Brasil de Fato RJ - 174

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Alexandro Auler

Cidades | pág. 6

Cidades | pág. 4

Marmita boa e barata

UFRRJ suspende aulas para debater feminismo

O Brasil de Fato conversou com vendedores no Centro

Campanha #MeAvisaQuandoChegar organizou as atividades na instituição

RIO DE JANEIRO

2 a 4 de maio de 2016

distribuição gratuita

Mídia Ninja

Ano 4 | edição 174

Pablo Vergara

Brasil de Fato completa três anos no Rio Distribuído de graça em locais de alta circulação de trabalhadores e trabalhadoras, como metrô, central de ônibus, trens e barcas, o jornal completou três anos de fundação neste domingo (1). O tabloide, que começou com uma edição semanal e passou a circular duas vezes por semana, será ampliado em breve para três edições semanais. Até o final do ano, a expectativa é de que passe a circular diariamente. Cidades | pág. 5

Festas e debates agitam Casa Nem Espaço na Lapa é gerido por mulheres transexuais e travestis

Alexandro Auler

Cultura | pág. 11

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Estudantes da rede pública estadual já ocupam 73 colégios na região metropolitana do Rio de Janeiro. Entre as pautas comuns de todas essas escolas estão a melhoria na infraestrutura e o diálogo mais democrático com a direção.

Cidades | pág. 7


EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013 O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. CONSELHO EDITORIAL: Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) EDIÇÃO: Vivian Virissimo (MTb 13.344) SUB-EDIÇÃO: Fania Rodrigues REPORTAGEM: André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana PItasse e Pedro Rafael Vilela ESTAGIÁRIO: Victor Ohana REVISÃO: Sheila Jacob COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago ADMINISTRAÇÃO: Angela Bernardino e Marcos Araújo DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

EDITORIAL

Brasil de Fato RJ completa três anos Pablo Vergara

O

que o futuro nos reserva? Essa era a pergunta que nós, do Brasil de Fato RJ, fazíamos em maio de 2013. Lançamos, naquele mês, esse modelo de jornal que você tem em suas mãos. Vínhamos de uma experiência de dez anos de outro formato, distribuído por assinatura em todo o Brasil. Mas nos perguntávamos: “estamos sendo bem sucedidos no objetivo de dialogar com o povo”? Da resposta a essa questão surgiu a primeira experiência regional do Brasil de Fato tabloide, que é esse modelo menor, de 16 páginas e distribuição gratuita. Da parceria com organizações sindicais, movimentos populares e lutadores e lutadoras do povo brotou esse jornal que você recebe toda segunda e quinta. Além do Rio de Janeiro, já estamos em Minas, São Paulo, Pernambuco e estamos chegando no Paraná e Ceará. Em nossas páginas, você encontra notícias sobre o futebol, novela, horóscopo, política, receitas, economia, cultura, saúde, direitos trabalhistas, palavras cruzadas, educação e tudo mais que acontece no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo. Sempre com o compromisso de manter você informado ou informada.

NOSSO COMPROMISSO É COM VOCÊ Não acreditamos na existência da neutralidade jornalística. As Organizações Globo ou a Veja dizem para você que são neutros e objetivos. Afirmamos que isso é impossível em uma sociedade dividida em interesses tão diferentes como a nossa. A grande mídia apenas esconde que representa os interesses dos poderosos. Em nossa capa você lê, logo abaixo do nome do jornal, “uma visão popular do Brasil e do mundo”. É esse o jornalismo que nos desafiamos a fazer, aquele que está do seu lado. Chegamos, no dia primeiro de maio, dia internacio-

PREVISÃO DO TEMPO (21) 4062 7105 redacaorj@brasildefato.com.br

Segunda-feira, 2 de maio, Rio de Janeiro, Brasil

nal do trabalhador e da trabalhadora, aos nossos três anos. Queremos dividir com vocês uma alegria: nas próximas semanas teremos nos-

É esse o jornalismo que nos desafiamos a fazer, aquele que está do seu lado sa terceira edição semanal. Você terá mais informação, notícia e diversão em mais um dia de Brasil de Fato RJ. Esperamos, em breve, anunciar mais novidades.

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ONDE O BRASIL DE FATO ESTARÁ? Nesse momento em que nos perguntamos o que o futuro reserva ao nosso país, o Brasil de Fato responde: o futuro reserva aquilo que coletivamente nos esforçarmos por construir. Se lutarmos juntos, poderemos derrotar o golpe que as elites querem dar contra a democracia e contra os direitos do povo. Se não barrarmos o golpe, teremos que lutar mais ainda para resistir aos ataques que sofreremos. De todo modo, temos uma certeza: o Brasil de Fato continuará junto do povão.

SEG

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ºC|F

Ensolarado

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Fonte: Google

2 | Opinião


Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

FRASE DA SEMANA

mandou

Os únicos derrotados são os que deixam de lutar

BEM Paulo Pinto

Divulgação

disse o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. Ele participou de uma entrevista coletiva no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé.

mandou

MAL EBC Memória

Nobel da Paz diz que impeachment de Dilma é golpe de Estado

A

presidente Dilma Rousseff recebeu, na última semana, o apoio do ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, contra o processo de impeachment que tramita no Senado. “Está muito claro que o que se está preparando aqui é um golpe de estado encoberto, o que nós chamamos de um golpe brando”, afirmou Esquivel, após o encontro no Palácio do Planalto. Ele comparou o processo de impeachment de Dilma ao

que ocorreu em Honduras e no Paraguai com as destituições dos presidentes Manuel Zelaya, em 2009, e Fernando Lugo, em

Roberto Stuckert Filho

Cerca de mil estudantes de escolas estaduais protestaram por melhorias na educação em São Paulo. Os manifestantes acusam o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de desviar recursos públicos que seriam investidos na merenda escolar.

2012. “Agora, a mesma metodologia, que não necessita das Forças Armadas, está sendo utilizada aqui no Brasil. A metodologia é a mesma, não há variação com o golpe de estado nesses países. Países que querem mudar as coisas com políticas sociais são alvo dessa política de tratar de interromper o processo democrático.” (ABr) Divulgação/ Povo Sem Medo

O senador Antonio Anastasia (PSDB/MG) será o relator do processo de impeachment contra Dilma Rousseff no Senado. Só que ele é acusado pelo Ministério Público Federal de praticar “pedaladas” enquanto foi governador de Minas Gerais.

PROTESTO O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e outros grupos integrantes da Frente Povo Sem Medo promoveram atos de bloqueio de vias em nove estados do país, na quinta-feira (28). A ação é contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Geral l 3

EM FOCO

ACIDENTE DE TRABALHO Mais de 704 mil pessoas sofreram acidentes em 2014 Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social mostram que 704.136 pessoas sofreram acidentes de trabalho em 2014. Segundo o coordenador-geral da pesquisa, Alexandre Zioli, o número absoluto de notificações está praticamente estável, inclusive com uma queda em 2014. Entretanto, proporcionalmente, os acidentes vêm diminuindo, já que a base de trabalhadores está aumentando. Divulgação

CHEQUE ESPECIAL Juros chegam ao recorde de 300,8% ao ano A taxa de juros do cheque especial chegou ao recorde de 300,8% ao ano, em março, de acordo com dados do Banco Central (BC) divulgados na quinta-feira (28). A série histórica do BC tem início em julho de 1994. De fevereiro para março, a taxa subiu 6,9 pontos percentuais. EBC Memória


4 | Cidades Mundo

Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Crédito: Mídia Ninja

UFRRJ suspende aulas por um dia para debater feminismo Em Dia de Luto e Luta pelas mulheres na Universidade Rural, movimento “Me Avisa Quando Chegar” discute machismo Por Victor Ohana, de Seropédica

A

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica, na Baixada Fluminense, suspendeu as aulas por um dia na última quarta-feira (27) com um motivo: o Dia de Luto e Luta pela vida das mulheres e pelo fim da violência. O dia sem aulas foi uma conquista do movimento feminista “Me Avisa Quando Chegar”, formado por estudantes que lutam contra os casos de estupro ocorridos na Universidade. Com as aulas suspensas, o movimento realizou debates com mulheres e homens sobre o machismo na instituição e na sociedade. As estudantes da Rural já lidam com o machismo desde quando entram na Universidade, no período de trotes e de festas. Mas, para a estudante de Educação do Campo Luana Vitorio, de 20 anos, o machismo está presente também nas salas de aula. “O machismo está na relação entre professor e aluna. Também está na forma como os funcionários nos tratam. Além dis-

so, com a falta de segurança, e como não temos carro, corremos sempre o risco muito alto de sermos estupradas andando na faculdade”, diz a integrante do movimento.

Temos duas opressões: o machismo e o racismo. Numa mulher negra, essas opressões se unem Maria Carolina Oliveira, 19 anos, estudante e feminista Se ser mulher e universitária já é difícil, ser mãe pode prejudicar ainda mais a aluna que deseja continuar nos estudos. Suelem Predes, de 30 anos, estuda Geologia e tem dois filhos: Daniel, de 2 anos, e João Miguel, de 4. Para ela, o machismo também justifica a falta de estrutura na Universidade. “Não

temos uma creche universitária. Isso é um problema para alunas e funcionárias que são mães”, diz Suelem. MULHERES NO TRABALHO O machismo no mundo do trabalho também é um dos temas de debate do movimento. Para a estudante de Geografia Maria Carolina Oliveira, de 19 anos, a mulher é inferiorizada nesse campo. “Um dos grandes problemas que eu vejo é achar que a mulher não vai ser capaz, não vai ter competência para executar algum trabalho simplesmente pelo fato de ser mulher. Não somos criadas para sermos líderes, e quando chegamos nesses cargos, isso incomoda”, opina a aluna. Para ela, a opressão contra a mulher é maior quando ela é negra. “Temos duas opressões diferentes: o machismo e o racismo. Quando você encontra uma mulher negra, essas opressões se unem. Portanto, nós, mulheres negras, somos marginalizadas, estamos na periferia, e temos uma dificul-

dade maior de nos colocarmos no espaço de trabalho”, comenta Maria. Por fim, a ativista também explica a ligação entre o machismo e o capitalismo. “De fato, a opressão contra a mulher surge antes do capitalismo. Mas acho que o capitalismo se apropria dessas opressões para intensificá-las e poder lucrar em cima delas”, completa. HOMENS CONTRA O MACHISMO Embora a luta contra o machismo deva ser protagonizada pelas mulheres, já que

são elas que sofrem a opressão direta, é necessário incluir os homens nesse debate. Essa é a opinião da internacionalista e mestranda em Ciência Política Nicolle Berti, de 24 anos. “Acho que essas opressões não atingem só as mulheres, mas também os homens, de certa forma. Eles também têm essa carga de precisarem sempre ser muito másculos, ter que levar a comida para casa e não poderem ser frágeis. Portanto, debater o machismo com os homens é importante porque isso também os liberta”, justifica Nicolle.


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Brasil de Fato completa três anos nas ruas do Rio Fotos: Pablo Vergara

Em 2016, o jornal, que circula duas vezes por semana, será ampliado para três edições semanais

Engenheiros do Rio de Janeiro (Senge-RJ), Prefeitura de Maricá, além de novos apoiadores como o PCdoB, Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e Sindicato dos Trabalhadores do Comércio (SEC-RJ). Além das articulações políticas, o projeto do Brasil de Fato no Rio se tornou possível também pelo suporte que recebeu do comunicador popular Vito Giannotti, membro do conselho editorial do jornal, falecido em 2015. “Seu

Mariana Pitasse do Rio de Janeiro (RJ)

H

á três anos, o jornal Brasil de Fato circula pelas ruas do Rio de Janeiro trazendo uma visão popular dos fatos aos cariocas. Distribuído de forma gratuita em locais de alta circulação de trabalhadores, como metrô, central de ônibus, trens e barcas, o jornal se consolida como referência na capital e região metropolitana, disputando espaço com os grandes veículos de comunicação da cidade. Em seu terceiro ano de circulação, o tabloide, que começou com uma edição semanal e passou a circular duas vezes por semana, será ampliado em breve para três edições semanais. Até o final do ano, a expectativa é de que o jornal passe a circular diariamente. Lançado no 1º de maio de 2013, dia do trabalhador, o Brasil de Fato RJ foi criado a partir da articulação de movimentos populares e organizações políticas com o objetivo de pautar as demandas locais e cotidianas da população. Entre os principais organizadores está o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que forma o conselho editorial do jornal com outras organizações. Anterior à edição regional, existia um Brasil de Fato que circulou nacionalmente por 12 anos nas principais capitais, desde 2003. “O lançamento do regional

Reunindo o conteúdo dos tabloides impressos, o Brasil de Fato conta também com uma versão online

Projeto se tornou possível pelo suporte que recebeu de Vito Giannotti

no Rio foi um passo a mais para dialogar com as demandas locais. A ideia era lançar um jornal bonito, enxuto, que as pessoas tivessem gosto de ler e se identificassem com as pautas, que vão desde futebol, comida, novelas até discussão sobre política nacional”, explica Joaquin Piñeiro, membro da coordenação nacional do MST, acrescen-

tando que o Brasil de Fato carioca inicia atividades em meio às reivindicações de junho de 2013, em que a população pediu principalmente por transporte público de qualidade, fim da violência nas favelas e garantia de direitos. O tabloide carioca foi o primeiro da série de regionais do Brasil de Fato que estão se es-

palhando pelo país. Hoje há edições impressas também em Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Ceará. “É um projeto nacional de fazer jornal popular. Aqui no Rio temos grande receptividade das pessoas, dá para perceber no momento da distribuição: muitos voltam para pegar quando veem que é o Brasil de Fato e outros sugerem pautas que gostariam de ler. Certa vez, atrasamos a distribuição e no dia seguinte várias pessoas perguntaram preocupadas sobre o que tinha acontecido”, lembra Rodrigo Marcelino, integrante da Consulta Popular. Hoje, para que o tabloide passe a ter três edições semanais e aumente a tiragem para 100 mil exemplares, o Brasil de Fato conta com o apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ), Central Única dos Trabalhadores (CUT-RJ), Sindicato dos

O tabloide carioca foi o primeiro da série de regionais do Brasil de Fato que estão se espalhando pelo país nome é um grande exemplo que nos inspira cotidianamente. Vito atacava em várias frentes: ensinava sobre jornalismo nas reuniões de pautas, conhecia praticamente todas as fontes dos movimentos populares do Rio e ainda contribuía semanalmente com a distribuição dos jornais às 5h da manhã na Tijuca”, conclui a editora do Brasil de Fato do Rio, Vivian Virissimo. Reunindo o conteúdo dos tabloides impressos, o Brasil de Fato conta também com uma versão online, que é abastecida com notícias de todo o país. No último mês a página online (www.brasildefato.com.br) foi reformulada e passou a apresentar novos aplicativos, agenda das lutas populares e um ambiente mais interativo.


6 | Cidades

Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Quentinhas do centro: deliciosas e baratas

Fotos: Alexandro Auler

Na hora do almoço, cariocas buscam alternativas para comer bem e gastar menos Teovam Azevedo usa sua bicicleta para transportar suas quentinhas

André Vieira do Rio de Janeiro (RJ)

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hora do almoço é sem dúvida uma das melhores para o trabalhador. Além de descansar por um curto tempo antes de retornar ao serviço, é também o momento de encher a barriga. Para alguns, é também a hora de almoçar uma comida deliciosa pagando menos que nos restaurantes que estão espalhados pelo centro. Quem tem fome e pode dar uma volta no Largo da Carioca percebe as diversas possibilidades de temperos e sabores oferecidos pelos vendedores de quentinha que ficam nas proximidades do lugar. Morador do Morro da Providência, também no centro, Teovam Azevedo, de 61 anos, acorda todos os dias às 4h30 para começar a preparar as cerca de 60 quentinhas que vende no centro a partir das 11h30. Para transportar a comida, ele usa sua bicicleta, que também virou sua marca. Já são 18 anos vendendo as quentinhas, que atualmente custam sete reais. “Eu supero todas as dificuldades com Deus. O bom do meu trabalho é que, além de conquistar minha renda, eu ainda levo alegria para as pessoas com minha comida”, diz. Com o passar dos anos, mais que clientes, ele fez

O bom do meu trabalho é que, além de conquistar minha renda, eu ainda levo alegria para as pessoas com minha comida Teovam Azevedo

amigos. Pessoas que não deixam um só dia de experimentar as novidades de Teovam, que garante que cozi-

nha com alegria e esse é o segredo de seu tempero. A promotora de vendas Nilda Maria, de 54 anos, é uma dessas clientes fiéis. Segundo ela, já são mais de oito anos que não abre mão da comida preparada pelo morador da Providência. “É muito gostosa e barata. Além de tudo ele ainda virou um amigo, sempre nos trata com respeito e ainda tem um tempero muito bom”, conta a trabalhadora. O cardápio vai variando de acordo com os dias. Peixe,

carne de boi e frango são algumas das opções. O destaque é para a feijoada especial, que é servida todas as sextas. CRÉDITO OU DÉBITO? Para outros vendedores, a criatividade não está apenas no cardápio. A inovação vem também na hora do cliente pagar a conta. Antônio Carlos, de 57 anos, largou o trabalho como vendedor de seguros há oito anos para fundar a Tempero Capixaba, sua marca de quentinhas. Além do paga-

Antônio Carlos inova ao aceitar cartão de débito e crédito como pagamento

mento em dinheiro, os consumidores ainda têm a opção de pagar no cartão de crédito, débito e em vale alimentação. Os almoços custam entre R$ 10 e R$ 12, dependendo do tamanho da refeição. “Eu adoro cozinhar e as pessoas gostam. Receber o pagamento em cartão é dar mais uma oportunidade às pessoas de provarem o meu tempero”, comenta Antônio Carlos. Ele revela também que seu filho está preparando um aplicativo para que os clientes possam pedir a comida sem precisar ligar ou ir até o local onde vende. CLIENTE FIEL Das cerca de 100 quentinhas que vende todos os dias, Antônio Carlos já tem clientes que não comem em outro lugar. Rosana Henrique, de 43 anos, trabalha próximo ao Largo da Carioca e caminha todos os dias pouco antes do meio dia para comprar dois almoços. O primeiro ela come ainda no serviço e o segundo leva para seu filho de seis anos. “Ele é muito higiênico e a comida dele é deliciosa. Sempre levo pra o meu filho também, que é fã da carne assada com macarrão que o Antônio faz”, conta.


Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Cidades l 7

Estudantes já ocupam 73 escolas no Rio Fotos: Pablo Vergara

Alunos convocam a comunidade para participar de atividades e promovem “aulões” Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

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ma rotina de aprendizado, discussão política e atividades culturais faz parte dos bastidores da ocupação das escolas por estudantes da rede pública estadual do Rio de Janeiro. Em Benfica, a Escola Compositor Luiz Carlos da Vila, da rede estadual, completa na próxima sexta-feira quatro semanas de ocupação. Lá os alunos têm uma programação extensa. Durante toda a semana os alunos recebem aulas, palestra e participam de oficinas com professores, especialistas e profissionais de áreas diversas. Sempre com foco na formação cidadã e acadêmica, e, claro, de olho no Enem e no vestibular. “A gente tem aula de literatura, biologia, filosofia, mas também de audiovisual, e muitos outros temas e matérias. O que mais aprendemos nesse tempo foi trabalhar em equipe. Tudo o que a gente faz é decidido em grupo”, conta a aluna Maria Beatriz Salustino, de 17 anos. Cerca de 30 estudantes ocupam, permanentemente, a Escola Compositor, em Benfica. Segundo Bia, como é conhecida entre os colegas, a ideia agora é aproximar mais a escola da comunidade. No dia 7 de maio os alunos vão realizar uma feijoada com roda de samba. Todos os moradores estão convidados. O preço é 6 reais ou 1 kg de alimento. Localizada entre as comunidades de Manguinhos, Jacarezinho e Mandela, a escola Compositor foi inaugu-

Alunos reivindicam melhorias nas estruturas das escolas e diálogo democrático com os diretores

Durante ocupações, alunos trabalham para melhorar as escolas

Ocupações nas escolas estaduais criam agenda educativa e cidadã

rada em 2009. Ela fazia parte das obras do Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal. Professora de sociologia, Lucília Aguiar tem acompanhado de perto a ocupação na Compositor e conta o que viu. “A escola passou por um processo de precarização desde o meio do ano, desde que mudou a direção do colégio. O diretor age de forma truculenta e agressiva tanto com os professores quanto com os alunos”, conta a professora. Segundo a professora Lucília, desde o início do ano letivo, a Compositor Luiz Carlos da Vila não teve nenhuma semana sem interrupção de aula, devido ao constante corte no fornecimento de água. ESCOLAS EM LUTA Segundo informações dos próprios alunos, cerca de 73 escolas estão ocupadas nesse momento na região metropolitana do Rio de Janeiro. Entre as pautas comuns de todas essas escolas estão

a melhoria na infraestrutura e o diálogo mais democrático com a direção das escolas. As ocupações começaram depois que os professores decretaram greve na rede estadual de ensino. A principal reclamação são os baixos salários, atrasos nos pagamentos e as péssimas condições de trabalho, causadas pelo sucateamento das escolas públicas. Um dos primeiros ocupados, o Colégio Estadual Chi-

A gente tem aula de literatura, biologia, filosofia, mas também de audiovisual, e muitos outros temas e matérias Maria Beatriz Salustino, estudante co Anísio, no Andaraí, foi uma das surpresas nesse movimento de mobilização das escolas. Isso porque a escola recebe recursos privados do Instituto Ayrton Senna e tem uma estrutura melhor do que a maioria das instituições de ensino público. “A primeira coisa que disseram os alunos do Chico Anísio foi: porque todos os estudantes não têm o que nós temos no nosso colégio?”, afirma a professora Lucília Aguiar. Aquele professor ou profissional que desejar dar aulas de forma voluntária deve ir até uma dessas escolas ocupadas ou encontrar suas páginas no Facebook buscando pelo nome da escola e assim se candidatar. Os alunos têm uma agenda onde organizam os “aulões” e convocam os demais estudantes para assistir.


8 | Mundo

Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Venezuela: oposição quer destituir presidente da República s opositores do governo de Nicolás Maduro iniciaram o recolhimento de assinaturas para pedir que o mandato do presidente venezuelano seja revogado. Segundo a Constituição do país, para abrir um processo de impedimento é preciso recolher a assinatura de 1% dos eleitores registrados. O ex-candidato à presidência Henrique Capriles Radonski, derrotado nas últimas eleições, disse que em breve

a oposição terá as assinaturas necessárias para abrir o processo contra Maduro. PRÓXIMOS PASSOS Segundo o opositor, as assinaturas poderão ser entregues ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nessa segunda-feira (2). A coleta de assinaturas é o primeiro passo para pedir o início de um processo destinado à realização de referendo revogatório do mandado do presidente. O segundo passo

consiste na coleta de 20% das assinaturas dos eleitores. Isso irá respaldar o pedido feito às autoridades eleitorais. A oposição estima que, uma vez cumpridas todas as etapas legais necessárias, o referendo ocorra entre setembro e novembro deste ano. Os chavistas afirmam que a oposição, comandada por empresários, nunca aceitou as políticas de distribuição de renda do atual governo venezuelano. (Abr)

Argentina: Senado aprova lei que proíbe demissões Central do Trabalhadores Argentinos

O Senado argentino aprovou, na semana passada, um projeto de lei que proíbe empresas e o governo de demitirem funcionários nos próximos 180 dias. Foram 48 votos a favor e 16 contra. A aprovação da proposta, impulsionada por vários partidos, foi a primeira derrota do governo Mauricio Macri no Congresso argentino. O projeto determina o pagamento de uma indeniza-

Trabalhadores protestam contra demissões na Argentina

Derrotado nas eleições, Capriles agora quer derrubar Maduro

ção em dobro aos trabalhadores demitidos sem justa causa ou sua imediata reincorporação à empresa. “Com este projeto estamos reafirmando a Constituição Nacional, que está aí para ser cumprida e garantir os direitos de todos os trabalhadores”, disse o presidente da Comissão de Trabalho e Previdência Social, Daniel Lovera. No entanto, os defensores da proposta lembram que a medida não será válida para postos de trabalho criados depois de dezembro de 2015. O projeto passará agora para a Câmara dos Deputados. (OperaMundi) Force Ouvrière

FRANÇA Milhares de pessoas protestaram, em mais de dez cidades francesas, contra a tentativa do governo de François Hollande de retirar direitos dos trabalhadores. Desde abril as centrais sindicais do país tentam barrar o projeto de reforma das leis trabalhistas, que prevê uma série de retrocessos nos direitos conquistados nos últimos anos.

PARAGUAI Fernando Lugo: “impeachment pode se estender pelo continente” Russia Today

O

Divulgação

Ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo concedeu uma entrevista ao canal Russia Today, na qual fez um alerta. “Caso seja aprovado o impeachment, o caso do Brasil pode se estender a outros países da América Latina”, afirmou. Lugo foi destituído em 2012 pelo Congresso paraguaio, em um processo que demorou menos de 24 horas. Ele afirma que o processo de impeachment contra Dilma “pode até ser legal, mas não é legítimo”. Como possíveis exemplos de destituição, Lugo cita os casos do presidente da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, que sofreram tentativas de golpe de Estado.


Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Entrevista l 9

ENTREVISTA | Marcelo Freixo, deputado estadual (PSOL/RJ)

“Milícias se espalharam pela cidade do Rio”, diz Freixo Entrevistamos o deputado para saber o que mudou desde a instalação da CPI das Milícias, em 2008, que levou diversos políticos para a cadeia e desmontou quadrilhas

Divulgação

"A omissão do Estado é preenchida pelas milícias, que exercem o poder de forma tirânica"

André Vieira do Rio de Janeiro (RJ) Brasil de Fato - Passados quase oito anos da CPI das Milícias, o que mudou? Marcelo Freixo - A CPI das Milícias foi um marco no combate ao crime organizado no Rio e uma iniciativa fundamental para a defesa dos Direitos Humanos. A atuação das quadrilhas vitimiza principalmente a população mais pobre, moradora de áreas totalmente desassistidas pelo poder público. É o que acontece atualmente nos condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, na periferia da zona oeste. Milhares de famílias são abandonadas em áreas distantes, sem a mínima infraestrutura urbana – transporte, saúde, educação, saneamento, trabalho. A omissão do Estado é preenchida pelas milícias, que exercem o poder de forma tirânica. Nós apresentamos no relatório final da CPI uma série de iniciativas que o poder público pode adotar para cortar as fontes de financiamento das quadrilhas. O relatório foi apresentado aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário do Estado do Rio e do país. Mas muito pouco foi feito.

Brasil de Fato - Alguns leitores denunciam uma guerra entre milicianos e traficantes em Jacarepaguá. Como é possível resolver essa situação? Como afirmei anteriormente, milícia é máfia, é preciso compreender que ela se sustenta através de uma base econômica e política que se mistura ao Estado. É preciso que haja trabalho

O drama carioca é ver homens de preto, quase todos pretos, matando homens pretos de inteligência, para identificar os membros e chefes das quadrilhas, e políticas públicas que cortem as fontes de poder político e econômico dos grupos.

As milícias elegem vereadores e deputados, formam currais eleitorais, impõem-se através do terror. Se o problema não for encarado com a complexidade que ele exige, não conseguiremos avançar. As milícias se espalharam pela cidade. E vários outros Estados sofrem com o problema.

Brasil de Fato - Qual é sua avaliação da política de segurança pública aplicada no estado do Rio? É trágica. Temos a política que mais mata e mais morre. O drama carioca é ver

Brasil de Fato - Existe interesse do PMDB em acabar com as milícias? Jerominho, que controlava a principal milícia junto com o irmão Natalino Guimarães, era vereador pelo PMDB. Milícia é sempre governo, nunca oposição. Ela precisa estar dentro dos mecanismos do poder para se alimentar e se perpetuar. O poder local que elas detêm é usado como moeda de troca político-eleitoral. As quadrilhas controlam amplos territórios e formam currais eleitorais através de ameaças e terror. Esse domínio é negociado.

O país precisa entender que não existe democracia plena sem direitos humanos homens de preto, quase todos pretos, matando homens pretos. Temos números altíssimos de autos de resistência, que são as mortes decorrentes de ações policiais. O Rio de Janeiro assiste a um extermínio da

juventude negra das favelas. A Comissão de Direitos Humanos atua no atendimento a essas famílias e às famílias de policiais assassinados. Não há vencedores nessa história. A política de guerra às drogas fracassou. Brasil de Fato - Diante dos problemas apontados aqui na entrevista, como é possível resolver essas questões? Acho que respondemos anteriormente. Precisamos criar uma cultura de direitos. O país precisa entender que não existe democracia plena sem direitos humanos. A defesa da dignidade humana precisa ser o valor central da democracia e de qualquer política pública. É uma mudança de olhar sobre o mundo e sobre o outro. É uma luta difícil, mas urgente e necessária. É um esforço pedagógico, de diálogo e convencimento permanente.


10 | Cultura

Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

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AGENDA CULTURAL DA SEMANA Divulgação

O quê: Quarta edição do baile Sociedade do Charme tem participação de DJs como Iones Lindesay, Serginho Flashback, Guto DJ, entre outros. Onde: Grêmio Esportivo Rocha Miranda – Avenida dos Italianos, 282, Rocha Miranda.

EBC

Quando: Sábado (7), 17h. Quanto: 0800

O quê: Feira de itens orgânicos comercializa verduras, frutas e legumes livres de produtos químicos como os agrotóxicos, muito nocivos à saúde. Tudo de produtor para consumidor. Onde: Clube Mackenzie – Rua Dias da Cruz, 561, Méier. Quando: Todo sábado, 8h. Quanto: 0800

Pagode do Marrom O quê: Festa anima público com muito pagode e conta com a participação do grupo Sonho D’ Moleque e DJ Túlio. Espaço oferece sinal de wifi. Onde: Casa Marrom Show – Rua Muniz Barreto, 400, próximo à praça Vila de Cava, Nova Iguaçu. Quando: Sábado (7), 22h. Quanto: 0800 Divulgação

Trem Louco Divulgação

Tânia Rêgo/ABr

Feira Orgânica do Méier

O quê: Festa tem apresentação de pagode ao vivo com Vinícius Soares e ainda conta com MC Juninho da 10 e MC Matheuzinho. Onde: Associação de Moradores de Manguariba – Rua 5, Manguariba. Quando: Sábado (7), 22h. Quanto: R$ 5 (fem), R$ 20 (masc)

Talma Flashback e Charme das Mães O quê: Baile flashback e charme promete muita animação e nostalgia ao relembrar antigos bailes das décadas de 70 e 80, com a participação do DJ Romulo Tostes. Onde: S.D.P. Filhos de Talma – Rua do Propósito, 20, Gamboa. Quando: Sábado (7), 20h. Quanto: R$ 5 Divulgação

Divulgação

O quê: Espetáculo de circo da Companhia Bruno Carneiro questiona o tempo que dispomos para realizar nossos sonhos e construir uma história. Onde: Arena Carioca Dicró – Parque Ary Barroso, Penha. Entrada pela Rua Flora Lobo. Quando: Terça-feira (3), 19h. Quanto: 0800

O quê: Banda famosa por misturar rock, funk, pop, jazz, frevo, samba e maracatu se apresenta em evento que também conta com participação da DJ Carol Farah. Onde: Clube Social do km 47 – Rua Universitária, s/n, Seropédica. Quando: Quarta (4), 22h. Quanto: De R$ 15 a R$ 20

A Cuíca de Laurindo Divulgação

Sociedade do Charme

Orquestra Voadora

Tempo

O quê: Peça de teatro conta história de Laurindo, tocador de cuíca, carioca e irreverente, criado pelo artista Noel Rosa. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quando: De quarta a domingo, 19h. Quanto: R$ 20 (R$ 10 meia)


Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Cultura l 11

Casa Nem: a preparada da Lapa Administrado por travestis e transexuais, o lugar mistura oficinas, shows, debates e transformação de realidades Fotos: Alexandro Auler

PODER TRANS Histórica militante pelos direitos humanos, Indianara Siqueira é uma das idealizadoras dos projetos. Ela lembra que a luta é para conquistar espaço na sociedade, que ainda desrespeita as pessoas trans. “Quando falamos que nós trans temos direito a falar, temos direito à política, quando a gente se empodera perante a sociedade, vamos

André Vieira do Rio de Janeiro (RJ)

R

ua Moraes e Vale. Naquela estreita rua, os belos casarões ajudam a contar a história do bairro mais boêmio do Rio de Janeiro: a Lapa. Sem esquecer o passado, um conjunto de mulheres têm transformado o presente de muitas vidas. Gerida por travestis e transexuais, a Casa Nem vem abalando as noites com festas e os dias com diversas oficinais, debates e reuniões. Um espaço democrático que recebe a diversidade de braços abertos e onde o preconceito não pode entrar. Em todas as atividades, pessoas trans não pagam. A mineira Luciana Vasconcelos, de 36 anos, é uma das várias mãos que constroem a Casa Nem. Mulher negra e transexual, sua história com o projeto teve início ano passado, quando chegou para ser uma das alunas do “Prepara Nem”, pré-vestibular voltado a pessoas transexuais e em situação de vulnerabilidade social. Mais que uma das preparadas pelo cursinho, ela logo assumiu uma série de tarefas no grupo e foi uma das responsáveis pela consolidação da Casa Nem, em funcionamento há poucos meses. Luciana relembra sua primeira entrevista ao Brasil de Fato, em agosto de 2015. “Eu lembro quando falei com vocês pela primeira vez. Tínhamos muitos sonhos naquela época que agora conseguimos realizar. Agora já estamos sonhando com novos projetos para, mais do que transformar a vida das pessoas trans, disputar a sociedade e exigir nosso respeito. Hoje temos uma casa com vários cursos e vamos continuar correndo atrás de outros objetivos”, conta.

Em todas as atividades da Casa Nem, pessoas trans têm entrada gratuita

OFICINAS Corte e costura, aula de libras (língua brasileira de sinais), capoeira, fotografia e história da arte são alguns dos cursos que já ocupam a programação da Casa Nem. E a tendência é só crescer e expandir. O Prepara Nem, pré-vestibular do grupo, teve início no centro do Rio e agora também tem aulas na zona oeste, na Favela da Maré e em Niterói. Para manter tudo isso, dezenas de professores voluntários e apoiadores dão seu suor para seguir adiante. Loira e jovem, Tertuliana Lustosa, de 19 anos, é uma das professoras de história da arte. Também mulher transexual, ela destaca a importância do espaço. “A gente começou o projeto com o pré-vestibular, mas não era suficiente. Agora nós temos uma casa que possibilita o acesso de pessoas trans ao que sempre nos foi rejeitado, como casa de festas e participar de oficinas. O que acontece aqui é uma rede de produção e é isso que ganhamos”, revela a docente.

Gerida por travestis e transexuais, a Casa Nem vem abalando as noites com festas e com diversos debates conquistando nossos espaços. Uma vai empoderando a outra, como numa corrente, e aí teremos voz e elas se multiplicarão”, disse ao destacar que uma das estratégias para isso é a disputa do parlamento e do executivo. Para ajudar ao projeto, doações financeiras, móveis e alimentos podem ser entregues na sede da Casa Nem.

Casa Nem Casa Nem promove festas, oficinais, debates e reuniões

Rua Moraes e Vale, 18 - Lapa Facebook: Casa Nem


12 | Opinião

Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Márcia Tiburi

Quanto vale a imagem bela e recatada de Marcela?

OPINIÃO | Tico Santa Cruz

Só nos resta resistir Midia Ninja

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.

Marcela é usada para melhorar a imagem de Temer

A resistência precisa vir das ruas e da população brasileira

U

m ditador romano chamado Júlio César tinha uma mulher chamada Pompeia, de quem ele se divorciou alegando que ela não deveria apenas ser honesta, mas parecer honesta. O mundo é machista e o privilégio sobre a reputação é inevitavelmente dos homens, por isso não se especula sobre a moral dos esposos. Tem uma pergunta bem séria que precisamos responder antes de mais nada. Por que a mulher de Temer aparece agora nesse momento de caos político? Ora, porque esse é o momento do golpe de Temer, Cunha e vários outros políticos e organizações, contra Dilma. Todo mundo sabe que isso é muito feio. E como o jogo político é também estético, nada melhor do que tentar melhorar a imagem do vicepresidente golpista. O que se quer, portanto, com o perfil que usou os ad-

jetivos “bela, recatada e do lar” como qualificação da esposa de Temer? Marcela Temer segue um padrão antigo de ideal de mulher, de ideal de primeira dama. É muito perigoso quando tentam transformar alguém em “ideal”. Evi-

Há machismo em todas as classes sociais, mas, no caso de Marcela, quer se vender a ideia de que ela é uma madame feliz dentemente, Marcela aparece como um capital político nesse momento, para o desbotado vice-presidente. Usa-se Marcela, mulher de Temer, para tentar melhorar a imagem do vice-presidente. Ao se dizer que ela é “bela,

recatada e do lar”, o que para muita gente pode significar sem graça, como repercutiu nas redes sociais, quer-se dizer que o vice-presidente também tem algo de “belo” e de “recatado”. E, como não se pode dizer que seja “do lar”, quer-se dizer que é um homem de família. Temer tem uma mulher que fica em casa, coisa que poucas mulheres fazem hoje em dia, a não ser quando são oprimidas por maridos. Há machismo em todas as classes sociais, mas, no caso de Marcela, quer se vender a ideia de que ela é uma madame feliz. Aqui, podemos lembrar que, se a mulher de César precisava parecer honesta, a de Temer precisa só parecer uma boneca inflável, arrumadinha e contente com seu destino. Márcia Tiburi é filósofa e professora

A quem interessa esse caos que foi criado após a derrota de Aécio Neves nas últimas eleições? Que setores estão interessados na perda de direitos conquistados pelos trabalhadores nos últimos anos? Como e por quem o povo vem sendo informado? É importante que façamos essas perguntas antes de tomarmos qualquer posicionamento contra ou a favor do processo de impeachment. Se não formos capazes de responder de forma clara tais questões, há um grande risco de estarmos sendo manipulados e agindo a serviço de interesses que não são os nossos. É possível ser crítico do governo sem colocar em jogo nosso bem mais precioso, que é nossa democracia. Política nada mais é do que o diálogo entre partes que possuem pensamentos diferentes. Se não há esse canal de troca de ideias, então estamos caminhando para a guerra. Com o Congresso Nacional de hoje, será que conseguiremos alguma mudança real?

RESISTÊNCIA POPULAR A resposta é não. Dilma deve resistir até o seu último recurso e o povo deve pressionar o Congresso para que possamos mudar a pauta do impeachment para a Reforma Política urgente. Nada de novo acontecerá se não for realmente através de pressão das forças populares. Anote aí: nos 180 dias após o afastamento de Dilma pelo Senado, Temer e sua gangue vão retirar todos os direitos possíveis do trabalhador. Vão mexer no salário mínimo, na previdência, na saúde, na educação e, quando o povo se der conta de tudo isso, será tarde demais. Ou inviabilizamos o “governo Temer” ou teremos um grande retrocesso com a “ponte para o passado”, que o PMDB, junto com o PSDB, vai implementar nos próximos meses. Resistência até o fim. Tico Santa Cruz é músico, vocalista da banda Detonautas


Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

BOMBOU NA INTERNET

Variedades l 13

ANDRÉ DAHMER | malvados.com.br

AMIGA DA SAÚDE Receita

Berinjela à marguerita

Ingredientes • 2 unidades de berinjela cortadas em rodelas com 2 cm de espessura • 1/4 xícara (chá) de molho de soja (shoyu) • 1 xícara (chá) de azeite de oliva • 4 unidades de tomate sem pele e sem sementes picados • 200 gramas de queijo mussarela ralada grossa • 1/2 xícara (chá) de azeitona pretapicadas • sal a gosto • folha de manjericão a gosto

Modo de preparo Em um refratário, distribua as rodelas de berinjela, regue com o shoyu e metade do azeite. Cubra com papel-alumínio e asse durante 30 minutos em forno, preaquecido, a 220 ºC. Em uma tigela, misture o tomate, a mussarela, a azeitona, o sal e as folhas de manjericão. Retire as berinjelas do forno e, sobre cada uma, coloque uma porção de tomate e mussarela. Regue com o restante do azeite e leve ao forno novamente até a mussarela derreter.

Divulgação

Ouço sempre na mídia que devemos procurar um médico se tivermos suspeita de gripe. Mas os serviços de saúde já estão todos lotados por causa da dengue. O que fazer? Naiana, 22 anos, secretária Divulgação

C

ara Naiana, sua preocupação está correta. A gripe é uma virose que dura cerca de uma semana, provocando sintomas como tosse, congestão nasal, febre, dor no corpo e dor de cabeça . Na maioria das vezes ela é autolimitada e desaparece espontaneamente, sem causar grandes transtornos. O risco é maior somente para as pessoas que têm seu sistema de defesa mais debilitado, como idosos, crianças menores de 2 anos, gestantes, portadores de doenças crônicas, etc. Em pessoas jovens saudáveis, é necessário procurar atendimen-

to médico somente quando há sinais de perigo como dificuldade para respirar, febre muito insistente, prostração ou outros sintomas não esperados. Me parece inconse-

Dúvidas? amigadasaude@brasildefato.com.br

quente essa orientação de que todos devem procurar um médico, pois os serviços realmente estão lotados e os profissionais muito sobrecarregados.

Sofia Barbosa | Coren MG 159621-Enf



Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Esportes l 15

Série de filmes mostra outra realidade das Olimpíadas

Fotos: Couro de Rato

Quatro vídeos revelam o impacto da Olimpíada sobre a população negra e pobre do Rio

Manifestação do MTST na praia do Leblon será exibida em Contagem Regressiva

Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

N

esta quinta-feira (5) estreia, na internet, uma série de quatro episódios sobre os impactos dos Jogos Olímpicos na vida de milhares de cariocas que perderam suas casas, mercadorias e referências desde o anúncio do Rio como sede, em 2009. Por uma iniciativa da Justiça Global, organização atuante na questão dos direitos humanos, e da produtora Couro de Rato, chega à rede a série Contagem Regressiva. Os documentários contaram diversas histórias que se cruzam em uma única, a das violações a direitos fundamentais do povo negro e pobre do Rio de Janeiro. São retratadas histórias de luta e resistência de comunidades removidas ou ameaçadas de despejo, de camelôs agredidos e impedidos de trabalhar nas ruas. O filme mostra como a prefeitura transformou o Rio em uma cidade-negócio e conta histórias de homens e mulheres segregados por sua cor e condição social nas favelas. TRÊS ETAPAS O primeiro, que será lançado nesta semana, é sobre as remoções violentas que ocorrem na cidade olímpica. Entre as histórias contadas nos filmes, está a de Jorge, que encontra o local onde ficava sua casa, em meio ao matagal, na área que se transformou, às margens do BRT

O diretor Luis Carlos de Alencar (à dir) com Irmã Fátima, uma das personagens

Queremos mostrar os impactos terríveis dos Jogos Olímpicos Luis Carlos de Alencar, diretor dos filmes Transoeste. Irmã Fátima, que lutou pela manutenção das casas da Estradinha Botafogo, na Ladeira dos Tabajaras, na zona sul. Francis, a mu-

lher que viu a comunidade do Metrô Mangueira, onde morava, desaparecer e sua vizinhança ser obrigada a se mudar para Cosmos, na zona oeste, a mais de 50 km de distância. No mês de junho, o tema tratado pela série é o controle social exercido pela repressão aos ambulantes, pela política de segurança pública do governo do estado. A mesma política, que transformou as favelas da cidade em áreas militares, também sujeitou ambulantes à violência e à humilhação.

Segue-se um capítulo dedicado à zona portuária da cidade, exibido a partir de julho. Uma área pública da cidade que foi entregue para a gestão privada. Em agosto, o último capítulo da série trará um episódio sobre mobilidade urbana, que questiona a política de expansão do transporte para áreas menos habitadas. Além disso, condena áreas mais populosas à longa espera, à superlotação e, em especial, ao assédio sexual cometido contra as mulheres que usam o serviço de transporte da cidade nestas condições. PROBLEMA OLÍMPICO Segundo o diretor da série, Luis Carlos de Alencar, o objetivo é conscientizar as pessoas. “Queremos mostrar os impactos terríveis dos Jogos Olímpicos na vida de uma parcela significativa da população, formada especialmente por negros e pobres nas áreas periféricas do Rio”, diz. Outra questão levantada nos documentários é a necessida-

de destas comunidades se organizarem para resistir às violações de direitos cometidas em nome dos megaeventos. Após a estreia dos quatro episódios, existe a possibilida-

São retratadas histórias de luta e resistência de comunidades removidas ou ameaçadas de despejo, de camelôs agredidos e impedidos de trabalhar de da produção de um longametragem sobre o mesmo assunto. Porém, com uma abordagem mais aprofundada sobre esses temas, que provoque a reflexão sobre eles e as histórias de luta das personagens e a violência cometida pelo poder público neste processo de preparação para os Jogos.


16 | Esportes

Rio de Janeiro, 2 a 4 de maio de 2016

Divulgação CoralNet

Vasco vence a primeira na final do Carioca

Paulo Fernandes/Vasco

Gol de Jorge Henrique colocou o Vasco em vantagem na decisão contra o Botafogo Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

Botafogo e Vasco voltaram a se enfrentar no Maracanã, marcando o primeiro jogo de futebol no estádio em 2016, pela partida de ida das finais do Campeonato Carioca. O primeiro tempo teve leve superioridade do Botafogo, que conseguia conter os avanços do ataque vascaíno e sair com velocidade para os contra-ataques. Apesar disso, os dois times criaram poucas chances de gol. O melhor lance da primeira etapa foi um belo chute de fora da área de Bruno Silva, que obrigou Martin Silva a desviar a bola da meta e fazer uma grande defesa. No segundo tempo, o jogo continuou bastante equilibrado, mas também mais aberto. Com mais espaço, as chances mais claras de gol começaram a sair. Julio dos Santos fez boa jogada pela direita e cruzou para Nenê, que bateu de primei-

Torcida Coral faz a festa pelo título da Copa do Nordeste

Santa Cruz é o campeão da Lampions League Jefferson sai mal e Jorge Henrique marca gol da vitória

ra e quase abriu o placar. Pouco depois foi a vez do Botafogo chegar com perigo. Ribamar foi lançado dentro da área e bateu cruzado de pé esquerdo. A bola passou muito perto do gol de Martin Silva. Quem acabou abrindo o placar foi o Vasco. Aos 15 minutos, após cruzamento da direita, o goleiro Jefferson vacilou na saída do gol e perdeu no alto para o baixinho Jorge Henrique, que desviou de cabeça e viu a bola morrer mansa dentro do gol.

Nove minutos depois, Sassá acertou a perna de Jorge Henrique com as travas da chuteira e levou cartão vermelho direto, deixando o Botafogo com um a menos. O Botafogo, mesmo em desvantagem numérica, criou boas chances de empatar, uma com Bruno Silva e outra com Ribamar, que parou em grande defesa de Martin Silva, garantindo a vitória do Vasco por 1 a 0. O último capítulo será contado no próximo domingo (8), no Maracanã.

O Santa Cruz se sagrou pela primeira vez campeão da Copa do Nordeste, apelidada de Lampions League, a principal competição regional do país. Depois de vencer por 2 a 1 o Campinense, de Campina Grande (PB), na última quarta-feira (27), no estádio do Arruda, em Recife (PE), o Santa Cruz foi ao estádio Amigão, na cidade do interior paraibano, com a vantagem do empate. Como em toda a competição, nas duas partidas as torcidas compareceram em peso para apoiar suas equipes.

O Campinense saiu na frente na partida decisiva aos 25 minutos da etapa final, com gol de Rodrigão, o maior artilheiro do país no ano, com 17 gols. No entanto, o Santa Cruz foi para o abafa e, aos 33 minutos do segundo tempo, empatou a partida em 1 a 1, com gol de Arthur. A partir daí, o Santa Cruz soube se defender para garantir o primeiro título da competição em sua história e partir cheio de moral para cima do Sport, pelas finais do Pernambucano, além do retorno do Coral à primeira divisão do Brasileirão. (BP)

Leicester pode ser campeão sem jogar nesta segunda O Leicester City, grande sensação do Campeonato Inglês, empatou por 1 a 1 com o Manchester United, em Old Trafford, neste domingo (1), e leva o título da competição, caso o Tottenham não vença o Chelsea fora de casa nesta segunda-feira (2).

Com o empate, os Foxes chegaram a 77 pontos, oito a mais que o Tottenham, com nove pontos em disputa pelo time londrino. Ou seja, os Spurs precisam ganhar os três jogos que restam e torcer para que o Leicester não some dois pontos nas últimas partidas que faltam.

Divulgação Leicester City

Morgan comemora o gol contra o Manchester United

Martial abriu o placar para os Red Devils de Manchester, enquanto o capitão jamaicano Morgan empatou para o líder da competição. O próximo jogo do Leicester é contra o Everton, em casa. Pode valer o título ou apenas ser um jogo festivo, dependendo do resultado do Tottenham. (BP)


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