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Executivos brasileiros e seus delírios econômicos
O instituto de pesquisas de opinião Quaest divulgou uma pesquisa feita em parceria com a Genial Investimentos sobre as opiniões de executivos do mercado financeiro. A pesquisa revela como os 82 executivos do setor vivem em um delírio coletivo completamente descolado da realidade, movidos apenas pela ânsia de lucros fáceis no cassino financeiro.
Em uma das perguntas, a pesquisa indaga qual seria o superávit primário necessário para que se garanta a “sustentabilidade” da dívida pública brasileira. Em primeiro lugar, a dívida pública brasileira é perfeitamente sustentável e relativamente baixa, de 73,5% do PIB (2022).
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Se descontarmos alguns elementos que não são propriamente dívidas, como as operações compromissadas, cai para a casa dos 50%. Muito mais baixa que a de países desenvolvidos e próxima da de países emergentes. Além disso, a dívida é quase totalmente em reais e o país dispõe de reservas internacionais abundantes. A pergunta em si é um pouco irrelevante.
O superávit primário é o resultado fiscal do governo excluídas as receitas e despesas financeiras, isto é, a diferença entre o que o governo arrecada com impostos e o que gasta com saúde, educação, investimentos, salários etc.
No entanto, a sustentabilidade da dívida é dada pelo resultado nominal, que inclui os gastos e receitas do governo. O maior deles é o pagamento de juros da dívida, uma variável que o governo Lula não controla. Quem controla essa alavanca é o presidente do Banco
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Aruanã conselho editorial minas
Geral:
Central, Roberto Campos Neto. Ao determinar a taxa básica de juros, Campos Neto determina o ponto de referência dos juros da dívida.
Entre 2021 e 2022, Campos Neto elevou a taxa de juros de 2% para 13,75% e colocou o Brasil no topo da tabela de taxas de juros. Esse salto tem custos enormes: um ponto percentual a mais custa aproximadamente R$ 25 bilhões por ano. Ou seja, Campos Neto criou gastos de quase R$ 300 bilhões a mais
Superávit de R$ 200 bilhões bloquearia o funcionamento do Estado
para o governo. Não adianta o governo Lula gerar superávit se Campos Neto não ajuda.
Voltando à pesquisa, 71% dos nossos financistas acham que o governo deve poupar mais de R$ 150 bilhões. Um terço desses vão além e querem R$ 200 bilhões de corte de gastos ou aumento de receitas para manter a dívida sob controle. Isso equivale a aproximadamente 2% do PIB.
No ano passado, fechou com R$ 54 bilhões de superávit primário. Um superávit primário de R$ 150 bilhões bloquearia o funcionamento do Estado e dos programas sociais.
Pedro Faria é economista e doutor em história. É pesquisador vinculado ao Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG, ao Instituto Economias e Planejamento e militante do Movimento Brasil Popular.
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