PARANÁ
Esportes | 8
A conquista da América Sete de oitos times brasileiros podem passar de fase na Libertadores Cultural | 7
Juventude caiçara Atividades culturais no litoral buscam recuperar os sonhos de jovens Moradia | 2 e 6
Por nenhum despejo Secretaria busca mediação para conflitos fundiários. Juiz visita ocupação Paraná | 4
Covid de novo assusta Giorgia Prates
Número de casos sobe muito em todo o Estado
Ano 5
Edição 257
20 a 26 de maio de 2022
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br
Punição “só” para Renato Freitas
Câmara quer cassar vereador depois de absolver diversos crimes Curitiba | p. 5 Giorgia Prates
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 20 a 26 de maio de 2022
Moradia e dignidade no campo e na cidade
EXPEDIENTE
editorial
A
questão do acesso e do uso da terra continua sendo central para o Brasil, país que não efetivou reformas essenciais como a agrária e a urbana. No Paraná, estado de grande concentração fundiária, há muitos conflitos por terra, no campo e na cidade. Dados oficiais da Companhia de Habitação do Paraná mostram que o estado
tem déficit habitacional de meio milhão de casas. É por isso que a iniciativa do Tribunal de Justiça do Paraná, de criar um Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) sobre assuntos fundiários, deve ser observada pela sociedade. Nesta semana, o ministro do TST e membro do CNJ, Luiz Philippe Vieira de Mello Fi-
lho, visitou ocupações urbanas em Curitiba e Região, para conhecer a experiência do CEJUSC Fundiário e, quem sabe, nacionalizá-la. A iniciativa busca caminhos que evitem a violência contra populações que lutam por seus direitos à terra e à moradia. Uma das pautas imediatas dos movimentos sociais urbanos e rurais é, via
Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016
Campanha Despejo Zero, a paralisação dos despejos durante a pandemia e enquanto durarem os efeitos de sua crise social e econômica. O STF sinalizou favoravelmente à demanda. A luta do povo por terra e moradia precisa ser acolhida pelo Estado brasileiro, para garantir formal e materialmente nossa democracia.
SEMANA
opinião
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO Manoel Ramires ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr
Eles têm medo de mais Renatos Pedro Carrano,
Jornalista do Brasil de Fato, militante da União de Moradores, escritor
A
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 257 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
primeira imagem que pensei para escrever algo sobre o vereador Renato Freitas (PT) foi lembrar dele presente numa ação da cozinha comunitária da Vila Maria e Uberlândia. Enquanto ajudava no trabalho voluntário, de repente o vereador teve que se afastar um pouco, e entrou por ali mesmo, via celular, na sessão plenária da Câmara. Nada mais natural para quem atua no cotidiano do povo. Advogado criminalista, militante do mo-
vimento negro e periférico, quem cresceu em áreas de ocupação, Renato nunca se rendeu aos cantos de sereia das instituições, que excluem a participação popular. Antes de entrar no parlamento, já recebia a dura perseguição de outros dois braços do Estado: a guarda municipal e a polícia militar. Detenções, humilhações e racismo, infelizmente, fizeram parte da sua trajetória e luta. E o vereador nunca deixou de combater essa realidade. Ao contrário, manteve o seu mandato enraizado nas comunidades, sendo referência para a juventude e para
a população negra, apontando a necessidade de organização e mobilização popular. Seu gabinete é reflexo dessa postura. Estão ali jovens profissionais e militantes negros e negras com sede de construir e apoiar o povo, e não burocratas encastelados em cargos. Ao lado de Carol Dartora, a contribuição dos dois mandatos fez, em pouco tempo, o que a Câmara não fazia há décadas. A reação dos setores conservadores e de direita da Câmara tem um caráter preventivo. Eles têm medo que o exemplo de Renato e Dartora se multiplique.
Nas dez cidades com maior número de eleitores, entre 2016 e 2020, houve aumento da entrada de vereadores negros e negras – um número baixo, de apenas 4%. Mas, no contexto brasileiro, de racismo estrutural, e em cidades como Curitiba e Joinville, entre outras, isso despertou a reação racista da sociedade e do legislativo. Reafirmo aqui que o Renato Freitas advogado, defensor dos direitos humanos, escritor, militante negro e periférico, e seu mandato, são vitais para uma Curitiba que ainda não aprendeu com seus erros históricos.
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FRASE DA SEMANA
Brasil saqueado Em entrevista coletiva no Senge-PR, o geólogo e ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras Guilherme Estrella, o “pai do Pré-Sal”, afirmou que “O Brasil está sendo saqueado, inclusive o dinheiro do povo que foi investido na construção de refinarias e no setor petróleo”.
“Só ouvimos o vento frio no ouvido” Disse em matéria do site G1 o morador de rua Tiago Pereira, amigo de um rapaz que morreu nas ruas, em São Paulo, por conta da atual onda de frio. Ele relata: “Para conseguir vaga em albergue, precisa ligar no 156 e geralmente a gente não tem telefone. A espera é de 3 horas. Enquanto isso, a gente fica no frio. A rua é difícil”. Reprodução
Soberania ou colônia Sobre as eleições presidenciais deste ano, diz que se decidirá entre um projeto de “Brasil soberano ou de colônia”. “São duas visões autoexcludentes. O artigo 1º da Constituição Federal diz que o país constitui-se num Estado Democrático de Direito e tem como primeiro ponto fundamental a soberania nacional. A partir do dia 2 de janeiro de 2023 vamos ter que rever tudo o que foi feito nos últimos anos. Refundar o Brasil é o principal desafio”, afirmou.
Eletrobrás privada? O Tribunal de Contas da União aprovou o prosseguimento da privatização da Eletrobras, o que deve representar mais aumentos das contas e perda de soberania. “A Eletrobrás tem 47 usinas hidrelétricas responsáveis por 52% de toda a água armazenada no Brasil. 70% dessa água são utilizadas na irrigação da agricultura. Imagine tudo isso nas mãos de uma empresa privada que só se interessa pelo lucro”, disse o engenheiro elétrico da Eletrobrás Ikaro Chaves.
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
Advogado obscuro
E o dinheiro do SUS
Chama a atenção que o advogado Eduardo Reis Magalhães, que propôs a ação no Supremo em nome de Bolsonaro contra o ministro Alexandre Moraes (foto), não é conhecido nos tribunais superiores e nem mesmo entre os principais escritórios de advocacia do Paraná, onde está registrado na OAB. No “Painel” da “Folha de S.Paulo”, é descrito como um bolsonarista raiz e fora do circuito dos juristas com acesso aos Agência Brasil tribunais de Brasília.
Num ano de pandemia, o governo Bolsonaro, como destaca matéria de “O Globo”: “entregou a aliados no Congresso o controle do dinheiro destinado a serviços de saúde nos estados e municípios.” São recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS), usado para a compra de ambulâncias, atendimentos médicos e construção de hospitais. Em 2021, boa parte dos R$ 7,4 bilhões foram para “emendas de relator”, beneficiando “redutos eleitorais de caciques do Centrão, ignorando critérios técnicos”, segundo o jornal.
Quem conhece?
Casamento nas redes
A coluna entrou em contato com advogados de Curitiba para tentar esclarecer o mistério. O máximo que apurou é que é de uma família de advogados no Paraná que defende, principalmente, fazendeiros da Região Norte do Estado, onde a família possui uma fazenda. Lembrando que Bolsonaro esteve em Maringá, na mesma Região Norte, numa exposição agropecuária, no último dia 11, pouco antes de a ação ser levada ao Supremo.
Segundo o DataFórum da quinta (19), o casamento do ex-presidente Lula e da socióloga Janja foi o assunto que mobilizou as redes sociais. Os lulistas rebaterem matérias de “ostentação” com a discussão dos gastos de Bolsonaro com cartão corporativo. Os bolsonaristas agiram para atacar Alexandre de Moraes, do STF. Nesse dia, o casamento de Lula com Janja fez com que os grupos lulistas superassem os bolsonaristas no Twitter: 42% a 41% para Lula.
Ratinho Júnior prejudica municípios Bondade com o chapéu dos prefeitos. É isso que o governador Ratinho Júnior (PSD) tem feito com as isenções fiscais dadas a alguns setores do Paraná. A medida, avaliada em R$ 17 bilhões, tem impactado negativamente na arrecadação dos municípios, segundo levantamento da oposição. O município de Ariranha do Ivaí, por exemplo, com 2.026 habitantes, vai perder R$ 2 milhões apenas em 2022, o equivalente a R$ 1.001 por habitante (perdas referentes a R$ 1,6 milhão do FPM e R$ 431 mil do Fundeb). Já a capital do estado, Curitiba, deixa de receber R$ 592 milhões com a renúncia fiscal de Ratinho Jr. Com quase 2 milhões de habitantes, o valor reflete o equivalente a R$ 301 a menos por habitante (perdas referentes a R$ 365,4 milhões do FPM e R$ 226,6 milhões do Fundeb). A oposição questiona quantas ambulâncias, escolas, postos de saúde, asfaltamentos, áreas de lazer, entre outros, a Prefeitura poderia fazer se o governo Ratinho Jr. não estivesse tirando dinheiro das cidades. Segundo o líder da Oposição na Alep, Arilson Chiorato, “isso precisa ser discutido. Renúncia fiscal é dinheiro de impostos que deveriam ser aplicados em saúde, educação, segurança, bem como distribuído para os municípios”.
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Casos de Covid-19 voltam a subir no Paraná, governo não altera medidas Máscaras e quarta dose para maiores de 40 anos são propostas defendidas por especialista Ana Carolina Caldas
O
s boletins divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa-PR) demonstram que o número de contágios pelo coronavírus vem aumentando consideravelmente. Há duas semanas, a média móvel de novos casos era de 787 casos/dia, aumento de 13,9% em relação aos 14 dias anteriores. No boletim da quarta-feira, 18, foram registrados 2.614 casos. Apesar desse aumento, a Sesa diz que continuará se pautando pelos dados de óbitos e internações e, por isso, o governo não
pretende recuar na flexibilização. Em Curitiba, de segunda feira (16) para a quarta-feira (18), houve aumento de casos ativos, de 7.614 para 9.452. Mas, por enquanto, o número de óbitos e internações se mantém em queda. Esse é um dos dados que vem baseando as decisões de continuar o monitoramento, mas sem alteração no combate à transmissão. Em nota, a Sesa disse que a vacinação é a medida mais eficaz para conter o aumento de casos e evitar óbitos. “A pasta reforça a necessidade de vacinação ainda dentro das outras etapas, como, por exem-
plo, a segunda dose (1,3 milhão de faltosos) e dose de reforço (4,3 milhões). Lembrando que a vacinação diminui o risco de agravamento da doença, que leva a internamentos e pode se agravar para óbito.” diz o comunicado. Quarta dose para maiores de 40 anos Para o professor Emanuel Maltempi, coordenador do Comitê de Enfrentamento à Covid da UFPR, a alta de casos era esperada, principalmente devido ao inverno. “Nessa época temos aumento grande de casos de doenças respiratórias. Co-
mo Covid 19 é uma doença respiratória, haverá aumento. Acho que o pico deve ser em junho ou julho, mas deve perdurar alto número de casos até agosto. Se a imunidade conferida pela vacina for alta até lá, deveremos ver aumento de número de casos, mas número de mortes, embora mais alto, não explodirá. No entanto, qualquer morte evitável deveria ser inaceitável. Em minha opinião, a quarta dose deveria ser ofertada para aqueles acima de 40 anos, independente de comorbidade, e se incentivar fortemente a vacinação das crianças.” Reprodução
“Vacinar crianças contra Covid-19 ajuda a prevenir hepatite grave”, diz pediatra Vice-diretor do maior hospital pediátrico do Brasil fala sobre a doença Ana Carolina Caldas
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proliferação de casos de hepatite grave de origem desconhecida entre crianças ainda é um mistério para cientistas. O último boletim da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 29 de abril, afirma que “a etiologia dos casos segue sob investigação.” Até agora, os exames descartam casos de hepatite viral conhecida. Já são 348 casos prováveis
Vacinar crianças contra a Covid ajuda a prevenir essa hepatite grave. Então, as crianças precisam ser vacinadas”
em 21 países, sendo que 26 crianças precisaram de transplante de fígado e três foram a óbito. No Brasil, foram notificados 47 casos, três no Paraná. Para esclarecer sobre o tema, o Brasil de Fato Paraná conversou com o vice-diretor do Hospital Pediátrico Pequeno Príncipe, o médico infectologista Dr. Victor Horácio de Costa Júnior, confira: Brasil de Fato Paraná - Três casos confirmados dessa hepatite (ainda sem causa definida) no Paraná e mais 42 no Brasil. Como vocês vêm acompanhando essa doença. Victor Costa Júnior - É ainda uma hepatite que tem se demonstrado extremamente rara. É importante lembrar que no mundo apenas cinco países têm mais de 5 casos descritos dela.
Já existe estudo que confirme ou chegue perto do que está causando essa hepatite mais grave? Há relação com a Covid-19? O que a gente sabe até o momento é que o Sarscov-2, o vírus da Covid-19, pode ficar como um colonizador no intestino das crianças e, a partir daí, essa criança tem uma carga maior do coronavírus no intestino. Ela, pode então, por exemplo, contrair quadro de infecção de vias aéreas superiores por um Adenovírus 41, essa associação vai trazer uma resposta imunológica que pode causar inflamação no fígado. Até o momento é o que sabemos.
Que tipo de prevenção é possível para essa hepatite? Uma das prevenções é a vacina contra a Covid, pois a gente sabe que o coronavírus está relacionado a essa forma mais grave. Vacinar crianças contra a Covid ajuda a prevenir essa hepatite grave. Então, as crianças precisam ser vacinadas. A gente, inclusive, espera, com muita expectativa, que a Anvisa libere a Coronavac para crianças menores de 5 anos. Pois, até agora, o que temos observado na literatura mundial é que 83% dos casos dessa hepatite são em crianças nessa faixa etária, portanto não vacinadas.
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Câmara pode cassar Renato Freitas, mas absolveu acusados de rachadinha, peculato, corrupção, assédio sexual e racismo
Parlamentares denunciados por crimes tiveram seus mandatos salvos na casa
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pós o Conselho de Ética votar pela cassação, o destino do vereador Renato Freitas (PT) será definido no plenário da Câmara de Vereadores. E o que manda não é a culpa ou não, mas quem tem maioria na Casa, dominada pela base do prefeito Rafael Greca e de perfil conservador. A votação estava prevista para a quinta (19), mas foi suspensa por liminar na Justiça que manda, antes da decisão, fazer sindicância e avaliar se o relator do pedido de cassação no conselho, Sidnei Toaldo, enviou e-mail com ofensas racistas. Mas, caso Renato seja punido com a pena máxima, será rompida “tradição” de não cassar nenhum parlamentar. Nem mesmo o ex-presidente da casa, João Cláudio Derosso, acusado de corrupção e que, posteriormente, perdeu o mandato na Justiça Eleitoral. Peculato, assédio sexual, racismo, corrupção e rachadinha, houve de tudo e ninguém foi punido com cassação, principalmente porque boa parte dos acusados pertencia ao bloco majoritário da Câmara. O que se quer mudar, agora, por Renato ter participado de manifestação antirracista na Igreja do Rosário e fazer parte da minoria, de oposição. Conheça alguns desses casos anteriores julgados pela Câmara:
Derosso, dinheiro para a empresa da esposa João Cláudio Derosso, ex-vereador, presidiu a Câmara de Vereadores de 1997 a 2012. Foi base dos ex-prefeitos Cássio Taniguchi, Beto Richa e Luciano Ducci. Em 2012, escândalo revelado na imprensa mostrou que contratou agência de publicidade pertencente a Cláudia Guedes (esposa dele à época), de 2006 a 2011, pagando cerca de R$ 34 milhões em verba pública, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Derosso foi julgado no Conselho de Ética da Câmara e investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito, sendo inocentado. Só foi afastado da presidência da Casa após articulação da base de vereadores da oposição, e posteriormente cassado pela Justiça Eleitoral por infidelidade partidária. O TCE condenou ainda Derosso, e os demais envolvidos no escândalo, a devolverem o dinheiro para os cofres públicos. Giorgia Prates
Gabriel Carriconde
Giorgia Prates
Racismo ou justiça? Para o professor de sociologia da UFPR Ricardo Oliveira, o caso de Renato Freitas é emblemático justamente pelo histórico de ausência de punições a vereadores. “Desde que eu pesquiso a instituição, soube que a Câmara Municipal já teve acusações de rachadinhas,
peculato, corrupção, nepotismo, tráfico de influência, assédios de todos os tipos, funcionários fantasmas, e muitos outros problemas. Nesta situação inédita do vereador Renato Freitas, também passa o racismo estrutural e institucional’’, comenta.
A turma das rachadinhas
Assédio sexual, fraude e racismo
Em 2017, o Ministério Público do Paraná denunciou cinco parlamentares por prática de rachadinha, pegar o salário dos funcionários de seus gabinetes, muitos destes fantasmas. Katia Dittrich, Thiago Ferro, Rogério Campos, Geovane Fernandes e Osias Moraes foram acusados, mas nenhum chegou a ser punidos pela Casa. Com a ex-vereadora Katia Dittrich, os próprios membros de seu gabinete a denunciaram para a Comissão de Ética, mas ela recebeu “apenas” pena de 30 dias de suspensão de mandato. Katia foi presa graças a uma denúncia do MP acatada pela Justiça, que a condenou a cinco anos e seis meses de prisão, mais multa e perda do mandato. Os demais sequer tiveram seus casos analisados pela Câmara.
Professor Galdino, ex-vereador, em 2016 foi acusado pela sua colega, vereadora Carla Pimentel (PSDB), por agressão e assédio sexual. O caso ocorreu numa discussão dentro do plenário. A vereadora abriu boletim de ocorrência contra Galdino, que acabou sendo punido com 30 dias de suspensão pela Câmara. Já o vereador Zé Maria, em 2015, foi acusado de racismo pelo parlamentar Mestre Pop, quando em uma sala anexa ao plenário ouviu dele ofensas racistas: “Sabe por que preto entra em igreja evangélica? Para poder chamar o branco de irmão”, teria dito. O pedido de cassação foi arquivado na Câmara. E, em 2016, o vereador Pastor Valdemir Soares (PRB) teve que renunciar após ter sido flagrado fraudando o sistema de votação da casa. Giorgia Prates
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Ministro do Conselho Nacional de Justiça visita comunidade Nova Esperança Criada em 2020, ocupação em Campo Magro reúne 1.200 famílias e cerca de 6 mil pessoas
Juliana Barbosa | MST
Lia Bianchini e Leonardo Henrique
A
comunidade Nova Esperança, de Campo Magro (PR), recebeu a visita do ministro Luiz Phillipe Vieira de Mello Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na terça (18). “Vim para conhecer de perto. Uma coisa é sentar numa cadeira e ficar falando, fazendo discurso. Outra coisa é conhecer o que vocês fizeram, como estão vivendo”, afirmou o ministro. A visita fez parte do roteiro do ministro no reconhecimenJuliana Barbosa | MST
to dos trabalhos realizados pela Comissão de Mediação de Conflitos Fundiários, criada pelo Tribunal de Justiça do Paraná em 2018. “Nós não acreditamos em soluções violentas, nós acreditamos em soluções construídas com todos os órgãos da administração pública, com o Tribunal de Justiça mediando e com a construção de todos vocês”, disse Mello Filho, referindo-se ao movimento popular da ocupação. A ocupação Nova Esperança foi criada em 2020, em uma área do município de Curitiba, cedida ao estado do Paraná em 2012 por 20 anos. Até a chegada do movimento por moradia, a área estava inutilizada pelo estado. Há quase dois anos, 1.200 famílias, cerca de seis mil pessoas, usam o espaço de maneira produtiva, com moradias e espaços de convívio social. Na visita, o ministro conheceu a padaria e a cozinha comunitária, a escola, a biblioteca, os espaços de construção e costura e a fossa ecológica construídas pelos moradores da ocupação. “Cada espaço tem a finalidade de gerar o produto de forma gratuita ou a preço de custo, ali-
mentar a comunidade - quando for o caso -, gerar renda e fazer capacitação”, explicou Val Ferreira, uma das lideranças da Nova Esperança. O ministro Mello Filho foi acompanhado por uma comitiva de representantes do poder judiciário, de universidades, autoridades e advogados populares. Além da comunidade Nova Esperança, eles visitaram também a comunidade Tiradentes, na Cidade Industrial de Curitiba. Ao final da visita, o ministro afirmou sair da ocupação com um “exemplo fantástico” do que é preciso ser construído no país. “Nós precisamos ter um país mais justo, em que todas as pessoas possam ter condições de ter uma casa, de ter escola, de ter saúde”, disse. Mello Filho ressaltou também a necessidade de iniciativas como a Comissão de Mediação de Conflitos Fundiários em outros tribunais pelo Brasil. “É preciso que tenhamos caminhos que não sejam de sentenças judiciais, que sejam de construção da paz, que possam buscar resultados melhores para a sociedade”, pontuou.
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Aulas de Circo
O evento conta com a organização da UFPR Litoral e entidades de Paranaguá, com apoio do Núcleo Periférico
Redação
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aranaguá recebe, no sábado (21), das 14h às 20h, o Fórum Popular da Juventude Caiçara, evento que tem o objetivo de dialogar com a juventude da cidade sobre suas demandas e sonhos. Terá rodas de conversa, apresentações artísticas, grafite e barracas informativas. Uma das barracas será do Programa de Educação Tutorial Litoral Social (Pet LS) e apresentará a atividade “Conexão Universidade Escola”, desenvolvida com jovens nos municípios do Litoral. A organização é do Coletivo EduCultura, criado em torno de três projetos em desenvolvimento na UFPR Litoral, e o Coletivo Roda D’Água, de egressas do curso de Serviço Social da UFPR Litoral e que atua na promoção de direitos ao acesso à saúde, educação e cultura na região, da Associação de Moradores do Bairro Labra, com apoio do Núcleo Periférico – que atua na Periferia de Curitiba, reivindicando as pautas tradicionalmente marginalizadas e construindo a luta popular, juntamente com artistas locais da cultura de periferia. Voz aos jovens Camila Valentim, assistente social e uma das coorde-
nadoras do Roda d’Água, explica: “Passamos muito tempo sem ouvir adolescentes e crianças das comunidades periféricas, que geralmente são invisibilizados pela sociedade, sofrem preconceito por não estudarem ou trabalharem e geralmente não fazem isso porque são negligenciados”, diz. O rapper Du Rap, da Associação de Moradores do Labra e que está contribuindo na organização do Fórum diz que o objetivo principal é dar perspectiva aos jovens. “O Fórum surge muito pensando na comunidade jovem do bairro Labra, local precário e com uma juventude que já não tem mais perspectiva. A gente conversa com eles aqui e já não sabem qual sonho ou o que desejam para o futuro. Então, decidimos fazer o Fórum justamente para acender essa luz”, diz. O tema principal do Fórum são os sonhos dos jovens, e uma das metodologias será a Roda de Terapia Comunitária Integrativa, prática terapêutica que propõe a oportunidade de fala e a troca de experiências. Durante o evento também acontecerão apresentações de artistas nativos do litoral, varais de desenhos e poesias e a participação de movimentos sociais.
Cada aula tem dois professores, que se revezam nas atividades. Além de acrobacia em tecido, há oficinas de malabarismo e equilíbrio, acrobacias de solo e palhaçaria. Turmas às segundas, quartas e sextas-feiras, da 9h30 às 11h50 e das 14h às 16h20. No Circo da Cidade (Rua Benedicto Siqueira Banco S/Nº- Alto Boqueirão). Contato: (41) 3287-5307.
Solidariedade Com um dos invernos mais rigorosos do Brasil, há centenas de famílias indígenas que vivem em situação de vulnerabilidade territorial e social. Por isso, a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul está arrecadando doações de qualquer valor para distribuir cobertores e agasalhos às comunidades. Para ajudar, PIX: 018.072.669-23 (Marciano Rodrigues). Em Cascavel, arrecadação de cobertores e agasalhos no Armazém do Campo (Rua Xavantes, 556 - Santa Cruz).
Reprodução
DICAS MASTIGADAS | Sopa de ervilha A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Reprodução
Fórum Popular da Juventude Caiçara acontece no dia 21
Estão ocorrendo oficinas do Circo da Cidade, espaço da Fundação Cultural de Curitiba, no Alto Boqueirão. A primeira aula reuniu crianças e adultos interessados em aprender mais sobre acrobacia em tecido. Com atividades até dezembro, as oficinas são gratuitas e as inscrições estão abertas para qualquer pessoa acima de 8 anos.
Ingredientes 1 colher (sopa) de azeite. 1 cebola orgânica picada. 2 xícaras de ervilha seca demolhada. 2 batatas orgânicas sem casca, em cubos médios. 2L de água.
Modo de preparo Em uma panela de pressão, aqueça o azeite, acrescente a cebola e doure bem. Acrescente a ervilha e as batatas. Junte dois litros de água, tampe a panela e cozinhe por cerca de 20 minutos após a fervura. Desligue o fogo e espere sair toda a pressão. Sirva a seguir.
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Dos 8 brasileiros, 7 podem conquistar a América Das 16 vagas na próxima fase da Libertadores, brasileiros estão perto de ter maioria
ELAS POR ELA Fernanda Haag Divulgação
Frédi Vasconcelos
P
erto do momento decisivo da fase de grupos da Copa Libertadores, com chaves com 5 ou 4 partidas das seis previstas, dos 8 brasileiros que começaram a disputa da atual etapa, sete têm chance de classificação entre os 16 que passarão para as oitavas-de-final. O único que não tem mais condições de conquistar o principal torneio da América do Sul e ir para o Mundial, no final do ano, é o América-MG, com apenas dois pontos e nenhuma possibilidade de passar. No seu grupo, liderado pelo Atlético-MG, a disputa mais provável é entre os colombianos do Tolima e os equatorianos do Independiente Del Vale pela segunda vaga. Entre os líderes dos grupos o destaque é para o Palmeiras, que venceu 5 em 5 partidas. Pode terminar com 100% de aproveitamento e ter a primeira posição geral, que garante a vantagem de decidir em casa até a
final do torneio. Flamengo é outro líder, com campanha pouco pior, com 4 vitórias e apenas um empate, e também já classificado. Dos times com maior torcida do Brasil, outro destaque é o Corinthians, com campanha bem pior, 2 vitórias, 2 empates e 1 derrota e acossado, com um ponto a menos pelo argentino Boca Juniors. Mas com o colombiano Deportivo Cali, com partida a menos no fechamento deste texto, ainda podendo roubar a vaga de um dos dois. O Athletico conseguiu uma grande vitória (leia texto abaixo) e está no segundo lugar, num dos grupos mais disputados, com todos os times entre 7 e 6 pontos, tudo sendo decidido na última rodada, em que enfrenta o venezuelano Caracas em casa. Situação mais difícil é a do Fortaleza, atual-
mente em terceiro lugar num grupo liderado por outro gigante argentino, o River Plate. A boa notícia é que o último jogo é contra o lanterna Alianza Lima. Os argentinos encaram os chilenos do Colo-Colo para definirem quem passa e fica no primeiro lugar. O Bragantino também decidirá sua sorte na última partida, contra o Nacional do Uruguai, fora, num grupo em que também pode dar qualquer coisa. VAR ENTRA EM CAMPO Além da fase de mata-mata, na próxima fase da Libertadores entra em campo o VAR para conferir as decisões das equipes de arbitragem. Não é nada, não é nada, mas pode decidir os jogos, que serão cada vez mais acirrados.
Otimismo justificado
Curtindo o momento
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
A vitória (1x0) contra o América-MG no domingo (15/05) mostrou que o elenco coxa-branca não se deixou abater pela derrota para o Santos. A recuperação dá esperanças de que a performance no Brasileiro prossiga em ascensão. Apesar do sentido desfalque do rápido atacante Igor Paixão (lesão muscular), o time mostrou aprendizado com o revés e melhorou a obediência tática ao esquema proposto pelo treinador Morínigo – agora mais adaptado aos desafios da Série A. Atualmente em 6º lugar, são boas as perspectivas alviverdes de alcançar o G-4 na próxima rodada, a depender de vitória fora de casa contra o Atlético Goianiense no sábado, 21, às 16h30. A defesa ainda preocupa, mas o scout de outros setores é animador: 97 lançamentos certos (3º lugar) e 39 finalizações corretas (2º), com os 11 gols marcados que fazem do ataque o mais eficiente do Brasileiro.
Com três empates e duas vitórias, o Paraná Clube enfim se firmou na luta entre os que vão passar de fase na “dezona”. Ocupa hoje a vice liderança do grupo G, certamente o mais forte da competição. No próximo jogo em casa, dia 29 de maio, tudo o que podemos esperar é uma Vila Capanema lotada. Independente do nível dos adversários, é importante que a gente resgate a confiança da torcida. Desde agosto de 2020 que o tricolor não vivia uma boa fase assim. De lá até aqui tinha sido só tragédia. A estrada pra gente retomar o espaço que perdemos no futebol brasileiro será longa, árdua. Por isso, é importante ter paciência e, por que não, celebrar os bons momentos, celebrar as vitórias. Restam ainda nove rodadas, nada está resolvido. Mas esse começo de campeonato nos mostra que enfim podemos ter esperança de dias melhores.
Apita a árbitra! A Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2022 terá mais um marco importante para a participação das mulheres no esporte. Pela primeira vez a Copa terá mulheres no comando da arbitragem. A Fifa selecionou três árbitras - a francesa Stéphanie Frappart, a ruandesa Salima Mukansanga e a japonesa Yoshimi Yamashita – e três assistentes - a mexicana Karen Díaz Medina, a estadunidense Kathryn Nesbittpara e a brasileira Neuza Inês Back – para participarem. Destacamos aqui, claro, Neuza Back, assistente do quadro da Federação Paulista de Futebol. Ela já atuou nas Séries A e B do Brasileiro, Copa Libertadores, Copa do Brasil, Mundial de Clubes, Copa do Mundo Feminina e Olimpíadas do Rio de Janeiro (2016) e Tóquio (2020). Ou seja, Neuza tem uma boa experiência para levar até o Catar e desbrava mais esse caminho pioneiro. Há muito a se fazer sempre, mas como diz Chico Science: “um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”.
Bom resultado, público nem tanto Por Douglas Gasparin Arruda
Na partida desta quarta-feira, contra o Libertad, o Athletico conseguiu aliviar um pouco da pressão dos últimos meses. O primeiro tempo não foi nada animador, e os erros técnicos repetidos levaram o torcedor a pedir “raça” antes mesmo do intervalo. O empate já parecia um bom resultado, haja vista a péssima condição física do time e os diversos gols que sofreu na segunda etapa das partidas, especialmente na Libertadores. Mas, surpreendentemente, o Furacão voltou do intervalo melhor. Bom para Cuello e Canobbio, que marcaram seus primeiros gols com a camisa rubro-negra. O destaque negativo ficou por conta do péssimo plano de sócios e ingressos adotado pela direção. De nada adianta o técnico pedir público se o plano atual não colabora em colocar o torcedor para dentro da Baixada.