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Carnaval 2023: concurso de escola de samba na Afonso Pena e mais de 112 blocos pelas ruas de BH

FOLIA Além da festa, evento também é importante ferramenta política e fonte de renda para a cidade

Amélia Gomes

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Em Belo Horizonte, os tambores já estão rufando! A capital mineira, que tem se destacado como um dos principais destinos para o carnaval, espera receber pelo menos 5 milhões de foliões no próximo mês. Após dois anos suspenso, por causa da pandemia, a previsão é de que 112 blocos saiam às ruas entre os dias 4 e 26 de fevereiro.

Além dos blocos, o concurso das escolas de samba e os desfiles momescos também compõem a programação oficial da festa.

Resistência e ancestralidade

O bloco Filhas de Gaby desfila há mais de dez anos pelas ruas de Belo Horizonte. A proposta do grupo é enaltecer os ritmos e a cultura brasileira, com referências clássicas do repertório mineiro, como as canções de Milton Nascimento. Neste ano, o tema do cortejo será “Vermelhou”.

Gaby Aragão, uma das fundadoras do bloco, explica que a preocupação em manter o caráter político da festa é uma das prioridades do grupo. “É um bloco que está sempre ligado à política, aos debates sociais, aos temas do meio ambiente. Essa é a nossa proposta”, pontua.

Um dos blocos mais simbólicos do carnaval de Belo Horizonte é o Angola Janga, inspirado no patrimônio baiano Ilê Aiyê. Alex Teixeira, cantor e produtor do grupo, explica que o bloco nasceu a partir de um incômodo dos foliões Nayara Garófalo e Lucas Nascimento, que vivenciaram episódios racistas em outros blocos da capital e convocaram outras negras e negros a construírem umaproposta diferente de organização da festa.

“O Angola Janga é um projeto social, cultural, pedagógico e também um coletivo de emancipação e de antirracismo para a cidade de Belo Horizonte”, declara Alex.

Superação e desafios pós-pandemia

Durante a pandemia, as entidades carnavalescas de Belo Horizonte se desdobraram para conseguir manter vivas as manifestações, realizando desde ensaios virtuais a vaquinhas. Em 2022, o desfile de rua foi cancelado nas vésperas da festa, por causa da alta dos casos de covid-19. A edição deste ano e o financiamento das entidades só foram confirmados recentemente.

Além dessas questões, as escolas de samba, por exemplo, enfrentam dificuldades estruturais, como a falta de profissionais especializados. “O fato de Belo Horizonte ter ficado durante 12 anos sem carna- val de passarela nos fez perder essa hereditariedade do profissional de carnaval. E isso é uma grande dificuldade que nós temos”, relata Carlos Damasceno, presidente da Escola Canto do Alvorada.

“Outra grande dificuldade é que o recurso só chega em cima da hora. Não tem como você fazer carnaval com o financiamento chegando a dez dias da festa”, completa.

A Canto do Alvorada existe desde 1970 e foi a campeã do último carnaval. Neste ano, a escola prepara um enredo para homenagear os artistas mineiros, celebrando a existência do Palácio das Artes, principal palco da cultura em Minas Gerais.

O concurso das Escolas de Samba de Belo Horizonte acontece entre os dias 20 e 21 na Avenida Afonso Pena, no Centro, entre as esquinas da Rua da Bahia e Carandaí. As entidades do Grupo de Apre- sentação desfilam no dia 20, após o término dos Blocos Caricatos. Já as escolas dos Grupos Especial e de Acesso saem às ruas no dia 21.

Geração de renda

Mais de 16 mil ambulantes estão cadastrados na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para trabalhar durante a folia. O número é 10% maior do que em 2020. De acordo com a prefeitura, 27% dos cadastros solicitados são de trabalhadores que, pela primeira vez, vão comercializar produtos na festa.

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