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Anielle Franco na lista da Time: o protagonismo internacional da luta de uma mulher negra pelos direitos humanos
Giorgia Prates, Vereadora, presidenta da Comissão dos Direitos Humanos e 1° adjunta da Procuradoria da Mulher na Câmara de Curitiba
Março, mês da luta feminista, começou com uma notícia importante para as mulheres: a revista Time elegeu Anielle Franco como uma das doze lideranças mais influentes do mundo.
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O protagonismo de Anielle mostra um avanço não só para nós, negras, mas para a sociedade como um todo. Como defendeu Angela Davis, filósofa norte-americana, “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura se movimenta com ela” e Anielle, protagonista em seu ativismo pelos direitos humanos, na literatura, na comunicação social, e agora enquanto ministra da Igualdade Racial, é mais uma entre tantas provas concretas do que defendeu Davis!
Desde o brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em março de 2018 (RJ), Anielle tem sido uma voz poderosa na luta por justiça e tem tra-
FOTOGRAFIA Giorgia Prates balhado incansavelmente para manter vivo o legado de Marielle, cuja trajetória política inspirou mulheres de todas as classes, lugares e grupos étnicos, mas sobretudo aquelas que, como eu: negra, LBT e periférica, não se reconheciam nos espaços de decisões.
E como a sociedade ganha quando isso acontece? Explico: quando mulheres negras estão em espaços decisivos, novas perspectivas são postas à mesa de discussão e as políticas e ações são mais inclusivas, promovendo mudanças para parcelas negligenciadas e que, por consequência, levam desvantagem frente a outros grupos.
Quem não se lembra da frase: “É difícil trazer mulheres negras para Brasília”, declaração da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), para justificar a ausência de diversidade racial em sua equipe.
Na sequência do episódio, foi Anielle quem criou um banco de talentos com mulheres negras tecnicamente capacitadas e dispostas a atuarem no Ministério
Expediente
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 em questão. E é sobre isso: em um país onde metade da população é negra, quando não se governa para todas as pessoas o que resta é, deliberadamente, a vontade de exclusão.
O gesto de Anielle foi, na verdade, um enfrentamento educativo aos estereótipos e ao racismo manifestados por Tebet e enraizados na cultura de todo um povo. E esse gesto nos diz muito porque ele considera o que está sendo excluído e não desconsidera o que exclui, mostrando que existem caminhos quando se olha para todas as pessoas com integridade. Se esses grupos ganharem, ninguém sai perdendo. Compreende a lógica?
Juntas, nós podemos ter um Brasil mais igualitário, em que as violências e opressões não tenham mais espaço para operar. Por isso, como disse Marielle “eu sou, porque nós somos”. É chegada a hora da mudança e sempre estivemos prontas para promovê-la!
Leia o artigo na íntegra em brasildefatopr.com.br
O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná . Esta é a edição 291 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Giorgia Prates e Paula Cozero ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS @brasildefatopr
Jornalista inicia campanha para lançar primeiro romance
“Fica tudo guardado nas minhas palavras. Naquelas que calo e em outras que deixo de dizer. Nem ouso repetir. Nunca um silêncio gritou mais alto e nem mais humanamente doce. Só ela se reconhece nesse espelho de olhar distante, que clama por um abraço.”
Essas palavras que saltam da página e encontram nossa razão, nossos medos e temores, deparam-se com a necessidade de reagir - ou não - e pertencem ao poema “Sobre fugas e encontros”, da jornalista ea Tavares. Ela pretende lançar seu primeiro livro a partir de nanciamento coletivo. ea está em busca de R$ 13 mil que possam viabilizar a publicação da obra via Editora Engenho das Letras. E seu sonho também é o nosso. Pro ssional ligada a movimentos sociais, feminismo, agricultura familiar e agroecologia, a autora nos oferece um outro cantinho do seu íntimo. Aquele que a gente planta às vezes escondido, às vezes querendo colher e acolher.
“Se alguém encontrar aqui uma única palavra que toque seu coração e faça todo sentido, será uma semente lançada para o encontro da unidade na multiplicidade”, diz ea.
1.820 dias. Quem mandou matar Marielle? E por quê?
Escreveu em seu Twitter, no 8 de Março, a escritora e jornalista Eliane Brum, em questionamento que faz praticamente todos os dias em suas redes sociais. A pergunta não quer calar e segue sem resposta...
Notas Bdf
Por Frédi Vasconcelos
8M sob nova direção Contrabando
O primeiro Dia das Mulheres do novo governo federal foi marcado por medidas concretas. Com a presença do presidente Lula foram anunciadas medidas como distribuição gratuita de absorventes, retomada de 1.189 obras de creches que estavam paralisadas pelo país, proposta de equidade salarial entre homens e mulheres e ratificação da Convenção 190 da OIT, contra violência e o assédio moral e sexual no trabalho.
Machismo e violência
Em seu discurso, Lula destacou: “Houve tempo em que o 8 de março era comemorado com distribuição de ores para as mulheres, enquanto os outros 364 dias do ano eram marcados pela discriminação, o machismo e a violência. Hoje, nós estamos aqui comemorando o 8 de março com o respeito que as mulheres exigem.” Entre os presentes ao ato destacavam-se ministras do atual governo e a ex-presidenta Dilma Rousse (PT).
Tudo joia aí?
Além das joias retidas, Bolsonaro recebeu outro pacote, com peças de uma joalheria caríssima, com relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário islâmico. Tudo entrou no País sem ser declarado à Receita, o que configura contrabando, pois as peças são avaliadas em centenas de milhares de reais, quando só podem entrar sem pagar impostos produtos de até mil dólares, pouco mais de R$ 5 mil. A coisa fica pior, pois o próprio presidente confessou que está com os objetos em entrevista à TV CNN Brasil.
O que são medidas protetivas?
Cerca de 33% das mulheres brasileiras com mais de 16 anos já vivenciaram violência física e/ou sexual por parte de parceiro ou ex-parceiro. E a violência contra a mulher cresceu em 2022, segundo pesquisa do Datafolha.
Instrumento importante que a Lei Maria da Penha dispõe para proteção da mulher violentada/ ameaçada é a medida protetiva. Quando ela faz denúncia na Casa da Mulher Brasileira ou na delegacia, pode pedir proteção para que que segura durante o processo. Isso envolve, por exemplo, o afastamento do agressor do lar, proibição de aproximação da vítima e seus familiares, suspensão de posse de armas e de visitas a dependentes.
A Patrulha Maria da Penha, que atende no 153, serve para acompanhar quem está com medida protetiva vigente e funciona nos maiores municípios paranaenses.
Mas a efetividade da medida protetiva depende da qualidade do serviço público. Por isso, é preciso cobrar a ampliação da Patrulha no estado, e que servidores públicos da rede de atendimento tenham formação para lidar com a violência contra a mulher.
O escândalo da tentativa de Bolsonaro de ficar com joias de cerca R$ 16 milhões mandadas pelo governo da Arábia Saudita não para de ter novos capítulos. Na quarta, 8, o canal GloboNews mostrou imagens de um militar indo ao posto da Receita no Aeroporto de Guarulhos para tentar retirar as joias. Não conseguiu porque não tinha documentação necessária, mas tentou pressionar o funcionário com telefonemas do ajudante de ordem de Bolsonaro e do chefe da Receita Federal.
Vale ainda lembrar: o 180 recebe denúncias da vítima e de testemunhas e, em caso de emergência, deve-se ligar para o 190.