Brasil de Fato PR 4 Paraná
Paraná, 20 a 26 de maio de 2022
Brasil de Fato PR
Casos de Covid-19 voltam a subir no Paraná, governo não altera medidas Máscaras e quarta dose para maiores de 40 anos são propostas defendidas por especialista Ana Carolina Caldas
O
s boletins divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa-PR) demonstram que o número de contágios pelo coronavírus vem aumentando consideravelmente. Há duas semanas, a média móvel de novos casos era de 787 casos/dia, aumento de 13,9% em relação aos 14 dias anteriores. No boletim da quarta-feira, 18, foram registrados 2.614 casos. Apesar desse aumento, a Sesa diz que continuará se pautando pelos dados de óbitos e internações e, por isso, o governo não
pretende recuar na flexibilização. Em Curitiba, de segunda feira (16) para a quarta-feira (18), houve aumento de casos ativos, de 7.614 para 9.452. Mas, por enquanto, o número de óbitos e internações se mantém em queda. Esse é um dos dados que vem baseando as decisões de continuar o monitoramento, mas sem alteração no combate à transmissão. Em nota, a Sesa disse que a vacinação é a medida mais eficaz para conter o aumento de casos e evitar óbitos. “A pasta reforça a necessidade de vacinação ainda dentro das outras etapas, como, por exem-
plo, a segunda dose (1,3 milhão de faltosos) e dose de reforço (4,3 milhões). Lembrando que a vacinação diminui o risco de agravamento da doença, que leva a internamentos e pode se agravar para óbito.” diz o comunicado. Quarta dose para maiores de 40 anos Para o professor Emanuel Maltempi, coordenador do Comitê de Enfrentamento à Covid da UFPR, a alta de casos era esperada, principalmente devido ao inverno. “Nessa época temos aumento grande de casos de doenças respiratórias. Co-
mo Covid 19 é uma doença respiratória, haverá aumento. Acho que o pico deve ser em junho ou julho, mas deve perdurar alto número de casos até agosto. Se a imunidade conferida pela vacina for alta até lá, deveremos ver aumento de número de casos, mas número de mortes, embora mais alto, não explodirá. No entanto, qualquer morte evitável deveria ser inaceitável. Em minha opinião, a quarta dose deveria ser ofertada para aqueles acima de 40 anos, independente de comorbidade, e se incentivar fortemente a vacinação das crianças.” Reprodução
“Vacinar crianças contra Covid-19 ajuda a prevenir hepatite grave”, diz pediatra Vice-diretor do maior hospital pediátrico do Brasil fala sobre a doença Ana Carolina Caldas
A
proliferação de casos de hepatite grave de origem desconhecida entre crianças ainda é um mistério para cientistas. O último boletim da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 29 de abril, afirma que “a etiologia dos casos segue sob investigação.” Até agora, os exames descartam casos de hepatite viral conhecida. Já são 348 casos prováveis
Vacinar crianças contra a Covid ajuda a prevenir essa hepatite grave. Então, as crianças precisam ser vacinadas”
em 21 países, sendo que 26 crianças precisaram de transplante de fígado e três foram a óbito. No Brasil, foram notificados 47 casos, três no Paraná. Para esclarecer sobre o tema, o Brasil de Fato Paraná conversou com o vice-diretor do Hospital Pediátrico Pequeno Príncipe, o médico infectologista Dr. Victor Horácio de Costa Júnior, confira: Brasil de Fato Paraná - Três casos confirmados dessa hepatite (ainda sem causa definida) no Paraná e mais 42 no Brasil. Como vocês vêm acompanhando essa doença. Victor Costa Júnior - É ainda uma hepatite que tem se demonstrado extremamente rara. É importante lembrar que no mundo apenas cinco países têm mais de 5 casos descritos dela.
Já existe estudo que confirme ou chegue perto do que está causando essa hepatite mais grave? Há relação com a Covid-19? O que a gente sabe até o momento é que o Sarscov-2, o vírus da Covid-19, pode ficar como um colonizador no intestino das crianças e, a partir daí, essa criança tem uma carga maior do coronavírus no intestino. Ela, pode então, por exemplo, contrair quadro de infecção de vias aéreas superiores por um Adenovírus 41, essa associação vai trazer uma resposta imunológica que pode causar inflamação no fígado. Até o momento é o que sabemos.
Que tipo de prevenção é possível para essa hepatite? Uma das prevenções é a vacina contra a Covid, pois a gente sabe que o coronavírus está relacionado a essa forma mais grave. Vacinar crianças contra a Covid ajuda a prevenir essa hepatite grave. Então, as crianças precisam ser vacinadas. A gente, inclusive, espera, com muita expectativa, que a Anvisa libere a Coronavac para crianças menores de 5 anos. Pois, até agora, o que temos observado na literatura mundial é que 83% dos casos dessa hepatite são em crianças nessa faixa etária, portanto não vacinadas.