e V o c êe s t ár e c e b e n d ou mao b r a e mv e r s ã od i g i t a l d aB O O K L I N K s o me n t ep a r al e i t u r ae / o uc o n s u l t a . N e n h u map a r t ep o d e s e r u t i l i z a d ao ur e p r o d u z i d a , e mq u a l q u e r me i oo uf o r ma , s e j ad i g i t a l , f o t o c ó p i a , g r a v a ç ã oe t c . , n e ma p r o p r i a d ao ue s t o c a d a e mb a n c od ed a d o s , s e maa u t o r i z a ç ã od o ( s ) a u t o r ( e s ) . V e j ao u t r o st í t u l o sd i s p o n í v e i sd oa u t o r , d eo u t r o sa u t o r e s , e d i t o r e sei n s t i t u i ç õ e s q u ei n t e g r a mon o s s os i t e . C o l a b o r eep a r t i c i p e d aR E D ED EI NF O R MA Ç Õ E SB O O K L I NK( B O O K NE WS ) ed en o s s aR E D ED ER E V E ND AB O O K L I NK . C a d a s t r e s en os i t e .
Lou Andreas-SalomĂŠ Palavra de mulher Solo para computador
Títulos do autor em nosso catálogo: Cantares Narcisismo e poesia Comigos de mim O feminismo é um humanismo Lou Andreas-Salomé /Palavra de mulher /Solo para computador
homepage / e-mail do autor: www.booklink.com.br/rachelgutierrez rachel_gutierrez@uol.com.br
Copyright © 2011 Rachel Gutiérrez Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida, por qualquer meio ou forma, seja digital, fotocópia, gravação etc., nem apropriada ou estocada em banco de dados, sem a autorização do autor. Capa Cris Lima / Demanda Editorial Ilustração Antonio Seguí (especial para esta edição)
Editor Glauco de Oliveira Editor Assistente Bruno Torres Paraiso Direitos exclusivos desta edição Booklink Publicações Ltda. Caixa postal 33014 22440 970 Rio RJ Fone 21 2265 0748 www.booklink.com.br booklink@booklink.com.br G995f Gutiérrez, Rachel. Lou Andreas-Salomé / Palavra de mulher / Solo para computador: Teatro / Rachel Gutiérrez. – Rio de Janeiro : Booklink, 2011. 128 p. ; 21cm. ISBN: 978-85-7729-127-4
1. Teatro. 2. Feminismo. 3. Mulheres. 4. Lou Andreas-Salomé. I. Título. CDD 301.412
Rachel GutiĂŠrrez
Lou Andreas-SalomĂŠ Palavra de mulher Solo para computador teatro
SUMÁRIO
LIVRO I LOU ANDREAS-SALOMÉ
PEÇA EM UM ATO ................................................................... 7
LIVRO II PALAVRA DE MULHER
RECITAL EM UM ATO ........................................................... 47
LIVRO III SOLO PARA COMPUTADOR
MONÓLOGO EM UM ATO ................................................. 91
LIVRO I
LOU ANDREAS-SALOMÉ PEÇA EM UM ATO
PERSONAGENS:
LOU ANDREAS-SALOMÉ FRIEDRICH NIETZSCHE PAUL RÉE FRIEDRICH CARL ANDREAS RAINER MARIA RILKE SIGMUND FREUD
NOTA DO AUTOR A música é um personagem tão importante quanto os outros. Não é mero acompanhamento ou pano de fundo. Tem vida própria. O cenário não existe. No palco vazio, ou quase, o jogo das luzes é que vai sugerir diferentes ambientes.
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PRÓLOGO Música. Richard Strauss. Träumerei am Kamin. A atmosfera é a da belle époque na Europa Central. Luz suave no palco vazio. Três minutos após a música ter começado, entra lentamente um jovem etéreo. É Rilke. Rilke – Apaga-me os olhos: eu posso ver-te! Fecha-me os ouvidos: eu posso ouvir-te! E sem pés posso ir ao teu encontro. E mesmo sem boca eu posso chamar-te! Arranca-me os braços, e eu te seguro Com o coração, como com minhas mãos. Para meu coração, e em mim o cérebro Há de pulsar: e se puseres fogo Em meu cérebro, eu te trarei no sangue. Sai. Cena I Sob o sol italiano que passa pela claraboia de uma igreja Nietzsche vem do fundo do palco e para no centro, olhando para o lado de onde Lou vai entrar. Nietzsche – De que estrelas caímos para nos encontrarmos aqui? Lou (aproximando-se lenta e segura) – Que prazer, Nietzsche. (Estende-lhe a mão, que ele aperta solenemente.) Rée me disse que 11
você é muito míope, mas não parece. Eu diria até (sorri) que tem olhos reveladores. Nietzsche (inquieto, mas fascinado) – Como assim, que é que vê? Lou – Vejo as sentinelas de um grande mistério. Nietzsche (encantado) – Sim, um mistério infinito, ou do infinito. (Vaidoso, ergue a cabeça lentamente sem tirar os olhos dela.) Lou (também sem tirar os olhos dele, mas como quem examina um objeto) – Tenho a impressão de que você olha para fora e para dentro ao mesmo tempo. Nietzsche já está enfeitiçado, mas Lou, indiferente, muda de tom. Lou – Vamos procurar Rée? Nietzsche (desapontado) – Estava na escadaria, tomando não sei que notas num caderninho. Nietzsche oferece o braço a Lou, que o aceita naturalmente. Saem. MÚSICA. “Veni, creator spiritus”, da Oitava sinfonia de Mahler (até, exclusive, o primeiro solo de soprano). A música ainda ressoa. Cena II Sob uma luz diferente, de fim de tarde outonal, Nietzsche – com um toque na roupa que indica um tempo mais frio – entra com Lou – que pode usar um xale – oferecendo-lhe o braço. Ele está ofegante. 12
Lou – Está cansado, Friedrich? Nietzsche – Não! Já lhe disse que sou um andarilho incansável. Estou emocionado. Ninguém até hoje me compreendeu como você. Lou (retomando a discussão) – Sim, você dizia que as montanhas... Nietzsche (em outro tom) – Pois bem. De onde vêm as montanhas? Era o que eu me perguntava. Então... aprendi que vêm do mar. Isso está escrito em seus rochedos e no alto de seus cumes. Lou (animada) – Concordo. Sei o que quer dizer. Nietzsche – É do mais baixo que o alto deve atingir o seu ápice! Lou – Sim, e o mais baixo não é apenas a base, é a fonte preciosa sem a qual não há... repuxo, jato d’água. Nietzsche – Você vê aquela árvore sobre a montanha? Quanto mais alto ela se eleva, mais tem de afundar suas raízes na terra, nas trevas, no abismo... no mal! Lou (veemente) – Não, não! No mal, não. Tanto o ápice quanto a base têm a mesma dignidade. Há dois caminhos: um que sobe e um que desce, retornando sobre si mesmo, sem medo das profundezas. Nietzsche (personalizando a discussão) – Você não tem medo das profundezas. Lou, o meu lema “Torna-te o que és” parece ter sido escrito para você. 13