Espaço de volta
Esportes | p. 8
Gilson Camargo
Cultura | p. 7
Times internacionais
Biblioteca Franco Giglio será reaberta à comunidade
Como foi a primeira rodada da Libertadores e SulAmericana
PARANÁ
Ano 5
Edição 251
8 a 14 de abril de 2022
Brasil | p. 4
Quatro anos de Lula Livre
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
Educação com DNA social
Áreas de ocupação e associações de moradores organizam reforço escolar e alfabetização de jovens e adultos Educação | p. 5
Como foi a vigília que durou 580 dias para quem estava lá
Giorgia Prates
Editorial | p. 2
Brasil | p. Opinião | p.62
Em guerra eleitoral
Por uma Petrobras para o país
Adversário perigoso, Bolsonaro fará de tudo para não perder eleição
Empresa deve romper com paridade de preços internacionais
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 8 a 14 de abril de 2022
EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 251 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
SEMANA
Bolsonaro vai pra guerra eleitoral, enquanto Brasil afunda editorial
D
esde já, a disputa eleitoral se acirra, polarizada entre a liderança de Lula contra Bolsonaro. Em pesquisa recente, a diferença entre os dois aponta para 44% a 30%. Desta vez, porém, os números de Bolsonaro tiveram leve aumento. Mesmo que mantenha forte rejeição. Em meio ao desemprego e à inflação geral, Bol-
sonaro apresenta recuperação apoiada em viagens, medidas sociais pontuais e anúncios de obras em ritmo de campanha. Para agradar ao grande capital, realiza 84 leilões de concessão de rodovias, ao lado da tentativa de privatizar seis portos a toque de caixa. E ameaça de privatização da Petrobras. Denúncias ainda se somam e apontam o víncu-
lo da família presidencial com milícias. O mais recente escândalo é o áudio da irmã do miliciano Adriano Nóbrega afirmando que teriam sido oferecidos cargos no Planalto para que fosse morto e, os laços com a família do presidente, escondidos. Por tudo isso, motivos não faltam para a queda do governo, pressionado outra vez nos atos
de rua, no dia 9 de abril. Por sua vez, a candidatura de Lula carrega as aspirações do campo democrático e de esquerda. Cabe neste momento a Lula e às forças populares apresentar ao povo um programa com medidas que resolvam os problemas sociais e combatam o modelo neoliberal, que tanto piorou a vida desde 2016.
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Milton Alves ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr
A campanha eleitoral e a defesa de uma Petrobras para os brasileiros opinião
Milton Alves,
Escritor e colunista do site do Brasil de Fato Paraná
U
ma questão promete esquentar mais ainda a pauta da disputa eleitoral em curso no país, obrigando uma definição dos candidatos à presidência. Trata-se do futuro da Petrobras e do lugar da empresa estatal no projeto de reconstrução econômica do país. Uma pesquisa divulgada em abril pelo PoderData revela que 54% dos entrevistados são contra a privatiza-
ção da empresa, 30% são favoráveis e 16% não sabem ou não opinaram. Apesar da criminosa e permanente campanha do governo Bolsonaro e da mídia empresarial pela privatização integral da Petrobras, a pesquisa revela que cresce entre os brasileiros uma opinião contra a política sistemática de desmonte e venda fatiada da estatal, uma política antinacional e intensificada após o golpe contra o mandato da presidente Dilma Rousseff — e que foi um alvo prioritário da Operação Lava Jato. Com isso, o governo Bolsonaro
provocou, de imediato, uma elevação nos preços dos derivados de petróleo de amplo consumo popular – gasolina, gás de cozinha, óleo diesel -, impactando no bolso e nas condições de vida da classe média e dos trabalhadores. A adoção pela Petrobras do mecanismo do Preço de Paridade de Importação (PPI), instituído pelo golpista Temer e aplicado por Bolsonaro, dolarizou os preços domésticos dos combustíveis, o que teve o efeito nefasto de elevar o patamar do atual ciclo inflacionário.
A resposta do governo Bolsonaro para a crise nos preços dos combustíveis é a promessa de intensificar o processo de privatização total da Petrobras. Neste sentido, a indicação do lobista Adriano Pires no lugar do general entreguista Joaquim Silva e Luna aponta para uma radicalização da política privatizante. Portanto, a campanha eleitoral de Lula precisa combater as propostas privatistas da extrema direita bolsonarista e dos esquálidos candidatos da 3ª via neoliberal, que defendem em bloco a privatização total da Petrobras.
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Paraná, 8 a 14 de abril de 2022
FRASE DA SEMANA
Moro dá pedalada no domicílio eleitoral O ex-candidato à presidência Sérgio Moro não só trocou de partido como trocou de domicílio eleitoral. Saiu de Curitiba para São Paulo. A pedalada eleitoral dele e da conja, no entanto, não ficou por isso. Ele é alvo de uma notícia-crime no TRE paulista movida por Roberta Luchsinger, pré-candidata no estado. Moro não curtiu a denúncia. Em nota, disse que “não serão chicanas processuais, típicas da esquerda, que retirarão Moro e Rosângela das eleições de 2022”. Para ele, a legislação eleitoral permite a pedalada ao diferenciar “domicílio eleitoral” de moradia. E que, “o conceito de domicílio eleitoral é mais ELÁSTICO (grifo nosso) que no Direito Civil e se satisfaz com a demonstração de vínculos políticos, econômicos, sociais e familiares”. Moro defende que, mesmo morando em Curitiba ou Miami, a elasticidade eleitoral o permite ser candidato por qualquer estado. Por outro lado, a notícia-crime observa que “como é público e notório, até pouco tempo os representados se dividiam entre o estado do Paraná e os Estados Unidos...”. Fora dos autos, Roberta se manifestou. “O Sérgio Moro faz uma política porca, cheia de mau-caratismo. Tratar um assunto técnico como político é de um amadorismo muito grande. Zero respeito à Justiça e zero respeito à política”. Divulgação
“Repetir o voto em qualquer dos Bolsonaros passa a ser demonstração de falta de caráter, de escrúpulos e de humanismo”
Assédio Segundo denúncia da APP Sindicato, a plataforma digital Redação Paraná, lançada em 2021 com a promessa de facilitar o aprendizado e melhorar os índices da rede estadual, virou um instrumento de pressão, assédio e cobranças intermináveis nas mãos da Secretaria de Educação de Renato Feder e do governo Ratinho Jr.
Disse o jornalista Juca Kfouri na “Folha de S.Paulo”, referindo-se a ataques feitos à jornalista Miriam Leitão, que sofreu torturas na ditadura. Para ele, a agressão de Eduardo Bolsonaro “se enquadra perfeitamente na oposição entre o humano e o desumano... Na verdade, entre o humano e o animalesco.”
Cobranças intermináveis Divulgação
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Eleição fake A base bolsonarista se mobilizou na quarta, 7, para derrubar o pedido de urgência de votação na Câmara dos Deputados de projeto que pretende controlar as fake news. O discurso oficial foi o de manter as liberdades (inclusive para mentir), mas foi ouvido no plenário da Câmara que sem as fake news “Bolsonaro não ganha as eleições”. O pedido de urgência teve 249 votos favoráveis, mas precisava de 257. O mérito do projeto ainda será votado.
Luta pelas redes Como já aconteceu nas eleições de 2018, as redes sociais e as fake news devem ter papel decisivo nas eleições deste ano. E é o terreno em que Bolsonaro nada de braçada. Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre março e abril deste ano, mostra que Bolsonaro lidera com certa folga em interações e visualizações na rede.
Números No monitoramento amplo, os bolsonaristas controlam 25,84% dos perfis e geraram 50,66% das interações no período. Lula tem 34,73% dos perfis e conta com 29,16% das interações. No Twitter, Bolsonaro apareceu com 2,95 milhões de interações contra 2,53 milhões de Lula. No Instagram, Bolsonaro obteve 9,2 milhões de interações, com Lula batendo em 5,9 milhões.
Batalha pelo Telegram Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais mostrou, em meados de 2021, que o Telegram teve grande crescimento no Brasil. E, segundo o levantamento, 92,5% dos usuários que seguem temas políticos estão em grupos e canais bolsonaristas (1,443 milhão de membros), 1% em grupos e canais de esquerda (apoio Reprodução Lula e Ciro Gomes, com 15.956 membros) e 6,5% em grupos e canais indefinidos (100.199). O volume mensal de mensagens nos grupos monitorados saiu de 21.805 em janeiro de 2020 para 145.340 em janeiro de 2021 — aumento de 566% em um ano.
Na prática a plataforma produz: “Metas inalcançáveis, exposição pública das escolas que não atingem os resultados e estrutura não condizente com as exigências do governo tiram o sono de educadores(as) e atrapalham o processo de ensino-aprendizagem, se sobrepondo a outros conteúdos pedagógicos”, denuncia a APP em seu site. Leia mais em https:// appsindicato.org.br/pressao-retrabalho-e-dor-de-cabeca-redacao-parana-vira-instrumento-de-assedio-do-governo-ratinho/
Copel terceirizada Menos funcionários, mais terceirizados, menos custos, mais lucros. Nos últimos 11 anos, a Copel, maior empresa do Paraná, demitiu copelianos enquanto avançava na contratação de terceirizados. A mudança faz com que a Copel reduzisse custos operacionais, de um lado, enquanto exigia mais de seus funcionários e aumentava o lucro dos acionistas privados, segundo denúncia do Sindicato dos Engenheiros.
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Paraná, 8 a 14 de abril de 2022
Marco de resistência contra prisão de ex-presidente, Vigília Lula Livre completa quatro anos Acampamento recebeu personalidades, caravanas do país inteiro e resistiu por 580 dias Gabriel Carriconde
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a noite de 7 de abril de 2018, o pacato bairro residencial do Santa Cândida, região norte de Curitiba, recebeu um ilustre habitante, após a operação Lava-Jato, chefiada pelo procurador da República Deltan Dallagnol e pelo ex-juiz Sérgio Moro, conseguir prender o então líder das pesquisas para as eleições presidenciais de 2018, o ex-presidente Lula. Na manhã do mesmo dia, Lula que estava no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, cercado de apoiadores e militantes, decidiu se entregar após ter sua prisão decretada por Moro. O encarceramento de Lula duraria até 8 de novembro de 2019, depois de o Supremo Tribunal Federal proibir as prisões após condenação em segunda instância. Passados quatro anos, a reportagem do Brasil de Fato Paraná conversou com personagens que tiveram suas vidas marcadas pela vigília e resistiram durante os 580 dias de prisão do ex-presidente.
“Quando alguém sofre uma injustiça, tem que lutar até o final” Haidê Maria “Quando alguém sofre uma injustiça, tem que lutar até o final.” Essa é a lição que Haidê Maria, da secretaria de combate ao racismo do PT, e presença constante na Vigília Lula Livre, durante os 580 dias de prisão e resistência, em frente à Superintendência da Polícia Federal de Curitiba (PR), tirou de todo o período em que Lula ficou preso na capital paranaense. Haidê relembra os primeiros dias. “Eu era da direção estadual do PT, quando o Lula decidiu se entregar, fomos convocar as pessoas para receber o ex-presidente em frente à PF, onde fomos recebidos com bombas. No dia seguinte as pessoas foram chegando, montando suas barracas, dia após dia, o número foi aumentan-
do.” Os primeiros bom dia, boa tarde e boa noite, presidente Lula também foram surgindo de maneira espontânea, até virarem uma saudação diária que, segundo o próprio Lula, servia de energia para a resistência continuasse. Haidê relata como foi o primeiro boa noite. “Me lembro que depois de uns 15 dias, em uma noite muito fria, uma garoa muito fina, organizamos um boa noite, presidente Lula, com velas. Estava muito frio, mas foi um momento muito marcante, muito rico de espe-
rança. E percebemos aí que estávamos diante de um gigante que estava lutando, e que precisávamos lutar junto com ele”, relembra. Injustiça O artista popular João Bello esteve em boa parte dos 580 dias na vigília animando os participantes com suas apresentações culturais e puxando cantos e músicas durante as saudações diárias ao ex-presidente. “Há quatro anos se cometeu uma das maiores injustiças contra o povo brasileiro, como a conclusão de um golpe, para eviDivulgação
tar que Lula voltasse a ser presidente. Eu vi pessoas de todas as faixas de idade, classes sociais e lugares do país se reunirem em frente à PF, mesmo sabendo que não poderiam ver o presidente, mas estavam ali para demonstrar seu apoio e sua saudação”, diz. Para Bello, a Vigília é um exemplo de luta pela democracia e pelos direitos do povo. “A maior lição que temos desse período é que a vigília deve ser eterna e permanente em defesa da democracia, pelas liberdades e pela justiça justa.” Pedro Carrano
João Bello
Regina Cruz
Giorgia Prates
Lula livre Regina Cruz, militante do Partido dos Trabalhadores e da CUT-PR, destaca a importância do ensinamento da necessidade da organização popular demonstrada pela vigília. “Para mim, nesses quatro anos, acho que a vigília foi um experimento nunca realizado no Brasil e no mundo, onde quatro entidades sindicais, movimentos populares e o PT, junto com a comunidade e os moradores, os trabalhadores da cidade e do
campo, fizeram muita luta, muita resistência e muito diálogo. Para nós, é uma sensação de dever cumprido. Isso vai ficar para história, vários líderes mundiais não tiveram uma vigília de 580 dias, teve muita luta no Paraná e em Curitiba”, relembra. Após ter todos seus processos revertidos na Justiça, com o ex-juíz Sergio Moro sendo declarado suspeito, o ex-presidente agora, livre, lidera as pesquisas para as eleições de 2022.
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A leitura com os olhos de Freire e de Cuba Áreas de ocupação organizam cursos de alfabetização e contraturno escolar Pedro Carrano
Giorgia Prates
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reas de ocupação e comunidades em Curitiba e região estão organizando experiências de alfabetização de jovens e adultos, contraturno escolar e reforço. Contando com apoio de educadores populares e ativistas, a organização dos espaços, em muitos casos, tem sido das próprias associações de moradores, combatendo um problema estrutural aprofundado com a pandemia: a dificuldade do acesso dos trabalhadores e seus filhos na periferia à educação. Estudo com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) aponta que 41% das crianças de 6 e 7 anos não sabem ler e escrever, maior índice de analfabetismo registrado no Brasil desde 2012. Há dois anos, Carla, presidenta da associação de moradores da ocupação
Tiradentes, área habitada por 420 famílias, na Cidade Industrial de Curitiba, organiza o revezamento do contraturno entre as mães da comunidade. Ao todo, 47 crianças e jovens são atendidos. A tarefa abrange os turnos da manhã e da tarde. Nas terças, por exemplo, é dia na casa de Carla e ela exibe filmes para as crianças, numa forma de orga-
nização na qual ela incentiva a participação coletiva. “Montamos aulas livres de acordo com o que querem, um formato democrático no qual a maioria decide”, afirma. O espaço da biblioteca local também é usado. Carla afirma que a pandemia e a ausência de políticas públicas na área da educação afetaram a educação das crianças. “Os pais tiveram que buscar o sus-
tento da casa e não conseguem suprir a necessidade. Está difícil, é triste ver o semianalfabetismo na quarta-série”, protesta. Alfabetização de trabalhadores Também marcada por ausência de regularização fundiária e incertezas próprias desse processo, caso de um incêndio apontado como criminoso, em dezembro de 2018, a área de ocupação 29 de Março, vizinha à Tiradentes, desenvolve projeto de alfabetização de jovens e adultos na biblioteca da comunidade. Juliana Teixeira, da coordenação da ocupação, comenta que o projeto é feito em parceria com ONGs e conta com educadoras populares, com fundamento na pedagogia de Paulo Freire, autor de “Pedagogia do Oprimido” e outras obras de referência mundial. A iniciativa, no fundo, partiu de demanda da área:
APOIO Ambas as iniciativas contam com apoio de entidades, ONGs e movimentos populares. As lideranças afirmam que, neste momento, optam por esse apoio na proposta de atividades educativas para preencher a grade horária, além de doações concretas. “Queremos um professor haitiano que ensine português aos migrantes”, afirma Juliana. Contato para colaboração: Juliana (41) 9644-0839 Carla (41) 9640-4482 “Muitos moradores não sabiam assinar e escrever. O projeto envolve pessoas mais de idade, haitianos e moradores que têm dificuldade de não conseguir ler uma placa de ônibus ou comprar algo”, comenta. Juliana ainda aponta que a comunidade desenvolve outros projetos a partir dessa iniciativa exitosa. “Temos projeto ligado ao vereador Renato Freitas (PT), que envolve música, literatura e cinema, todo sábado, além de projeto de montar e desmontar computadores e capoeira”, elenca.
DOIS MÉTODOS: PAULO FREIRE E MÉTODO CUBANO
MST e coletivo Marmitas da Terra preparam educadores para ação em comunidades Um dos principais projetos envolvendo pedagogia popular e a demanda de áreas de ocupação organizadas tem sido desenvolvido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pelo Coletivo Marmitas da Terra que, desde o início da pandemia, têm feito ações solidárias e organizativas. O coletivo prepara a realização do curso de alfabetização de jovens e adultos, em parceria com as áreas
Nova Esperança, em Campo Magro, na vila Pantanal, no Boqueirão, e no barracão de carrinheiros Novo Amanhecer, abrangendo também a demanda do bolsão Formosa e da União de Moradores, que fica no bairro Novo Mundo. As comunidades, nas conversas iniciais, levantam a demanda, que será coordenada com militantes que atuam na educação, buscando formar também pessoas na comunidade
para a capacitação, explica Elza Dissenha Costa, uma das coordenadoras da iniciativa, ela que integra também o Fórum Paranaense de Educação de Jovens e Adultos (EJA). “O coletivo de educação do Marmitas da Terra fez a formação junto com o MST a partir do método cubano “Sim, eu posso!”, associando com o método de Paulo Freire. Estamos indo nas comunidades formar alfabetizadores lá mesmo”, explica.
Giorgia Prates
Brasil de Fato PR 6 Cidades
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Projeto aprovado na Câmara autoriza reeleições para diretores de escolas de Curitiba
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Sindicato diz que proposta passou por cima da decisão da categoria Ana Carolina Caldas
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Câmara Municipal de Curitiba aprovou projeto que altera as normas das eleições para diretores e vice-diretores nas escolas municipais. A mudança autoriza diretores e vices já reeleitos a se candidatarem a novo mandato, desde que para outro cargo. O projeto, de autoria do Vereador Tico Kuzma, líder de Rafael Greca, altera a Lei 14.528, de 2014, que permitia apenas uma reeleição. Foram 28 votos favoráveis e 5 contra. Entre os vereadores que votaram contra, Renato Freitas (PT) disse que a proposta trata-se de um ataque direto à democracia. “Estamos aqui pavimentando um caminho para
o autoritarismo dentro das escolas, pois isso dá direito a cargos perpétuos por mais de dez anos. Eu estranho muito quando vereadores vêm aqui e criticam ditaduras, dizendo que não há democracia e nem alternância de poder, e votam algo que vai perpetuar pessoas nos cargos de direção. Importante destacar que essa proposta foi apresentada pelo líder do prefeito, e o prefeito tem como objetivo aparelhar as escolas com pessoas que ele possa comandar”, disse. Para uma professora, que não quis ser identificada, a alteração vai propiciar que existam proprietários de escolas. “Já vimos isso acontecer nas escolas, de cargos ficarem nas mãos de quem começa a se achar dona Reprodução
Vereadores que apoiam Greca aprovaram projeto para que diretores de escolas possam se eternizar no cargo
da escola, impossibilitando que exerçamos a democracia e tenhamos autonomia” afirmou. Contra a gestão democrática Historicamente, o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac) se posiciona contra sucessivas reeleições. “O projeto desconsidera o debate já realizado pela categoria, especialmente no ano de 2014, e que se transformou na lei 14.528, de 2014. Entendemos que propostas assim devam vir acompanhadas de diálogo e debate com o conjunto da categoria, que também será afetado por elas,” diz a professora Diana Abreu, presidente do sindicato. A medida é vista como um caminho contrário à possibilidade do exercício da gestão democráticas nas escolas. Para a professora de Políticas Educacionais da UFPR Andrea Caldas, “as reeleições sucessivas acabam por garantir que poucos participem da construção de uma gestão verdadeiramente democrática. É preciso, sim, considerar a construção de projetos de gestão a partir da comunidade escolar”, explica. O projeto, aprovado em primeiro e segundo turno, agora vai para sanção do prefeito.
Verba do orçamento secreto do MEC vai para empresa do pai de aliado de Arthur Lira Empresa recebeu R$ 54 milhões do FNDE através de emendas do orçamento secreto de 2021, apontam documentos Agência Pública A empresa do pai do vereador de Maceió João Catunda (PP/AL) — aliado político e amigo de Arthur Lira (PP/AL), presidente da Câmara dos Deputados — recebeu R$ 54,7 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa-
ção (FNDE) através de emendas do relator de 2021, revela investigação exclusiva da Agência Pública. Essas emendas compõem o que ficou conhecido como orçamento secreto, pois são divulgadas pelo governo sem a informação de qual parlamentar é o autor e quais são as empresas beneficiadas pelo dinhei-
ro público. Segundo a reportagem apurou, Edmundo e João Catunda (pai e filho) têm um histórico de encontros com Lira. No ano passado, em junho, João esteve com Lira em Brasília e, em novembro, em Maceió — junto ao ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Segundo postagem
do próprio vereador, o encontro tratou do destravamento de projetos do FNDE para Alagoas. Leia a matéria completa
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Biblioteca Franco Giglio será recuperada e reaberta à comunidade
Feirão de Livros Gilson Camargo
Movimento chegou a ser criado em 2017 pedindo a reabertura do espaço Ana Carolina Caldas
A
pós pressão da comunidade, ex-frequentadores e militantes do setor cultural, a Biblioteca Franco Giglio, na Campina do Siqueira, em Curitiba, passará por restauro, ampliação e será reaberta à comunidade. Fundada em 1982, para incentivar a leitura entre as crianças, a biblioteca recebeu o nome do artista plástico Franco Giglio. Foi um dos centros culturais mais ativos nas décadas de 1980 e 1990, por oferecer atividades gratuitas de formação artística e cultural de forma permanente. Devido a problemas jurídicos e comprometimento do imóvel, está fechada há mais de dez anos. O processo para restauro
e ampliação do equipamento foi iniciado em março deste ano, com decreto da Prefeitura para a concessão de incentivo construtivo às obras. O investimento previsto é de R$ 1,2 milhão, a ser captado a partir da venda de cotas de potencial. A possibilidade da captação se deu em 2019 com a transformação do imóvel da biblioteca Franco Giglio em Unidade de Interesse Especial de Preservação (UIEP). Volta Franco Giglio Em 2017, um piquenique literário foi realizado no terreno da Biblioteca pelo Movimento Volta Franco Giglio, que denunciava o abandono do espaço pelo poder público. Na época, comissão chegou a ser recebida pela Fundação Cultural de Curitiba, que disse depen-
Como comprar der de recursos para as reformas. No ano do seu fechamento, em 2014, a Prefeitura chegou a informar, diante de denúncias feitas por moradores à imprensa, que o imóvel estava com infestação de cupins. Apesar das informações desencontradas, a notícia de que o espaço será reativado foi comemorada. O engenheiro Civil Maurício Costa Luis, que na década de 90 aprendeu a
jogar xadrez naquele equipamento municipal, comemorou. “As idas à Biblioteca Franco Giglio fizeram parte da minha infância e pré-adolescência. Lá, emprestava livros e participava das atividades, uma delas o xadrez. As aulas incentivaram o nosso grupo de amigos. A biblioteca era um equipamento bastante utilizado pela vizinhança e seu retorno nos tempos que vivemos é muito bom”, diz.
DICAS MASTIGADAS | Canjica A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Reprodução | Cybercook Ingredientes 1 xícara (chá) de canjica 1 litro de água 1 xícara (chá) de leite Terra Viva 200 ml de leite de coco ½ xícara (chá) de açúcar orgânico
3 cravos-da-índia 1 rama de canela raspas de 1 laranja-baía mel a gosto para servir amendoim torrado sem casca e picado a gosto para servir
Modo de preparo Numa tigela, coloque a canjica e cubra com 3 xícaras (chá) de água. Tampe com um prato e deixe de molho em temperatura ambiente por 12 horas. Passado o tempo, escorra a água e transfira a canjica para a panela de pressão, com 1 litro de água, os cravos e a canela. Cozinhe por cerca de 40 minutos. Após o cozimento, adicione o leite, o leite de coco e o açúcar. Volte a panela sem a tampa ao fogo médio. Assim que ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar por cerca de 30 minutos, ou até o caldo engrossar levemente. Desligue o fogo e transfira a canjica para uma tigela. Sirva a seguir, regada com raspas de laranja, mel e polvilhada com amendoim.
Vai até 10 de abril o 12º Feirão de Livros da Universidade Federal do Paraná, com descontos mínimos de 50% no preço das publicações. O evento será virtual e contará com a participação de 58 editoras universitárias e comerciais. Além da venda de livros, ocorrerão debates e bate-papos com autores.
Os livros poderão ser comprados pelo site www.eventos-editora.ufpr.br e as discussões acompanhadas pelo canal da Editora no YouTube. Para comprar, basta acessar o site do evento e consultar as editoras participantes. Entre elas, Annablume, 34, Senac São Paulo, Record, Kotter, além de diversas editoras universitárias.
Leitura digital A Fundação Cultural acrescentou dez novos livros de autores curitibanos ao aplicativo Curitiba Lê Digital. As obras estão disponíveis gratuitamente para leitura na tela do celular ou do tablet. Entre as novidades do catálogo há poesia, romance e crônica.
Como acessar O serviço oferece 229 livros. É necessário baixar o aplicativo Curitiba App (Apple Stores ou Google Play) e fazer um cadastro. Em seguida, clicar no ícone Curitiba Lê e fazer uma busca pelo nome do livro de interesse. Ao clicar em algum título, é possível conferir a sinopse e escolher a opção de download.
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Paraná, 8 a 14 de abril de 2022
Entre ganhos e perdas, saldo internacional é positivo
Times brasileiros estreiam na Libertadores e na Sul-Americana tentando manter hegemonia Frédi Vasconcelos
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ampeões seis vezes nos últimos dez anos, os times brasileiros tiveram estreias, no geral, satisfatórias na Copa Libertadores 2022. Dos times que entraram na disputa, quatro venceram suas partidas, com destaque para o bicampeão Palmeiras, que mesmo com time misto foi à Venezuela e goleou o Deportivo Táchira por 4 a 0. O campeão de 2019, o Flamengo, também venceu fora. Foi ao Peru e ganhou do Sporting Cristal por 2 a 0. Mesmo placar do campeão de 2013, o Galo, que foi à Colômbia e passou pelo Tolima, que nunca havia perdido para um brasileiro em seu campo. Outro destaque foi o Bragantino, que estreou na Libertadores vencendo o tradicional Nacional, do Uruguai, também por dois a zero. Outro iniciante na compe-
tição, o Fortaleza, não tinha entrado em campo quando este texto foi escrito. A má notícia ficou com outro debutante, o América Mineiro, que perdeu em casa para o equatoriano Independiente Del Valle, também por 2 a 0. Agora terá de buscar resultado fora se quiser algo na competição. O Corinthians também não foi bem, e perdeu para o boliviano Always Ready, também por 2 a 0, fora de seus domínios. Resultado que aparentemente parece bom, o empate fora de casa, não caiu bem com a torcida do Athetico Paranaense (leia coluna abaixo), o 0 a 0 teve gosto amargo, porque perdeu pontos para o Caracas, da Venezuela, provavelmente o time mais fraco da chave. Sul-Americana No segundo torneio mais importante da América do Sul, que teve a vitória do Athletico (PR)
Divulgação | José Tramontin
no ano passado, três vitórias nos jogos até a quarta, 6. Os novatos Atlético Goianiense e Ceará venceram times tradicionais como a LDU, de Quito, e o Independiente, da Argentina. O Fluminense despachou o boliviano Oriente Petrolero, continuando com a boa arrancada no ano em que já conquis-
A esquerda e o centro
Medalhões
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Como já antecipavam a comissão técnica e o departamento de futebol do Coritiba em dezembro do ano passado, um de seus principais encargos no primeiro trimestre de 2022 seria identificar as carências mais críticas do elenco para a continuidade da temporada. Recuperada a hegemonia estadual com o 39º título paranaense, ficou evidente que quatro posições constituem as necessidades mais prementes de jogadores qualificados. Para duas delas – a lateral-esquerda e a de construção de jogadas pelo centro - já chegaram atletas promissores: Diego Porfírio e Matías Galarza, respectivamente. Ainda sem condições ideais de jogo, não atuarão na manhã de domingo (10/04) diante do Goiás. Será importante e alentador, portanto, que entrem em campo contra o Santos, no dia 17, para efeito de ambientação para enfrentar o mesmo adversário três noites depois, pela Copa do Brasil.
tou o campeonato Carioca. Já Inter e Santos, que não foram bem nos estaduais, também começaram mal a jornada internacional. O time da Baixada Santista perdeu do argentino Banfield. O time gaúcho empatou com o equatoriano 9 de Octubre, depois de estar ganhando por 2 a 0. Cuiabá e São Paulo
O Paraná Clube aposta na experiência para fazer com que o time decole na Série D. Sem dispensar praticamente ninguém, o clube já fez pelo menos seis contratações depois do estadual. A principal delas é um velho conhecido do futebol brasileiro: o goleiro Felipe, de 38 anos, que fez história com as camisas de Flamengo e Corinthians. Outro velho conhecido, este mais do público paranaense, é o zagueiro Dirceu. Aos 34 anos, teve passagens por Coritiba e América MG. Mas foi no Londrina sua melhor sequência. Ele estava no São Joseense. Um terceiro medalhão, esse ainda não foi anunciado oficialmente, seria o atacante Alemão, de 33 anos, que fez o “gol do acesso” em 2017. Ele se juntaria a Vinicius Kiss, também com 33, outro integrante do elenco daquele ano. Depois de três rebaixamentos seguidos, a estratégia da diretoria é apostar em quem um dia deu certo.
estreariam após o fechamento deste texto. Começa o Brasileirão As competições internacionais terão de ficar para trás nos próximos dias porque no final de semana começa o Brasileirão. E as equipes terão de se desdobrar para enfrentar o difícil calendário que terão pela frente, num ano com Copa do Mundo em novembro, o que que vai achatar ainda mais o número de datas disponíveis. Coritiba e Athletico começam o campeonato com objetivos bem diferentes. O Coxa, mesmo ganhando o estadual, luta para se manter na elite, acabando com o sobe-e-desce dos últimos anos. O Furacão investiu no seu time mais caro da história e sonha com título ou, pelo menos, vaga direta na Libertadores do próximo ano. Façam suas apostas...
Estreia amarga na Libertadores Por Douglas Gasparin Arruda
A estreia do Furacão na Libertadores precisa ser analisada como um sinal de alerta urgente. O adversário, Caracas, está a apenas 2 pontos da zona de rebaixamento do Campeonato Venezuelano. Para se ter uma ideia disso: o vice-líder, Táchira, foi goleado em casa pelo time (com 7 reservas) do Palmeiras: 4 a 0 fora o baile. A impressão que fica no torcedor é de que o time voltou de férias agora. O sistema defensivo foi um fracasso completo e, não fosse pela excelente partida do goleiro Bento, teria saído da Venezuela com uma derrota vergonhosa. No ataque, Terans até criou algumas oportunidades, mas sem sucesso. Com um elenco desse porte, não dá para aceitar um padrão de jogo tão ruim. No domingo, contra o São Paulo, o Rubro-Negro faz sua estreia no Brasileirão. Jogo decisivo para os dois técnicos.