Brasil de Fato RJ - 156 by Brasil de Fato - RJ

EBC Memória

Cidades | pág. 7

Veneno na mesa Série de reportagens da Fiocruz aborda o nível de consumo de agrotóxicos no RJ

Obama, vai pra Cuba!

Presidente dos Estados Unidos fará viagem histórica à ilha em março

Opinião | pág. 2

RIO DE JANEIRO

22 a 24 de fevereiro de 2016

distribuição gratuita

Divulgação

Ano 3 | edição 156

Foliões agredidos pedem que Guarda Municipal seja punida Na madrugada do dia 13 de fevereiro foliões foram brutalmente agredidos por guardas municipais, na Praça Mauá. As vítimas pedem que o episódio seja investigado e que os responsáveis sejam punidos. Especialista avalia que a Cidades | pág. 5 Guarda Municipal está se tornando mais um braço repressivo do Estado. EBC Memória

Esportes | pág. 15

América e Bangu travam clássico bisavô Divulgação

Jogo histórico atraiu pequeno número de torcedores Curta nossa página no Facebook

RIO SEM HOMOFOBIA A nomeação e a consequente exoneração do Pastor Ezequiel, ex-secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, mostra que o governo Pezão (PMDB) trata com descaso os interesses da população LGBT. Serviços prestados pelo programa “Rio sem homofobia” estão sendo reduzidos.

Opinião | pág. 12

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013 O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintasfeiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. CONSELHO EDITORIAL: Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) EDIÇÃO: Vivian Virissimo (MTb 13.344) SUB-EDIÇÃO: Fania Rodrigues REPORTAGEM: André Vieira, Bruno Porpetta e Pedro Rafael Vilela REVISÃO: Sheila Jacob COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago FOTÓGRAFO: Stefano Figalo ESTAGIÁRIO: Victor Ohana ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

EDITORIAL

Vai pra Cuba, Obama! N

os últimos anos, aqui no Brasil, a direita mais reacionária, fascista, entreguista e lambe botas dos gringos tem utilizado como uma das principais forma de “xingamento” aos setores mais progressistas da sociedade o “vai pra Cuba!”. Como se ir para um dos países mais atrativos turisticamente, seja pelas suas belezas naturais, ou pela forma de organização da sociedade cubana (o socialismo), fosse um problema ou um sacrifício. Proporcionalmente à sua população, que é de cerca de 11 milhões de habitantes, Cuba já é um dos países que mais recebe turistas. Só nos últimos anos, já ultrapassou a cifra de três milhões de visitantes. Isso é quase 30% da população! E, ainda com toda a proibição do governo dos Estados Unidos para impedir que seu povo visite a ilha, essa já se configura como a segunda nacionalidade que aporta seus dólares nesse paraíso caribenho. Além do turismo, Cuba também se transformou em uma potência em produção de biotecnologia, com destaques para produção de vacinas (contra o câncer, por exemplo) e em curas de enfermidades, como o vitiligo e outra doenças de pele. É referência mundial na área da educação e na saúde e tem exportado conhecimento nesses quesitos, através dos milhares de profissionais que estão atuando em vários países do mundo, seja profissionalmente ou volun-

tariamente (só no Brasil já são mais de 10 mil médicos). EMBARGO Poderíamos ainda citar a rica cultura, com a música, teatro, cinema, literatura, e também a fama na qualidade de seus runs e charutos. Mas o que mais tem chamado a atenção do mundo é a capacidade desse povo heroico em resistir a um embargo assassino e cruel da maior potência imperialista do mundo por mais de meio século, e se manter de pé e caminhando... Cuba está vencendo o embargo e, consequentemente, seu maior inimigo, os Estados

PREVISÃO DO TEMPO (21) 4062 7105 redacaorj@brasildefato.com.br

Segunda-feira, 22 de fevereiro, Rio de Janeiro, Brasil

Unidos da América. Está com um um plano de reordenamento econômico, político e social que prevê, entre outras

Cuba está vencendo o embargo e consequentemente seu maior inimigo, os Estados Unidos da América coisas, a abertura de zonas especiais de desenvolvimento de infraestrutura. Com isso, a

Ilha tem atraído investimentos pesados de outros países como o Brasil, China, Canadá e países europeus. GUERRA FRIA O sinal mais claro de que os EUA perderam o jogo geopolítico e não querem ficar nas arquibancadas só assistindo é o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países e a mensagem de Obama ao Congresso estadunidense: “Querem reforçar nossa liderança e credibilidade no continente? Admitam: a Guerra Fria terminou. Suspendam o embargo!” Enfim, Obama vai pra Cuba!

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Fonte: Google

2 | Editorial

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

FRASE DA SEMANA

mandou Divulgação

bem

“Criança negra sofre racismo todo dia na escola”.

EBC

mandou

mal

Reprodução

Estão abertas as inscrições para o Curso de Comunicação Popular Vito Giannotti

nteressados(as) em fazer o Curso de Comunicação Popular Vito Giannotti, oferecido pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), têm até o dia 1º de março para fazer sua inscrição. O objetivo do curso é incentivar que seus participantes construam ou aprimorem seus próprios veículos de informação. Ele é voltado, principalmente, para moradores de favelas e militantes sociais que não se sentem representados pela mídia comercial. Também participam jornalistas populares e estudantes interes-

sados em construir uma comunicação em cumplicidade com aqueles que são constantemente atacados pela chamada “grande mídia”.A ideia é estimular a produção de jornais, boletins, revistas, sites, programas de rádio e TV… enfim, uma série de iniciativas para mostrar as lutas, as conquistas e as dores daqueles que não se sentem represen-

SINDICAL por Claudia Santiago

Unirio abre concurso

MC Soffia, 11 anos, em entrevista ao portal UOL, ao explicar que os casos de racismo que já viveu são fontes de inspiração para suas músicas

O papa Francisco mandou bem em sua visita ao México. Ele pediu “perdão” aos povos indígenas por reconhecer a sistemática incompreensão, exclusão e expropriação de suas terras. Lembrando da luta em defesa do meio ambiente, o papa disse que os indígenas têm muito a ensinar sobre o cuidado com a natureza.

Geral l 3

tados pelo que é estampado na maioria dos jornais ou divulgado pelos canais de TV. Baixe a ficha de inscrição pelo site do NPC: http://nucleopiratininga. org.br/

A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) publicou um edital de concurso público para nível médio e superior. São 335 vagas com remuneração de R$ 2.175,1 (médio), R$ 3.666,54 (superior – menos os médicos) e R$ 7.333,09 (médicos). As inscrições vão de 25/02 a 21/03. Para se candidatar, é necessário se cadastrar no site www.cesgranrio.org.br. A inscrição custa R$ 54 (médio), R$ 90 (superior) e R$ 150 (médicos). Entre os cargos de nível médio, estão assistente administrativo, técnico em enfermagem, técnico em secretariado, etc. O nível superior inclui cargo para farmacêutico, arquiteto, enfermeiro, pedagogo, entre outros.

MST Reprodução

O boxeador filipino Manny Pacquiao mandou muito mal ao fazer declarações homofóbicas na última semana. O esportista disse que gays são “piores que animais” e se posicionou contra o casamento entre homossexuais. Ele concorre a uma vaga no Senado nas Filipinas.

ASSÉDIO A jornalista iraniana Sheena Shirani quebrou um tabu ao denunciar na internet sobre o assédio sexual que diz ter sofrido dos seus chefes. “Se você for mãe solteira, não terá valor”, completou.

Curso para frentista O Senac oferecerá um curso grátis para frentistas, em Bonsucesso, nos mês de março e abril. A inscrição deve ser feita no endereço: Av. Brasil, 6.355, em Bonsucesso, ao lado do Restaurante Popular (passarela 9). Outra opção é ligar para (21) 3882-3656 ou (21) 2270-2748.

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

Cidades l 5

Foliões agredidos pela Guarda Municipal querem justiça Stefano Figalo / Brasil de Fato

Pesquisador da UERJ afirma que Guarda adota a mesma cultura repressiva da PM Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

om o objetivo de denunciar as agressões da Guarda Municipal contra foliões, o editor de vídeo João Gila, de 27 anos, e a jornalista Karine Tavares, de 38 anos, estiveram semana passada, na 5ª Delegacia de Polícia, na Lapa. João Gila, de 27 anos, saiu da sua casa para brincar Carnaval, na sexta-feira (12), e voltou com uma fratura exposta. Por volta das 4h da manhã, do dia 13 de fevereiro, os guardas municipais começaram a dispersar os foliões que estavam na Praça Mauá, já no final desfile do Tecnobloco. Alguns vídeos postados nas redes sociais mostram os guardas usando cassetetes contra os foliões. “Recebi golpes nos dois braços e nas costas. Bateram tão forte que tive fratura expostas no braço esquerdo”, conta João. “A Secretaria de Ordem Pública informou que os guardas foram afastados e o comandante exonerado. Mas, cadê os nomes dessas pessoas? ”, questiona a jornalista Karine Tavares, 38 anos. Ela também foi brutalmente atacada. Teve uma luxação no braço (quando o osso sai do lugar) e uma lesão grave no maxilar. JUSTIÇA Indignados, os foliões querem justiça e reparação. “Espero que os guardas também sejam exonerados, eles não têm condições de ir para a rua com essa violência”, destaca Karine.

Guarda Municipal vai se consolidando como o novo braço repressor do Estado Divulgação

Pesquisador alerta para a cultura violenta da Guarda Municipal

Depois de uma cirurgia e três pinos no braço, João Gila quer punição exemplar para os responsáveis. “Vamos mover uma ação contra a prefeitura. Não quero que o guarda que me agrediu seja punido, porque ele também é vítima desse sistema falido”, diz o jovem. A ação judicial que será aberta contra a prefeitura, segundo João Gila, é uma tentativa de gerar um histórico na Justiça para servir de exemplo. “A ação contra a prefeitura é uma tentativa de criar uma reflexão sobre a função real da Guarda Municipal”, diz o editor. Para o advogado Lucas Vianna Matos, existe a tentativa de transformar a Guarda em uma polícia municipal. “A Guarda Municipal tem se tornado uma polícia, muito parecida com a PM. Tem atuado com a mesma cultura repressiva, principalmente na região central da ci-

dade”, observa. Lucas é pesquisador e mestre em Criminologia (UERJ) e se dedicou a estudar as ações violentas da Guarda Municipal. As ações violentas da Prefeitura não começaram agora. “Desde 2012 há um aumento da violência da Guarda Municipal, principalmente contra camelôs e ambulantes. Existe a tentativa de higienizar o Centro do Rio, especialmente agora, com a aproximação das Olimpíadas”, afirma Lucas Vianna.

O que estamos vendo no Rio é a tentativa da mercantilização do Carnaval Bernardo Tabak, jornalista

HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA Assim como o Tecnobloco, outros blocos não registrados na Prefeitura foram repreendidos pela Guarda. Foi o caso do Boi Tolo, na abertura não oficial do Carnaval. “O que estamos vendo no Rio é a tentativa da mercantilização do Carnaval. As agressões ocorreram em blocos que não estavam cadastrados, que estavam foram do circuito dos patrocinadores do Carnaval”, denuncia o jornalista Bernardo Tabak, outra vítima dos guardas. Em nota, a Guarda Municipal informou que sua Corregedoria abriu sindicância para investigar a denúncia de excesso por parte dos agentes envolvidos no tumulto na Praça Mauá.

6 | Cidades

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

Facebook expõe assédio sexual praticado por professores EBC Memória

comprovam que casos de abuso em sala de aula não são exceções, mas uma realidade”. Algumas vezes, os depoimentos enviados para “Meu Professor Abusador” são, também, pedidos de socorro de vítimas atuais de assédio. Nesses casos, as moderadoras costumam ajudar a autora a denunciar o agressor. “Há um caso em particular, mais grave, em que estamos colocando a vítima em contato com uma advogada”, revelou a entrevistada. Ela conta que chorou algumas vezes ao ler os textos enviados para a página, especialmente quando foi possível conversar com a autora através do bate-papo do Facebook.

Daniel Isaia De Porto Alegre (RS)

m pouco mais de uma semana, alunas de escolas e universidades de todo o país enviaram para uma página do Facebook mais de 750 relatos de agressão moral e sexual que sofreram de seus professores. Dos depoimentos recebidos, mais de 500 foram publicados, ultrapassando 16 mil “curtidas” na rede social em apenas sete dias. A página “Meu Professor Abusador” foi criada em 9 de fevereiro por quatro jovens mulheres de Porto Alegre que recentemente o Ensino Médio. A ideia surgiu depois que uma delas descobriu um caso de assédio na escola que frequentou. Os relatos publicados na página precisam seguir algumas regras. O nome do agressor não pode ser revelado, mas algumas características que o tornem identificável são autorizadas. O nome da instituição de ensino em que o fato aconteceu também é permitido. A autora tem o anonimato garantido pelas moderadoras. Uma das criadoras da página concordou em dar entrevista pelo bate-papo da rede social. Ela pediu, no entanto, que sua identidade não fosse revelada por questões de segurança.

Alunas relataram casos de agressões praticadas por professores

“Esse projeto mexe com homens que detêm muito mais poder social e monetário do que nós”, explicou a moderadora escolhida para a entrevista. Ela revelou que o grupo buscou auxílio jurídico com advogadas para se proteger de possíveis ameaças e processos. Mesmo assim, a entrevistada garantiu que a página está aberta a críticas construtivas. “Estamos acostumadas, por militarmos no movimento feminista. Há, também, os discursos de ódio, que ignoramos”. Uma das críticas mais frequentes diz respeito à dificulda-

de de comprovar a veracidade dos relatos anônimos. “Sempre respondemos que sim, alguns poderiam [ser falsos]. Mesmo

A página “Meu Professor Abusador” foi criada em 9 de fevereiro por quatro jovens mulheres de Porto Alegre assim, temos como segurança as mais de 16 mil ‘curtidas’ que

BONS E MAUS PROFISSIONAIS O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, disse que a entidade condena todo e qualquer tipo de abuso cometido contra os alunos, mas lembrou que em todas as profissões existem bons e maus profissionais. “No magistério, isso não é exceção”, disse. Para que casos de abusos sejam evitados em sala de aula, Leão reforça a importância de professores e trabalhadores em educação estarem sempre atentos ao tipo de relação que desenvolvem com os alunos.

LAVA JATO

STF manda soltar senador Delcídio O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na sexta-feira (19) a soltura do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso em novembro do ano passado. A prisão foi embasada em uma gravação apresentada à Procuradoria-Geral da República por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Segundo a procuradoria, o senador ofereceu R$ 50 mil por mês para Cerveró e sua família, além de um plano de fuga.

SEM HOMOFOBIA

Defensoria quer volta de 0800 A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro solicitou informações aos órgãos públicos responsáveis pelo fechamento de centros de Cidadania LGBT e da redução no atendimento do Disque Cidadania LGBT. Por meio de nota pública divulgada na quarta-feira (17), a Defensoria informou que analisa eventuais medidas “para garantir que não haja retrocesso na proteção aos direitos fundamentais da população de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis [LGBT]”. O Programa Rio Sem Homofobia, da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, anunciou a redução do Disque Cidadania LGBT. O atendimento no programa, que era 24 horas, agora será feito de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h.

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

Cidades l 7

Agrotóxicos: veneno na mesa dos cariocas

Série de reportagens da Fiocruz mostra situação da produção agroecológica e o consumo de agrotóxicos no Rio Divulgação

CONTAMINAÇÃO NO RIO

Raíza Tourinho e Graça Portela da Fiocruz

1. Paty de Alferes: cultivo de tomates (pesquisa em Paty do Alferes encontrou contaminação em 70% dos pontos hídricos pesquisados);

agricultor Maicon Miller está isolado, e não só geograficamente. Aos 20 anos, ele cultiva frutas e verduras orgânicas em uma terra emprestada logo abaixo do Parque Estadual dos Três Picos, em Nova Friburgo, a 97 km do município do Rio de Janeiro. Ele e o vizinho são os únicos que produzem alimentos orgânicos na região. Todos que Maicon conhecem torcem o nariz para o cultivo sem agrotóxicos. “Nem falo mais com meus amigos [sobre o assunto], porque eles acham que sou maluco”. Filho de uma família de agricultores, até mesmo a mãe de Maicon prefere o cultivo tradicional, embora não faltem relatos de vizinhos e familiares que passaram mal com os produtos produzidos com agrotóxicos. A exceção fica por conta da avó, Leonor Correia, que vê como “normal” a opção de Maicon. Embora ela tenha sempre utilizado agrotóxicos “porque diziam que era melhor”, viu no cultivo do neto um retorno aos métodos utilizados pelos antepassados. Apesar de tratar naturalmente os agrotóxicos como “veneno”, Leonor não consegue bem associar os possíveis danos à saúde com o uso destas substâncias. Ela acredita que não tem problema utilizar insumos químicos na plantação “para vender” – mas para comer é melhor mesmo as hortaliças sem veneno. Quando questionada sobre se conhece algum problema causado por agrotóxicos, ela nega.

Cresce consumo intensivo de agrotóxicos na região serrana do Rio de Janeiro

Mas, aos poucos, vai lembrando: do caso da sobrinha que teve que abortar um feto malformado após comer um tomate recém-pulverizado, uma

Consumo de agrotóxicos é intenso em alimentos escoados para a Ceasa: tomate, pimentão e tubérculos da região serrana outra que foi internada duas vezes “só pelo cheiro dos agrotóxicos”, dos vizinhos que tentaram se matar utilizando a substância [a associação entre agrotóxicos e depressão é seriamente sugerida por diversos estudos] e até mesmo dos casos, cada vez mais recorrentes, de recém-nascidos com má-formação e pessoas com câncer na região. “Na época

dos meus pais não tinha isso. Eles morriam assim...que nem passarinho”, diz. A pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Raquel Rigotto explica que o conhecimento sobre os malefícios em relação aos agrotóxicos ainda não está consolidado entre as populações que o utilizam, dificultando a percepção da relação entre o uso das substâncias e os danos a ela associados. “É importante a gente considerar que a baixa escolaridade [do trabalhador rural] não significa pouco conhecimento. Essas pessoas têm um extenso e profundo saber popular e tradicional, mas este saber não incorpora o tema dos agrotóxicos”, diz. SITUAÇÃO DO RIO Embora o isolamento que Maicon descreve não o diga, o munícipio onde ele produz foi

pioneiro na agricultura orgânica no País, uma década antes do nascimento do jovem. Mas, desde então, houve uma desvalorização da produção agrícola no estado. Atualmente, o Rio de Janeiro é considerado o estado mais urbano do Brasil, com quase 97% da população vivendo em áreas urbanizadas, segundo o último censo do IBGE (2010). Contudo, esse número desconsidera a agricultura urbana e áreas rurais, como demonstram as 526 mil pessoas que vivem no campo. De acordo com o pesquisador Marcelo Firpo, da Fiocruz, o consumo intensivo de agrotóxicos está concentrado nas monoculturas de cana-de-açúcar no norte do estado e na oleicultura [tomate, pimentão e tubérculos diversos] da região serrana, alimentos que são escoados para a Ceasa e abastecem a região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro.

2. Nova Friburgo: presença de agrotóxicos no ambiente, em especial nos rios, impacta na fauna local; outro estudo encontrou concentrações de agrotóxicos em valores até oito vezes acima do limite permitido. Fonte: “Panorama da Contaminação Ambiental por Agrotóxicos e Nitrato de origem Agrícola no Brasil”, 2014

3. Região Serrana Resíduos de agrotóxicos em quantidades elevadas em amostras de pepino, goiaba, pimentão, abobrinha e tomate Fonte: Estudo da Fiocruz, 2016

4. Região Serrana Amostras insatisfatórias: quatro das cinco amostras de alface; quatro das seis de cenoura; seis das nove de pepino e sete das nove amostras de pimentão Fonte: Anvisa, 2011

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

ONU: Afeganistão teve mais vítimas em 2015 M

ais de 11 mil civis, em um total de 3.545 mortos e 7.457 feridos, foram vítimas do conflito no Afeganistão só em 2015, divulgou a Organização das Nações Unidas (ONU) em relatório. O ano passado foi o pior para os civis desde 2009, quando a contagem começou a ser feita. A ONU denomina como “vítimas” a soma das pessoas que morreram ou ficaram feridas. De acordo com o repre-

sentante especial da Secretaria Geral da ONU para o Afeganistão, Nicholas Haysom, esse total é 4% maior do que o de 2014, principalmente por conta do númeSayed Muhammad Shah / UNAMA ro de feridos, que registrou crescimento de 9,1%. O total de mortos, em relação a 2014, caiu 4%. Segundo a ONU, o crescimento foi causado pelo aumento dos combates e dos ataques suicidas perto de zonas residenciais. O Talibã e outros grupos oposicionistas armados são responsáveis, de acordo com o órgão, por 62% das vítimas; as tropas do governo, por 17%. 2015 foi o pior ano para civis no Afeganistão desde 2009, diz ONU (Opera Mundi)

Argentina fecha mais um acordo com ‘abutres’ Casa Rosada

A Argentina chegou em fevereiro a um acordo de sua dívida com dois dos seis grupos de credores conhecidos como “fundos abutres”. Embora o valor ainda não tenha sido definido, as partes combinaram que será realizado um pagamento de 100% do capital e de 50% dos juros. A Argentina deve desembolsar cerca de US$ 6,5 bilhões. O acordo espera a aprovação pelo Parlamento argenti-

no e a desistência da ação judicial por parte dos credores, que estão contra a Argentina em tribunais dos EUA. Os dois fundos mais importantes, NML e Aurelius, não aceitaram o acordo. Os credores reivindicam cerca de US$ 10 bilhões por papéis da dívida que não entraram nas renegociações realizadas pelos governos de Néstor e Cristina Kirchner em 2005 e 2010. (Opera Mundi)

Presidente argentino Macri segue tentando criar acordo com credores Divulgação

HISTÓRIA Arqueólogos acharam ossos de um bebê da Idade da Pedra, enterrados em um sítio em Berlim, na Alemanha. A ossada é do ano de 6400 a.C. Segundo pesquisadores, o bebê tinha seis meses quando morreu desnutrido.

NATUREZA

Chilenos criam ‘superárvores’ Divulgação

8 | Mundo

Cientistas chilenos procuram criar uma geração de “superárvores” resistentes aos efeitos das mudanças climáticas. Se este experimento tiver êxito, as primeiras espécies poderiam ser comercializadas em 2019. As “superárvores” estariam preparadas para enfrentar eventos como secas, diminuição do regime de chuva e concentração em curtos períodos de tempo de ventos, geadas e tempestades, por causa do aquecimento global. Isso porque os especialistas preveem que, para 2050, ocorrerá uma drástica diminuição dos recursos hídricos, o que prejudicaria a agricultura. (Opera Mundi)

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

Presidente da Gaviões da Fiel denuncia elitização do futebol

Esportes l 9 André Lucas Almeida / Jornalistas Livres

Torcida volta à cena política ao criticar a CBF, Federação, Rede Globo e o governo estadual paulista nos últimos jogos José Coutinho Júnior e Victor Tineo de São Paulo (SP)

atual presidente da torcida organizada Gaviões da Fiel, Rodrigo Fonseca, conhecido como Diguinho, disse que os protestos realizados nos últimos jogos representam a luta contra o elitismo no futebol e, ao mesmo tempo, resgatam a história da torcida. Nos dois jogos, a torcida corintiana estendeu faixas criticando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Federação Paulista de Futebol (FPF), a Rede Globo de Televisão e o Governo de São Paulo, além do promotor, deputado e presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Fernando Capez (PSDB), investigado no caso do escândalo da merenda no Estado. “CBF, FPF, Rede Globo, Diretoria do Corinthians e os tais promotores, todos eles trabalham em conjunto para fazer do futebol um espetáculo de elite”, declarou o presidente. Diguinho também alerta que a elitização do futebol é contrária à formação do clube, fundado por operários e trabalhadores braçais. “Não podemos assistir omissos ao processo de elitização que o

futebol, não apenas do Corinthians, está passando faz anos, tornando a arquibancada um lugar mais branco e rico do que outrora”, completou o presidente. Sociólogo e corintiano, Sandro Barbosa analisa que a crítica da Gaviões é contra o futebol moderno e, junto a isso, traz o peso de uma crítica social. “É um posicionamento contra

CBF, Rede Globo e Diretoria do Corinthians trabalham em conjunto para fazer do futebol um espetáculo de elite Diguinho, presidente da Gaviões da Fiel

esse futebol que elitiza, exclui os mais pobres, e também bate na CBF, Globo, PSDB, que é o partido responsável pela PM”, disse. “Além disso, o Capez foi um promotor que mais perseguiu as torcidas e agora está envolvido no escândalo da merenda”, apontou.

Torcedores criticaram Rede Globo que impõe horário dos jogos Divulgação

de torcedor que eles querem é um mero consumidor nos estádios”, analisou. Com esse monopólio sobre o esporte, o horário dos jogos fica prejudicado. Durante a semana eles começam após a última novela da emissora às 22h - e terminam cerca de meia noite. HISTÓRIA A Gaviões da Fiel foi fundada em 1969, quando o então presidente do Corinthians, Wadih Helu, era ligado ao regime da ditadura militar. Com fama de ditador, o presidente pagava pessoas para caçaGaviões da Fiel cobra mais espaço para os setores populares no futebol rem “os gaviões”. Durante seu mandato, o time não ganhou Sandro Barbosa. “O Itaquerão nenhum título expressivo e fiGLOBO E INGRESSOS O valor do ingresso é uma das tem um espaço menor para as cou conhecido como a época críticas que a Gaviões faz. O es- classes populares (setor norte do “Faz-me rir”. Em 1971, o presidente saiu tádio do Corinthians, o Itaque- e sul), todos os outros são para rão, é um consórcio entre o classes mais altas”, completou. do poder e passou o cargo ao Sobre a Rede Globo, ele opositor, Vicente Matheus. Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social alerta que, quando a cobertu- A Gaviões da Fiel, desde en(BNDES), a construtora Ode- ra futebolística foca na violên- tão, monitorou e fiscalizou cia de torcidas, isso afeta o pú- de perto as atuações do clubrecht e o clube. “Esse consórcio determina blico, que, por segurança, as- be, desde assuntos econômio preço dos ingressos, então siste de casa aos jogos. “Sur- cos e integração entre torceo time não tem muita agên- gem a partir daí os canais pa- dores, até à luta pela redemocia nisso”, explica o sociólogo gos, que são da Globo. O tipo cratização do país.

10 | Cultura

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AGENDA DA SEMANA

Tremelicando Divulgação

O quê: Espetáculo de rua apresenta um roteiro de apresentações bem diferentes, em que objetos como buzinas, moedas, sinos, latas, guizos e bombas de bicicleta viram instrumentos musicais inusitados. Onde: Quinta da Boa Vista – São Cristóvão. Quando: Domingo (28), 11h. Quanto: 0800

Leitura para crianças EBC

Fantasias de carnaval

Lucrécia O quê: Espetáculo conta histórias e conflitos diários de uma família que mora em um casarão no subúrbio do Rio. Onde: Sesc Tijuca – Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca. Quando: Sexta a domingo (26 a 28), 20h. Quanto: R$ 20 (R$ 10 para estudantes e idosos)

EBC

Tereza de Benguela, Dandara dos Palmares e Luiza Mahin

Divulgação

O quê: Palestra discute o carnaval do Rio de Janeiro, o glamour das Escolas de Samba e a criatividade sem limites do povo brasileiro na confecção de fantasias. Onde: Centro Cultural Justiça Federal – Av. Rio Branco, 241, Centro. Quando: Quinta (25), 19h. Quanto: 0800

Rio Setecentista O quê: Exposição comemora 450 anos da fundação do Rio, propondo um trajeto visual para adentrar esse século de história. Onde: Museu de Arte do Rio – Praça Mauá, 5, Centro. Quando: De terça a domingo, de 12h às 19h. Até maio. Quanto: 0800 às terças-feiras

CineCCBB Matinê

Jarid Arraes da Revista Fórum Talvez você nunca tenha conhecido a trajetória de sequer uma mulher negra na história do Brasil. Mesmo na escola, nas aulas sobre a escravidão, é provável que você não tenha ouvido falar sobre nenhuma líder quilombola, por exemplo.

Divulgação

O quê: Isabele Ferreira se dedica a uma agradável sessão de leitura para crianças com o objetivo de estimular desde cedo o gosto pela literatura. Onde: Arena Carioca Dicró – Parque Ary Barroso, Penha. Entrada pela Rua Flora Lobo. Quando: Domingo (28), 14h. Quanto: 0800

As grandes mulheres negras da história do Brasil

O quê: Sessões de cinema infantil exibem os sucessos “Tá Chovendo Hambúrguer” e “Aviões”. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quando: Sábado (27 - “Tá Chovendo Hamburguer”) e domingo (28 – “Aviões”), 15h. Quanto: R$ 4 (R$2 meia)

RACISMO CONTINUA Essa ausência de conhecimento é um problema profundo no Brasil. Na escola, não temos acesso a nomes como o de Tereza de Benguela, por exemplo, que recentemente se tornou símbolo nacional, quando o dia 25 de Julho foi oficializado como o Dia de Tereza de Benguela. Ainda assim, há grandes chances de que essa seja a primeira vez em que você toma conhecimento desse nome. Não aprendemos que mulheres negras foram capazes de conquistas admiráveis, até mesmo em guerras contra a escravidão. Crescemos acreditando na ideia de que as mulheres negras nunca fizeram nada de grandioso. A tendência de muita gente é

associar a bravura somente a figuras masculinas e brancas. Com essa falta de referências a mulheres negras, muito racismo se perpetua. CORDÉIS BIOGRÁFICOS Para tentar espalhar informação sobre as histórias de grandes mulheres negras, lancei cordéis biográficos que contam suas trajetórias.

Falta de referência a mulheres negras contribui com o racismo Nos novos cordéis, é possível conhecer Zeferina, líder do quilombo de Urubu; Anastácia, uma escrava que até hoje é cultuada como santa; Maria Felipa, que foi líder nas batalhas pela independência da Bahia; e Antonieta de Barros, a primeira deputada negra do Brasil. Passo a passo, grandes injustiças históricas podem ser eliminadas, trazendo à tona a memória de guerreiras e mulheres negras brilhantes que foram de enorme importância para o Brasil.

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

Cultura l 11

Osvaldão, comandante negro do Araguaia Divulgação

Documentário mostra a história de um carismático jovem lutador brasileiro

Era cultuado pelos habitantes locais, que também tiveram de enfrentar a fúria repressiva do Estado brasileiro, no maior deslocamento de tropas ocorrido na história do país desde a Guerra de Canudos.

Mário Augusto Jakobskind do Rio de Janeiro (RJ)

m documentário intitulado Osvaldão, que conta a história de um personagem carismático oriundo das classes populares e que teve papel destacado como comandante da guerrilha do Araguaia, está nas telas dos cinemas brasileiros. Com a direção de Vandré Fernandes, Ana Petta, Fábio Bardella e André Michiles, um quarteto de jovens que não eram nascidos quando da guerrilha, além de Renata Petta na produção, o documentário tem uma história pouco comum. Ele foi realizado de forma independente ao ser financiado por diversos movimentos sociais e contribuintes individuais. Não dependeu de empresas públicas ou privadas. O filme conta a história de Osvaldo Orlando da Costa,

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Documentário não dependeu de empresas públicas ou privadas

um jovem nascido no município mineiro de Passa Quatro, de família descendente de escravos. Depois de exercer várias atividades, inclusive como lutador de boxe no Vasco da Gama, ele ganhou uma bolsa de estudos na então Tchecoslováquia, onde se formou em engenharia. MILITANTE COMUNISTA Osvaldão tornou-se militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e, a partir de 1967, durante a ditadura civil militar, entrou fundo no projeto de guerrilha. Sua missão era preparar terreno para a deflagração do movimento. A narração do documentário é fei-

ta pelo ator Antônio Pitanga, pela cantora Leci Brandão e pelo cantor Criolo. A guerrilha do Araguaia acabou sendo reprimida de forma violenta. Seus militantes foram assassinados por militares deslocados para combater um movimento que tentava dar os seus primeiros passos. Quase todos os guerrilheiros foram presos e assassinados fora de combate. Os corpos de alguns deles, entre os quais Osvaldão, estão desaparecidos até hoje. Pelo relato de camponeses moradores da região, Osvaldão transformou-se numa lenda. Era uma figura respeitada, não só pelo seu carisma como pelo poder de comunicação.

A narração do documentário é feita pelo ator Antônio Pitanga, pela cantora Leci Brandão e pelo cantor Criolo Quem for ver Osvaldão terá a oportunidade de conhecer com mais profundidade o jovem negro brasileiro que tinha por objetivo acabar com a ditadura civil militar que assolou o país depois da derrubada do Presidente constitucional João Goulart, em abril de 1964. Ele e tantos outros companheiros deram a vida para proporcionar melhores condições de vida ao povo brasileiro, pela via do socialismo.

Criolo é um dos narradores do filme

O documentário Osvaldão é indicado em quatro categorias no 42º Festival Sesc Melhores Filmes. O filme concorre como melhor documentário, roteiro, direção e fotografia. Para votar, é muito simples: basta acessar o site melhoresfilmes.sescsp.org.br, preencher seus dados e selecionar “Osvaldão” nas categorias a que é indicado dentro da área de cinema nacional.

12 | Opinião

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

Leonardo Nogueira

Opinião | |Michel Yakini

Os/as LGBTs não vão Andorinhas pagar pela crise da Periferia

Novas cantoras bebem nas fontes do rap, de ritmos nordestinos, latinos, dos batuques afro-indígenas, da boemia do samba e da MPB

iante de uma profunda crise econômica no Estado do Rio de Janeiro, o governo Pezão (PMDB) procura atacar diretamente os interesses da população com o sucateamento das políticas de saúde, educação, mobilidade urbana e direitos humanos. Neste contexto, o Programa “Rio sem homofobia” criado em 2007 no Estado, tem sido impactado com demissões, interrupção de serviços e fechamento de quatro centros de cidadania da população LGBT. Além da precarização do Programa “Rio sem homofobia”, dois meses atrás Pezão (PMDB) indicou o Pastor Ezequiel Teixeira, do Partido da Mulher Brasileira (PMB), para o cargo de Secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, pasta responsável pelo programa. PRECONCEITO Após assumir a secretaria, Ezequiel Teixeira (PMB) publicamente se declarou contra o ca-

samento entre pessoas do mesmo sexo e disse acreditar na falsa “cura gay”. Além disso, comparou a homossexua-

ção de Ezequiel para o cargo não foi ingênua, mas fruto de acordos políticos que não se incomodam em negociar os direitos da população.

Num país campeão em assassinatos decorrentes da homofobia, lesbofobia e transfobia, não há espaço para nenhum minuto de silêncio

SEM HOMOFOBIA Neste momento, é urgente defender a continuidade e a consolidação do programa “Rio sem homofobia” que há cinco anos presta atendimentos psicológicos, jurídicos e sociais a esta população, contribuindo diariamente no combate ao preconceito. LGBTs do Rio de Janeiro não irão pagar pela crise econômica e não deixarão que seus direitos sejam questionados por posturas conservadoras que desrespeitam e alimentam o ódio. Num país campeão em assassinatos decorrentes da homofobia, lesbofobia e transfobia, não há espaço para nenhum minuto de silêncio.

lidade com doenças como a AIDS e o câncer, demonstrando profundo desconhecimento e preconceito em relação à população LGBT. No dia 17 deste mês, Ezequiel Teixeira (PMB) foi exonerado pelo governador Pezão (PMDB) do cargo de secretário. Embora a exoneração seja importante, não podemos ignorar que a indica-

Leonardo Nogueira é militante do Levante Popular da Juventude

A palavra falada das quebradas vem fortalecida, não é de hoje. E a música, morada vital da nossa versação, sempre foi soberana desse mote, seja na marcação do bumbo do samba paulista, nas cantigas de terreiro, seja na capoeiragem, no giro do jongo. Enfim, nos muitos lamentos e glórias de palma e coro que mantêm viva nossa poesia. Coladinho vem o rap, culpado por germinar tantos saraus e slams. Música que deu luz a vozes femininas nas quebradas, como as clássicas Sharylaine, Rúbia RPW, na contundência de Dina Di, na levada preta-feminina de Cris SNJ, na pegada funk/soul de Negra Li, e passando por nomes como Amanda Negra Sim, Odisseia das Flores, Priscila Fênix, Denna Hill, Yzalú, a revelação MC Soffia, entre tantas outras que cantam sob influência do hip hop. Em São Paulo, os saraus receberam de presente jovens cantoras que começaram na bola de meia, cantando à capela, agradando geral, mostrando composições e, hoje, articulam notáveis trabalhos. Falo de Camila Brasil, Fernanda Coimbra, Camila Trindade e Indy Naíse, manas que admiro ouvir nos saraus do Binho, Cooperifa e da Brasa e que miro com alegria a crescência dos seus acordes. Cada uma a seu estilo, e

também trançando composições, vem firmando espaço nos palcos da vida, musicando com banda, se prestigiando. Bebem do rap, de ritmos nordestinos, latinos, dos batuques afro-indígenas, da boemia do samba, interpretando clássicos da MPB e fervendo o caldeirão musical que as periferias de SP temperam há anos. PROCURE POR ELAS Se ainda não conhece e não sabe quando é o próximo show, procure por elas na rede ou visite algum sarau. É capaz de encontrar essas can-

Saraus receberam de presente jovens cantoras que começaram cantando à capela e, hoje, articulam notáveis trabalhos tantes suspirando a intenção da escuta, iluminando as ladeiras e fazendo valer nossa tradição onde a palavra tem um chamego forte com a música. Enquanto isso, elas seguem por aí, feito andorinhas, cantando pelas quebradas e, como o diz o poeta, acordando o bando todo. Michel Yakini é escritor e produtor cultural

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Variedades l 13

AMIGA DA SAÚDE

BOMBOU NA INTERNET

Amiga, percebi que nos últimos dias tenho ficado com as mãos e os pés um pouco inchados ao longo do dia. Nunca tive isso. Pode ser sinal de algum problema mais grave? Jussara Lima, 35 anos, secretária Divulgação

uerida Jussara, nos últimos dias estamos vivendo temperaturas muito quentes. Esse calorão todo propicia maior dilatação das veias, dificultando a circulação do sangue. Isso provoca inchaço (ou edema). Se você permanece muitas horas na mesma posição, o problema piora. A alimentação com excesso de sal também é ruim. Fazer uma caminhada de cerca de 30 minutos por dia, evitar muitas horas na mesma posição, fazer alongamentos, dormir com as pernas um pouco elevadas

e fazer refeições mais leves ajudam a reduzir o problema. Caso persista o problema, o

Receita

Divulgação

Dúvidas? amigadasaude@brasildefato.com.br

inchaço piore ou apareçam outros sintomas, procure avaliação médica.

Sofia Barbosa | Coren MG 159621-Enf

Chips de Maçã Ingredientes

Modo de preparo

• 2 a 4 maçãs gala ou golden • Canela em pó a gosto

1 – Com um cortador de legumes, corte fatias finíssimas de maçã em rodelas. Deixe-as secar um pouco sobre um pano limpo e seco. 2 - Forre um tabuleiro com uma folha alumínio ou papel manteiga/ vegetal e coloque as fatias de maçã, umas ao lado das outras. Leve-as ao forno a 200º C por 15 a 20 minutos. 3 - Desligue o forno e não o abra, deixando as maçãs secarem durante algumas horas. 4 - Quando estas já estiverem secas e ligeiramente crocantes, retireas da forma e guarde-as num frasco hermeticamente fechado. 5 – Sirva, se quiser, com mel e outras frutas.

Tempo de preparo 30 minutos

14 | Variedades

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016

HORÓSCOPO Áries (21/3 a 20/4) O amor poderá desviá-lo das suas obrigações profissionais. Mas não deixe sua insegurança lhe abater.

Touro (21/4 a 20/5) Tudo será efetuado com ordem e regras bem precisas. No plano afetivo, confie no seu poder de sedução.

Gêmeos (21/5 a 20/6) Neste período, deverá saber ajustar energia e inteligência para conseguir os seus intentos profissionais.

Câncer (21/6 a 22/7) Seja paciente, os seus desejos necessitam de algum tempo para obter a sua concretização.

Leão (23/7 a 22/8) Faça escolhas sobre quem deve ou não acompanhar os seus dias. A superficialidade deverá ser banida.

Virgem (23/8 a 22/9) Fique atento, porque todas as suas relações afetivas poderão situar-se preferencialmente no campo social

Libra (23/9 a 22/10) A sua evolução profissional terá por base a experiência, mas também o empenho que demonstra.

Escorpião (23/10 a 21/11) Procure repousar. Neste período se faz muito necessário recarregar baterias para o futuro.

Sagitário (22/11 a 21/12) A solidão poderá trazer alguma sombra aos seus dias, porém também poderá despertar boas recordações.

Capricórnio (22/12 a 20/1) Para uma boa evolução da sua relação afetiva, deverá agir com inteligência, prudência e com muita atenção.

Aquário (21/1 a 19/2) A nível profissional viverá dias de luta constante na busca da orientação certa para atingir os seus objetivos.

Peixes (20/2 a 20/3) Para evoluir profissionalmente, você deverá explorar ao máximo a sua experiência e sabedoria no trabalho.

FASES DA LUA Cheia 22/2

Minguante 1/3

Nova 8/3

Crescente 15/3

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Esportes l 15

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Magnano aposta na recuperação de Splitter

Magnano esperará Splitter até o último momento Jogador abriu mão das Olimpíadas por cirurgia no quadril

iago Splitter, pivô do Atlanta Hawks e da seleção brasileira de basquete masculino, anunciou que não disputaria os Jogos Olímpicos do Rio 2016 em virtude de uma cirurgia para corrigir uma lesão grave no quadril. Mesmo assim, o treinador da seleção pretende esperar. Rubén Magnano disse ao site da Confederação Brasilei-

ra de Basquete (CBB) que esperará até o último momento para saber se existe alguma chance de contar com Splitter nos Jogos. O pivô, mesmo jogando na NBA, nunca negou nenhuma convocação para a seleção. Thiago revelou na última terça-feira (16) que a necessidade da cirurgia, que acontecerá no próximo dia 25, se tornou inevitável, pois o atleta mal conseguia andar em algumas ocasiões. O tempo de recuperação, de até oito meses, inviabilizou sua participação nos Jogos. (BP)

BINÓCULO

Vôlei no Parque Olímpico A pedido do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, a Arena Carioca 1, no Parque Olímpico da Barra, receberá duas grandes competições internacionais do vôlei. O Grand Prix de vôlei feminino e a Liga Mundial de vôlei masculino. Os eventos acontecerão no mês de junho. De 9 a 12, a seleção brasileira feminina enfrenta a Itália, o Japão e a Sérvia. De 16 a 19, o time masculino pega Irã, EUA e Argentina. A ideia da organização é testar o funcionamento do Parque Olímpico em eventos com grande presença de público. Nos Jogos, as competições de vôlei serão disputadas no Maracanãzinho. Tânia Rego/Agência Brasil

Maracanã ficará sem futebol até outubro

Estádio ficará cedido ao CO-Rio a partir do dia 1º de março Apesar da proibição de jogos de futebol no Maracanã já estar em andamento, de 1º de março em diante o estádio estará oficialmente cedido ao Comitê Organizador das Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio 2016. Durante o mês de março, a

gestão do estádio será compartilhada entre o CO-Rio e a produtora do show da banda Coldplay, que fará uma apresentação no Maracanã no dia 10 de abril. A partir de maio, o CO-Rio assume integralmente a responsabilidade sobre o estádio. Apesar de a administração

estar submetida ao CO-Rio até o mês de dezembro, a ideia é liberar o estádio para jogos a partir de outubro. A organização dos Jogos e a CBF estão em negociações para que as partidas do Brasileirão possam acontecer o quanto antes no estádio. (BP)

TOQUES CURTOS | Bruno Porpetta

Bisavô às moscas

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América e Bangu estão cada vez mais distantes de suas histórias

O jogo que abriu a quinta rodada do Campeonato Carioca tem 111 anos de idade. O chamado “clássico bisavô”, entre América e Bangu, foi disputado pela primeira vez em 1905 e terminou com o placar de 6 a 1 para o time da zona oeste. Se pensarmos que, naquela época, arquibancada era barranco e camarote era árvore, o público de cerca de 400 pessoas pode ser considerado ótimo. Com o passar do tempo, com a construção de estruturas de arquibancada, a chegada do Maracanã, o interesse crescente do público pelo futebol e a própria história dos times sendo consolidada, chegamos a ter um “clássico bisavô” com pouco mais de 38 mil torcedores presentes. Após uma baita ação de divulgação do jogo, resgatando suas raízes, contando suas histórias (que não são poucas), 590 pessoas pagaram ingresso para ver América e Bangu, em Edson Passos. Outras 400 pessoas entraram no 0800, fazendo um total de 990 torcedores dedicados que, a despeito do que a mercantilização do futebol no Brasil fez com

América e Bangu, ainda se dispõem a torcer por estas duas equipes. A concentração de dinheiro nos clubes que ocupam a casa dos milhões de torcedores fez o futebol brasileiro, representado por clubes como o América, o Bangu, o São Cristóvão, o Campo

A concentração de dinheiro nos clubes que ocupam a casa dos milhões de torcedores fez o futebol brasileiro morrer Grande, o Olaria, o Bonsucesso, o Goytacaz e muitos outros espalhados pelo Rio e pelo Brasil, morrer. Podemos substituir os nomes dos clubes acima citados por Edu, Domingos da Guia, Ronaldo, PC da Telerj, Romário, Leônidas da Silva e Amarildo. Todos grandes craques revelados por esses clubes, hoje falidos. Sobraram apenas as saudades dos grandes jogos que outrora esses times protagonizaram. Hoje, só agonizam.

16 | Esportes

Rio de Janeiro, 22 a 24 de fevereiro de 2016 Vitor Silva/SSPress Botafogo

Fla vence e complica Flu na tabela

Gilvan de Souza/Flamengo

Rubro-negro faz excelente primeiro tempo e vence por 2a1 Fluminense e Flamengo se enfrentaram em Brasília, no estádio Mané Garrincha, pela quinta rodada do Campeonato Carioca, devido ao fechamento do Maracanã para o show dos Rolling Stones. O jogo começou equilibrado, embora o Flamengo tenha assumido o protagonismo na partida. Após cobrança de escanteio de Mancuello, Diego Cavalieri soltou a bola, a zaga se enrolou e a bola sobrou para Willian Arão bater no canto e abrir o placar, aos 13 minutos. Depois do gol, o Flamengo tomou conta da partida e poderia ter ampliado o marcador, mas desperdiçou as chances que teve. Foi superior a ponto de Diego Souza, na saída para o intervalo, “agradecer” pelo fim do primeiro tempo. Na volta do intervalo, mal deu tempo de as equipes se arrumarem em campo e Rodinei fez belo cruzamen-

Neilton, voltando de lesão, decidiu o jogo para o Botafogo

Botafogo vence com pênalti no final

Guerrero cabeceia para marcar o segundo gol do Flamengo

to na cabeça de Guerrero, que se antecipou a Henrique e ampliou o placar aos dois minutos. O gol deixou o confronto mais tenso. Aos seis minutos, Cuellar e Marcos Júnior se estranharam após uma falta do colombiano e a confusão se generalizou. Os dois jogadores acabaram expulsos. Depois das expulsões, o Flamengo procurou administrar o resultado, enquanto o Fluminense buscava marcar.

A partida foi interrompida aos 33 minutos por conta da invasão de uma espectadora, que prejudicou o andamento do jogo. No entanto, cinco minutos depois, em linda cobrança de falta, Gustavo Scarpa diminuiu o placar. O Fla ainda ficou com um a menos, após uma infantil expulsão de Wallace, e teve que se segurar para garantir a vitória por 2 a 1. O Flu é o quarto colocado do grupo A, com apenas sete pontos. (BP)

O Botafogo recebeu a Cabofriense em São Januário, sua casa provisória enquanto o Niltão estiver cedido aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016. Apesar da atuação pobre do alvinegro, venceu por 2 a 1. No primeiro tempo, o Botafogo buscou tomar a iniciativa no confronto, enquanto a Cabofriense assustava nos contra-ataques, especialmente com Charles Chad, que exigiu muito de Jefferson. A pressão alvinegra surtiu efeito. Aos 21 minutos, o jovem Luis Henrique abriu o placar para o time de General Severiano.

Não deu muito tempo para comemorar. Três minutos depois, Charles Chad acertou um lindo chute de sem-pulo, no ângulo. Um golaço, onde Jefferson nada pôde fazer. No segundo tempo, o Botafogo manteve a pressão sobre o time de Cabo Frio, mas tinha dificuldade de penetrar na defesa adversária. Quando Neilton, que voltou recuperado de uma lesão, chutou, o zagueiro Rafael Sales meteu o braço na bola. O próprio Neilton cobrou, botando goleiro de um lado e bola do outro, aos 45 minutos da etapa final e dando números finais à partida. (BP)

Schiavone vence Rio Open de Tênis entre as mulheres A italiana Francesca Schiavone venceu a estadunidense Shelby Rogers, de virada, por 2 sets a 1 (2/6, 6/2 e 6/2), e se sagrou campeã do Rio Open de Tênis, disputado no Jockey Club Brasileiro, na Gávea. Com a vitória, a italiana quebrou um jejum de três

anos sem títulos no circuito mundial. Schiavone foi campeã de Roland Garros, em 2010, sendo o único Grand Slam da tenista que chegou a ser a 4ª do mundo. Hoje ela é a número 132 do ranking. Nas duplas, os colombianos Juan Sebastian Cabal e Robert Farah conquista-

Deco Pires/Fotojump Rio Open 2016

Ex-campeã de Roland Garros, Schiavone conquistou Rio Open de Tênis

ram o título da competição ao derrotarem os espanhóis Pablo Carreno Busta e David Marrero por 2 sets a 0 (7/6 e 6/1). O uruguaio Pablo Cuevas enfrentou o argentino Guido Pella na final masculina. O jogo não havia encerrado até o fechamento desta edição. (BP)