Ocupação de escolas em SP vira documentário
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Esta é a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos visita Cuba nos últimos 88 anos Geral | pág. 3
Documentarista argentino Carlos Pronzato lança filme sobre a mobilização dos Cultura | pág. 9 estudantes de São Paulo
RIO DE JANEIRO
21 a 23 de março de 2016
Obama está em Cuba
distribuição gratuita
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Ano 3 | edição 164
Habeas corpus pode anular decisão de Mendes e devolver cargo a Lula Advogados entraram, neste domingo (20), com um pedido de habeas corpus solicitando a anulação da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que impediu, na última sexta-feira (18), o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o Ministério da Casa Civil. No recurso, eles pedem também que as ações sejam mantidas com o ministro Teori Zavascki, responsável pela Operação Lava Jato no Supremo. Até lá o processo está nas mãos do juiz federal Sérgio Moro. Cidades | pág. 5 Renam Brandão
Entrevista | pág. 4
“Globo age como partido político”, diz professora da UFF Sylvia Moretzsohn, professora do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF, fala sobre a cobertura manipuladora promovida pela emissora.
CANTO DA DEMOCRACIA 70 mil pessoas ocuparam a Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, em defesa da democracia e em apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Cidades | pág. 5
EXPEDIENTE
Desde 1º de maio de 2013 O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintasfeiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. CONSELHO EDITORIAL: Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) EDIÇÃO: Vivian Virissimo (MTb 13.344) SUB-EDIÇÃO: Fania Rodrigues REPORTAGEM: André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana PItasse e Pedro Rafael Vilela REVISÃO: Sheila Jacob COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago FOTÓGRAFO: Stefano Figalo ESTAGIÁRIO: Victor Ohana ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
EDITORIAL
Golpe midiático e jurídico ameaça democracia M
ais uma vez, em nossa história, a classe rica ameaça as liberdades democráticas e a legalidade do país. Vivemos um momento parecido com o que aconteceu no Chile, em 11 de setembro de 1973, quando a pressão midiática de denúncia de corrupção, sem base para tanto, resultou no assassinato do presidente Salvador Allende em bombardeio do Palácio de La Moneda. Episódios como os golpes militares na América Latina, especialmente o no Brasil em 1o de abril de 1964, demonstram que as elites, quando se sentem ameaçadas, rompem com a institucionalidade e instauram regimes autoritários. Nunca nos enganamos que os ricos, a depender da ocasião, são os primeiros a rifar todos os direitos conquistados e a própria ordem constitucional. LAVA JATO Diversos juristas estão denunciando que a Constituição está sendo violada na condução das investigações da Operação Lava Jato. Vejamos alguns exemplos: 1) o juiz federal Sérgio Moro cuida exclusivamente da Operação, concentrando todos os processos sob seu julgamento; 2) a condução coercitiva do investigado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desrespeitou seu direito ao silêncio, ainda mais quando
não se recusou a depor; 3) o escândalo dos grampos em ligações telefônicas, envolvendo a Presidente da República
As mazelas da democracia só se resolvem no sistema democrático e na legalidade e advogados, atenta contra divisão dos poderes e sigilo entre cliente e advogado.
PREVISÃO DO TEMPO (21) 4062 7105 redacaorj@brasildefato.com.br
Segunda-feira, 21 de março, Rio de Janeiro, Brasil
Mesmo diante de tantas ilegalidades, temos uma certeza: as mazelas da democracia só se resolvem no sistema democrático e na legalidade. Neste momento precisamos fazer uso da legalidade constitucional para denunciar o crescimento das ilegalidades do sistema jurídico. Justamente quem deveria lutar para conservar o Estado Democrático de Direito está contribuindo para o seu fim. Resistiremos! Porque as arbitrariedades do Judiciário, insufladas pela mídia, atingem cotidianamente os mais pobres e agora põem
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em risco os avanços sociais dos últimos anos. SOBERANIA Agora não será mais suficiente uma reforma política por meio dos marcos políticos tão abalados e carentes de legitimidade. É fundamental retomar o debate sobre o projeto de Brasil e a reorganização do campo popular. Neste sentido, é urgente definir um caminho que passe pela retomada do poder constituinte para garantir nossa soberania. Só com soberania teremos liberdade para traçar nosso futuro com nossas próprias mãos.
Fonte: Google
2 | Editorial
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
FRASE DA SEMANA
mandou
bem
mal
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Greve dos profissionais da educação no Rio Os trabalhadores das escolas estaduais anunciaram que vão manter a greve por tempo indeterminado até conseguirem uma resposta satisfatória do governador Pezão para suas reivindicações. Eles querem 30% de reposição da inflação acumulada desde o primeiro governo Cabral, segundo o DIEESE.
Obama realiza visita histórica a Cuba O
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a primeira-dama, Michelle, chegaram a Cuba nessa segunda-feira (21). Trata-se de uma viagem histórica que marca a retomadas das relações diplomáticas e a aproximação entre os dois países. Obama será o primeiro presidente norte-americano a visitar a ilha desde 1928. Durante os dois dias de viagem, o presidente dos Esta-
dos Unidos deve se reunir com chefe do governo cubano, Raúl Castro, e manter contato com membros da sociedade civil, empresários e cubanos comuns, de acordo com a agenda divulgada. Obama e Raúl devem dialogar sobre temas com prisão mantida pelos EUA
em Guantánamo, comércio bilateral e migração entre os países.
ESTATUTO
EBC
mandou
EDUCAÇÃO
disse o ator Antônio Fagundes, sobre a tensão e o radicalismo que o país vive.
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Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a atriz Glória Pires mostrou que está engajada na luta feminista. “A mulher ainda tem um lugar difícil na sociedade. É ela que sustenta a família muitas vezes, no entanto não tem o trabalho reconhecido e ganha menos na maioria das vezes”.
SINDICAL por Claudia Santiago
“Não podemos sair na rua com um pedaço de pau para bater em quem pensa diferente da gente”,
Divulgação/TV Globo
Sepe
O youtuber Felipe Neto, muito conhecido nas redes sociais, mandou mal essa semana. Felipe fez ataques verbais a Chico Buarque e chamou o cantor de imbecil, em seu canal na internet.
SERVIDORES Mesmo debaixo de chuva, os servidores estaduais do Rio de Janeiro saíram para protestar na última semana. Após a manifestação, que terminou em frente ao Palácio Guanabara, o governo Pezão concordou em marcar uma audiência para negociar as reivindicações da categoria.
Geral l 3
Não às privatizações das estatais “Somente a unidade e a mobilização dos trabalhadores poderão impedir a aprovação do projeto que altera o estatuto das estatais, que ameaça o patrimônio público brasileiro e a função social de instituições, através de uma nova onda de privatizações no Brasil”, alerta o vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, Paulo Matileti. O projeto de lei que cria o Estatuto das Estatais facilita a privatização da Petrobrás, da Caixa Econômica Federal e da Eletrobrás. A proposta está no Senado.
4 | Entrevista
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
Sylvia Moretzsohn, professora e pesquisadora da UFF
“A Globo não está mais preocupada em fingir”, afirma pesquisadora Para Sylvia Moretzsohn, cobertura da emissora sobre acontecimentos políticos cria condições para golpe de Estado no Brasil Ildo Nascimento
Está crescendo uma certa consciência de que existe uma manipulação. Mas eu acho que ainda é uma minoria que protesta contra o oligopólio da Globo e sobre o conteúdo de suas transmis-
Mariana Pitasse do Rio de Janeiro (RJ)
O
modo como a Rede Globo está noticiando os últimos acontecimentos políticos tem repercutido de várias formas pelo país. Na última quarta-feira, uma edição estendida do Jornal Nacional foi dedicada apenas a interpretar gravações sigilosas de Lula e da presidente Dilma, parte de investigações da Polícia Federal liberadas diretamente pelo juiz federal Sérgio Moro. Nas redes sociais, o Jornal Nacional foi um dos assuntos mais comentados, principalmente no Twitter, em que a maioria das postagens fazia críticas à “cobertura manipuladora promovida pela emissora”. Para Sylvia Moretzsohn, professora do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), está crescendo a consciência de que existe uma manipulação de informações articulada pela Rede Globo. Brasil de Fato - Você acredita que o jornalismo produzido pela Globo está trabalhando como partido político? Sylvia Moretzsohn - Há muito tempo. A ação do Jornal Nacional é muito clara. Não é à toa que a Dilma tenha tido tanto espaço nas últimas edições, porque sempre que ela aparece é uma chamada para as pessoas baterem panela. Com a internet e whatsapp, as pessoas se comunicam muito rápido. Então, toda vez que o Lula e a Dilma entram no ar é a mesma coisa. Vão criando uma disposição, um
Está crescendo uma certa consciência de que existe uma manipulação sões. Acredito que se houvesse consciência, as pessoas não atenderiam as chamadas para bater panela. Brasil de fato - Qual a principal consequência dessa ação da emissora? Com certeza criar condições para um golpe de Estado. Querem fazer com que a opinião pública se manifeste Professora da UFF defende debate sobre democratização da comunicação
efeito cascata. É claro que a Globo não está mais preocupada em fingir. Brasil de fato - Como isso funciona na prática? Sobre as gravações grampeadas de Lula e Dilma, por exemplo, o Jornal Nacional anunciou como se os pilares da república estivessem caindo, mas eu sinceramente não vi nada naquela gravação em que os dois conversam. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: grampearam o Palá-
cio do Planalto. Essa é a notícia. Só que a Globo ficou martelando a noite toda sobre interpretações das gravações, sem apuração. Não questionaram o fato de um juiz federal quebrar o sigilo e divulgar dessa forma para a imprensa. Brasil de fato - Na internet, houve uma grande repercussão negativa sobre a cobertura da Globo. Como você acredita que a população em geral interpreta o que a emissora está fazendo?
a favor da derrubada de Dilma, mas sempre em nome de uma causa nobre, que é o combate à corrupção. Existem pessoas que vão às ruas pedir intervenção militar, mas ninguém vai à rua pedir pela corrupção. Eles colocam como se estivessem defendendo o Brasil e a democracia, mas segundo a cobertura da Globo, a marca da corrupção só está em um partido (PT), que hoje representa toda a esquerda brasileira. Brasil de Fato - O que a população pode fazer diante disso? Denunciar, se manifestar contra isso. Precisamos debater sobre a democratização da comunicação, é mais do que urgente uma legislação para os meios de comunicação no Brasil. A Globo não pode continuar imperando com tanto poder sobre uma concessão pública. A mídia não tem o papel de produzir palpites, mas sim de informar.
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
Povo ocupa as ruas contra impeachment e em defesa da democracia Além de movimentos populares e organizações de esquerda, participaram do ato artistas e cidadãos contrários ao golpe
Cidades l 5 Fotos: Talles Reis
Vanda Lúcia, assistente social
Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)
N
a última sexta-feira (18), o Brasil foi para as ruas e em várias cidades uma multidão se manifestou contra a tentativa de derrubar a presidente Dilma Rousseff e em defesa da democracia. No Rio de Janeiro, 70 mil pessoas lotaram a Praça XV, em ato que ficou conhecido como o “Canto da Democracia”. Os manifestantes também levaram cartazes de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticaram as violações cometidas pela Polícia Federal e pelo juiz federal Sérgio Moro. Artistas como Serjão Loroza, Tereza Cristina, Geraldo Azevedo, Otto, Osmar Prado, Letícia Sabatella, Bete Mendes e Moacyr Luz cantaram, recitaram poesia e manifestaram sua opinião em defesa da democracia. VOZ DAS RUAS O fotógrafo Miguel Liesenberg foi, com o filho, manifestar sua opinião nesse im-
Carlos Umberto da Silva Filho, geógrafo
portante momento que o país vive. “Estou assustado com o que está acontecendo no Brasil. Nunca defendi o governo Dilma, inclusive tenho muitas críticas. Mas a forma como estão querendo tirar a presidente vai fazer muito mal ao país e à democracia”, disse Miguel, que fez questão de destacar que não pertence a nenhum partido. Essa preocupação também é compartilhada pela assistente social Vanda Lúcia Branco Guimarães. “Acho que a gente precisa fazer uma discussão, que saia do debate entre parti-
Cris dos Prazeres, líder comunitária
Miguel Liesenberg, fotógrafo
O geógrafo Carlos Umberto da Silva Filho defendeu as políticas raciais implantadas nos últimos anos nos governos Lula e Dilma. “Não venho aqui por conta desse movimento polarizado de esquerda ou direita. Não vim aqui porque sou a favor do PT, do Lula ou da Dilma. Vim aqui porque sou a favor da política de ações afirmativas (como cotas para negros nas universidades) e pelo fim dos homicídios que a juventude negra vem sofrendo. Sou a favor da liberdade e da democracia, que nesse momento estão em risco”.
Já a líder comunitária Cris dos Prazeres, moradora do Morro dos Prazeres, falou sobre a importância de o povo participar e defender o que pensa nas ruas. “Como liderança social vim para a rua, junto com essa massa de gente, em busca de um país democrático. Nesse momento o país está em colapso e a única maneira da gente se salvar é vindo para a rua. Nós já sofremos muito com golpes e nesse momento passamos por um momento delicado na política do Brasil. O povo tem mais é que vir para a rua mesmo”.
70 mil pessoas participaram do ato na Praça XV, na última sexta-feira (18) dos. Temos que discutir qual é o país que a gente quer, um país que seja inclusivo para todas as pessoas. Para além dos partidos, a gente precisa aprofundar a democracia, porque ela é nova no Brasil e temos que defendê-la”, afirmou Vanda.
Juristas pedem anulação de decisão do ministro Gilmar Mendes contra Lula Seis respeitados juristas brasileiros entraram com pedido de habeas corpus, no domingo (20), no Supremo Tribunal Federal, contra decisão do ministro Gilmar Mendes, que afastou o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva do cargo do Ministério da Casa Civil. Gilmar também devolveu o processo que investiga Lula ao juiz federal Sergio Moro. Em nota, o Instituto Lula afirma que no habeas corpus encaminhado ao presidente do STF,
Ricardo Lewandowski, a defesa do ex-presidente e os juristas pedem que a decisão de Gilmar seja anulada. A justificativa é que o caso deveria ser julgado pelo ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato no Supremo.
O habeas corpus é assinado pelos juristas Celso Antônio Bandeira de Mello, Weida Zancaner, Fabio Konder Comparato, Pedro Serrano, Rafael Valim e Juarez Cirino dos Santos, junto com três advogados de Lula. A nota também frisa que o
ministro Gilmar Mendes já teria declarado publicamente sua posição política contra o governo Dilma e o expresidente Lula, o que, segundo o Instituto, o tornaria impedido de julgar qualquer ação desse processo.
L IA C PE ES Ã O IÇ ED
Minas Gerais
• Março de 2016 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita
Eles querem desestabilizar a democracia
Nós dizemos:
GOLPE, NÃO!
O Brasil de Fato MG declara seu repúdio às ofensivas de parte da mídia tradicional, que se une descaradamente a setores interessados em promover um ataque à democracia brasileira. Nesta edição especial, busca esclarecer porque esse processo é ilegal e apresenta outras análises sobre o atual momento político.
“Me preocupa a justiça brasileira estar trabalhando sob a influência de uma agenda política. Ou sob influência do círculo midiático fazendo com que parte da população bata palma. Sou a favor das investigações, mas mais a favor da democracia.” Wagner Moura
Ameaça à democracia provoca reação e milhares vão às ruas REAÇÃO Movimentos populares promoveram grandes manifestações em todo o país na última sexta-feira (18). Novo ato está programado para o próximo dia 31/3 Lidyane Ponciano
O ódio vem tomando conta dos protestos pelo impeachment. Na última semana, sindicatos foram invadidos, sedes de partidos e da União Nacional dos Estudantes (UNE) foram pichadas. “O resultado disso é imprevisível e com certeza não é bom para o país”, lamenta Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais. Junto com a violência, “as propostas destes grupos ainda não são claras”, diz Beatriz. Segundo o sociólogo Frederico Santana, os protestos a favor da saída da presidenta Dilma Rousseff têm, na verdade, outros motivos. “O que está por trás do golpe é a aplicação das medidas neoliberais, e não a retirada da presidenta”, explica. Liberar a terceirização trabalhista e aumentar a idade de aposentadoria, através da reforma da previdência, seriam duas das medidas defendi-
“O que está por trás do golpe é a aplicação das medidas neoliberais”, diz liderança da Frente Brasil Popular
das pelo grupo que pede o impeachment. Para fazer contraponto aos protestos de rua, a Frente Brasil Popular organizou na sexta (18), manifestações nas maiores cidades do Brasil. E no dia 31, ato em Brasília.
Mais de 200 organizações A Frente Brasil Popular se formou há um ano pela reunião de mais de 200 sindicatos, movimentos populares e lideranças políticas. Suas principais reivindicações são a defesa da democracia e crítica à política econômica do
governo federal. As organizações se reúnem desde 2015, quando os setores conservadores aumentaram a ofensiva pela retirada de direitos, afirma Frederico Santana. “Os dirigentes sociais perceberam que o golpe vai atingir todos os setores da sociedade, e avançar sobre os direitos”, declara. Além das manifestações, a Frente Brasil Popular apresentou ao governo federal, em fevereiro, um documento com 22 propostas para enfrentar a crise econômica brasileira. Entre os pontos estão o imposto sobre grandes fortunas, a retomada do PAC e a rejeição à reforma da previdência. Manifestações nas capitais e em Brasília Os organizadores reuniram milhares de pessoas na sexta-feira (18). Em Belo Horizonte, foi marcado para as 16h na Praça Afonso Arinos, terminando com apresen-
tações culturais na Praça da Estação. “Não vamos aceitar o impeachment pois não há nenhuma prova que envolva a Dilma”, declara Enio Bohnenberger, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST). O presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), José Antônio de Lacerda, o Jota, avalia que esse ato teve mais apoio que os realizados até aqui. “Diferente dos outros, os movimentos e bairros populares estão animados a participar. Acho que a perseguição ao Lula mudou o cenário”, avalia. Já no dia 31 de março, a Frente Brasil Popular está organizando um ato nacional em Brasília, cujo objetivo, além da luta contra o golpe, é barrar os projetos contrários aos interesses dos trabalhadores no Congresso Nacional.
Entidades brasileiras repudiam impeachment da presidenta Em meio à conjuntura polarizada do Brasil, diversas instituições lançaram, nas últimas semanas, notas e manifestos a favor da democracia e contra o impedimento da presidenta Dilma Roussef. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) defendeu a investigação e punição de todos os casos
de corrupção no país, mas criticou alguns julgamentos. “Percebe-se que, para determinados julgamentos, não se têm observado o amplo direito à defesa, ao contraditório e à imparcialidade do julgamento, garantidos pela Constituição. É necessário que sejam respeitados os princípios da inocência e afastados os riscos de julgamentos sumários”. Promotores de Justiça,
Procuradores/as da República e Procuradores/ as do Trabalho assinaram uma nota criticando as atitudes da grande mídia e a
“Não se tem observado o amplo direito à defesa” “relação obscura entre autoridades estatais e imprensa”, expressada no va-
zamento seletivo de dados sigilosos de investigações. “Não se trata de proteger possíveis criminosos da ação estatal, mas de respeitar as liberdades que foram duramente conquistadas para a consolidação de um Estado Democrático de Direito”. Mais de 70 entidades do movimento negro manifestaram sua posição contrária à tentativa de
golpe com o apoio da mídia e de parte do Judiciário e criticaram a política econômica do governo federal. “Somos contra o impeachment da atual presidenta e não toleraremos qualquer tentativa de golpe à nossa frágil e insuficiente democracia. Mas é preciso uma mudança de rumo desse governo. A população negra não pode pagar pela crise econômica e política do país”.
“Nossa elite lança mão de uma artimanha fascista. E de repente temos um ministério público politizado e uma polícia federal a serviço de um grupo no país, de um partido político. Uma grande mídia que teve associada à ditadura militar. Não se trata de defender o governo. Trata-se de defender a democracia.” Chico César
Juristas criticam métodos empregados pela Lava Jato
Conheça alguns do time da direita
FORA DA LEI Especialistas em direito questionam manobras como vazamentos seletivos
GLOBO/ GRANDE MÍDIA A grande mídia brasileira expõe seu conservadorismo político e seu lado na sociedade. Folha de São Paulo, Estadão e a Globo, têm dado prioridade às denúncias contra o PT e, principalmente, à investigação do ex-presidente Lula, e chegam a convocar os protestos de direita. Esses veículos apoiaram a ditadura militar de 1964.
SÉRGIO MORO Sérgio Fernando Moro é um juiz federal brasileiro da 13ª Vara Federal de Curitiba. O juiz é questionado por diversos juristas por arbitrariedade e cumplicidade com a grande mídia.
AÉCIO NEVES Deflagrada em março de 2014, a fase ostensiva da Operação Lava Jato teria como meta investigar a corrupção na Petrobras, mas tornou-se um instrumento do espetáculo midiático e do julgamento público sem a conclusão do processo criminal. Juristas de todo o país têm criticado os métodos empregados na operação, considerando que eles abririam precedentes para a violação de direitos fundamentais de qualquer cidadão. Veja alguns casos: Vazamentos seletivos, espetáculo na mídia Informações têm sido publicadas quase em tempo real pelos maiores veículos de imprensa. A condução coercitiva de Lula no dia 4, por exemplo, foi antecipada horas antes, pelo editor da revista Época. Procuradores, promotores e agentes da polícia federal dão entrevistas coletivas, expondo detalhes das investigações. “Os cidadãos têm que ter
preservada sua intimidade. Quem faz um vazamento, faz um vazamento pontual, criminoso, orquestrado para minar a investigação”, comenta o jurista Antônio Carlos de Almeida. Nem todos os citados nos vazamentos são investigados. Um caso emblemático é o do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. Desde novembro de
“O atropelamento só gera incerteza jurídica” 2014, Aécio já foi citado por quatro delatores, em seis diferentes delações. Condução coercitiva No dia 4 de março, o ex-presidente Lula foi conduzido coercitivamente a pedido do Ministério Público Federal e autorizado pelo juiz Sérgio Fernando Moro. Centenas de juristas repudiaram o procedimento. “Só se conduz coercitiva-
mente o cidadão que resiste. E o Lula não foi intimado. Vamos consertar o Brasil, mas não vamos atropelar. O atropelamento só gera incerteza jurídica para todos os cidadãos”, comentou o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello. Prisão preventiva foi banalizada No dia 10 de março, promotores do MP de SP pediram a prisão preventiva do ex-presidente Lula e de outras seis pessoas, acusadas de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, no processo de aquisição de um apartamento da cooperativa Bancoop, em Guarujá (SP). Um grupo de 129 promotores e procuradores lançaram um manifesto (disponível no link migre. me/tflIS) contestando: “A banalização da prisão preventiva e de outras medidas de restrição da liberdade vai de encontro a princípios caros ao Estado Democrático de Direito”.
O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e ex governador de Minas Gerais (entre 2013 e 2010), já foi citado cinco vezes na Operação Lava Jato, sendo a última vez na delação de Delcídio Amaral.
MOVIMENTO BRASIL LIVRE E KIM KATAGUIRI O Movimento Brasil Livre (MBL) foi criado em novembro de 2014. Fundado por membros do Estudantes pela Liberdade – braço da Students for Liberty – para se manifestarem em protestos pelo impeachment e através do ativismo digital de direita. A principal liderança é o estudante Kim Kataguiri.
VEM PRA RUA O Movimento Vem pra Rua, liderado pelo empresário Rogério Chequer, surgiu em outubro de 2014 como uma página de Facebook para mobilizar e liderar manifestações contra o PT e pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Chequer teve seu nome vinculado a Stratfor, conhecida como “The Shadow CIA”, acusada de envolvimento em tentativas de golpe.
FIESP A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) é presidida pelo empresário e político brasileiro Paulo Skaf (PMDB), candidato ao governo de São Paulo em 2014, e tem participado de manifestações anti PT e pró Impeachment.
“Sou contra este golpe, quando deveríamos fazer pressão por reforma política, pautas ambientais, justiça. Estão querendo tirar o roto pra colocar no lugar quem fez o rasgo!” Letícia Sabatella
“Ser contra o golpe não é contraditório com exigir mudanças na política econômica” Waldemir Barreto / Agência Senado
Confira análise de João Pedro Stedile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Frente Brasil Popular. Por que os movimentos sociais estão falando em golpe? Quem teria interesse em dar esse golpe? Nossa normalidade democrática estabelece a realização de eleições a cada dois anos, e que todo poder político do país emana da vontade do povo, expresso na maioria dos votos. Tirar a Dilma agora é um golpe porque desrespeita a vontade dos 54 milhões que a elegeram. Ela não cometeu nenhum crime. Acredito que a maioria da sociedade e das forças políticas do país sabem que tirar a Dilma da presidência não resolve os problemas da crise eco-
“Tirar a Dilma da presidência não resolve os problemas da crise econômica, política e ambiental” nômica, política e ambiental. Porém, há um setor da pequena burguesia, que representa 8% da população, que é muito reacionário, conserMídia NINJA
todos os setores da sociedade tenham direitos e oportunidades de eleger seus verdadeiros representantes. Mas essas mudanças só virão se o povo for para a rua para pressionar pela convocação de uma assembleia constituinte...que ainda vai demorar.
vador, tem raiva de pobre, que são os que foram às ruas no dia 13 de março. Esse pequeno setor imagina que tirar a Dilma é a saída. E sobretudo é esse setor que impediria que o governo retome as políticas que beneficiaram os mais pobres. Parece positivo que a Justiça investigue crimes e queira punir a corrupção. Mas quais os problemas por trás dessa investida contra o PT? A corrupção sempre existiu no Brasil, sempre foi uma forma de setores da burguesia e do empresariado enriquecerem com recursos públicos. Isso acontece no governo federal, nos estados e
nas prefeituras. Por isso a esquerda e os trabalhadores devemos sempre denunciar e nos rebelar contra qualquer tipo de corrupção. E para isto existe a lei, que pode punir. O que está acontecendo com a operação Lava Jato é que o juiz Sergio Moro só está vazando as informações para a Globo, e ela manipula como se o problema fosse apenas do PT. Não podemos ter a hipocrisia de achar que a operação Lava Jato vai salvar o Brasil da corrupção. O que vai salvar o Brasil da corrupção é uma reforma política profunda, que proíba o financiamento privado das campanhas, que estabeleça critérios do sistema político, que garanta que
O governo federal tem adotado medidas antipopulares, como a proposta de reforma da previdência, ajuste fiscal e lei antiterrorismo. Não é contraditório pautar a defesa do governo? O governo Dilma cometeu muitos erros. Acossado pela mídia, mesmo depois das mobilizações populares contra o golpe, o governo assumiu parte da agenda neoliberal, que é do candidato Aécio, derrotado. E isso, mais que contraditório, foi uma burrice. Muitos setores populares que poderão ser atingidos pela reforma da previdência, pela entrega do pré-sal, pela lei antiterrorismo, pararam de apoiar o governo. Mas defender a democracia, ser contra o golpe, não é contraditório com a ideia de criticar os erros do governo e exigir que ele mude a política econômica, adote as medidas para que o povo melhore as condições
de vida. É uma necessidade dos movimentos organizados serem contra o golpe e exigirem mudanças na política do governo: são dois lados da mesma moeda. Qual seria a saída para as crises econômica, política e social que vivemos? As forças populares reunidas na Frente Brasil Popular elaboramos um programa de
“O que vai salvar o Brasil da corrupção é uma reforma política profunda” emergência para enfrentar a crise econômica, com 16 medidas, que vão desde baixar os juros, suspender o pagamento da dívida interna com dinheiro público, usar as reservas em dólar que estão nos Estados Unidos, e aplicar esses recursos em projetos industriais, na construção massiva de casas populares, em obras de infraestrutura e de transporte público nas grandes cidades, reforma agrária, investimentos na saúde e educação. Essas medidas não resolveriam a crise de uma hora para outra, mas indicariam o caminho.
Pesquisa mostra perfil elitizado de manifestantes pró impeachment Semelhante ao ano passado, pesquisa mostra que são ricos e brancos (77%) que saíram às ruas no domingo 13 de março. Os dados, coletados em São Paulo pelo Datafolha, demonstram que a maioria dos participantes eram homens (57%) e com idade superior a 36 anos. 77% dos entrevistados tinham curso superior, enquanto no município esse índice é de 28%. A maioria, equivalente a 63%, afirmou ter uma renda mensal maior que cinco salários mínimos, sendo que 12% alegaram ser empresários.
Variedades Opinião l l 11 7
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
Igor Fuser
A FIM DE PAPO | MC Leonardo
Fascismo X Antifascismo Manifestações estranhas
A
mig@s, o conflito está se tornando muito diferente do que era até agora. Não é mais uma questão partidária ou ideológica ou mesmo de interpretação do que é constitucional ou não. Tornou-se um embate entre civilização e barbárie. Fascismo e antifascismo. E isso é só o começo. Queriam o impeachment, têm a totalidade da mídia e a maioria do Judiciário ao lado deles, multidões nas ruas, mas percebem que isso não é suficiente pra depor um governo legítimo. Ao menos, não do jeito que eles querem. Sabem que isso não é pra já. Então querem ganhar no grito. Por isso agora gritam “renúncia”. A polícia está do lado deles, não só a PF como a PM. Nas universidades, e em toda parte, já surgem sinais de caça às bruxas. Os brucutus correm contra o tempo. Sabem que se as pessoas começarem a pensar, refletir, verão que o cenário não é exatamente como eles pintam. Precisam manter a excitação no ponto máximo, envenenar e reenvenenar os espíritos, o tempo todo, antes que as pessoas comecem a se perguntar onde estão afinal as provas contra Lula, a se perguntar por que mesmo a Dilma “precisa” ir embora…
HORA É GRAVE Da nossa parte, só há um caminho: serenidade e firmeza. Resistir, resistir sempre, sem recuar um só passo, ao mesmo tempo sem cair em provocações. Mostrar que os democratas somos nós. A turma do diálogo somos nós. A hora é grave, a mais grave desde o fim da ditadura. Mais do que nunca, a esquerda, e eu digo aqui, a esquerda inteira, precisa se unir. Mais do que a esquerda, todas as pessoas decentes, aqueles
Tânia Rego / Agência Brasil
Desaprovação de Dilma não pode alterar resultado das urnas
que ainda são capazes de pensar, os que ainda não se deixaram bestificar, precisamos reagir. Com todas as nossas forças, nossa inteligência, nossas derradeiras reservas de energia.
Da nossa parte, só há um caminho: serenidade e firmeza. Mostraremos que os democratas somos nós. A turma do diálogo somos nós Não se trata de ser a favor de um governo em relação ao qual quase todos temos críticas, em alguns casos críticas devastadoras. Já não é o momento de discutir o que nos divide, o que nos separa, mas de defender o espaço político e cidadão conquistado com tanta luta sob a ditadura, nos sindicatos e oposições sindicais, nas universidades, nas igrejas, nos bairros, nas campanhas da anistia e das diretas, na Constituição de 1988, nos grupos de teatro popular, nos jornaizinhos clandestinos ou não, no hip-hop, no grafite,
nos cárceres, no pau-de-arara e cadeira-do-dragão. GOLPE NÃO PARA POR AÍ Se hoje eles conseguem dar o golpe de Estado, não vão parar por aí. Vão atrás dos semterra, dos sem-teto, da moçada do passe livre, dos guaranis-kaiowás, das mulheres em luta pelo direito ao aborto, dos gays em luta pelo respeito, dignidade e direitos iguais. A palavra “direito” vai desaparecer da agenda pública, junto com as garantias trabalhistas. Vão censurar nossas aulas, proibir nossos blogs. Vão exigir atestado ideológico como hoje se pergunta pelo CPF. É tudo isso, e muito mais, o que está em jogo nesses dias tensos, como há muitas décadas não se via neste país. Sexta-feira 18 de março é o nosso dia. Nem um passo atrás. Vamos mostrar que o Brasil também somos nós. O futuro é nosso, a razão, a verdade e os sentimentos mais puros estão com a gente, na nossa voz, no nosso coração. Vamos resistir, todos e todas. O fascismo não passará. Pátria livre, venceremos! Igor Fuser é jornalista e professor na Universidade Federal do ABC (UFABC)
No último dia 13, uma significativa parte da população brasileira foi pra rua pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Se buscarmos o resultado da última eleição presidencial, veremos que foi significativa a parte dos brasileiros que não votaram na Dilma, e tenho a certeza de que foram eles que foram pra rua. Tenho a certeza também de que a grande maioria deles jamais foi pra rua reclamar de coisa alguma. Assim se viu de tudo naquele dia. SELFIE COM POLICIAIS Gente dizendo que a Dilma mentiu na eleição e por isso deveria ser impedida de governar, gente dizendo que se o povo desaprova a presidente tem que ir pra rua e demostrar isso, gente tirando selfie com policiais e dizendo não à desmilitarização. Essas foram algumas coisas estranhas que pude ver nas manifestações. Primeiro, querem que a presidente Dilma seja a primeira pessoa no mundo a perder o cargo por ter mentido na eleição. Segundo, estão esquecendo que os dias e as horas que o povo tinha que ir para
a rua dizer se apoiava a Dilma ou não já aconteceram. Isso se deu no primeiro e no segundo turno das eleições. Todo mundo que está acostumado a protestar sabe que o nosso maior problema em fazer isso sempre foi a
Não fui e nem vou a manifestações que desrespeitem a vontade do povo, principalmente onde ela tem que ser respeitada, ou seja, nas urnas polícia, mas na manifestação do dia 13 isso não foi problema. Aliás, a manifestação só foi pacífica porque a polícia concordou com o ato. RESPEITO AO VOTO Não fui e nem vou a manifestações que desrespeitem a vontade do povo, principalmente onde ela tem que ser respeitada, ou seja, nas urnas. Em minha opinião, o governo de Dilma é indefensável, mas o seu mandato precisa ser defendido.
8 | Cultura
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
AGENDA DA SEMANA
A cuíca do Laurindo
Sambalaiê
Divulgação
Túnel do Tempo EBC
O quê: Grupo de samba, pagode e MPB se apresenta com a promessa de levar uma overdose de alegria a todos os presentes. Onde: Estação 40º – Piedade (Ao lado da Universidade Gama Filho). Quando: Quinta (24), 22h. Quanto: Mulheres 0800 e homens R$ 15 (até meianoite)
Centro de artesanato é inaugurado no Rio
EBC
Divulgação
O quê: Espetáculo conta história de Laurindo, um tocador de cuíca que se aventura na escola de samba da Mangueira nos anos 40. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quando: De quarta a segunda, 19h. Até 15/5. Quanto: R$ 10 (R$ 5 meia)
Cineclube Gêneros e Sexualidades EBC
O quê: Festa trash reúne as pérolas das últimas décadas, como Mamonas Assassinas, Rouge, Terra Samba, Molejo, Katinguelê, Serginho e Lacraia, Sandy & Junior, Raça Negra, entre outros. Onde: Casa Verde – Rua Piraí, 10, Seropédica. Quando: Quarta (23), 22h. Quanto: R$ 15
Dança Charme O quê: Atividade oferece o contato com a dança (prática e aprendizagem) dos “passinhos de charme”. Onde: Arena Carioca Dicró – Parque Ary Barroso, Penha. Entrada pela Rua Flora Lobo. Quando: Terça (22), 17h30 (8 a 15 anos) e 19h30 (a partir de 16). Quanto: 0800
Depois do futuro EBC
Arquivo
O quê: Sessão especial de filmes de curta e longametragem traz debates sobre sexualidade e identidade de gênero. Onde: Centro Cultural Justiça Federal – Avenida Rio Branco, 241, Centro. Quando: Sábado (26), 17h e 19h. Quanto: R$ 8 (R$ 4 meia)
O quê: Exposição coletiva questiona a arte em tempos de crise. Obras discutem o lugar da arte como produto de consumo. Onde: Escola de Artes Visuais do Parque Lage – Rua Jardim Botânico, 414. Quando: De terça a domingo, de 10h às 17h. Até 1/5. Quanto: 0800
Artesanatos terão visibilidade ampliada com centro inaugurado
Localizado em três prédios históricos recém-reformados na Praça Tiradentes, no centro do Rio, foi inaugurado, neste mês, o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (Crab). O objetivo é ser uma plataforma de reposicionamento e qualificação, além de ampliar a comercialização das peças brasileiras. Segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, a entidade pretende levar os trabalhos para outros pontos da cidade durante as Olimpíadas. O espaço, aberto ao público no dia 22 de março, inaugurará a exposição “Origem Vegetal: a biodiversidade transformada”, que apresentará trabalhos que utilizam elementos como madeira, palha, sementes e resina como matérias-primas. São 800 peças feitas por artesãos das 27 unidades da federação que poderão ser vistas até o dia 11 de setembro. Estarão expostos jogos americanos, luminárias, móveis, cestas, bolsas, talheres, joias, painéis decorativos, flores, brinquedos, tecidos, tape-
tes, almofadas, chapéus, mantas e esculturas. Parte do acervo também será comercializado e o local vai contar com um restaurante e um café/bistrô. INVENTIVIDADE Segundo a curadora da exposição, Adélia Borges, não é possível identificar uma característica única no artesanato brasileiro. Mas ela ressalta que a inventividade percorre todo o país. “O que eu vejo como característica que per-
Espaço abrirá ao público com exposição “Origem Vegetal” corre o Brasil de norte a sul é a capacidade do artesão de usar a sua inteligência criativa para transformar os materiais que estão à sua volta”. Na exposição, foram priorizados trabalhos de autoria coletiva e selecionadas cerca de 50 associações ou cooperativas artesanais rurais e urbanas e 20 etnias indígenas espalhadas pelo país. (Com informações da Agência Brasil)
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
“Quero mostrar que a luta é possível”, diz documentarista
Cultura l 9 Fotos: EBC
Autor de diversos filmes sobre lutas populares, Carlos Pronzato lança documentário sobre ocupação de escolas em São Paulo Victor Ohana do Rio de Janeiro (RJ)
A
ocupação das escolas públicas no ano passado em São Paulo virou documentário. Inspirado na revolta dos estudantes secundaristas chilenos em maio de 2006, o documentarista argentino Carlos Pronzato, de 56 anos, deu o nome do filme de “Acabou o amor! Isto aqui vai virar o Chile! – Escolas Ocupadas em São Paulo”. No longa-metragem de uma hora, Pronzato entrevista alunos, pais, professores e demais pessoas que, de alguma forma, fizeram parte da mobilização. O filme retrata a ocupação por meio das mobilizações que ocorreram principalmente em duas escolas: na Escola Estadual Fernão Dias Paes, no bairro de Pinheiros, na capital paulista, e na Escola Estadual Diadema, no interior do Estado. Basicamente, o longametragem explora as motivações dos estudantes para realizarem os protestos: falta de estrutura e precarização nas escolas públicas, desvalorização do trabalho do professor e a ameaça do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) de fechar 94 colégios para “reorganizar” o sistema de educação. Além disso, Pronzato estabelece no documentário uma relação entre a ocupação das escolas em São Paulo e as manifestações que ocorreram em junho de 2013. Segundo Pronzato, a ideia de filmar o documentário surgiu a partir de quando ele soube que, nas ocupações, os estudantes exibiam um filme
Estudantes pautaram precarização das escolas e desvalorização do professor. Mobilizações evitaram fechamento de 94 escolas em São Paulo
de sua autoria, “A Rebelião dos Pinguins” (2007). Trata-se de um registro da luta do mo-
Quero mostrar que a luta é possível, que há como avançar com ações concretas Carlos Pronzato, 56, documentarista vimento estudantil no Chile, que ocupou escolas exigindo não só melhorias na educação, mas também mudanças estruturais no país. PEDRA NA ENGRENAGEM Autor de filmes que abor-
dam lutas populares, como “Dandara – Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito” (2013) e “MSTB – 10 anos de lutas e resistência” (2014), Pronzato conta que deseja passar esperança para o público. “Quero mostrar que a luta é possível, que há como avançar em pautas fundamentalmente propositivas, com ações concretas”, conta o documentarista. Para ele, a ocupação foi essencial para que os estudantes pudessem refle-
tir sobre o papel da escola. “O Estado se propõe a criar uma engrenagem para o mercado capitalista. Os estudantes fizeram o contrário: foram a pedra na engrenagem. Tentaram parar esse processo para criar outro, que a gente não sabe ainda qual é, mas já se trata de uma mobilização importante”, acrescenta. Pronzato diz ainda que o que mais chamou atenção foi o apoio dos pais dos alunos na mobilização. “Isso foi um fato surpreendente”,
conta. A colaboração popular, inclusive, deu forças para que a mobilização conquistasse a suspensão do projeto de “reorganização”, evitando assim o fechamento das dezenas de escolas que estavam no alvo de Alckmin. ACESSO Os documentários de Pronzato estão disponíveis no site de busca de vídeos Youtube. O catálogo do documentarista pode ser conferido no endereço www.lamestizaaudiovisual.blogspot.com.
10 | Variedades
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
AMIGA DA SAÚDE
BOMBOU NA INTERNET
Amiga, será que você poderia me ajudar? Tenho intestino preso e sofro muito com isso. O que eu faço? Janaína, 26 anos, atendente Divulgação
C
ara Janaína, nosso intestino funciona bem através de três ingredientes fundamentais: 1) Beber muita água, cerca de 2 litros por dia. Se você bebe pouca água, suas fezes ficam secas e têm dificuldade de se locomover no intestino. 2) Praticar exercícios regulares. Eles ajudam na movimentação do intestino e melhoram a circulação sanguínea. 3) Ingerir alimentos ricos em fibra e evitar massas. Elas absorvem água e por isso deixam as fezes mais
moles, facilitando o trânsito intestinal. São alimentos ricos em fibras: verduras, frutas, legumes, castanhas, sementes, etc. Tomar água ou alimentar-se assim que levanta da cama
Receita
Divulgação
Dúvidas? amigadasaude@brasildefato.com.br
pela manhã ajuda a potencializar a movimentação intestinal e costuma ser um bom estímulo. Persista na mudança de hábitos que você terá bons resultados.
Sofia Barbosa | Coren MG 159621-Enf
Berinjela à parmegiana Ingredientes • 4 berinjelas • 2 kg de tomates para molho • 200 g de farinha de trigo • 350 g de mussarela • 150 g de parmesão ralado • 100 ml de vinagre • 1 folha de louro • 1 talo de salsão • 1 cenoura • 1 cebola • 2 dentes de alho amassados • 1 colher (sopa) de pimenta do reino em grãos • 1 colher (sopa) de sal • 300 ml de óleo para fritar • Parmesão para gratinar
Modo de prepar
Corte as berinjelas no sentido longo em fatias finas e numa tigela com água deixe descansar por no mínimo 40 minutos adicionando o vinagre. Com uma faca faça uma cruz no fundo dos tomates, e coloque numa panela grande com água fervente, o salsão, a cebola, a cenoura, o louro, os grãos de pimenta do reino e o sal. Cozinhe só até a cruz dos tomates abrirem levemente, uns dois minutos. Retire os tomates e depois de frios tire a casca e sementes, passe numa peneira, refogue rapidamente numa panela com o alho, coloque o sal e reserve. Retire da água as fatias de berinjela e seque com um pano, empane na farinha de trigo e frite em óleo quente até dourar e reserve. Num refratário faça um fundo com o molho de tomate e disponha uma camada de berinjelas, cubra com mussarela e mais molho. Vá intercalando as camadas deixando por último uma camada de queijo, regue com um pouco de molho e polvilhe o parmesão. Leve ao forno pré-aquecido em temperatura alta 250º até gratinar.
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
Governo garante antidoping no Brasil durante os Jogos Com Código Brasileiro Antidopagem, país cumpre exigências da WADA Divulgação ABCD
O
governo federal lançou o Código Brasileiro Antidopagem, cumprindo exigência da Agência Mundial Antidopagem (WADA, sigla em inglês), e garantiu que as análises dos atletas durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016 serão feitas no Brasil. A WADA exigia maior rapidez no julgamento dos casos de doping para o país poder realizar as análises. Antes do novo Código, os julgamen-
tos eram feitos pelos Tribunais de Justiça Desportiva e o resultado saía em até 60 dias. Este tempo foi reduzido para 21 dias. O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), na UFRJ, será o responsável pelas análises. A definição agradou a Marco Aurélio Klein, o secretário nacional para a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), em entrevista ao site Globoesporte.com. (BP)
BINÓCULO
Medo de falta de luz? A fornecedora de materiais esportivos do basquete e do atletismo brasileiro – a mesma que fornece para o futebol – lançou as novas vestimentas de competição para os dois esportes. Usando como modelos Duda e Keila Costa, do salto em distância, e Clarissa e Marcelinho Huertas, do basquete, os novos uniformes usam cores como o petróleo e o verde fluorescente. Depois da polêmica sobre a geração de energia durante os Jogos do Rio 2016, será uma estratégia dos dirigentes em caso de apagão em meio a uma disputa? Martin Fernanfez
Obras no Centro de Tênis são retomadas após dois meses Rompimento de acordo entre Prefeitura e Consórcio anterior paralisou obras Dois meses após o rompimento do contrato entre a Prefeitura do Rio e o Consórcio que executava as obras no Centro de Tênis olímpico, enfim o restante do serviço foi retomado. Restando apenas 10% da execução a realizar, com um
custo de R$ 63,4 milhões, o montante gasto na arena não excederá os R$ 191,1 milhões. Para concluir a parte de acabamento, instalações elétricas, iluminação, impermeabilização e informatização, a nova empresa foi contratada sem licitação.
O novo acordo firmado pela Prefeitura, além de dispensar a licitação, pagará cerca de um terço do valor da obra à empreiteira por apenas um décimo de todo o serviço. A Prefeitura afirma estar tranquila com relação ao término em tempo hábil. (BP)
Esportes l 11
TOQUES CURTOS | Bruno Porpetta
Confiança X Soberba
Jorge Henrique /AD Confiança
O Flamengo vem colecionando vexames nos últimos anos, daqueles inesquecíveis, pelas mais variadas razões. Quem não se lembra do “terrível” Cabañas, o gordinho matador do América do México? Ou do Santo André, campeão da Copa do Brasil de 2004? Pois é. Dá para contabilizar até outros vexames, em uma lista que parece não querer parar de crescer. O último deles foi a derrota para o Confiança-SE, na estreia da Copa do Brasil, na última semana, por 1 a 0, em Aracajú. Pode-se ressaltar que o time rubro-negro teve muito mais posse de bola, criou inúmeras chances de gol, poderia ter feito pelo menos uns três no primeiro tempo. Poderia, mas não fez. O segundo tempo foi daqueles para se esquecer. E é possível colocar a queda de rendimento na conta do cansaço. Esse lance de não ter casa para jogar no Rio, tendo que viajar a todo instante, realmente cobra um preço alto. Podem falar dos impedimentos irregulares, das faltas duras do time sergipano, que pararam o jogo com frequência. Outra possível razão é o “ônibus estacionado” em
frente ao gol do Confiança. Após a expulsão de Elielton, logo aos oito minutos de jogo, restou ao time enfiar todo o time na defesa e ver no que dava. Deu no que deu. Não existe desculpa capaz de explicar que um time que custa milhões de reais não derrote, por dois ou mais gols de diferença,
O que dá motivo a mais essa vergonha para a torcida rubro-negra é o famoso “aqui é Mengão” um adversário cuja folha de pagamento custa cerca de R$ 150 mil. O que dá motivo a mais essa vergonha para a torcida rubro-negra é o famoso “aqui é Mengão”. Como se somente a camisa do Flamengo fosse capaz de resolver os jogos. Nem o Flamengo de Zico confiava nessa “máxima”. Por isso aquele time, raramente, dava um mole desses. É preciso mais do que essa arrogância, que toma conta de torcida, dirigentes e o time, para vencer quem quer que seja.
12 | Esportes
Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016
Fla-Flu ‘paulista’ não sai do zero
Botafogo FR
Gilvan de Souza/Flamengo
Flamengo e Fluminense disputaram o segundo clássico entre eles no Pacaembu na história Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ) Há 74 anos, Flamengo e Fluminense disputaram pela primeira vez o clássico FlaFlu no estádio do Pacaembu, em São Paulo, pelo Torneio Quinela de Ouro. Na ocasião, o jogo foi disputado debaixo de muita chuva, razão pela qual a partida já havia sido adiada por um dia. Décadas depois, as duas equipes voltaram a se enfrentar no charmoso estádio paulistano. Desta vez, o dia ensolarado ajudou, mas em 74 anos tem uma coisa que nem Flamengo, nem Fluminense conseguiram: abrir o placar. Da mesma forma que em 12 de março de 1942, a partida desse domingo (20) também terminou em 0 a 0. Se não houve chuva que atrapalhasse, a qualidade do jogo também não ajudou. No primeiro tempo, o Flamengo buscou inicialmente o ataque, mas com pouca movimentação lá na fren-
Jogadores comemoram gol que deu a vitória ao Fogão
Botafogo vence e é vice-líder da Taça GB
Jogo teve grande público, mas não correspondeu dentro de campo
te acabou sem criar nada. Depois, o Fluminense ficou mais com a bola, tendo mais de 60% de posse no fim da primeira etapa. Sem ter grandes chances também. Emoção mesmo, na etapa inicial, apenas em um cruzamento de escanteio em que Cícero quase marcou de cabeça para o Flu e nos pedidos de pênalti. O tricolor pediu duas penalidades supostamente cometidas por Juan, enquanto o rubronegro pediu pênalti em lance onde Gum tocou o braço
na bola. Nenhum dos três foi marcado. No segundo tempo, o jogo caiu muito. O que já não estava bom ficou pior ainda. O Flamengo sentia o cansaço da maratona de jogos e viagens, enquanto o Fluminense sentia falta de mais velocidade na frente. Mesmo as substituições de Levir Culpi não deram resultado, e ninguém conseguiu criar muita coisa. Placar justo para um jogo ruim, apesar da bela festa em São Paulo.
O Botafogo venceu o Madureira por 1 a 0, com gol de Bruno Silva, no estádio de Los Larios, em Xerém, e assumiu a vice-liderança da Taça Guanabara, com quatro pontos. O gol foi marcado aos 33 minutos do primeiro tempo, após um erro de passe da defesa do Madureira, interceptado por Gegê que bateu para o gol. O goleiro Rafael Santos fez a defesa parcial, mas no rebote o volante Bruno Silva chegou com tudo para empurrar para a rede. O jogo não foi excelente tecnicamente, mas valeu pela vitória alvinegra que
o coloca em segundo lugar na classificação, após o empate na estreia contra o Fluminense, ficando dois pontos atrás do Vasco, que lidera o campeonato. O Botafogo tem a mesma pontuação do Flamengo, mas leva vantagem no número de gols marcados. Apesar das poucas emoções, o Botafogo foi superior ao longo da partida. Tanto que o goleiro Rafael Santos, do Madureira, foi o grande destaque do jogo. O destaque negativo foi o público baixíssimo nas arquibancadas. Apenas 996 testemunhas pagaram ingresso para ver a vitória botafoguense. (BP)
Ameaça terrorista cancela clássico turco O grande clássico da Turquia, entre Galatasaray e Fenerbahçe, que aconteceria neste domingo (20), em Istambul, teve que ser cancelado por conta de uma ameaça terrorista na cidade turca. O jogo aconteceria no Turk Telekom Arena,
casa do Galatasaray, e já contava com público presente, quando houve o aviso para todos saírem do local. Como a cidade já havia sido vítima de um ataque na véspera do jogo, as duas equipes concordaram com o adiamento. O atacante do Galatasaray,
Ultraslansi
O atacante Umut Bulut perdeu o pai após atentado em Ankara
Umut Bulut, perdeu o pai na semana anterior em ataque com carro-bomba na cidade de Ankara, capital do país. O atentado deixou 37 mortos e 70 feridos. No estádio, havia faixas na arquibancada de apoio ao atacante quando todos foram obrigados a deixar o local. (BP)