Brasil de Fato RJ - 253

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RIO DE JANEIRO

8 a 22 de fevereiro de 2018

distribuição gratuita

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Ano 6 | edição 253

Fotos: Riotur

Barcas ficarão mais caras a partir do dia 12 »»O valor da passagem

passará de R$5,90 para R$6,10. GERAL, P.5

Clubes vetam árbitro de vídeo no Campeonato Brasileiro 2018

»»Dirigentes alegaram altos

custos para implantação do sistema. ESPORTES, P. 12 Gilvan de Souza /Flamengo

Ô, ABRE ALAS... Carnaval tem início nesta sexta-feira (9) com blocos para todos os gostos no Rio e na região metropolitana. CULTURA & LAZER, P.8 E 9

“Megaoperações policiais são desperdício de dinheiro público”, diz pesquisador

»»Para Daniel Misse, ações não

funcionam porque não têm um caráter planejado. GERAL, P.7


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

Estado do Rio tem lei que proíbe propagandas machistas Fernando Frazão / Agência Brasil

MARIANA PITASSE

VOCÊ SABIA

RIO DE JANEIRO (RJ)

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ma mulher de biquíni segura uma garrafa de 300 ml em uma das mãos, na outra, uma lata de 250 ml. Logo abaixo de seus seios aparece grifado “600ml”, acompanhado da mensagem: “Faça sua escolha”. Essa é mais uma das muitas propagandas de grandes cervejarias em que o corpo feminino é mostrado como um objeto de consumo. Com objetivo de combater esse tipo de prática na publicidade, um grupo de deputados estaduais aprovou um projeto de lei em que fica proibido no estado do Rio a veiculação de propaganda misógina (que represente aversão ou ódio à mulher), sexista ou estimuladora de agressão e violência sexual. Para o deputado Waldeck Carneiro (PT), um dos autores do projeto, a nova lei é um passo muito avançado no enfrentamento à violência contra mulher. “O que se quer combater é o machismo, que ainda afeta as mulheres em grande intensidade no Brasil. As mulheres não são uma isca ou um atrativo para vender o produto”, afirma. De acordo com Miriam Starosky, da Marcha Mundial das Mulheres, propagandas deste tipo cumprem o papel de tornar natural o machismo e a violência contra a mu-

Lei vai multar publicidade que estimule violência contra a mulher

R$ 640 mil

É o valor da multa para quem veicular propaganda sexista nas redes sociais lher. “É importante ter uma lei que aponte para isso e crie uma punição para quem produz esse tipo de comunicação”, acrescenta.

A lei, válida para empresas com sede no estado do Rio, já foi sancionada pelo governador Luiz Fernando Pezão (MDB). O texto determina que a publicidade considerada sexista seja tirada do ar e também aplica uma multa para quem infringir a regra. A multa mais alta é para as redes sociais, que soma R$ 640 mil. Para empresas que quebrarem com a regra mais de uma vez, o valor é dobrado, podendo superar R$ 1,2 milhão.

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Não só as cervejarias fazem esse tipo de publicidade sexista. Vale lembrar da campanha do Ministério da Justiça, veiculada em 2015, que pretendia conscientizar jovens sobre os perigos do consumo em excesso de bebidas alcoólicas. Como parte da campanha, um cartaz divulgado nas redes sociais dizia “Bebeu demais e esqueceu o que fez? Seus amigos vão te lembrar por muito tempo.” A propaganda trazia uma garota com um celular nas mãos e, ao fundo, duas jovens rindo e também segurando um aparelho. Dessa maneira, a campanha dava a entender que as vítimas tinham culpa em casos de abuso sexual e vazamento de vídeos íntimos.

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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Flora Castro, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Vivian Virissimo | SUBEDIÇÃO Mariana Pitasse | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Marcos Araújo | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Flora Castro, Luiz Ferreira, Jaqueline Deister e Raquel Júnia.


GERAL

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018 Divulgaçao

Pré-vestibular popular ajuda alunos de baixa renda a ingressar em universidades como a UERJ

Situação da UERJ »»A UERJ tem enfrenta-

FLORA CASTRO

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Cursinho do Cerro Corá é porta de entrada para universidades ano com seis alunos. Desses, dois passaram para a UERJ, eu fui um deles, e outro aluno passou para Letras na UFRJ”, explicou o coordenador do pré-vestibular Janderson Dias, de 28 anos. Ana Cristina Ferreira, de 41 anos, foi uma das alunas

do cursinho aprovada no vestibular deste ano. Como mais nova estudante de Pedagogia da UERJ, ela comemora a conquista. “Depois que eu me inscrevi no pré tudo mudou”, contou. Para Ana Cristina e para Janderson, estudar sem-

É o número de mortes por febre amarela no Rio de Janeiro.

Jornalista e ex-deputado Carlos Alberto Caó morre aos 76 anos Divulgação

O jornalista, advogado, militante do movimento negro e ex-deputado Carlos Alberto Caó de Oliveira morreu no último domingo (4), aos 76 anos, no Rio. Entre suas principais contribuições está a autoria da chamada Lei Caó, que transformou o preconceito de raça, cor, sexo e estado civil em contravenção penal, e a emenda constitucional que tornou o racismo crime inafiançável e imprescritível.

pre foi um sonho. “Meu sonho era cursar História e ainda mais na UERJ, vendo o símbolo que ela é. A primeira universidade a adotar o sistema de cotas, é uma das melhores universidades do país. Estou muito feliz”, contou Janderson.

Tomaz Silva / Agência Brasil

uitos estudantes têm problemas para conseguir ajuda na hora de enfrentar o vestibular e esbarram no alto custo dos cursinhos. Neste momento, os cursos populares e comunitários são a grande diferença entre passar ou não nas provas. O pré-vestibular popular do Cerro Corá, criado em 2016 por moradores jovens da comunidade, localizada no Cosme Velho, na zona sul, é um desses exemplos. Somente neste ano foram quatro aprovados no vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para os cursos de Pedagogia, História e Biologia. “A gente começou há dois anos, com 25 alunos, e chegamos ao fim do

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do uma de suas piores crises. Na última semana, a comunidade acadêmica comemorou a volta às aulas. Entretanto, o clima ainda é de apreensão com o futuro, como explica o diretor da Associação dos Docentes da universidade (Asduerj), Guilherme Abelha. “A operação da universidade ainda passa por muitas dificuldades. Por outro lado, a gente teve a aprovação, a PEC 47, aqui no estado do Rio, que possibilita o envio dos recursos em duodécimo”, relembra Abelha. A emenda aprovada no final de dezembro tem como objetivo dar autonomia para as universidades. Porém, há uma preocupação de que o governo esteja protelando a transferência desses recursos para a instituição.

Eu vou à Sapucaí. Estarei lá, não para sambar. Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro. Neste ano, o prefeito diminuiu à metade a verba para as escolas de samba.


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

Frente Trans de Esquerda é lançada no Rio JAQUELINE DEISTER RIO DE JANEIRO (RJ)

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Dia Nacional da Visibilidade Trans foi consagrado como sendo 29 de janeiro. A data foi criada em 2004, quando ativistas participaram da primeira campanha contra a transfobia do país. De lá para cá, houve conquistas, como o uso do nome social nos registros escolares, em órgãos da administração pública federal e a implementação de algumas políticas públicas que auxiliam a inserção no mercado de trabalho. Porém, os avanços ainda não foram significativos a ponto de combater a violência e a discriminação contra o grupo social. Jaqueline Gomes de Jesus é professora de psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e uma das autoras do livro “Feminicídio #InvisibilidadeMata”, organizado pelo Instituto Patrícia Galvão. Com relação ao levantamento da ONG, a pesquisadora complementa que a maioria das vítimas são mulheres trans. “Muitas são expulsas da escola, do acesso ao trabalho mesmo com a qualificação, muitas vezes não conseguem um trabalho por conta da sua identidade de gênero, da transfobia. E aí o único lugar das mulheres trans, das travestis é a prostituição, não é a toa que mais de 90% delas estejam na prostituição, que outro grupo social, mais de 90% só encontra trabalho na prostituição? Isso é um sintoma de todo o contexto que junta várias coisas”, afirma.

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É o número de pessoas FRENTE TRANS trans assassinadas No Rio de Janeiro, uma sé- entre 2008 e 2016 no rie de atividades envolvendo Brasil. debates, exibição de filmes e Fonte: Transgender Europe oficinas ocorreu no mês de janeiro para tratar da construção de mecanismos que garantam uma maior visibilidade da população trans. Entre as iniciativas destaca-se o lançamento da Frente Ampla Suprapartidária e Trans de Esquerda. A Frente vem com o objetivo de incentivar o debate e a participação de pessoas trans na política partidária. Esta é a primeira vez que uma iniciativa de unidade entre pessoas trans se consolida Brasil. Dentre os objetivos da Frente estão: a defesa da causa das pessoas trans; o enfrentamento à transfobia e à LGBTfobia; a garantia da visibilidade de pessoas trans nos debates políticos; a luta por espaços institucionais dentro da atual democracia para que as vozes e demandas de travestis e transexuais sejam ouvidas, respeitadas e efetivadas pela sociedade.


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

Tarifa das barcas a R$ 6,10 causa indignação em usuários Reajuste vai começar a valer a partir do dia 12 de fevereiro

Dvulgação

JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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partir de segunda-feira (12) a tarifa das barcas sofrerá reajuste. O valor integral da passagem das linhas sociais, que inclui Paquetá, Praça Arariboia, Praça 15 e Cocotá, passará de R$5,90 para R$6,10. O aumento foi autorizado pela agência reguladora, no entanto, o reajuste está sendo visto como desproporcional pelos usuários das barcas. Vinicius Linder é estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF), localizada em Niterói. Ele utiliza a barca com frequência para atividades relacionas ao lazer e ao trabalho no Rio. Ele é ciclista e alega que as barcas tiveram uma boa iniciativa ao permitir o transporte de bicicleta, porém, destaca que pelo valor da tarifa o serviço deveria oferecer mais opções de horários para os passageiros. “Você pagar R$ 6 para ir ao Rio é algo muito complicado, ainda mais quando você tem um serviço limitado de horário. Não tem barca de madrugada. Domingos e feriados eles reduziram os horários, é de uma em uma hora que você pode pegar o transporte, é muito limitado”, afirma o estudante. O reajuste da passagem fez com que movimentos populares, cidadãos de Niterói e São Gonçalo e o DCE da UFF

O aumento foi autorizado pela agência reguladora mas está sendo visto como desproporcional pelos usuários

Frente Brasil Popular realiza ato nas barcas »»A Frente Brasil Popular de Niterói também está realizando ativida-

Frente Brasil Popular

des para denunciar o aumento da tarifa em frente à estação das barcas na Praça Arariboia. De acordo com Igor Barcellos, que integra a frente, o objetivo é dialogar com a população para denunciar o reajuste. “A população não participa dos acordos entre empresário e o governo. Só chega para a gente a decisão e temos que aceitar, então não é só uma questão de ser legal ou não, é uma questão de não ser justo”, destaca Barcellos. organizassem o Fórum Contra o Aumento das Barcas para debater mecanismos legais de evitar o aumento da tarifa. O deputado estadual Flavio Serafini (PSOL), que também apoia o fórum de mobilização, destaca que o valor das tarifas é abusivo. “Mais um aumento acima da inflação é um absurdo e contraria o interesse dos usuários que têm um serviço que não melhora, têm a redução de horários e é cada vez mais caro”, ressalta o parlamentar.

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O Grupo CCR é uma das maiores VOCÊ SABIA empresas de concessão de infraestrutura do mundo. No segundo trimestre de 2017, a empresa registrou um lucro líquido de cerca de R$667 milhões o que corresponde a um aumento de 357,9% em comparação ao ano anterior. Em nota a CCR Barcas afirma que o fim do serviço de transporte da linha Praça 15 – Niterói no período da madrugada, entre meia noite e cinco horas da manhã, ocorreu devido à baixa demanda. Sobre a redução de horários nos finais de semana, o Grupo informa que as adequações fizeram parte de um estudo desenvolvido para reduzir o repasse de custos aos passageiros e o aumento do endividamento do Estado.


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

Auxílio-moradia de juízes supera salário de 92% dos brasileiros Casos de magistrados responsáveis pela operação Lava Jato fizeram tema vir novamente à tona

ano de 2018. Os dois rebateram as críticas, mas a verba complementar é cada vez mais questionada. Rafael Custódio, da ONG Conectas, classifica o auxílio-moradia como um privilégio injustificável. “O Brasil é um país notoriamente desigual. Dentro dessa desigualdade, há um déficit habitacional histórico. O auxílio-moradia se trata de desvio de dinheiro público, que poderia estar sendo aplicado em política habitacional, mas a casta judicial resolve pegar um quinhão do orçamento público para o próprio benefício”, diz. Estima-se que 17 mil magistrados sejam beneficiados com o auxílio. Em um único mês, o Estado brasi-

RAFAEL TATEMOTO

BRASÍLIA (DF)

D

ois casos envolvendo integrantes da operação Lava Jato trouxeram à tona a questão do auxílio-moradia a magistrados: o de Sérgio Moro, de Curitiba, e o de Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro. O valor máximo do benefício é de R$ 4.377,73, número que supera o salário de 92% da população brasileira, tendo como referência o

Divulgação

População poderá opinar sobre o futuro do Brasil em reuniões abertas PEDRO RAFAEL VILELA

BRASÍLIA (DF)

»»A Frente Brasil Popular (FBP), que

“Congresso do Povo” vai mobilizar população para lutar por seus direitos

leiro gastou mais de R$ 60 milhões com estes complementos. Somados a outros auxílios — como saúde e alimentação — o volume ultrapassou a casa dos R$ 105 milhões. O levantamento é da revista Veja. Marcelo Bretas teve sua conduta questionada por receber o auxílio em conjunto com a esposa, que também é juíza. A resolução 199 do Conselho Nacional de Justiça veda o recebimento do benefício quando o cônjuge já o recebe. Nas redes sociais, Bretas afirmou que reivindicou a verba complementar por considerá-la “um direito”. Moro, por sua vez, recebe o auxílio mesmo tendo imóvel próprio em Curitiba. “Embora discutível, compensa a falta de reajuste dos vencimentos desde 1º de janeiro de 2015 e que, pela lei, deveriam ser anualmente reajustados”, disse o magistrado. O auxílio-moradia foi estendido a todos magistrados por uma decisão liminar do ministro do Supremo Tirbunal Federal Luiz Fux, em 2014.

reúne mais de 80 movimentos populares e entidades da sociedade civil, pretende lotar um estádio de futebol com mais de 50 mil pessoas para a etapa nacional do “Congresso do Povo Brasileiro”, prevista para ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano. A iniciativa, inédita no país,

vai mobilizar um contingente ainda maior de pessoas em bairros, municípios e em todos os estados da federação para discutir os principais problemas do povo e construir um projeto de nação baseado na soberania nacional, no respeito à democracia e no combate às desigualdades sociais. A mobilização será aberta à população em geral, mesmo que o interessado não tenha qualquer vínculo com partidos, sindicatos ou

organizações sociais. A ideia é promover reuniões livres em locais de trabalho, escolas, fábricas, bairros, comunidades e assentamentos, para debater os problemas locais e nacionais e discutir propostas para o futuro do país. Após as reuniões e congressos municipais, serão realizadas etapas estaduais e uma grande etapa nacional, que deve reunir dezenas de milhares de pessoas em local ainda indefinido.


GERAL

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

ENTREVISTA

DANIEL MISSE, PESQUISADOR

“Megaoperações policiais são desperdício de dinheiro público” Fernando Frazão / Agência Brasil

Em 2017, os índices de autos de resistência foram equivalentes ao do ano de 2008, antes das políticas de pacificação JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Brasil de Fato: Como avalia os aumentos das incursões policiais nas favelas? Até que ponto elas, de fato, funcionam? Daniel Misse: Essas operações policiais tendem a não funcionar, porque elas não têm um caráter planejado, permanente, como parte de uma política pública. Elas são pontuais. E isso é, normalmente, um desperdício de dinheiro público. Por que essas incursões têm sido tão recorrentes no Rio? Isso se deve a um argumento de crise de políticas públicas, mas na verdade é uma crise generalizada do

Exército e Aeronáutica chegam à favela da Rocinha em setembro de 2017 Arquivo pessoal

m entrevista ao Brasil de Fato, Daniel Misse, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), falou sobre o aumento da letalidade da polícia militar a partir de 2015 e também sobre o aumento da violência, após a crise política e econômica.

Há uma crise generalizada no próprio governo bo Frio e Angra dos Reis que estão vivendo uma grande crise no campo da segurança pública. Misse é pesquisador da UFF

próprio governo. Então, há uma perda, talvez, de legitimidade do governo, que gera uma perda de legitimidade das políticas ao mesmo tempo. Isso acaba gerando algumas influências sobre a gestão de políticas públicas, principalmente nas áreas de favela, na cidade do Rio, na periferia do Rio, Grande Rio. Isso também é possível de ser verificado no interior do estado, em cidades como Ca-

Dados mostram que a polícia do Rio é a que mais morre, mas também é a que mais mata. O que você acha que pode ser feito para alterar esses números? Em 2007, cerca de 1,3 mil mortes de confrontos com a polícia que eram registradas como autos de resistência. Esse número foi caindo a partir da 2009, 2010, chegando a cerca de 400. Deve-se lembrar que nesse período houve vários sistemas de compensação

do policial pela diminuição desses índices. Então uma parte pode ter caído por um subregistro, mas, uma outra parte, talvez tenha caído por uma falta de intervenção violenta da polícia para que se cumprisse a meta. A partir de 2015 há uma crise no sistema de bonificação para que se cumprisse a meta e uma modificação na orientação da política também do que seria a atuação policial.

Essas operações policiais tendem a não funcionar, porque elas não têm um caráter planejado

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Confrontos deixam dois mortos na Maré nesta semana »»Confrontos

na região Maré, na zona norte do Rio, deixaram dois mortos nesta semana. Um menino de 13 anos, identificado como Jeremias Moraes da Silva, e um homem de 20 anos, Matheus Fernandes Ribeiro, morreram depois de serem baleados durante operação da Polícia Militar. Moradores relatam que o clima permaneceu tenso na comunidade após os confrontos. Segundo eles, apesar de não ter ocorrido novos confrontos e de não haver movimentação policial, algumas escolas e creches suspenderam as aulas. Além disso, três das principais vias do Rio de Janeiro, a Linha Vermelha, a Linha Amarela e a Avenida Brasil, foram interditadas por causa de confrontos entre policiais e criminosos. O fechamento das vias levou o Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro a declarar estágio de atenção na terça-feira (6) e criou um nó no trânsito da cidade. CONFRONTOS No ano passado, os confrontos armados deixaram um rastro de 42 mortes no Complexo da Maré, um número 2,5 maior do que os 17 registrados em 2016. O levantamento foi feito pela ONG Redes da Maré para a produção do boletim "Direito à Segurança Pública na Maré".


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CULTURA & LAZER

O Brasil de Fato foi ao centro do Rio perguntar aos cariocas quais os melhores blocos da cidade FLORA CASTRO

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

Carnaval 2018 tem blocos para todos os gostos Fernando Maia /Riotur

RIO DE JANEIRO (RJ)

O

carnaval deste ano vai estar recheado de blocos para todos os gostos nos quatro cantos do Rio e região metropolitana. Para fazer uma seleção dos melhores blocos, o Brasil de Fato foi ao centro do Rio perguntar aos cariocas quais as indicações para curtir o carnaval mais famoso do Brasil. Simone e a filha Maria Clara contaram que vão aproveitar parte da folia na cidade e depois viajar. “A gente vai curtir o carnaval sábado aqui no bloco do Bola Preta e na Banda de Ipanema. Segunda vamos para Maricá”, explicou. Os dois blocos são super tradicionais e esperam atrair multidões. O Cordão aguarda mais de 1,5 milhão este ano Local/dia

Blocos de grande, médio e pequeno porte vão animar foliões no Rio de Janeiro

e a Banda cerca de 90 mil pessoas. A advogada Débora vai passar o carnaval fora, pela primeira vez em cinco anos, mas não quis deixar de recomendar os seus preferidos. “Recomendo os blocos: Sargento Pimenta e Orquestra Voadora. É muito bom pessoal, aproveitem”, disse animada.

SÁBADO (10)

Para quem gosta de curtir blocos menores também tem muita opção. A moradora de Santa Teresa Amanda tem uma ótima dica: “O Bloco Cachorro cansado que fica no Flamengo é minha indicação”. Outros destaques do carnaval para quem quer curtir em blocos de médio porte são: Bloco do Tamanco, em

DOMINGO (11)

Padre Miguel, o tradicional Céu na Terra, em Santa Teresa e Cordão Alegria, na Tijuca que desfilam no sábado (10). Para aqueles que estão do outro lado da ponte Rio-Niterói, podem curtir o bloco Maria Sangrenta, na Praça Getúlio Vargas, em Icaraí. Já no domingo (11), a boa é curtir o Afoxé dos Filhos de

SEGUNDA (12)

Gandhi na Gamboa, o Bloco Chega Mais, em Piedade, e o Arrastão do Céu, em Icaraí. Para quem gosta de emendar uma praia, a segunda (12) traz para os foliões o bloco Virtual no Leme e o Divas do Recreio na Avenida Lucio Costa (Quiosque Terapia). Na terça (13) o Tudubloco vai tremer o Parque Madureira e o Boi de Anchieta vai lotar a praça Nossa Senhora de Nazaré, na zona norte. Em Niterói, os foliões podem curtir música afro no bloco Afro Olodumare a partir das 15h no Centro. E para fechar o carnaval, a quarta-feira de cinzas traz uma programação para o dia inteiro: começando às 6h na praia do Flamengo com os Amigos da Onça e fechando o dia em Santa Teresa com o Me Enterra na Quarta, às 16h.

TERÇA (13)

QUARTA (14)

Centro

• Cordão do Bola Preta (7h) • Céu na Terra (7h)

• Cordão do Boitatá (11h) • Afoxé filhos de Gandhi (17h)

• Agroreggae (9h) • Bloco Estratégia (16h)

• Carmelitas (8h) • Enxota que eu vou (16h)

• Me enterra na quarta (15h30)

Zona Sul

• Banda de Ipanema (15h) • Pinta mas não borda (16h)

• Bangalafumenga (8h) • Sargento Pimenta (8h) • Cachorro Cansado (16h) • Bloco Virtual (8h30) • Simpatia é quase amor (14h)

• Orquestra voadora (13h) • Largo do Machado mas não largo do copo (14h)

• Amigos da onça (6h)

Zona Norte

• Cordão Alegria da Tijuca (18h) • Fome Zero (9h) • Quer Swing Vem Pra Cá (9h)

• Bloco do Pente (16h) • Bloco chega mais (15h30) • Bonecas Deslumbradas de Olaria (16h)

• Tudubloco (9h) • Quero exibir meu longa (10h) • Acadêmicos do Engenho de Dentro (16h)

• Banda do Village (16h)

Zona Oeste

• Bloco do tamanco (11h) • Virilha de minhoca (18h)

• Bafo de Peru (17h) • 10+ Malandros (12h)

Niterói

• Cordão da Bola Branca (9h) • Bloco Arrastão do Céu (15h) • Maria Sangrenta (16h) • Piranhas de Jurujuba (17h)

• Nova Geração do Zumbi (11h)

• Bloco confetes e serpentina (7h) • Lagarto Mama de Campo Grande (14h) • Divas do Recreio (15) • Carnaval de Jurujuba (15h) • O Rodo está passando (18h)

• Boi de Anchieta (16h) • Bagunçando o Coreto (17h) • Afro Olodumare (15h) • Maresia (17h)


CULTURA & LAZER

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

Blocos e sambas enredo mostram que carnaval também é espaço de política

U

ma das marcas do carnaval deste ano é a politização dos temas dos blocos e dos enredos das escolas de samba. De reforma trabalhista, a feminismo e legalização da maconha, o carnaval deste ano estará recheado de demandas sociais aproximando ainda mais a folia da política. Na lista dos blocos que trazem como pano de fundo algum questionamento, está o Planta na Mente, que foi criado há cerca de sete anos e reúne foliões em desfile que vai dos Arcos da Lapa até a Praça Tiradentes, na tarde quarta-feira de cinzas (15), a partir das 16h20. O bloco tem como pauta principal a legalização da maconha, como explica uma de suas percussionistas, Flávia Medeiros. “A gente considera que o carnaval de rua já é mani-

festação política, ao ocupar e demandar o espaço público da cidade com festa, música e expressão artística. O Planta tem o objetivo de socializar a discussão da legalização da maconha. Fazemos isso através da música, das fantasias, linguagens diferentes do modo de fazer política tradicional” afirma. RESISTÊNCIA Algumas das mulheres que formam a bateria do Planta na Mente estão também no bloco Mulheres Rodadas, que vai completar seu quarto carnaval neste ano. No desfile, as músicas tratam sobre feminismo, liberdade e empoderamento das mulheres de forma divertida. O bloco, sai pelas ruas do Rio na quarta (15), a partir das 9h. O local da concentração será anunciado na página no Facebook. Também famoso por tratar de política em seus sam-

DICAS MASTIGADAS

Sorvete de gelatina

Fernando Frazão / Agencia Brasil

Na lista dos blocos que trazem como pano de fundo algum questionamento está o Planta na Mente

bas enredo todos os carnavais, o Comuna que Pariu deste ano vai tratar sobre o assalto aos direitos dos trabalhadores, principalmente, das reformas trabalhista e da Previdência. O bloco desfila no Centro, na segunda-feira (13), a partir das 15h. As reformas propostas por Temer também serão tema do desfile da escola de samba Paraíso de Tuiuti. No ano em que a Lei Áurea completa 130 anos, o samba enredo da escola de São Cristóvão fala sobre as relações entre patrões e empregados durante o tempo e questiona se a escravidão, de fato, acabou no Brasil. A escola será a quarta a desfilar no domingo (12) na Marquês de Sapucaí.

Carol Garcia

MARIANA PITASSE

RIO DE JANEIRO (RJ)

BLOCOS CRITICAM POLÍTICA DE CRIVELLA PARA O CARNAVAL »»Também

na onda dos sambas políticos, o bloco Simpatia é Quase Amor, um dos mais tradicionais do carnaval carioca, terá pela primeira vez um enredo crítico, tendo prefeito Marcelo Crivella (PRB) como alvo. A letra critica a relação do prefeito com o carnaval e a cultura popular na cidade, marcada por cortes de investimento e intolerâncias ao principal festejo da população carioca. Para Tiago Rodrigues, trompetista do bloco Orquestra Voadora, o modelo de financiamento do carnaval é justamente o principal problema trazido pela atual gestão. “O que ameaça o carnaval é o fato de os blocos não conseguirem pagar as contas. Temos um auxílio da Secretaria de Cultura do estado, mas isso não paga metade dos custos. Fazemos vaquinha, vendemos camisetas, nos viramos, mas muitos ainda tem que tirar dinheiro do bolso. E como resposta temos que cumprir mais e mais exigências sem dinheiro”, explica.

Como fazer:

Por Carol Garcia*

Neste calor, nada como um sorvete para refrescar. E encontrei essa receita sensacional, saborosa, fácil de fazer, rende muito e o principal, fica super barato! Eu testei e aprovei e por isso quero compartilha-la com vocês: Rendimento: aproximadamente 3 litros

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Ingredientes:

•  1 caixa de leite condensado •  1 caixa de creme de leite •  1 pacotinho de gelatina (do sabor de sua preferência);

*Carol Garcia é assistente social e leitora do Brasil de Fato.

Ferva 250 ml de água, coloque no liquidificador e acrescente todo o conteúdo do pacote de gelatina. Bata por 1 minuto para misturar bem. Acrescente mais 250 ml de água fria e bata novamente por mais 1 ou 2 minutos. Acrescente o leite condensado e o creme de leite. Bata por uns 3 minutos. Despeje o conteúdo em uma vasilha e coloque no congelador por 4 horas (até cristalizar). Depois, retire a mistura do congelador e bata com uma batedeira, em velocidade máxima por 10 minutos. Bom usar uma vasilha maior, porque o conteúdo vai dobrar de tamanho. Divida o conteúdo em 2 vasilhas e coloque novamente no congelador por pelo menos 5 horas. Depois é só comer!


10 CULTURA & LAZER

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

Divulgação

ENTREVISTA

LUCIO SANFILIPPO, CANTOR

"Manifestações populares sofrem criminalização no Rio de Janeiro" JAQUELINE DEISTER RIO DE JANEIRO (RJ)

À

s vésperas do Carnaval, o Brasil de Fato traz uma entrevista com o cantor e pesquisador Lucio Sanfilippo sobre a situação da cultura popular no Rio de Janeiro, religiosidade e o intercâmbio entre os saberes ancestrais e a academia. Com mais de 20 anos de carreira, Sanfilippo tem um trabalho dedicado à valorização da cultura de matriz africana, seja nos palcos ou na universidade. Brasil de Fato: Temos visto no Rio a dificuldade de alguns espaços ligados a cultura africana sobreviverem. Qual o seu panorama com relação a isso? Lucio Sanfilippo: Na verdade, é um panorama que está voltando àquela época em que tudo era proibido e criminalizado. Agora, com essa aura evangélica, que é fundamentalista na prefeitura, o Tambores de Olokun não consegue fazer com sossego o ensaio no aterro do Flamengo; o Tambor de Cumba não consegue fazer o Jongo e assim por diante. O carnaval está sem verba, quer dizer está sem verba para ensaio e escola de samba, mas tem verba para fazer na zona sul um encontro de baterias. Na verdade, tem um projeto que visa minar as forças das culturas populares. Em seu trabalho, você traz uma valorização muito grande da cultura africana. Qual a influência da religião nas suas composições? O candomblé é a minha vida desde que eu me entendo por gente. Eu passei mal de santo, apesar de ser filho de dois italia-

Tempo Quinta-feira, 8 de fevereiro

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nos. E desde então isso nunca mais saiu de mim, ainda bem. Eu sou raspado, catulado, pintado, adoxado, vestido e feliz no candomblé com as minhas obrigações todas pagas e isso naturalmente se manifesta nas minhas aulas, no meu canto, nos meus discos, nas minhas pesquisas. Então, eu canto os ritmos, as manifestações, complexos culturais que eu chamo de transbordamentos que transbordam dos terreiros e ai a gente faz as Ijexás, Agérés... E a sua relação com o jongo, como que ele permeia o seu trabalho? Eu conheci o jongo na década de 1990. O Mestre Darci do Jongo foi dar uma aula para a gente e falou sobre o jongo e, paralelamente a isso, eu estava cantando com o "Dobrando a Esquina" e eles tinham contato com o pessoal do Jongo da Serrinha, eu visitei a Serrinha e ela me acolheu. Resolvi fazer para a conclusão de curso do jornalismo a análise de conteúdo das letras do jongo. A partir daí, o desdobramento desta monografia foi um livro paradidático em que a gente supõe que um professor de educação física, como eu, desse aula de Jongo na escola e a gente se virando para que a escola pudesse fazer com que as disciplinas formais interagissem com esse universo.

Carolina de Jesus dá nome a Biblioteca Popular localizada na Cinelândia »»Na última semana, o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) inaugurou a Biblioteca Popular Carolina de Jesus, que passa a funcionar no Espaço Gramsci, localizado na Cinelândia. O local é pequeno, mas o objetivo é grande: contribuir para a formação de trabalhadores e trabalhadoras que passam pelo Centro do Rio de Janeiro. O acervo ainda está sendo montado. Por enquanto, os livros podem ser consultados no próprio local, de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h.

POR QUE CAROLINA MARIA DE JESUS? A escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977) nasceu em uma comunidade rural no interior de Minas Gerais. Tornou-se catadora para sobreviver. Nos cadernos que encontrava no lixo, passou a registrar seu cotidiano e a anotar seus sonhos e suas reflexões, principalmente sobre as injustiças e as desigualdades sociais. Foi assim que se descobriu e revelou-se escritora. Sua obra “Quarto de despejo: diário de uma favelada” (1960) é uma pérola da literatura brasileira. Apesar disso, durante muito tempo ficou desconhecida por grande parte do público. A Biblioteca Popular Carolina de Jesus fica na rua Alcindo Guanabara, 17, térreo, Cinelândia – fundos do prédio que fica ao lado do Teatro Dulcina. Divulgação

E quais seus próximos planos profissionais? Eu estou terminando de gravar um novo disco, que vai se chamar “Rio de Cantar”. Estou concentrando as minhas forças e as minhas energias neste disco.

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Biblioteca fica aberta de segunda a sexta, das 13h às 18h


Fluminense e Corinthians abrem o Campeonato Brasileiro 2018

O

início do Brasileirão está marcado para o dia 14 de abril. Para abrir a competição, o campeão Corinthians jogará contra o Fluminense, no estádio Itaquerão, em São Paulo – por coincidência, foi neste duelo em 2017 que o clube paulista assegurou o título com uma vitória por 3 a 1. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou nesta semana a tabela básica do Campeonato Brasileiro de 2018. Neste ano, por causa da Copa do Mundo, o torneio começará em abril, um mês antes do habitual, e terá uma paralisação de 34 ou 35 dias em junho e julho durante o Mundial na Rússia. A 38.ª e última rodada será em 2 de dezembro.

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ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

CAMPEONATO CARIOCA 2018

SEMIFINAL 1

x

FLA

BOT

Sab. 10/02, 16h30

SEMIFINAL 2

x

BOA

BNG

Qui. 8/02, 17h

Divulgação

GRUPO B 1

TIMES Flamengo

P 13

J 5

V 4

SG 5

2

Bangu

8

5

2

3

3

Vasco da Gama

7

5

2

1

4

Nova Iguaçu

5

5

1

-1

5

Cabofriense

4

5

1

-3

6

Volta Redonda

4

5

1

-5

P

J

V

SG

GRUPO C TIMES 1

Boavista FC

9

5

3

2

2

Botafogo

9

5

2

2

3

Fluminense

8

5

2

0

4

Portuguesa RJ

6

5

1

0

5

Macaé

4

5

1

-2

6

Madureira

3

5

0

-2

GRUPO D TIMES

P

J

V

SG

1

América RJ

6

4

2

2

2

Resende

6

4

2

3

3

Bonsucesso

3

4

0

-2

4

Goytacaz

4

4

0

-3

Neste ano, por causa da Copa do Mundo, o torneio começará em abril

COI investigará abusos sexuais envolvendo ginastas dos Estados Unidos »»O Comitê Olímpico Internacional

investigará os casos de abuso sexual praticados pelo ex-médico da equipe de ginástica dos Estados Unidos, Larry Nassar. A entidade quer saber se Nassar era protegido por dirigentes locais. A presidente da Comissão de Atletas do COI, Angela Ruggiero, informou em assembleia em Pyeong-Chang, na Coreia do Sul, que irá a fundo no assunto sobre os relatos de abuso sexual dentro do esporte. O esclarecimento dos casos na ginástica ajudará na prevenção de futuros abusos, relatou Ruggiero.

O caso da Tiffany é importante para a população trans. Sua presença nesses espaços mega excludentes é indicativo de que nós podemos estar lá também, de que também podemos nos imaginar atletas. Amara Moira, ativista LGBT, falando da importância da primeira atleta trans a disputar a superliga de vôlei.

Divulgação


12 ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 8 A 22 DE FEVEREIRO DE 2018

PAPO ESPORTIVO

LUIZ FERREIRA

Sobre o veto ao árbitro de vídeo no brasileirão 2018 A

CBF realizou nesta semana o Congresso Técnico com os representantes dos 20 clubes do Brasileirão Série A para definir as regras da competição de 2018. Dentre as principais mudanças temos a liberação de jogos em grama sintética e de venda de mandos de campo (limitadas a cinco partidas que não sejam das cinco últimas rodadas), além de uma maior flexibilidade na inscrição de jogadores. Mas o ponto mais polêmico foi, sem dúvida, o veto ao uso do árbitro de vídeo no Brasileirão 2018. A coisa já começa errada quando a CBF declara que tem um prejuízo de R$ 20 milhões por ano com o campeonato nacional e repassa o custo do VAR (sigla em inglês para Video Assistant Refree) para os clubes. Algo em torno de R$ 1 milhão para cada um dos 20 participantes do Brasileirão. Para efeito de comparação, o árbitro de vídeo custa aproximadamente R$ 4 milhões em Portugal para toda a competição. E a quantia é paga pela Federação Portuguesa de Futebol. Detalhe: os últimos balanços da entidade mostraram que a CBF fechou o ano passado com R$ 260 milhões em caixa. Bom, sete clubes votaram a favor e doze foram contra. Compreender a postura da CBF é algo que eu e muita gente já desistiu de fazer há muito tempo. Como é que você resolve não investir no seu principal produto? Como é que você sim-

Divulgação/CBF

Congresso Técnico com os representantes dos vinte clubes do Brasileirão Série A para definir as regras da competição de 2018

plesmente repassa o custo aos clubes de uma inovação que será benéfica para todos? Algo que é da responsabilidade da CBF? Seguiremos vendo nossos clubes sendo prejudicados por erros da arbitragem sem que nada seja feito para melhorar esse panorama. POSTURA DOS CLUBES Ao mesmo tempo, também não há como se fechar os olhos para a postura dos clubes. Concordo plenamente que R$ 1 milhão pesa muito mais no bolso de um America-MG ou de um Paraná Clube do que de um Palmeiras ou de um Flamengo. Mas será que não é melhor investir agora para se deixar o futebol mais justo do que perder um título ou ser rebaixado por causa de um erro de arbitragem? Nosso futebol segue com a mania de fazer bobagens e depois colocar a culpa numa suposta perseguição de A ou B para justificar os fracassos.

Divulgação/Botafogo

E O BOTAFOGO HEIN? Os comandados de Felipe Conceição conseguiram ser eliminados da Copa do Brasil pela Aparecidense de Goiás. Os próximos dias em General Severiano prometem ser tão quentes quanto a cabeça dos torcedores alvinegros…


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