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Brasil | p. 6 Paraná
Acordo do novo pedágio no Paraná tem “jabutis” na árvore
Oposição acusa na Justiça que acordo entre governo do estado e federal manterá pedágio caro
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Gabriel Carriconde
Deputados estaduais do Paraná acionaram o Tribunal de Justiça para que o novo acordo de concessão dos pedágios, feito entre estado e governo federal, seja revisto. No início deste mês, o governador anunciou ao lado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, o novo modelo, já que os atuais contratos vencem em novembro deste ano. O acordo, sancionado como lei no último dia 19, prevê que 15 novas praças de pedágio sejam instaladas em rodovias estaduais e federais, e cerca de 3,3 mil quilômetros de estradas paranaenses passem para o governo federal, para que este conceda ao setor privado. Porém, cerca de oito deputados, entre oposicionistas e até de partidos da base do governo, questionam a proposta por “falta de transparência e debate em torno do novo modelo.”
Esse é um dos motivos que levaram os deputados Arilson Chiorato (PT), Gou-
Rodrigo Felix Leal | ANPr
ra (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Mabel Canto (PSC), Professor Lemos (PT), Requião Filho (MDB), Soldado Fruet (PROS) e Tadeu Veneri (PT) a protocolarem Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no tribunal. De acordo com Chiorato, o projeto não resolve o problema das altas tarifas no Paraná, além do governo federal não ter especificado em documento como serão as regras do novo modelo, ou seja, o projeto é um “jabuti”, termo usado para designar quando uma proposta não está clara ou pode trazer surpresas inesperadas.
“Temos uma discussão do pedágio sem regras claras e sem um documento físico, o que existe é um ‘Power Point’ divulgado pelo ministro Tarcísio semanas atrás. Quando o projeto chegou à Assembleia, veio sem nenhuma minuta de edital ou discriminação de quais serão os trechos rodoviários cedidos.”
O deputado ainda critica a suposta queda de tarifa. “A média do pedágio no Paraná é de R$ 16,50, não é simplesmente propor que ele baixe para R$ 11,50, R$ 11. O Ministério Público Federal já apontou em acordos de leniência que a tarifa no estado é 500% mais cara, nós queremos justiça no pedágio, que seja equiparado a Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul”, critica. O valor do pedágio nesses estados varia entre R$ 4,70 e R$ 8,20.
O mais bolsonarista Ratinho Jr, desde o início do mandato, vem se alinhando quase que automaticamente às agendas do presidente Bolsonaro ou preferindo não se manifestar diante das crises criadas pelo mandatário. Na última semana, se recusou a assinar uma carta proposta por outros 14 governadores em solidariedade ao Supremo Tribunal Federal, diante do pedido de impeachment de Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes.
O alinhamento também se dá em outras áreas, como a educação. O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, avalia que a falta de diálogo e a imposição de propostas como a militarização das escolas, bandeira da extrema-direita, têm sido marcas do atual governo. “Colocaram uma direção militar em 200 escolas públicas com proposta educacional extremamente equivocada, um processo de adestramento, condicionamento e autoritarismo, completamente ao contrário de uma escola que forme cidadãos com valores humanitários”, cita.
cional do MST na pandemia da Covid-19, da qual a comunidade já participou em meses anteriores.
José Damasceno, da coordenação estadual do MST, enfatiza a importância da criação do assentamento. “Esta conquista é muito simbólica porque vem num período crítico, de crise política e econômica, em que o governo Bolsonaro persegue os movimentos sociais e os pobres, e bloqueou a reforma agrária.”
Após 22 anos de luta, famílias conquistam assentamento em Congonhinhas
Redação
Sentença do Tribunal de Regional Federal da 4ª Região confirmou a criação do assentamento Carlos Marighella, em Congonhinhas, norte pioneiro do Paraná, após 22 anos de luta dos Sem Terra. O Incra agora terá de dar continuidade à criação do assentamento, interrompida em 2015 por decisão da Justiça estadual.
A decisão, tão aguardada pelas 67 famílias Sem Terra que vivem no local, será comemorada com a “Festa da Reforma Agrária Popular”, em 28 de agosto, no espaço comunitário do assentamento. Está previsto ato público, às 10h, e almoço às 12h.
Na véspera, dia 27, camponeses também farão uma doação de alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade da cidade. A ação também faz parte da campanha na-
MST PR
Por que casos de Covid-19 voltam a subir no Paraná, mesmo com vacinação
Omissão de governos, sensação de falsa de normalidade e variante Delta estão entre as causas
Ana Carolina Caldas lação pelos próprios governos. Para o Professor Emanuel Mal-
OParaná tem, neste momen- tempi, presidente da Comissão to, novo crescimento do nú- de Enfrentamento ao Coronamero de casos do coronavírus. vírus, da Universidade Federal Na terça (24), foram registrados do Paraná, “A culpa também é 1.911 novos casos de pessoas dos governos que começaram contaminadas. Maior que no iní- a passar para a população uma cio do mês de agosto, com 481 sensação bastante falsa de norcasos confirmados. Já a média malidade por causa de alguns móvel de mortes está em 72 por dados que vieram pós-vacinadia. Para piorar, o Paraná está há ção. Mas, com 25 a 70 mortes mais de uma semana como o es- diárias e os casos aumentando, tado com a maior taxa de trans- ainda é pandemia no pico. Não missão do vírus, com R.T de 1,11, é situação normal”, explica. em que cada 100 pessoas transmitem para outras 111. Variante Delta A outra cau-
São números preocupan- sa apontada por Maltempi é o tes, já que a expectativa era de maior nível de transmissibilidaque com o avanço da vacinação de da nova variante, a Delta, que houvesse queda. O Brasil de teve sua transmissão comunitáFato Paraná conversou com ria confirmada no Paraná no fiespecialistas para entender as nal de julho. A Secretaria de Escausas dessa situação. Uma tado da Saúde (Sesa) confirmou delas é que, com o avanço da na segunda (23) mais dois casos vacinação, mesmo lento, uma e um óbito dessa variante no Pa“sensação de normalidade” raná. Agora, o Estado soma 58 começou a ser gerada na popu- casos e 19 óbitos da cepa.
“É preciso olhar para países que tiveram o avanço da Delta muito rápido, justamente porque flexibilizaram os protocolos de prevenção por causa da vacinação. Inclusive descartando o uso de máscara. O resultado foi uma explosão de casos no Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo”, diz Maltempi. O professor destaca ainda que nesses países a vacinação está mais avançada que no Brasil, e assim mesmo houve aumento de casos. “A vacinação quanto mais rápida acontecer, mais ela protegerá a população desta nova cepa. Mas ela sozinha não é suficiente. Os governos precisam alertar sobre isso: você, vacinado, pega Covid 19 e transmite, por exemplo, para pessoas que não tenham ainda completado seu ciclo vacinal”, diz.
A agência de saúde pública da Inglaterra divulgou levantamento acerca dos imunizantes e a eficácia contra a Delta. Na média, a efetividade ficou em 35% para casos sintomáticos da doença com uma dose, e em 79% com duas.
Para a médica epidemiologista Denise Garrett, a tendência é que a onda provocada pela Delta seja curta, mas alerta para a demora na vacinação. “O grande problema é que no Brasil a grande maioria das pessoas ainda não completou o ciclo vacinal, o que garantiria maior proteção – entre os vacinados (duas doses ou dose única), o risco de infecção é três vezes menor e o de morte, no mínimo, dez vezes menor”, explica. O Paraná alcançou 66,67% (6.963.580) de vacinados com a primeira dose e 25,39% (2.651.981) com o esquema vacinal completo.
LIBEROU GERAL
Na mesma semana da confirmação da transmissão comunitária da Variante Delta no Paraná, o governo estadual começou o que se pode chamar de fase “liberou geral”, autorizando o retorno presencial das aulas nas escolas públicas, com professores apenas com uma dose da vacina, além de outras flexibilizações, como a autorização de eventos para 500 pessoas. Já em Curitiba, a Prefeitura autorizou o retorno do público aos estádios de futebol e manteve a bandeira amarela, que indica menor risco que nas fases anteriores.