Cayo Vieira
Universo feminino
credito foto
Cultura | p. 7
Espetáculo “Amandas” mostra agonia da opressão e bravura da luta
PARANÁ
Esportes | p. 8
A copa dos milhões Atléticos jogam partida final da Copa do Brasil no Paraná
Ano 5 Edição 236 5 a 10 de novembro de 2021 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br
Divulgação
Onde a Covid viraliza Caximba, no Sul de Curitiba, tem contaminação três vezes maior que bairros centrais Cidades | p. 4
Giorgia Prates | ONU
Paraná | p. 5
Uniformes suspeitos Famílias relatam dificuldades em escolas cívico-militares
Editorial | p. 2
Promessas em vão Brasil assume compromissos sobre mudanças climáticas
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Todas as juras são falsas
EDITORIAL
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Brasil assumiu dois compromissos ecológicos no âmbito da COP-26, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021. Um dos acordos prevê a redução de 30% da emissão de metano, enquanto o outro aponta para o zeramento do desmatamento, ambos até 2030. Essas medidas voltam-se ao enfrentamento global do cenário de mudanças climáticas. Não se pode ignorar que foram os países de capitalismo central – os mais ricos da Europa e os EUA– os responsáveis pela maior massa de emissão de poluentes desde
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o início da era industrial, motivo pelo qual deveriam ser responsabilizados de modo mais equitativo pelos danos que trouxeram às condições de vida humana em todo o planeta. Ainda assim, no caso do Brasil, é urgente que a questão seja levada a sério. A política implementada pelo governo Bolsonaro desde 2019 é contraditória com os compromissos por ele assumidos na COP-26. Não à toa, tal adesão tem sido comentada com ceticismo por quem entende do assunto. Levando em consideração um governo que faz de tudo para
“passar a boiada”, não há nenhum indício de que o Brasil terá condições de cumprir sua parte nesses acordos globais. Como disse Ailton Krenak ao comentar o assunto, “no caso do Brasil, todas as juras são falsas”.
A política implementada pelo governo Bolsonaro desde 2019 é contraditória com os compromissos por ele assumidos na COP-26
SEMANA
A destruição do Bolsa Família é o Estado mínimo para os pobres OPINIÃO
Milton Alves,
ativista político e social. Autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada contra Lula e o PT’ (2019) e ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020).
O
governo neoliberal e autoritário do presidente Bolsonaro extinguiu o programa Bolsa Família, uma medida que afeta a existência imediata de 13,9 milhões de famílias, que integram a base mais vulnerável da sociedade. Após 18 anos de uma política de transferência de renda bem-sucedida, com resultados no combate à pobreza extrema — e que foi uma porta de saída para milhões de brasileiros, garantindo as condições mínimas para a permanência na escola, o acesso ao consumo de algumas proteínas, o ciclo completo do calendário vacinal para as crianças e a redução da mortalidade infantil. A decisão criminosa do governo da extrema direita acontece na fase mais aguda da crise econômica, social e sanitária em curso no país, com mais de 600 mil mortos pela Covid, com mais de 20 milhões de brasileiros padecendo de fome, 14 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados e milhões de trabalhado-
res precarizados e explorados de maneira brutal na informalidade. A destruição do Bolsa Família coincide com o fim do auxílio emergencial, que atualmente atende 39 milhões de pessoas. Ou seja, o governo Bolsonaro promove um violento e duplo ataque ao povo mais pobre: elimina a transferência de renda do Bolsa Família e termina também com auxílio emergencial instituído pelo Congresso Nacional no início da pandemia. No lugar do Bolsa Família, o governo bolsonarista promete a criação de um vago, improvisado e datado Auxílio Brasil, que deve alcançar cerca de 17 milhões de pessoas, uma parcela menor do número de brasileiros pauperizados pela forca do teto de gastos. A destruição do Bolsa Família revela a natureza perversa da política econômica neoliberal executada pelo governo Bolsonaro, que prioriza o arrocho fiscal contra os pobres e contra investimentos sociais, operando a concentração dos recursos do orçamento do estado nacional a favor dos bancos e facilitando aquisição e a captura das empresas públicas e estatais pelos grupos econômicos monopolistas estrangeiros e nacionais.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 236 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO Milton Alves ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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Geral
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FRASE DA SEMANA
Uma troca de experiências para mostrar que novas alternativas de mundo são possíveis. É isso que acontecerá em 13 de novembro, quando crianças do MST trocarão experiências com artistas internacionais no assentamento da Lapa e, posteriormente, assistirão a um show no Teatro Positivo. A iniciativa é da Série Diálogos, música, cultura e democracia, em parceria com o Instituto RES PUBLICA, apoio da UTFPR, da Positivo e do Senge-PR. A criançada do MST vai receber os artistas Rafael Cesário, violoncelista, professor no Instituto Baccarelli – SP, que integra o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Angelo Martins, violinista, atualmente se apresenta como Spalla da Orquestra Sinfônica do Paraná, e Pedro Gadelha, contrabaixo solista da Osesp, depois de vários anos na Alemanha como membro da Ópera de Frankfurt. Mais tarde, irão conferir o Concertos musicais, Didático com as crianças do Assentamento do Contestado e masterclasses com estudantes de música de Curitiba e região. Segundo os organizadores, a busca é pela “popularização desse espaço tido por muitos como de elite, o ambiente da música clássica, com o transporte dos assentados da Lapa, bem como de moradores das ocupações populares Nova Esperança, Vila Formosa e Tatuquara ao Teatro Positivo para um dos concertos”.
Cooperativismo O programa Quarta Sindical, parceria entre o Brasil de Fato Paraná e a CUT -PR, transmitido todas as quartas-feiras, às 11h30, pelas redes sociais, teve como tema, na primeira semana de novembro, a importância das cooperativas de crédito. Recebeu o presidente da cooperativa dos trabalhadores do sistema financeiro, Coopcref, Carlos Kanak, e a presidenta da Cescoper Serviços, Mafalda Germano.
Disse o ator e diretor de cinema Wagner Moura em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura Divulgação
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Ciro sem discurso O partido de Ciro Gomes, PDT, deu os votos decisivos para a aprovação da emenda constitucional, a PEC do calote, em que o governo federal não precisará pagar, em 2022, R$ 80 bilhões de ações judiciais em que foi condenado em última instância. Com isso, abre espaço para gastar boa parte do dinheiro na compra de deputados por meio de emendas parlamentares e em ações eleitoreiras no ano que disputará a reeleição.
Candidatura suspensa Dos deputados do PDT, 15 votaram a favor de Bolsonaro, apenas 6 foram contrários. A emenda passou por 4 votos. Após a votação, Ciro reclamou em suas redes sociais da posição dos parlamentares e disse que suspenderia sua pré-candidatura. Na próxima semana deve acontecer o segundo turno de votação. A ver se o PDT muda de postura ou Ciro mostrará que não lidera seu partido. Divulgação
Diálogo e arte com crianças assentadas
“(Bolsonaro) é um governo que destruiu praticamente tudo que prestava no país. E a cultura, naturalmente”
Lucro nas alturas Sai crise, entra crise. Entra pandemia, sai pandemia, a única coisa que não muda no Brasil é o aumento no lucro dos bancos privados. Pelos números divulgados há poucos dias, do terceiro trimestre deste ano, o Itaú teve alta de 34,8% no lucro em relação ao mesmo período do ano anterior. O Santander teve alta de 12%. O Bradesco deve acompanhar a tendência e divulgar seus resultados nos próximos dias.
Cartel explica? Os custos de empréstimos e serviços financeiros no Brasil estão entre os mais caros entre países do mesmo porte. O que só se justifica por um verdadeiro cartel, em que poucas empresas adotam preços e práticas parecidas. Mais ou menos como acontece no mercado de petróleo atualmente. Poucas empresas cartelizadas, entre elas a Petrobras, sobem preços junto e quem paga a conta é o consumidor. Não à toa, o lucro da Petrobras foi de R$ 31 bilhões no mesmo 3º tri. Porque extrai petróleo a custo médio inferior a 15 dólares e vende por 80. Produz aqui, mas cobra preço internacional.
Socorro De acordo com Kanak, o crédito cooperativo é importantíssimo para socorrer trabalhadores em momentos específicos. Citou exemplo da onda de demissões no HSBC, quando a cooperativa do Sindicato teve um destacado papel. Para ele, é preciso fortalecer e reforçar a importância e ampliar o número de cooperados. “Nossa base dos bancários é de cerca de 13 mil, e temos 950 associados ativos”, disse.
Juros menores Já Mafalda Germano ressaltou: “Uma questão que nos diferencia são as taxas de juros, normalmente menores do que no sistema financeiro convencional. A cooperativa não visa ao lucro, ao contrário do banco. Se nós somos donos do próprio negócio por que vamos cobrar 3% ou 4% no empréstimo pessoal e 10% no cheque especial?”. Além disso o valor investido é remunerado com 100% da taxa Selic. A poupança rende 70% dessa taxa.
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Com falta de acesso à vacina e máscara, Caximba é recordista de casos de Covid-19 Bairro tem 3.095 casos para cada 10 mil habitantes, a maior taxa de contágio em Curitiba Gabriel Carriconde
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ocalizada na região na região sul de Curitiba, o bairro do Caximba é o lugar com a maior taxa de incidência e casos de Covid-19 na capital. Segundo números do portal Bem Paraná, são 3.095 casos para cada 10 mil habitantes, até outubro deste ano. Como comparação, a Água Verde, bairro central e de alta renda, teve média de 999 casos a cada 10 mil, um terço do registrado na Caximba. Entre as explicações para a diferença nesses números estão o difícil acesso à água limpa, falta de distribuição de máscaras para a população de baixa renda e a dificuldade para que moradores possam se deslocar até os postos de vacinação contra o coronavírus na capital. De acordo com o relatório socioeconômico do Caximba, elaborado pela ONG Teto, em 2019, 89% da população do bairro têm acesso à água de maneira irregular. O estudo ainda aponta que dois terços dos habitantes recebem na faixa de 500 a 1.497 reais mensais. Moradores e líderes comunitários ouvidos pela reportagem do Brasil de Fato Paraná relatam que durante a pandemia até mesmo um simples banho foi um desafio, e mesmo com quase 70% da população completamente vacinada em Curitiba, ainda há pessoas que não tomaram sequer a primeira dose no bairro. Pastor Jorge Nunes, presidente da Associação de Moradores Amigos do Bairro da Caximba, relata que durante a pandemia não houve distribuição de máscaras para as comunidades, que têm dificuldade em adquiri-las. “Não vi nenhuma máscara doada pelo posto ou pelo Cras, apenas a escola Joana Raksa distribuiu. Aqui são poucas pessoas que usam, apenas as crianças, porque
estão sendo instruídas pelos professores”, conta. Lucília Almeida de Sousa, manicure, moradora do bairro, diz que falta dinheiro para as máscaras. Baiana, que veio morar em Curitiba depois de um tempo em São Paulo, relata. “Hoje tive que dar pão com óleo para meu filho porque não tinha dinheiro para comprar margarina”. Ela teve Covid-19, assim como os cinco familiares com que mora, e conta que teve sequelas da doença e que ainda não conseguiu se vacinar. “Meu marido tá para tomar a segunda dose, só que tem que ir ao Tatuquara, e para ir tem que ir de carro ou ter dinheiro, e não temos”, diz. Além da dificuldade para os moradores se deslocarem até os postos
de vacinação, o pastor conta que a falta de orientação da Prefeitura também dificulta. “Sinto que muitas pessoas não foram tomar por falta de informação, nem todo mundo aqui consegue acompanhar pelos meios da Prefeitura as orientações para tomar a vacina.” Se a dificul-
“Meu marido tá para tomar a segunda dose, só que tem que ir ao Tatuquara, e para ir tem que ir de carro ou ter dinheiro, e não temos”
dade de vacinar e o uso de máscaras têm sido um problema, a falta de saneamento básico e acesso à água tratada piora o problema. “Sem água, estamos todos os dias. Vem água um dia, e depois fica dois, três dias sem. Aqui usamos um tambor, mas, como somos em cinco, acaba. Não dando conta de ter água para todo mundo”, diz Lucila. A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba, via Secretaria de Comunicação Social, questionando sobre políticas de segurança sanitária na região e em relação aos números de vacinados. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta. Caso atenda à solicitação, o texto será acrescentado no site do BDF-PR. Divulgação | PMC
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Escolas do Estado só permitem que alunos usem uniformes de empresa investigada Escolas cívico-militares recomendam que roupas não sejam lavadas na semana por serem peças únicas Reprodução
Ana Carolina Caldas
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vitem lavar a calça e a blusa durante a semana; somente a camiseta, que foram doadas duas por aluno.” Este é um dos itens de circular envida aos pais pela direção do Colégio Estadual Yvone Pimentel, umas das instituições de ensino que migraram para o modelo cívico militar no Paraná. Entre as mudanças, além de uma gestão compartilhada entre direção pedagógica e militar, os alunos, agora, só podem entrar com o novo uniforme chamado de “farda” doado, neste ano, pelo governo do Estado. As famílias não podem fazer roupas extras, pois a Secretaria Estadual de Educação, Seed, só permite o uso peças confeccionadas pela empresa Triunfo, contratada pelo governo Ratinho Jr e que está sendo investigada pelo Ministério Público, suspeita de ser empresa de fachada, entre ou-
tras denúncias. O Brasil de Fato Paraná ouviu de famílias com filhos nesses colégios sobre as dificuldades que estão enfrentando. “Antes fazíamos mais peças nas confecções do bairro, as costureiras, com isso, também perderam trabalho. Agora, as crianças só podem entrar com o uniforme com a eti-
queta da Triunfo”, comenta Juliana dos Santos, mãe de uma menina que cursa o sétimo ano do Colégio Estadual Yvone Pimentel. Juliana relata que a filha tem dificuldades para comparecer à escola com o novo uniforme. “As camisetas são totalmente transparentes, as meninas precisam usar duas camisetas uma em
cima da outra. Além disso, a escola acabou por recomendar que não se lave a blusa e a calça porque só receberam uma peça de cada e não pode ir para o colégio sem esse uniforme. Minha filha, por exemplo, tem o fluxo menstrual forte e para garantir o mínimo de higiene precisa trocar de calça durante a semana. Mas, e
agora, como faz? Vai acabar faltando na aula”, diz. Outra insatisfeita é Marilene da Costa Oliveira, mãe de um adolescente que também está em um dos colégios estaduais cívico-militares. “Eu votei contra mudar para o cívico militar. Foi tudo imposto como é também a questão do uniforme. Não colocaram os pais em uma sala para debater isso. Além dos problemas de não podermos ter mais peças, quero saber quanto o governo gastou com isso e quanto vai ficar pra gente depois, pois já avisaram que o uniforme doado é para usar por dois anos, mesmo que fique pequeno, questiona. “A coisa mais triste que a gente pode estar vendo como pais é a má gestão do dinheiro público. Muitos desses uniformes eram feitos por costureiras da economia solidária. E, agora, quero saber por que essa empresa? O dinheiro público sendo dado para essas empresas”, comenta Marilene. Ana Carolina Caldas
Empresa investigada O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) apresentou denúncia ao Ministério Público sobre as irregularidades na aquisição de uniformes para escolas cívico-militares no Paraná. Ele questiona o edital ganho pela Triunfo e aponta que ela é usada como empresa de fachada. Segundo a denúncia, a Secretaria Estadual de Educação, ao escolher as especificações dos uniformes a serem adquiridos, não se baseou em
nenhum modelo conhecido, “mas estranhamente procurou a empresa Nilcatex, que tem os mesmos sócios da Triunfo S.A (que venceu todos os lotes da licitação), para fazer a cotação dos uniformes.” Além disso, há denúncias de que a empresa tenha sido beneficiada na licitação. “Os sócios da empresa Triunfo são os mesmos da empresa Nilcatex, que está envolvida em vários escândalos de corrupção. Ca-
bendo ressaltar que no endereço da filial da Triunfo S/A, em Fazenda Rio Grande, estranhamente, não tem atividade por semanas a fio e dentro do barracão não há nada”, aponta o deputado. O local deveria fabricar 129 mil kits para escolas militarizadas. A reportagem do Brasil de Fato Paraná encaminhou as denúncias para que a Secretaria de Educação se posicionasse. Até o fechamento desta edição, não houve resposta.
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Jornalista recebe ameaças de morte após reportagem sobre operação policial em MG
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Ataques ganharam força depois que Eduardo Bolsonaro comentou nas redes sociais Redação, São Paulo
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Reprodução Twitter
jornalista Marcelo Hailer, que publicou a reportagem Massacre: Operação policial em Minas deixa 25 mortos e nenhum deles policial, na Revista Fórum, no último domingo (31), passou a receber ameaças de morte e insultos LGBTfóbicos em suas redes sociais. Em uma das ameaças, o internauta afirma que irá rastrear o endereço do jornalista, executá -lo e depois divulgar o vídeo nas redes. “Só espero que algum policial te ache e faça você explicar
o porquê teria que ter algum policial morto”, diz um dos textos, que é respondido por outro usuário: “Pode ter certeza que faremos ele explicar direitinho. E depois postaremos o vídeo. Força e honra”. Em outra ameaça, uma usuária diz que tiros de fuzil serão dados “em sua cara” e na “sua família”. “Vagabundo, amante de bandido filho da puta, homossexual nojento, aidético. Pena que não sobrou tiro de fuzil na cara da sua família, viado maldito de merda”, diz o texto. Outro usuário diz que gostaria de dar “oito tiros na cara” do jornalista. “Lixo! Você é um desserviço como ser humano. Pena que moro em outra cidade, queria muito dar uns 8 tiros na sua cara. Viado nojento. Tua hora vai chegar.” Até o momento, já foram mais de 100 ameaças nos perfis das redes sociais do jornalista, que ganharam força depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, comentou a reportagem no Twitter. (Veja imagem ao lado) “Para ser uma operação bem sucedida alguns acham que tem que morrer policial. Se vivessem no mundo real perceberiam que o povo aplaude este tipo de operação”, afirmou o parlamentar. A postagem veio acompanhada de páginas e perfis bolsonaristas que estão comentando o assunto e marcando o perfil do jornalista. A Revista Fórum informou que irá tomar todas as medidas legais contra os responsáveis pelas ameaças e que “repudia ataques ao exercício do jornalismo e à liberdade de imprensa”. Também afirmou que “hoje, infelizmente, a violência contra jornalistas parte do presidente que ocupa o Planalto e seus filhos, que alimentam uma rede de ódio”.
Violência contra jornalistas O monitoramento de violações à liberdade de imprensa, realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), registrou aumento de alertas no primeiro trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020. De janeiro a março deste ano foram identificados 73 ataques a meios de comunicação, jornalistas, comunicadores e imprensa de modo geral contra 53
no primeiro trimestre do ano passado. “O crescimento de 38% reforça a escalada da violência contra comunicadores no país, fato já apontado em outros monitoramentos de organizações da sociedade civil. A previsão é de que esses números sejam superados mais uma vez em 2021”, diz nota divulgada pela entidade em abril deste ano. Segundo o “Relatório da
Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil 2020”, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o segundo ano do governo Bolsonaro foi o mais violento para os profissionais da imprensa desde o começo da década de 1990, quando a entidade iniciou a série histórica. No total, foram 428 casos de ataques, incluindo dois assassinatos, o que significa um aumen-
to de 105,77% em relação a 2019. “Na avaliação da Federação Nacional dos Jornalistas esse crescimento está diretamente ligado ao bolsonarismo, movimento político de extrema-direita, capitaneado pelo presidente Jair Bolsonaro, que repercute na sociedade por meio dos seus seguidores. Houve acréscimo não só de ataques gerais, mas de ataques
por parte desse grupo que, naturalmente, agride como forma de controle da informação. Eles ocorrem para descredibilizar a imprensa para que parte da população continue se informando nas bolhas bolsonaristas, lugares de propagação de informações falsas e ou fraudulentas”, afirma Maria José Braga, presidenta da Fenaj, em nota. *Com informações da Revista Fórum
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DICAS MASTIGADAS
Rolinhos de berinjela A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Ingredientes 1 berinjela orgânica grande 200g de tofu 1 limão orgânico Azeite Molho shoyu (opcional) Molho de tomate orgânico Manjericão (opcional) Modo de Preparo Corte a berinjela no sentido do comprimento em fatias de mais ou menos meio centímetro. Depois salpique sal sobre as berinjelas e deixe-as descansar por 30 minutos. Enquanto isso, prepare o creme de tofu: coloque 200g de tofu no processador. Durante o processamento, adicione 4 colheres (sopa) de azeite, 1 limão espremido, sal a gosto e orégano. Neste momento vai se formando uma pasta cremosa e você pode acrescentar um pouco de shoyu. Volte às berinjelas: toste em uma frigideira antiaderente, sem nenhuma gordura. Neste momento você deve usar uma espátula para apertar e virar a berinjela. A berinjela deve ficar com uma espessura parecida com uma folha de papel, para depois ser possível enrolar. Quando estiverem prontas, em uma travessa, coloque um pouco do creme de tofu na ponta maior da berinjela e vá enrolando. Cubra com molho de tomate e manjericão. Reprodução
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Espetáculo “Amandas” retrata universo feminino Apresentações em Curitiba serão gratuitas e marcam a estreia do projeto Cayo Vieira
Redação
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mandas tem como tronco e coluna vertebral a vida das mulheres. Rodopiam e alinhavam em torno desse eixo feminino a agonia da opressão, a bravura da luta, mas também o deleite da libertação. Ora denunciando as variadas formas de violência que assolam as mulheres, ora anunciando possíveis caminhos de emancipação, Amandas propõe um desvelamento e análise da realidade. O espetáculo estreia no Teatro Cleon Jacques, em 4 de novembro, e segue até o dia 7. No dia 5 (sexta), após a apresentação, será realizado bate-papo com a participação de mulheres protagonistas de territórios, movimentos sociais e instituições que debatem gênero. O espetáculo será voltado para o diálogo com as mulheres da classe trabalhadora: das cooperativas de catadoras, aquelas encontradas nas padarias comunitárias, nas associações de bairros, ocupações urbanas, nos territórios indígenas, quilombolas e camponeses. É especialmente para elas que Amandas se destina, para aquelas que lutam e resistem cotidianamente na tarefa de se emancipar mutuamente. Atualmente, são três artistas da dança que, coletivamente, estudam e experimentam corporalmente como sintetizar a essência deste tema em personagens femininos que expressem os mais variados dilemas e desafios ligados à vida das mulheres: família e solitude, maternidade e aborto, sexualidade e estupro, padrões morais e corporais, submissão e rebeldia, trabalho e lazer. Sobre as artistas Sylviane Guilherme é professora e pesquisadora da dança. Natural de Maringá, começou a dançar aos 11 anos, e com a estreia de Amandas, marca 30 anos de uma trajetória dedicada à arte. Integra o Coletivo de Cultura do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e faz do debate e das práticas sobre corpo e dan-
ça mais uma trincheira de luta pela emancipação humana. Malki Pinsag é artista da dança e pesquisadora das artes da presença. Nasceu em São Lourenço (MG) e iniciou seus estudos de dança na Escola de Dança do Teatro Guaíra, em Curitiba. Compõe o elenco do Balé do Teatro Guaíra. Estudou na Europa e trabalhou com relevantes coreógrafos e diretores do cenário
atual da dança, teatro e cinema. Mariana Alves é educadora, artista da dança e mãe. Natural de Curitiba, começou a dançar ainda criança. Atualmente se dedica ao ensino da dança e movimento, seus possíveis desdobramentos e criações para o público de crianças. Debruça sua curiosidade e interesse no que diz respeito aos saberes do corpo, à força feminina e ao universo infantil. Cayo Vieira
Fique por dentro Quando: De 4 a 7/11, às 20h Onde: Teatro Cleon Jacques - Memorial Paranista Avenida Mateus Leme, 4700. Informações: (41) 3313-7190
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Atléticos duelam por R$ 56 milhões na Copa do Brasil
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Sorteio definiu que partida final será em Curitiba, em 15 de dezembro Frédi Vasconcelos
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altando pouco mais de um mês para a final da Copa do Brasil, a CBF definiu na quarta, 4, os mandos de campo nas partidas de ida e volta. O primeiro jogo tem mando do Galo e acontece em 12 de dezembro, no Mineirão, em Belo Horizonte. A segunda partida está marcada para o estádio do Athletico, Arena da Baixada, no dia 15.
Mais que um título importante e um novo troféu em sua sede, está em disputa o maior prêmio de um campeonato no país. O vencedor fica com R$ 56 milhões, o vice leva R$ 23 milhões, diferença de R$ 33 milhões que pode ajudar muito a pagar as contas de final de ano e investir num time melhor em 2022. Antes disso, o Athletico terá pela frente a final da Copa Sul-Americana contra o Bragantino, Divulgação
a ser disputada em Montevidéu, Uruguai, em partida única, em 20 de novembro. E vai ter de se desdobrar para não correr riscos no Brasileirão. Em 14º lugar, a apenas 5 pontos da zona de rebaixamento, o time também, se melhorar um pouco, pode chegar à classificação para a Copa Libertadores do ano que vem. Seja ganhando a Sul-Americana ou pegando uma das prováveis nove vagas no Brasileiro. Já o Atlético-MG tem o desafio de conquistar um título que não vem há 50 anos. Só foi campeão brasileiro em 1971. A liderança de 10 pontos sobre o Palmeiras, faltando 9 rodadas para o encerramento do campeonato, ainda não permite nenhuma comemoração. A distância pode ser menor ainda, já que o Flamengo tem dois jogos a menos, e caso vença pode cortar a diferença para 6 pontos. Faltam poucos jogos para que paranaenses e mineiros saibam se terão um ano memorável e com bolsos cheios, com dois títulos, ou se ficarão pelo caminho.
Em busca da Glória Eterna Começou nesta semana a 13ª edição da Libertadores da América Feminina. A competição vai de 3 a 21 de novembro e, pela primeira vez, possui duas sedes: Assunção, no Paraguai, e Montevidéu, no Uruguai. O Brasil procura manter a sua hegemonia, pois já ergueu a taça 9 vezes, em 12 edições. Os representantes brasileiros desse ano são: Avaí/Kindermann, o Corinthians e a Ferroviária. Na Libertadores de 2020, o Kindermann caiu na fase de grupos, o Corinthians na semifinal para o América de Cali e a Ferroviária se sagrou campeã e defende o título! As Guerreiras Grenás, aliás, já entraram em campo na quarta-feira, 3, e saíram com a vitória por 3x0 contra o Sol de América (PAR). Assumiram a liderança provisória do grupo que ainda conta com Deportivo Cuenca (EQU) e Independiente de Santa Fé (COL). O Avaí/Kindermann também fez a sua estreia no dia 3 e goleou por 4x0 o Yaracuyanos (VEN). Cerro Porteño (PAR), Santiago Morning (CHI) completam o grupo. O Corinthians estreia no dia 4, quinta-feira, contra o San Lorenzo (ARG) e enfrentará nessa fase Nacional (URU) e Deportivo Capiatá (PAR). Vamos ver quem conquistará a Glória Eterna!
Coxa quase lá
Chance desperdiçada
Capacidade de reação
Redação
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
Com a vitória por 3 a 1 sobre o Operário, em noite com cerca de 17 mil torcedores, recorde de público no Couto Pereira e na capital paranaense neste ano, o Coritiba está praticamente classificado para a série A em 2022. Segundo o site “Infobola”, as chances são de 99%, já que abriu 10 pontos para o quinto colocado, faltando cinco partidas para o final do campeonato. Outro praticamente classificado é o Botafogo, segundo colocado, com 98% de chances, segundo o mesmo site. Dependendo dos resultados, a classificação já poderá ser comemorada no sábado, dia 6, contra o Náutico, em Recife. Depois vêm jogos contra Goiás, Brasil de Pelotas, CSA e Ponte Preta, em que, provavelmente, o que estará em jogo será “apenas” o título da série B. Depois começa o desafio de montar um time competitivo e escapar da maldição da queda no ano seguinte.
Foi importante a entrevista que o meia Thiago Neves deu à TV Paraná Clube. O momento é mesmo de somar forças. No entanto, perdemos uma boa chance de falar mais sobre um trecho emblemático da nossa história. Roteiro que inclui a perda da sede social do Tarumã, do CT Ninho da Gralha e, agora, volta a perturbar com uma dívida de 20 milhões para a LA Sports. Na entrevista, tudo o que disseram é que o Thiago Neves não tem nada a ver com o caso. Grosso modo, o Paraná, mesmo depois de negociar 100% do passe do atleta para duas empresas, recebeu pela venda dele ao Fluminense, não repassou o dinheiro e impediu uma meganegociação com o Palmeiras. O torcedor paranista merecia ouvir um pouco mais do caso, conhecer a versão do Clube. Ou elucidamos o que houve no caso da venda do Thiago Neves e punimos os responsáveis ou jamais voltaremos a ser um time confiável seja para torcida, atleta ou investidores.
Nos duelos contra a equipe do Flamengo, a síntese que fica para o Furacão é a capacidade de reação demonstrada em campo. Na Baixada, os dois jogos foram semelhantes: um primeiro tempo péssimo, com amplo domínio dos cariocas, e um segundo tempo de reação implacável, onde a vitória esteve no retrovisor em vários momentos. Apesar da fase difícil no Brasileirão, se o Athletico entrar em campo com a mesma intensidade que apresentou contra o Flamengo, a queda é improvável. Mas, por hora, fica a preocupação da torcida, já que o Bragantino se encaminha para chegar na fi nal podendo poupar seus titulares e o Galo, se continuar nesse caminho, pode entrar em campo campeão Brasileiro e com moral altíssima para fechar o ano com a Tríplice Coroa, repetindo o feito do seu maior rival, Cruzeiro, em 2003.