Brasil de Fato PR - EDIÇÃO 245

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Brasil de Fato PR 4 Paraná

Paraná, 18 a 24 de fevereiro de 2022

Brasil de Fato PR

Aulas em Curitiba voltam com atraso em lanches e almoços para alunos A empresa responsável é a Risotolândia, já acusada de irregularidades no fornecimento de produtos Ana Carolina Caldas

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a segunda-feira, 14, milhares de estudantes retornaram às aulas presenciais na rede municipal de ensino de Curitiba. Porém, inúmeras escolas de período integral foram surpreendidas com o atraso, por três dias consecutivos, na entrega das refeições para o lanche da chegada (pela manhã) e para o almoço, o que impossibilitou o revezamento das turmas nos refeitórios, medida necessária para a prevenção à pandemia. A entrega das refeições é feita pela empresa Risotolândia Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. As escolas já enfrentam falta de funcionários para garantir o cumprimento dos horários e revezamentos. E desde o primeiro dia de aulas, foi um caos para grande parte das escolas de período integral. Diretores relataram que, além do atraso sem explicações anteriores, as equipes não tiveram tempo de entregar as refeições de forma adequada. “Tivemos problemas com o lanche da manhã, que chegou atrasado. Muitos alunos chegam com o estômago vazio. Além disso, não tivemos tempo de cortar as frutas de modo adequado”, conta uma diretora que não quis ser identificada. “Logo depois, o almoço atrasou também. Aí vira um caos porque, na escola integral, temos horários definidos de entrada e refeição para cada turma. Temos um momento só do regular, depois as que estão no integral, para que possamos fazer revezamento e distanciamento. Temos tudo organizado e quando algo sai do que está previsto, vira um caos”, conclui. “Eu estava saindo da escola às 12h15 e vi que alunos meus que sempre almoçam às 11h30 ainda estavam sem comer. Fui saber que perto das 13h, o almoço foi servido”, relatou uma professora da Escola Municipal Newton Borges dos Reis. Outros diretores contaram que o almoço, no primeiro dia, só conseguiu ser servido às 13h30, horário

que as aulas já deviam estar reiniciando. Segundo eles, a prefeitura já está ciente desde o ano passado de vários problemas em relação à entrega e qualidade dos alimentos. O contrato entre a prefeitura e a Risotolândia já foi alvo de investigação determinada pelo Tribunal de Contas da União TCU, por suspeita de superfaturamento.

A atual gestão renovou convênio com a empresa para 2022 e repassará para ela mais de 102 milhões de reais. Entre as incumbências da empresa, está o cumprimento de horários e entregas das refeições e suprimentos. Vários problemas em relação à empresa também já foram denunciados pelo Sindicato do Magistério

Municipal de Curitiba (Sismmac), questionando a qualidade dos alimentos e as condições precárias das escolas para a realização de refeições. A redação do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SME) e a Empresa Risotolândia, que até o fechamento da edição não retornaram. ASCOM | PMC

Ministério Público vai investigar terceirização do ensino no Paraná Redação

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Ministério Público Estadual vai investigar a contratação da Unicesumar, pelo governo Ratinho Junior (PSD), para a terceirização de aulas nos primeiros anos de cursos técnicos profissionais do Novo Ensino Médio. A instituição acatou pedido da APP-Sindicato para que seja investigado o contrato e remeteu a denúncia para a 5ª Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público. A denúncia requer que seja instaurado procedimento para investigar a legalidade da contratação da Unicesumar para oferecer conteúdos on-line e monitores presenciais,

que substituem o trabalho docente presencial realizado por professores habilitados, sejam integrantes do Quadro Próprio do Estado ou os já contratados por Processo de Seleção Simplificado (PSS). “Pretende o governo do Estado do Paraná implantar um novo Sistema de Educação em algumas áreas contratando a Unicesumar para oferecer professores mesmo havendo professores do quadro próprio e contratados pelo PSS, com claro prejuízo para Educação Pública e trabalhadores da Educação do Paraná”, diz a denúncia encaminhada ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado.

A APP avalia que a medida do governo Ratinho Jr. fere princípios constitucionais da Educação e da Administração Pública. O governo do Paraná justifica que o objetivo da parceria é aumentar o número de vagas de educação profissional e técnica nas diferentes regiões do estado e que “os professores da Unicesumar vão ministrar apenas as disciplinas técnicas desses três cursos [Administração, Agronegócios e Desenvolvimento de Sistemas]. Todas as disciplinas dos demais cursos e da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) permanecem sendo lecionadas por professores QPM [do Quadro Próprio do Magistério] e PSS.”


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