rosto de mulher. Dizemos que nosso livro é também uma apologia porque procura ser uma defesa do feminismo. É um estudo conscientemente engajado, que não pretende agradar, mas polemizar, que é deliberadamente contestador, impertinente, irreverente, características assumidas de nossa militância

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