Revista PARAR EDIÇÃO 11

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NAFA I&E 2017 TODAS AS NOVIDADES DO PRINCIPAL EVENTO DE GESTÃO DE FROTAS DO PLANETA

COMO AS NOVAS TECNOLOGIAS ESTÃO REVOLUCIONANDO O MUNDO E A MANEIRA COMO AS PESSOAS SE DESLOCAM NAS CIDADES

PARAR PFC

MUDAR O MUNDO

REVOLUÇÃO MAKER

SAIBA TUDO SOBRE O MAIOR CURSO DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES DA AMÉRICA LATINA

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM LOURENÇO BUSTANI, FUNDADOR DA CONSULTORIA MANDALAH

COMO OS FAZEDORES ESTÃO MUDANDO AS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO E CONSUMO






featuredcontents

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08 PARAR ON THE ROAD

Os melhores momentos do evento que está rodando as principais capitais do país.

14 SEJA UM CONSTRUTOR DE PONTES

Por Flavio Tavares, diretor de marketing e vendas da GolSat e PARAR Leader.

42 FOI DADA A LARGADA!

PARAR lança o maior curso de formação de condutores corporativos da América Latina.

tips & cases ————

18 ESTRATÉGIA + AÇÃO

66 A VISÃO ESTRATÉGICA DO INVESTIMENTO SOCIAL PRIVADO

Top FIVE dos assuntos mais debatidos pelos gestores de frota .

18

PARAR visita a NAFA I&E em Tampa, nos EUA, e consolida ideias para atividades no Brasil.

54 INOVAR É FAZER DIFERENTE

Por Rosilene Rosado, consultora empresarial em marketing e investimento social privado.

72 GESTORES CONECTADOS

44 CINCO ANOS DE VISITAS AO PRINCIPAL EVENTO DE GESTÃO DE FROTAS DO PLANETA

Conheça o case da Ferramentas Gerais sobre a importância da gestão por indicadores na tomada de decisão.

Ao contrário do que muitos pensam, a inovação não é só sobre inventar, mas sobre ter vontade de causar um impacto diferente em uma mesma realidade.

68 TAKES

Confira os melhores cliques do PARAR On The Road do Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre.

74 GESTOR COM HUMOR

Por Dorinho Bastos, cartunista e professor de comunicação da USP.

interview ————

22 BRASIL X AMÉRICA LATINA

Cleber Kouyomdjian, executivo com 17 anos de experiência no setor, avalia o cenário e faz projeções para o futuro da gestão de frotas no Brasil e na América Latina.

32 SER RESILIENTE PARA CRESCER

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Edição 11 | Junho de 2017

Como desenvolver a resiliência pode nos ajudar a criar profissionais mais capazes e competitivos.

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EXPEDIENTE >

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10 O FUTURO DAS CIDADES

Alinhando sustentabilidade e tecnologia, as smart cities surgem como opção para um mundo mais desenvolvido, com mais soluções e menos problemas.

16 PLANEJAR OU PROTOTIPAR?

Uso do Design Thinking pode contribuir para aumentar a inovação e o espírito empreendedor dentro das empresas.

26 A REVOLUÇÃO MAKER

Como os fazedores estão promovendo uma nova revolução e mudando o mundo ao aproximar o pensar do fazer.

30 QUANDO O MARKETING TAMBÉM É FROTA

Como o case da Mary Kay tornou-se um ícone de mercado e transformou os carros cor-de-rosa em um sonho de suas revendedoras.

MATÉRIA DE CAPA

34 UM NOVO FUTURO DE MOBILIDADE

Como as novas tecnologias estão revolucionando o mundo e a maneira como as pessoas se deslocam nas cidades.

40 MOBILIDADE E ECONOMIA SOBRE DUAS RODAS

Os triciclos são uma alternativa para quem quer gastar menos e andar mais.

50 VEÍCULOS ELÉTRICOS EM PAUTA o Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores pretende incentivar a mobilidade sustentável.

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A PARAR Fleet Review é uma publicação do Instituto PARAR direcionada para administradores de frotas leves de pequenas, médias e grandes empresas. Publicação gratuita e veiculada por distribuição direta. Para recebê-la, associe-se em www.institutoparar.com.br Conselheiros Antonio Carlos Machado Junior, Dirceu Rodrigues Alves, Dorinho Bastos, Flavio Tavares, Gustavo Benegas, José Mauro Braz de Lima, Micael Duarte Costa, Milad Kalume Neto, Ricardo Imperatriz, Ricardo Makoto, Roberto Manzini e Rogério Nersissian. Coordenadora Executiva Renata Sahd Coordenadora de Comunicação Larissa Fernandes Coordenador de Criação Atos Plens Coordenador de Conteúdo Pedro Conte Jornalista Responsável Karina Constancio imprensa@institutoparar.com.br Colaboração Ana Luiza Morette, Giovanni Porfírio e Loraine Santos. Revisão Alessandra Angelo www.primaverarevisaodetextos.com Publicidade publicidade@institutoparar.com.br (43) 3315-9500 Projeto Gráfico e Diagramação Brand & Brand Comunicação www.brand.ppg.br Impressão e acabamento Idealiza www.idealizagraf.com.br nnn A Revista PARAR Fleet Review é uma publicação da empresa idealizadora do Instituto PARAR

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54 QUANDO O NEGÓCIO É MUDAR O MUNDO

Conheça a história de Lourenço Bustani, fundador da consultoria Mandalah e uma das pessoas mais criativas do planeta.

www.institutoparar.com.br ------Idealizadora

www.golsat.com.br

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editorial

——— POR RICARDO IMPERATRIZ CEO GOLSAT | PARAR LEADER

É hora de fazer mais > RICARDO IMPERATRIZ

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uito temos falado em transformação e eu acredito que esse propósito está na essência do Instituto PARAR. Foi o desejo de transformar que nos impulsionou a tirar esse sonho do papel. Em 2012, olhamos para o lado e enxergamos que algo precisava ser feito. O setor, o trânsito e a mobilidade clamavam por mudança. Nós olhamos para esse cenário e pensamos: por que não começar com a gente?

Paramos de apenas falar e discutir para começar a agir. Desde o início, sabíamos que não ia ser fácil, o desafio era grande. Milhares de mortos todos os anos no trânsito e mais milhares de inválidos permanentemente. A infraestrutura das cidades já não acompanhava mais o ritmo acelerado de crescimento da população e a alta demanda por deslocamentos mais ágeis, eficientes e seguros. Resultado: um caos que precisava ser combatido. Começamos a trabalhar com base no pilar máximo da educação. Sabemos que só ela tem o poder de transformar uma cultura e revolucionar o comportamento das pessoas. Estamos completando cinco anos de um trabalho incansável que só conseguiu prosperar porque encontrou parceiros, entidades, gestores e profissionais que

Que, juntos, possamos nos tornar os construtores de um novo futuro, baseado em tecnologia, mobilidade e propósito.

acreditavam nessa mesma causa. Que sonharam e realizaram junto com a gente. Estamos, agora, nos preparando para uma nova fase. Chegou a hora de fazer mais. De alçar voos mais altos. De abraçar novas oportunidades. Somos, hoje, 10 mil associados, 10 mil agentes transformadores, mas acreditamos que podemos ser mais. O novo mundo está batendo à nossa porta e ele está à procura de protagonistas. Que, juntos, possamos nos tornar os construtores de um novo futuro, baseado em tecnologia, mobilidade e propósito. Vamos atravessar essa ponte?

Começamos a trabalhar com base no pilar máximo da educação. Sabemos que só ela tem o poder de transformar uma cultura e revolucionar o comportamento das pessoas. Edição 11 | Junho de 2017


Quem toma decisões na sua empresa precisa de respostas rápidas de todo mundo. Até do carro.

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ANA LUIZA MORETTE E GIOVANNI PORFÍRIO

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PARAR ON THE ROAD

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PARAR On The Road está na estrada para mais um ciclo de eventos pelas principais capitais do país. Com passagens pelo Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre, os fóruns estão levando mais conhecimento, inspiração e experiência para os profissionais presentes. Os eventos têm como tema o Empreendedorismo e, portanto, cada encontro destaca uma atitude empreendedora, como Criatividade, Network e Planejamento. Até o momento, foram reunidos mais de 400 executivos presencialmente e mais de 3 mil na transmissão online. Quer saber um pouco mais do que rolou por lá? A Revista PARAR Fleet Review preparou uma breve resenha sobre quatro palestras de destaque. Confira!

> DANIEL GURGEL

LADO A LADO: O QUE É CRIATIVIDADE E COMO TÊ-LA COMO SEU BRAÇO DIREITO (RIO DE JANEIRO) Criatividade é a nossa capacidade de lidar com problemas do dia a dia. Em grego, significa lançar à frente. É isso que Daniel Gurgel, cofundador da Polifonia, apresentou em sua palestra no PARAR On The Road do Rio de Janeiro. Ele desta-

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cou que, muitas vezes, as soluções para os problemas já existem, é que a saída é apenas colocar uma lente diferente em uma dificuldade que é comum a todos. Criatividade não é algo particular aos poetas, aos inventores, aos grandes criadores da indústria da propaganda, mas pode ser a todos nós. O fato é que todo mundo realiza o mesmo tipo de operação para lidar com problemas. Foi então que a IDEO, uma consultoria do Vale do Silício, criou uma metodologia para auxiliar líderes de empresas a lidar com as dificuldades. Primeiro, é preciso entender o problema, sem querer ir direto para a solução. Em seguida, pensar em possibilidades. Em terceiro lugar, experimentar e, por fim, projetar o futuro. Só os humanos têm a capacidade de pensar em algo que ainda não ocorreu. Por isso a importância de se ver como tal solução se aplica. Não tenha medo de renovar. Reinventar sempre!

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> JANAÍNA FARIA

CULTURA DE SEGURANÇA NÃO É CHATO, MAS PODE SER INOVADOR (RIO DE JANEIRO) Metas e bônus, crescimento profissional, estabilidade no emprego: todos esses são fatores importantes na vida de um gestor de frota, mas será só isso? A coordenadora de produtos e serviços da Ouro Verde, Janaína Faria, mostrou, em sua palestra, como a segurança deve ser foco do trabalho do gestor de frotas dentro da empresa. Segundo ela, é preciso aprender a valorizar a segurança tanto quanto se valoriza as outras áreas do trabalho. A proximidade do gestor com os condutores é essencial nessa tarefa: é preciso conhecer sua equipe, participar de seu trabalho e conhecer suas ações. A palestrante mostrou as ações da Samsung e da CCR, em parceria com o Waze e com o cantor Daniel, a modelo Paola


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> LUIZ FRANÇA

Antonini e o atleta paralímpico Fernando Fernandes (todos viveram histórias causadas pela falta de segurança no trânsito), que aliam segurança e tecnologia e que podem fazer muita diferença no cotidiano dos condutores. A Samsung implantou em seus caminhões uma câmera na parte frontal do veículo, criando os Safety Trucks, que transmitia as imagens na traseira do caminhão; assim, os condutores que vinham atrás conseguiam ver a estrada com um campo maior de visão e evitar os acidentes causados pelas ultrapassagens. Já a CCR criou a campanha “Siga esta voz”, que disponibiliza a voz do cantor Daniel para substituir a voz tradicional do Waze que, além das informações de trânsito e direção, dá instruções de segurança. Apesar do alto nível tecnológico desses projetos, Janaína Faria afirma que nem sempre é preciso ir tão longe para trabalhar com segurança: ela mostra que ações simples do dia a dia, como se atentar ao comportamento dos condutores, podem fazer com que os gestores tornem-se grandes agentes transformadores da realidade do trânsito, tornando-o mais seguro. > FLAVIO TAVARES

CONECTE-SE OU MORRA TENTANDO (SALVADOR) Estamos vivendo em um mundo completamente transformado pela tecnologia, nunca antes um período foi tão abundante em acesso ao conhecimento, facilitado pelos nossos avanços no mundo digital. Carros autônomos, drones como alterna-

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tiva de mobilidade, computadores capazes de substituir o trabalho de centenas de pessoas: o futuro está acontecendo agora. O Instituto PARAR quer despertar atitudes que geram mudanças e, pensando nisso, Flavio Tavares, diretor de marketing e vendas da Golsat e PARAR Leader, apresentou as melhores formas de nos adaptarmos a essa nova realidade. Precisamos aprender a unir as coisas que a tecnologia nos oferece com a nossa vida prática e deixar de sentir medo de ser substituído por ela: é preciso estar conectado. As novas gerações de profissionais e empreendedores precisam aprender a lidar com o fracasso, a reconhecer que as coisas podem não dar certo e ter resiliência ao passar por cada um desses obstáculos. O palestrante ensina que o principal passo para se conectar é aprender a construir pontes: é ligar pessoas e valores, atravessar abismos e enfrentar desafios. Para ser um profissional insubstituível, diferente e capaz de construir pontes, Flavio Tavares ressalta que precisamos abandonar quatro atitudes:

1 "Teoria da conspiração" 2 "Todo mundo é culpado, menos eu" 3 "Sou a vítima" 4 "Ninguém reconhece meu valor"

Segundo Flavio, a única forma de não sermos substituídos pela tecnologia é nos conectarmos com as pessoas e com valores positivos. Devemos construir pontes e deixar de encarar os abismos como o fim da linha - acredite que através do seu esforço você pode fazer a diferença e transformar uma realidade.

"A única forma de não sermos substituídos pela tecnologia é nos conectarmos com as pessoas e valores positivos".

OS LIMITES AGORA SÃO OUTROS: O QUE FAÇO PARA ME TORNAR UM GESTOR EMPREENDEDOR? (SALVADOR) O que faz um empreendedor? Ele transforma seus ambientes de negócios e o mundo. Hoje não dá mais para fazer gestão como antigamente. Mudaram as práticas, mudou o jeito de ser das pessoas, o foco dos negócios, e todos estão vivendo uma inquietação muito grande. Dessa forma, é preciso fazer a seguinte pergunta: como trazer esse espírito empreendedor para dentro das empresas? Luiz França, diretor de RH da Kordsa para a América Latina, detalhou esse processo. Para qualquer profissional, conhecer os passos do empreendedorismo é uma grande transformação, mas é preciso entender como isso funciona. Muitas pessoas trazem técnicas, modelos, mas se esquecem de um elemento muito importante: transformar todo o conhecimento na verdadeira sabedoria. Isso significa conectar o que você sabe com à ação, ou seja, como usar todos os elementos à sua volta para poder gerar resultado. O primeiro passo para um empreendedor de sucesso é se perguntar: Qual o impacto que eu estou causando? Para que eu estou aqui, lidando com esse ambiente de negócios? Este não pode ser destinado apenas para fazer dinheiro, mas sim gerar sentido na vida das pessoas. Explorar o melhor delas também pode contribuir para esse processo. Dessa forma, todos vão se sentir realizados e, portanto, o resultado será muito melhor.

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POR ANA LUIZA MORETTE

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Alinhando sustentabilidade e tecnologia, as smart cities surgem como opção para um mundo mais desenvolvido, com mais soluções e menos problemas

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de habitantes. Ao mesmo tempo em que nossos recursos hídrimartphones, smart tvs, carros smart, smart cities. A intecos e energéticos diminuem a cada dia, nossos territórios torligência (“smart”, em inglês) nunca esteve tão presente no nam-se cada vez mais ocupados. A ideia de aldeia global nunca nosso dia a dia quanto ultimamente, desde os nossos dispofoi tão verdadeira: a previsão é que até 2050 pelo menos 97,5% sitivos eletrônicos, passando pelos nossos próprios carros, tudo da população mundial esteja conectada através de uma internet agora funciona com o máximo de tecnologia, como mais uma livre e de fácil acesso, incluindo os habitantes das regiões mais forma para facilitar a nossa vida. A “tendência” hi-tech e seus remotas e menos favorecidas. Nós vamos benefícios chegou inclusive no desenvolusar cada vez mais dispositivos conectavimento e administração das cidades: as dos a uma rede única: roupas chipadas, smart cities ou cidades inteligentes são O principal objetivo das relógios inteligentes, óculos com acesso um novo modelo de organização do amcidades inteligentes é à internet e que nos permitem acesso inbiente em que vivemos. superar os problemas clusive a uma realidade virtual. Parece uma jogada óbvia para quem já se adapta a um ambiente tecnológico, que o passado mas a reconstrução das cidades de forma A PERGUNTA QUE SE FAZ, PORTANTO, É: proporcionou criando mais eficiente e inteligente é um desafio QUAIS OS PASSOS PARA ACOMPANHAR AS um futuro mais prático necessário para se enfrentar. Ao longo MUDANÇAS NO MUNDO? e capaz de enfrentar da nossa história vivemos diversas situComecemos pelo que é, talvez, o maior ações que nos colocaram na obrigação desafio: resolver nossos problemas de novos desafios. de encontrar novas saídas e soluções. O mobilidade. Com o crescimento da popuprincipal objetivo das cidades inteligenlação das cidades, é inevitável que mais tes é justamente esse: superar os problemas que o passado propessoas precisem se deslocar nos centros urbanos e, portanto, porcionou criando um futuro mais prático e capaz de enfrentar procurem novos meios de transporte. As cidades, no entanto, novos desafios. As smart cities são as cidades do futuro (aliás, não estão organizadas suficientemente para atender essa deveremos mais para frente que esse futuro já começou). Segundo manda. Resultado? O agravamento de problemas que já são baso Instituto Francês de Estudos Demográficos, até 2050, a estimatante conhecidos: engarrafamentos, acidentes, além do aumentiva é que o número de pessoas no mundo cresça em 2,5 bilhões to significativo da emissão de CO2.

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PARA MELHORAR ESSE CENÁRIO, ALGUMAS SOLUÇÕES JÁ ESTÃO SENDO DESENVOLVIDAS: O uso de carros autônomos parece uma alternativa bastante relevante para trazer mais segurança ao trânsito. Especialistas apontam que, quando essa tecnologia passar a ser adotada, o número de acidentes será reduzido de 1/100 mil km para 1/10 milhões de km, salvando um milhão de vidas por ano, em todo o mundo. A otimização das redes de transporte de público promete incentivar o uso dos meios coletivos, diminuindo o trânsito nas cidades. Os carros elétricos estão deixando de ser tendência e se tornando uma realidade ao redor do mundo: são mais econômicos e reduzem a zero as emissões de gases poluentes à atmosfera. Londres, por exemplo, pretende substituir todos os seus táxis por carros elétricos até 2018! Aumentar as restrições aos carros e diminuir as vias disponíveis para tráfego de veículos é, inicialmente, uma ideia que parece mirabolante: como menos espaço diminuiria o trânsito? O objetivo é incentivar que mais pessoas tornem-se pedestres e ciclistas, utilizando áreas livres para andar e ciclovias como uma alternativa de desloca-

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mento. A tendência, além de ser mais barata, é um passo para uma vida mais saudável (uma outra característica incentivada pelas cidades inteligentes).

NÓS PRECISAMOS TAMBÉM APRENDER A OCUPAR O NOSSO TERRITÓRIO DE FORMA MAIS INTELIGENTE: Os bairros vão ser cada vez mais integrados, o objetivo é evitar a necessidade de deslocamento, possibilitando que as pessoas possam encontrar os serviços necessários mais perto de suas casas. Os prédios serão mais altos (muito mais!). Hoje, o prédio mais alto do mundo é o Burj Khalifa, com 163 andares. A previsão é que em 2050 tenhamos prédios de até 28 quilômetros de extensão, com até 8 mil andares. Com milhares de moradores em um só prédio, muito espaço seria economizado, mas aí surge outro desafio: é seguro se deslocar através de elevadores por distâncias tão altas? A Samsung já está trabalhando na solução e desenvolvendo drones capazes de se deslocar até os andares mais altos.

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POR ANA LUIZA MORETTE

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que ela fique completamente pronta em 2018. A primeira smart Além disso, a moda dos recursos não renováveis já é passado faz city tem aproximadamente 1.500 quilômetros quadrados e foi tempo. A tendência nas novas cidades é a utilização da energia planejada para 40 mil habitantes. A cidade conta com todos os fotovoltaica, aquela proveniente da luz do sol. Essa forma de “critérios” necessários para ser uma smart city, com opções de produção de energia elétrica é barata e eficiente, já que depende mobilidade com transporte elétrico e aquático; sistemas de lixo unicamente da captação da energia que o sol transmite através inteligentes, iluminação urbana e semáforos completamente da sua radiação. Além disso, utilizar a energia solar possibilita controlados por computadores e sistemais uma vez reduzir nossos danos ao mas tecnológicos. Além disso, a cidade meio ambiente: um metro quadrado de teria sua eficiência energética baseada em células fotovoltaicas produzem o equiNa verdade, as energia solar e fotovoltaica; com 40% de valente à 215 quilos de lenha, 66 litros cidades inteligentes área dedicada para construção de parques de diesel, 55 quilos de gás e evita que já são uma realidade e praças, a fim de controlar o equilíbrio e a 56 metros quadrados sejam inundados qualidade do ar, e para oferecer opções de para produção de energia hidroelétrica, em algumas partes lazer para seus habitantes. segundo a Associação Brasileira de Redo mundo. O desafio Masdar, em Abu Dhabi, um dos Emirados frigeração, Ar-Condicionado, Ventilação de alinhar tecnologia Árabes, é outra cidade que está nascendo e Aquecimento (ABRAVA). como uma smart city. Com o início da sua e sustentabilidade construção em 2006, Masdar é um proSONHO DISTANTE? para uma vida mais jeto de uma smart city focada na gestão À primeira vista, essas cidades parecem prática já está sendo sustentável, com o objetivo de zerar suas um sonho que dificilmente vai ser alcanusado com sucesso emissões de gás carbônico - tornando-se çado, mas, na verdade, as cidades inteliuma referência a todo Oriente Médio. A gentes já são uma realidade em algumas em certas cidades. universidade da cidade se dedica a uma partes do mundo. O desafio de alinhar pesquisa especializada em buscar solutecnologia e sustentabilidade para uma ções na área da energia e sustentabilidade e trabalha em parvida mais prática já está sendo colocado em prática com sucesso ceria com as empresas da região, usando as novas tecnologias em certas cidades. O jornal “The Guardian” classificou Songdo, no mercado e ajudando no crescimento econômico do projeto. na Coreia do Sul, como a primeira cidade inteligente do munMasdar foi projetada com 6 mil quilômetros quadrados para do. Songdo começou a ser construída ao redor de um aeroporto 50 mil habitantes e 1 mil empresas especializadas em energia em 2005 e passou a ser habitada em 2011, mas o previsto é para

> SONGDO - CORÉIA DO SUL

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Fotografia: Reprodução | Internet


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sustentável. A smart city será alimentada com energia fotovoltaica, produzida por painéis solares instalados no topo dos prédios e pela fazenda solar de 22 hectares, que reúne 87 mil painéis, com capacidade para gerar até 17.500 MWh de eletricidade limpa por ano. Se parece fácil iniciar uma smart city do zero, temos o exemplo de Singapura - que é um exemplo de transformação desde 2012. A cidade-estado tem 704 quilômetros quadrados e 5 milhões de habitantes e é densamente povoada, por isso, surgiu nas autoridades a preocupação de replanejar a infraestrutura, a conservação ambiental e a captação de água. Os distritos tornaram-se autossuficientes, evitando o deslocamento e aproveitando o espaço da melhor forma possível. Além disso, os bairros passaram a ser interligados por uma rede de transportes públicos, diminuindo o tráfego e a poluição. O trânsito conta com um sistema que consegue prever engarrafamentos antes mesmo dele acontecer, permitindo encontrar saídas preventivas para o problema. O investimento para o crescimento da cidade continua: só é permitida a entrada de indústrias que proporcionem o crescimento local e que não contribuam para a poluição do meio ambiente. Amsterdã também está sendo contemplada por um projeto para transformá-la em uma smart city. O projeto foca na produção de energia atraveś de uma fonte limpa, a eólica. Nos transportes, existe uma preferência pelo uso da bicicleta e dos transportes públicos com baixa emissão de carbono, usando motores elétricos. A concepção de trabalho também está sendo mudada: já comum em algumas áreas da Holanda, o trabalho comunitário é muito valorizado - a ideia é diminuir o impacto proveniente das atividades diárias na vida dos trabalhadores e desenvolver uma cultura de consumo colaborativo. Construir uma smart city parece algo que exige um grande investimento financeiro por parte das cidades, não é mesmo? Mas, contrariando essa percepção, está sendo construída aqui no Brasil, a primeira cidade inteligente do mundo voltada para pessoas de baixa renda. Em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, está nascendo o Laguna EcoPark, uma iniciativa de duas organizações italianas (a Planet e a SocialFire) em parceria com o Centro de Empreendedorismo da Universidade de Tel Aviv (StarTAU). A intenção é fazer com que as pessoas saiam do subúrbio para viver em um área desenvolvida, com internet de qualidade, sistema de transporte com bicicletas, reaproveitamento de água e controle inteligente de iluminação pública. A primeira etapa do projeto deve ficar pronta ainda este ano, oferecendo 150 casas e cursos de prevenção médica, nutrição, informática e horta compartilhada, com o objetivo de integrar cada vez mais o espaço.

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> MASDAR - ABU DHABI

> SINGAPURA - ASIA

> AMSTERDAM - HOLANDA

> LAGUNA ECOPARK - CEARÁ

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POR FLAVIO TAVARES

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SEJA UM CONSTRUTOR

DE PONTES Empreender não é um cargo, mas um estado mental de alguém que deseja mudar o futuro.

A PRIMEIRA É O TEMPO.

Não existe nada de mais valioso na vida do que o tempo. O dinheiro perde seu valor diante dele. O tempo voa e você precisa fazer a coisa certa agora, pois o futuro é mais rápido do que você imagina. Para você ter uma ideia, vamos olhar um pouco o que está acontecendo no mundo de hoje:

Eu gosto muito dessa frase do Guy Kawasaki e acho que ela encaixa perfeitamente no que queremos disseminar no PA Em 1998, a Kodak tinha 170 mil funcionários e vendia 85% do papel fotoRAR quando escolhemos essa temática gráfico utilizado no mundo. Em apenas 3 anos, o seu modelo de negócio para 2017, mas esses dias eu vi uma outra foi extinto e a empresa desapareceu. definição que me fez refletir: o empre Nos EUA, jovens advogados estão lutando para conseguir um emprego. endedor é um intermediário. E isso faz A plataforma tecnológica IBM Watson oferece aconselhamento juríditodo sentido. O empreendedor é aquele co básico em poucos segundos, com precisão maior do que a obtida por que liga as pontas. Às vezes, por exemplo, profissionais da área. você pode ter muitas ideias, mas tem di Em 2018, os primeiros carros autônomos estarão no mercado e espeficuldade para executá-las, ou é um bom cialistas preveem que por volta de 2020 a indústria automobilística coexecutor, mas não é criativo. O empreenmeçará a ser desmobilizada porque as pessoas não necessitarão mais dedor é aquele que consegue conectar, de carros próprios. fazer o elo entre a ideia e a sua realização. O número de acidentes será reduzido de 1/100 mil km para 1/10 milhões Se você se encaixa em um desses casos de km, salvando um milhão de vidas por ano, em todo o mundo. Com que eu citei, talvez o que te falta é deso prêmio 100 vezes menor, como ficará o negócio de seguro de carro? pertar esse espírito empreendedor. Falta você se tornar um construtor de ponQuando olhamos o tempo, vemos que ele está muito mais acelerado do tes. A vida está cada vez mais acelerada, que muitas vezes podemos acompanhar. Esmais dinâmica e as empresas precisam tamos em março, mas quem aqui não tem a de pessoas e profissionais que entendam sensação de que já vivemos uns 8 meses nesisso, alguém que ligue dois pontos. Você te ano? Um construtor de pontes tem que precisa ser um construtor de pontes em entender seu papel no TEMPO, você precisa tudo na sua vida. Quando aparece um trabalhar de forma incansável para fazer do problema na sua empresa e você precisa resolver, você está sendo TEMPO seu aliado para que suas pontes se um construtor de pontes. Você precisa encontrar uma solução, consconectem. Não viva no tempo passado, olhe truir uma ponte até alguém que possa te ajudar a resolver. O grande para o hoje, e entenda qual o futuro que você desafio, hoje, é que você se torne mais do que só um empreendedor, quer construir. Muitos gestores de frotas fimas que você seja um construtor de pontes no seu trabalho, na sua cam debatendo dia após dia o tipo de planicarreira, na sua vida pessoal. Mas, para tudo isso ter valor, você prelha que eles usam ou reclamando de A ou B cisa descobrir o que te motiva a empreender. Você precisa começar a fornecedor. Nosso convite é para que você refletir sobre o porquê que você constrói (ou quer construir) pontes. não seja parte do problema que será resolvido E aqui gostaria de destacar 3 fatores primordiais que vão te ajudar a pelo futuro inovador que está batendo à nossa ligar esses pontos. porta, mas sim parte da solução e da reinven-

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Flavio Tavares, Diretor de marketing e vendas da GolSat e PARAR Leader

ção desse futuro. Você precisa assumir o seu papel de construtor de pontes e começar a conectar, ligar e se tornar o elo que vai ajudar a transformar sua gestão, sua empresa e a vida de muitas pessoas que estão à sua volta. O primeiro fator que te motiva a empreender hoje é o tempo, é ele que te avisa todos os dias que algo precisa ser feito para tornar sua vida mais relevante.

O SEGUNDO FATOR QUE TE MOVE A EMPREENDER É O AMOR. Não estou falando aqui sobre o amor no sentido mais romântico, é óbvio que amamos nossas famílias e nos motivamos a fazer por eles. Sei que se falar de seus filhos, você irá se emocionar, é claro que essa dimensão de amor nos impulsiona para frente. Mas a dimensão de amor que quero falar aqui está relacionado ao prazer que você tem naquilo que você realiza. Sabe que uma boa medida para entender qual é o nosso objeto de amor ou prazer, é pensarmos sobre o que fazemos hoje que estamos nos entregando de corpo e alma. Aquilo que toma sua mente por completo, que você se engaja, se dedica e não vê a hora passar quando faz. Muitos, aqui, podem ser assim pelo futebol, outros quando encontram seus amigos, outros por viagens e alguns pelo trabalho. Temos que ter equilíbrio na vida, pois todas as coisas, em suas diferentes esferas, são importantes e é preciso ter equilíbrio entre trabalho, família, lazer e o seu cuidado com você. Mas para você ser um empreendedor, você tem que ser apaixonado por construir pontes, tem que ter amor por chegar no seu trabalho e encontrar formas de ligar elos. Quando você tem essa paixão por construir pontes, sua alegria se torna ver o objeto da sua paixão realizado. Neste caso, esse objeto são as pontes. A realização de um empreendedor é ver suas pontes construídas, conectando pessoas, ideias, projetos. Quando você tem essa paixão pela realização, você saberá lidar todos os dias com a grande mola propulsora que te mol-

Não existe realização sem a frustração. A ponte vai cair em algum momento e você vai ter que recomeçar a construí-la.

Edição 11 | Junho de 2017

da e te faz ser melhor, que é a frustração. Não existe realização sem a frustração. A ponte vai cair em algum momento e você vai ter que recomeçar a construí-la, só que o aprendizado da queda te tornará ainda mais forte. E isso vai acontecer quando você for motivado por amor. Porque se você não for, você vai ficar abalado quando ela cair, e vai reclamar, vai transferir responsabilidades, e vai se achar uma pessoa azarada, simplesmente porque você não estava motivado pelo amor, e sim somente pela obrigação de que te mandaram fazer. Construtores de pontes apaixonados não fazem só pelo dinheiro, eles fazem pelo simples fato de saberem que estão realizando algo relevante.

O TERCEIRO FATOR QUE TE MOTIVA A EMPREENDER É A MORTE. Existe uma ponte que caminhamos ao longo da nossa jornada, essa ponte liga o dia que nascemos ao dia que morreremos. Essa é uma ponte que não vai cair. É certo que todos nós, um dia, iremos atravessá-la. O que vai contar na nossa trajetória é o que fazemos entre a nossa partida e o destino final. É essa lacuna que dirá que papel desempenhamos nesta vida. Podemos construir pontes ou podemos apenas esperar que alguém construa para nos conectar. Podemos ser coadjuvantes ou protagonistas. A certeza de que um dia iremos morrer deveria ser um fator motivador para nos tornar ainda mais empreendedores, deveria aumentar nosso desejo em nos tornarmos construtores de pontes. Temos sorte de que estamos aqui, vivos, com uma jornada esplêndida pela frente.

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POR GIOVANNI PORFÍRIO

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PLANEJAR OU PROTOTIPAR? Uso do Design Thinking pode contribuir para aumentar a inovação e o espírito empreendedor dentro das empresas

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Caroline Bucker, consultora de estratégia, cofundadora do Coletivo Thinkers POA e especialista em Design Thinking

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er um agente de inovação e empreendedorismo. Esse é o propósito do chamado Design Thinking (DT), metodologia na qual as empresas passam a desenvolver seus produtos com base no desejo e necessidade das pessoas para somente depois testar e lançar no mercado. O DT foi popularizado pela empresa americana de Design e Inovação IDEO, de Palo Alto, na Califórnia, região hoje conhecida como o Vale do Silício por abrigar boa parte das empresas de tecnologia mais inovadoras do mundo, e é utilizado sobretudo nas áreas de TI, Marketing e na modelagem de novos negócios. Para Caroline Bucker, consultora de estratégia, cofundadora do Coletivo Thinkers POA e especialista em Design Thinking, a estratégia não só mudou a forma das empresas desenvolverem seus produtos como também diminuiu os custos no processo de criação. “Antes as organizações criavam algo que queriam e então iam para o mercado lançar e isso exigia um investimento alto em marketing e trade. O resultado é percebido pelas pessoas que se envolvem no processo, pela maior integração, engajamen-


to e agilidade. Ela beneficia a todos. Reduz custos, gera agilidade, compreensão e maior ajuste ao ser humano”, revelou. Caroline trabalha com projetos voltados à aplicação de metodologias criativas e, no caso do Design Thinking, considera algumas fases importantes para que se gere resultados. “Existem diferentes visões a respeito, mas eu gosto de simplificar e trabalhar em quatro etapas básicas: empatia; definição do problema/desafio; ideação criativa e prototipagem”, afirma. A primeira serve para conhecer melhor o objeto que será o foco de todo o processo criativo. A partir dela, se chega ao principal problema enfrentado em relação ao que foi proposto. Em seguida, a ideação criativa proporciona uma divergência colaborativa para a solução dos problemas e, a partir daí, as melhores ideias são selecionadas para realizar a prototipagem, determinante para o resultado final. “Essa etapa final é muito relevante, pois ataca em cheio a premissa de que tudo o que criamos no papel é perfeito. Precisamos testar na prática e envolver diferentes pessoas, com diferentes perfis, para observar se o que criamos é realmente bom e desejado”, afirma. A prototipagem consiste, basicamente, na criação de pequenos experimentos para se testar um conceito ou produto. Quando começou a ministrar cursos no exterior, Caroline revelou que teve que se ajustar à cultura local como uma forma de empatia na prática do Design Thinking. "Além de gerar novos pontos de vista, proporcionou a construção de um novo aprendizado a respeito do mesmo tema. Foi como expandir a consciência das possibilidades e da forma de aplicar”. Nos EUA e na Europa, especialmente na Holanda, a metodolo-

gia vem sendo muito utilizada em empresas e, principalmente, na educação. Universidades e escolas por lá vêm implantando processos baseados em Design Thinking para gerar novos formatos de ensino e aprendizagem, enquanto que, no Brasil, o uso dessa metdologia anda a passos lentos. “Vejo que o Brasil deveria confiar e praticar mais a metodologia, pois ela leva a uma maior confiança nos colegas, a atitudes mais colaborativas e criativas, aprofundamento nas pesquisas e maior resiliência para testes e ajustes. Existe um enorme potencial a ser utilizado e isso ainda está acontecendo de uma forma muito tímida”, disse Caroline. Para os empreendedores, a ferramenta é importante no sentido de incentivar uma atitude mais proativa, mais criativa e colaborativa. “No Brasil, os formatos de educação dos quais emergimos não preveem e não estimulam essa visão e atitude. Precisamos acelerar isso. Estamos já atrasados e isso não exige custos, mas sim vontade de realizar. Acredito que a ferramenta pode se tornar um grande apoio para uma transformação”, ponderou. De um modo geral, para que o DT seja sinônimo de sucesso nas empresas, é preciso agir para entender o mercado e as pessoas, criar soluções, testar produtos e integrar equipes. “Para colocar em ação, precisamos olhar com atenção para as premissas do modelo escolar (tanto escolas como universidades, e até mesmo empresas), onde as pessoas recebem passivamente um determinado conhecimento. Precisamos criar espaço e situações para que as pessoas aprendam a agir de uma forma mais ativa. Confiar nas pessoas, testar, capacitar, testar de novo, praticar, praticar e praticar”, afirma.

Eu gosto de simplificar e trabalhar em quatro etapas básicas: empatia; definição do problema/desafio; ideação criativa e prototipagem

Mas afinal, planejar ou prototipar?

“Ambos. Precisamos planejar, pesquisar, colaborar e prototipar. Uma etapa sozinha não gera a transformação necessária. Precisamos de todas, assim como precisamos de um maior número de competências complementares inseridas no processo. Uma gama maior de visões gera mais oportunidades sempre. Só temos que aprender a lidar bem com isso”.

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GERIR O QUE

SE MEDE

POR LORAINE SANTOS

ESTRATÉGIA

+ação

Conheça o case da Ferramentas Gerais sobre a importância da gestão por indicadores na tomada de decisão

"Como gestor de frotas, você tem a responsabilidade de garantir a segurança de seus condutores," Daniel Nunes - supervisor de infraestrutura da FG

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A análise por indicadores é uma poderosa ferramenta de tomada de decisão nas operações relacionadas à frota. Esse formato de gestão é praticado pela maioria das empresas que possuem uma administração eficiente e é uma poderosa ferramenta de avaliação de risco, pois permite que o gestor de frotas faça uma leitura antecipada e evite prováveis riscos iminentes. Para ilustrar o potencial dos indicadores no mundo da frota, basta observar as questões relacionadas à segurança para concluir como a análise preditiva afeta positivamente a operação. Excesso de velocidade é uma das principais causas de morte no trânsito, de acordo com dados do DPVAT. Embora essa informação não seja uma grande surpresa, o fato mais alarmante é de que, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), 97% dos acidentes são causados por negligência ao volante. Como a natureza do negócio de quem trabalha com equipe de campo gira em torno dos colaboradores que estão na estrada, as frotas são impactadas significativamente por estas estatísticas. Práticas de condução inseguras, como falar ao celular, enviar mensagens de texto ou voz, dirigir com sono ou sob efeito do álcool, são atitudes que contribuem para as estatísticas ne-

gativas, mas que podem ser evitadas quando há uma gestão por indicadores bem definida por parte da companhia.

GESTÃO SEGURA NA PRÁTICA Há 60 anos no mercado, a Ferramentas Gerais (FG) é hoje líder nacional em suprimentos destinados à manutenção, reparo e operação (MRO), com 200 veículos na frota, compartilhados entre 250 condutores. O departamento de frotas é comandado por Daniel Nunes, supervisor de infraestrutura da FG, que sempre compreendeu a dimensão da responsabilidade como gestor de frotas e lutou na companhia para ganhar espaço e mostrar a importância do departamento para empresa. “Sempre acreditei na gestão de frotas por indicadores por meio da telemetria. Quando há um acompanhamento efetivo, os resultados são garantidos. Com isso em mente, desenvolvi um trabalho com toda companhia mostrando que a frota é uma ótima oportunidade de cuidar de vidas e gerar lucro”, explica Nunes. Um dos maiores desafios da FG foi engajar outras áreas da empresa no processo de implantação da tecnologia e construção da nova política de frotas. Segundo Nunes, “o envolvi-


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comportamentos de risco e colocar os condumento das áreas Operacionais, Jurídica, Gestão de tores em programas de treinamento antes que Pessoas, Financeira e de Segurança do Trabalho, os acidentes ocorram. foram fundamentais para o sucesso do projeto”. “Contamos com o sistema de telemetria da A exemplo da FG, é possível perceber que esse GolSat e um sistema de gestão do abastecimenenvolvimento faz com que os demais departato e manutenção para concentrar todas as inmentos exerçam uma certa pressão nos gestoformações necessárias. Nossos esforços se conres de frotas para controlar os acidentes, muitas centram principalmente em parametrizar os vezes motivados pelo alto custo envolvido e pela sistemas para nos auxiliar na análise dos dados exposição negativa da empresa. Embora a gestão e nos possibilitar a tomada de decisão a partir por indicadores represente uma grande oportudos indicadores gerados”, detalha Nunes. nidade na redução dos custos com a frota, o mais Mensalmente, a FG enimportante é que ela se via para as lideranças um torna uma ferramenta esgráfico com um panorasencial para evitar tragéma geral da frota que indias e salvar vidas. “Como Na gestão da sua clui: média de consumo gestor de frotas, você tem frota, nada deve ser (Km/L), Custo com manua responsabilidade de gamais importante do tenção (R$/Km), excessos rantir a segurança de seus de velocidade, unidades condutores, tem a capacique garantir que seus com pior desempenho dade de não apenas monicondutores retornem e condutores com pior torar os comportamentos para casa com desempenho. De acordo de risco, mas também de segurança ao final com Nunes, “para veímelhorá-los ao longo do culos que apresentam tempo”, explica Nunes. “Se de um dia intenso de os piores resultados, devocê não pode medir, você trabalho no trânsito. senvolvemos junto com não pode gerenciar” (Peter a liderança um plano de Drucker). Trabalhar com ação para a melhoria desindicadores não é tarefa ses números”. Analisar a frota através de indifácil, mas quando o gestor descobre o caminho cadores contribui para que as empresas sejam para embasar toda a gestão de frotas da empremais disruptivas. Elas podem criar programas sa em números, sua atuação dá um salto extrade comunicação que valorizem os melhores ordinário rumo à profissionalização do departacondutores diante a equipe e o board da commento. Nesse sentido, a telemetria é a ferramenta panhia. O compartilhamento de informações e ideal para apoiar o gestor estratégico. É ela que formas de incentivo fazem com que os conduvai gerar as informações precisas para tomada tores promovam diálogos construtivos sobre o de decisões. Armados com informações sobre assunto, além de manter a segurança sempre o comportamento atrás do volante por meio da em pauta. telemetria, as empresas conseguem identificar

PIRÂMIDE DE FRANK BIRD

"Se você não pode medir, você não pode gerenciar." Peter Drucker considerado o pai da administração moderna

1 morte corresponde a: 30 acidentes com afastamento 300 acidentes sem afastamento 3.000 incidentes 30.000 comportamentos de risco

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GERIR O QUE

POR LORAINE SANTOS

SE MEDE

ECONOMIA GARANTIDA

Após a implantação da telemetria GolSat, a Ferramentas Gerais conseguiu resultados como:

"A implantação foi gradativa e por regionais, isso nos ajudou a fazer as mudanças sem impactar na produtividade." Daniel Nunes - supervisor de infraestrutura da FG

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MÉDIA DE CONSUMO

Melhora na média de consumo: de 11,9 Km/l para 14,3 Km/l.

OCIOSIDADE DA FROTA

Redução da ociosidade da frota: média de Km rodado por veículo aumentou 36,10%.

ABASTECIMENTO

Redução de 19% na quantidade de litros abastecidos.

LIDANDO COM OBJEÇÕES Escolher gerir a frota a partir de indicadores é uma atitude inteligente e transformadora, mas não é algo que vai mudar a realidade dos departamentos de frota do dia para noite. É um compromisso com a vida do colaborador e com a produtividade da companhia, que vai certamente enfrentar algumas barreiras. Quando a FG iniciou as mudanças relacionadas à frota, a primeira preocupação foi a de enviar um comunicado interno para todos os colaboradores destacando a preocupação da companhia em tornar a operação mais segura e eficiente. “A implantação foi gradativa e por regionais, isso nos ajudou a fazer as mudanças sem impactar na produtividade”, explica Nunes.

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Gestores bem-sucedidos são aqueles que conseguem envolver todos os departamentos da companhia desde a fase inicial do projeto. Alcançar esse alinhamento e fazer com que esse compromisso seja partilhado por todos é essencial para o sucesso da gestão por indicadores através da telemetria. “Como as ações foram comunicadas antes da implantação e deixando claro os seus objetivos, o nível de aceitação foi maior. Observamos que nos casos que tivemos dificuldade de implantar ou, rejeição por parte dos condutores, faltou comunicar e treinar melhor os envolvidos antes da implantação”, conclui ele.


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POR KARINA CONSTANCIO

BRASIL

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AMÉRICA LATINA

CLEBER KOUYOMDJIAN, EXECUTIVO COM 17 ANOS DE EXPERIÊNCIA NO SETOR, AVALIA O CENÁRIO E FAZ PROJEÇÕES PARA O FUTURO DA GESTÃO DE FROTAS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA. "Acredito que nos próximos 5 anos, o mercado de frotas no Brasil estará no mesmo nível de maturidade do europeu" E ssa é a projeção de Cleber Kouyomdjian, executivo com 17 anos de experiência na área de Serviços Financeiros e Frotas de Veículos e conselheiro do Instituto PARAR para a América Latina. Economista por formação, Kouyomdjian iniciou suas atividades no segmento em 2000, onde teve a oportunidade de trabalhar em diferentes áreas, passando por Direção de Operações, Comercial e Marketing até chegar à Direção Geral. Nessa trajetória, passou por empresas líderes de mercado mundial como Hertz, LeasePlan, Arval e Relsa, o que lhe permitiu ter uma ampla visão do segmento. No início de 2000, atuando como diretor operacional, teve o primeiro contato com o setor de frotas europeu e toda a cadeia nele envolvida, incluindo clientes e fornecedores. Nesse período, a Europa estava disparadamente mais evoluída que o mercado nacional. "Esse segmento começava a tomar forma no Brasil e pude então acompanhar e fazer parte do desen-

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volvimento desse mercado no Brasil", contou. As montadoras e concessionárias ampliavam seu interesse no setor de frotas, novos sistemas operacionais estavam surgindo para melhorar a eficiência, assim como processos logísticos mais inteligentes, e a venda de veículos usados estava se tornando um item extremamente importante nas análises financeiras. Ao mesmo tempo, surgiam clientes cada vez mais exigentes e com necessidades operacionais específicas. "Trazer esse conceito, ou seja, tratar o carro da empresa de maneira profissional era trabalhoso e desafiador, mas ele chegou", destacou. Depois de alguns anos, o Brasil atingia um nível de exigência maior e, portanto, surgiu a necessidade de implementação do conceito de TCO para trazer maior eficiência financeira. "Estávamos no meio da crise de 2008 e, como diretor comercial, diagnostiquei que a necessidade de um serviço mais consultivo se tornava cada vez mais importante para conquistar o mercado. Foi assim que a companhia conseguiu ampliar sua participação no mercado nacional, tornando-se uma das 5 maiores empresas do setor", revelou. Kouyomdjian teve a oportunidade de conhecer melhor o mercado da América Latina enquanto presidente da filial brasileira de um importante grupo chileno. “Percebi, nesse momento, que o mercado da região começa a evoluir como o Brasil de 10 anos atrás, mas ago-


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• GRAU DE MATURIDADE DO MERCADO DE FROTAS •

COLOMBIA

Foco na “Posse do Veículo”

PERU | ARGENTINA | CHILE

Preocupação com o veículo e tempos de serviço

BRASIL | MÉXICO

Surge a análise de TCO (Custos visíveis e invisíveis)

ra, com uma velocidade imensamente maior. Também, lembro que, falando do Brasil, alguns desafios foram vencidos como, por exemplo: as dificuldades geográficas de um país com a extensão territorial como o nosso; atender as exigências burocráticas do país, que elevam o custo e reduzem a eficiência em diversos processos e, por fim, a nossa situação econômica que sempre trouxe uma previsibilidade bastante baixa e requer muito mais atenção para evitarmos surpresas no longo prazo”. De acordo com o executivo, a mudança de uma cultura é trabalhosa e lenta, e, para obter eficiência, a margem de erro é pequena. "Temos que estar atentos às pessoas e ao processo e não somente ao veículo. Mas, tudo isso é muito positivo, todas essas dificuldades permitiram que o Brasil se tornasse o principal braço para o desenvolvimento do setor na América Latina. Temos, hoje, pessoas e empresas muito mais preparadas e adaptadas para acompanhar essa velocidade com soluções criativas que estão sendo fundamentais para a continuidade evolutiva do nosso mercado", destacou. É sobre essa evolução que Cleber Kouyomdjian conversou com a Revista PARAR Fleet Review. Confira a entrevista: PARAR: COMO VOCÊ AVALIA O CENÁRIO DA GESTÃO DE FROTAS LEVES NA AMÉRICA LATINA? EVOLUÍMOS NOS ÚLTIMOS ANOS? � CLEBER KOUYOMDJIAN (CK) — Sem dúvida alguma o cenário da gestão de frotas tem evoluído nos últimos anos, alguns países mais que outros, mas percebo que estamos todos

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Atende todas as demais e agrega o enfoque nas “Necessidades do Usuário”

USA | UE

Surgem as soluções para “Usuários, Empresas, Meio Ambiente e Mobilidade”

seguindo a mesma direção, ou seja, um setor cada vez mais globalizado e com excelente nível de profissionalização. Dos países da América Latina, o Brasil e o México evoluíram bastante nas últimas décadas, principalmente após a crise de 2008, na qual foi necessária uma melhor compreensão das estruturas de custo, como valor residual, custo de combustível, custo de oportunidade, entre outros fatores importantes para uma correta análise do TCO. Iniciativas como a do Instituto PARAR também foram fundamentais para a evolução de profissionais do setor de frotas no Brasil, trazendo novas informações e preparando os profissionais que nele atuam, impulsionando assim análises e o processo de amadurecimento do setor. Com isso, toda a cadeia ligada a frotas evoluiu. A cada dia novos facilitadores surgiram e ainda surgem para acelerar esse processo, que, comparativamente, ainda está há alguns anos atrás de países europeus ou americanos, mas seguimos em alta velocidade. Já em países como Chile, Peru, Colômbia e Argentina, a gestão de frotas está em pleno desenvolvimento, temos a presença de Empresas Globais que já estão habituadas com uma gestão profissional, fornecedores internacionais começam a surgir e, como consequência, aumentam as oportunidades no setor, existindo ainda bastante espaço para evoluir. Chile e Peru iniciaram esse movimento e estão mais adiantados, o conceito de TCO começou a surgir somente no último ano, até então a maior preocupação estava em suprir as necessidades operacionais dos veículos. A rede de fornecimento está se preparando e se atualizando para atender às

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POR KARINA CONSTANCIO

necessidades dos frotistas. Já a Colômbia está em uma fase mais embrionária, ainda preocupada com soluções operacionais e o conceito TCO ainda é inexistente, mas o processo de desenvolvimento está ocorrendo em uma velocidade bastante grande, o que demonstra excelentes oportunidades para todos envolvidos na cadeia de fornecimento e clientes. PARAR: O QUE É PRECISO PARA SER UM BOM NEGOCIADOR? � (CK) — Preparei um quadro para demonstrar melhor o grau de maturidade e onde os principais países da América Latina se encaixam. Na minha opinião, a distância entre Brasil e Europa está bem menor que no passado. Arrisco fazer um comparativo em que, em 2008 estávamos com quase 10 anos de atraso comparando com a Europa, hoje esse “delay” é de cerca de 2 a 3 anos somente. Acredito que nos próximos 5 anos o Brasil estará no mesmo nível que os países europeus, com soluções específicas para atender o mercado brasileiro. Evidente que o cenário econômico e político que vivemos atualmente dificulta e atrasa qualquer evolução, mas em termos gerais, o Brasil está preparado operacionalmente. As montadoras de veículos e a rede de serviços estão com excelente nível tecnológico, empresas de gestão de frotas globais também apresentam excelente nível de serviços e conhecimento. Porém, ainda acho que precisamos vencer algumas barreiras e colocar em prática as teorias que conhecemos, utilizar a informação e a tecnologia a nosso favor. O Gestor de Frota também precisa evoluir e focar nas ações impactantes à sociedade; a busca constante por sinistralidade 0, redução de emissão de poluentes, buscar soluções de mobilidade para aumentar a eficiência e reduzir o tempo de locomoção e o trânsito, ainda são pontos que merecem atenção. PARAR: QUAIS FATORES OU MUDANÇAS FORAM ESSENCIAIS PARA ESSA VIRADA DE CENÁRIO NO BRASIL? � (CK) — Como comentei, a profissionalização do setor foi fundamental. Empresas possuidoras de veículos estão mais preparadas e preocupadas na eficiência financeira relacionada à frota de veículos. Nas décadas passadas, essa era uma área com pouca atenção e até mesmo com baixo nível de profissionalização. Hoje em dia, grande parte do setor tem total compreensão das ineficiências financeiras que uma frota mal gerida pode ocasionar e estamos muito próximos do que se vê em mercados evoluídos como o europeu. Parte dessa evolução também é consequência do surgimento de grandes fornecedores globais, as chamadas empresas de terceirização, habituadas com mercados mais evoluídos que influenciaram todo o setor e atuam de forma

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consultiva e que trouxeram para o mercado uma maior eficiência financeira e operacional. Não podemos deixar de comentar também a influência das montadoras de veículos no Brasil, que também foram fundamentais para essa evolução, com produtos específicos para frotas e de excelente qualidade técnica e boa cobertura da rede de atendimento no pós-vendas focada nos clientes chamados frotistas. É importante ressaltar que o Brasil, hoje, possui grande influência na evolução do mercado da América Latina, estamos “exportando” conhecimentos, profissionais e tecnologias para os principais países. PARAR: O QUE VOCÊ ACHA QUE AINDA PRECISA SER MUDADO PARA QUE A GESTÃO DE FROTAS DO BRASIL E DA AMÉRICA LATINA SEJA AINDA MAIS PROFISSIONALIZADA? � (CK) — Ainda existe espaço de evolução em gestão de frotas, acredito na necessidade de termos plataformas de gestão de frotas totalmente automatizadas e integradas, que consigam cruzar informações de telemetria, consumo de combustível, manutenção, multas, pontuação, acidentes, entre outros, e que sirvam de indicadores para todas as tomadas de decisão, tanto do gestor de frota como do condutor do veículo. A meu ver, esse processo ainda é um pouco manual, vindo de diferentes plataformas o que dificulta o processo. Outro ponto de atenção e que também vêm sofrendo uma importante evolução e que influenciará positivamente na gestão de frotas está ligada aos meios de pagamentos, que tornam o processo cada vez mais eficiente, rápido e seguro. PARAR: QUANDO SE TRATA DE OPORTUNIDADES, COMO VOCÊ ENXERGA O FUTURO DA GESTÃO DE FROTAS LEVES NA AMÉRICA LATINA? � (CK) — Avaliando o setor no médio e longo prazo, estamos atravessando um momento importante na busca de “soluções de mobilidade urbana”. Tudo o que conhecemos hoje está mudando. Acredito realmente que o diferencial vai surgir por meio de soluções tecnológicas, em que o carro passa a ter um papel menos importante, dando lugar ao serviço “embargado” nessa cadeia ligada ao veículo. Acho realmente que o conceito do chamado “veículo compartilhado” terá, em um curtíssimo espaço de tempo, uma importância fundamental nos países da América Latina, podendo se apresentar como uma importante alternativa no segmento de frotas. Ainda pensando nos países da América Latina, acredito que nos próximos 5 anos, os principais países estarão no mesmo nível de maturidade que o Brasil e México, existindo somente algumas necessidades pontuais específicas de cada um.

Fotografia: Divulgação


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POR ANA LUIZA MORETTE

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REVOLUÇÃO DOS MAKERS

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Como os fazedores estão promovendo uma nova revolução e mudando o mundo ao aproximar o pensar do fazer

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odas as invenções que conhecemos foram um dia pensadas e elaboradas por alguém, mas nem todas saíram do papel facilmente. Santos Dumont, Henry Ford e Alexander Graham Bell são alguns dos que foram julgados loucos quando apresentaram suas ideias: aviões, carros e até o telefone pareciam projetos impossíveis de serem tirados do papel. Na época, era preciso apoio de dezenas de pessoas para conseguir tornar algum sonho realidade. Se fosse hoje, tudo seria diferente. Vivemos uma nova onda em que o pensar está diretamente ligado ao fazer: tirar as ideias do papel nunca foi tão fácil. Essa nova mentalidade está sendo chamada de Movimento Maker e promete revolucionar nossas relações de produção e consumo. Em 2005, a primeira Make Magazine foi lançada, uma revista que trazia diversos projetos que podiam ser colocados em prática por qualquer um, usando materiais básicos - a publicação levou o Movimento Faça-você-mesmo a um outro nível.

Enquanto o Movimento Faça-você-mesmo diz respeito somente a colocar a mão na massa, os makers fazem parte de uma revolução de pensamento. Além de reproduzir projetos criados por outros, o Movimento Maker incentiva que as nossas próprias ideias sejam colocadas em prática, o movimento é feito por pessoas comuns construindo, criando e modificando qualquer coisa que quiserem. Considerado a 3ª Revolução Industrial, o Movimento Maker não mudará a estrutura da indústria em si, mas como nós nos relacionamos com ela; no mundo maker, mais importante que as máquinas, são as pessoas e suas ideias - a participação do criador vai ter um peso cada vez maior na produção. Os makers apoiam uma colisão entre o físico e o digital: essa nova revolução é a integração da tecnologia, do pensamento, da criatividade e da indústria. Para ela acontecer é preciso que saibamos alinhar todas essas coisas com o máximo de sinergia, extraindo delas o que de melhor têm a oferecer. Além disso, o Movimento Maker tende a mudar nossas relações de consumo, em alguns anos poderemos responder à pergunta “Quantas coisas você fez ao invés de comprar?” de uma forma muito diferente da qual respondemos agora. Explorando nosso potencial, poderemos nós mesmos sanar nossas necessidades, sem precisar passar pelas mãos de outras pessoas. Parece uma mentalidade mirabolante: quantos desses projetos têm realmente a chance de darem certo? A própria filosofia dos makers responde essa questão, eles acreditam que as falhas são mais uma parte do processo de aprendizagem: “falhe cedo, falhe bonito, falhe sempre”. Para ser um maker é preciso enxergar o fracasso de outra forma, entender que errar faz parte de

todo projeto, seja ele de criação ou não, e cada erro adiciona experiência à nossa bagagem - e isso é tão importante quanto todas as outras etapas.

MAS QUAIS OS INSTRUMENTOS QUE NOS SÃO OFERECIDOS PARA COLOCARMOS NOSSAS IDEIAS EM PRÁTICA? Pensando em tornar esse movimento cada vez mais possível, surgiram os espaços de criação colaborativos: os makerspaces oferecem tudo que um maker precisa, no makerspace acontece a associação da tecnologia ao conhecimento. A troca de ideias aqui é essencial e, por isso, os espaços são sempre colaborativos, permitindo que as pessoas contribuam nos projetos umas das outras e peçam ajuda. Aliás, o compartilhamento de conhecimento é quase uma regra. Os fab labs são um tipo específico de makerspace e estão vinculados à Fab Foundation, fundação criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Os fab labs, além de serem um lugar que incentiva o pensamento e a criação, as condições práticas também devem ser obrigatoriamente oferecidas: esses espaços contam com impressoras 3D, arduínos*, cortadoras a laser e fresadoras.

*ARDUÍNOS > uma placa fabricada na Itália utilizada como plataforma de prototipagem eletrônica que torna a robótica mais acessível a todos

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Se fosse hoje, tudo seria diferente. Vivemos uma nova onda em que o pensar está diretamente ligado ao fazer: tirar as ideias do papel nunca foi tão fácil.


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POR ANA LUIZA MORETTE

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> HELOÍSA NEVES

Maker é uma forma de pensar o mundo que otimiza o uso de materiais e habilidades disponíveis para interferir na sociedade de maneira que você acredita. Isso pode se dar na criação de um produto de tecnologia, na criação de uma performance, de criatividade e etc. Gabriela Agustini- fundadora do Olabi Makerspace

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MAS, PARA SER UM MAKER, EU PRECISO CRIAR ALGO NOVO? Não! E é por isso que o movimento é tão democrático. Ser um maker não é necessariamente ser um inventor, é só ser alguém que decidiu sair da inércia - um maker pode ser alguém que resolveu um grande problema, que criou um grande projeto, que teve uma grande ideia ou, simplesmente, alguém que pensa de uma forma que ninguém nunca pensou. Como já dito antes, a principal revolução oferecida pelo Movimento Maker é a de mentalidade, o grande propósito é mudar como as pessoas impactam o mundo, é trazer um novo significado às coisas que vivemos, é agir de forma mais engajadora. O primeiro passo para ser um maker é pensar fora da caixa e querer fazer diferente. Não é preciso necessariamente criar algo completamente novo, mas ter criatividade para resolver problemas antigos ou lidar com coisas comuns de uma forma nova. Ser maker é querer, acima de tudo, ser protagonista de uma história: é essencial agir com propósito, fazendo a diferença no meio em que você vive. É incrível pensar em imprimir um projeto em 3D ou produzir um novo software, mas não é preciso ir tão longe, um maker também age com pouco, transforma sua cidade sendo um cidadão mais proativo ou lutando por causas sociais, consegue superar abismos construindo pontes através das pessoas e de suas ideias. O empreendedorismo está diretamente ligado à vontade de impactar o mundo: grandes negócios nasceram da vontade de contribuir com a humanidade e de tornar um mundo melhor. Pensando nisso, a cultura maker está chegando nas escolas. A intenção é ensinar as crianças a amar o que elas fazem, despertando o espírito fazedor e a vontade de mudar o mundo à sua volta usando sua própria criatividade. Se pensar em realizar tudo isso parece uma ideia otimista demais, a maker Gabriela Agustini é a prova de que é possível. Gabriela se formou em jornalismo e desde que saiu da faculdade sabia que ia trabalhar com tecnologia, desenvolvendo diversos projetos de empreendedorismo, cultura digital e economia criativa e hoje é uma das principais personalidades do movimento no Brasil. Apaixonada pela área, Gabriela fundou o Olabi Makerspace, um laboratório de inovação e tecnologia, que, além de oferecer a estrutura física, é um espaço de troca de ideias e experimentação criativa, trabalhando


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> THIAGO JUCÁ

projetos que impactem o mundo. Além disso, Gabriela é uma das autoras do livro “De baixo para cima”, que fala de como a periferia tem se apropriado da tecnologia para se desenvolver. Heloísa Neves é outro exemplo transformado pelo movimento maker. Heloísa diz que decidiu tirar um ano sabático porque queria pensar menos e fazer mais, participou do Fab Academy no Fab Lab Barcelona e voltou de lá uma fazedora: ela é uma das criadoras da We Fab, que presta consultoria para makers e fab labs. Heloísa acredita que o movimento maker precisa, antes de mais nada, de uma mudança cultural para unir indústria e tecnologia: “Uma precisa da outra. E espero que ambas também se conectem com a inovação, tema de extrema relevância para indústria nos dias de hoje. A indústria certamente precisa se reinventar para sobreviver num mundo em constante transformação. Porém, se agarrar à tecnologia pela tecnologia sem que haja mudança de cultura das pessoas que trabalham nela, não funciona”. Para ela, é preciso que essa mudança ocorra inclusive dentro do universo corporativo. Quando falamos sobre mobilidade, Heloísa reconhece a importância das empresas automotivas se empenharem em acompanhar essa nova realidade em que é preciso deixar de pensar em fabricar carros e pensar em como as pessoas querem se locomover pela cidade e como elas mesmas têm resolvido esse problema - um pensamento que empresas como o Google e a Tesla já desenvolveram. Thiago Jucá é outro exemplo de maker que está transformando a vida das pessoas: o engenheiro mecatrônico despertou em si o espírito empreendedor e decidiu começar a produzir próteses em impressoras 3D. Durante a faculdade, Jucá criou a Treko, em São Paulo, uma empresa que produz as impressoras 3D e

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> PEPI E SUA PRÓTESE FEITA EM IMPRESSORA 3D

oferece o espaço para desenvolvimento de projetos. Em uma impressora construída por ele mesmo, fabricou uma prótese para o braço do menino Pepi, de apenas 11 anos. As próteses da Treko custam em média R$ 350, enquanto as mais baratas produzidas pela indústria custam em torno de R$ 1.500 - essa diferença é muito relevante, principalmente para próteses infantis, pois o ritmo de crescimento das crianças exige mais adaptações, o que ficaria muito caro se dependessem das próteses comuns.

Ser maker não é só construir protótipos e frequentar espaços colaborativos, para ser um fazedor é preciso assumir uma nova postura como cidadão, encarando sua própria existência com propósito e buscando trazer ao mundo um impacto positivo: querer fazer a diferença é o primeiro passo.

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"A Mary Kay já tem mais de 1 mil carros circulando pelo Brasil e 11 mil pelo mundo que, juntos, já rodaram mais de 6,5 bilhões de quilômetros." Luana Batista - gerente sênior de reconhecimento Mary Kay

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QUANDO O MARKETING TAMBÉM É FROTA

Como o case da Mary Kay tornou-se um ícone de mercado e transformou os carros cor-de-rosa em um sonho de suas revendedoras

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A marca de maquiagens Mary Kay nasceu do sonho de Mary Kay Ash. A americana se aposentou depois de 25 anos trabalhando com sucesso no setor de vendas diretas, mas tinha em si a inquietação de ter visto durante anos homens que ela mesma treinou crescendo mais rapidamente nas companhias. Mary Kay Ash fez então uma lista do que era bom e do que era ruim nas empresas em que tinha trabalhado e decidiu a partir dali abrir sua própria companhia. Assim nasceu a marca - agora multinacional - focada em valorizar o universo feminino, que chegou ao Brasil em 1998. Determinada a criar uma marca que representasse as mulheres e combinasse com as suas maquiagens, Mary Kay propôs a um vendedor de Cadillacs um desafio: ela queria um carro cor-de-rosa. Apesar do esforço do dono da concessionária em fazê-la abandonar a ideia, a empreendedora não desistiu e conseguiu ter o seu Sedan de Ville 1968 customizado. O que parecia um capricho tornou-se um ícone da marca no mundo todo, com a criação do prêmio “Troféu sobre rodas”, que pode ser conquistado pelas Diretoras de Vendas Independentes. É difícil alguém nunca ter visto um carro cor-de-rosa passeando por aí. A gerente sênior de reconhecimentos e eventos especiais da Mary Kay, Luana Batista, conta que a Mary Kay já tem mais de 1 mil carros circulando pelo Brasil e 11 mil pelo mundo que, juntos, já rodaram mais de 6,5 bilhões de quilôme-

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tros. A companhia reconhece sua força de vendas com várias marcas, como Mercedes, BMW, Ford, GM, Alfa Romeo. Além disso, os modelos mudam de acordo com os países nos Estados Unidos, Canadá e México, o “Troféu sobre rodas” ainda é um Cadillac; na China, na Rússia e na maioria dos países europeus é uma Mercedes-Benz; na Espanha, o troféu é um Mini Cooper e, no Brasil, as Diretoras de Vendas Independentes são reconhecidas com um Chevrolet Cobalt. Além do “Troféu sobre rodas”, as Diretoras de Vendas Independentes podem ganhar o “Troféu dos sonhos”, que é um prêmio em dinheiro destinado para realizar qualquer sonho ou que também pode ser revertido em um carro customizado. O “Troféu sobre rodas” é um dos principais prêmios da empresa e é um incentivo à toda a equipe de vendas independentes. A companhia tem uma área responsável somente pelo Reconhecimento, que é quem cuida da administração desses carros: as Diretoras de Vendas Independentes recebem o direito de circular com os carros rosas por um determinado período de tempo, que pode ser renovado. Os carros se tornaram a imagem da marca, e, portanto, a sua circulação pelas ruas exige alguns cuidados especiais, principalmente em relação à segurança. Além de possuir a Carteira Nacional de Habilitação, as diretoras que têm o direito de utilizar os carros precisam dirigir de forma consciente e seguir as regras de trânsito: quando alguma lei é infringida, a motorista recebe advertências e pode perder o direito de dirigir o carro. A frota dos 11 mil carros cor-de-rosa é o sonho de Mary Kay Ash realizado. Possibilitar esse prêmio fortalece os valores da marca, incentivando o empoderamento feminino e mostrando às forças de vendas que através do esforço é possível tornar um sonho em realidade.

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POR ANA LUIZA MORETTE

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> CLÓVIS DE BARROS FILHO

COMO DESENVOLVER A RESILIÊNCIA PODE NOS AJUDAR A CRIAR PROFISSIONAIS MAIS CAPAZES E COMPETITIVOS

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á um antigo provérbio japonês que diz que “o bambu que se curva é mais forte que o carvalho que resiste”, isso diz respeito à capacidade do bambu curvar-se durante um vendaval, mas voltar ao normal depois dele, enquanto o carvalho não se move, mas pode quebrar a qualquer momento. Na física, o nome da capacidade de um material voltar à sua forma original depois de ser submetido a uma adversidade é resiliência. Isso é possível porque toda a energia produzida pela adversidade é acumulada e dissipada depois, permitindo que o objeto se recupere.

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O indivíduo que tem condições de "encaixar o golpe" e reagir no sentido da resolução de problemas é um indivíduo muito valioso para as corporações.

A resiliência, no entanto, não existe somente na ciência. Ela está presente em como enfrentamos as situações difíceis que precisamos passar. É a capacidade de não nos deixarmos abater por uma demissão ou o término de um relacionamento, por exemplo. Não é sobre não sentir a tristeza ou os sentimentos que essas situações nos proporcionam, mas sobre nossa reação à eles, não deixando que eles nos afetem no futuro. O professor e doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da USP, Clóvis de Barros Filho, explica que a resiliência é a combinação de um preparo afetivo, de suportar agressões e não se deixar abater, de procurar as melhores soluções para a resolução daquele problema e, portanto, a eliminação daquela tristeza. É fato que, para ser um resiliente, é preciso passar por dificuldades. Realizar tarefas fáceis, pouco trabalhosas e sem chances de fracasso nos exigem pouquíssima capacidade de reação. Segundo Clóvis de Barros Filho, as pessoas que sempre tiveram tudo de mão beijada não sabem lidar com dificuldades e acabam se deixando abater. Para ser resiliente, é preciso sofrer e compreender o motivo daquele sofrimento: revoltar-se sem enxergar o que gerou o problema nos impede de reagir da forma correta à ele. Com resiliência, a tensão do ambiente deixa de gerar desconforto e passa a gerar vontade de crescer diante daquele desafio. No mercado de trabalho, as pessoas resilientes se destacam, isso é o que diz o professor da ECA-USP. “O indivíduo que tem condições de 'encaixar o golpe´ e reagir no sentido da resolução de problemas é um indivíduo

muito valioso para as corporações”. Mas desenvolver a resiliência pode ser um trabalho conjunto entre o colaborador e a empresa. Clóvis explica que desenvolver o sentimento de grupo dentro da empresa ajuda. “Quanto mais o colaborador se sentir parte integrante, se sentir membro do grupo, e isso do ponto de vista de reconhecimento, de emoções, no sentido de se entristecer com as derrotas do grupo e se alegrar com as vitórias, é melhor. Eu falo isso também no sentido de valores. É aquele indivíduo que cultua os valores do grupo e considera isso os valores valiosos e fundamentais para o sucesso do coletivo”. Esse pensamento, remete a uma outra característica da resiliência: não é preciso encarar as adversidades sozinho. Deixar de encarar o fracasso como algo pessoal e vê-lo como consequência de uma ação que pode interferir na vida de mais pessoas ajuda a compreender o porquê da dificuldade e a extrair disso um aprendizado. Pensando com as outras pessoas afetadas, é possível unir forças estratégicas capazes de superar a adversidade, obtendo de algo negativo um retorno positivo. É preciso perceber a diferença entre resistência e resiliência: resistir é um quesito para ser resiliente, mas não pode ser o único. Quando somos apenas resistentes, não nos dobramos diante de uma dificuldade e, sem nos dobrar, é difícil sentir e extrair um aprendizado desse sentimento. Na vida profissional, as pessoas que são somente resistentes tendem a serem menos competitivas: isso porque se conformam diante dos desafios, impedindo que eles projetem em si alguma mudança.

As pessoas que sempre tiveram tudo de mão beijada não sabem lidar com dificuldades e acabam se deixando abater.

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POR KARINA CONSTANCIO

UM NOVO FUTURO DE MOBILIDADE

Como as novas tecnologias estão revolucionando o mundo e a maneira como as pessoas se deslocam nas cidades

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ocê já parou para pensar o quanto evoluímos nos últimos anos? A tecnologia está revolucionando a maneira como a gente aprende, trabalha, se relaciona com o outro, interage com os espaços urbanos, e está impulsionando um novo capítulo na história da mobilidade. O verbo no gerúndio é proposital, afinal, essas transformações não param, é um aplicativo novo que permite o compartilhamento de carros, uma nova plataforma de bikesharing, um sistema que facilita a carona, e, quando achamos que está tudo tranquilo, somos bombardeados pelas últimas inovações em veículos autônomos e, pasmem, os primeiros avanços para o desenvolvimento de carros voadores. Pode até parecer ficção científica, mas tudo isso está acontecendo agora. Especialistas preveem que por volta de 2020 a indústria automobilística começará a ser desmobilizada porque as pessoas não necessitarão mais de carros próprios. Isso porque os carros autônomos prometem sair da fase de testes e ganhar o mercado mundo afora já em 2018. Aliás, o Uber já têm uma frota de veículos autônomos circulando em Pittsburgh e em São Francisco, nos Estados Unidos. O mesmo Uber que há 7 anos colocou todo um setor de cabeça para baixo ao instituir um novo serviço de mobilidade, um fenômeno que ultrapassou o setor automotivo e culminou na criação de um novo conceito econômico que conecta prestadores de serviços a clientes. Fomos espectadores da "uberização" do mundo e esse é apenas um exemplo da chamada "revolução dos pequenos". Empresas líderes de mercado estão sendo desafiadas por pequenas empresas de "garagem", geralmente fundadas por jovens visionários engajados em oferecer soluções disruptivas e com alto potencial de inovação. Um mercado de bilhões de dólares que fica atrás de pequenos ícones em telas de smartphones. Airbnb, Netflix e Nubank são outros exemplos. “Essas companhias com base na internet e em aplicativos criam plataformas que conectam compradores e vendedores de bens, trabalho e

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serviços, deixando de fora qualquer intermediário de uma forma nunca antes possível”, definiu o pesquisador norte-americano Steven Hill no livro Raw Deal: How the “Uber Economy” and the Runaway Capitalism is Screwing American Workers. Quando o assunto é mobilidade e inovação, não podemos deixar de citar a Tesla, montadora do Vale do Silício que está empenhada em revolucionar ainda mais o mundo dos automóveis. Comandada pelo visionário Elon Musk, a empresa está investindo pesado em tecnologia de autodriving e trazendo inovações significativas para o mercado de carros elétricos (como aqueles pontos de recarga no meio das estradas que ela mesmo resolveu montar). Com isso, está movimentando o setor e já vale mais do que a gigante Ford. O negócio é que Musk não quer parar por aí. Ele anunciou recentemente seu novo plano: criar um novo sistema rodoviário de túneis para aliviar o trânsito de grandes cidades. Consegue imaginar isso? De acordo com ele, a velocidade poderia chegar a até 200 km/h, reduzindo para 6 minutos um trajeto que normalmente seria feito em 50 minutos. É claro que para tirar isso do papel seria necessário um grande investimento em infraestrutura, mas Musk é famoso por colocar em prática projetos ambiciosos. Até o momento ele vem conseguindo com sucesso.

"Essas companhias com base na internet e em aplicativos criam plataformas que conectam compradores e vendedores de bens, trabalho e serviços, deixando de fora qualquer intermediário de uma forma nunca antes possível". Steven Hill pesquisador norteamericano

NOVOS CAMINHOS DE MOBILIDADE Empresas de tecnologia também estão surfando nessa nova onda de mobilidade. O Waymo, projeto que surgiu das ideias de carros

> VEÍCULO AUTÔNOM0 UBER

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"Nossos jovens estão cada vez mais inclinados a abrir mão de ter a propriedade de um carro, preferindo vivenciar esse movimento do compartilhamento". Reynaldo Saad sócio-líder da área de Bens de Consumo e Produtos Industriais da Deloitte Brasil

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autônomos do Google, já tem 600 veículos rodando nos Estados Unidos e já ultrapassou a marca de 4,5 milhões de quilômetros percorridos. Além disso, a Alphabet, empresa proprietária do Google, anunciou em maio deste ano uma parecia com a Lyft para a criação de carros autônomos compartilhados. A Apple também está seguindo o mesmo caminho e, desde abril deste ano, está autorizada a testar seus veículos autônomos na Califórnia. Uma outra empresa que está crescendo no Vale do Silício, a OSVehicle, lançou recentemente o primeiro carro autônomo modular do mundo, o EDIT. Isso significa que, a partir de agora, qualquer empresa pode adquirir o veículo, que é feito de uma plataforma totalmente adaptável, customizar suas especificações e produzir suas próprias versões de carros autônomos, com menos tempo e investimentos. "A OSVehicle está quebrando barreiras e empoderando os empreendedores a criar novos projetos e startups pela primeira vez na indústria automotiva", ressaltou Yuki Liu, cofundadora e COO da OSVehicle. Com todo esse cenário de transformação, as montadoras não poderiam se contentar com o papel de espectadoras do futuro. Pelo contrário, as gigantes do setor automotivo já perceberam o movimento do novo mundo e estão concentrando seus esforços para se tornarem provedoras de mobilidade. Ford, GM, Audi, Volvo e BMW possuem projetos que vão desde o desenvolvimento de carros autônomos e elétricos, até serviços de carsharing, soluções de caronas e outros projetos disruptivos de mobilidade. Esse é o caminho apontado por especialistas. De acordo com Lukas Neckermann, expert em mobilidade alternativa, a sociedade está caminhando rumo a três zeros: zero acidentes, zero emissões e zero posses. Isso significa que a maneira como a gente se relaciona com o carro vai mudar (e, na verdade, já está mudando). Um levantamento da Deloitte mostra que, dentre os brasileiros que utilizam

serviços de veículos compartilhados para se locomover, 55% questionam a necessidade de ter seus próprios carros. Essa tendência é ainda mais evidente quando considerada apenas a opinião dos mais jovens, que pertencem às chamadas gerações Y e Z: 62% deles consideram dispensável possuir um veículo no futuro. “Nossos jovens estão cada vez mais inclinados a abrir mão de ter a propriedade de um carro, preferindo vivenciar esse movimento do compartilhamento, o que é um indicativo muito importante da tendência futura de consumo. Cabe à indústria automotiva acompanhar muito de perto essa nova realidade”, disse Reynaldo Saad, sócio-líder da área de Bens de Consumo e Produtos Industriais da Deloitte Brasil, em entrevista para o site IT Fórum 365.

INOVAÇÃO QUE CHEGA ATÉ O CÉU Outro grande avanço desse cenário de mobilidade está no uso de drones para entregas, como é o caso da Amazon, e até para transportes de passageiros. Parece loucura? Mas é realidade. Em Dubai, drones autônomos vão prestar serviços de transporte individual a partir de julho. O EHang 184 parece um pequeno helicóptero e foi desenvolvido para percorrer distâncias curtas, com bateria de 30 minutos e autonomia de 50 km. A velocidade máxima é de 160 km/h, mas a operação será feita, em média, a 100 km/h. Para andar no drone, basta entrar na aeronave e informar o destino no painel da cabine. Segundo o site Tecnoblog, o EHang 184 pode decolar, voar e pousar sozinho, sem a ajuda de humanos, mas os drones se comunicarão com uma sala de controle por 4G para evitar que algo dê errado. Além disso, o próprio veículo tem sensores para desviar de obstáculos no meio do caminho, como prédios, árvores, postes ou mesmo outros drones. Se isso já pode parecer algo muito inovador, você vai se surpreen-


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> DRONE DE ENTREGA DA AMAZON

> VEÍCULO AUTÔNOM0 MODULAR EDIT

der com a nova opção de mobilidade que está sendo estudada pelas empresas do segmento. Prepare-se para a chegada dos carros voadores. É isso mesmo, o próprio Uber prometeu os primeiros veículos voadores até 2020. O projeto-piloto será colocado em prática em Dallas e Dubai, através de uma parceria que envolve empresas do ramo de aviação, abastecimento elétrico e algumas imobiliárias. E o Uber não é o único. A unidade da Airbus no Vale do Silício está desenvolvendo um táxi voador, com o objetivo de melhorar o trânsito nas grandes cidades e entregar tecnologia de ponta para os passageiros. Aliás, eles também são donos de um projeto revolucionário que pretende unir carro, drone e metrô.

NOVO MUNDO JÁ CHEGOU

> DRONE DE TRANSPORTE AÉREO

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"Hoje, a nossa solução se encaixa tanto para uma padaria que quer oferecer esse transporte para o seu padeiro na madrugada, quanto para uma grande corporação". Luisa Aguiar Head de Vendas da Cabify no Brasil

Se as novidades até agora parecem distantes para você ou para sua empresa, vale destacar que aqui no Brasil há gente engajada em fazer a diferença e construir um novo mundo por meio da mobilidade. Para se discutir isso é importante deixar claro que a mobilidade não deve ser analisada pela ótica do modal e sim do serviço. "O que temos que refletir é em como gerar serviços que conectem as pessoas de maneira mais segura, eficiente e sustentável", ressaltou Flavio Tavares, diretor de marketing e vendas da GolSat e fundador do Instituto PARAR. A Cabify, por exemplo, é uma companhia de origem espanhola que tem o conceito similar ao do Uber, conectando motoristas a passageiros através de um aplicativo para celular. Atualmente, eles estão em oito cidades do Brasil: São Paulo, Santos, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Brasília; e, recentemente, anunciaram a chegada de uma nova modalidade de serviço, a Cabify Corporate, na capital do Paraná. A nova categoria tem o objetivo de oferecer uma opção de mobilidade mais econômica às empresas. "Hoje, a nossa solução se encaixa

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tanto para uma padaria que quer oferecer esse transporte para o seu padeiro na madrugada, quanto para uma grande corporação", revelou Luisa Aguiar, Head de Vendas da Cabify no Brasil. Dentro desse perfil, eles possuem dois tipos de clientes, aquele que oferece essa opção dentro do budget para o colaborador, e ele pode solicitar o reembolso da corrida, e aquele que tem frota. "Nós já temos cases de clientes que estão devolvendo o leasing de veículos e ficando apenas com a Cabify, tanto pelo custo quanto pela ociosidade que tinha essa frota", comentou. A expectativa é que até o final de 2017, 40% do faturamento da Cabify Brasil venha do segmento corporativo. Já para resolver o problema dos milhões de assentos vagos nas cidades brasileiras - estima-se que apenas em São Paulo haja 40 milhões de assentos vagos em carros individuais -, surgiu o Bynd, empresa paulista que quer fazer com que pessoas que moram e trabalham perto umas das outras possam dividir o carro. O modelo de negócio do Bynd não cobra nada do motorista e nem de quem pegar a carona. São as próprias empresas que pagam um valor mensal para utilizar a plataforma. "Os usuários ainda podem reverter seus compartilhamentos em pontos no Multiplus. Para os motoristas, quanto mais eficiente for o seu carro, ou seja, quanto mais

COMO VOCÊ IMAGINA O FUTURO DAQUI A 30 ANOS? – POR Ana Luiza Morette

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espaços livres estiverem ocupados, mais pontos ele ganha", destacou Gustavo Gracitelli, cofundador do Bynd. Atualmente, são mais de 20 mil colaboradores cadastrados na plataforma compartilhando seus trajetos. Através do Bynd, também é possível trocar carona com colaboradores de outras empresas e que também estão na plataforma. "Isso é essencial para transformar a carona em um modal", disse Gracitelli. Todas essas soluções exigem uma mudança de mindset extremamente necessária para aqueles que querem acompanhar o movimento desse novo mundo. Quando se fala em bicicletas, a Bora Bike tem uma solução interessante e que, assim como as outras alternativas citadas, pode já ser colocada em prática dentro das empresas. O aplicativo faz do ato de pedalar um jogo e oferece prêmios para os colaboradores que optarem por fazerem seus trajetos de bicicleta. "O ciclista ganha muito, principalmente em qualidade de vida, mas para a empresa também é muito interessante. Além da redução de custos com estacionamento e vale-transporte, o colaborador se torna um profissional mais produtivo, mais concentrado e com maior disposição. Isso traz um impacto muito positivo para a empresa", afirmou Fabia Barbieri, cofundadora da Bora Bike.

Carros voadores, seres humanos superevoluídos, aviões supersônicos, celulares respondendo por telepatia, computadores minúsculos com memórias infinitas, camêras fotográficas que registram cada detalhe, robôs realizando as tarefas que nos parecem difíceis e tediosas: é assim que você imagina o mundo daqui 30 anos? Um mundo evoluído através da tecnologia ou a tecnologia evoluída conforme a evolução do ser humano? É impossível separar os dois. Hoje, em 2017, vemos uma sociedade cada vez mais dependente da tecnologia; dependemos de nossos carros, smartphones, computadores e televisores. A verdade é que, se evoluirmos como evoluíram nossos antepassados (e iremos!), esse jogo virará. O mundo vai evoluir pelas nossas mãos e pelas nossas ideias, com a tecnologia como nossa maior aliada, mas como resultado da evolução do ser humano.Aprendemos cada dia mais a dominar a ciência e transpor nela nossas ideias. O mundo viverá em função de uma engenharia avançada no futuro, não porque fomos incapazes de fazer pelas nossas mãos, mas porque usamos nosso poder para conquistar toda a técnica e usá-la a nosso favor. Veja, talvez os carros não voem, mas serão centenas de vezes mais seguros – mesmo que isso signifique não ter potências inimagináveis: vamos aprender a valorizar

a vida em primeiro lugar. Aprenderemos a melhor forma de usar a natureza sem precisar destruíla: entenderemos, de uma vez por todas, que ela nos oferece recursos incríveis e que precisamos conservá-la. As doenças incuráveis que mataram centenas de pessoas ao longo de todos esses anos deixarão de ser “incuráveis”: vamos entender o quanto é importante lutar pelas causas que também não nos são particulares, mas que interferem na vida de pessoas – ainda que a quilômetros de distância. O mundo não vai virar uma pilha enorme de lixo, nossos recursos não vão se esgotar, as guerras não vão dominar o mundo. Nossa realidade vai mudar, é verdade, mas não porque nos tornamos escravos de um tecnologia que nos emburrece. O ser humano vai desenvolver sua inteligência a fim de usá-la a nosso favor, formando pessoas e incentivando ideias que reforcem que o mundo é nossa casa – e precisamos cuidar dele – e que precisamos uns dos outros saudáveis e seguros, porque nosso maior desafio vai ser também nosso maior prêmio: evoluir juntos, ajudando uns aos outros a pensar num mundo melhor, construído e, se preciso, reconstruídos graças a nós e para nós. É responsabilidade de todos e está em nossas mãos.


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POR GIOVANNI PORFÍRIO

MOBILIDADE E ECONOMIA SOBRE DUAS RODAS

Os triciclos são uma alternativa para quem quer gastar menos e andar mais

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a moto um serviço perigoso, anti-higiênico e que não presta m nicho ainda pouco conhecido no Brasil, o merum serviço adequado à população. “Quando está chovendo a cado de triciclos vem se tornando uma alternativa moto não funciona. Ela não leva um idoso ou uma criança, e para pequenos e médios empresários que buscam então, eles regulamentaram o triciclo como principal meio um veículo barato capaz de transportar muita carde transporte das pessoas da periferia. No Brasil, como não ga. Com foco em difundir esse segmento no país, a Motocar existia triciclo, o governo regulamentou o mercado de moto abriu, há 5 anos, uma fábrica na Zona Franca de Manaus para para fazer esse serviço. Aqui, a modalidade se inverte: 70% dos produzir seus triciclos. Atualmente, ela conta com mais de 100 modelos vendidos são para carga e apenas 30% para passageicolaboradores. Para Carlos Araújo, diretor de vendas da comros. A tendência é que o uso para o transporte de passageiros panhia, esse é um mercado ainda inexplorado e desconhecido vá aumentando assim que as prefeituras no Brasil. “Nós ainda não conhecemos o forem regulamentando o uso do triciclo potencial desse mercado no país, pois o triNós ainda não para esse trabalho”, ponderou. ciclo é pouco explorado e conhecido pelas empresas. O que nós olhamos, hoje, é para conhecemos o potencial o mercado de furgões pequenos. Por quê? desse mercado no país, USO NA FROTA CORPORATIVA Nós entendemos que o cliente que compra Quando se fala em frota corporativa, o pois o triciclo é pouco o furgão pequeno é um potencial cliente triciclo é sinônimo de economia. Só para explorado e conhecido do triciclo com baú. Mas também acreditase ter uma ideia, o custo por quilômetro mos que o segmento pode ter um potencial rodado é três vezes menor do que um vepelas empresas. ainda maior do que isso”, revelou. A comículo comercial leve. Além disso, de acordo panhia produz 80 unidades por mês. com Araújo, um triciclo chega a levar 70% O mercado de triciclos já existe em países asiáticos e sul-ameda carga que um veículo comercial carrega e faz, em média, 25 ricanos. Lá fora, o uso desses veículos tem uma característica quilômetros com um litro de combustível, enquanto um utilium pouco diferente: 70% das vendas são feitas para transportário faz apenas 9 quilômetros. Isso pode ser uma solução mais te de passageiros, uma vez que os serviços de mototáxis não eficiente para a frota corporativa. “Se uma empresa possui um são homologados. Segundo Araújo, os governos consideram veículo comercial leve e não usa a capacidade total dele pra fa-

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"Aqui no Brasil, a modalidade se inverte: 70% dos modelos vendidos são para carga e apenas 30% para passageiros". Carlos Araújo - diretor de vendas da Motocar

zer suas entregas, o triciclo passa a ser uma alternativa de redução de custo na frota”, destacou. Todo o projeto atende à legislação exigida pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) e DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito). A empresa fabrica duas versões, uma para carga e outra para passageiro. Os preços dos veículos variam de 22 a 25 mil reais, e suportam uma carga de até 350 kg. Todos possuem cinto de segurança e são os únicos fabricados com chassi desenvolvido especificamente para triciclos. O modelo lançado este ano, por exemplo, já possui injeção eletrônica. Para pilotar o veículo no Brasil, basta ter carteira de habilitação de moto. A expectativa de crescimento da Motocar nos próximos anos, tanto para transporte de passageiros quanto de carga, é grande. Mesmo com a crise, a Motocar vem crescendo. Em números, no ano passado, a empresa vendeu 2 mil unidades; já em 2015, foram 1,2 mil unidades e, em 2014, 600 unidades. A expectativa para esse ano é vender 2,5 mil unidades, 20% a mais que em 2016. “Nós temos um plano de crescimento ano a ano e acreditamos que ele será acompanhado do aumento da nossa rede de concessionárias e também com o maior conhecimento dos frotistas de que existe essa solução”, afirmou o diretor de vendas. Recentemente, a Motocar contratou a empresa Novo Rumo para ajudá-los a expandir no mercado frotista.“Queremos que as empresas testem os triciclos na sua operação para fazer um comparativo com os veículos de carga, e, assim, chegar à conclusão se é mais vantajoso ou não ter um triciclo do que um veículo comercial leve”, disse Carlos Araújo. Hoje, a Motocar atende diversos públicos “Nós atendemos dos mais variados segmentos, como pequenos varejistas, consumidores de materiais de construção, redes de supermercados e até food trucks. Qualquer empresa que precisa fazer um delivery, é um potencial cliente da Motocar”, revelou.

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Triciclos pelo mundo 1 No Peru, sobretudo por causa do uso para transporte de passageiros, vende-se 80 mil triciclos por ano. 2 Na Europa, quem possui habilitação de carros há mais de três anos adquire equivalência para pilotar triciclos de até 20 cavalos de potência. No Brasil, basta a habilitação de motos para dirigir o veículo. 3 Na Índia, são produzidos 2 milhões de triciclos por ano destinados, principalmente, ao mercado de passageiros. 4 Na China, o número de triciclos produzidos por ano chega a 1.5 milhões. Eles são destinados, principalmente, ao mercado de cargas.

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START FOI DADA PARAR LANÇA O MAIOR CURSO DE FORMAÇÃO DE A LARGADA! CONDUTORES CORPORATIVOS DA AMÉRICA LATINA Com o propósito de ajudar a construir um trânsito mais seguro e garantir com que as pessoas voltem em segurança para casa depois de um dia de trabalho, o Instituto PARAR deu a partida no maior curso para condutores corporativos da América Latina, o PFC (Programa de Formação de Condutores). O curso tem uma proposta inovadora. É totalmente online, interativo e gameficado, e tem o objetivo de desenvolver técnicas, habilidades e atitudes necessárias à prática de direção defensiva e preventiva, de forma responsável e solidária. Durante o curso, os alunos que mais se destacarem nas atividades propostas serão reconhecidos com diversas premiações e o grande campeão será contemplado com um automóvel 0 km. Ao final, os motoristas aprovados receberão o selo CFD - Certified Fleet Driver. Outro grande diferencial do curso é o grupo de professores, composto por quem tem conhecimento prático na área e ampla experiência no assunto. Entre os nomes ilustres estão: Cesar Urnhani, piloto de testes e apresentador do Auto Esporte (Rede Globo), Ingo Hoffmann, o maior campeão da história da Stock Car no Brasil, Luciano Burti, ex-piloto da Fórmula-1 e da Stock Car e comentarista de Fórmula-1 da Rede Globo, Helena Deyama, piloto considerada a lenda do off-road brasileiro, Denis Marum, engenheiro mecânico, especialista em automóveis e colunista do G1 - O Portal de Notícias da Globo, Ordeli Savedra Gomes, tenente-coronel da Reserva da Brigada Militar/RS e autor do livro Trânsito de A a Z, Renato Cobra, especialista em Fisiologia do Exercício e responsável pelo treinamento de atletas como o piloto Ricardo Maurício (Fórmula Ford e Stock Car), e Dr. Dirceu Rodrigues, diretor de comunicação do Departamento de Medicina de Tráfego

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Ocupacional da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego). Estudos mostram que a formação tradicional para obter a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) ainda é deficitária e os próprios números do nosso trânsito refletem isso. Segundo a ABRAMET, 93% dos acidentes são causados por negligência humana, ou seja, poderiam ser evitados por uma melhor prática por parte dos motoristas. Quando se fala no mercado corporativo, responsáveis por 5 milhões dos veículos que circulam no Brasil, esse dado é ainda mais preocupante. "É uma responsabilidade das empresas treinarem e profissionalizarem esses condutores. O PFC pretende atuar exatamente neste cenário, ajudando as companhias a disseminarem a cultura de segurança e a transformarem o comportamento dos seus condutores", explica Flavio Tavares, fundador do Instituto PARAR. Todos os módulos e atividades do curso foram elaborados com a ajuda do piloto e comunicador Cesar Urnhani, coordenador de conteúdo do PFC. Para ele, o programa funciona como uma especialização para o motorista profissional. "O PFC é um convite para que esses condutores participem de um grupo seleto de pessoas que não tem problema com o trânsito nem com multa e que tem um índice de sinistralidade muito baixo. Isso faz com que a empresa tenha uma performance muito boa e, o mais importante, que o motorista tenha uma qualidade de vida na condução do veículo", destacou.

As matrículas para a primeira turma do PFC já estão abertas e a expectativa é formar 10 mil condutores ainda neste ano. Mais informações em: www.institutoparar.com.br/pararpfc


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MÓDULO 01 | SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR TÓPICOS: Segurança no banco de frente, no banco de trás e crianças (cadeirinha) A pirâmide de Frank Bird Ajuda no trânsito: Os agentes de trânsito, ambulâncias e bombeiros Condições adversas: chuva, neblina e noite. Infrações gravíssimas mais comuns.

MÓDULO 05 | PILOTAGEM II TÓPICOS: Balizas à esquerda e à direita Ultrapassagens Intersecções Conversão Rotatória Dirigir na cidade x dirigir na estrada Embreagem Aclive e declives Freio de mão.

PROFESSORA: Helena Deyama Nós, pilotos, temos que compartilhar nossas experiências. No PFC, nós não vamos ensinar os condutores a dirigir (até porque eles já sabem), mas passar experiências muito importantes que vão fazer diferença em suas vidas.

MÓDULO 02 | AMBIENTE, CONDUTOR E SOCIEDADE TÓPICOS: Quem divide o trânsito comigo? | Relação com pedestre, bicicletas, outros veículos e transporte público | Relação com animais e meio ambiente | Agentes de trânsito, ambulâncias e policiais O impacto da direção na saúde do condutor Distrações (celular, álcool, sono e estresse) Quanto custa um carro mensalmente.

PROFESSORES: Renato Cobra e Dr. Dirceu Rodrigues Alves

MÓDULO 06 | CONDUÇÃO EFICIENTE TÓPICOS: A diferença do carro 1.0, 2.0, 3.0 e outros Planejamento de rotas Rodízio de pneus Subindo e descendo a serra Durante o engarrafamento Escolhendo o combustível certo Impactos do uso do ar condicionado.

PROFESSORES: Cesar Urnhami

MÓDULO 03 | O VEÍCULO TÓPICOS: Sistemas de Direção, Freios, Combustão, Lubrificação, Arrefecimento, Transmissão, Suspensão, Amortecedor, Eletricidade, Motor de partida, e Pneus Manutenção Itens de segurança (ABS, ESC, Airbag, capacete, faróis, etc.).

PROFESSOR: Denis Marum

MÓDULO 04 | PILOTAGEM I TÓPICOS: Atrito Manutenção Inércia, aceleração e frenagem Perda de estabilidade e rotação Progressão das marchas Antecipação de riscos Excesso de velocidade Situações adversas (derrapagem, capotamento, aquaplanagem) Como e por que segurar o volante da forma correta.

MÓDULO 07 | ACIDENTES TÓPICOS: O que fazer em situações complexas | Freadas bruscas | Derrapagens | Mal funcionamento | O freio motor A regra do queijo suiço Em caso de emergência | Sinalização do local | Quem contatar | O que não fazer | Procedimentos legais após o acidente ( seguro, trânsito, ect.).

PROFESSOR: Luciano Burti Todo conhecimento, todas informações e qualquer forma de conscientização dos motoristas é fundamental para a segurança de uma sociedade. Esse será o foco do PFC.

PROFESSOR: Ingo Hoffmann Uma das maiores causas de acidentes é a falta de reciclagem. Isso mostra o quanto é importante o motorista estar consciente quanto às mudança de leis de trânsito, entender o que está acontecendo em relação aos avanços tecnológicos dos carros e, mais do que isso, saber usá-los a seu favor para dirigir com mais segurança. É isso que pretendemos disseminar no curso.

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MÓDULO 08 | LEGISLAÇÃO TÓPICOS: Legislação de trânsito Direção defensiva Primeiros socorros Convívio Socioambiental no trânsito Funcionamento do veículo Sinalização Ingrações

PROFESSOR: Oderli Savedra Gomes

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POR PEDRO CONTE

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ANOS DE VISITAS AO PRINCIPAL EVENTO DE GESTÃO DE FROTAS DO PLANETA

PARAR VISITA A NAFA I&E EM TAMPA, NOS EUA, E CONSOLIDA IDEIAS PARA ATIVIDADES NO BRASIL Desde 2013, quando o PARAR Leader Ricardo Imperatriz foi visitar a NAFA I&E em Atlantic City, o cenário da gestão de frotas mudou muito, em todo o planeta. Na época, o PARAR estava apenas engatinhando, mas “já vimos ali um caminho que precisava ser cruzado com as estradas que o PARAR gostaria de seguir”, conta Imperatriz. O evento promovido pela Associação de Gestores de Frotas da América do Norte tem sido, desde então, uma inspiração e uma fonte de parcerias entre o PARAR e os gestores e fornecedores das maiores frotas do planeta. Nesse ano, a NAFA completou 60 anos de existência, dedicando-se a debater um pouco mais sobre como o mercado em que atuamos mudará no futuro. Falou-se muito, durante os dias 25 a 28 de maio, sobre mobilidade, telemetria e, como sempre, redução de custos e adequação da frota aos resultados das organizações como um todo. Daria para encher um peque-

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no livro com o conteúdo de tudo o que vimos por lá. Por isso, vamos dedicar as próximas páginas para tentar passar um pouco da experiência dos 17 participantes da nossa delegação que se aventuraram a desbravar o NAFA I&E 2017 em solo norte-americano.

O FUTURO QUE SE CHAMA CARRO AUTÔNOMO Recentemente, a revista The Economist afirmou que “um mundo cheio de carros autônomos pode parecer difícil de acreditar, mas as gerações que estão por vir vão considerar a era da posse do carro algo ainda mais estranho”. E pudemos atestar durante o evento que os carros autônomos vieram para ficar, pois eles fazem muito sentido do ponto de vista da eficiência e da segurança no trânsito. Mas, espere um momento. “Carros autônomos são seguros?”, você poderia nos perguntar. A resposta é sim. A tecnolo-

gia atual já é muito mais segura do que a opção por carros guiados por motoristas em 100% do tempo. Contudo, para que essa tecnologia seja totalmente eficiente, será preciso que a maior parte dos veículos de uma cidade se tornem autônomos também. Ou seja, partindo do princípio de que teremos carros autônomos, quanto maior a fatia do mercado que eles representarem, mais seguros eles serão. Durante o evento, alguns especialistas indicaram que a opção dos carros autônomos enfrentará uma série de barreiras legais para começar a funcionar em larga escala – e essa talvez seja a parte mais complexa da empreitada dos carros autônomos no mundo. Afinal, quem seria o responsável por um acidente com um carro autônomo de uma frota que atropela um pedestre? O “condutor” do carro, a empresa que contratou o carro autônomo, a montadora do carro, a organização que oferece o serviço de au-


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Comitiva PARAR em visita à frota da cidade de Tampa.

tonomia, o provedor do sistema de GPS, o pedestre que estava fora da faixa ou o governo municipal que não sinalizou adequadamente a área? Trata-se de um emaranhado de responsabilidades que não será resolvido da noite para o dia. Se tivesse que apostar em algo, no entanto, eu diria que isso tudo vai acontecer mais rápido do que a gente imagina. Há inúmeros fatores que apontam para essa direção. Vamos a alguns deles: Lucas Nekermann, especialista em mobilidade e um dos palestrantes da I&E, fez um paralelo com a indústria da aviação durante o evento. Ele conta que o piloto atua em média durante apenas 7 minutos de um voo de 9 horas. E, ainda assim, ele é responsável por 60% dos acidentes em um dos modais mais seguros do mundo.

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O Waymo, projeto que surgiu das ideias de carros autônomos do Google, já tem 600 veículos rodando nos EUA e ultrapassou a marca de 4,5 milhões de quilômetros percorridos. Os carros elétricos nos EUA têm preços que podem ser comparados com os seus competidores em outras categorias. O Tesla Model S custa 70 mil dólares (cerca de 230 mil reais), um valor próximo ao de um Audi A6 naquele mesmo mercado – e já vende mais do que todos os seus concorrentes diretos juntos. Um Toyota Prius sai, também nos EUA, por cerca de 20 mil dólares (66 mil reais, aproximadamente), e também tem conquistado boas vendas no mercado de lá já há alguns anos. O Uber chegou ao Brasil em junho de 2014 e já conquistou espaço nas

grandes cidades brasileiras. Até hoje, a maior parte desses centros urbanos não conseguiu resolver os problemas legislativos acerca do funcionamento do Uber, mas o aplicativo segue em funcionamento e ganhando cada dia mais usuários. Ou seja, nós já utilizamos veículos praticamente autônomos (os aviões), essa tecnologia está disponível para carros (vide o caso do Waymo) e os elétricos entraram em cena com força total (como demonstram Tesla e Toyota). E o caso do Uber nos indica ainda que, nesse mundo tão dinâmico, o movimento mais comum é o da legislação se adequando às mudanças da sociedade e não o contrário. “Todo mercado automotivo terá que se reinventar. Nós estamos saindo do conceito de gerir frotas, para gerir mobilidade. E isso não é uma discussão só de modais, isso é uma discussão essencial de

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serviços e de tecnologia”, comenta Flavio Tavares, PARAR Leader.

A MOBILIDADE DO PONTO DE VISTA DAS LOCADORAS E MONTADORAS O PARAR teve a oportunidade de conversar com três dos principais CEOs de locadoras do planeta durante a I&E – Dan Frank (Presidente da Wheels), Tom Callahan (Presidente da Donlen) e Jeffrey Schlesinger (Presidente da LeasePlan USA). Perguntamos a eles sobre o papel das locadoras e gestoras de frotas nas questões da mobilidade e pedimos que estimassem quanto das receitas deles viriam de serviços como carsharing, por exemplo, daqui a cinco anos. As respostas foram em duas direções contrárias. Na opinião deles, um viés indica que haverá uma penetração limitada dos serviços de compartilhamento na frota como um todo, pois apenas parte da frota se encaixa no perfil de benefícios – que seriam os mais interessados nesse tipo de solução. Para frotas técnicas ou operacionais, a praticidade de ter um veículo sempre à mão, ou a necessidade de customizar

Dan Frank - CEO da Wheels

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veículos para a operação deve ser um obstáculo importante. Por outro lado, já há parcerias (como entre Donlen e Amazon e Donlen e Uber), para que grandes empresas tenham a gestão de suas frotas de sharing coordenada pelas locadoras. Assim, as locadoras atuariam como se as frotas de sharing de uma determinada região ou organização fossem um cliente a mais. Se considerarmos as habilidades e competências de cada um dos envolvidos nesse novo mercado, o que uma empresa como a Amazon sabe de manutenção de carros, por exemplo? Eles vão precisar de parceiros para isso, indicou um dos entrevistados. O papel do gestor de frotas também será mantido, mas passará por grandes transformações. Mesmo num cenário de carros autônomos, veículos elétricos e compartilhamento, ainda estaremos falando de veículos que precisarão ser geridos em termos de gestão, custos, manutenção, reposição e otimização de frota, etc. O interessante é que, nesse contexto de mudança de gestor de frota para gestor de mobilidade, o papel dos envolvidos vai se direcionando cada vez mais para a

Tom Callahan - CEO da Donlen

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área de serviços e se afastando dos produtos físicos. E, nos serviços, a atuação das pessoas cresce, uma vez que a qualidade dos serviços está intimamente atrelada à performance dos seres humanos. Por isso, treinamento, educação e outras formas de formação terão sua relevância aumentada nos próximos anos.

PESSOAS FAZENDO MAIS COM MENOS NA FROTA DA CIDADE DE TAMPA Pudemos ver um exemplo bem prático da relevância das pessoas na visita da nossa delegação à frota da Cidade de Tampa. Trata-se de uma operação com 3,5 mil veículos (dos quais 2,7 mil são veículos leves) feita por 54 pessoas, incluindo nesse total os 38 mecânicos contratados. O que é muito interessante nesse tipo de gestão é que as atividades são bastante diversificadas. Os gestores da cidade de Tampa têm que lidar com as demandas de 27 departamentos diferentes, incluindo setores como coleta de lixo, polícia, bombeiros, suprimento de água, transporte público, funcionários municipais e muitas outras coisas. E, segundo Connie

Jeffrey Schlesinger - CEO da LeasePlan


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White-Arnold, gestora de frotas responsável pela cidade, é graças à qualidade da sua equipe que eles têm conseguido se adequar aos desafios recentes. Segundo White-Arnold, nos últimos anos a frota da cidade teve que cortar uma série de custos devido à recessão recente nos EUA e à consequente redução nos orçamentos municipais. Eles conseguiram manter o nível de serviço, no entanto, ainda que com menos funcionários na equipe. E isso só aconteceu porque boa parte dos empregados sabia trabalhar em diferentes funções. Tal fator possibilitou a alocação de pessoas de acordo com as necessidades de um determinado dia ou semana, por exemplo, adequando a equipe ao cenário que eles enfrentavam a cada momento. Essa flexibilidade pouco comum em serviços públicos no Brasil foi fator-chave para a manutenção dos bons resultados, mesmo diante de situações adversas. E, nesse mesmo período, eles conseguiram implementar um projeto-piloto de carsharing com 14 veículos e uma mudança da fonte de combustível da frota para opções mais renováveis.

PARAR NA NAFA, A MARCA DO MERCADO BRASILEIRO Como nos anos anteriores, nossa comitiva foi recebida em um evento privado pela diretoria da NAFA. Estavam lá Bryan J. Flansburg (atual presidente), Ruth A. Alfson (última presidente), Patti M. Earley (VP Sênior e próxima presidente) e Katherine Vigneau, Diretora de Desenvolvimento Profissional. Foi um momento de rever alguns amigos e conversar um pouco sobre o evento que estava por começar. Esse momento marcou uma receptividade muito grande da NAFA à nossa delegação e foi determinante para a continuidade da parceria que PARAR e NAFA têm realizado nos últimos anos. Essa integração ficou demonstrada também no momento em que eles abriram espaço para que eu e John Dmochowsky (gestor de frotas da Mondelez, que esteve presente na nossa última Conferência Global) falássemos um pouco sobre as atividades do PARAR no Brasil. Contudo, há dois momentos que merecem ainda mais destaque nessa jornada. O primeiro deles foi o reconhecimento no palco

Luiz Claudio de Souza em palestra na NAFA I&E para discutir tecnologia e cultura de segurança.

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principal dos gestores premiados pelo 100 Best Fleets edição América Latina. Durante um dos cafés da manhã do evento, um dos momentos que reúne mais gente na NAFA I&E, Tom Johnson atestou o importante papel que CCR, COPEL, AMBEV, Syngenta, Mondelez, Festo, IBM, Belagrícola, Vonpar, Grupo Sequoia, Biologística, EMIVE, Rio Branco Alimentos, FIERGS, Dínamo Engenharia, Boticário, Shell, Cimed, Aché e Dominion tem realizado no Brasil. O segundo momento de destaque foi a palestra que Luiz Claudio de Souza, palestrante do PARAR e Gerente de Sucesso do Cliente da Golsat, fez durante a International Fleet Academy sobre a importância dos gestores globais assumirem posturas ativas frente ao elevado número de acidentes de trânsito ao redor do mundo. O PARAR vem “rompendo fronteiras e barreiras, e essa tendência não é só no Brasil, mas no mundo”, projeta Cleber Kouyomdjian, conselheiro do PARAR para a América Latina.

Pedro Conte explica sobre as atividades do PARAR no Brasil.

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Fotografia: Nononono


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VEÍCULOS ELÉTRICOS

em pauta

Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores pretende incentivar a mobilidade sustentável Nós queremos que o veículo elétrico deixe de ser um mercado de nicho e passe a se tornar uma realidade. Rodrigo de Almeida - um dos diretores da ABVEi

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o dia 1o de maio, foi fundada a ABVEi – Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores. Trata-se da primeira associação de proprietários de veículos elétricos e híbridos plug-in do país, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. A Associação tem o objetivo de trabalhar no desenvolvimento da mobilidade sustentável em geral, com foco em tornar o veículo elétrico mais acessível para a população e aumentar

a quantidade de pontos de recarga. "Nós queremos que o veículo elétrico deixe de ser um mercado de nicho e passe a se tornar uma realidade", revelou Rodrigo de Almeida, um dos diretores da ABVEi. A organização está colocando em discussão uma série de pautas e projetos para incentivar o uso dos veículos elétricos no Brasil. O prerrequisito é que os associados sejam proprietários de veículos elétricos e/ou híbridos do tipo plug-


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in, pois eles podem, e devem, ser carregados externamente, seja em tomadas ou eletropostos, característica que não existe nos veículos híbridos convencionais. "Com isso, um dos itens mais importantes para a ABVEi, que é, justamente, trabalhar em prol do desenvolvimento de uma rede extensiva de eletropostos e vagas de estacionamento com tomadas para veículos elétricos, se torna um item irrelevante para os proprietários de híbridos convencionais”, afirma Edgar Escobar, presidente da ABVEi. Entre as empresas associadas estão CPFL, BYD, Volvo e Porto Seguro. A expectativa agora é se conectar com representantes da iniciativa pública e privada para colocar a discussão da mobilidade sustentável em pauta.

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POR ANA LUIZA MORETTE

"Fazer sentido no mundo é o primeiro ponto para a inovação." Guy Kawasaki Especialista em marketing e tecnologia da Apple

INOVAR É FAZER DIFERENTE

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Ao contrário do que muitos pensam, a inovação não é só sobre inventar, mas sobre ter vontade de causar um impacto diferente em uma mesma realidade Edição 11 | Junho de 2017


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mas ter o propósito de impactar o mundo é o que faz a diferença. Quando se fala de inovação, Luiz Cláudio Souza, gerente nacional de Sucesso do Cliente da GolSat e palestrante do PARAR, apresenta uma evolução inclusive na vida profissional dos gestores. Ele os classifica em três níveis:

*Artigo baseado na palestra "Inovação na gestão de frota", apresentada por Luiz Claudio Souza, gerente nacional de Sucesso do Cliente da GolSat, na IV Conferência Global PARAR. A palestra completa está disponível no canal do Insituto PARAR no YouTube.

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entre os diversos desafios que um gestor de frota enfrenta, trabalhar com inovação talvez seja o mais difícil deles. Muitos gestores justificam a falta de inovação como falta de criatividade, falta de novos recursos e novas tecnologias, mas inovar na gestão não é sobre isso: inovar é aprender a usar o que já se tem de forma diferente, empregar os velhos instrumentos de uma nova maneira. O desafio aqui não é sobre criatividade, é sobre suor e esforço. Para começar a pensar em inovação é preciso, em primeiro lugar, pensar nisso como um propósito real e relevante no dia a dia de sua profissão: é preciso, antes de tudo, ter o propósito de querer fazer diferença não somente na sua realidade, mas em todo o universo ao seu redor. Mais que fazer diferença dentro da empresa, é preciso querer fazer diferente dentro dos conceitos de gestão de frota. Quando uma inovação surge, é preciso estar preparado para os próximos passos: não existe mercado para o novo e este é outro desafio que deve ser enfrentado. Desenvolver o mercado faz parte do processo de se criar algo novo. Com o tempo, novos propósitos e novos desafios vão surgindo, o que contribui para o crescimento e desenvolvimento da ideia inicial. O próprio Instituto PARAR é um exemplo de como a inovação age em nossa realidade: criado em 2012, o primeiro evento organizado pelo PARAR tinha 35 pessoas; era preciso convencer nossos parceiros que era importante pensar em mobilidade corporativa. Hoje, os eventos contam com centenas de pessoas e impactam não só Londrina, como toda a América Latina. O fato é que é preciso começar de algum lugar, por menor e mais remoto que seja,

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o gestor de frota 1.0: é basicamente operacional, busca apenas resolver os intermináveis problemas, não vê sua estrutura como uma fonte integrada e ainda entende que a frota é apenas mais um custo para o negócio; o gestor de frota 2.0: já evoluído, é mais analítico: aprende a integrar as plataformas e passa a observar a frota como uma fonte de produtividade, trazendo impacto para o centro estratégico do seu negócio; o gestor de frota 3.0: é o inovador, o que transforma a realidade que já é comum a ele, encara desafios, faz questão de impactar outras vidas e o seu segmento, é um agente transformador. Esses são alguns exemplos de como a inovação transforma em diversos aspectos a gestão inteira, trazendo desafios como incentivo para a cada dia fazer mais e mais diferente. E, pensando em fazer diferente, Souza lembra de alguns casos de empresas que são exemplos de transformação e inovação: FESTO: usando a telemetria e analisando gastos de combustível, manutenção, acidentes e multas, conseguiram reduzir as despesas com combustível, manutenção e a incidência de sinistros; PESA: tendo uma visão estratégica junto ao que a telemetria oferecia, a atitude da empresa transformou a realidade vivida. Tiveram a redução de despesas com multas e manutenção e passaram a evitar a rodagem fora do horário de trabalho, diminuindo os gastos com combustível; IBM: motivados pela vontade de fazer diferente, tendo a telemetria como aliada, a IBM deixou de gastar R$ 100.000 por mês com combustível, apenas reduzindo a rodagem fora do horário de trabalho; AMBEV: analisando a realidade da empresa através da telemetria, diminuíram a ociosidade da frota e criaram um projeto nacional focado em car sharing, alinhado a um aplicativo. Essas são provas de que inovar é possível: todos apresentam a telemetria em comum porque esse também é um passo importantíssimo para a inovação. Os gestores não precisam necessariamente inventar algo, mas sim fazer diferente com o que se tem em mãos. Quando se diz respeito à telemetria, é preciso deixar de vê-la só como um instrumento de monitoramento de trajeto e de recuperação de veículos e passar a olhá-la de forma mais estratégica, analisando o comportamento do condutor e valorizando a segurança. Além disso, é possível integrá-la com diferentes plataformas da empresa e aumentar ainda mais seu potencial de inovação.

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POR KARINA CONSTANCIO

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QUANDO O NEGÓCIO É MUDAR O MUNDO

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e jovem que queria mudar o mundo a um dos inovadores mais influentes do planeta. Esse é Lourenço Bustani, fundador da consultoria Mandalah e considerado pela revista americana Fast Company uma das pessoas mais criativas do mundo. Sua jornada empreendedora, ao lado do amigo Igor Botelho, começou de forma despretensiosa e muito intuitiva. Com apenas 26 anos, e depois de ter se aventurado por escritórios de advocacia, banco de investimento, start-up de tecnologia e consultoria de estratégia e de gestão de marcas, percebeu que queria ir além. "Nessa idade é difícil dizer exatamente o que nos move, mas também é um momento da vida em que a gente segue o nosso coração sem muito medo de onde isso pode nos levar. Nós queríamos fazer um trabalho pautado na verdade e que, de alguma forma, tivesse a serviço de um resgate de valores humanos que, infe-

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lizmente, não estavam mais fazendo parte de discussões de mercado", explicou. Eles entendiam que precisavam trazer o ser humano de volta para as equações de mercado. O "h" ao final da palavra Mandalah é para justamente reforçar esse elemento humano. "As pessoas deveriam começar a se enxergar mais olho no olho, a perceber que somos mais parecidos do que diferentes, a aprender a ter mais empatia um com o outro, a entender e escutar mais um ao outro e levar um pouco dessa sensibilização humana para dentro das empresas". Esse foi o ímpeto inicial e que até hoje se configura na raiz de valores que nutre a Mandalah. Aliás, de acordo com Bustani, a consultoria também é um reflexo da sua própria trajetória. Filho de diplomatas, ele teve a oportunidade de morar e vivenciar experiências nos mais diversos lugares do mundo. Como um verdadeiro cidadão global, Bustani se encantou pela

Fotografia: Reprodução | Internet


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Conheça a história de Lourenço Bustani, fundador da consultoria Mandalah e uma das pessoas mais criativas do planeta

diversidade e desenvolveu um certo fascínio por esse laboratório humano. "A Mandalah celebra, nutre e resgata o espírito humano. Isso para mim é natural, afinal de contas, foi com pessoas das mais diversas culturas que eu aprendi a ser quem eu sou. Sem dúvida nenhuma, foi um privilégio eu ter sido exposto a diferentes países, idiomas, referências e modelos de vida. Isso faz parte da minha bagagem e, de certa forma, gerou em mim um senso de responsabilidade de garantir que, nessa passagem pela Terra, eu esteja dando o meu melhor e fazendo o que eu posso fazer, dentro das minhas limitações, para deixar esse mundo um pouco mais colorido e encantador", revelou. Como já dá para perceber, a Mandalah não é uma consultoria comum. Ela é um consultoria de inovação consciente, responsável por conciliar dois paradigmas muito importantes para organizações atuais: lucro e propósito. Os dois precisam caminhar juntos e o papel da Mandalah é ajudar as empresas a entender que aquilo que resolve um lado da equação também pode resolver o outro. "Ou seja, sair de uma mentalidade dual, que tem regido o mundo dos negócios nas últimas décadas, que ou você gera lucro ou você faz algo bom para o mundo e entender que a mesma energia que está atrás da atividade pode gerar valor para os acionistas e contribuir para a saúde e alegria das pessoas", ressaltou. A inovação consciente tem, necessariamente, o papel de melhorar a vida das pessoas e causar um impacto positivo no mundo.

PROJETOS TRANSFORMADORES O discurso disruptivo foi recebido com certa desconfiança em 2006, quando os dois sócios começaram a visitar as empresas e explicar o projeto. Hoje, segundo Bustani, o mindset mudou. "Alguns estão percorrendo esse caminho de forma mais acelerada do

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essa falta de alinhamento com propósito pode causar na que outros, mas, de forma geral, houve sim um ganho de vida das pessoas", pondera Bustani. conhecimento e de consciência por parte do mercado". Segundo ele, essa nova geração veio para restabelecer Isso reflete no crescimento da Mandalah, que, além da o equilíbrio e remediar essa doença generalizada que tosede na Vila Madalena, em São Paulo, possui escritórios mou conta do mercado. "As empresas estão mudando, até no Rio de Janeiro e em Fortaleza, além de 30 escritórios porque essa nova geração já está começando a ocupar internacionais em Nova York, São Francisco, Tóquio, Cicargos de lideranças e eu acredito que esse é um caminho dade do México e Berlim. sem volta. Mas isso não deve ser visto como uma ameaDois cases clássicos da Mandalah deixam bem claro a ça, afinal de contas se você trabalhar com propósito, você proposta de incentivar as marcas a deixarem um legado vai estar alimentando a sua alma, positivo para as pessoas. Em 2012, a conao mesmo tempo em que aumenta sultoria desenvolveu um projeto inovao seu nível de entrega pela causa, dor para a Nike visando integrar a marEu enxergo isso com pelo seu trabalho, e isso impacta ca aos moradores do Rio antes e depois diretamente na produtividade, nos da Copa do Mundo. O projeto contou naturalidade porque resultados e no desempenho da com a participação de líderes comuniessa geração herdou empresa. É um equilíbrio bem-vintários, jovens, educadores, empreendeum mundo onde os do", destacou. dores e artistas de regiões diferentes sistemas estão em Para que as empresas não sejam da cidade. Resultado? A marca passou a colapso. Eles já viram engolidas por essas transformaorganizar eventos, como um torneio de ções, os líderes precisam, de acorfutebol para jovens carentes, revitalizou o risco e o estrago do com Bustani, dialogar. "A gente uma pista de skate na Lagoa e, em parque essa falta de precisa se escutar mais, falar soceria com a Prefeitura do Rio, apoiou alinhamento com bre coisas que geralmente ficam um sistema de iluminação no Arpoador propósito pode causar internalizadas ou que não são vispara a prática de surf à noite. A iniciatas como apropriadas para serem tiva fez tanto sucesso que, em 2014, a na vida das pessoas discutidas dentro do ambiente de Mandalah foi contratada novamente trabalho. A gente precisa falar sopela marca para ajudar a reposicionar bre o bem-estar das pessoas, sobre o quão realizadas e a sua área de sustentabilidade global. Agora, toda inovasaudáveis elas estão. A gente precisa falar de valores". ção da Nike passa pelo filtro da sustentabilidade. Foi um É só através desse olhar mais humano que empresas e projeto que envolveu Japão, Inglaterra, Estados Unidos, profissionais poderão se reinventar e contribuir para a Brasil e China. No caso da GM, a Mandalah os ajudou a construção de um novo mundo. Lourenço Bustani é um migrar de um paradigma de motores para um paradigma exemplo de que quando os valores da companhia são de mobilidade. Uma discussão extremamente atual e um personificados por seu líder a mudança acontece. caminho que já havia sido apontado pela consultoria em 2010. Se por um lado pode até parecer absurdo uma fabricante de automóveis ter que repensar o futuro do que seria seu principal produto, para a Mandalah esse é exatamente o seu papel: ajudar as empresas a transformarem seus negócios com foco naquilo que vai ser melhor para as pessoas, para as cidades e para o mundo. Aliás, esse caminho está sendo perseguido pela maioria dos jovens da nova geração. Uma pesquisa da Deloitte mostra que 73% dos millennials se preocupam em ter uma carreira que esteja atrelada a um propósito, e que cause um impacto social. Isso significa que trabalhar simplesmente por um salário no fim do mês já não inspira essa nova geração. "Eu enxergo isso com naturalidade porque essa geração herdou um mundo onde os sistemas estão em colapso. Eles já viram o risco e o estrago que

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UM MERGULHO NA HISTÓRIA E NOS VALORES DE UMA DAS MAIORES INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS DO MUNDO Edição 11 | Junho de 2017

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mpresa que nasceu com o propósito de nutrir as pessoas e hoje é uma das maiores indústrias alimentícias do mundo, a Cargill soma 152 anos de história desde a primeira fábrica fundada na cidade de Conover, Iowa, nos Estados Unidos. Tudo começou com um pequeno armazém de grãos adquirido pelo jovem William Wallace Cargill, em 1865, e, até se tornar a maior empresa de capital privado do mundo, foi preciso vencer algumas situações adversas da história: crises internacionais, graves crises econômicas e duas guerras mundiais logo nos seus primeiros anos de existência. Mesmo assim, a Cargill conseguiu avançar com seus negócios e contribuir para o crescimento dos Estados Unidos, comercializando commodities, como carvão, sementes e rações, além do investimento em novas ferrovias, propriedades rurais, terras e tecnologias inovadoras. Para contar um pouco mais sobre sua trajetória aqui no Brasil, temos que voltar a 1945, quando o mundo vivia o


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> WILLIAN W. CARGILL

fim da Segunda Guerra Mundial. Depois de uma sucessão de dificuldades que marcaram suas primeiras décadas em terras norte-americanas, a Cargill já era considerada a maior e mais importante mercadora de grãos do mundo. Havia chegado a hora de expandir. Em 1950, eles deram início à expansão internacional pela região do Pacífico e também Canadá, Europa e América do Sul. No Brasil, a ideia era instalar uma companhia de sementes híbridas de milho, além de uma empresa para fazer serviços de pulverização de grãos com helicópteros e uma organização de contratos de aragem – negócios que estavam em estreita sintonia com a modernização e diversificação da agricultura brasileira naquele momento. Era a década de 60 e o Brasil estava passando por um dos momentos mais marcantes de sua história. Um período de grandes transformações sociais, políticas e econômicas. Vivíamos sob feroz Ditadura Militar e, apesar das inúmeras incertezas do período, era possível enxergar um crescimento econômico, baseado na exportação de café e cana-de-açúcar. Enxergando esse potencial de crescimento agrícola, a Cargill marcou sua chegada em terras brasileiras, no ano de 1965, com o objetivo de

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explorar de forma positiva esse cenário. Se, inicialmente, o foco da empresa era o milho, promovendo seu armazenamento e transporte, logo se voltou também a outras culturas. Em 1971, tiveram início as operações com soja, com o anúncio da construção de uma grande refinaria em Ponta Grossa (PR), que seria inaugurada dois anos depois. Nesse meio tempo, vieram outros investimentos. Para ficar apenas nos mais significativos, entre 1971 e 1974 foram implantadas fábricas de rações em Belo Horizonte (MG), Nova Iguaçu (RJ) e Cruz Alta (RS), uma usina de beneficiamento e produção de sementes híbridas de milho em Andirá (MG), e um terminal ferroviário em Dourados (MS). Em 1974, a Cargill já era considerada no Brasil a maior produtora de sementes para a comercialização e praticamente a segunda maior processadora de soja. Empregava mais de 1,6 mil funcionários, em 14 instalações que incluíam a sede administrativa no centro de São Paulo, na Galeria Metrópole, escritórios no Rio de Janeiro e Porto Alegre, além de diversos escritórios de compra e venda de produtos no interior. Na segunda metade da década, tinha início outra grande frente de atuação. Em 1976, por meio da Cargill brasileira, a companhia ingressou mundialmente

no negócio de sucos. Com a compra da Citrobrasil, em Bebedouro (SP), foi criada a Cargill Citrus, voltada à produção e exportação de suco de laranja concentrado e congelado para os mercados europeu, asiático e norte-americano, além de vários derivados da laranja, como polpa cítrica, utilizada na composição de ração animal, óleos essenciais para a indústria alimentícia e de cosméticos, aromatizantes e muito mais. A atividade tornou-se tão importante que, em 1980, a Cargill inaugurou em Santos (SP) um terminal portuário exclusivamente voltado ao embarque de suco, desenvolvendo um moderno sistema de transporte de suco a granel. No entanto, apesar do rápido crescimento dessa área, a grande vedete daquele momento de expansão foi mesmo a soja. A cultura, então recémdisseminada no Brasil, foi um capítulo à parte na história da agricultura nacional e também na história da Cargill, abrindo várias outras possibilidades de atuação. Hoje, o Brasil é um dos maiores exportadores de soja e a Cargill é uma das principais empresas do setor no país. Paralelamente a isso, com o crescimento impulsionado pela soja, outros investimentos passaram a fazer parte do escopo da companhia, como algodão, cacau, processamento de aves e carne bovina, café, entre outros.

VALORES COMPARTILHADOS Na Cargill, são os relacionamentos que constróem a identidade da empresa. Cada colaborador carrega em seus conhecimentos, habilidades e vivências à expertise de negócio que garante a eficiência e o crescimento da companhia. Por isso, a Cargill valoriza o desenvolvi-

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mento profissional e pessoal de cada um e reconhece sua dedicação e empenho por meio de diversas ações de atração, capacitação e retenção de talentos. No Plano de Desenvolvimento de Performance, o departamento de Recursos Humanos acompanha de perto a evolução de cada profissional, estimulando o diálogo e o alinhamento constante entre colaboradores e gestores. Aliás, quando se fala em liderança, a Cargill também oferece suporte para o profissional em diversas fases de sua carreira com o objetivo de formar líderes do presente e do futuro. Cuidar das pessoas está no DNA da Cargill e isso também se reflete em projetos que visam oferecer maior qualidade de vida para seus colaboradores, incentivando a prática de esporte, atividades socioculturais, a saúde e o bem-estar. Confira algumas dessas ações: Um dos eventos de destaque, realizado na sede da Cargill, é o Cargill Junior, em que os filhos dos colaboradores passam um dia com os pais no trabalho, em atividades especiais. Além de um grupo de corrida da Cargill, a empresa promove futebol semanal, campeonato de futebol, festival de boliche e de kart. O Programa Novo Tempo, desenvolvido pela CargillPrev, ajuda os gestores a refletirem e planejarem melhor o processo de aposentadoria, além de prepará-los para essa transição. Com a implantação do Gym Pass, os colaboradores têm a opção de frequentar mais de 5 mil academias parceiras em diversas cidades. As funcionárias gestantes contam com o Programa Gerar, que consiste

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Visão Cargill Objetivo:

Ser líder global em alimentação

Missão: Criar valores diferenciados

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no acompanhamento telefônico, feito por uma equipe de enfermeiros obstetras e médicos, desde o pré-natal e até o primeiro mês de vida do bebê. Além disso, mães que trabalham em São Paulo (SP) e em Ponta Grossa (PR) contam com a Sala de Apoio à Amamentação. A Cargill também realiza periodicamente o Encontro de Gestantes, com uma consultoria especializada que oferece orientação sobre gestação, parto e amamentação.

AVANÇOS EM SUSTENTABILIDADE

Abordagem: Sermos dignos de confiança, criativos e empreendedores

Medidas de Desempenho: Funcionários engajados, Clientes satisfeitos, Comunidades enriquecidas, Crescimento lucrativo

Desde que chegou ao Brasil, a Cargill sempre foi comprometida com questões ligadas ao desenvolvimento social e à preservação do meio ambiente. Diante disso, foi criada a Fundação Cargill, no ano de 1973, para fomentar o desenvolvimento do potencial agrícola do Brasil através do desenvolvimento de publicações de cunho acadêmico, voltadas para as ciências agrárias, com temáticas sobre tecnologias para a produção de alimen-

As iniciativas da Cargill de apoio à maternidade foram reconhecidas e, em 2015, a companhia recebeu do Ministério da Saúde o troféu "Mulher Trabalhadora que Amamenta".


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tos, prevenção e combate a doenças e métodos inovadores de uso responsável dos recursos naturais. Somente em 2016, a Fundação desenvolveu 24 iniciativas em 35 cidades do Brasil, que beneficiaram mais de 31 mil pessoas. Os resultados foram obtidos por meio da realização de projetos próprios, como o “de grão em grão”, apoio a outros projetos e parcerias estratégicas. Além disso, os avanços na área de sustentabilidade reforçam o compromisso da Cargill em promover ações para melhorar o uso do solo, reduzir os gases do efeito estufa e proteger as florestas. Em 2015, quando lançou sua Política para Florestas, oficializou o compromisso de proteger as áreas de maior biodiversidade do planeta e se comprometeu a reduzir o desmatamento em toda a sua cadeia de produção agrícola pela metade até 2020 e acabar totalmente com ele até 2030. A Política estabelece que a lei seja 100% cumprida em cada local em que a cadeia produtiva atua, que a agricultura familiar seja estimulada, que princípios ambientais sejam sempre adotados nos investimentos futuros da companhia, que fornecedores que não atendam aos princípios da Política sejam suspendidos, e que sejam adotados sete passos práticos para proteger as florestas, supervisionados pelas áreas corporativas e pelo Comitê de Sustentabilidade da Cargill. Além disso, a companhia reconhece seu potencial de estimular suas cadeias a superarem os desafios econômicos, ambientais e sociais, por isso, atua em diversos programas junto aos produtores e agricultores para aprimorar cada vez mais os compromissos e desempenho para a sustentabilidade de toda sua cadeia:

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Projetos para aprimorar a sustentabilidade da produção: Projeto Soja Mais

Certificação

1 Sustentável

2 UTZ

Desde 2004, um ano depois da inauguração do Terminal de Santarém (PA), a Cargill mantém uma parceria com a The Natural Conservancy (TNC), com o objetivo inicial de promover a regularização ambiental da produção agrícola da região e, posteriormente (2008), fomentar a compra responsável da soja e o estímulo à produção sustentável, por meio de reuniões com produtores locais, visitas técnicas, estabelecimento de critérios de compra responsável de soja e apoio a produtores rurais no cumprimento da legislação ambiental vigente e acordos setoriais. O desmatamento vem diminuindo continuamente nas propriedades monitoradas pelo Projeto Soja Mais Sustentável. Em 2004, quando a parceria entre a Cargill e a TNC foi iniciada, o desmatamento havia sido de 4.858 hectares, enquanto, em 2013, a região desmatada foi de 21 hectares.

De maneira pioneira, a Cargill incentiva a adoção da certificação UTZ na cadeia de valor do cacau, que exige que os produtores ajam sempre de maneira responsável, respeitando princípios como a implantação de procedimentos de segurança, o manejo correto de equipamentos e defensivos agrícolas, a garantia de boas condições de trabalho aos seus profissionais e a promoção do bem-estar e da dignidade social. Em 2015, o número de propriedades certificadas chegou a 80, grande aumento em relação às 34 em 2014, somando 20 mil ha. A meta é chegar a 200 fazendas até 2019. Além do crescimento do número de fazendas certificadas, as mais de 3,2 mil toneladas de amêndoas de cacau originadas com certificado UTZ apresentaram uma diferença de qualidade superior àquelas sem o certificado.

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Cacau Mais 2 Projeto Sustentável Parte do projeto global Cargill Cocoa Promise, o Projeto Cacau Mais Sustentável é fruto da parceria da Companhia com a The Nature Conservancy (TNC), a Cooperativa Alternativa de Pequenos Produtores Rurais e Urbanos de São Félix do Xingu (CAPPRU) e o Ministério da Agricultura do Brasil, e inclui ações como implantação de sistema de irrigação e distribuição de mudas. Desde 2011, o Cacau Mais Sustentável atua em São Félix do Xingu (PA) promovendo o desenvolvimento socioambiental da região por meio da geração de renda a partir da produção de cacau aliada a ações de recuperação de áreas degradadas, cumprimento de reserva legal, regularização ambiental das propriedades e atendimento à legislação ambiental.


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A Cargill ainda atua na preservação de água por meio da Ação Renove Meio Ambiente. Criada em 2010, com o objetivo de oferecer ao consumidor uma alternativa prática e sustentável para o descarte ambientalmente correto do óleo de cozinha usado, o Programa articula parcerias com redes de supermercados, empresas e ONGs para implantação de pontos de coleta de óleo residual em diversos estados brasileiros. A iniciativa tem o objetivo de impedir que o óleo de cozinha seja descartado incorretamente na pia ou em ralos, evitando assim, a poluição de rios e mananciais. Para se ter uma ideia do impacto, a estimativa é de que um litro de óleo pode contaminar até 25 mil litros de água, segundo dados da SABESP. Só em 2015, foram coletados 430 mil litros de óleo e gordura vegetal usados, o que representa um crescimento de 64% em relação ao volume coletado no ano anterior. Com o volume coletado em 2015, o Programa evitou a poluição de 10,75 trilhões de litros de água potável, quantidade suficiente para abastecer as necessidades básicas da população da cidade de São Paulo (SP) por aproximadamente nove dias.

META DE ZERO ACIDENTES

A vida é inegociável e a Cargill leva isso como valor. A segurança é prioridade da companhia e o compromisso, compartilhado por todos os colaboradores, é de manter esse indicador zerado e contribuir para que a empresa alcance a meta de fatalidade zero globalmente. Mesmo com várias obras, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, e as operações de rotina nas unidades, a

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Cargill fechou 2016 sem nenhum acidente fatal no Brasil, resultado do trabalho permanente realizado em prevenção, capacitação e comunicação, com melhorias implementadas ano a ano. Segundo a companhia, os líderes devem demonstrar na prática e na tomada de decisão do dia a dia da operação a importância e o valor da segurança em primeiro lugar. Valores que refletem a maneira como a gestão de frotas é administrada na companhia. Estamos falando de um dos maiores centros de custos, mas, mais do que isso, de um departamento que deve ter a cultura de segurança intrínseca em cada uma de suas atividades. São 3 mil veículos circulando continuamente e cerca de 60

mil que carregam ao longo do ano pela Cargill em todas as unidades de negócio. De acordo com Michel Roulet, gerente de transportes da Cargill Transportes, todas as ações são pautadas na segurança dos condutores, sem perder o foco no aumento do nível de serviço e produtividade. Entre os maiores desafios do setor, segundo Roulet, está a profissionalização de setor e a missão de manter o ativo produtivo o máximo de tempo possível. "No longo prazo, teremos uma automatização muito forte. No curto prazo, precisamos de uma profissionalização no segmento e qualificação de mão de obra, caso contrário, os veículos autônomos irão chegar antes do que imaginamos", ressaltou.

De olho na inovação Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação é um dos pontos que destaca e diferencia a Cargill. No Brasil, o grande expoente desse tema é o Centro de Inovação em Campinas (SP), polo de pesquisa inaugurado em 2011 para impulsionar o desenvolvimento de grandes ideias para a indústria de alimentos e bebidas, food service, produtos de varejo e amidos para uso industrial. Em 20 mil m2, com projeto arquitetônico pautado pela responsabilidade ambiental, o Centro dispõe de laboratórios organizados por categorias, que utilizam todo o portfólio de ingredientes da Cargill. Um exemplo de inovação desenvolvido neste Centro é a solução Lévia+e. O produto da linha de óleos e gorduras saudáveis da Cargill, lançado em 2015, é a primeiro do mercado brasileiro com baixo teor de saturados sem perder desempenho referente à estrutura e sabor do alimento. Ou seja, com um teor máximo de 35% de saturados, é possível alcançar o mesmo sabor e estrutura, enquanto as outras soluções do mercado variam entre 45% a 65% de teor de saturados. O Lévia+e é resultado de um ano de parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que já vinha pesquisando soluções nesse sentido há mais de cinco anos.

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Finalmente conectamos a cultura da segurança à alta performance.

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Fotografia: Nononono


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tips & cases

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CRIAÇÃO DE VALOR COMPARTILHADO A visão estratégica do investimento social privado.

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esponsabilidade Social, Sustentabilidade, Licença Social para Operar, Economia Verde, Capitalismo Consciente, Investimento Social Privado, sim, a lista pode ser bem longa. Mas afinal, diante deste vasto repertório, o que fazer para responder de forma consistente à agenda social que se apresenta e, ao mesmo tempo, gerar valor para o negócio? Primeiro, é bom lembrar, que esse arcabouço semântico tem suas razões de existir. Além da evolução do conhecimento sobre o tema, quando falamos em atuação social, sabemos que os caminhos percorridos não são nada homogêneos e apresentam desafios e contornos sociais muito diversos. Portanto, é natural que se vá acrescentando novas abordagens, novos conceitos e diferentes vieses que sejam capazes de promover maior aderência ao negócio e ao mesmo tempo responder à crescente demanda por resultados, tanto do investidor social privado quanto da sociedade. E foi com o propósito de preencher essa lacuna que surgiu uma nova abordagem ao tema de investimento social privado, mas agora com enfoque puramente estratégico. Trata-se do conceito de Criação de Valor Compartilhado, um modelo criado por Michael Porter & Mark Kramer, em 2011, mas ainda pouco experimentado no ambiente empresarial. A proposta de Criação

de Valor Compartilhado (CVC) vai direto ao ponto da questão: quem ganha o que no investimento social? Para os autores, diferente da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) que se limita a responder às externalidades do negócio e não raro, se pauta apenas pelas pressões da sociedade e, muitas vezes, alheias ao enfoque estratégico do negócio, a CVC coloca o investimento social privado no centro da estratégia e passa a responder também às expectativas internas do negócio. Sob esta ótica, a empresa deve sim continuar contribuindo para melhorias na sociedade, mas de modo que as ações sociais façam parte da sua estratégia e sejam alinhadas ao seu eixo de atuação de forma coerente e, principalmente, lucrativa. Nesse sentido, a Criação de Valor Compartilhado surge como uma nova tratativa onde empresas e sociedade devem progredir juntas e em uma visão de longo prazo. Um bom exemplo desta diferença de perspectivas, entre RSE e CVC, é o movimento “fair trade”. Embora motivado por sentimento nobre, o comércio justo tem a ver basicamente com redistribuição das fatias no mesmo bolo. Já na perspectiva do valor compartilhado os esforços vão além, se concentram em aumentar o bolo, neste caso, melhorando, por exemplo, as técnicas de cultivo, fortalecendo clusters locais e outras instituições de apoio, a fim de aumentar a eficiência, o rendimento,

Um bom exemplo desta diferença de perspectivas, entre RSE e CVC, é o movimento “fair trade”

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Rosilene Rosado, Consultora Empresarial em Marketing e Investimento Social Privado

a qualidade e a sustentabilidade das lavouras. Este modelo apresenta uma crítica cuja essência certamente já foi motivo de reflexão de muitos executivos desde que a RSE passou a integrar a agenda empresarial. A de que a responsabilidade social como vem sendo conduzida é, de maneira geral, excessivamente genérica, reativa e fragmentada, não raro produto de ações dissociadas da estratégia de negócios. A partir dessa crítica, o que propõe é que as empresas deixem de agir sob pressão e de submeterem suas agendas sociais ao interesse de terceiros e passem a identificar internamente temas relacionados com o contexto do seu negócio, adotando uma pauta social capaz de combinar estratégia empresarial com bem-estar social. Um bom exemplo de CVC é a joint venture criada em 2006 pelo Grameen Bank e a Danone, que teve como principais objetivos: reduzir a desnutrição infantil em Bangladesh, reduzir a pobreza e melhorar as condições de vida da comunidade (através da criação de empregos e capacitação), preservar recursos não renováveis e promover um modelo de negócios autossustentável. Para isto, desenvolveram um iogurte com alto valor nutricional e com preço acessível, em embalagem biodegradável e que não necessita de refrigeração. A iniciativa também criou um novo canal de vendas que gera empregos para as mulheres da comunidade, são elas que vendem o iogurte, o que contribui com a economia local e gera melhores oportunidades de vida. Esse é um caso clássico de Criação de Valor Compartilhado ancorado em um novo modelo de negócios onde todos se beneficiam. Atende a sociedade, suprindo as suas necessidades, ao mesmo tempo em que abre a oportunidade de um novo mercado para a empresa e preserva o meio ambiente. E o mais importante, é capaz de gerar maior impacto social, já que além de possibilitar a

Um bom exemplo de CVC é a joint venture criada em 2006 pelo Grameen Bank e a Danone, que teve como um dos objetivos:reduzir a desnutrição infantil em Bangladesh

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aplicação em escala, possibilita também contribuir para a melhoria do cenário de vulnerabilidade social na região, o que não seria possível em um modelo puramente assistencial e filantrópico. Mas para alinhar o eixo dos investimentos sociais privados a essa nova abordagem as empresas precisam se apoiar em uma área especializada que reúna as habilidades necessárias para conduzi-las neste novo ambiente de negócios com interlocução social. É essa área de inteligência social que irá impulsionar uma atuação estratégica que dialogue com o seu público de interesse e que seja alinhada aos propósitos do negócio, de forma planejada, monitorada e focada em resultados. O modelo de Criação de Valor Compartilhado pode não responder a todas as questões e tampouco ser a matriz social perfeita e definitiva, mas seu pragmatismo traz uma grande contribuição para o alinhamento das expectativas internas e externas do negócio e para a mensuração de resultados dos investimentos sociais privados. É a única abordagem que, sem meias palavras, apresenta uma alternativa viável para que as empresas continuem promovendo o bem-estar social, porém, de forma que estes investimentos sejam financeiramente saudáveis para os negócios.

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PARAR ON THE ROAD EXPERIENCE

Rio de Janeiro

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Fotografia: Marcelo Vallin | Neo Santana


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Confira os melhores momentos do PARAR On The Road Experience, que reuniu mais de 400 profissionais presencialmente em três capitais brasileiras.

Salvador

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TA K E S

PARAR ON THE ROAD EXPERIENCE

Porto Alegre

Edição 11 | Junho de 2017

Fotografia: Fabiano Panizzi


save the date

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O PARAR NÃO PARA Confira a agenda de atividades do Instituto PARAR e programe-se para participar! PARAR ON THE ROAD EXPERIENCE

26/07

A última parada de 2017 será em Curitiba/PR com o tema Resiliência.

07/07

Tecnologia e Mobilidade

22/09

Cultura de Segurança

20/10

Empreendedorismo

01/12

Inovação

PARAR PARTNERS

11/07

Um dia em São Paulo para discutir mobilidade, tecnologia e propósito. O futuro contado por quem está construindo o novo mundo.*Exclusivo para fornecedores do setor automotivo.

MARCHA ZERO

18/09 a 25/09

Campanha especial para comemorar a Semana Nacional do Trânsito e o Dia Mundial Sem Carro.

PFC - PROGRAMA PARA FORMAÇÃO DE CONDUTORES

18/07 a 28/11

O maior programa de formação de condutores corporativos da América Latina estreia sua primeira turma em julho.

V CONFERÊNCIA GLOBAL PARAR

08/11 a 09/11

O maior evento de mobilidade corporativa da América Latina chega a sua quinta edição discutindo inovação e mobilidade.

CAFÉ ONLINE

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Gestores Conectados

TOP FIVE

dos assuntos mais debatidos pelos gestores de frota Trezentos gestores de frota de todo o Brasil estão trocando informações, experiências e pesquisas em um grupo no Telegram, criado exclusivamente para fomentar o debate sobre os desafios encontrados no dia a dia da atividade. A cada edição, trazemos uma lista com os 5 temas que geram mais dúvidas, comentários e discussões no grupo. Confira os destaques:

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PARCERIA ENTRE WAZE E CCR TROCA DE FROTA PRÓPRIA PARA FROTA LOCADA POLÍTICA DE FROTAS TRANSPORTE DE VEÍCULOS (CEGONHA) USO DE CONECTCAR E SEM PARAR

CONHEÇA QUEM SÃO OS GESTORES MAIS PARTICIPATIVOS:

BRUNO NASCIMENTO

LAURA SCHUCH

MARTON KISS

MARCOS VINÍCIUS NASCIMENTO

FLÁVIO COSTA

FERNANDO ALVES

EDERSON SOARES

QUER PARTICIPAR DO GRUPO DOS GESTORES DE FROTA?

LILIANE GAZETA

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THIAGO TOGINSKI

MILTON FILHO

Envie um e-mail para atendimento@institutoparar.com.br


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GESTOR COM HUMOR

Por Dorinho Bastos, cartunista, professor de comunicação da USP e conselheiro do PARAR


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