» WELCOME TOMORROW
16ª EDIÇÃO / MARÇO 2019
O que aprender com um dos principais eventos de mobilidade do mundo. / pag. 18
» MOBILIDADE, TECNOLOGIA E PROPÓSITO
_ 42 “A TECNOLOGIA NÃO É UM LUXO,
MAS SIM UMA QUALIDADE DE VIDA”
Entrevista exclusiva com o presidente da Cisco Laércio Albuquerque
A IDEIA QUE VAI REVOLUCIONAR O TRANSPORTE DA PRÓXIMA DÉCADA
_ NEGÓCIOS DA QUEBRADA 68 Empreendedores da periferia superam / pag. 50
barreiras diárias para oferecer serviço para a própria comunidade
FEATURED CONTENTS
T I P S & C A S E S I N S I D E HEADLINE
4 –
08.
RAPIDEZ E SEGURANÇA: A ERA DO DELIVERY Por driblar os problemas urbanos contemporâneos, demanda por aplicativos de delivery cresce no Brasil.
22.
26.
32.
UM AMBIENTE DE TRABALHO MAIS LEVE E COLABORATIVO É POSSÍVEL Mudanças na forma de gerir a empresa podem contribuir para que os funcionários sintam-se motivados e, dessa forma, sejam mais produtivos no trabalho.
40.
QUANTO VALE O SEU TRANSPORTE? No Brasil, problemas no transporte público fazem com que o valetransporte perca sua eficácia.
ESPAÇOS MÓVEIS A sociedade moderna exige mobilidade dos espaços. De olho nessa tendência, empresas apostam na tecnologia para possibilitar novas maneiras de viver e compartilhar ambientes.
ELETRO-MOBILIDADE E INCLUSÃO SOCIAL Guilherme Hannud Filho, proprietário da Cicloway Indústria e Comércio de Veículos Elétricos e fundador da Associação Recicle a Vida.
16. 58.
←
12
BIKE ELÉTRICA É PARTE DA SOLUÇÃO PARA “IMOBILIDADE URBANA”
Sem esforço, sem suor e sem poluentes, a versão movida a eletricidade é a alternativa mais conveniente para a locomoção nos centros urbanos.
→
INOVAÇÃO PARA QUEM? Por Flavio Tavares, fundador do PARAR, idealizador da WTM e CMO da GolSat.
GESTÃO DO AMANHÃ Vencedor do prêmio Gestor de Frotas 2018 pela WTM, compartilha um pouco da sua trajetória e as expectativas para esse ano.
18
WTM INSIGHTS
O que aprender com um dos principais eventos de mobilidade do mundo.
– 5
PararReviewMag / #16 / Março 2019
46.
100% REGULAMENTADA, TERAPIA ONLINE É OPÇÃO PARA MILHARES DE BRASILEIROS Atendimento por internet conecta psicólogos a pacientes sem barreira de distância e horário. Modalidade é alternativa para residentes fora do país.
←
50
62. DAS PISTAS ÀS LIVRARIAS
O piloto de testes, Ceśar Urnhani, lança seu primeiro livro da carreira e mostra por que é um grande campeão nas pistas e na vida.
64.
Empresas inovadoras provam que a preocupação com a acessibilidade tem muito espaço no mercado.
MATÉRIA DE CAPA
HYPERLOOP: UMA IDEIA ANTIGA QUE REVOLUCIONARÁ O TRANSPORTE DA PRÓXIMA DÉCADA Bibop Gresta, presidente da HyperloopTT, fala sobre o futuro da mobilidade e o centro de P&D da empresa no Brasil.
INCLUSÃO CRIA OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS
68.
NEGÓCIOS DA QUEBRADA Conheça a história de empreendedores da periferia que superam barreiras diárias para continuar oferecendo serviço para a própria comunidade.
Confira os melhores momentos da Welcome Tomorrow 2018, um dos mais relevantes eventos de mobilidade da América Latina.
30.
38.
74.
um e-mail para
atendimento@parar.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Karina Constancio
conteudo@parar.com.br COLABORAÇÃO Beatriz Pozzobon, Guilherme Popolin, Juliana Gonçalves, Loraine Santos, Mariana Lo Turco, Pedro Conte e Pietra Bilek.
PROJETO GRÁFICO Brand & Brand Comunicação
IMPRESSÃO E
80
RUMO AO NÚMERO ZERO INFRAÇÕES
VEM AÍ O MOTOR ROTATIVO BRASILEIRO Indústrias automobilísticas de todo o mundo tentaram, durante décadas, fazer do motor rotativo uma alternativa viável ao motor convencional; um brasileiro conseguiu.
INTEGRAR PARA INOVAR
direta. Para recebê-la, envie
brand.ppg.br
Com as malas prontas rumo a NAFA I&E, André Matoso comemora o primeiro lugar da Invepar no ranking 100 Best Fleets - etapa Latin America e segue em busca de uma gestão de frotas cada vez mais segura e livre de infrações.
Como a integração de softwares para a gestão de frotas tem transformado a realidade das empresas.
veiculada por distribuição
& DIAGRAMAÇÃO
ACABAMENTO Idealiza - idealizagraf.com.br
┅
A Revista PARAR Review é uma publicação da empresa idealizadora do PARAR.
→
Z O O M
TAKES
publicação do PARAR,
(43) 3315-9500
84. GESTORES CONECTADOS
Por Dorinho Bastos, cartunista e professor de comunicação da USP.
A PARAR Review é uma
PUBLICIDADE
Por Dr. Dirceu Rodrigues Alves Jr., Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET e Conselheiro do PARAR.
86. GESTOR COM HUMOR
┅
publicidade@parar.com.br
76. GOVERNO NA CONTRAMÃO DO TRÂNSITO
Top 4 dos assuntos mais debatidos pelos gestores de frota.
EXPEDIENTE
42.
“A TECNOLOGIA NÃO É UM LUXO, MAS SIM UMA QUALIDADE DE VIDA” Em entrevista exclusiva para a revista, o presidente da CISCO Laércio Albuquerque conta como a mobilidade e a tecnologia aplicadas ao futuro do trabalho têm impactado sua vida, a dos colaboradores e de toda sociedade.
78.
O CARA POR TRÁS DO PORTAL Para Gil Torquato, um dos fundadores do Portal UOL e CEO da UOL Diveo, inovação é sobrevivência.
institutoparar.com.br
┅
IDEALIZADORA
golsat.com.br
6 –
EDITORIAL
> RICARDO IMPERATRIZ
C
PararReviewMag / #16 / Março 2019
UM SOPRO DE ESPERANÇA HEGAMOS À 16ª EDIÇÃO, A PRIMEIRA DE 2019. Um ano que começou pesado, com muitas notícias tristes e que nos fazem repensar os caminhos que nos levaram até esses acontecimentos. Casos de negligência, de empresas que estão deixando de lado aquilo tem mais valor: as pessoas. Que estão as ignorando no planejamento ou tomadas de decisões. E, por isso, começamos o ano perdendo tantas vidas. Quando elas são negligenciadas no processo, elas se perdem no final. Foi assim no revoltante caso de Brumadinho. Foi assim no lamentável episódio do alojamento do Flamengo. Tragédias humanas. Que poderiam ter sido evitadas. Confesso que foi difícil ver essas notícias. Ainda mais porque todas são resultado da perda de um propósito pelo qual sempre lutei, aliás, lutamos, dentro do PARAR. O propósito da segurança. Claro que nossos esforços estavam voltados para a segurança no trânsito, até porque falamos com empresas e profissionais do setor de frotas e de mobilidade, mas tenho orgulho de dizer que
›› RICARDO IMPERATRIZ CEO Golsat e PARAR Leader
do em cultura e transbordaria as barreiras de um departamento ou empresa. Seria levado para a casa, para a família, para a vida. Tivemos muitos feitos durante esses quase sete anos, impactamos milhares de pessoas, mudamos a trajetória de diversas empresas e, como gosto de acreditar, ajudamos a salvar muitas vidas. Os acontecimentos que estamparam os jornais nesse início de ano mostram que não podemos parar. Temos uma difícil e longa jornada pela frente. Nós não perdemos a esperança e nem o combustível para seguir. Espero que você também não. Aliás, não podemos. Temos que continuar. Por todas as vidas ceifadas, por aqueles que ficaram, pelas famílias que perderam entes queridos, por todos aqueles que amamos, pelo futuro que queremos deixar para os nossos filhos. Nós vamos continuar. Nos preocupamos em fazer desta publicação uma dose de esperança. Um canal de boas notícias. Histórias de pessoas e empresas que estão inovando e fazendo a diferença. Que você possa folhear as próximas pági-
sempre tratamos a segurança como um valor
nas e receber novos motivos para acreditar que
universal e indispensável. E sempre acreditamos
podemos fazer dos próximos dias deste ano no-
que isso tinha, sim, um efeito multiplicador. Que
tícias que fazem o nosso coração ser mais grato. ▞
não seria um aprendizado restrito a uma área, mas que, uma vez implantado, seria transforma-
Boa leitura.
HEADLINE
› A ERA DO DELIVERY
Rapidez & Segurança:
A ERA DO DELIVERY Por driblar os problemas urbanos contemporâneos, demanda por aplicativos de delivery cresce no Brasil
Fotos: © iStockPhoto / Divulgação
por GUILHERME POPOLIN
PararReviewMag / #16 / Março 2019
– 9
›› FERNANDO VILELA Head de Marketing da Rappi
INTERNET E OS PROBLEMAS URBANOS, SOBRETUDO OS DE MOBILIDADE, CRIARAM UMA DEMANDA POR SERVIÇOS DE DELIVERY QUE PROPORCIONEM COMODIDADE E SEGURANÇA. Esse nicho de mercado em expansão contempla variadas categorias de serviços. Segundo uma pesquisa do Instituto Ipsos de 2017, 42% dos pedidos de entrega de alimentos no Brasil são efetuadas por meio de plataformas digitais. Já de acordo com uma pesquisa da BOX1824 de 2018, os consumidores querem otimizar o tempo ao valorizar as experiências gastronômicas com rapidez e praticidade. Essa nova realidade do delivery, associado às novas tecnologias digitais,
as mudanças de hábitos e costumes
ficar com a família, ficar com os ami-
do consumidor. O ritmo de vida fre-
gos e fazer qualquer outra coisa: um
nético cria uma demanda por produ-
hobby ou outro tipo de lazer”, afirma.
tos que facilitem o dia a dia. Com a
A Rappi é um serviço de delivery que
internet, as pessoas tornam-se cada
se propõe a entregar “qualquer coisa”.
vez mais isoladas. A preferência é por
Com o aplicativo da Rappi, o usuário
ficar em casa e interagir somente
pode comprar e receber alimentos,
pela tela de notebooks, smartphones
produtos de beleza e solicitar a entre-
e tablets. “Não possuem tempo para
ga de pertences ou encomendas. Dis-
fazer refeições – mudança provocada
ponível efetivamente no Brasil desde
especialmente pelo ingresso da mulher
janeiro de 2018, atualmente, a Rappi
no mercado de trabalho. O tempo que
atende em São Paulo, Rio de Janeiro,
sobra é para aproveitar seus lares”. Esse
Belo Horizonte, Curitiba, Campinas,
comportamento fica mais evidente nas
Ribeirão Preto, São José, Recife, Forta-
gerações mais jovens, identificadas
leza, Salvador, Curitiba, Porto Alegre,
como Geração Z – “os nativos digitais,
Florianópolis, Goiânia, Brasília, com
cuja relação com o tempo é diferente, é
operação abrindo em João Pessoa.
on-line”, exemplifica a especialista.
faz parte de uma nova economia pre-
Fernando Vilela, Head de Marketing
sente na “Era do Delivery”. De acordo
da Rappi no Brasil, conta que o serviço
com Simone Ceretta*, especialista em
ofertado por eles nasceu da necessida-
marketing e mestre em desenvolvi-
de do consumidor em driblar os pro-
mento, o consumidor leva em conta os
blemas de mobilidade das cidades. Por
benefícios, a experiência de compra e
meio da união entre varejo, consumi-
o valor agregado ao escolher um ser-
dor e pessoas que desejam empreen-
viço. O crescimento dos aplicativos de
der, o aplicativo visa poupar o tempo
delivery é resultado da internet e das
de quem “até poderia ir a um restau-
redes sociais, as quais acompanham
rante ou supermercado, mas opta por
O Head de Marketing da Rappi com-
DOS PEDIDOS DE ENTREGA DE ALIMENTOS NO BRASIL SÃO EFETUADAS POR MEIO DE PLATAFORMAS DIGITAIS.
para o mercado de delivery no país com os países desenvolvidos, como os EUA. De acordo com ele, “o e-commerce no Brasil é dependente do varejo tradicional. Ao mesmo tempo em que se tem cada vez mais os centros urbanos se expandindo, a jornada de trabalho aumenta e o trânsito piora. Esses fatores aliados favorecem o mercado de delivery”, explica. →
10 –
HEADLINE
› A ERA DO DELIVERY
PararReviewMag / #16 / Março 2019
Simone Ceretta elenca pontos positivos sobre os aplicativos de delivery, como: a redução de custos; a rapidez; a oportunidade de fazer escolhas; a oferta de descontos; evitar o trânsito; e os novos modais, como patinetes e bikes, que contribuem para a diminuição de poluentes. Alguns pontos negativos que precisam receber atenção das empresas são: nem todos os consumidores podem ter o conhecimento necessário para utilizar os aplicativos; desconfiança sobre o funcionamento e de que a entrega realmente será fei-
›› FERNANDO MARTINS
ta; e experiências negativas. “Um dos principais motivos do cliente preferir o
Gerente de Tecnologia em Logística do iFood Brasil
delivery é a economia de tempo, de gasolina e com estacionamento, elementos ligados à mobilidade urbana. Isso
Foto: © Divulgação
ocorre essencialmente nas grandes cidades, onde, além disso, ocorre o problema social da violência. Nas pequenas cidades, esse não seria um motivo tão preponderante, mas o tempo de deslocamento é muito relevante para a decisão de compra das pessoas”, explica Simone Ceretta. De acordo com o gerente de tecnologia em logística Fernando Martins, do iFood Brasil, o serviço se estabeleceu como marca no mercado de food
usuários e 14 milhões de pedidos por
delivery no país a partir de 2011. Um
mês espalhados em mais de 480 cida-
dos principais diferenciais é o delivery
des em todo o Brasil.
de comida com agilidade. “Hoje ofere-
A mobilidade nas grandes cidades
cemos mais de 30 tipos de culinária.
e a adoção de novos modais são as-
Esse tipo de oferta só traz comodidade. Conseguimos oferecer café da manhã,
suntos que recebem atenção especial
almoço, lanche da tarde, jantar e lan-
da área de criação e logística do iFood,
che da madrugada – todo tipo de culi-
seja para atender àquelas pessoas que
nária que você encontrar na rua você
não desejam sair de casa por contra
vai encontrar no iFood”, destaca.
do trânsito ou pela segurança. Além
Pioneiro no Brasil nesse segmento,
das motos e das bikes, as patinetes e
a mudança de hábito dos consumi-
as bicicletas elétricas estão em fase de
dores foi um desafio. “Um dos nossos
testes. O objetivo é adaptar as especi-
concorrentes é o fogão”, brinca Martins, quando comenta sobre a cultura
MILHÕES
ficidades de cada modal ao dia a dia, de maneira que se complementem.
do brasileiro de fazer grandes compras
“De forma pioneira no mercado brasi-
e estocar alimentos na geladeira, o
leiro, nós vemos um resultado atrativo.
que para ele, atualmente, não é mais
Estamos otimistas com os testes. A pa-
necessário. “Em uma família tradicional, a mãe e o pai buscam os filhos no colégio, no caminho de casa pedem um iFood e quando chegam ao destino já está tudo pronto”, exemplifica. O iFood conta hoje com 10 milhões de
ÉA QUANTIDADE ATUAL DE USUÁRIOS DO IFOOD.
lizados. Por ser leve, dobrável e poder andar em ciclovias, “gera um benefício para o entregador, para o cliente final e para o restaurante que está preocupado se a comida vai chegar rápido”, comenta Martins. Dessa maneira, o aplicativo de delivery democratiza a forma de entrega, ao permitir que pessoas sem CNH ou universitários possam integrar o time de entregadores iFood. ▚
tinete aqui em São Paulo (SP) traz benefícios reais à logística do iFood”, conta. A patinete, por exemplo, representa um ganho considerável no tempo de entrega em vias planas, como na Avenida Paulista, onde testes foram rea-
*Simone Beatriz Nunes Ceretta
→ I N F O
é especialista em marketing e mestre em desenvolvimento. É professora de administração do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR) - Campus Santo Augusto, atuando na área do marketing, empreendedorismo, comportamento do consumidor, vendas e atendimento ao cliente. É pesquisadora do Grupo de Pesquisas em Organizações, Estratégia e Trabalho do CNPq/IFFAR.
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TIPS & CASES
Sem esforço, sem suor e sem poluentes, a versão movida a eletricidade é a alternativa mais conveniente para a locomoção nos centros urbanos por JULIANA GONÇALVES
BIKE ELÉTRICA É PARTE DA SOLUÇÃO PARA “IMOBILIDADE URBANA”
› DEMOCRATIZAÇÃO DAS BIKES
A
OPÇÃO MASSIVA PELO AUTOMÓVEL TORNOU AS GRANDES CIDADES AMBIENTES POUCO HUMANIZADOS E NADA DEMOCRÁTICOS. Quem preza pelo
›› BLIV: a bike elétrica que pretende revolucionar o aluguel de bikes
direito de ir e vir de forma sustentável e com qualidade de vida passou a defender formas alternativas de transporte, dentre os quais, a bicicleta é a principal. As bikes sempre foram opção de lazer e de esporte. Hoje, são apontadas como uma das principais soluções para os atuais problemas de mobilidade. Muita gente aponta a exigência do esforço físico e os consequentes cansaço e suor como argumentos para não adotar a bicicleta nos deslocamentos diários. Daí vem o grande sucesso das bikes elétricas mundo afora. O sistema responsivo reduz significativamente o esforço necessário e isso universaliza o uso da bicicleta. Independentemente da profissão, do trajeto ou da idade, ficou mais fácil e conveniente adotá-la como meio de transporte. O empresário Bruno Caheté, que há mais de 20 anos trabalha com fabricação, importação e distribuição de bicicletas, tornou-se um entusiasta da versão elétrica e vem dedicado esforços para popularizá-la e torná-la mais acessível, já que a alta tributação, segundo ele, ainda é um entrave para a democratização do produto. Há três meses, Caheté criou a Bliv, uma bike elétrica de aluguel que pretende participar da revolução das bikes em São Paulo. Sobre isso, ele conversou com a PARAR Review e você confere abaixo a entrevista.
PararReviewMag / #16 / Março 2019
– 13
PARAR - E como funciona esse aluguel? BC - Eu desenvolvi a bicicleta e tentei introduzir no mercado de aluguel de outras maneiras, mas não consegui. Então, resolvemos abrir nossa própria empresa de aluguel de bike. Nós fizemos uma estrutura 100% on-line, mas com entrega física. O processo é o seguinte: você entra no site, escolhe o plano, paga com cartão de crédito e aí nós vamos ligar e agendar a entrega entre 8h e 20h. Nós temos um parceiro, que é a Carbono Zero Courier, que faz a entrega da bike. E essa entrega eles fazem pedalando, por isso é um serviço chamado carbono free. Eles vão entregar a bicicleta e explicar como ela funciona, vão dar uma explicação técnica.
PARAR - Como tem sido a aceitação? BC - Temos recebido bastante demanda de empresas. As pessoas ainda não sabem bem o que é a bicicleta elétrica e esse desconhecimento ainda gera uma barreira de crescimento. Acho que vão vir mais empresas de bike elétrica. A Yellow, que é uma plataforma de compartilhamento de patinetes e bikes, está crescendo bastante em São Paulo, outros modais estão surgindo e mudando a cabeça das pessoas. Precisamos de mais ciclovias porque, mesmo onde elas já existem, estão ficando pequenas para a quantidade de ciclistas. Serviços como Bike Itaú e Yellow não estão dando conta de atender toda a demanda. É um mercado que vai ter um boom, não tenho dúvidas.
↓
PARAR - Qual é a demanda dessas empresas que têm se interessado pelo aluguel?
PARAR - Como surgiu a ideia de trabalhar com aluguel de
BC - Está começando um movimento de empresas interessadas em oferecer o aluguel de bikes para os seus colaboradores. Já tive reuniões, por exemplo, com empresas localizadas no Rochaverá, um condomínio comercial na zona sul de São Paulo onde trabalham cerca de 25 mil pessoas. Uma vaga de estacionamento ali custa cerca de R$ 400 ao mês. O aluguel da Bliv custa R$ 249 ao mês no plano anual. Estamos vendo qual seria a responsabilidade da empresa ao oferecer essa opção para os funcionários. Percebo que existe vontade por parte das empresas, mas elas querem se proteger juridicamente porque acham que é um modal perigoso. Em breve, acho que vai ser uma opção. →
bicicletas elétricas?
BRUNO CAHETÉ - Nos últimos dois anos, eu tenho acompanhado de perto o movimento da bike elétrica, que explodiu mundialmente, na Europa, nos Estados Unidos. Eu frequento muito as feiras internacionais e lá fora isso está em outro patamar, é muito comum a pessoa ter uma bicicleta elétrica. Aqui no Brasil, o imposto é o mais caro do mundo, a bike elétrica está classificada no mesmo IPI de perfumes e coisas supérfluas. Isso é um impeditivo porque o preço fica caro. Como é que a gente consegue fazer com que ela seja mais acessível para as pessoas? Foi aí que eu comecei a estudar o mercado de aluguel de bicicletas. Com essa opção, a gente transfere o produto para outras faixas de pessoas.
14 –
TIPS & CASES
› DEMOCRATIZAÇÃO DAS BIKES
PararReviewMag / #16 / Março 2019
cansaço, nem suor, porque o sistema da Bliv é responsivo, você pedala com esforço quase zero e a bicicleta faz o resto. Há pesquisas que mostram que 50% dos deslocamentos em São Paulo são de até cinco quilômetros. É uma distância perfeita para se fazer de bike elétrica.
PARAR - Que tipo de estratégia vocês têm adotado para popularizar esse modal?
A POPULARIZAÇÃO DA BICICLETA COMO MEIO DE TRANSPORTE É CAPAZ DE DIMINUIR O INCHAÇO DAS RUAS, MELHORAR A CONVIVÊNCIA URBANA, DAR LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO E PROMOVER UMA REVOLUÇÃO NA MOBILIDADE DAS PESSOAS."
PARAR - Qual é o perfil do usuário desse serviço?
›› BRUNO CAHETÉ - Empresário e criador da Bliv
BC - Eu sou um exemplo do perfil. Abandonei o carro e hoje só utilizo a bicicleta elétrica e serviços de aplicativos de viagens, porque está surreal andar de carro em São Paulo. Apesar de trabalhar com bikes há mais de 20 anos, eu não a usava como meio de transporte. Considerava a bicicleta um exercício físico, por isso eu tinha uma certa resistência, não achava que eu seria um usuário da bike elétrica. Até que teve a greve dos caminhoneiros, em maio do ano passado. Fiquei sem gasolina e trabalhei uma semana de bike elétrica. Hoje, eu uso muito e já faz parte do meu dia a dia. Não tem
PARAR - Você acredita que o serviço de aluguel de bicicletas elétricas pode ser a solução para os problemas de mobilidade nos grandes centros? BC - Com toda a certeza, a bicicleta é a melhor solução para a mobilidade. A popularização da bicicleta como meio de transporte é capaz de diminuir o inchaço das ruas, melhorar a convivência urbana, dar liberdade de locomoção e promover uma revolução na mobilidade das pessoas. Mas isso depende de um conjunto de coisas: precisamos ter mais empresas alugando bikes, mais ciclovias na cidade, mais educação no trânsito. Temos, no Brasil, um atraso cultural, mas já melhorou muito e a cada ano temos evoluído mais nesse sentido. ▚
Fotos: © Divulgação
[...] A BICICLETA É A MELHOR SOLUÇÃO PARA A MOBILIDADE.
BC - Eu vinha focando numa estratégia mais voltado para os departamentos de recursos humanos de empresas, com a proposta de oferecerem o aluguel da bicicleta para os funcionários. Mas recentemente um fato mudou um pouco o curso da empresa: um entregador entrou em contato comigo interessado em alugar a bike para ter um deslocamento mais rápido, alcançar mais clientes e oferecer um serviço mais eficiente. Quer dizer, existe outro público que eu não estava fazendo contato. Agora estou fazendo um projeto específico para atender os entregadores. Estou estudando quais são as necessidades e dificuldades deles. Por exemplo, a autonomia da bateria, que é de 25 a 30 quilômetros, pode ser insuficiente para esses profissionais. Então, pensamos em criar pontos de trocas de baterias, criar uma estrutura de atendimento para eles.
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inside
› ARTIGO FLAVIO TAVARES Fundador do Instituto PARAR, idealizador da WTM e CMO da Golsat
INOVAÇÃO PARA QUEM?
UITO SE TEM FALADO SOBRE INOVAÇÃO, VOCÊ TEM QUE SER INOVADOR, TER UM PROJETO INOVADOR, trabalhar em uma empresa inovadora ou mesmo largar o seu emprego tradicional e arriscar o próprio negócio para que você tenha a liberdade para fazer o que? Inovar. É tanta gente falando sobre isso que eu tenho a impressão de que a palavra está perdendo o seu sentido. Usamos tanto esse termo no dia a dia e ainda vemos empresas montando áreas cada vez maiores para discutir o que pode ser inova-
do. Dias atrás, estava com meu amigo querido, o Alexandre Frankel, e ele me disse algo curioso: “Flavio, qualquer evento que tiver essas cinco palavras na divulgação lota: Startups, Inovação, Exponencial, IoT e Inteligência Artificial”. E não é que é verdade? Estamos vivendo a moda dos termos do futuro. Decidimos, em algum momento da nossa história, que o futuro, ou melhor, que nossas vidas dependem dessas cinco palavras. Se não inovarmos, morreremos. A palavra inovação vem do latim innovatio, que significa “um objeto, método ou ideia que é criado e nada tem a ver com os padrões anteriores”. Ou seja, criar algo que ninguém criou ainda. Fazer algo que ninguém fez, pensar em algo que ninguém pensou. Na minha opinião, a grande crise que vivemos não é em criar o que ninguém criou e sim em valorizar e reconhecer o que já existiu. Tem muita coisa rolando no mundo que são reflexos de coisas, ideias ou processos que já existiram e estamos
só dando uma roupagem nova. A grande inovação que precisamos não é a de tecnologia, mas sim a humana. Precisamos começar a gerar, dentro das nossas empresas, pessoas que nunca existiram. Colocar o ser humano no centro parece uma coisa simples, mas não é. Ainda construímos inovações que são focadas em processos, ideias e tecnologias, mas não em pessoas. Simon Sinek diz que os novos 3 P’s são: Paixão, Pessoas e Propósito. Que tal fundarmos novos departamentos para discutir e promover esses três temas e deixar que o novo surja dali? Nunca presenciamos uma época em que é tão latente a necessidade de Tech e Human caminharem juntos.
PararReviewMag / #16 / Março 2019
COLOCAR O SER © Panji Pamungkas / SLAB Design Studio
HUMANO NO CENTRO PARECE UMA COISA SIMPLES, MAS NÃO É. AINDA CONSTRUÍMOS INOVAÇÕES QUE
– 17
Estamos na era da indústria 4.0, das organizações exponenciais, da transformação digital e mesmo assim vivemos em um mundo cada vez mais desigual. Não parece que a conta não bate? Inovar é investir em pessoas tanto quanto investimos em tecnologia. Se a sua ideia, projeto ou produto não muda a vida de ninguém, de verdade, não vale a pena o esforço. A história mesmo nos mostra que nenhuma revolução é feita sem pessoas, e muito menos a tecnológica. Em novembro, nós vamos realizar a sétima edição da Welcome Tomorrow e a inovação estará em todos os aspectos do evento. Mas não essa inovação que estamos acostumados a discutir. Nós vamos falar da inovação que muda as pessoas. Vamos incentivar profissionais e empresas a repensarem o valor do tempo e da vida através do viés da mobilidade, da tecnologia e do futuro do trabalho. O projeto deste ano está ficando fora de série, de verdade. Estamos quadruplicando o tamanho e promovendo uma série de experiências que serão impactantes. Serão seis dias de evento (5 a 10 novembro), em São Paulo, onde vamos construir oito novos mundos de mobilidade. Para quem não conhece, esse é o trailer de como foi no ano passado (acesse o link através do código abaixo). As expectativas estão altas e gostaria muito que você pudesse participar dessa experiência, mas até esse encontro, desejo que você aproveite seus dias para desenvolver mais a sua paixão por inovar, utilizar seus talentos para transformar a vida das pessoas e fazer a diferença através do seu propósito. ▚
SÃO FOCADAS EM PROCESSOS, IDEIAS E TECNOLOGIAS,
INTERATIVO
MAS NÃO EM PESSOAS.
›› ASSISTA AO TRAILER DO WTM 2018. Utilize o leitor QRcode do seu celular e confira.
inside
WTM INSIGHTS
U
M EVENTO-EXPERIÊNCIA QUE IMPACTOU, INSPIROU E EMOCIONOU. Essa foi a Welcome
Tomorrow Mobility Conference 2018 (WTM18), um encontro
que colocou o Brasil no rol de grandes eventos globais e transformou São
por KARINA CONSTANCIO
Ao colocar o ser humano no centro das discussões sobre o futuro, o evento conseguiu trazer um novo olhar à respeito do tempo, da qualidade de vida e do futuro do trabalho. Destacou que mobilidade nem sempre é deslocamento e que está muito mais ligada
Paulo na capital da mobilidade e da
ao conceito de facilidade. Com o tema
inovação. Em três dias de imersão (29,
“Mobility is Everything” (Mobilidade
30 e 31/10), a WTM18 conseguiu alcan-
é tudo) conseguiu mostrar que a dis-
çar mais de 120 mil pessoas, seja de
cussão sobre o futuro dos transportes
forma presencial ou conectadas atra-
e dos deslocamentos vai muito além
vés da transmissão online.
do modal ou da adoção de medidas
Fotos: Divulgação
O que aprender com um dos principais eventos de mobilidade do mundo
PararReviewMag / #16 / Março 2019
– 19
› WELCOME TOMORROW 2018
públicas para tornar as cidades mais
identidade visual da Rede Globo), Bi-
trabalho em home office e da evolução
inteligentes. Também tem tudo a ver
bop Gresta (Presidente da Hyperloop
da mobilidade aérea com a chegada de
com tecnologias que conectam pessoas
TT), Steven Choi (gerente de produto
drones para entregas e transporte de
a serviços e evitam deslocamentos des-
do Uber), Renato de Castro (expert em
passageiros.
necessários, com o futuro dos ambien-
cidades inteligentes) e Marcos Piangers
Um espaço total de 12 mil m², no WTC
tes de trabalho, com a gestão de tempo
(palestrante e autor do best seller “O
Events Center, apresentou quatro plená-
e com o equilíbrio entre vida pessoal
Papai é Pop”). Além disso, trouxe cases
rias principais de conteúdo, pista com
e profissional.
impressionantes, como o da primeira ci-
experiências de mobilidade elétrica, sa-
Pelos palcos da WTM18 passaram
dade inteligente social do mundo, locali-
las exclusivas para meetings, workshops
nomes importantes como Walter Longo
zada no Ceará, do robô brasileiro criado
imersivos e uma inovadora Cidade do
(empreendedor digital, palestrante in-
com Inteligência Artificial para ajudar
Futuro onde as principais empresas do
ternacional e sócio-diretor da Unimark),
equipes e atender pessoas, da startup
setor apresentavam suas soluções. Con-
Hans Donner (designer responsável pela
que está revolucionando o modelo de
fira alguns dos resultados dessa edição:
→
INSIDE
› WELCOME TOMORROW 2018
HIGHLIGHTS
A WTM18 também foi fonte abundante de insights sobre o futuro da mobilidade, do trabalho, das cidades e dos negócios. Nós separamos alguns desses ensinamentos aqui, mas todas as palestras e debates podem ser assistidos, na íntegra, através do canal Welcome Tomorrow no Youtube. Vale a pena conferir.
150 100
PALESTRANTES GLOBAIS
PATROCINADORES E STARTUPS
→
04 MIL PESSOAS CIRCULANDO PELO EVENTO
03 ONLINE 120
MIL
20 –
PESSOAS CONECTADAS NA TRANSMISSÃO
MIL DOWNLOADS DO APLICATIVO
WTM18
02 04 08 05 EVENTOS MIL EMPRESAS PRESENTES NO EVENTO
PALCOS SIMULTÂNEOS
SALAS DE WORKSHOPS
PARALELOS ACONTECENDO DENTRO DA WTM18 ATRAVÉS DE PARCERIAS COM GPTW, ABLA, GLOBAL FLEET, CEPA E OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA (ONSV)
PararReviewMag / #16 / Março 2019
→
“O BRASIL SERÁ, AGORA, O EPICENTRO DE UMA REVOLUÇÃO GIGANTESCA QUE ESTAREMOS DESENVOLVENDO COM O HYPERLOOP”
“NÃO TENHAM DÚVIDAS: NÓS VAMOS FICAR ELÉTRICOS! POR UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA, DE INTELIGÊNCIA E DE CUSTO”
BIBOP GRESTA - Presidente da HyperloopTT
“O FUTURO DO TRABALHO NÃO É SOBRE ONDE NÓS ESTAMOS, É SOBRE O QUE NÓS FAZEMOS” LAERCIO ALBUQUERQUE Presidente da Cisco no Brasil
→
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RENATO DE CASTRO Expert em cidades inteligentes
"MOBILIDADE TRANSCENDE O MODAL DE TRANSPORTE. É FUNDAMENTAL QUE AS EMPRESAS PASSEM A ENTENDER A MOBILIDADE COMO PARTE INTEGRANTE NO PROCESSO DE EMPREENDER” “TEM TRÊS COISAS QUE ME IMPORTAM NO AMBIENTE DE TRABALHO: TRABALHAR COM PESSOAS QUE EU GOSTO, ESTAR APRENDENDO PERMANENTEMENTE E TER CONDIÇÕES DE CAUSAR IMPACTO”
WALTER LONGO Empreendedor digital, palestrante internacional e sócio-diretor da Unimark
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FABIO COELHO - Presidente do Google
“A TENDÊNCIA É QUE AS EMPRESAS REPENSEM SEUS ESCRITÓRIOS E DIMINUAM O TAMANHO DESSE ESPAÇO”
“A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL VAI TIRAR DO NOSSO COLO TRABALHOS QUE NÃO PRECISAMOS FAZER”
ROBERTA VASCONCELLOS CEO da BeerOrCoffee
EMILIA CHAGAS - CEO da Contentools
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“O ESTACIONAMENTO DO FUTURO VAI TER QUE ESTAR CONECTADO, SEJA COM O METRÔ OU COM O HYPERLOOP” ANDRÉ IASI - CEO da Estapar
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» EM 2019, A WELCOME TOMORROW TERÁ COMO TEMA “MOVE THE WORLD” E, DESSA VEZ, VAI CONTAR COM SEIS DIAS DE IMERSÃO NA CAPITAL PAULISTA. SERÁ UMA GRANDE EXPERIÊNCIA ONDE O NOVO MUNDO DA MOBILIDADE, DA SAÚDE, DA MORADIA, DO TRABALHO, DA LOGÍSTICA, DOS TRANSPORTES E DAS CIDADES SERÃO VERDADEIRAMENTE MATERIALIZADOS. MAIS INFORMAÇÕES: WTMCONFERENCE.COM.BR
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UM AMBIENTE DE TRABALHO MAIS LEVE E COLABORATIVO É POSSÍVEL
› CULTURA ORGANIZACIONAL
Mudanças na forma de gerir a empresa podem contribuir para que os funcionários sintam-se motivados e, dessa forma, sejam mais produtivos no trabalho
por BEATRIZ POZZOBON
Fotos: © Freepik / Divulgação
HEADLINE
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PararReviewMag / #16 / Março 2019
STAR NO TRABALHO NÃO PRECISA SER UM PESO. E AS EMPRESAS MAIS ANTENADAS JÁ DESCOBRIRAM ISSO.
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Um ambiente corporativo mais leve, desafiador e focado em resultados contribui para que os funcionários sintam-se mais motivados e desenvolvam um comportamento colaborativo. Por outro lado, em locais onde o que impera é uma cultura de controle e opressão, cria-se colaboradores dependentes e que não estão abertos a executar além do que lhes foi designado. A conclusão é do consultor em carreiras Sidnei Oliveira, autor de vários livros sobre liderança e dos bestsellers da série Geração Y. De acordo com o consultor, as novas tecnologias contribuíram para uma mudança importante com a forma com que as pessoas se relacionam com o trabalho. Isso acontece porque, nos dias de hoje, por conta da mobilidade tecnológica, os limites entre vida pessoal e profissional estão cada vez menos definidos. Ou seja, é possí-
MOTIVOS PARA NÃO ODIAR A SEGUNDAFEIRA
vel, por exemplo, que um funcionário responda um e-mail de trabalho no sábado ou acabe de resolver algumas pendências após o expediente. A produtividade fora do ambiente de trabalho faz com que as pessoas desejem, em contrapartida, terem espaço para aspectos da sua vida pessoal dentro das empresas. “Os funcionários valorizam ambientes que se assemelham muito ao próprio espaço pessoal. Por isso, eles esperam poder levar o pet para o trabalho, navegar nas redes sociais, estudar, não querem restrições quanto a isso”, explica Oliveira. Segundo o consultor, essa fusão entre os dois ambientes representa um desafio enorme para as empresas. “Os gestores mais antigos veem isso como enrolação e não percebem que as pessoas trabalham muito mais hoje do que antigamente”, pontua. No entanto, a flexibilidade que o profissional deseja precisa vir acompanhada de maturidade por parte dele também. Nesse sentido, uma das formas de atingir a maturidade e a autonomia da equipe é por meio de programas de mentorias, em que o gestor atue
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como mentor. A ideia é que quanto mais a equipe cresça, mais o mentor consiga delegar funções e conceder a flexibilidade desejada. “Com um grupo maduro é possível trabalhar horário e ambientes de trabalho flexíveis. Serão pessoas focadas em resultados e não em tarefas específicas”, afirma Oliveira. O consultor em carreiras ainda aponta que um ambiente de trabalho mais leve e colaborativo pode ser atingido quando a empresa, respeitando sua cultura, admite quebrar algumas estruturas muitos rígidas. “É preciso mexer nos processos, ter um gestão menos burocrática, mais objetiva, com regras diretas e claras”, destaca. Ele ressalta também que os profissionais de hoje querem alinhar o seu propósito pessoal com o propósito da empresa e, para isso acontecer, uma gestão mais transparente é fundamental. “As pessoas estão pressionando os gerentes a serem transparentes e coerentes. Elas estão cansadas de zonas cinzentas, coisas não ditas, querem ver os gestores agindo da forma que pregam que deve-se agir”, conclui. →
DICAS ↓
Pensando em novas formas de se relacionar com o trabalho e com a vida profissional, o consultor em carreiras SIDNEI OLIVEIRA listou sete motivos para não odiar a temida segunda-feira. CONFIRA: 1.
É um dia com um bom pretexto para se fazer novas escolhas, pois é o início da semana;
4.
5. 2.
Dificilmente encontra-se pessoas "encerrando coisas" na segunda-feira; 6.
3.
É uma oportunidade para se fazer algo pela primeira vez;
Estamos mais descansados e com as baterias renovadas; É um ótimo momento de reconexão com os principais parceiros de trabalho; É um bom dia para contar e ouvir histórias interessantes do fim de semana;
6.
É a primeira oportunidade da semana para refletir se encontra-se na direção que gostaria e, eventualmente, mudar.
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› CULTURA ORGANIZACIONAL
PararReviewMag / #16 / Março 2019
MULTINACIONAL APOSTA EM GESTÃO MODERNA PARA CRESCIMENTO →
›› Escritório da Movile em São Paulo
Mudanças na estrutura física do ambiente corporativo também podem auxiliar na motivação dos colaboradores e para que eles se relacionem com o trabalho de uma forma mais prazerosa. O consultor em carreiras Sidnei Oliveira rechaça a organização rígida e estruturada da maioria dos escritórios, em que os profissionais são divididos em baias, trabalhando, muitas vezes, dentro de um cubículo. No entanto, segundo o consultor, de nada adianta adotar medidas estereotipadas, como a inserção de uma mesa de pebolim no espaço ou puffs coloridos. Para ele, essas ações são, muito mais, marketing do que propriamente efetivas na motivação dos funcionários. Um ambiente de trabalho ideal deve ser mais aberto, fluido e flexível. Em um espaço profissional moderno, o trabalho deve fluir de maneira natural, sem muitas paredes e divisões, o que permite uma comunicação mais frequente entre as pessoas, inclusive não verbal. ▞
O “JEITO MOVILIANO DE SER” SE BASEIA NA VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL E AMBIENTES QUE OFEREÇAM LIVRE ACESSO, EM QUE A INOVAÇÃO POSSA FLUIR. Desde 2011, a empresa de tecnologia Movile adota uma postura moderna e diferenciada na gestão dos funcionários. Trata-se do “Jeito Moviliano de Ser”, que se baseia na valorização do profissional e ambientes que ofereçam livre acesso, em que a inovação possa fluir. Investidora de marcas como iFood, PlayKids e Sympla, a Movile atua como marketplace de aplicativos, uma espécie de shopping center virtual. De acordo com a diretora de gente da Movile, Luciana Carvalho, o foco da empresa é justamente esse: as pessoas. “Se estamos conseguindo construir um grande negócio, isso só é possível através do nosso time. São profissionais que têm senso de donos, são focados em resultados, pró-ativos, protagonistas de suas carreiras e que estão sempre tra-
balhando com brilho nos olhos”, afirma a diretora. Para isso, a empresa prioriza um ambiente de trabalho colaborativo que permite um ecossistema de troca. “Aqui temos acesso a tudo e a todos. Além disso, nós crescemos de forma acelerada, então nossas pessoas são expostas a muito aprendizado e autonomia. Estimulamos todos a errarem e aprenderem rápido, trabalhando para fazer a vida das pessoas melhor”, finaliza Luciana. Brasileira e com mais de 2.300 funcionários, a Movile está presente em diversos locais do Brasil, como São Paulo (SP), Campinas (SP), São Carlos (SP) e Porto Alegre (RS). Além de ter escritórios nos Estados Unidos, França, México, Colômbia, Peru e Argentina.
Fotos: © Divulgação
MUDANÇAS ESTRUTURAIS
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› TRANSPORTE PÚBLICO
QUANTO VALE O SEU TRANSPORTE? No Brasil, problemas no transporte público fazem com que o vale-transporte perca sua eficácia
QUALIDADE DOS TRANSPORTES SOBRE SUPERFÍCIES, A EXTENSÃO DA MALHA METROFERROVIÁRIA E A FALTA DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS em mobilidade aumentam o tempo de viagem de muitos trabalhadores até o local do trabalho. Por conta de inúmeras deficiências no transporte público no Brasil, o benefício do vale-transporte, uma conquista histórica, é colocado em cheque. A lei do vale-transporte (Nº. 7.418), de 1985, tem o objetivo de garantir o direito de ir e vir dos trabalhadores ao local do
uma das primeiras conquistas da organização. “Foi muito importante para o trabalhador brasileiro, principalmente para o de baixa renda que dependente do transporte público. Depois da CLT, o vale-transporte talvez tenha sido o maior benefício conquistado”, pondera. Apesar de ser uma conquista importante e um benefício fundamental, o vale-transporte não é utilizado de maneira efetiva por parte dos trabalhadores brasileiros. O problema da mobilidade nas grandes cidades e as condições insatis-
trabalho, com segurança, comodidade e
fatórias do transporte público no país
pontualidade. Sem distância mínima ou
são fatores essenciais que levam muitas
número máximo de passagens, é obriga-
pessoas a não utilizarem o benefício do
ção das empresas conceder o vale-trans-
vale-transporte.
porte aos colaboradores contratados pela
Letícia Abreu, head customer, mora no
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e
Brooklin e trabalha na Vila Congonhas*.
que necessitam utilizar o transporte pú-
Ela deixou de utilizar o vale-transporte
blico. Otávio Cunha, presidente executi-
para ir ao trabalho em troca da agilidade
vo da Associação Nacional das Empresas
e do conforto. “De carro, venho ao meu
de Transportes Urbanos (NTU), conta que
trabalho em 12 minutos. De ônibus, por
a aprovação da lei do vale-transporte foi
haver apenas uma opção, entre esperar
© iStockPhotos
A
por GUILHERME POPOLIN
PararReviewMag / #16 / Março 2019
o ônibus passar e chegar ao destino,
De acordo com Otávio Cunha, presi-
a demora é em torno de 40 minutos”,
dente executivo da NTU, a velocidade
conta. Segundo Letícia, ela poderia
comercial dos ônibus que já foi de 25
usar o monotrilho da Avenida Roberto
km/h, hoje, está em torno de 13 km/h.
Marinho – prometido para a Copa do
“Nós estamos longe de um serviço de
Mundo de 2014 – se o mesmo estives-
transporte público ideal. O transporte
se concluído. “Com essas obras sem
público precisa ter prioridade na via.
previsão de término, não penso em
Se você considerar que um único ôni-
deixar o carro em casa. Acho que se o
bus pode substituir 40 automóveis na
governo incentivasse e melhorasse o
rua, essa lógica explica que investir em
transporte público, juntamente com
transporte público é contribuir para a
as empresas de transporte alternativo
qualidade de vida da cidade”, afirma.
– bikes e patinetes – diminuiria o uso
Equiparar a qualidade dos modais –
de carros e em consequência o fluxo
entre ônibus e transportes sobre tri-
do trânsito”.
lhos, por exemplo – é um desafio. →
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A VELOCIDADE MÉDIA COMERCIAL DOS ÔNIBUS JÁ FOI DE
25 km/h HOJE, A VELOCIDADE MÉDIA É DE
13 km/h
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› TRANSPORTE PÚBLICO
Uma pesquisa do Instituto PARAR em parceria com a MindMiners, publicada em 2018, demonstrou como a mobilidade impacta a vida das pessoas no Brasil. Verificou-se que 55% dos participantes estavam insatisfeitos com o transporte público em suas cidades, enquanto 58% tinham medo de depender do mesmo. 53% abandonariam o carro próprio se tivessem outras opções de transporte para ir e voltar do trabalho, 49% prefeririam trabalhar perto de casa mesmo ganhando 10% menos e 60% das empresas nunca demonstraram preocupação com o tempo de deslocamento dos colaboradores.
Faixas exclusivas para ônibus muitas vezes não contribuem para solucionar os problemas. Trens e metrôs lotados colocam em cheque a excelência do transporte sobre trilhos no Brasil. Igor Castro, engenheiro eletricista, mora no Brooklin e trabalha na Vila Olímpia. Utiliza ônibus, mas não possui vale-transporte. Para ele, o principal problema é a superlotação em horários de pico, principalmente em áreas mais populosas. “Outra questão que vem incomodando bastante é o trânsito em corredores de ônibus, muitas vezes causado por táxis ou carros que simplesmente não respeitam o espaço exclusivo”, comenta. Para João Gouveia Ferrão Neto, vice-presidente executivo da Associação Nacional dos Transpor-
tadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), o trabalhador tem a opção de escolher o transporte que preferir. De acordo com Neto, é necessário criar condições atrativas para que as pessoas possam fazer uso desses transportes ao priorizar investimentos no plano de mobilidade urbana. “A falta de transporte sobre trilhos faz com que o trabalhador opte pelo ônibus ou pelo próprio carro. A ANPTrilhos não enxerga que o ônibus é concorrente do trilho, eles são complementares”, completa. No Brasil, são contabilizados até o momento 73 grandes regiões metropolitanas. Somente 12 possuem um sistema de transporte de passageiros sobre trilhos. Cerca de mil quilômetros
© iStockPhotos
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PararReviewMag / #16 / Março 2019
55%
INSATISFEITOS COM O TRANSPORTE EM SUA CIDADE.
58%
MEDO DE DEPENDER DO TRANSPORTE PÚBLICO.
53% 49% de malha metroferroviária transportam em média 10 milhões de passageiros por dia – 82% entre São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). A falta de investimentos em mobilidade no Brasil fica evidente ao comparar o metrô de São Paulo – inaugurado em 1974, o qual conta atualmente com uma extensão de 96 quilômetros de malha metroferroviária – com o metrô da Cidade do México, inaugurado do mesmo ano, o qual conta, hoje, com 200 quilômetros. Mônica Alves, publicitária, mora em Pinheiros e trabalha no Morumbi. Apesar do vale-transporte, prefere utilizar o bilhete único. “O principal problema é que não tem manutenção. Trem e metrô são sempre muito cheios. Deveria ter mais trens em um espaço de
ABANDONARIAM O CARRO PRÓPRIO SE TIVESSE OUTRAS OPÇÕES.
PREFERIAM TRABALHAR PERTO DE CASA MESMO GANHANDO MENOS.
É O NÚMERO DE REGIÕES METROPOLITANAS QUE POSSUEM UM SISTEMA DE TRANSPORTE SOBRE TRILHOS.
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tempo menor”, avalia. Ela possui duas opções para chegar ao trabalho: com dois ônibus ou com um ônibus e um trem. Com o trem, o caminho é mais rápido, porém, como geralmente é mais lotado, prefere ir com o ônibus pelo conforto. De acordo com a publicitária, mesmo com as faixas exclusivas, os ônibus ainda demoram muito para cumprir o trajeto. “A qualidade dos ônibus é boa, mas os terminais precisam melhorar, serem mais seguros. O sistema do bilhete único precisa ser modernizado porque não é prático. Só consigo carregar nos terminais ou em alguma estação que tenha máquina de cartão – as quais muitas vezes não estão funcionando. Já a bilheteria aceita apenas dinheiro”. A ANPTrilhos entregou ao governo federal um documento para fomentar o transporte sobre trilhos no Brasil dividido em cinco pontos: Criar um plano estratégico de mobilidade urbana nacional; Priorizar investimentos no Plano de Mobilidade Urbana Nacional; Fortalecer os marcos regulatórios; Incentivar a modernização e a criação dos sistemas de transportes de passageiros sobre trilhos; Criar taxas de financiamento mais atrativas para projetos estruturantes de transportes sustentáveis. O vice-presidente executivo na ANPTrilhos salienta que o transporte público de passageiros é um indutor do desenvolvimento. “Onde você leva o metrô, as áreas são mais valorizadas”, finaliza. Já o presidente na NTU conclui que é possível melhorar a qualidade do transporte público, mas é preciso investimentos públicos e profissionais qualificados. “É uma competência que cabe ao setor público. Infelizmente, não temos uma política brasileira voltada para a mobilidade urbana. Esse é um assunto mal resolvido ainda por todos nós”. ▚ *Todos os entrevistados moram em São Paulo (SP)
TIPS & CASES
› CASE INVEPAR
"s EGURANÇA NÃO DEVE SER PRIORIDADE. PRIORIDADE MUDA. SEGURANÇA DEVE SER UM VALOR”. É provável que todo gestor de frotas já tenha ouvido essa frase e, talvez, não tenham lhes ocorrido a real importância dela. Não foi o caso de André Matoso, gerente administrativo corporativo da Invepar, um dos maiores grupos de infraestrutura do País que administra 11 concessionárias nos segmentos de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana. À frente da gestão de mais de 600 veículos, Matoso e sua equipe têm transformado diariamente a realidade da Invepar por meio de iniciativas que já impactaram diretamente cerca de 1200 condutores que atuam na companhia. Ou seja: ao considerar a segurança como um forte valor corporativo, as iniciativas a favor da vida já reduziram drasticamente o número de acidentes e tem como meta o índice zero de infrações de trânsito cometidas pelo seu time de condutores. “Nós atuamos com concessões de infraestrutura de mobilidade e tudo o que fazemos tem por objetivo melhorar a segurança. Auxiliamos milhares de usuários de rodovias diariamente e sabemos o quanto uma condução imprópria pode ser fatal. Se está em nosso DNA aprimorar a segurança, nada mais justo do que estender esse cuidado aos nossos condutores. A vida é o que temos de mais precioso e tudo que queremos é que nossos colaboradores cheguem em segurança em suas casas ao final de um dia de trabalho”, conta o gestor. O sucesso de uma gestão organizada e pautada em resultados rendeu à Invepar a primeira colocação no ranking 100 Best Fleets, o prêmio que reconhece as empresas frotistas que mais se destacaram na gestão embasada na cultura de segurança,
RUMO AO NÚMERO por LORAINE SANTOS
política de frotas e gestão sustentável. Entre mais de 60 projetos inscritos e avaliados pelo Instituto PARAR e pela equipe americana do 100 Best Fleets, a Invepar conquistou o topo da lista das 20 empresas reconhecidas no prêmio. Em abril, Matoso parte rumo aos Estados Unidos para participar da NAFA I&E, o maior evento do setor, em busca de uma colocação entre as 100 melhores frotas, concorrendo com empresas de todos os cantos do mundo. “Estou muito ansioso com a viagem. Espero ouvir outros cases de sucesso, conhecer novas tecnologias e vivenciar muitas experiências. Também estou animado em viajar com a comitiva do Instituto PARAR, acredito que o relacionamento com o pessoal vai ser muito bom”, conta, com empolgação, o gestor.
MEDIR PARA GERENCIAR Tanto reconhecimento não é por acaso. A busca por um departamento organizado e por uma gestão que fosse ao mesmo tempo segura para os condutores e produtiva para empresa começou em 2014, quando a empresa decidiu que era o momento de inovar. “Ao conquistar uma concessão desafiadora que englobava uma rodovia federal muito importante e extensa, percebemos que era o momento de inovar e desenhar uma gestão do zero. Um desses desafios era estar presente e ser visto pelo cliente, o tempo todo, e a plotagem da frota foi o recurso
Com as malas prontas rumo a NAFA I&E, André Matoso comemora o primeiro lugar da Invepar no ranking 100 Best Fleets - Etapa Latin America, e segue em busca de uma gestão de frotas cada vez mais segura e livre de infrações
PararReviewMag / #16 / Março 2019
Invepar recebe prêmio no palco da WTM18.
usado para dar a visibilidade deseja-
check-list, orientações de uso, termos
da para a marca", conta o gerente. A
de responsabilidade e relatórios di-
maior presença trouxe também mais
versos. “Para garantir o cumprimento
responsabilidades. Ao longo de 2015,
destas políticas e procedimentos da
ao estabelecer um trabalho de parceria
qualidade, o Centro de Gestão de Fro-
com a Polícia Rodoviária Federal com
tas da Invepar conta com tecnologias,
objetivo de combater o excesso de ve-
como por exemplo a telemetria, que
locidade na via, a Invepar se deparou
geram dados apresentados mensal-
com um índice alarmante de registros de excessos de velocidade cometidos por seus próprios condutores, com carros da frota da concessionária. Tinha chegado a hora de mudar. A equipe de gestão de frotas foi reestruturada com a criação de uma coordenação responsável por toda estratégia e operação envolvendo os veículos e condutores. "Estudamos os players do mercado, implantamos
telemetria,
criamos
nossa política de frotas e passamos a frequentar os eventos e cursos do Instituto PARAR. Até mesmo a escolha de nossos carros passaram a ser baseada nas avaliações da Latin NCAP. Tudo isso ganhou uma força muito grande e os resultados apareceram de forma muito rápida”, explica Matoso. A partir de então, a Invepar estabeleceu em sua estrutura organizacional, na matriz, um Centro de Gestão de Frotas composta por uma equipe de 23 colaboradores dedicados a regulamentar, monitorar e melhorar constantemente a utilização e a performance de todos os seus veículos, máquinas,
mente para os gestores da área e para diretoria da empresa. Além disso, todos os colaboradores e usuários de nossas concessões são vistos como fiscais do uso da frota. Qualquer denúncia ou reclamação que chega pelos canais de comunicação da empresa ou até mesmo de maneira informal são investigados e, nos casos mais graves, discutidos por um comitê específico formado por representantes do RH, SSO, Jurídico, Frotas e Gerência do condutor para as devidas ações de melhoria no processo e consequências ao condutor, se aplicável”, detalha Matoso.
RUMO AO ZERO Toda a organização e fiscalização que regem a gestão de frotas da Invepar tem um propósito bem definido por trás - e isso, garante Matoso, é a razão do sucesso do projeto. A companhia quer zerar o número de infrações de trânsito relacionadas à segurança, principalmente as de excesso de velocidade e de utilização do celular du-
equipamentos e condutores, em uma
rante a condução do veículo. Na práti-
operação 24h por dia, 7 dias por se-
ca, “a nossa política de frotas classifica
mana. Para suportar esta gestão com-
como gravíssima a infração do uso do
plexa, a empresa apóia todas as ações
celular ao volante e a consequência é
em documentos de qualidade, política
de suspensão por 60 dias do direito de
de frotas, política de concessão de ve-
dirigir para aqueles que não possuem
ículos para executivos, além de pro-
nenhuma infração de trânsito em seu
cedimentos, instruções de trabalho,
prontuário, e 1 ano de suspensão do di-
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reito de dirigir para o condutor que já possuir qualquer outra infração, mesmo que de gravidade leve”, explica ele. Desde a implantação da regra, em 2017, até o momento que essa reportagem está sendo escrita, a empresa registrou apenas uma infração de uso do celular ao volante. Motivo de orgulho e comemoração, uma vez que o cenário nacional é catastrófico. Segundo dados do Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf), mantido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o número de multas no Brasil aplicadas a quem usa o celular enquanto dirige aumentou 33% de 2017 para 2018. Excesso de velocidade também é um indicador levado à sério pela Invepar. “Não há tolerância quando ocorre esse tipo de infração e as sanções são aplicadas imediatamente, podendo chegar no desligamento do colaborador. Em maio de 2017, na primeira medição feita de forma consolidada no grupo, identificamos pela telemetria 3624 excessos de velocidade em 1.700.000 quilômetros rodados, alguns deles acima de 140 km/h. Após a implantação da Política de Frotas em todas as empresas e aplicação dos treinamentos aos condutores, desde novembro de 2017 este indicador está abaixo dos 100 excessos de velocidade/mês, sendo que, recentemente, alcançamos a marca recorde de apenas 28 excessos nos mesmos 1.700.000 quilômetros rodados, além de 8 meses sem registro de infração de velocidade em duas empresas, e redução de 40% de sinistros com a frota”, comemora Matoso.
AO INFINITO E ALÉM Para 2019, os projetos para Invepar são ousados e também conectados com o futuro que a mobilidade está reservando para o setor. Aplicativos de carona, novos modais, questionamentos sobre a real necessidade do ir e vir, são alguns conceitos que rondam a gestão de frotas de companhia e, segundo Matoso, se tornaram prioridade em 2019. “Estamos conectados com o futuro do setor. Já implantamos a política de compartilhamento para veículos que ficam parado no pátio da empresa. A próxima etapa do projeto é estender isso para veículos que estão rodando, criando um sistema organizado de carona, com objetivo de otimizar os deslocamentos e aumentar a taxa de ocupação dos carros”, conclui o gestor. ▚
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ESPAÇOS MÓVEIS por BEATRIZ POZZOBON
› FUTURO DOS ESPAÇOS
A sociedade moderna exige dos espaços a mobilidade que necessita. De olho nessa tendência, empresas apostam na tecnologia para possibilitar novas maneiras de viver e compartilhar ambientes
PararReviewMag / #16 / Março 2019
MUNDO MUDOU. ESTÁ CADA VEZ MAIS RÁPIDO, DINÂMICO E COMPLEXO. Dessa forma, a sociedade
›› Casas, apartamentos, escritórios e até móveis. A "era sharing" já é um imperativo da vida moderna.
passa a exigir uma mobilidade maior também dos espaços pelos quais circula, seja para morar, trabalhar ou passar as férias. Estruturas muito rígidas, com contratos anuais e pouca flexibilidade, já não se encaixam na realidade de muitas pessoas, inclusive no Brasil. De olho nessa tendência, empresas, de diferentes segmentos, apostam na tecnologia para possibilitar novas maneiras de viver e compartilhar espaços. O Airbnb, por exemplo, revolucionou a forma como as pessoas viajam. É considerado, hoje, a maior plataforma de hospedagem alternativa do mundo. Uma comunidade que conecta pessoas em 191 países e mais de 81 mil cidades para que elas possam viajar e se hospedar na casa de moradores locais. Foi fundado em 2008, no auge da crise econômica dos Estados Unidos, pelos amigos Joe e Brian. A ideia combinava o aluguel de um colchão inflável (air bed) na sala de um loft em San Francisco, onde os fundadores moravam e estudavam, com café da manhã (and breakfast). Eles resolveram alugar o espaço para turistas durante um grande evento de design que lotou os hotéis da cidade. De lá para cá, a plataforma já recebeu mais de 400 milhões de pessoas e espera chegar ao espantoso número de 1 bilhão de hóspedes, por ano, até 2028. O Airbnb aterrissou em terras brasileiras em 2012, com 3,5 mil anúncios e passou dos 220 mil em todo o país em dezembro de 2018. Durante todo esse período, a plataforma contribuiu com o fortalecimento do turismo no país, ao democratizar as viagens e permitir, ao mesmo tempo, que milhares de famílias possam ter garantida uma renda extra com o aluguel de temporada, em especial no momento de cri-
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se econômica. De acordo com dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2016, o Airbnb movimentou R$ 2,5 bilhões no Brasil, que equivalem à renda do anfitrião somada às despesas dos hóspedes. Ainda segundo a Fipe, este valor representa a geração de 70 mil novos empregos no país. No Brasil, o serviço de hospedagem alternativa Airbnb segue em crescimento. Em 2018, 3,8 milhões de pessoas se hospedaram em acomodações oferecidas por meio da plataforma – um crescimento de 71% com relação ao ano anterior.
Países que mais recebem hóspedes do Airbnb no mundo:
T O P 1 0 →
1. Estados Unidos 2. França 3. Itália 4. Espanha 5. Reino Unido 6. Japão 7. Canadá 8. Austrália 9. Alemanha 10. Portugal
O AIRBNB DO TRABALHO Bem mais recente, o Locou segue a mesma lógica do Airbnb para aluguel de espaços, mas para ambientes de trabalho. A ideia é da publicitária Cláudia Horta, que em uma conversa informal com uma amiga percebeu as dificuldades que ela enfrentava por não encontrar um espaço para produzir as massas caseiras que vendia sob encomenda. Isso porque a amiga precisava alugar uma cozinha apenas →
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› FUTURO DOS ESPAÇOS
semanalmente, e o mercado só oferecia modelos de aluguel convencionais, por meio de contratos anuais. Atenta a esse nicho de mercado, Cláudia lançou, há 11 meses, o Locou, uma plataforma online em que proprietários de espaços produtivos oferecem seus ambientes de trabalho para alugar nos intervalos de ociosidade. Dessa forma, a empresa conecta quem tem um espaço de trabalho a quem precisa alugar por horas, turnos ou dias. “Assim como os modelos de locação por temporada trouxeram uma nova perspectiva para o mercado imobiliário, o Locou traz um novo modelo para segmento comercial: o aluguel on demand. Estamos trazendo o conceito de mobilidade que os coworkings já oferecem para as atividades profissionais que exigem mobiliário, equipamento, ou infra-estruturas específicas”, explica Cláudia, CEO da Locou.
›› CLAUDIA HORTA
CEO da Locou
A plataforma oferece cozinhas industriais, consultórios médicos, terapêuticos, salas de atendimentos para nutricionistas, coachers, salas de aulas particulares, salas de ensaios, dança, pilates, RPG, auditórios, entre outros modelos. Hoje, são 112 espaços cadastrados no Locou, em mais de 15 categorias, todos no Rio de Janeiro (RJ). Desde que foi lançada até agora, a plataforma já recebeu 1.010 pedidos de aluguel e são, em média, 130 usuários por mês interessados em alugar algum dos espaços anunciados. Segundo a empreendedora, o objetivo agora é focar 100% da operação no Rio de Janeiro e, a partir do 2º semestre deste ano, expandir para outros mercados. →
Uma das startups mais valiosas do
uma realidade, a WeWork transforma
mundo, avaliada em US$ 47 bilhões, a
prédios em ambientes dinâmicos que
WeWork é uma rede global que oferece
estimulam a criatividade, a produti-
soluções em espaços de trabalho a empresas de todos os tamanhos e setores - desde startups e profissionais autônomos até companhias multinacionais. O objetivo da empresa é garantir que todos os funcionários tenham uma experiência positiva durante as suas rotinas profissionais. Para que isso se torne
Espaços para empresas inovadoras
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vidade e as conexões entre as pessoas. “Para uma conversa em dupla há sofás, porque é mais confortável. Para se concentrar numa tarefa individualmente, há um espaço com isolamento acústico, como as cabines telefônicas. A empresa acredita que cada pessoa deve ter lugares específicos para momentos e necessidades diferentes, de forma que o espaço faça sentido e converse com a jornada de trabalho de cada pessoa”, explica Camila Weber, gerente de comunicação da WeWork. Fundada em Nova York (EUA), em 2010, por Adam Neumann e Miguel McKelvey, a WeWork possui atualmente 400 unidades em 100 cidades e 27
Fotos: © Divulgação
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países. Presente no Brasil desde julho de 2017, a empresa conta com 15 prédios em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG). Para 2019, estão previstas as aberturas de dois novos mercados no país: Brasília (DF) e Porto Alegre (RS). Uma novidade é que, em janeiro deste ano, a WeWork anunciou um novo posicionamento de marca, passando a chamar-se The We Company. A empresa, desta forma, posiciona-se como uma plataforma para todos os aspectos de sua vida moderna - a “The We Company” - um guarda-chuva para suas três verticais principais - WeLive, WeWork, WeGrow. No entanto, aWeWork continua a ser o principal negócio da startup, com mais de 400 mil membros.
» OS ANFITRIÕES DO AIRBNB JÁ RECEBERAM MAIS DE US$ 41 BILHÕES EM RENDA EXTRA DESDE A FUNDAÇÃO.
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› FUTURO DOS ESPAÇOS
PararReviewMag / #16 / Março 2019
O ALUGUEL TE DÁ ESSA LIBERDADE, MUDAR O SEU ESPAÇO DE ACORDO COM O SEU MOMENTO. E MELHOR QUE ISSO, VOCÊ PODE DIRECIONAR SEU CAPITAL E SUA ENERGIA PARA O SEU NEGÓCIO”
›› PAMELA PAZ CEO da John Richard
Sharing até de móveis A John Richard é a maior empresa brasileira de locação de móveis para necessidades temporárias, tanto corporativos, como residenciais. Há 20 anos no país, o objetivo da empresa é entregar mobilidade, agilidade e flexibilidade como solução de mobiliário. Sobre o motivo pelo qual as pessoas alugam móveis, Pamela Paz, CEO da John Richard, explica que os espaços precisam acompanhar as rápidas mudanças que acontecem no mundo. “O aluguel te dá essa liberdade, mudar o seu espaço de acordo com o seu momento. E melhor que isso, você pode direcionar seu capital e sua energia para o seu negócio”, afirma. Ela lembra que, quando a John Richard foi criada, as estruturas de trabalho eram mais rígidas e o planejamento de longo prazo. Dessa forma, o mobiliário era adquirido, imobilizado e depreciado em dez anos. Isso mudou. “Vejo que o planejamento das empresas é cada vez mais curto, as mudanças cada vez mais constantes, não cabendo mais aquela estrutura rígida”, destaca. “Além disso, mudou também o olhar
para o ambiente corporativo. Entende-se que um ambiente de trabalho adequado aos colaboradores aumenta a produtividade e o bem-estar. Então, as empresas têm se adaptado cada vez mais para entregar isso”, acrescenta Pamela. Hoje, a John Richard tem sete unidades (SP, RJ, PR, DF, MG, BA e PE) e atende todo o Brasil. No segmento de móveis de escritório, a empresa atende desde pequenos negócios, startups, coworkings e até grandes corporações. O período da locação do mobiliário depende da necessidade de cada cliente, podem ser dias, meses ou até anos. Já para móveis residenciais, o foco da empresa são pessoas que estão “em mobilidade”. “Somos a solução para quem busca um imóvel mobiliado, mas que quer ter a opção de escolha e a comodidade se sentir verdadeiramente em casa”, finaliza. ▚
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VEM AÍ O MOTOR ROTATIVO BRASILEIRO por JULIANA GONÇALVES
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Indústrias automobilísticas de todo o mundo tentaram, durante décadas, fazer do motor rotativo uma alternativa viável ao motor convencional; um brasileiro conseguiu
› MOTOR ROTATIVO BRASILEIRO
URANTE MUITOS ANOS, O MOTOR ROTATIVO FOI UMA DAS ASPIRAÇÕES MÁXIMAS DA TECNOLOGIA AUTOMOBILÍSTICA e chegou a ser uti-
lizado por diversas montadoras. Com rotores em vez de pistões e bielas, esse motor de combustão interna é menor, mais silencioso, além de mais potente que o convencional, de ciclo Otto. No entanto, acabou rejeitado pelo mercado automobilístico devido a uma falha crônica, problema que um brasileiro garante ter resolvido no projeto do Bitt-Rotátor, cujo protótipo está em desenvolvimento. A novidade vem ao encontro das diretrizes de redução de emissões de gases poluentes, já que a versão brasileira do rotativo promete reduzir em pelo menos 10% o consumo de combustível, sem perder eficiência. Desde 1903, a engenharia mecânica busca formas alternativas ao motor convencional. Até hoje, o motor Wankel – concebido pelo engenheiro alemão Felix Wankel nos anos 1920 – foi o único rotativo de combustão interna comercialmente bem-sucedido. No entanto, problemas de vedação e de consumo elevado, entre outros, fizeram com que apenas a japonesa Mazda mantivesse a fabricação de automóveis com esse motor. “Apesar da inovação, o Wankel tem uma falha de projeto na vedação das câmaras de combustão. Em altas temperaturas, a expansão dos metais faz com que a câmara mude seu formato, permitindo fugas em alta pressão. Esse problema influenciou diretamente na aceitação do mercado”, explica Daniel Bittencourt. Daniel é filho de José Fernando Bittencourt, o inventor do Bitt-Rotátor. Segundo ele, o projeto do pai começou a ser concebido há 20 anos e soluciona por completo os problemas com a vedação. “Essa solução ainda permite rotações muito mais altas, o que se converte em, no mínimo, 20% mais eficiência que o motor convencional. Dessa forma, todas as vantagens dos motores rotativos são aproveitadas sem que haja as limitações dos projetos anteriores”, acrescenta.
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TIPS & CASES
PararReviewMag / #16 / Março 2019
O projeto do Bitt-Rotátor já foi patenteado no Brasil e nos principais mercados, incluindo Estados Unidos, União Europeia, Rússia, Japão, Coréia, China e Austrália. A construção do protótipo está prevista para este ano e os Bittencourt pretendem submetê-lo a órgãos de certificação de qualidade, como o Instituto Nacional de Metrologia, Qualid de e Tecnologia (INMETRO), para testar e ratificar os índices de eficiência. “O INMETRO tem reconhecimento internacional, o que é fundamental para os argumentos na negociação com o mercado”, explica Daniel.
REVOLUCIONÁRIO Mais do que solucionar uma falha no motor rotativo, o Bitt-Rotátor representa uma possível revolução na indústria automobilística. “Esse mercado é carente de novidades. Os motores convencionais nada evoluíram em seus conceitos. As modificações foram, basicamente, nos materiais utilizados e no sistema de injeção”, avalia Daniel. O sistema convencional consome muita energia no seu próprio funcionamento, por conta de atrito e outros fatores. Tipicamente, em motores mode nos a eficiência mecânica chega a cai para 75% em rotações
luentes. A partir daí, a injeção alterava diferentes parâmetros para que o motor poluísse menos temporariamente. “A alegação das montadoras é de que é impossível alcançar as metas de redução de emissões com as tecnologias atuais e que não há novas soluções no mercado que permitam essa redução. Mas há, sim. O que falta é conhecimento”, afirma Daniel. A expectativa dele é que o programa Rota 2030 favoreça a entrada do Bitt-Rotátor no mercado automobilístico. Sancionado pelo governo brasileiro no final de 2018, o Rota 2030 prevê incentivos fiscais às fabricas que investirem em pesquisa e desenvolvimento e melhorarem a eficiência energética de seus veículos. Dentre os principais objetivos dessa nova política industrial estão o estímulo à geração de inovação, a continuação da melhoria da sustentabilidade veicular – com redução das emissões de CO2 e do consumo de combustível e a valorização dos biocombustíveis –, a evolução
“SE COMPARADO A UM MOTOR CONVENCIONAL COM A MESMA POTÊNCIA, O FATO DE SER MAIS LEVE MELHORA SUA EFICIÊNCIA, JÁ QUE O VEÍCULO COMO UM TODO TAMBÉM FICA MAIS LEVE. ALÉM DISSO, O PROCESSO PRODUTIVO FICA MAIS BARATO PORQUE MENOS MATERIAL É CONSUMIDO” Daniel Bittencourt mais elevadas. O sistema rotativo elimina grande parte dessa perda por conter menos componentes internos. Essa diminuição de componentes também influencia nas dimensões e, consequentemente, no peso do motor. “Se comparado a um motor convencional com a mesma potência, o fato de ser mais leve melhora sua eficiência, já que o veículo como um todo também fica mais leve. Além disso, o processo produtivo fica mais barato porque menos material é consumido”, compara Daniel.
POLUENTES A indústria mundial vem sendo pressionada por metas de eficiência energética extremamente ambiciosas, que não estão conseguindo atingir. A alemã Volkswagen recebeu multas milionárias nos últimos anos por burlar testes de emissão de poluentes da Amarok. A pick-up recebeu um software que permitia ao veículo detectar quando estava em processo de análise de emissões de po-
Protótipo doBitt-Rotátor
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da segurança veicular e o aumento da competitividade da indústria automobilística brasileira.
OUTRAS APLICAÇÕES Como a indústria automobilística vive um momento de transição do motor a combustão interna para o motor elétrico, o motor rotativo pode ser peça-chave para os veículos híbridos, que funcionam a partir de um motor elétrico e outro a combustão interna. Invenções como o Bitt-Rotátor, mesmo não sendo tecnologia elétrica, podem ser intermediários vitais para que se possa ter uma transição para um futuro mais sustentável. E mesmo a indústria de veículos elétricos pode encontrar no motor rotativo um grande aliado. No ano passado, a Mazda anunciou que o motor Wankel, aposentado em 2012, voltará em um carro elétrico com lançamento previsto para este ano, não como propulsor, mas como gerador e extensor de autonomia. Isso, graças a seu tamanho compacto e funcionamento silencioso. Segundo Daniel, o motor rotativo pode ter ainda inúmeras outras aplicações. “Essa tecnologia não é voltada exclusivamente para a indústria automobilística. Ele pode ser utilizado em qualquer coisa, da indústria aeronáutica à construção civil”, afirma. ▚
HEADLINE
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OR QUE INCLUSÃO SOCIAL? PORQUE É O NOSSO MAIOR DESAFIO, O NOSSO MAIOR PROBLEMA A NÍVEL MUNDIAL. A população carente cresce
exponencialmente enquanto os providos se mantém. Não existe como vivermos em paz envoltos em um ambiente tão pequeno como se tornou o planeta terra, se não encontrarmos soluções para a inclusão daqueles que representam um ônus econômico e uma pendência moral e ética de toda a sociedade. Metade da população mundial vive à margem do auto-sustentabilidade econômica. Enquanto isto, estamos orbitando à realidade com veículos autônomos, robótica, automação e redução de postos de trabalho, tudo em nome do progresso e da economia. No Brasil somos 12 milhões de desempregados formais e talvez outro tanto de desocupados informais.Somos 50 milhões de analfabetos funcionais. Metade da população em idade economicamente ativa está inativa ou sub
utilizada. Quantos recursos, quanta energia, quanta vida desperdiçada. Não há dúvida de que a inclusão social é o maior desafio deste século.
POR QUE MOBILIDADE? A nefasta, crescente e alarmante migração para os centros urbanos e a consequente diminuição da população agro-rural faz com que tudo o que se produz em um lado tenha que se deslocar muito até onde é consumido. As cidades onde concentra-se o consumo estão cada vez maiores a mobilidade cada vez pior. O custo de transporte é altíssimo e cada vez fica maior em relação ao valor dos produtos. O tempo de vida gasto com os deslocamentos é cada vez maior. Mas, sabiamente, tempo não se compra com dinheiro. Ou seja: sem locomoção não há solução. Antigamente, quem produzia era também o próprio consumidor ou o vizinho de quem consumia. As comunidades eram mais auto suficientes e assim menos importante era a mobilidade. Hoje, vivemos totalmente dependentes dela. Se não houver mobilidade, seja de longa como de curta distância, mais de 70% da população do mundo padecerá de fome. Perdemos precioso tempo de vida tentando chegar a algum lugar. Gastamos boa parcela dos nossos ganhos para nos locomover. A pessoa humilde que não tiver emprego de carteira assinada, não tem como suportar seus custos de transporte mesmo que seja o público. O transporte público não permite que ninguém leve produtos para vender e nem ferramentas para trabalhar. Atualmente, a metade da população economicamente ativa no Brasil está imobilizada e na dependência de favores daqueles que geram renda. Milhões estão ou viciados ou envergonhados por falsos programas de inclusão social baseados em assistencialismo permanente, que conduzem o pobre como massa de manobra para currais eleitoreiros induzidos pelo voto obrigatório. Hoje, no Brasil, adotamos modelos, normas e meios de transporte coerentes com os países super desenvolvidos do hemisfério norte cuja pirâmide sócio-
-econômica é predominantemente de médio e alto poder aquisitivo e de meia a avançada idade. Ou seja, as soluções que adotamos para a nossa mobilidade, nada têm a ver com a nossa realidade e com as reais necessidades da nossa população. Temos as motocicletas que custam muito, poluem muito, matam muito e transportam pouco. Também temos, os automóveis de passeio e os utilitários que custam muito, gastam muito, congestionam muito, poluem muito, ocupam muito espaço, sendo que normalmente 92% dos carros nas cidades levam apenas uma pessoa. Se formos brincar um pouco, porém falando muita verdade, para apenas garantirmos o nosso café da manhã, precisamos deslocar 1500 kgs de ferro para levar 100 kgs de gente “fortinha como eu”, para comprar 300 gramas de presunto e queijo, percorrendo no máximo 6 kms e gastando até 1 hora neste trajeto. Fica fácil perceber que no Brasil, não temos nada entre uma moto e um carro. Não temos, realmente, o que precisamos. Seja para as necessidades básicas de mobilidade daqueles que tem renda e menos ainda para livrar da imobilidade social e econômica, grande parte da nossa população. Isso é gravíssimo e estagnante.
POR QUE ELETRO-MOBILIDADE?
Bom
esclarecer que ao falarmos de eletromobilidade não estamos nos referindo a automóveis elétricos que custam mais que os a gasolina porque não existe um programa coerente de governo que os incentive. O carro elétrico no Brasil ainda é para quem está longe de ter problema de inclusão social. O carro elétrico também não resolve a questão de trânsito e nem de espaço de estacionamento. Quando nos referimos à eletro-mobilidade estamos falando nos veículos leves, para transporte de pessoas e de cargas que custam perto do valor de uma moto mas levam até 5 pessoas ou 800 kgs de carga. Esses simples e geniais veículos foram os propulsores do maior milagre social e econômico da história da humanidade. Através da eletro-mobilidade os asiáticos colocaram na coluna de crédito da economia quase
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EletroMobilidade e Inclusão Social
› ARTIGO GUILHERME HANNUD FILHO
PararReviewMag / #16 / Março 2019
1 bilhão de pessoas anteriormente inativas. Estamos falando dos Tigres Asiáticos, países muito pobres e arrasados de guerra que mostraram ao mundo como de uma maneira simples, rápida e acessível é possível proporcionar à população condições para agregar valor à economia , transportando produtos ou pessoas, realizando o trabalho de distribuição de gêneros e ainda abrindo a possibilidade para criar inúmeras modalidades de micro negócios móveis nas áreas de alimentação, comercio e prestação de serviços em domicílio. A eletro-mobilidade por veículos leves, de baixo custo, proporciona a liberdade e o acesso à auto sustentabilidade econômica que é de fundamental importância para a autoestima das pessoas e o progresso da nação. O brasileiro não precisa de assistencialismo. Precisa de oportunidade para se inserir na sociedade como elemento economicamente ativo. É necessário construir uma sociedade saudável, baseada em inclusão social de sorte que o ser humano possa agregar valor e ser remunerado por mérito e não em modelos desenvolvimentistas incoerentes com as nossas condições e muito menos naqueles voltados ao assistencialismo permanente. Criamos a Associação Recicle a Vida que foi nomeada como um dos melhores programas de inclusão social do país. Trabalhamos com os segmentos que encontram
maior dificuldade de inclusão social. São os egressos do sistema penitenciário, os dependentes químicos, os moradores de lixões e os albergados. Através de acolhimento humano, formação e oportunidade de trabalho, provamos que se o brasileiro tiver sua chance, ele vai adiante e não precisa recorrer à marginalidade. Utilizando a eletro-mobilidade, apenas com a coleta seletiva domiciliar porta a porta de resíduos recicláveis é possível gerar R$ 2.200,00 por mês ou mais. Transformamos pessoas e resíduos que eram ônus em bônus para a economia e a sociedade. Nosso modelo de inclusão social através da eletro-mobilidade já é um sucesso real cujo conceito nos levou a divulgá-lo em outras nações. Além da coleta seletiva, são inúmeras as possibilidades de geração de renda e redução de cus-
tos de deslocamento individual que a eletro-mobilidade proporciona. Todo o processo se viabiliza quando apenas considerando-se o custo de transporte, somos capazes de reduzi-lo em 80% em relação ao convencional dem falar nos inúmeros outros benefícios que esta simplicidade veicular proporciona tanto para o indivíduo que precisa se locomover em direção ao seu ganha-pão, como para aquele que está na exclusão e precisa gerar renda própria. A solução para os países ainda pobres como o Brasil está em incentivar mais oportunidades para micro-empreendedores.O custo para se gerar um posto trabalho em uma empresa é 5 vezes maior do que para se dar a chance a um micro-empreendedor individual. Com a eletro-mobilidade essa relação se torna fartamente mais favorável. ▚
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*GUILHERME HANNUD FILHO é proprietário da Cicloway Indústria e Comércio de Veículos Elétricos e fundador da Associação Recicle a Vida.
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› ENTREVISTA LAÉRCIO ALBUQUERQUE
“A tecnologia não é um luxo, mas sim uma qualidade de vida”
A por LORAINE SANTOS
PAIXONADO PELO BRASIL E FIEL AO POTENCIAL QUE O PAÍS TEM
para se tornar uma sociedade cada vez mais justa, Laércio Albuquerque atribui à tecnologia uma forte aliada desse processo de transformação. Nascido no interior do Mato Grosso do Sul, o presidente da Cisco tem uma trajetória admirável e, em uma entrevista à PARAR Review, ele compartilha curiosidades sobre o início da sua carreira e dá conselhos para empresas que buscam atitudes mais positivas e inovadoras que gerem qualidade de vida, bem-estar dos colaboradores e inclusão.
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PARAR REVIEW - De Batayporã para CEO da Cisco, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Sabemos que seu pai foi sua grande inspiração e que você trabalhava desde pequeno. Quais foram os pontos chaves que levaram você a uma trajetória profissional tão honrada? LAÉRCIO ALBUQUERQUE - Meus pais sempre foram uma grande inspiração para minha vida. Eles nunca estudaram, mas dedicaram tudo para dar aos filhos uma vida digna. Mesmo sem entender direito o que eu almejava profissionalmente, meu pai sempre me incentivou muito, como quando pedi seu conselho para sair de um trabalho
fixo, com registro em carteira, para iniciar um estágio em computação, e ele disse “Não estou entendendo nada o que você está falando, mas seu olhos estão brilhando, então vai, meu filho!”. E essa é uma frase que levo para a vida: “se seus olhos estão brilhando, vá, faça, aconteça”. Em tudo que fiz, todos os empregos que tive, sempre tive a postura de que não devemos apenas fazer aquilo que nos é pedido, mas ir além, entregar mais e mostrar que estamos prontos para assumir posições de destaque e que nossos superiores podem contar com nosso trabalho. Isso é muito importante. Além disso, nunca perder também o contato humano. Porque
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Em entrevista exclusiva, o presidente da Cisco, Laércio Albuquerque, conta como a mobilidade e a tecnologia aplicadas ao futuro do trabalho têm impactado sua vida, a dos colaboradores da Cisco e de toda sociedade
mesmo as empresas de tecnologia são construídas por pessoas, e são as pessoas que temos que manter sempre em nossa mente. Enfim: dedicação, educação, humildade e humanidade. Acho que são características importantes não apenas para executivos, mas para todos nós.
PR - Você contou,na Welcome Tomorrow 2018, que, na época em que realizou as entrevistas para entrar na Cisco, foi bem curioso fazer todas as etapas do processo seletivo à distância para um cargo de presidência. Como foi o início da sua expe-
riência em uma empresa com um mindset tão inovador?
LA - Foi muito diferente. Realmente, todo meu processo de contratação na Cisco foi por meio do Webex, sem nunca encontrar pessoalmente os executivos que me entrevistaram, nem mesmo o time de RH, o que me gerou muito estranheza. Eu lembro de comentar com a minha esposa algumas vezes como isso era estranho, que algo deveria estar errado. Como eles poderiam contratar o CEO da Cisco para o Brasil sem nunca conhecer ele pessoalmente? Mas quando o
processo foi concluído e eu comecei a trabalhar aqui, percebi que essa é uma filosofia da empresa e que é adotada por todos os funcionários, não importa o cargo. Para se ter uma ideia, nenhuma sala é exclusiva, nem mesmo a minha, as mesas também não são exclusivas, e não se tem objetos pessoais, como retratos da família, algo comum nos escritórios tradicionais. Quem chega primeiro, usa os espaços. Outra experiência inusitada para mim, foi chegar em minha primeira reunião com 13 pessoas, que reportavam direta-
mente para mim, e só encontrar três na sala. Confesso que fiquei decepcionado, pensando “que já começava sem ter a consideração do meu time direto”. Só que no momento exato da reunião, as pessoas foram entrando por Webex, muitas por vídeo. E aí entendi, de fato, que cada um trabalha de onde quiser, o importante é entregar, atingir suas metas. Isso é o “anywhere office” e rapidamente incorporei essa cultura. Hoje eu vejo as vantagens disso. Posso passar mais tempo com a minha família, sem me preocupar em estar →
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› ENTREVISTA LAÉRCIO ALBUQUERQUE
plataformas de colaboração, que incluem mensagerias, voz, vídeos, e tudo que há de mais moderno e permitem a interação da mesma forma como se estivesse presencialmente. Novidades do que ocorre com os colaboradores da Cisco ao redor do Brasil são compartilhadas e aplaudidas internamente o tempo todo. Uma sensação incrível de todos conectados com todos o tempo todo; celebramos juntos a cada vitória, compartilhamos e aprendemos juntos a cada desafio, e tantas coisas mais, sempre com o uso de nossas tecnologias avançadas de colaboração.
fisicamente no escritório ou chegar atrasado em uma reunião, pois o escritório está na palma da nossa mão, graças aos avanços e soluções de colaboração que a Cisco está ajudando a construir.
PR - Falando mais sobre esse conceito do "anywhere office", quais as práticas adotadas de mobilidade inteligente que podem contribuir para o bem-estar dos profissionais? LA - Como disse, o escritório hoje está na palma da nossa mão. Não apenas a Cisco, mas toda nossa sociedade está passando por um processo de transformação digital, onde estamos sempre conectados por meio de diversos dispositivos. Isso também altera nossa relação com o trabalho, eliminando a necessidade da presença física constante no escritório. E as vantagens disso são inúmeras. Os funcionários têm mais tempo para ficar com suas famílias, o tempo gasto no trânsito pode se tornar produtivo, além de uma flexibilidade muito maior de horários. Que pai ou mãe não gosta de deixar seus filhos na escola, sem se preocupar com um eventual atraso no trabalho? Ou estar em casa em um dia importante como uma festa de aniversário? São momentos que não tem preço e que se tornam mais frequentes graças ao “anywhere office”. Na Cisco ninguém pergunta nunca a ninguém “onde você está?”, apenas exige que esteja presente, esteja onde estiver. Todos os funcionários se comunicam o tempo todo por
PR - Como CEO de uma empresa que tem o coração na transformação, qualidade de vida e inclusão da sociedade, como você aconselharia outras empresas a tomarem atitudes diferentes e positivas visando o bem-estar do ser humano? LA - Posso falar sobre o que faço na Cisco, que é NA CISCO nunca esquecer que uma NINGUÉM empresa é formada por PERGUNTA pessoas. Não importa o NUNCA A quanto a tecnologia evoNINGUÉM lua, no fim uma empresa “ONDE VOCÊ é sempre construída por pessoas, e quanto mais ESTÁ?”, felizes e dedicadas essas APENAS EXIGE pessoas estão no ambiente QUE ESTEJA de trabalho, melhores serão PRESENTE, os resultados. O “anywhere ESTEJA ONDE office” é uma das ferraESTIVER. mentas para isso, mas não pode ser a única. Isso passa também por um a gestão humanizada, aproximando os executivos dos funcionários, entendendo o que faz com que eles tenham prazer em trabalhar na empresa e o que a empresa pode fazer para isso que aconteça. É nesse cenário que encontram-se políticas de inclusão e diversidade de fundamental importância. PR - O que você espera do mercado brasileiro para os próximos anos? Acha que as empresas e as pessoas daqui estão apostando nas mudanças que a mobilidade está causando no mundo, especialmente quando falamos da tecnologia como um meio para o bem-estar do ser humano? LA - Estou muito otimista com o mercado brasileiro de tecnologia nos próxi-
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mos anos, mas também muito otimista já para 2019. A Cisco do Brasil cresceu em margens de dois dígitos nos últimos três anos, que foram anos com muitas dificuldades para o país. Portanto, a partir da recuperação econômica que esperamos acontecer a partir deste ano, a expectativa é de ventos ainda melhores em relação ao mercado de tecnologia em si e na forma como a tecnologia pode contribuir para a sociedade. Na minha visão, a tecnologia não é um luxo, mas sim uma qualidade de vida. Soluções inteligentes e conectadas trazem inúmeros benefícios para as pessoas em diversos campos, como saúde, agropecuária, segurança pública, e tantos outros. Esses benefícios vão desde o aumento da mobilidade até o aumento da produtividade das empresas privadas e públicas. O Brasil é um país que eu amo, com um potencial gigantesco que já está sendo explorado, no caminho para se tornar uma sociedade cada vez mais justa e igual a partir dos benefícios da tecnologia. Ainda existem desafios a serem superados, mas a Cisco, juntamente com outras empresas e o governo, está focada no objetivo de fazer do Brasil um país mais digital.
PR - A edição de 2019 do evento Welcome Tomorrow (WTM) pretende atrair mais de 8 mil profissionais e vai abordar a mobilidade nos pilares da tecnologia, das cidades inteligentes, da logística, da qualidade de vida, da educação, do propósito e da inovação. Como você enxerga a contribuição de eventos como esse para a sociedade do futuro? LA - Eventos como Welcome Tomorrow têm um papel fundamental na promoção de conversas e debates em prol de um ambiente mais propício para a inovação tecnológica no Brasil. Acredito firmemente no papel da tecnologia na construção de uma sociedade mais justa, menos desigual e com maior qualidade de vida para todos os brasileiros. São eventos assim que permitem a troca de ideias, conhecimentos e que também reforçam nosso otimismo em relação ao país, já que temos a oportunidade de conhecer projetos de tantas áreas diferentes, cada um contribuindo da sua forma e somando-se em prol da sociedade. ▚
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HEADLINE
› TERAPIA ONLINE
Atendimento por internet conecta psicólogos a pacientes sem barreira de distância e horário. Modalidade é alternativa para residentes fora do país; conheça outros casos
100 por BEATRIZ POZZOBON
terapia online é opção para milhares de brasileiros
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REGULAMENTADA,
PararReviewMag / #16 / Março 2019
NOVEMBRO DE 2018, O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP) REGULAMENTOU A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PSICOLÓGICOS PELA INTERNET. A portaria autoriza, assim, que os 333,5 mil psicólogos cadastrados no CFP possam usar plataformas virtuais para atender seus pacientes, sem restrição de assunto ou limite de sessões. A resolução anterior, de 2012, liberava apenas “orientações” e não “atendimentos” para valer, além de estipular um limite de até 20 encontros ou contatos virtuais. Com a nova portaria, a terapia online passa a ser amplamente aceita e regulamentada no Brasil, desde que os psicólogos sigam o código de ética da profissão. O serviço já é autorizado também em países como Austrália, Canadá e Reino Unido. A solução é uma alternativa, por exemplo, para a parcela de brasileiros que vive no exterior, ou, ainda, para os moradores de pelo menos metade dos cinco mil municípios do país que não possui especialistas atuantes. Além disso, em um país de proporções continentais como o Brasil, não se encontra psicólogos com a mesma facilidade em todas as regiões. Para se ter uma ideia, somente o estado de São Paulo abriga 99,4 mil profissionais da área, o que equivale a 30% do total. Por outro lado, no Amapá estão registrados 714 psicólogos no CFP, em Roraima são 737 e no Acre 827. Nesse sentido, muita gente pode questionar que o estado de São Paulo é bem mais populoso que as outras localidades citadas e isso justifica a
maior concentração de profissionais. Eles têm razão. Acontece que quando se faz a proporção entre quantidade de habitantes para cada psicólogo na região, os números também apontam desigualdade. Por exemplo, enquanto no Distrito Federal são 297 psicólogos para um habitante, no Maranhão a proporção é quase dez vezes menor. Neste estado nordestino, tem-se 2.464 moradores para cada profissional. Em outros estados, a proporção não é tão discrepante, mas segue uma lógica aproximada de um habitante para 500 psicólogos nas regiões Sul e Sudeste (no Paraná são 589/1; em São Paulo 442/1; e no Rio Grande do Sul 525/1), e um habitante para mais de mil moradores no Norte e Nordeste (no Pará são 1.804/1; no Piauí 1.178/1; e na Bahia 1.051/1).
PÚBLICO Nem só de pacientes das cidades do interior ou de regiões que possuem poucos ou nenhum psicólogo é que sobrevive os serviços de terapia por internet. A modalidade também é procurada por moradores dos grandes centros que optam pela comodidade do atendimento online; pessoas com dificuldade de deslocamento devido a questões de saúde; pacientes que precisam que a consulta ocorra fora do expediente comercial; pessoas em profissões que demandam muitas viagens; brasileiros imigrantes ou expatriados. O atendimento psicológico online é feito por meio de plataformas que conectam pacientes a profissionais de saúde mental, garantindo atendimento 24 horas por dia e nos sete dias da semana. O interessado, ao entrar na plataforma, escolhe o profissional que deseja, de acordo com as suas preferências, e agenda a sessão. O paciente, geralmente, tem acesso a informações detalhadas sobre o currículo, a área de atuação e o valor de consulta estipulado por cada profissional. O pagamento pode ser feito online também.
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STARTUPS
75
%
DOS PACIENTES DA PLATAFORMA SÃO MULHERES
58
%
DO PÚBLICO ESTÁ NA FAIXA DE 18 A 30 ANOS
›› PAULO JUSTINO CEO da Psicologia Viva
Com objetivo de conectar pessoas que precisam de um psicólogo aos profissionais de psicologia, existem hoje, no Brasil, diversas startups que atuam nessa modalidade, em conformidade com a legislação do país. Fundado em 2015, o Psicologia Viva é o maior portal de apoio psicológico da América Latina. Atualmente, a plataforma possui mais de 3.500 psicólogos cadastrados, que atendem uma média de 4.500 consultas por mês. De acordo com o CEO e fundador do Psicologia Viva, Paulo Justino, a plataforma possui taxa de crescimento de 20% ao mês e está em processo de expansão para demais países da América Latina com a marca Psyalive, que já está presente no Chile, Uruguai, Argentina e México. Estudo realizado revelou que 75% dos pacientes da plataforma são mulheres e 58% do público está na faixa entre 18 a 30 anos, o que mostra que a procura por essa modalidade de atendimento é mais aceita entre os jovens. →
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› TERAPIA ONLINE
Outra startup que atua com terapia online é a Vittude, fundada em 2016, pela CEO Tatiana Pimenta. A ideia surgiu da dificuldade da própria Tatiana em encontrar um psicólogo que se adequasse ao seu perfil. Quase três anos depois, a plataforma já conta com 2.780 profissionais cadastrados, realiza cerca de três mil atendimentos mensais e tem taxa de crescimento su-
15
€
É O VALOR MÁXIMO ADA CONSULTA DA VITTUDE NA EUROPA
perior a 30% ao mês. A Vittude possui pacientes em mais de 50 países. São pessoas que moram em países de língua portuguesa como Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, além de brasileiros imigrantes e expatriados. Segundo a fundadora da startup, esse público enfrenta dificuldades para se adaptar ao novo país, fazer novas amizades, problemas com a língua, problemas com a autoestima, pela sensação de ser um imigrante, e frio excessivo em algumas localidades. “Esses brasileiros não en-
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contram facilmente um psicólogo que fale português e com isso o atendimento online acaba sendo muito favorável, sem contar a diferença de câmbio que favorece o acesso financeiro. Uma consulta na Vittude pode custar menos de 15 euros para quem está na Europa, por exemplo”, destaca a CEO.
CUSTOS Por falar no valor das sessões, o CEO do Psicologia Viva garante que o custo tende a ser menor no atendimento online do que no presencial por não haver gastos com deslocamento e, em vários casos, nem com o consultório do psicólogo, que pode atender da sua residência, inclusive fora do horário comercial e em fins de semana.“Vale ressaltar que o menor custo não significa diferença na qualidade do atendimento ou qualificação do psicólogo, muito pelo contrário”, complementa Tatiana, da Vittude.
“ESSES BRASILEIROS NÃO ENCONTRAM FACILMENTE UM PSICÓLOGO QUE FALE PORTUGUÊS E COM ISSO O ATENDIMENTO ONLINE ACABA SENDO MUITO FAVORÁVEL [...] Tatiana Pimenta
›› TATIANA PIMENTA CEO da Vittude, startup de terapia online
EFICÁCIA Será que o tratamento terapêutico online é tão eficaz quanto o presencial? Alguns estudos garantem que sim. Inclusive, segundo Tatiana, em distúrbios como síndrome do pânico, agorafobia e o transtorno do estresse pós-traumático, a terapia online é ainda mais eficaz que a presencial. “Isso porque o paciente que tem medo de sair de casa passa ter a possibilidade de conversar com um profissional de psicologia de um local confortável e que lhe transmita segurança, faz com que ele se abra para a oportunidade de começar um tratamento e perceba a evolução e redução dos sintomas”, ressalta a CEO da Vittude. Pesquisas de nível mundial, realizadas com casos de atendimento online e atendimento presencial, demonstraram que não houve diferenças encontradas para o objetivo proposto, duração média do atendimento e interrompimento do tratamento nas duas modalidades. Por fim, é importante ressaltar que, independente da modalidade de terapia escolhida, o essencial é encontrar um profissional em que a pessoa se sinta acolhida e à vontade para falar sobre suas angústias, conquistas e sonhos. ▚
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› HYPERLOOP
Bibop Gresta, presidente da HyperloopTT, fala sobre o futuro da mobilidade e o centro de P&D da empresa no Brasil
hyper loop: por PEDRO CONTE
UMA IDEIA
ANTIGA QUE
O TRANSPORTE
DA PRÓXIMA
DÉCADA
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REVULOCIONARÁ
PararReviewMag / #16 / Março 2019
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INTERATIVO ›› FAÇA O DOWNLOAD NO SITE DA SPACEX Utilize o leitor QRcode do seu celular e confira.
RÓXIMO AOS SEUS 50 ANOS DE IDADE, O ITALIANO BIBOP G. GRESTA JÁ INVESTIU OU AJUDOU A GERIR MAIS DE 70 EMPRESAS DIFERENTES. Ainda assim, ele não vacila por um segundo ao afirmar que o Hyperloop “é o maior e mais excitante projeto” de que participou na vida. “O Hyperloop, para mim, é uma concretização de todas as minhas experiências passadas (...) não me vejo fazendo mais nada no futuro”, comemora. E olha que ele já foi designer, desenvolvedor de softwares e até apresentador da MTV. Gresta é atual o presidente da Hyperloop Transportation Technologies (HyperloopTT), a primeira empresa a tentar tirar do papel o meio de transporte que se propõe a movimentar cápsulas a uma velocidade duas vezes superior à dos trens de alta velocidade. Segundo os desenvolvedores, o Hyperloop torna obsoletos os trens-bala tanto no quesito velocidade, quanto no investimento necessário para implementar e operar o sistema. No Brasil para a WTM18, Bibop Gresta faz parte do primeiro time que acreditou na ideia, após Elon Musk decidir que não iria tentar colocar o projeto em prática. Musk, há cerca de cinco anos, pegou um conceito antigo (cápsulas se movendo por tubos com resistência próxima a zero) e o desenvolveu com a ajuda de seus engenheiros. Após algum tempo, achou que a ideia tinha sentido, mas optou por focar seus esforços na Tesla e na SpaceX – duas empresas envolvidas também em transporte – e acabou liberando o conceito para que outras companhias o desenvolvessem. De fato, o guia básico do Hyperloop, que motivou a criação das primeiras empresas do setor em 2013, ainda está disponível no site da SpaceX (acesse o site através do código ao lado).
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› HYPERLOOP
Como funciona OS PRIMEIROS HYPERLOOPS JÁ ESTÃO EM CONSTRUÇÃO – EXISTEM ATUALMENTE UMA SÉRIE DE PROJETOS SENDO DESENVOLVIDOS NO MUNDO TODO, COM DESTAQUE PARA OS PROMOVIDOS PELA HYPERLOOPTT E A HYPERLOOP ONE.
“Já que ainda não descobriram o teletransporte real, o que naturalmente seria incrível (alguém, por favor, faça isso), a única opção para viagens super rápidas é construir um tubo acima ou abaixo do solo que contenha um ambiente especial”. Essa é a frase que abre um dos capítulos do manual de desenvolvimento do hyperloop proposto pelos engenheiros da Tesla e SpaceX. De forma humorada, o que os engenheiros tentavam explicar é que a questão toda dos transportes está relacionada a superar a resistência do meio em que se pretende trafegar. Aviões fazem uma força tremenda para se impor à resistência do ar, submarinos gastam energia para encarar o atrito com a água e automóveis e trens ainda tem que lidar com o atrito do solo para se movimentar. No guia de apresentação do hyperloop, Musk propôs o uso de bombas de vácuo para remover a resistência dos tubos pelos quais as cápsulas se transportariam. Após retirar a maior parte ar de dentro dos tubos, as cápsulas seriam induzidas a flutuar com rolamentos de ar, o que eliminaria a fricção entre as cápsulas e a parte de baixo do tubo. Sem atrito, um “peteleco” (ou mesmo diferenças de pressão no ar) já seriam capazes de colocá-las em movimento. Por fim, a energia necessária para operar todo o sistema viria de painéis solares colocados no topo dos tubos. Com o passar do tempo, verificou-se que a retirada de todo o ar de um tubo com muitos quilômetros pode se mostrar uma tarefa um pouco trabalhosa e cara. Manter o funcionamento todo com base em painéis solares também talvez seja ainda um conceito que não está totalmente pronto para se tornar realidade. Ainda assim, os primeiros hyperloops já estão em construção – existem atualmente uma série de projetos sendo desenvolvidos no mundo todo, com destaque para os promovidos pela HyperloopTT e a Hyperloop One. Já no próximo ano, eles devem começar a operar comercialmente.
Fotos: © David Becker/Getty Images / Divulgação
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INICIATIVAS COMPARTILHADAS PARA UM FUTURO MAIS RÁPIDO E SUSTENTÁVEL “Problemas complexos requerem soluções simples”, diz o ditado. Com base nessa máxima, uma nova geração de empresas tem se cultivado para resolver problemas globais com a simplicidade para entender que provavelmente não serão capazes de, sozinhas, chegar a um bom resultado. Apostam, portanto, na colaboração como forma de acelerar o desenvolvimento de seus produtos e serviços. São iniciativas comparti-
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lhadas, também conhecidas como open source. É o caso da Wikipedia, por exemplo, que ao abrir-se para a contribuição de qualquer pessoa do planeta, acabou se tornando uma das maiores bases de dados já criadas pelo homem até hoje. O mesmo foi feito pela Apple, que liberou o desenvolvimento de aplicativos para seus celulares para quem quisesse trabalhar no setor, abrindo mão dos ganhos com isso, mas criando um ecossistema de apps para seus smartphones. “Temos tecnologia para resolver nossos problemas de comida, habitação, mobilidade, energia (...) o único problema é que estamos muito divididos”, →
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› HYPERLOOP
justifica Gresta ao indicar que o modelo de negócio adotado pela HyperloopTT também é open source. Quando perceberam que tinham um projeto importante nas mãos, mas que ainda não detinham todas as soluções necessárias para sua implementação, optaram pelo desenvolvimento compartilhado. Assim, acabaram criando o que, segundo Gresta, é hoje o maior crowdsourcing do planeta, com 900 pessoas trabalhando conectadas em 42 países diferentes. A remuneração desses profissionais vem essencialmente na forma de ações da empresa e participações em seu futuro. Essas pessoas estão unidas por acreditarem em um futuro no qual carros, trens e até aviões perderão protagonismo. “Abraçamos o automóvel, esse conceito que desenvolvemos no começo do século passado, e acabamos criando o ‘autoimóvel’, porque ele fica parado na garagem 85% do tempo”, critica o presidente da HyperloopTT. Para ele, essa é uma indústria toda que está fadada ao fracasso, porque é toda baseada em subsídios. “O modelo que criamos por trás desse negócio (automóvel) nunca recupera seus investimentos”, comenta.
De acordo com os desenvolvedores, a implementação do hyperloop custa quase ¼ do trem de alta velocidade e opera com 10% dos seus custos. Isso possibilitaria um retorno sobre investimentos em 8 a 15 anos. Se conseguirem entregar o que prometem (como parece que irão), as empresas envolvidas transformarão não só o transporte de passageiros, mas também a movimentação de cargas. Gresta exemplifica: “Poderemos construir plataformas em mar aberto que não precisam mais de portos. Temos usado os melhores locais do planeta para criar portos feios e antipáticos (...) Um hyperloop submarino poderia enviar os fretes diretamente para o destino final, sem passar pelos portos”
DE ACORDO COM OS DESENVOLVEDORES, A IMPLEMENTAÇÃO DO HYPERLOOP CUSTA QUASE 1/4 DO TREM DE ALTA VELOCIDADE E OPERA COM 10% DOS SEUS CUSTOS.
Foto: © Divulgação
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BRASIL TERÁ CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO DE HYPERLOOPS A HyperloopTT lançou uma licitação global para a instalação de um centro de pesquisa e desenvolvimento e, após a avaliação de mais de 100 propostas, decidiu instalar-se em Contagem-MG. O Brasil esteve entre os 5 primeiros em todos os critérios estabelecidos pela licitação, como inovação, mão de obra qualificada, ecossistema e outros. Outro ponto positivo (para a licitação, mas negativo para os brasileiros) foi o fato de que somos um país com grandes deficiências de infraestrutura e, portanto, boas oportunidades na área. Soma-se a isso o fato de que ainda não investimos em tecnologias como os trens de alta velocidade e, portanto, não precisamos amortizar esses investimentos. No entanto, talvez o que mais tenha chamado a atenção dos executivos da HyperloopTT tenha sido a forma como o projeto brasileiro foi apresentado. “O Brasil foi um dos poucos países do mundo que apresentou uma abordagem bipartidária. Isso nos garantiu que, independente do resultado das eleições, seriamos capazes de continuar o projeto. Fiquei muito fascinado por isso e tenho que elogiar seus políticos por, ao menos uma vez, visualizarem um futuro tão distante”, enaltece o italiano. Bola dentro dos políticos, quem diria! “O Brasil agora é o epicentro de uma gigante revolução que iremos promover (...) Isso significa investimentos, recursos e empregos”, anuncia Bibop Gresta. Ótima notícia para Contagem-MG, que atualmente movimenta 10% dos grãos exportados pelo país, para os qualificados engenheiros brasileiros e para o Brasil, que se coloca na vanguarda da mobilidade que será desenvolvida nas próximas décadas. ▚
inside
› GESTOR DE FROTAS DO ANO
GESTÃO DO AMANHÃ Vencedor do prêmio Gestor de Frotas 2018 pela WTM, compartilha um pouco da sua trajetória e as expectativas para esse ano PIETRA BILEK
A
WELCOME TOMORROW 2018 FOI REPLETA DE EMOÇÕES DO COMEÇO AO FIM e um desses momentos foi a inesquecível noite de premiação. O PARAR Awards já é tradicional no evento e reconhece os cases mais relevantes de mobilidade, gestão de frota, smart city, gestão de tempo e segurança. Um prêmio, em especial, esteve presente desde a primeira edição da WTM, o de Gestor de Frotas do Ano, onde os fornecedores do setor indicam nomes que estão fazendo a diferença no mercado e os quatro mais citados vão para decisão por voto popular. Além do reconhecimento, como um presente da Ticket Log, o gestor mais votado concorria a uma viagem para a NAFA I&E, o maior evento de gestão de frotas do mundo que acontece, neste ano, em Louisville, Kentucky. O grande vencedor do prêmio foi o gestor Ederson Soares que, em entrevista exclusiva à PARAR Review, contou um pouco sobre sua carreira e a conquista desse reconhecimento.
Fotos: © Divulgação / iStockphotos
por
PararReviewMag / #16 / Março 2019
PARAR REVIEW - Quais os principais desafios na sua trajetória como gestor de frotas?
EDERSON SOARES - Em julho de 2015, recebi o desafio de reestruturar a área de frotas e customizar os custos da empresa. Para isso, iniciamos os trabalhos que visavam à mudança para uma frota própria na Mexichem Brasil. No início era muito desafiador, os relatórios e controles não eram precisos, não tínhamos a precisão do km rodado por veículo e médias, ou seja, não conseguíamos medir a frota para ter um melhor gerenciamento. Com tudo, o meu maior desafio era montar indicadores para identificar os problemas da frota e buscar soluções como, por exemplo, redução de custo. No decorrer da gestão, após colocar todos os controles em ordem, os resultados foram bastante significativos. Reduzimos de 20% no índice de multas, 10% no consumo de combustível, 70% no índice de furtos, 15% no sinistros, 40% no excesso de velocidade acima de 110 km/h e implantamos um projeto que viabilizou contratação de seguro só contra terceiro, trazendo uma redução de R$ 220.000,00 por ano. PARAR - Como foi para você, ser escolhido como o Gestor do Ano na WTM? ES - Foi um sentimento de dever cumprido, todo esforço feito valeu a pena. É gratificante saber que as ações tomadas estão tendo resultados positivos e os condutores estão correspondendo. Essa sinergia é boa para todos os envolvidos. Ser o Gestor de Frotas 2018 é o reconhecimento de toda uma estratégia que tem o objetivo de garantir a segurança, otimização de custo e também de demonstrar o comprometimento e o cuidado com cada condutor. PARAR - Qual deve ser a principal característica do Gestor de Frotas do amanhã? ES - Trabalhar com um foco direcionado à mobilidade e construir um planejamento que te tire da zona de conforto. Sabemos que o cenário não é
favorável e temos que garantir a segurança de cada condutor. Mas, ao mesmo tempo, temos que ter a confiança necessária para executar um trabalho minucioso, que proporcione a todos viver em um trânsito mais seguro.
PARAR - Em 2018 você já viu o resultado das mudanças no seu trabalho, o que você espera para 2019? ES - Espero poder trazer excelentes resultados nessa minha nova fase. Eu irei atuar como consultor, visando também projetos para aumentar a segurança dos condutores e estar totalmente focado em aprimorar os resultados, priorizando sempre os custos que mais se destacam na sua frota. PARAR: Qual foi a importância do PARAR e da WTM na sua trajetória? ES - Sem dúvidas foi um grande divisor de águas para mim. Acompanho o PARAR há quatro anos, onde busquei conhecimentos em gestão de frotas e me aperfeiçoei em conceitos enriquecedores de segurança e redução de custo. Nos novos desafios, colocarei em prática tudo o que aprendi. Acrescentando estratégias absorvidas no PARAR e na WTM para desenvolver um grande trabalho.
PARAR - Como prêmio ao título de Gestor do Ano, você ganhou uma viagem para a NAFA junto com o PARAR. Quais são suas expectativas? ES - A ansiedade é grande! Quero agregar conhecimento e conhecer novas tendências de mercado para desenvolver projetos inovadores que visam a sustentabilidade e melhorias de processos na Gestão de Frotas. ▚
"TEMOS QUE TER A CONFIANÇA NECESSÁRIA PARA EXECUTAR UM TRABALHO MINUCIOSO QUE PROPORCIONE A TODOS VIVER EM UM TRÂNSITO MAIS SEGURO." Ederson Soares
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DAS PISTAS ÀS
LIVRARIAS por MARIANA LO TURCO
› CÉSAR URNHANI
PÓDIO É UM DOS LUGARES PREFERIDOS DE UM PILOTO. E é do alto de
O piloto de testes, Ceśar Urnhani, lança seu primeiro livro da carreira e mostra porque é um grande campeão nas pistas e na vida
um que o piloto César Urnhani está prestes a lançar o seu primeiro livro. Não bastasse a coleção de conquistas ao longo da carreira de piloto - o tricampeonato brasileiro, por exemplo -, Urnhani coleciona histórias que originaram o livro “A fonte”, publicação que será lançada nos próximos meses, em um dos eventos do Instituto PARAR. Além dos momentos marcantes da carreira, o piloto fez um compilado com dicas de direção e de como encarar a vida de forma mais positiva e enérgica. Aos 13 anos de idade, César já praticava o que viria a ser o seu trabalho: pilotar. Ele foi o piloto mais jovem da indústria automobilística aos 21 anos, e usou o seu dom para ensinar sobre direção defensiva e testar carros para grandes marcas. “Meu propósito era garantir que todos os carros experimentados por mim fossem bons”, conta Urnhani. E foi por meio do vasto conhecimento do piloto de testes e pela facilidade em se comunicar, que ele também ficou conhecido por sua atuação no programa AutoEsporte, da TV Globo. Com dicas de direção defensiva e de manutenção veicular, César passou a ser reconhecido como um grande especialista do setor automobilístico; fato que o tornou, como dizemos no jornalismo, uma fonte. Foi com esse apelido que um colega jornalista de César o ajudou a definir o nome do livro. “Eu tinha um subtítulo. Sabia que o livro revelaria segredos, dicas, mitos e verdades automotivas. Mas eu precisava de um título. E foi por causa da minha experiência que, conversando com um amigo jornalista, fui chamado de fonte. Pronto: agora eu tinha um nome para meu livro!”, diz o piloto, animado para o lançamento da obra. Apesar da empolgação, César não deixou a ansiedade tomar conta na hora de escrever o livro. Foram cinco anos de preparação para a tão esperada linha de chegada. “O lançamento vai ser no momento certo, agora
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“EU ENTREI NO SISTEMA E FIZ O MEU JOGO!”
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so fosse salvar vidas, com certeza eu divulgaria. Mas em muitos casos, eu sabia alguns segredos que, se eu divulgasse, só iriam prejudicar as empresas. Eu não me deixei seduzir pela imprensa. Eu entrei no sistema e fiz o meu jogo!”, garante Urnhani. O livro também deu a oportunidade de César inspirar mais pessoas com suas palavras de motivação e reflexões. Isto já fica claro nos agradecimentos, em que o piloto mostra um dos por quês de ser um verdadeiro campeão. “Aprendi a agradecer meus adversários, pois reconheço neles pessoas que vão me fazer melhor.”, conta o piloto. Outra pessoa que Urnhani agradece e até mesmo dedica o último capítulo do livro - é seu filho Enzo.
DE VOLTA ÀS PISTAS
que finalmente o livro está maduro”. “A fonte - O piloto de testes da TV revela segredos, dicas, mitos e verdades automotivas” será lançado no PARAR On The Road, e contará com uma sessão de autógrafos para o público do evento. O enredo envolvente conta os 30 anos de carreira de Urnhani e mescla dicas para gestores de frota e aqueles que estiverem dispostos a não só serem motoristas melhores, mas pessoas melhores. César usou o livro como uma oportunidade de motivar os leitores com suas histórias de superação e momentos decisivos dentro da indústria automobilístico. Como lidar com segredos industriais do setor automotivo e, ao mesmo tempo, ser a imprensa que luta pelo furo de reportagem? É ao longo
De volta como piloto automobilismo, César conta o que o motivou a voltar às pistas com 51 anos de idade. “Meu sonho é ganhar uma corrida para que meu filho possa ver!”. O piloto revela que Enzo, por meio de um desabafo, disse que gostaria muito de assistir ao pai correndo. E com algumas ajudas do destino - que César conta com detalhes no livro -, 2019 vai ser marcado pela volta do piloto aos grids de largada e - torcemos - aos pódios! Seja no AutoEsporte, na coluna CBN Motor - da rádio CBN - ou em suas palestras, Urnhani reconhece com gratidão a influência que exerce nas pessoas. “Com o livro, quero dar um propósito e reconfortar o leitor, porque o que vale a pena na vida é fazer algo que faça seu coração bater mais forte!”. ▚
de cada página do livro que César revela segredos e debate ética e moral dentro do setor. Ele afirma ser natural alguns problemas nas áreas de testes, mas que sempre soube seu papel como piloto de testes e comunicador. “Se a informação que eu tivesse aces-
↓ SERVIÇO Para adquirir o livro “A fonte - O piloto de testes da TV revela segredos, dicas, mitos e verdades automotivas”, entre em contato com o Instituto PARAR pelo e-mail: atendimento@parar.com.br.
A
CESSIBILIDADE É O CONJUNTO DE CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA QUE QUALQUER PESSOA, em
especial aquelas com deficiência ou mobilidade reduzida, possa utilizar qualquer espaço com segurança e autonomia. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que existem hoje no Brasil cerca de 13 milhões de pessoas com deficiência. Além de terem o direito à cidadania e à inclusão social, esses brasileiros representam um vasto mercado para bons negócios. Por isso, as apostas em medidas de acessibilidade promovem não só o exercício de democracia e relações mais humanas, mas também a captação de uma enorme fatia de consumidores. Nesta reportagem, você vai conhecer empresas que incorporaram a acessibilidade em seus negócios de maneiras diferentes, seja pensando na universalização de seus produtos ou na promoção da inclusão como um fim em si. Em comum, elas têm a crença na expansão de consciência, na quebra de paradigmas e na evolução do mercado e da sociedade para uma convivência igualitária.
› ACESSIBILIDADE
INCLUSÃO CRIA OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS Empresas inovadoras provam que a preocupação com a acessibilidade tem muito espaço no mercado
por JULIANA GONÇALVES
Fotos; © Divulgação / Shutterstock
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GUIA DE RODAS Só quem tem alguma restrição de mobilidade conhece a lista de obstáculos que uma cidade pode oferecer para as atividades mais simples. Calçadas esburacadas, postes mal posicionados, escadas, transporte público com plataforma de acessibilidade quebrada. Não bastassem todos esses empecilhos no caminho, a chegada ao destino nem sempre melhora a situação. Foi por isso que o administrador Bruno Mahfuz criou o GuiadeRodas, um aplicativo que tem como objetivo facilitar a vida de pessoas com dificuldade de locomoção. O serviço conta com a colaboração dos usuários para
›› BRUNO MAHFUZ
identificar as condições e avaliar a acessibilidade de estabelecimentos como
Criador do GuiadeRodas
restaurantes, bares, lojas e cinemas. “O GuiadeRodas nasceu como aplicativo para avaliação e consulta da acessibilidade dos locais, para ser um repositório de informações para que as pessoas com restrições de mobilidade possam escolher um lugar que lhes ofereça conforto e segurança”, explica Mahfuz. Lançado em 2006, ano de Paralimpíadas no Brasil, o guia fez sucesso já de cara. “O assunto estava em voga e o Brasil é ruim de acessibilidade. Muita gente começou a baixar o aplicativo e a avaliar os locais. E muita gente sem deficiência avalia, o que muito nos orgulha”, conta o fundador. Hoje, o guia tem avaliações em estabelecimentos
“O ASSUNTO
de mais de mil cidades, em 60 países.
ESTAVA EM VOGA
Para Mahfuz, apesar de haver uma legislação que deveria ser seguida por todos, a acessibilidade se tornou um diferencial estratégico. “Não tem jeito, a sociedade é movida por dinheiro. Quando a gente começa a mostrar que lugares com boa acessibilidade atraem mais clientes, a gente promove esses estabelecimentos e estimula a sociedade a olhar para a acessibilidade de um jeito diferente”, pondera.
E O BRASIL
aplicativo, o guia hoje é uma platafor-
VENTO NO ROSTO
É RUIM DE
ma de acessibilidade que reconhece
ACESSIBILIDADE.
Contrariando a ideia de que as restrições de mobilidade necessariamente fazem parte da rotina de pessoas com deficiência, muitas empresas têm se dedicado a desenvolver soluções assistivas que possam dar mais qualidade de vida a essa população. Uma delas é a Livre Soluções em Mobilidade, empresa que transformou simples cadeiras de rodas em triciclos elétricos práticos e cheios de estilo. O Kit Livre é um equipamento composto por um motor elétrico ligado a uma base com roda e guidão. Criado pelo engenheiro mecatrônico Julio Oliveto a partir do projeto de sua tese de mestrado, o acessório é universal, ou seja, pode ser acoplado a qualquer cadeira de rodas convencional, seja ela nacional ou importada. “A cadeira de rodas é a extensão da pessoa com deficiência porque, normalmente, é feita para ela, com todas as especificações para atender ao seu biotipo e sua deficiência. →
Segundo Mahfuz, mais do que um
as melhores práticas e oferece um serviço de certificação. “Hoje, aliamos a vivência de pessoas com deficiência que percorrem os espaços na prática com a percepção de arquitetos espe-
MUITA GENTE COMEÇOU A BAIXAR O APLICATIVO E A AVALIAR
cialistas em acessibilidade e o treina-
OS LOCAIS. E
mento de acessibilidade atitudinal”,
MUITA GENTE
explica. Assim, o guia cumpre uma
SEM DEFICIÊNCIA
função social ao mesmo tempo em
AVALIA, O
que gera lucros através dos estabeleci-
QUE MUITO NOS
mentos que querem se qualificar para oferecer uma experiência diferente para os clientes.
ORGULHA” Bruno Mahfuz
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› ACESSIBILIDADE
Esse é um dos diferenciais do Kit Livre em relação ao triciclo. Com o kit, a própria cadeira passa a ser motorizada, oferecendo mais mobilidade, autonomia e liberdade para que a pessoa possa ir a qualquer lugar sem precisar da ajuda de ninguém”, explica o inventor. Segundo Oliveto, o próprio usuário consegue acoplar e desacoplar o equipamento. Além disso, o kit tem acelerador, freios e sistema de direção customizados de acordo com a necessidade do usuário. “Por exemplo, uma pessoa que sofreu um AVC e tem um lado do corpo paralisado precisa que os comandos do kit sejam acionáveis do lado em que ela tem movimento. Outro caso: uma pessoa tetraplégica não tem o movimento de pinça nas mãos e precisa que o acionamento de freio e aceleração seja diferenciado. Por isso, estudamos caso a caso”, detalha. O Kit Livre funciona a partir de uma bateria, tem autonomia “O KIT LIVRE de cerca de 25 km e URBANO TEM POTÊNCIA alcança uma velociDE 350 A 500 WATTS dade de 25 km/h. Os E É INDICADO PARA modelos e os preços USO COTIDIANO. variam de acordo OS KITS DA LINHA com a potência. “O OFFROAD, QUE TÊM Kit Livre Urbano tem potência de 350 a POTÊNCIA ENTRE 500 watts e é indica1000 E 1500 WATTS, do para uso cotidiaSÃO ADEQUADOS PARA no. Os kits da linha PISOS ACIDENTADOS E Offroad, que têm poPERMITEM ATIVIDADES tência entre 1000 e ESPORTIVAS” 1500 watts, são adequados para pisos Julio Oliveto acidentados e permitem atividades esportivas”, explica Oliveto. Com essas condições, o Kit Livre tem sido capaz de mudar completamente a vida de pessoas com deficiência. Mas mais do que dar autonomia a elas, o acessório pretende ser ferramenta de mudança cultural na sociedade. “Nosso propósito é não só mudar a vida das pessoas com deficiência, mas também as pessoas à sua volta, a mente da sociedade. Tratamos a questão da acessibilidade de uma maneira que não
estimule o sentimento de pena por
conhecido pela sigla eVTOL, de Electric
essas pessoas, mas dê um caráter de
Vertical Take-Off and Landing. Numa
igualdade”, afirma Oliveto.
parceria com a Uber, o projeto prevê que essa aeronave possa entrar em
ACESSIBILIDADE NAS ALTURAS O conceito de desenho universal, ou design for all, refere-se à intervenção em ambientes, produtos e serviços para que sejam utilizáveis pelo maior número de pessoas possível, independentemente de idade, capacidade, gênero, cultura. Essa ideia está diretamente relacionada ao conceito de sociedade inclusiva e é um dos pilares da EmbraerX, um braço do grupo aeronáutico que busca novas oportunidades de negócios a partir de tecnologias
operação comercial em 2023. “Além do veículo elétrico, queremos atuar de forma mais ampla no ecossistema, como no setor de serviços, gerenciamento de tráfego aéreo, treinamento, entre outros”, revela Paula. Segundo ela, a questão do acesso é um ponto forte nas pesquisas, não só em relação aos custos, mas também em relação à facilidade de uso. “O conceito de design for all norteia nosso posicionamento em relação ao futuro da mobilidade urbana. Ele faz parte dos nossos workshops, das rodadas de pesquisa com usuários, das conversas
disruptivas. A EmbraerX tem se dedi-
com nossos parceiros, das discussões
cado a buscar soluções inovadoras de
estratégicas de negócios e do desen-
mobilidade aérea urbana que sejam
volvimento do produto”, conta. Para
as mais democráticas possíveis. “Nos-
que o eVTOL seja acessível no sentido
sa abordagem de inovação é centrada
mais amplo da palavra, uma das me-
no ser humano, por isso olhamos para
didas adotadas são as pesquisas com
as cidades, como elas estão evoluindo,
pessoas com deficiência. “Eles são
quais são seus principais problemas e
nossos early adopters e maiores pro-
quais são os desejos das comunidades
fessores sobre como entregar isso na
e trazemos soluções que atendam a
prática. Percebemos que pessoas com
isso. Nosso modelo de negócios só faz
dificuldade de mobilidade hoje sofrem
sentido se for para todos”, afirma a lí-
grandes dificuldades com as atuais
der de UX da EmbraerX, Paula Macedo.
opções”, explica Paula. “A partir de con-
Uma das principais apostas da subsi-
versas com Leonardo Gleison, um defi-
diária é uma espécie de carro voador,
ciente visual, descobrimos o quanto é
PararReviewMag / #16 / Março 2019
desafiador para ele alterar entre vários modais de transporte público. Encurtar distâncias melhoraria de forma significativa a vida dele e é esse o nosso objetivo”, acrescenta.
DIVERSIDADE NOS NEGÓCIOS Marcelo Pires era um executivo bemsucedido quando, um dia, no intervalo entre um fechar e abrir de semáforo, ele viu uma cena que mudou sua vida. “Uma pessoa de cadeira de rodas vendia balas no farol e eu vi um motorista devolvendo a bala e dando dinheiro para ele, como se fosse um pedinte e não um trabalhador”, lembra. Incomodado com a cena, Pires imediatamente estacionou num posto de combustíveis em frente e sugeriu ao proprietário que contratasse o vendedor de balas como frentista. “Ele me
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dores com mais de 60 anos. “A conexão entre as diferenças gera mais criatividade e mais sensibilidade, a empresa se torna mais humana”, afirma Pires. Dentre os resultados da adoção de uma cultura inclusiva, estão a baixa rotatividade, maior assiduidade e maior comprometimento com o trabalho. “Quando a empresa contrata apenas pela cota, ela cria com o funcionário uma relação objeto-objeto. Ele também vai tratar a empresa como um objeto e vai sair dali por qualquer trabalho mais perto da casa dele ou que ofereça 50 reais a mais no salário”, exemplifica Pires. “Quando o colaborador percebe que a empresa tem uma respondeu de forma abrupta que não cultura receptiva com a deficiência, ele via potencial em um aleijado”, conta. não vai querer sair dali e vai evitar ser Meses depois, Pires decidiu trabalhar mandado embora. Ele cria uma conepara mudar essa postura do mercado xão com a empresa”, acrescenta. em relação às pessoas com deficiênAlém disso, a diversidade nos necia. Deixou o emprego, comprou um gócios pode estar diretamente ligada posto de gasolina e contratou pessoas aos lucros de uma empresa, porque com deficiência para compor metade uma equipe dido quadro de funversificada, com a cionários. O posto se presença de pes“QUANDO O tornou um sucesso, soas com caracteCOLABORADOR com vendas acima da rísticas diferentes média nacional, o que PERCEBE QUE A gera um grande chamou a atenção EMPRESA TEM UMA diferencial de criado mercado e levou CULTURA RECEPTIVA tividade. “Imagine Pires a compartilhar COM A DEFICIÊNCIA, uma empresa que a experiência com fabrica peças auELE NÃO VAI QUERER outras empresas. Astomotivas e tem SAIR DALI E VAI sim nasceu a Consoem seu quadro EVITAR SER MANDADO lidar Diversidade nos de engenheiros EMBORA. ELE CRIA Negócios, que tem apenas homens UMA CONEXÃO COM A como objetivo oferevitruvianos, com cer a outras empresas EMPRESA” corpos de prosoluções que promoporções perfeitas. vam a valorização Marcelo Pires Essa empresa vai da diversidade huproduzir um cinto mana no mercado de de segurança que trabalho. Infelizmennão é confortável para a mulher porte, a maior parte das empresas que que vai incomodar nos seios. Um anão buscam pelos serviços da Consolidar é se vê obrigado a se sentar sempre no movida pela necessidade de cumprir a banco de trás, onde o cinto é feito para lei de cotas para pessoas com deficiêncrianças, porque o cinto do banco da cia. Felizmente, algumas delas, duranfrente foi feito para um vitruviano”, te o processo, percebem os inúmeros exemplifica Pires. Por isso, segundo benefícios que uma mudança cultural ele, uma equipe de engenheiros forpode trazer aos negócios e ampliam mada por pessoas com deficiência, a inclusão para outros grupos, como homens, mulheres, idosos vai ser um afrodescendentes e maturis – trabalhatime de alto desempenho. ▚
Negócios da
› STARTUPS DA PERIFERIA
QUE BRADA Fotos: Divulgação / © iStockphotos
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PararReviewMag / #16 / Março 2019
Conheça a história de empreendedores da periferia que superam barreiras diárias para continuar oferecendo serviço para a própria comunidade
ciação de moradores e atuou como voluntário em atividades sociais na região. O telefone do paulistano não parou mais de tocar e ele precisou delegar algumas corridas para amigos de confiança. Como a procura só crescia, Alvimar resolveu formar uma cooperativa de motoristas do bairro, e assim nasceu a Jaubra, inicialmente batizada de Ubra, sigla para União da Brasilândia. A mudança de nome foi orientação de advogados, que consideraram mais prudente alterar a grafia para evitar possíveis processos por plágio pela Uber. Dessa forma, Alvimar explica que o “Já” veio para dar ideia da agilidade própria dos aplicativos. O negócio começou improvisado na garagem de um amigo. A filha Aline Landim, 29, deixou a profissão de bancária e tornou-se sócia do pai. Os atendimentos são realizados por WhatsApp ou por telefone fixo, concentrados na nova central. O espaço com três salas e um mini call center foi uma das conquistas da dupla, que agora tem um local apropriado para trabalhar. O aplicativo de corridas foi inserido na empresa pela Aline mas, no momento, está sendo sendo utilizado apenas para enviar as corridas para os motoristas. O novo app da Jaubra, agora próprio e não mais terceirizado, deve ser lançado em breve. →
por BEATRIZ POZZOBON
OR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA, MAIS PRÓSPERA E MENOS DESIGUAL”. Essa é a mensagem ilustrada num pequeno quadro pendurado no canto da parede de um azul esverdeado do mini call center localizado na Brasilândia, zona norte de São Paulo (SP). A frase estampada no ambiente de trabalho reflete o desejo do motorista Alvimar Silva, 50, criador da Jaubra, também conhecida por ser a “Uber da periferia”. Criada há dois anos, a Jaubra é um aplicativo de mobilidade urbana que tem por objetivo atender os moradores da Brasilândia, um dos bairros mais populosos de São Paulo, com mais de 260 mil habitantes. O aplicativo veio para suprir a necessidade de locomoção dos moradores, visto que as gigantes do transporte urbano, como Uber e 99Pop, não atendem ou oferecem pouca cobertura para a região, considerada uma área de risco. E é pelas ruas estreitas e esburacadas, nas longas subidas e através dos becos e vielas da Brasilândia que circulam os 50 motoristas parceiros da plataforma, inclusive o Alvimar, CEO da Jaubra. O empreendedor trabalhou por seis meses como motorista da Uber. Foi quando percebeu uma demanda na região e começou a fazer corridas particulares. Alvimar distribuiu 500 cartões de visitas pelo bairro e fez a famosa propaganda “boca a boca”. Nascido e criado na Brasilândia, o motorista já foi presidente da asso-
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›› ALVIMAR SILVA CEO da Jaubra
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› STARTUPS DE PERIFERIA
“Resolvi montar uma cooperativa para atender os lugares mais inóspitos da Brasilândia, onde a Uber não chega. Quanto mais eles excluem, mais eu incluo”, destaca Alvimar. “Quando comecei, não tinha noção do tamanho que o negócio ia tomar. Eu não sabia o que era uma startup, não sabia o que era empreendedorismo, e nem que estava trabalhando com impacto social”, acrescenta o empreendedor. Após passar por dois processos de aceleração de startups, mentorias e capacitações, Alvimar sabe conhece, hoje, a importância em inserir a Brasilândia no mapa dos aplicativos de mo-
QUANDO COMECEI, NÃO TINHA NOÇÃO DO TAMANHO QUE O NEGÓCIO IA TOMAR. EU NÃO SABIA O QUE ERA UMA STARTUP, NÃO SABIA O QUE ERA EMPREENDEDORISMO, E NEM QUE ESTAVA TRABALHANDO COM IMPACTO SOCIAL" Alvimar Silva
bilidade. “O nosso trabalho é necessário para a região, tem muitas pessoas que dependem do nosso atendimento”, defende. “Queremos trazer benefícios tanto para a empresa, como para o bairro, atendendo o direito básico de ir e vir do morador”, completa. A Jaubra realiza três mil corridas mensais e cobra R$ 1,80 por quilômetro percorrido, sem tarifa dinâmica. Depois de lançar o aplicativo, o primeiro objetivo da empresa é triplicar rapidamente o número de viagens. A empresa fica com 15% do percentual da corrida dos motoristas. Atualmente, são dez mil clientes cadastrados. Segundo Alvimar, já foram realizadas reuniões com investidores interessados em levar o projeto para outras regiões periféricas que têm dificuldades de mobilidade parecidas com a Brasilândia. Mas, ele afirma que o foco agora é expandir a Jaubra para todas as regiões de São Paulo, com a prioridade de atender bem a periferia.
Voz e visibilidade
PararReviewMag / #16 / Março 2019
O empreendedorismo nas periferias sempre existiu, muitas vezes, por uma perspectiva de sobrevivência. É preciso inovar para poder se manter. No entanto, muitos desses negócios fecham as portas rapidamente, por falta de apoio, recursos e visibilidade.A publicitária Jucileide Dias, 37, conhecida como Ju Dias, foi criada no jardim Vera Cruz, na periferia da zona sul de São Paulo. Começou a trabalhar cedo, aos 16 anos, e com a ajuda da multinacional onde trabalhava, que bancou 70% da sua faculdade, se formou em Publicidade e Propaganda pela Anhembi Morumbi. Por 10 anos, Ju trabalhou em grandes empresas da área de comunicação e optou por morar numa área mais
central da cidade. No entanto, quando ficou desempregada, em 2016, precisou voltar a morar com a mãe, agora residindo no jardim São Luís, também localizado na periferia da região sul da cidade. “Quando eu retornei para casa, vi que muita coisa boa estava acontecendo na periferia. Existem iniciativas incríveis, o que falta é divulgação”, afirma a publicitária. De olho nessa realidade, ela criou em maio de 2017 a Bora Lá, uma agência de comunicação e marketing popular que tem por objetivo atender pequenos empreendedores locais, projetos culturais e negócios de impacto social. De lá para cá, a agência atendeu 72 clientes. Do total, 86% são oriundos da periferia. E, desses, 80% dos projetos são encabeçados por mulheres negras. “A Bora Lá tem uma importância na vida desses empreendedores. Em ouvir o que a pessoa quer e criar a identidade da marca, do jeito que ela sonhou. Para que ela esteja empoderada para divulgar seu negócio, se identifique com ele e possa crescer através disso”, destaca a publicitária. Após passar por dois projetos de aceleração de startups da periferia, ela conseguiu alugar um espaço próprio e sair da casa da mãe. A publicitária sonha grande e quer levar a Bora Lá para todas as periferias do Brasil. “O que eu quero é valorizar a cultura e os fazeres periféricos e contribuir para que o dinheiro da periferia permaneça lá.”
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A nutricionista Simone Rodrigues Silva fundou, em abril de 2018, a Nutrir-Si, uma empresa que vende refeições saudáveis, com baixo teor de sódio e gordura e sem a utilização de temperos industrializados. O negócio nasceu de um sonho, mas nem tudo são flores para quem resolve empreender, especialmente se for morador da periferia. Simone reside no Jardim Irene, um bairro periférico da zona sul de São Paulo, e chega a trabalhar 16 horas produzindo as marmitas. “Mesmo assim, não consigo tirar o salário que recebia quando atuava como nutricionista na saúde pública. Estou numa fase difícil, não estou conseguindo sobreviver somente do meu negócio e, por isso, comecei a encaminhar alguns currículos”, admite. Atualmente, Simone tem cinco clientes fixos e dez esporádicos. No cardápio, há 15 opções, entre pratos fit, low carb, vegetarianos e veganos. “Na periferia, tem muita gente com ideia boa, com vontade de fazer as coisas, mas falta dinheiro. Isso é o que faz muitas pessoas desistirem, porque elas não têm tempo para esperar o negócio dar certo”, lamenta a empreendedora. Essa questão é pontuada também pela jornalista Monique Evelle, que nasceu na periferia de Salvador (BA). Foi lá que entendeu como as pessoas se movimentam para ganhar dinheiro e como grande parte dessa fatia está fora do mercado formal. “Infelizmente na periferia, diferente do centro e das startups de tecnologia, não existe dinheiro para errar”, diz Monique, que atua como sócia de diferentes negócios de comunicação, educação e empreendedorismo sustentável. Neste sentido, a jornalista reforça a necessidade de incentivar negócios da periferia voltados para a própria comunidade. “Quem é do território sabe a necessidade do território. Precisamos instrumentalizar e fomentar os empreendimentos criados nas periferias para as periferias para que eles possam solucionar os problemas com mais clareza e preparo.” →
As pedras no caminho
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› STARTUPS DE PERIFERIA
Um respiro para a periferia
É PRECISO DISCUTIR SOBRE O QUE É EMPREENDER NA PERIFERIA, FALAR
“Empreender na periferia ainda é uma necessidade. Não é fácil, é doído, o que ameniza as dificuldades é você estar conectado com o seu propósito.” A afirmação é de Marcelo Silva Rocha, mas ele logo diz que só os pais dele que o chamam dessa forma. No Jardim Ângela, na periferia da região Sul de São Paulo, ele é conhecido somente como Dj Bola. O empreendedor da periferia passa por preconceito, dificuldades para conseguir crédito e ausência de apoio – visto que as incubadoras e aceleradoras não nascem nas comunidades na mesma velocidade e proporção que as ideias. Ciente dessa realidade, em 2017, o Dj Bola criou a ANIP (Aceleradora de Negócios de Impacto da Periferia), em parceria com a FGV e a Artemesia, organização pioneira na disseminação e fomento de negócios de impacto social no Brasil. Em 2018, a ANIP acelerou 10 negócios de impacto da periferia da zona Sul de São Paulo. Cada empreendimento recebeu R$ 20 mil como investimento semente após passar por quatro meses de processo de aceleração, com encontros presenciais, acompanhamento online e conexão com mentores. Em 2019, a ideia é acelerar mais dez ideias,
DE DINHEIRO, INFLUENCIAR ESSAS PESSOAS A SE OLHAREM COMO EMPREENDEDORES” Marcelo Silva Rocha
PararReviewMag / #16 / Março 2019
em um processo que vai durar oito meses. “É preciso discutir sobre o que é empreender na periferia, falar de dinheiro, influenciar essas pessoas a se olharem como empreendedores”, pontua. “Tem muita coisa que acontece na quebrada, que com a estratégia certa e investimento adequado, pode impactar positivamente milhares de pessoas”, finaliza o DJ Bola, fundador da A Banca, uma produtora cultural social de impacto que utiliza a cultura Hip Hop para promover a inclusão e fortalecer o empreendedorismo juvenil da periferia. ▚
TIPS & CASES
›NEXTFLEET
INO VAR Como a integração de softwares para a gestão de frotas tem transformado a realidade das empresas por PIETRA BILEK
© iStockPhoto / Divulgação
INTEGRAR PARA
O
O UNIVERSO DA GESTÃO DE FROTAS É BASTANTE COMPLEXO, mas graças às constan-
PararReviewMag / #16 / Março 2019
integração, não existe tempo perdido. "A informação chega de forma rápida e facilitada, os custos são reduzidos em função de uma melhor visualização de
tes inovações o equilíbrio entre
dados e o pensamento estratégico pode ser exercido.
os resultados para a empresa e
", esclarece. Ao entender melhor todos os parâmetros
a segurança no trânsito tem se
da gestão, a empresa pode investir mais tempo em
tornado cada vez mais possível
outras áreas do seu negócio, dessa forma trabalhan-
de ser alcançado. Além de pos-
do de maneira rápida mas também eficiente. Por per-
suir a tecnologia a seu favor,
ceber o ganho de tempo e dinheiro, os fornecedores
com os dados e fornecedores
estão facilitando a integração de seus serviços.
envolvidos, os gestores de frotas ainda podem contar com uma iniciativa que otimiza seu trabalho: a integração. Essa iniciativa envolve todos os players
da frota integrando-os em uma só plataforma, que organiza os dados e é atualizada diariamente e automaticamente. Dessa forma, todas as planilhas e atualizações manuais que o gestor de frotas ficaria
NA TEORIA E NA PRÁTICA A TIMAC Agro, empresa francesa especializada em nutrição animal e vegetal de alta tecnologia, é um exemplo de como a integração pode transformar a gestão de frotas. "Quanto menos tempo alguém passar dedicado a fazer a operação do sistema, mais tempo essa pessoa ganha fazendo a gestão de fato.
encarregado tornam-se desnecessárias, além de ar-
Então, a NEXTfleet nos ajuda nisso, toda a integração
mazenar, organizar, integrar e facilitar a gestão dos
que o sistema nos possibilita com as locadoras, com
veículos e dos condutores em apenas um sistema. A
o sistema de abastecimento, de multas e os chama-
NEXTfleet é um software para gestão integrada de
dos de manutenção, tudo isso deixa a minha equi-
frotas que consegue unir telemetria, pedágio, mul-
pe de manutenção livre para dar atenção ao meu
tas e, principalmente, manutenções. “Com as inte-
cliente interno e para analisar os dados gerados pelo
grações, o gestor não perde mais tempo construin-
sistema para que tenhamos uma gestão ativa e não
do a informação e gerando dados, podendo investir seu tempo em ações estratégicas para a empresa. Torna-se, dessa forma, um gestor mais estratégico e
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passiva", revelou o gestor de frotas da TIMAC Agro, Gardel Colares.
menos operacional”, explica Walter Kerkhoff, diretor da Plantech, empresa idealizadora da NEXTfleet.
COM AS INTEGRAÇÕES, O GESTOR NÃO PERDE MAIS
NO DIA A DIA
TEMPO CONSTRUINDO A INFORMAÇÃO E GERANDO
Se completamente explorado, o software é capaz de fornecer dados sobre o desempenho dos veículos, os reajustes no preço de combustível ¹e também consegue identificar quais veículos da frota são mais
DADOS, PODENDO INVESTIR SEU TEMPO EM AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A EMPRESA (...)” Walter Kerkhoff
econômicos para determinadas rotas. Além disso, com os dados fornecidos pelo software, o gestor de
Um dos desafios encontrado pelo gestor é contro-
frotas pode traçar planos para melhorar o desem-
lar as infrações realizadas pelos condutores, o que
penho dos condutores ao volante, otimizado seus métodos de direção e consequentemente gerando economia para a empresa. Por meio do aplicativo o gestor pode acessar o módulo “Carsharing”, que busca otimizar o uso da frota. Além disso, com os dados fornecidos pelo software, é possível identificar condutores infratores e ter acesso ao perfil de todos eles. O condutor também recebe acesso a um App exclusivo, onde pode fazer checklist completo do veículo, agendar manutenções e acompanhar o status dos mesmos. Um diferencial do sistema é que ele possibilita a consulta de pontu-
graças ao software esse controle é feito automaticamente,reduzindo tempo e adicionando segurança ao processo. Além disso o software auxilia no comando dos chamados de manutenção, ou seja, quando a empresa abre um chamado para a locadora, esse chamado vai via integração para dentro do sistema da NEXTfleet, assim o gestor consegue ver em tempo real o que ele está gastando com a manutenção, qual o tipo que ele mais precisa e consequentemente acaba conhecendo o tipo de condutor da sua frota. "Para a
ação de CNH dos condutores, além da integração via
empresa, o principal benefício do sistema é permitir
API’s (Interface de Programação de Aplicativos), em
que seus clientes possam ver além da administração
um sistema onde outras empresas possam associar
das frotas e sim em como melhorar o uso dela na em-
o software a seus serviços. Segundo Kerkhoff, com a
presa", aponta Colares. ▚
›› WALTER KERKHOFF Diretor da Plantech, empresa idealizadora da NEXTfleet
inside
› ARTIGO DR. DIRCEU RODRIGUES ALVES JR.
P
RECISAMOS ACELERAR ESSA TRAJETÓRIA PARA ALCANÇARMOS O OBJETIVO PROPOSTO PELA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) de reduzir em 50% o número de mortes no nosso trânsito até 2020. Para tal, precisamos de uma mudança radical da cultura para mobilidade, não só do motorista, mas também do nosso pedestre, dos governantes e toda cúpula dirigente do nosso país. Se faz necessário a execução do Código de Trânsito Brasileiro que data de 1997, quando determina a “Educação de Trânsito” nas escolas. Até hoje, vários itens desse código não foram colocados em prática.
Velocidade, bebida, drogas, fadiga, sono e desatenções continuam fazendo parte do ranking causador de nossos tristes acidentes. Como afirmamos, necessitamos de uma imunização de curto prazo em que a fiscalização e punição precisam ser severas. Em longo prazo, precisamos atuar na mudança da cultura já na pré-escola, aos cinco anos de idade, com educação de trânsito. Serão ensinados os perigos da máquina sobre rodas: para que serve, como fazer bom uso, sinalização de trânsito e evoluindo com leis, resoluções. No curso secundário, dentro da física, química e biologia seriam passados conhecimentos
Educação continuada, formação de condu-
dos vetores de forças exercidas sobre o veículo,
tores, campanhas permanentes, policiamento
de doenças causadas pelo trânsito e até mesmo
ostensivo, participação ativa da sociedade, fiscali-
pelo transporte de produtos perigosos. Porquê
zação e a punição parecem abandonadas. Apesar
derrapam, porquê capotam, efeitos do ruído, da
das multas, infratores reclamam, mas não mu-
vibração, consequências dos gases, vapores, poei-
dam comportamento.
ras e fuligem sobre o homem e o meio ambiente.
Fotos: © Divulgação / Shutterstock
GOVERNO NA CONT AMÃO DO TRÂNSITO
Ainda muito distante do ideal, o trânsito e transporte preocupa todos nós. ABRAMET propõe imunização para o mal que assola o país
PararReviewMag / #16 / Março 2019
A necessidade real de utilização de equipamentos de segurança e tantas outras coisas que amadureceriam nosso jovem e ao fim de 13 anos. Chegando aos 18 anos, teríamos novos cidadãos, conscientes, responsáveis, conhecendo os limites da máquina sobre rodas, o respeito mútuo e a própria vida. Aos 18 anos, como cidadãos diferenciados, fariam um Curso de Formação de Condutores (CFC) com treinamento em simuladores em que todas as adversidades seriam ensaiadas. Saindo dali, iriam para uma pista própria para colocar em prática todo o aprendizado. De dia, de noite, na área urbana, pista molhada, desviando de obstáculos a 80 km/h, frear com freios comuns e ABS, no sol, na chuva, neblina e assim por diante. Estamos convictos de que dessa forma atingiremos o objetivo, reduzindo
de maneira substancial a epidemia que hoje faz parte do nosso dia a dia. Certamente, estaríamos imunizando nossa população e erradicando um mal sistemático em nossas cidades. A máquina é entendida como ciência já que nela vemos fatores que envolvem a física, química, biologia e ergonomia. Temos que aceitar que as pessoas que usam essa máquina precisam do entendimento científico para operá-la. Hoje, o novo governo pretende ir na contramão acabando com a indústria da multa, tornando a renovação do exame médico a cada dez anos, rejeitando o uso de simuladores e coisas avessas ao que os especialistas buscam. Com tudo isso, as mortes e sequelas se intensificam, crescem as despesas do governo e o respeito às leis de trânsito continua ausente. Nenhum progresso à vista. ▚
›› DR. DIRCEU RODRIGUES ALVES JR. Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET – Associação Brasileira de Medicina de Tráfego.
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› GIL TORQUATO
O CARA POR TRÁS DO PORTAL Para Gil Torquato, um dos fundadores do Portal UOL e CEO da UOL Diveo, inovação é sobrevivência
em como eles iam ser consumidos no universo digital. No final de 1996, por exemplo, eles realizaram mais um feito inédito: colocaram no ar a primeira TV na internet do mundo. “Era banda estreita, não era banda larga, mas foi algo impressionante. Foi o começo de algo que hoje é até banal, ter vídeo na internet é uma obrigação”, disse. O “projeto internet” se tornou o “projeto digital” e até hoje tem grande relevância, se mantendo no Top 10 do mundo em produção de conteúdo e audiência na internet. Como falei no
por KARINA CONSTANCIO
I
NOVAÇÃO É UMA PALAVRA RECORRENTE NA VIDA DE GIL TORQUATO. Quando
entrou no Grupo Folha, em 1985, não tinha ideia de que estava dando o ponta a pé inicial para ser o protagonista de uma revolução no mercado de comunica-
ção brasileiro. Dez anos depois dessa estreia, o executivo foi convidado a deixar a área comercial e assumir a diretoria de novos negócios. O principal desafio? Colocar em prática um projeto que iria transformar a maneira como o conteúdo era produzido e consumido no Brasil. Estou falando do Portal UOL, hoje, o principal portal em língua portuguesa do mundo com impressionantes 100 milhões de usuários por mês. A internet engatinhava no Brasil e a informação ainda estava restrita ao universo offline. Para os mais jovens, é difícil imaginar o mundo sem Google ou Wifi, mas, bom, ele existiu e nem faz tanto tempo assim. Para se informar, não bastava dar dois ou três cliques, era preciso aguardar a próxima edição do jornal, a sua revista especializada ou os boletins televisivos. Mas mesmo estando em um mundo
ainda muito analógico, isso não impediu que os diretores do Grupo olhassem para frente. Como aquela nova tecnologia iria impactar o seu trabalho e como eles poderiam ser pioneiros nessa revolução. Foi a partir desse estalo que uma força tarefa foi criada dentro da empresa. A elaboração do projeto contava com dois diferenciais: produzir conteúdo próprio e já nascer no mundo da internet aberta. O que já o diferenciava, por exemplo, da sua grande referência no setor, a America Online (AOL), que não chegava a produzir conteúdo e que ainda viveu o desafio dos browsers fechados. No começo, eles pegaram todo o conteúdo que já tinham e digitalizaram para que se tornassem acessíveis via internet, criando um volume robusto de informações em diversos segmentos. “Eu diria que desde o início, na nossa concepção, a digitalização era uma coisa inevitável porque, através dela, nós iríamos obter uma maior facilidade na usabilidade de todo o conteúdo. Não só conteúdo jornalístico como conteúdo de games e tudo aquilo que a gente já produzia naquela ocasião”, ressaltou Torquato. Com o tempo, os conteúdos começaram a ser produzidos já pensando
PASSOS PARA INOVAR, SEGUNDO GIL TORQUATO: 1.
2.
3.
4.
5.
Diagnóstico: faça uma análise do mercado que você atua com benchmarking internacional, obviamente em países mais desenvolvidos. Identifique os gaps existentes com relação ao mercado analisado na fase do diagnóstico e tente eliminar esses gaps. Agora, imagine seu negócio daqui a 5 anos – pesquise e observe as ameaças e oportunidades, trabalhe-as. Não tenha medo de mudar o status quo. Se for o caso, crie outra empresa e use ela para fazer essas mudanças. Se o caminho desenhado estiver dando certo, faça a migração do “modelo antigo” para o “modelo novo”.
» O IMPORTANTE É SEGUIR ESSES PASSOS CONSTANTEMENTE.
Fotos: © Divulgação / iStockphotos
Z Ø Ø M
PararReviewMag / #16 / Março 2019
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[...] "INCENTIVAMOS NOSSO TIME E CLIENTES A SEMPRE ENFRENTAREM OS PROBLEMAS DE FRENTE PARA BUSCAR AS SOLUÇÕES MAIS CRIATIVAS POSSÍVEIS.”
início, inovação é a palavra-chave da trajetória de Gil Torquato e é por isso que ele é, atualmente, o CEO do UOL Diveo, empresa responsável pelo atendimento ao mercado corporativo e o principal braço de inovação do Grupo. As empresas, de uma forma geral, já estão sendo afetadas pelas intensas transformações do novo mundo. Novas tecnologias e serviços estão tornando a revolução dos negócios um caminho inevitável e inadiável. Para Gil Torquato isso é uma evolução, as companhias não devem enxergar esse cenário como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade de transformação. Através do UOL Diveo, ele auxilia empresas a ultrapassarem essa linha da inovação e a reformularem seus negócios. “Nós atendemos
mais de 2 mil empresas, das quais 70% do e-commerce brasileiro está conosco, então, imagina a nossa responsabilidade. Nós temos auxiliado os clientes em projetos que têm foco no futuro, mas sem esquecer que olhar para frente não significa deixar de olhar o seu passado, porque muitas vezes é o legado que viabiliza o futuro”, alertou Torquato. A tecnologia ajuda a acelerar o processo, mas os líderes precisam olhar isso sempre como uma oportunidade. “A gente tem que parar de ter medo do futuro. Desde o começo, nós temos um lema que é o seguinte: ‘Você pode levar uma bronca se fizer alguma coisa errada, mas se você não fizer nada, você vai ser mandado embora’. Incentivamos nosso time e
›› GIL TORQUATO CEO da UOL Diveo e fundador do Portal UOL
clientes a sempre enfrentarem os problemas de frente para buscar as soluções mais criativas possíveis”, destacou o executivo. Dois bons exemplos citados por Gil Torquato são a B2W (fusão entre Submarino, Shoptime e Americanas.com) e o Magazine Luiza. “Elas conseguiram mostrar que o novo mundo já está aí e que ele é muito mais propício para se fazer bons negócios para o consumidor e que, por sua vez, resulta em bons negócios para as companhias”. Na era dos “smart business” é preciso que a transformação comece de dentro para fora, a empresa que conseguir reinventar o coração do seu negócio terá forças para impactar o ecossistema e torná-lo mais inovador. ▚
inside TAKES » CONFIRA OS MELHORES TAKES DA WELCOME TOMORROW 2018
Fotos: © Flashbang
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PararReviewMag / #16 / Março 2019
TAKES » CONFIRA OS MELHORES TAKES DA WELCOME TOMORROW 2018
Fotos: © Flashbang
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#GESTORESCONECTADOS
PararReviewMag / #16 / Março 2019
DOS ASSUNTOS MAIS DEBATIDOS PELOS GESTORES DE FROTA
TOP
Trezentos gestores de frota de todo o Brasil estão trocando informações, experiências e pesquisas em um grupo no Telegram, criado exclusivamente para fomentar o debate sobre os desafios encontrados no dia a dia da atividade. A cada edição, trazemos uma lista com os temas que geram mais dúvidas, comentários e discussões no grupo. Confira os destaques:
1.
Plataformas para Gerenciamento de Manutenção
2.
Rede de postos credenciados para abastecimento
3.
O que fazer quando condutor atinge limite de pontos na CNH
4.
Novo APP dos Gestores de Frota
↓ CONHEÇA QUEM SÃO OS GESTORES MAIS PARTICIPATIVOS:
FELIPE AYABE
WENDER RIBEIRO
RICARDO DE SOUZA
Guaibim Transportes
Petrobras
FELIPHE OLIVEIRA
Sumicity
G4S Brasil
Kroton Educacional
FELIPE ALMEIDA
EDUARDO BORTOTTI
MARIA C. AQUINO
POLYANA SOARES
ALEXSANDRO LIRA
Grupo GR
Eletropaulo
Q UE R PA RTICIPAR DO G R U P O DOS G E STORE S DE F R OTA?
Ale Combustíveis
Moinho Sul
» Envie um email para atendimento@institutoparar.com.br
Heineken Brasil
Fotos: Arquivo Pessoal
GILCIMAR OLIVEIRA
Levante sua bandeira. Pessoas com propósito são mais felizes. Empresas também. Clientes percebem mais valor em marcas que entregam algo relevante. Colaboradores vestem a camisa da sua empresa à medida que eles entendem que trabalham por algo muito maior do que dinheiro. É isso! Existe uma grandeza que vai além do seu business, algo que você precisa levantar, gritar, exibir como um valor inegociável, intangível. Você já descobriu? Somos uma agência que, através da comunicação, tem ajudado marcas de alta performance a descobrirem o propósito do seu negócio. Vamos descobrir essa jornada juntos?
www.jorney.com.br live your journey
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GESTOR COM HUMOR
› DORINHO BASTOS