Brasil de Fato RJ - 132

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“A regra do jogo” amarga baixa audiência Colunista aborda a crise vivida pelas novelas brasileiras

RIO DE JANEIRO

5 a 8 de novembro de 2015

Entrevista | pág. 4

Mulheres negras marcham contra o preconceito

EBC Memória

Divulgação / TV Globo

Cultura | pág. 9

Leia entrevista com organizadora do ato que será realizado em Brasília distribuição gratuita

Ano 3 | edição 132

Conta de Luz vai aumentar no RJ

Se a população do Rio de Janeiro tem achado caras suas últimas contas de luz, uma notícia certamente não será bem recebida. A Light solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)

um aumento de 22,83% nas tarifas. Pelo pedido, o novo valor será cobrado a partir do próximo sábado (7). A solicitação será analisada ainda esta semana. Cidades l pág. 5

Lula Marques

ESCRACHO O deputado Eduardo Cunha (PMDB) foi surpreendido ao ser banhado com dólares de mentira que traziam o seu rosto na cédula. A ação, que ocorreu em entrevista coletiva em Brasília, foi realizada pelo Levante Popular da Opinião l pág. 2 Juventude.

ESPECIAL Dez anos da vitória popular sobre a Alca

Plebiscito teve papel decisivo para barrar proposta dos EUA


2 | Opinião

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013 O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintasfeiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. CONSELHO EDITORIAL: Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) EDIÇÃO: Vivian Virissimo (MTb 13.344) SUB-EDIÇÃO: André Vieira e Fania Rodrigues REPORTAGEM: Bruno Porpetta e Pedro Rafael Vilela REVISÃO: Sheila Jacob COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago FOTÓGRAFO: Stefano Figalo ESTAGIÁRIO: Victor Ohana ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares

Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

EDITORIAL

Empurra o Cunha que ele cai! Nesta semana, cerca de 400 jovens fizeram um “escracho” na casa oficial de Eduardo Cunha, em Brasília. O escracho é uma forma de denunciar pessoas envolvidas em injustiças contra o povo, como os torturadores da ditadura militar e, agora, os corruptos do Congresso Nacional. Já na semana passada, milhares de mulheres saíram às ruas para denunciar os abusos cometidos por Cunha contra seus direitos. A cada semana, um novo setor da população aparece para mostrar indignação e pedir a saída de Cunha da presidência da Câmara. E, pelo que parece, a vontade popular, dessa vez, está próxima de ser realizada. Nesta terça (3) foi aberto processo que vai discutir a cassação do presidente da Câmara. BANCADA BBB Cunha diz que não cai de jeito nenhum. Confia nos seus aliados, a famosa bancada “BBB” - da bala, da bíblia e do boi. São setores que defendem o que há de mais atrasado e que conseguem se eleger por terem muito dinheiro para investir nas suas campanhas. Não é à toa que o próprio Cunha aprovou com pressa o financiamento privado de campanha. Foi para garantir os interesses dos seus alia-

A cada semana, um novo setor da população aparece para mostrar sua indignação e pedir a saída de Cunha dos, em uma das muitas trocas de favores que explicam como se mantém no cargo, mesmo sob pesadas denúncias de corrupção. Pois bem, além da queda

PREVISÃO DO TEMPO

(21) 4062 7105

redacaorj@brasildefato.com.br

Quinta-feira, 5 de novembro, Rio de Janeiro, Brasil

de Cunha, o que mais exige a juventude que o denunciou na porta de sua casa na segunda-feira? CONSTITUINTE EXCLUSIVA Reconhecendo que o problema é muito maior, que é o sistema político inteiro que está corrompido, os jovens afirmam que é preciso uma mudança profunda nesse sistema. E hoje, o melhor mecanismo para fazer essa mudança é uma Cons-

26

ºC|F

Tempestades com raios isoladas

tituinte Exclusiva. Um processo de mudança que envolva os principais setores do povo brasileiro, como a juventude, as mulheres, as negras e negros, e toda população que hoje não tem a chance de ver seus direitos representados pelo atual congresso. Por isso, o povo está indo para as ruas dar o empurrãozinho que falta para derrubar de vez o homem que representa o que há de pior no política brasileira hoje.


Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

FRASE DA SEMANA

mandou Reprodução

“A mulher está sendo violentada de todos os jeitos”,

Divulgação

bem

disse a cantora Elza Soares, em entrevista ao jornal espanhol El País.

Após sofrer ofensas racistas pelas redes sociais, a atriz Taís Araújo denunciou e respondeu: “Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça”.

mandou

mal

Divulgação

Falta investimento na educação da Baixada Segundo dados do Ministério da Educação sobre a alfabetização, as escolas da Baixada Fluminense estão entre as piores do estado. Entre as dez piores cidades do Rio, oito estão na Baixada. Isso porque as escolas recebem a menor quantidade de recursos e a região conta com alguns dos pio-

res indicadores sociais. A renda de um morador de Niterói é, em média, cinco vezes maior que a de Japeri. Os abismos sociais também contribuem para o baixo desenvolvimento educacional. De cada cem crianças de Japeri, 45 chegaram ao fim do 3º ano do en-

sino fundamental só lendo palavras soltas, sem entender uma frase inteira.

Geral | 3

SINDICAL por Claudia Santiago

Greve dos Correios A unidade dos Correios do Largo do Machado, n. 35, está paralisada desde o dia 20 de outubro. São mais de 70 mil correspondências não entregues por dia. O motivo da greve é a sobrecarga de trabalho. Os Correios não atenderam nenhuma das reivindicações da categoria feitas há mais de um ano. Essa semana a direção do Sindicato fez nova assembleia com os trabalhadores e já acionou o departamento jurídico da entidade para orientar a categoria.

Trabalhadores da construção recebem aumento

Divulgação Tomaz Silva / Agência Brasil

Na internet, o comediante Danilo Gentili fez piada sobre a violência contra a mulher e ainda xingou uma fã, após ela comentar que não gostou da publicação.

LITERATURA As comunidades da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme, estão em festa. Entre os DIAS 3 e 8 de novembro acontece a Festa Literária das Periferias, a maior do país voltada para as comunidades. A entrada é gratuita.

Os trabalhadores da construção, do setor do atacado, receberam ajuste de 10,88% nos salários, acima da inflação medida pelo INPC, que esse ano ficou em 9,8%. O aumento é o resultado da negociação entre o Sindicato dos Comerciários e o Sindicato do Comércio Atacadista de Materiais de Construção do Rio (Sincomac).


4 | Entrevista

Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

Mulheres Negras organizam marcha nacional Fotos Divulgação

“Contra o racismo, a violência e pelo bem viver” será o lema da caminhada Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ) As mulheres negras representam cerca de 25% da população brasileira. São 49 milhões de brasileiras que fazem parte do grupo social com as piores condições econômicas do país. Para discutir essas questões, está sendo organizada a primeira Marcha das Mulheres Negras do Brasil, que será realizada no dia 18 de novembro, em Brasília. Confira entrevista com Ana Gomes, coordenadora do Fórum de Mulheres Negras. Brasil de Fato - Como surgiu a Marcha das Mulheres Negras e qual a finalidade? Ana Gomes - Embora a mulher negra participe de outros espaços de luta, percebemos que nossas demandas não são levadas em consideração. Queremos dar visibilidade a todas as nossas reivindicações. Queremos políticas concretas para dar poder às mulheres no sentido econômico, político, social, cultural e religioso. Brasil de Fato - Como está a mobilização e o que está previsto na programação? Além da marcha no dia 18 de novembro, teremos uma feira de artesanato entre os dias 17 e 19. Também teremos um seminário pré-marcha e uma mesa sobre empreendedorismo. No Rio, estamos organizando uma roda de samba no dia 8 de novembro, às 15h, na quadra da Vila Isabel, para levantar recursos para a viagem a Brasília. Brasil de Fato - Na luta a mulher negra fica prejudi-

Queremos que essa marcha também seja um resgate histórico Coordenadora do Fórum de Mulheres Negras, Ana Gomes

cada devido à sua condição social e a falta de tempo? Essa é nossa realidade. Muitas de nós somos empregadas domésticas, trabalhamos como diaristas, autônomas e isso causa uma série de dificuldades. Elas não podem enfrentar uma viagem de três dias de ônibus e ficar tanto tempo sem trabalhar, sem garantir o ganha-pão da semana. Mesmo assim, nosso objetivo é reunir entre 20 e 30 mil mulheres de todo o Brasil. Brasil de Fato - Essa situação econômica da mulher negra é uma das mais sérias. A mulher negra sempre trabalhou. Quando chegamos nesse país chegamos como trabalhadoras, que tiveram direitos negados. Ainda somos a ba-

se da pirâmide social, ganhamos menos que todos os outros grupos sociais. Brasil de Fato - Que outros problemas isso acarreta? O baixo poder econômico faz com que a mulher negra tenha dificuldades no acesso à educação e à saúde, por exemplo. Estamos falando de racismo institucional. O grosso da comunidade negra não foi atingido pelo salto econômico que o Brasil viveu antes da crise. Brasil de Fato – Brasília anda um pouco tensa. Qual o recado que vocês querem passar? Vamos entregar um documento à presidente Dilma com nossas reflexões sobre o tema da marcha: “Contra

o racismo, contra a violência e pelo bem viver”. A mulher negra será a protagonista e vamos dizer o que pensamos. Sobre o atual momento do país, vamos lutar para garantir o estado democrático de direito, pois observamos que ele tem sido fragilizado. Brasil de Fato – Semana passada a atriz Taís Araújo sofreu ataques racistas na internet. Como analisa esses ataques? É mentira que a gente vive em uma democracia racial. Os negros convivem em harmonia desde que “saibam seu lugar”. A gente continua ouvindo insultos em restaurantes e na rua. A Taís Araújo agiu corretamente, tem que denunciar. Injúria racial é crime.


Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

Cidades | 5

Preço da luz no Rio deve subir novamente Segundo aumento no ano, novas tarifas devem entrar em vigor ainda este mês André Vieira do Rio de Janeiro (RJ) Se a população do Rio de Janeiro tem achado caras suas últimas contas de luz, uma notícia certamente não será bem recebida. A Light, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica da capital e em algumas cidades do interior do estado, solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um aumento de 22,83% nas tarifas cobradas ao consumidor. Pelo pedido, o novo valor será cobrado a partir do próximo sábado (7). A solicitação será analisada ainda esta semana pela Aneel. Para os que estão acostumados com o aumento anual, o reajuste pode pesar ainda mais no bolso. Será a segunda vez em 2015 que a Aneel anuncia aumento nas contas de luz para os clientes da Light. Isso quer dizer que o consumidor que começou o ano pagando 100 reais de energia, passou para R$ 122,50 em março e pagará aproximadamente R$ 150 de luz no mês de novembro. IMPACTO Pedro Grapiuna, de 59 anos, transforma ferros em obras de arte. Morador de Santa Teresa, ele divide sua casa com um ateliê para realizar seu ofício. Com o aumento do preço da energia, ele te-

Stefano Figalo / Brasil de Fato

me ter que reduzir sua produção. “É sempre surpresa o valor da conta. O aumento complica demais e pode reduzir até o trabalho. Às vezes tenho que recusar o trabalho, pois vamos pagar caro na energia e tem trabalhos que não compensam por isso”, critica. O artista cobra do poder público uma solução alternativa, já que os novos valores pesarão no bolso da população com menos dinheiro. “A população só recebe o impacto e tem que pagar pela crise. Tem muitos desperdícios por aí que eles cobram da população, isso não está certo. Só repassar o custo é fácil”, contesta.

Pelo pedido, o novo valor será cobrado a partir do próximo sábado (7) MORRO DA COROA A elevação nas tarifas vai alterar a rotina das família mais pobres, obrigando uma redistribuição de recursos nas compras do mês. “Um segundo aumento no ano é uma coisa fora do normal. O dinheiro que vamos pagar a mais de energia vai sair da alimentação. Vamos ter que deixar de pagar determinadas questões para pagar a luz”, reclama Josélia Vieira, de 58 anos, moradora do Morro da Coroa, em Santa Teresa. Marta Jorge, de 60 anos, mora há mais de 40 anos na Coroa. Além da preocupação com uma nova tarifa a

Aumento da tarifa vai impactar o trabalho do artesão Pedro Grapiuna Stefano Figalo / Brasil de Fato

Marta Jorge criticou o segundo aumento anual da Light

partir deste mês, outro aumento tem tirado o sono da trabalhadora. Segundo ela, ao ter um novo relógio instalado pela Light no mês de setembro, sua conta de luz

subiu consideravelmente. “Quando eles colocaram esse relógio novo, a conta veio R$ 495. Quando liga para resolver ou vai até lá, é um péssimo atendimento”, revela.

Em sua casa, dois ventiladores, uma televisão e uma geladeira são os aparelhos que consomem energia. Ainda de acordo com Marta, esse é um problema que tem atingido outros moradores da comunidade. Eles também estão enfrentando dificuldade para esclarecer os valores com a empresa de luz. RESPOSTAS DA EMPRESA Em nota, a Light informou que o consumidor que quiser esclarecimentos deve buscar a companhia de luz através do telefone 0800 282 0129, por meio do site www.light. com.br ou comparecer a uma das agências da empresa. Sobre a solicitação à Aneel, a Light informou que se trata de aumento anual que acontece sempre em novembro.


6 | Cidades

Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015 Fotos Vladimir Platonow / Agência Brasil

Greve dos professores em 2014 já foi duramente reprimida

Lei antiterrorismo pode criminalizar movimentos sociais Movimentos temem que essa lei seja usada para impedir ou reprimir os protestos de rua Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ) O Senado aprovou, na semana passada, a lei antiterrorismo, que estabelece pena máxima de 24 anos, em regime fechado, para quem atentar contra pessoa, mediante violência ou grave ameaça, motivado pelo extremismo político, intolerância religiosa ou preconceito racial, étnico, de gênero ou xenófobo, com o objetivo de provocar pânico generalizado. Porém, o texto que foi enviado ao Senado fazia uma ressalva. A lei não poderia ser aplicada à “conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou

categoria profissional”. Mas, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) retirou o parágrafo e acrescentou a expressão “extremismo político” na tipificação de ato terrorista. Esse é o ponto de discórdia. Os partidos de esquerda, assim como os movimentos sociais, temem que essa lei seja usada para impedir ou criminalizar os protestos de rua, classificando os manifestantes como terroristas. A lei agora volta para a Câmara de Deputados, onde será votada novamente. É possível que o texto original seja aprovado na Câmara. “A aprovação dessa lei é um retrocesso para os movimentos sociais. Não podemos aceitar nenhum recuo na nossa liberdade de protesto. Não aceitaremos nenhum passo atrás na democracia e no direito do trabalhador de manifestar quando se sentir prejudicado”, afirmou o petroleiro Emanuel Cancella, coordenador do Sindipetro-RJ. “A gente tem que protestar, como

fizeram as mulheres no Rio contra o deputado Eduardo Cunha, senão eles nos atropelam”, completa o sindicalista. A professora Dorotéa Frota Santana, coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ), também fez críti-

Não podemos aceitar nenhum recuo na nossa liberdade de protesto Emanuel Cancella, do Sindipetro-RJ cas ao projeto de lei. “Essa lei abre espaço para as perseguições, algo que já sofremos no Rio de Janeiro, tanto no âmbito municipal, quanto estadual. Esse tipo de iniciativa é muito perigosa. Com isso poderiam enquadrar manifes-

tantes em acusações e penas absurdas”, destacou. Segundo a sindicalista, os principais prejudicados serão os movimentos sociais, mas garante que eles não vão aceitar calados esses ataques. “A gente vai tentar combater e resistir. Sabemos que não vai ser fácil, mas nunca foi. Estamos acostumados a lutar”, disse a professora. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que teve muitos membros presos por protestar contra o sistema, vê com preocupação a aprovação dessa lei. “Essa lei fere os princípios democráticos de direito. Ela vai limitar ainda mais a liberdade de expressão e de manifestação no Brasil, em especial para os pobres, negros e movimentos populares organizados em todo o país”, afirmou a integrante da coordenação Nacional do MST, Marina dos Santos. Se aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto segue para a presidenta Dilma, que pode sancionar ou vetar a lei.

Movimentos sociais repudiam nova lei Pesquisadores de diferentes universidades e movimentos sociais do Rio de Janeiro realizam, na quinta-feira (5), um evento de repúdio à lei antiterrorismo (PLC 101/2015), que tramita atualmente no Congresso Nacional. Será realizada uma mesa de debate, no salão nobre da Faculdade de Direito da UERJ, com a participação dos advogados Nilo Batista e Nadine Borges (UFRJ), além de membros do Instituto de Defesa de Direitos Humanos (DDH) e do Centro de Assessoria Jurídica Popular (CAJP) Mariana Crioula.


suplemento especial

novembro de 2015

américa latina: dez anos da vitória popular sobre a alca O que era a proposta da ALCA? A ALCA – Área de Livre Comércio das Américas proposta oficialmente pelos EUA em 1994, durante a 1ª. Cúpula da Américas, realizada em Miami, tinha como objetivo “integrar” social, política, militar e economicamente o hemisfério. Ao implantar a ALCA eles visavam: 1. No aspecto político – Consolidar a influência norte-americana sobre os estados da região, garantindo seu apoio na disputa com outras potências, como Rússia, União Europeia e China. 2. No aspecto jurídico – Adaptar as leis de cada nação de forma a estabelecer vínculos de dependência, impedindo, principalmente, a mudança nos mecanismos de endividamento externo, das políticas econômicas, bem como a criação de políticas que limitassem o fluxo de capitais.

3. No aspecto militar – Colocar o continente sob “proteção” militar dos EUA, impossibilitando o desenvolvimento de tecnologia própria dos países, promovendo a diminuição de armamentos convencionais e reduzindo o papel das forças armadas ao de guardiã da ordem interna, transformando-as em forças policiais. 4. No aspecto econômico – Estabelecer um território com livre circulação de bens, serviços e capitais, porém sem livre circulação de mão-de-obra, em especial a menos qualificada. Além disto, a área adotaria uma moeda única, o dólar. 5. No aspecto ideológico – Fomentar grupos locais de difusão do modo de vida americano. Garantindo canais de comunicação: cinema, televisão e mídia em geral, institutos de língua, intercambio para estudantes e programas de bolsas de pós-graduação.

De forma resumida, afirmávamos que a ALCA traria consigo: a) Perda de soberania nacional; b) Redução dos direitos trabalhistas; c) Privatização dos serviços públicos; d) Destruição do meio-ambiente, com a super exploração das matérias primas e recursos naturais; e) Importação de sementes e maior limitação do acesso à terra; f) Reforço dos monopólios privados g) Invasão territorial e cultural e; h) Mais violência social. Diante desta enorme ameaça os povos do continente se uniram para resistir e impedir a implementação do acordo, que só interessava aos capitalistas e suas empresas.


2 | suplemento especial

Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

Um período de intensa mobilização popular e a derrota da ALCA em nosso continente Debatida na 2ª. cúpula do povos realizada em 2001, em Quebec, no Canadá e estruturada a partir do I Encontro Hemisférico realizado em Cuba, a exatos 14 anos, a estratégia da então lançada Campanha Continental contra a ALCA estava centrada, na criação de um forte movimento de massas, enraizado nas bases, com ampla diversidade social e política, para combater a implantação da área de livre comércio e para contribuir com a construção de novas relações entre os povos e nações de nossa região, baseadas na igualdade, no respeito e na solidariedade. A primeira ação de massas da campanha no Continente foi realizada em Porto Alegre, durante a abertura do II Fórum Social Mundial, sob a insígnia “Sim à Vida! Não à ALCA! Outra América é Possível!” e contou com a participação de mais de 50 mil pessoas. Depois desta vieram muitas outras: Miami – onde os manifestantes foram recebidos com um forte

aparato policial, balas de borracha, cercas de aço, detenções, ao custo 8,5 milhões de dólares –, Quito, Cancún, Buenos Aires. Podemos incluir no bojo deste processo a resistência do povo venezuelano que impediu a tentativa de golpe e derrubada do presidente Chaves. Bem como, as eleições dos diversos governos progressistas que ocorreram em nossa região.

A mobilização popular no Brasil e o papel decisivo do Plebiscito Contra a ALCA A campanha brasileira Contra a ALCA surgiu em 2001 com grandes objetivos: barrar a ALCA, defender a soberania nacional e construir outra integração. Isso não seria possível sem mobilizar a sociedade. Para dar conta do desafio, inspirada pelo método usado durante o Plebiscito Nacional sobre a Dívida, realizou o Plebiscito Popular sobre a ALCA. Este processo, que contou com a participação de sindicatos, pastorais sociais, movimentos populares e ativistas, organizou um muti-

rão de esclarecimento e de formação política. Foram feitos atos, plenárias, cursos e muitas reuniões para discutir a proposta dos EUA. Identificamos os prejuízos que a ALCA traria para nós e colocamos na rua um assunto muito importante. Driblando a blindagem dos grandes meios de comunicação, falamos sobre acordos comerciais, dívida pública, privatizações, de forma didática e envolvente. O plebiscito aconteceu de 01 a 07 de setembro de 2002 e recolheu a opinião de mais de 10 milhões de brasileiros. 98% disseram um sonoro NÃO à ALCA e 99% disseram não à cessão da Base de Alcântara. Além disso, podemos afirmar que a força aglutinada no Plebiscito influenciou nas eleições presidenciais de 2002. A partir de 2003, juntamos mais de 3 milhões de assinaturas reivindicando um plebiscito oficial, monitomos de perto as negociações do governo recém eleito, realizamos novos atos e formações até o “enterro” do projeto, em Mar Del Plata, em 2005.

Além das ações de rua foi desenvolvido, em todos os países americanos, um intenso processo de formação e informação, foram realizados encontros, debates, plebiscitos populares. No Brasil foram mais de 10 milhões de participantes, na Argentina mais de 2,5 milhões. Todo esta pressão e mobilização popular culminou com o a derrota da ALCA em 05 de novembro, de 2005, durante a IV Cumbre das Américas em Mar del Plata. Durante ela os governos da Venezuela, de forma precursora, Brasil, Argentina e Uruguai saíram conjuntamente das negociações. Na cúpula dos povos que acontecia em paralelo ao encontro dos países, Hugo Chávez sentenciou, diante de mais 30 mil irmãos e irmãs latino-americanos “cada um de nós aqui trouxe uma pá, uma pá de coveiro, pois aqui em Mar del Plata está a tumba da ALCA (...) nós, os povos da américa enterramos a ALCA”.

A base de Alcântara e a soberania brasileira

Em 1982 o governo brasileiro criou o Centro de Lançamentos de Alcântara. A Base de Alcântara, como é conhecida, localiza-se próxima à linha do Equador, algo que pode reduzir os custos de lançamentos em até 30%, o que tem atraído o interesse internacional. Em 2000, o governo FHC assinou um acordo com os EUA para cessão da Base. Os EUA controlariam a área e as autoridades brasileiras não poderiam nem monitorará-la. Na prática, seria um território americano e atenderia a seus propósitos, não apenas restritos ao lançamento de foguetes, mas principalmente vinculados ao controle do território amazônico, sua biodiversidade e fontes de água potável. Pela Constituição, qualquer acordo internacional deve ser aprovado pelo Congresso. A mobilização contra a ALCA e a resistência das comunidades quilombolas em Alcântara, conseguiram suspender a votação que estava em curso na Câmara. A base foi cedida a Ucrânia, mas o acordo foi rompido em abril de 2015.


suplemento especial | 3

Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

quais os nossos desafios atuais após 10 anos da vitoria popular sobre a alca? Na maior parte da década de 1990, a implementação da Alca era dada como “jogo jogado”, só restando aos governos e às elites latino-americanas negociar os detalhes. A Alca aparecia então como a joia da coroa. Seria a realização do plano imperialista de colonizar a região através do controle econômico, com as soberanias nacionais sendo entregues em bandejas de prata por governos subservientes. As coisas começam a tomar novos rumos por diversos fatores. O México, que fez uma espécie de Alca bilateral com os EUA (o Nafta) depois disso enfrentou grave convulsão social. Com a economia desnacionalizada, aquele país assistiu a um aumento sem precedentes da miséria e da violência. De repente o México, que era modelo do que se devia fazer, foi gradativamente sumindo dos noticiários. Em 1998 é eleito presidente da Venezuela Hugo Chaves Frias,

opositor aberto da globalização neoliberal e defensor da integração latino-americana. O plano imperialista gorou de vez por três motivos: 1. Os empresários dos EUA não se mostraram dispostos a abrir mão das barreiras protecionistas contra produtos do agronegócio e da indústria da América do Sul, o que esfriou o entusiasmo da grande burguesia do Brasil e da Argentina com a integração hemisférica; 2. A mobilização popular contra a Alca em escala continental, que teve como ponto alto o plebiscito realizado no Brasil, com mais de 10 milhões de participantes; 3. A formação de um campo de governos progressistas, com destaque para os do Brasil, Venezuela e Argentina. Estes governos impulsionaram a ampliação do Mercosul, a criação de mecanismos multilaterais

como a Celac, a Unasul e a Alba, mitigando o alcance das iniciativas imperialistas na região. Mas derrotados no embate principal, os estrategistas de Washington não desistiram e, desde então, tentam implantar a Alca “comendo pelas beiradas”. Ou seja: tratam de seduzir as elites e os governos sul-americanos para que assinem “tratados bilaterais de comércio” com os EUA, em termos idênticos aos da Alca. Chile, Peru e Colômbia já caíram na conversa, somando-se ao México (amarrado à Área de Livre Comércio da América do Norte) e à América Central, coagida a assinar um acordo regional na mesma linha. Agora, numa situação em que os governos progressistas do Brasil e da Venezuela enfrentam sérias dificuldades, o imperialismo retoma a ofensiva. Enfraquecidos nossos Estados nacionais pelas crises econômicas, as empresas multinacionais sediadas aqui e os capitais nacionais aumentam a pressão. As multinacionais porque suas sedes centrais estão lá; os empresários brasileiros (e latino-americanos) porque têm vocação para súditos neocoloniais. A derrota da Alca foi uma batalha decisiva para nossa região, mas ainda está longe de terminar pois o imperialismo continua com suas ameaças visando sacrificar a soberania e a possibilidade de desenvolvimento econômico e social dos países da “pátria grande”.

brasil sem alca méxico com nafta Brasil

População

205 milhões

México

122 milhões

Crescimento da economia nos últimos 11 anos Brasil

México

45,44%

30,71%

Participação dos salários na renda Brasil

México

45%

29%

Empregos criados nos últimos 11 anos Brasil

México

16 milhões

3,5 milhões

Número de pessoas em estado de pobreza absoluta Brasil

México

15,9% da população

51,3% da população

Investimentos estrangeiros diretos Brasil

México

Aumentou de US$ 16,6 milhões em 2002 para US$ 70 bilhões em 2012

Diminuiu de US$ 24 bilhões em 2002 para US$ 15,5 bilhões em 2012


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uma outra integração é possivel Após o enterro da ALCA a integração regional proposta pelos governos não alinhados com Washington colocava as tarefas de construir um polo político para intervir no cenário internacional e um espaço econômico que tornasse a região em polo emergente. Assim avançava a iniciativa liderada por Venezuela e Cuba denominada Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), que propõe uma integração de caráter popular, para além dos governos e acordos comerciais, sob os princípios da solidariedade e cooperação. Também se somaram Bolívia, Equador, Nicarágua e países do Caribe. Um exemplo dessa integração é a ida de professores cubanos à Venezuela, que em poucos anos acabaram com o analfabetismo neste país, e em troca, a Venezuela fornece Petróleo a Cuba. Também se esboçaram outras respostas: a União de Nações da América do Sul (UNA-

SUL) e a CELAC (Comunidade de Estados da América Latina e o Caribe), que somados à ampliação do MERCOSUL esvaziaram cada vez mais a OEA, esta que foi durante muito tempo instrumento servil aos interesses dos EUA. Uma consequência disso é que a política de isolar Cuba mostrou-se fracassada e os EUA foram obrigados a rever sua posição, reabrindo relações diplomáticas com Cuba em 2014.

Frente a atual crise econômica mundial os desafios só aumentam, pois as economias latino-americanas ainda não superaram sua dependência do mercado mundial capitalista e do capital financeiro. Por isso, recordamos que os movimentos populares que impulsionaram a Campanha contra a ALCA tinham clareza de que não era suficiente derrotar essa negociação, era necessário atacar os alicerces da globalização neoliberal e do imperialismo norte-americano na região: derrotar a ditadura do capital financeiro internacional; reverter a apropriação da agricultura pelas transnacionais; impulsionar a economia popular solidária frente à economia dos monopólios; superar o consumismo e apontar novos padrões de vida ambientalmente sustentáveis; fazer da nossa região um espaço de paz sem bases militares norte-americanas; dentre tantos outros. *Colaboração de Gustavo Codas, economista, assessor da Fundação Perseu Abramo.

a jornada continental de luta anti-imperialista Para comemorar a vitória popular sobre a ALCA e pautar a atualidade da luta anti-imperialista, a Articulação dos Movimentos Sociais da ALBA convoca esta Jornada Continental de Lutas, com mobilizações e debates em mais de vinte países do Continente Americano. É necessário e urgente que os movimentos populares se reencontrem com o mesmo espírito de luta e unidade presente na Campanha contra a ALCA, que permitiu a superação de desafios continentais, para assim debater e propor ações concretas. Algumas das bandeiras de luta que levaremos às Ruas: - Solidariedade com o povo e o governo da Venezuela. - Pelo fim do bloqueio econômico a Cuba. - Pela retirada das tropas da Minustah do Haiti. - Pela Paz na Colômbia. - Contra os Tratados de Livre Comércio (TLCs) comandados pelos EUA e União Européia. - Em defesa da Democracia, contra as articulações golpistas em curso. Atividades no Brasil, dia 05 de Novembro: - São Paulo: Ato Público a partir das 15h, na Praça do Patriarca, Sé. - Belo Horizonte: Debate Público, a partir das 19h, na Faculdade de Direito da UFMG. Contato e mais informações: E-mail: jornadaderrotaalca@gmail.com | www.albamovimientos.org | www.facebook.com/albamov


Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

Secretário do Vaticano foi preso essa semana

Divulgação

Padre acusado pelo Vaticano tinha a confiança do Papa Francisco

O padre espanhol Lucio Angel Vallejo Balda e a funcionária italiana Francesca Chaouqui foram presos, no último final de semana, pela polícia do Vaticano. Eles são suspeitos de terem divulgado informação confidencial da Santa Sé a jornalistas. O padre Balda era secretário da comissão criada pelo Papa em 2013 para supervisionar a reorganização da cúria roma-

na. A comissão tinha sido extinta e Balda nomeado secretário da prefeitura para os assuntos econômicos da Santa Sé. A notícia da detenção surge três anos depois do escândalo Vatileaks. Sem dizer que os dois fatos estão ligados, o Vaticano divulgou um comunicado onde acusa os dois de se beneficiarem de uma “séria violação da confiança do Papa”. (ABr)

EBC Memória

EM FOCO

Conflito entre israelenses e palestinos se agrava no Oriente Médio

Egito: russos trabalham em local de acidente Um avião russo caiu no Egito na madrugada de sábado (31) e deixou mais de 200 mortos. Equipes russas de resgate de emergência continuam a busca no local da tragédia. As principais hipóteses das causas do acidente são falha mecânica da aeronave ou ter sido abatida pelo Estado Islâmico. A mulher do copiloto, Sergei Trukhachev, afirmou a uma emissora de TV russa que seu marido teria se queixado da condição do avião antes da decolagem. Segundo o órgão de segurança aéreo egípcio, o avião sofreu um problema na cauda em 2001, quando aterrissava no Cairo. (RussiaToday) Divulgação

Stephen Ryan / IFRC

CRISE HUMANITÁRIA Segundo dados da ONU, a cada 10 minutos nasce uma criança sem nacionalidade no mundo. Isso porque mulheres dão à luz enquanto realizam jornadas em busca de refúgio e acabam não fazendo o registro.

Mundo | 7

Conflito provocou 83 mortes em Gaza Um mês de violência entre Israel e Palestina já provocou a morte de 73 palestinos e 10 israelenses. Os esforços internacionais não têm conseguido frear a escalada de violência, a pior desde a guerra de Gaza, em 2014. No começo da semana, ações violentas no norte do território ocupado da Cisjordânia e nas cidades israelenses de

Rishón Letzión e Natania mostram que a paz está longe. O número de mortos e feridos não para de aumentar. No domingo (1), um palestino morreu, atingido por soldados israelenses na área de fronteira de Yalame, no extremo norte da Cisjordânia, segundo os militares. Outros dois casos deixaram quatro israelenses feridos, três deles com gravidade. (Abr)


8 | Brasil

Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

Mídia Ninja

Cunha é escrachado pela juventude em Brasília Protesto foi realizado pelo coletivo de jovens do MST e Levante Popular da Juventude de Brasília (DF) Cerca de 400 jovens realizaram um escracho em frente à casa do presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília. O ato aconteceu nesta segunda-feira (2). Investigado por corrupção, Cunha é acusado pelos jovens de ser o principal articulador da ofensiva conservadora contra a classe trabalhadora no país. “Lutamos contra essa bancada conservadora que está no Congresso e que não nos

A retirada de direitos do povo coordenada por Cunha é um retrocesso Janderson Barros, da juventude do MST representa. A retirada de direitos do povo coordenada por Cunha é um retrocesso”, afirma Janderson Bar-

FUP e FNP param por tempo indeterminado Petroleiros criticam venda de ativos da Petrobrás, corte de investimentos, entre outros do Rio de Janeiro (RJ) Os trabalhadores da Petrobrás filiados aos 12 sindicatos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) entraram em greve no último domingo (1), por tempo indeterminado. A paralisação, comunicada pela FUP na quinta-feira passada (29) ao Ministério Público do Trabalho (MPT), afeta todas as unidades da empresa e se soma ao movimento iniciado no último dia 24 pelos cinco sindicatos representados pela Federação Nacional

dos Petroleiros (FNP). De acordo com o presidente do Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (RJ) e diretor da FUP, Simão Zanardi Filho, a greve é contra a venda de ativos, corte de investimentos, interrupção de obras e retirada de direitos da categoria. “A greve foi decidida há mais de 45 dias. Porém, antes de iniciar o processo de greve, tentamos negociar com a Petrobrás, com o acionista majoritário, que é o governo federal, mas não tivemos sucesso em nosso pleito”, disse Simão. (ABr)

Cerca de 400 jovens pediram a saída de Cunha da presidência da Câmara

ros, do coletivo de juventude do MST. “Por isso, precisamos de uma reforma política para reestruturar a sociedade e a juventude tem um papel fundamental nesse processo”, defendeu. Cunha é proponente de projetos considerados machistas e homofóbicos, como o Projeto de Lei (PL) 1.672, de

2011, que institui o Dia do Orgulho Hétero, e o PL 5069/13, que proíbe o Sistema Único de Saúde (SUS) de oferecer às mulheres vítimas de estupro a pílula do dia seguinte e de prestar-lhes orientações sobre o direito ao aborto. De acordo com Laura Lyrio, da coordenação do Levante Popular da Juventude, o re-

trocesso contra os direitos do povo brasileiro deve ser barrado. “A juventude está na rua para defender que um outro projeto para o Brasil é possível. Não aceitaremos sem lutar projetos como o 5069, que é uma violência contra o corpo das mulheres, uma das muitas que o Estado comete”, afirma Laura.


Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

SUGE STÕE S:

AGENDA DA SEMANA

Cotidiano Radical

O quê: Evento organizado pelo coletivo Toca do Café, a Batalha do Federa ocupa a Praça do Federal com muito rap e outros elementos da cultura hip hop. Onde: Praça do Federal – Valverde, Nova Iguaçu. Quando: Quintafeira (5), às 19h. Quanto: 0800

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Martins Penna em cinco atos O quê: Exposição faz parte do projeto “Martins Penna – 200 anos de história”, uma homenagem ao dramaturgo, crítico de teatro e de ópera e compositor Martins Penna. Onde: Arte Sesc – Rua Marquês de Abrantes, 99, Flamengo. Quando: Ter a sex, das 10h às 19h; Sáb e dom, das 10h às 17h. Até 31/01/2016. Quanto: 0800

O quê: Os livros e a caligrafia são os destaques da mostra de Gabriela Irigoyen e Cláudio Gil, que fazem das obras verdadeiros poemas visuais. Onde: Centro Cultural Justiça Federal – Av. Rio Branco, 241, Centro. Quando: Ter a dom, 12h às 19h. Até 6/12. Quanto: 0800

Veias Divulgação

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Batalha do Federa

O quê: Exposição reúne múltiplas linguagens artísticas, que buscam radicalizar a percepção do público sobre a relação com objetos e rotinas. Onde: Caixa Cultural – Av. Almirante Barroso, 25, Centro. Quando: Terça a domingo, 10h às 21h. Até 20/12. Quanto: 0800 Divulgação

O quê: Inspirado pela obra Ilíada, de Homero, espetáculo procura refletir sobre as guerras e a ferocidade humana. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quando: De 5/11 a 21/12. De quarta a domingo, às 19h. Quanto: R$ 10 (R$ 5 meia).

Múltiplo de Dois

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Uma Ilíada

SEMPRE VI NOVELA | Joaquim Vela

to.com .br

O quê: A mostra apresenta 150 fotografias em preto e branco que revelam o olhar documental dos artistas, baseado em reflexões pessoais. Onde: Caixa Cultural – Av. Almirante Barroso, 25, Centro. Quando: Terça a domingo, 10h às 21h. Até 20/12. Quanto: 0800

Horário nobre em crise “A Regra do Jogo” já registra fracasso de audiência

A novela “A Regra do Jogo”, da TV Globo, ainda não conseguiu chegar perto da meta de 35 pontos de audiência estipulada. Não alcançou essa meta nem mesmo no 1º capítulo, que registrou o maior índice de audiência até o momento, de 31. Dados do site “Audiência da TV Mix” mostram que o folhetim atingiu a média geral de 25 pontos até a semana passada. Fracasso total, segundo as palavras do próprio site. Também pudera, 25 pontos é o nível esperado para novelas da faixa das 19h, tanto que “I Love Paraisópolis”, considerada um sucesso, tem média de 24 pontos a um mês de seu último capítulo. Alguns explicam que a crise no horário nobre se deve à repetição de um modelo atrasado de entretenimento, baseado em histórias cheias de “enche linguiça” e temas inverossímeis, que vão desestimulando o público. Outros dizem que há uma crise de criatividade dos autores, que acabam reproduzindo roteiros e personagens em seus diferentes trabalhos. Outros dizem que desde “Avenida Brasil”, o último megassucesso do horário,

Divulgação / TV Globo

age ndarj@brasildefa

Cultura | 9

exibido em 2012, nenhuma história conseguiu prender o interesse. Há também os que associam essa tal crise de audiência à popularização da TV paga e do Netflix. Seja qual for a razão, é perceptível que o que tem sido oferecido não está agradando ao público.

Alguns explicam que a crise no horário nobre se deve à repetição de um modelo atrasado CRISE DO MODELO Eu tendo a pensar que há sim um enjoo do modelo clássico de telenovelas. Não é à toa que “Os Dez Mandamentos”, da Rede Record, vem alcançando índices cada vez maiores. O mesmo site citado acima aponta uma média global de 15 pontos, quando a meta era de 13. Desde meados de julho não houve uma semana sequer em que o folhetim bíblico teve queda na audiência. Nas últimas semanas, chegou a 21 pontos. Será que o conteúdo histórico, religioso e leve é o que vem agradando ao público?



Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

Esportes | 11

“Estamos impedidos de fiscalizar as obras olímpicas” Vereador Leonel Brizola Neto (PSOL) também critica construção de Campo de Golfe em área de preservação ambiental EBC Memória

Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ) O Rio de Janeiro, desde a conquista do direito a sediar os Jogos Olímpicos do ano que vem, passa por diversas transformações. Todas essas mudanças estão acompanhadas de inúmeras denúncias de violações aos direitos humanos e trabalhistas. O vereador Leonel Brizola Neto (PSOL) fala sobre as alterações pelas quais a cidade está passando, sob a ótica de quem deveria fiscalizar tudo isso, mas é impedido pela obscura organização do evento. Brasil de Fato RJ – Como você tem visto a preparação da cidade para os Jogos Olímpicos? Leonel Brizola Neto - A Olimpíada parecia que tiraria o Rio e o país do subdesenvolvimento. Quando ela chega, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) dá uma entrevista afirmando categoricamente que arrumou a melhor desculpa do mundo para fazer o que quiser na cidade. Está havendo falta de transparência, falta do passo a passo das obras e do cronograma físico-financeiro. Como é dinheiro público, a gente tem o direito de saber. Inclusive esse é um projeto nosso aqui na Câmara. A Prefeitura deve ser obrigada a colocar nas praças públicas, junto às obras, o passo a passo delas. Brasil de Fato RJ – O que se esconde tanto? É a privatização dos espaços públicos e a mercantilização (venda) desses espaços e das

Divulgação

Paes construiu novo Campo de Golfe para atender aos seus doadores de campanha

Brizola Neto critica condução das obras olímpicas pela prefeitura

pessoas. Por exemplo: o prefeito Eduardo Paes destinou um terreno público, que também é uma área de preservação ambiental, a um dos maiores doadores da sua campanha para construção do Campo de Golfe. Isso é a privatização do espaço público. Aliás, o COI reconhece que o prefeito fez lobby para construção desse Campo de Golfe, já que a ci-

dade já tinha dois, um em Itanhangá e outro em São Conrado, que atendiam às exigências do Comitê Olímpico. Ele fez isso justamente para atender aos seus doadores de campanha. E aí tem mais um agravante: para ter aquele gramadinho do campo de golfe são usados agrotóxicos pesadíssimos que vão contaminar o lençol freático, a

água da lagoa e, por consequência, os animais que estão ali. A Olimpíada vem sob uma lógica da especulação imobiliária, de uma cidade segregada e de expulsão de pobres para áreas afastadas. Brasil de Fato – As obras olímpicas tiveram problemas de ordem trabalhista, área em que sua família historicamente está ligada à defesa de direitos. Estes são os Jogos do trabalho precário?

A partir do momento em que a gente aceita a terceirização de trabalhadores, o resultado é esse. Contrata-se uma empresa, ela terceiriza e faz trabalho escravo. Além de desumano, grave mesmo é a prefeitura aceitar e impedir os vereadores de fiscalizar. Nós estamos impedidos de fiscalizar as obras olímpicas, porque o CO-Rio 2016 diz que a gente não pode. Ou seja, perdemos o poder legislativo. Então para que serve um vereador na cidade do Rio de Janeiro hoje? A Câmara dos Vereadores hoje, nada mais é do que o despachante de luxo do Executivo. Brasil de Fato – Qual é o Rio que fica após os Jogos Olímpicos? O Rio dos empreiteiros, porque são esses os grandes financiadores do PMDB aqui no Rio de Janeiro.


12 | Esportes

Marcelo preocupa para Eliminatórias O lateral esquerdo Marcelo, do Real Madrid (ESP) e da seleção brasileira, saiu de campo ainda no primeiro tempo da partida contra o Paris SaintGermain (FRA) com uma lesão na perna esquerda e preocupa tanto o seu clube quanto a seleção. Ele se tornou dúvida para o clássico contra o Barcelona, que acontecerá no Santiago Bernabéu, dia 21 de novembro, e consequentemente para as duas partidas do Brasil pelas Eliminatórias da Copa de 2018, contra a Argentina, em Buenos Aires, e o Peru, em Salvador, nos dias 12 e 17 deste mês, respectivamente. (BP)

Treinador de Ronda vai à falência O site Bloody Elbow, dos Estados Unidos, publicou que o treinador da campeã de UFC Ronda Rousey, o armênio Edmond Tarverdyan, acumulou uma dívida de US$ 700 mil (cerca de R$ 2,8 milhões) em oito bancos diferentes, além de ter uma conta em aberto em um hospital. Ele declarou falência no dia 29 de julho deste ano. Segundo a publicação, Tarverdyan terá uma reunião onde será sabatinado por seus credores no dia 16 de novembro. Em documentos divulgados pelo site, o treinador consta como “desempregado”. Ele também afirmava não ter rendimentos entre 2013 e 2014, quando já trabalhava com Ronda. Sua academia pode servir para diminuir a dívida. (BP)

Rio de Janeiro, 5 a 8 de novembro de 2015

Marin chega abatido aos EUA

Sidney Oliveira / Ag. Pará

Apesar de sorridente, José Maria Marin não era nem sombra dos tempos de CBF

O rosto corado e o cabelo bem cortado contrastam com a imagem de Marin nos EUA

X

INT

Sáb. 7/11 17h

COR

Sáb. 7/11 19h30

CAP

Sáb. 7/11 19h30

FLU

Sáb. 7/11 21h

PAL

Dom. 8/11 17h

FLA

Dom. 8/11 17h

CRU

Dom. 8/11 17h

FIG

Dom. 8/11 17h

JEC

Dom. 8/11 18h

SPO

Dom. 8/11 19h30

PON

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passos durante a estadia na cidade. Por esta mudança de regime em sua detenção, Marin teve que desembolsar US$ 15 milhões (cerca de R$ 57 milhões). Quando Marin saiu do prédio da Corte, um batalhão de jornalistas disparou uma série de perguntas ao ex-dirigente. Ele não respondeu nenhuma, limitando-se a dar “boa noite” a todos. O aspecto de Marin era bem diferente daquele que deixou

o Brasil rumo ao Congresso da FIFA, na Suíça. Apesar de esbanjar sorrisos, exibiu um rosto pálido, o cabelo sem corte e sua viagem, ao contrário de outros tempos, foi na classe econômica do voo. O ex-mandatário da CBF continua alegando inocência diante das autoridades e poderá aguardar seu julgamento ao lado da esposa Neusa, com quem não tinha contato desde sua prisão em 27 de maio, a não ser por cartas.

LeBron atinge marca histórica na NBA O astro do Cleveland Cavaliers, LeBron James, alcançou uma marca histórica na partida contra o Philadelphia 76ers, vencida pelos Cavs por 107 a 100, na Philadelphia, na última segunda-feira (2). Com 22 pontos anotados,

34a RODADA

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Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ) Após 157 dias preso na Suíça, enfim saiu o acordo de extradição de José Maria Marin. Ele responderá nos Estados Unidos por seu envolvimento no grande escândalo que abalou a alta cúpula da FIFA. Marin chegou a Nova York nesta terça-feira (3), onde se reuniu com a Corte Federal do Brooklyn para selar o acordo que o coloca em prisão domiciliar em seu apartamento na Trump Tower. Um dos endereços mais caros da cidade, que também está na mira das autoridades estadunidenses. O ex-presidente da CBF poderá ficar em casa, porém será obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica que irá monitorar seus

Brasileirão 2015

James se tornou o mais jovem jogador a romper a barreira dos 25 mil pontos na liga. O recorde anterior era de Kobe Bryant, dos Lakers, que alcançou a marca aos 31 anos de idade. LeBron chegou aos 25.001 pontos aos 30 anos. Além disso, o astro dos Cavs fi-

cou a apenas um rebote de mais um triplo-duplo (número de pontos, assistências e rebotes com dois algarismos). Com a marca e a boa atuação, James levantou a torcida adversária, que o aplaudiu de pé após o término da partida. (BP)

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Classificação Série A 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o 11o 12o 13o 14o 15o 16o 17o 18o 19o 20o

Corinthians Atlético-MG Grêmio Santos São Paulo Internacional Ponte Preta Sport Palmeiras Cruzeiro Flamengo Fluminense Atlético-PR Chapecoense Figueirense Avaí Goiás Coritiba Joinville Vasco

P 73 62 59 53 53 50 50 49 48 45 44 43 43 40 36 35 34 34 30 30

J 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33

V 22 19 17 15 15 14 13 12 14 12 14 13 12 10 9 9 9 8 7 7

SG 36 17 18 16 8 -2 5 14 12 4 -7 -8 -5 -7 -14 -21 -6 -15 -15 -30

Zona de classificação para Libertadores Zona de rebaixamento para Série B


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