1 | mundo | pág. 8 brasil
cultura | pág. 11
Campanhas eleitorais milionárias prejudicam sistema político, dizem ministros
A história real em “12 anos de escravidão”
Fox Searchlight / Everett Collection
Gervá sio Baptista/STF
STF vota contra doações de empresários
Filme retrata desigualdade entre brancos e negros
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014 | ano 11 | edição 45 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato
50 anos para “descomemorar”
Pablo Vergara
cidades | pág. 3
entrevista | pág. 5
“Ricos não querem perder privilégios” Historiadora Anita Prestes comenta fracassada tentativa de golpe na Venezuela
Arquivo pessoal
Pablo Vergara
POLÍCIA VIOLENTA, CONCENTRAÇÃO DA MÍDIA E ABANDONO da política da reforma agrária. Três “heranças” deixadas pelo golpe empresarial-militar e que atrapalham a vida dos trabalhadores brasileiros até hoje. Em protesto, movimentos, sindicatos e partidos gritaram bem alto: “Ditadura nunca mais”!
esporte | pág. 15
“Futebol hoje é uma lavanderia” Confira o PAPO DE BOTECO com o historiador Luiz Antônio Simas
02 | opinião
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
editorial | Rio de Janeiro
Cartas dos leitores
Ditadura nunca mais!
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É certo que jamais nos esqueceremos do que aconteceu na madrugada do dia primeiro de abril de 1964. Mesmo os que nem eram nascidos nessa data sabem do que se trata. No Rio de Janeiro, tanques de guerra invadiram as ruas, sob o comando de militares que instalaram um período de grande violência contra a democracia e contra o povo brasileiro, torturando e assassinando milhares de pessoas que lutavam por liberdade e justiça, com a
desculpa de trazer a paz e tranquilidade ao país, o qual, segundo eles, sofria ameaça de supostos “inimigos internos”. Se por um lado não nos esquecemos porque aprendemos na escola, ouvimos em alguma matéria na TV ou no jornal, por outro, não esquecemos porque a própria realidade não deixa. A repetição de certos fatos mostra que algumas coisas se mantêm presentes, herdadas desse período da ditadura militar no Brasil.
Foi assim que domingo passado, nas vésperas de se completarem 50 anos do golpe, tanques da Polícia Militar invadiram a favela da Maré, com a suposta justificativa de levar a paz. Para isso, invadiram casas, prenderam centenas de pessoas, considerando absolutamente toda a população da favela um potencial “inimigo interno”. As semelhanças não podem ser meras coincidências. Se nosso país melhorou em termos de demo-
cracia, além de conquistarmos coisas importantes como a Comissão da Verdade, que investiga crimes cometidos nesse período, muitas coisas ainda precisam avançar. O funcionamento da Polícia Militar é uma clara herança da ditadura. Assim, a busca pela memória e pela justiça aos assassinos da ditadura militar é um passo fundamental para mudar a forma violenta como a polícia hoje em dia ainda lida com os pobres no nosso país.
Sempre que consigo gosto de ler este jornal, pequeno no tamanho mas grande em suas matérias.Gostei muito da matéria sobre Dom Orani e o Papa Francisco. Felicidade a todos. José Antonio
Participe! Encaminhe sugestões e avaliações para redacaorj@brasil defato.com.br
editorial | Mundo
A política externa de um Nobel da Paz •
“Não temos interesse em ficar rodeando a Rússia. E não temos nenhum interesse na Ucrânia a não ser deixar o povo ucraniano tomar as próprias decisões sobre suas vidas”. Estas palavras do presidente do Estados Unidos da América prima pela mentira e pela hipocrisia. Mentira atestada por Jack F. Matlock Jr., ex-embaixador dos EUA na antiga União Soviética, de 1987 a 1991, nomeado pelo ultraconservador Ronald Reagan. Em recente artigo publicado em seu blog Matlock Jr. foi enfático ao afirmar que a entrada da Ucrânia à Otan era um objetivo declarado governo BushCheney e não foi abandonado pela administração Obama. No mesmo artigo o ex-embaixador desmascara a hipo-
Redação Rio: redacaorj@brasildefato.com.br
Para anunciar: (21) 4062 7105
crisia do presidente estadunidense quando afirma que a maioria dos ucranianos não quer a adesão à Otan.
Aparentar uma virtude, um sentimento que não se tem, é a essência da hipocrisia. E, se há algo que a política ex-
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos • Ed do ponto de vista da necessidade de mudanças • Ed sociais em nosso país e em nosso estado.
terna dos EUA não permite é deixar os povos, e entre eles o ucraniano, tomar as próprias decisões sobre suas vidas. É do conhecimento de todos que Viktor Ianukovich, legitimamente eleito pela maioria dos ucranianos, foi deposto da presidência por se recusar a assinar um acordo de adesão à União Europeia. Para alcançar esse objetivo o governo de Obama e a União Europeia, contando sempre com a conivência da mídia ocidental, não hesitou em incentivar e financiar meses de manifestações comandadas por grupos neonazistas.
A hipocrisia do presidente Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz, se acentua ainda mais ao não reconhecer o resultado do referendo em que 96,77% dos votos decidiu a favor da reunificação com a Rússia. Há que se fazer uma justiça com Obama: a violência que comete contra os povos de todas as partes do planeta não é nenhuma novidade na politica externa dos EUA.Os governos e os organismos internacionais, como a ONU, mostram-se relutantes e amedrontados, quando não totalmente submissos, à politica do big stick (grande porrete) atualizada para os tempos atuais pelo governo Obama. Resta aos povos reagir e lutar contra o poder do império.
CONSELHO EDITORIAL RIO DE JANEIRO: Antonio Neiva, Aurélio Fernandes, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobiskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani e Valdinei Siqueira DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Stefano Figalo EDITOR-CHEFE: Nilton Viana (MTb 28.466) EDITORA REGIONAL: Vivian Virissimo (MTb 13.344) REPÓRTERES: Gilka Resende, Bruno Porpetta REVISÃO: Núbia Pimentel COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago ESTAGIÁRIA: Mariane Matos FOTÓGRAFO: Pablo Vergara ILUSTRADOR: Latuff
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
cidades | 3
Manifestação “descomemora” 50 anos do golpe civil-militar MOBILIZAÇÃO Movimentos, sindicatos e partidos de esquerda disseram ‘ditadura nunca mais’
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Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ)
Movimentos sociais, organizações, centrais sindicais e partidos de esquerda foram às ruas nesta terçafeira (1º) para lembrar os 50 anos do golpe de 1964. Cerca de 800 manifestantes participaram do protesto no Centro do Rio. Entre as reivindicações, a abertura de todos os arquivos da ditadura e o julgamento dos militares que torturaram e mataram durante o período. “Tem que acabar a polícia militar” e “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura” foram alguns dos gritos dos manifestantes, que carregavam faixas, bandeiras e cartazes com rostos de vítimas do regime. “Ele foi presidente do sindicato dos bancários. Sumiram com ele e até hoje não sabemos o que aconteceu”, afirmou a bancária Renata Soeiro, de 39 anos. Ela e outros trabalhadores levaram cartazes com
a foto do militante, desaparecido desde 1971. Uma fotografia colorida de uma criança se misturou a várias antigas, em preto e branco. “Esse é meu filho. Ele foi morto por PMS em 1996 e até hoje eles não foram responsabilizados”, afirma José Luiz da Silva, pai de Maicon, que morreu aos 2 anos. “O Estado tomou a vida dele, mas não a minha força e garra de estar aqui para protestar”, declarou pedindo justiça e ressaltando os limites da atual democracia. Elisângela Carvalho, do MST, ressaltou os impactos dos anos de chumbo no campo. “Na ditadura, as Ligas Camponesas e outros grupos foram impedidos de seguir na luta por reforma agrária. E hoje isso ainda se reflete de forma brutal”, disse. Naquela época, a realização da Reforma Agrária havia sido anunciada pelo presidente João Goulart, o Jango, e recebia apoio popular. Para a militante, o tema ainda deve ser prioridade. “Hoje existe,
Pablo Vergara
Ato reivindicou julgamento de militares que cometeram crimes e a abertura dos arquivos da ditadura
cada vez mais, um avanço desenfreado do agronegócio, que pensa um campo sem gente. Nas cidades, a gente vê o aumento da violência. A reforma agrária popular não só beneficia o campo, como toda a sociedade. Ela precisa entrar novamente na pauta”, cobrou.
Meios de comunicação ajudaram na articulação do golpe DEMOCRACIA País precisa de uma nova legislação do setor que garanta pluralidade e diversidade de meios do Rio de Janeiro (RJ) dos Jornalis•tasOdoSindicato Município do Rio está investigando o papel dos meios de comunicação na ditadura. Além de serem censurados, parte mais conhecida da história, eles também colaboraram com a articulação e planejamen-
to do golpe de 64. A entidade conta com uma Comissão da Verdade dos Jornalistas. “Nacionalmente, temos a informação de que houve um investimento financeiro. E no caso do Rio de Janeiro, houve participação dos veículos de mídia no sentido da construção da opinião pública favorável ao golpe”, expõe Paula Mái-
Pablo Vergara
Conflitos no final do ato
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O protesto, que saiu da Candelária, chegou à Cinelândia às 19h. Parte dos manifestantes seguiu até o Clube Militar. Eles lançaram um pote de tinta vermelha na fachada do prédio, em referência ao sangue dos que morreram por resistir à ditadura. Policiais revidaram com bombas de gás lacrimogênio e houve
ran, presidenta do sindicato. Ela ainda lembra que, durante a ditadura, ocorreu um enriquecimento de empresários de comunicação, o que fortaleceu a concentração das rádios e TVs nas mãos de poucos. “A gente conta nos dedos quantos são os grupos empresariais que controlam Vítimas foram lembradas em ato na nossa mídia, que não
correria. PMs, então, começaram a cercar pessoas aleatoriamente para fazer revistas em mochilas. Logo depois, mais bombas foram lançadas próximo à Câmara Municipal. Um grupo de policiais usou de truculência para tomar bandeiras de militantes. O ato terminou por volta das 20h sob um clima tenso.
conta com um marco regulatório que garanta a democracia nos meios de comunicação. Nesse campo, a ditadura não foi desmontada. Os donos das organizações Globo, por exemplo, que tem o maior poderio desse monopólio no país, estão entre os mais ricos do mundo”, ressalta Paula. (GR)
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Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
MORADIA
Remoções geram pressão na Vila Autódromo Divulgação
do Rio de Janeiro (RJ)
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Gama Filho e UniverCidade: alunos receberão diplomas Os alunos que •completaram os cursos na Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), que não estavam conseguindo os diplomas por meio do Grupo Galileo, mantenedor das duas instituições, vão poder receber os documentos pelas universidades Estácio de Sá (Unesa) e Veiga de Almeida (UVA). Essa orientação foi decidida em reunião promovida pelo Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. (Agência Brasil)
Fórum Social vai lançar cartilha
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Camila Nobrega e Rogério Daflon
A Vila Autódromo está sob clima de tensão e dúvida. A Prefeitura do Rio começou na semana passada a derrubada de casas de moradores da comunidade que aceitaram a mudança para um conjunto habitacional. Embora as famílias reassentadas tenham entrado em acordo com a prefeitura – cerca de 200 pessoas -, as remoções ocorreram de forma no mínimo questionável. Elas foram iniciadas às pressas, logo após o Defen-
Cerca de 400 moradores querem urbanização da comunidade
sor Público geral Nilson Bruno cassar, na noite de terça-feira (25) uma liminar que condicionava a derrubada das casas à apresentação por parte da prefeitura de um plano urbanístico voltado para os cerca de 400 moradores que querem permanecer na Vila Autódromo – ou seja, a maioria. Após décadas de resistência no local e da apresentação de um projeto popular de urbanização elaborado por universidades cariocas premiado internacionalmente prevendo a permanência das famílias, os moradores conseguiram dialogar com a gestão mu-
nicipal e conseguiram do prefeito Eduardo Paes, no final de 2013, a promessa de que só sairia dali quem optasse por isso. O objetivo da liminar cassada era exatamente fazer com que essa declaração fosse cumprida. Mas, à revelia da comunidade e sob uma manobra jurídica questionável, a Defensoria Pública agiu em favor da prefeitura. Seis casas já foram derrubadas. Em meio a escombros, as famílias que decidiram continuar morando no local vivem uma pressão crescente. Procurado, Nilson Bruno não respondeu à solicitação. (Canal Ibase)
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Gestão será privada no Galeão
MANGUINHOS
Em maio, o Fórum Social de Manguinhos vai lançar uma cartilha de direitos humanos. O objetivo é dar um freio definitivo nas violações cometidas por agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), ali instalada no ano passado. Desde então, dois jovens foram mortos em ações da polícia – Matheus de Oliveira Paulo Roberto Pinho, que tinham
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respectivamente 17 e 18 anos. Além de respeito da polícia, moradores e ativistas reivindicam também políticas públicas. A ausência de saneamento básico exemplificada pelo Rio Faria Timbó, lotado de esgoto, contrasta com milhões gastos na elevação da linha férrea para a construção de uma área de lazer atualmente abandonada. (Canal Ibase)
O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro Antônio Carlos Jobim/Galeão será administrado, durante 25 anos, pelas empresas privadas Odebrecht TransPort e Changi Airports International, em parceria com a estatal Infraero. As empresas privadas terão 51% do aeroporto, enquanto a Infraero terá 49%. No Rio, a Odebrecht também opera a Supervia. (Agência Brasil) Informe Publicitário
NOTA DA FUP Não deixaremos sangrar a Petrobrás no ringue das disputas eleitorais Mais uma vez, a Petrobrás volta a ser palanque de disputas políticas em ano eleitoral. Foi assim no governo Lula, foi assim em 2010 e não seria diferente esse ano, quando as pesquisas eleitorais refletem o apoio popular ao governo Dilma. Tensionada, a oposição, em conluio com a velha mídia, mira na Petrobrás para tentar desmoralizar a gestão pública da maior empresa brasileira. Os mesmos PSDB e DEM, que quando governaram o país fizeram de tudo para privatizar a Petrobrás, trazem de volta à cena política antigas denúncias sobre refinarias adquiridas pela empresa no exterior e tornam a atacar as que estão em fase final de construção no Brasil. Quem acompanha a nossa indústria de petróleo sabe da urgência de reestruturação do parque de refino da Petrobrás, que, durante o governo do PSDB/DEM, foi sucateado e estagnado, assim como os demais setores da empresa. Quando exercia o papel de governista (dos anos 90 até 2002), a oposição demo-tucana quebrou o monopólio estatal da Petrobrás, escancarou a terceirização, privatizou alguns setores e unidades da empresa, reduziu drasticamente os efetivos próprios, estagnou investimentos em exploração, produção e refino e ainda tentou mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax. Foi nessa época que a empresa protagonizou alguns dos maiores acidentes ambientais do país e o afundamento da P-36. São os mesmos neoliberais que insistem em atacar a gestão estatal que desde 2003 iniciou o processo que fará da Petrobrás uma empresaverdadeiramente pública e voltada para os interesses nacionais. Vamos aos fatos: em 2002, a Petrobrás valia R$ 30 bilhões, sua receita era de R$ 69,2 bilhões, o lucro líquido de R$ 8,1 bilhões e os investimentos não passavam de R$ 18,9 bilhões. Uma década depois, em 2012, o
valor de mercado da Petrobrás passou a ser de R$ 260 bilhões, a receita subiu para R$ 281,3 bilhões, o lucro líquido para R$ 21,1 bilhão e os investimentos foram multiplicados para R$ 84,1 bilhão. Antes do governo Lula, a Petrobrás contava em 2002 com um efetivo de 46 mil trabalhadores próprios, produzia 1 bilhão e 500 mil barris de petróleo por dia e tinha uma reserva provada de 11 bilhões de barris de óleo. Após o governo Lula, em 2012, a Petrobrás quase que dobrou o seu efetivo para 85 mil trabalhadores, passou a produzir 2 bilhões de barris de óleo por dia e aumentou a reserva provada para 15,7 bilhões de barris de petróleo. Apesar da crise econômica internacional e da metralhadora giratória da mídia partidária da oposição, a Petrobrás descobriu uma nova fronteira petrolífera, passou a produzir no pré-sal e caminha a passos largos para se tornar uma das maiores gigantes de energia do planeta. Não aceitamos, portanto, que esse processo seja estancado por grupos políticos que no passado tentaram privatizar a empresa e hoje, fortalecidos por novos aliados, continuam com o mesmo propósito. Se confirmados erros e irregularidades na gestão da Petrobrás, exigiremos que sejam devidamente apurados pelos órgãos de controle do Estado e pela Justiça. A FUP e seus sindicatos acompanharão de perto esse processo, cobrando transparência na investigação e responsabilização de qualquer desvio que possa ter ocorrido. No entanto, não permitiremos que sangrem a Petrobrás em um ringue de disputas políticas partidárias eleitorais, como querem os defensores da CPI. Reagiremos à altura contra qualquer retrocesso que possa ser imposto à maior empresa brasileira, alavanca do desenvolvimento do país. DIREÇÃO COLEGIADA DA FUP Rio de Janeiro, 25 de março de 2014
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
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Luiz Antônio Ragon
“Golpe contra Maduro se dissolveu e perdeu prestígio” VENEZUELA Historiadora ANITA PRESTES descreve retrato diferente do veiculado na mídia comercial Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ)
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A tentativa de golpe contra Nicolás Maduro fracassou e foi desmascarada perante o povo da Venezuela. Essa é a avaliação da historiadora Anita Prestes, filha dos militantes Olga Benário e Luiz Carlos Prestes. Ela esteve naquele país para participar da Feira do Livro de Caracas. Lá ela falou sobre a atualidade da Coluna Prestes, presenciou manifestações e conheceu o funcionamento das comunas. Brasil de Fato - Como você avalia a situação política da Venezuela? Anita Prestes - O golpe foi derrotado. Agora, somente existem resquícios. Uma das coisas que eu acho importante destacar é que diferentemente do que a imprensa mundial, numa campanha de desestabilização do governo, tem dito, não é o povo que está nas ruas protestando. Mas o que há são grupos provocadores e treinados no exterior. Muitos deles mercenários da América Central e paramilitares da Colômbia. A grande maioria dessas pessoas foram assassinadas por estes grupos fascistas e paramilitares. Aconteceram um caso ou outro de excesso das forças militares boliva-
rianas, que já estão sendo punidos. A ideia desses grupos violentos era criar um clima de caos no país para justificar o golpe. Eles que-
Maduro não é Chávez. Chávez foi único. Mas Maduro tem se saído muito bem e avançado e nós temos que apoiar Maduro´. Ficou claro Pablo Vergara
criança tem garantido um litro de leite por dia. Outro momento da viagem que me marcou foi a visita à maior comuna de Caracas, a Comuna 23 de janeiro. Brasil de Fato - Como funcionam essas comunas? Idealizadas por Chávez, as comunas tem a função de desestruturar a estrutura do Estado burguês. Esse Estado, com sua burocracia,
“ Anita: "Na Venezuela, ricos não querem perder seus privilégios"
riam que a violência fosse respondida com violência. E o discurso de Nicolás Maduro tem sido pela paz e pelo diálogo. A gente sente que o golpe se dissolveu e perdeu prestígio. A verdade é que o golpe foi desmascarado perante a população. Brasil de Fato - Já que o golpe foi derrotado, dá para dizer que Maduro está saindo fortalecido? Sim. O discurso de populares tem sido: ´Efetivamente
que os golpistas não têm vez. Pelo menos não nesse momento. Até porque a Venezuela está dividida: tanto burguesia quanto a classe média alta não querem perder seus privilégio. Antes a renda do petróleo era repartida entre os ricos, agora a renda é aplicada para melhorar as condições de vida do povo. E dados interessantíssimos que comprovam essas melhorias: 96,6% da população venezuelana faz três refeições por dia. Toda
As bancas são cheias de jornais e a maioria é contra Maduro. Dizer que não tem democracia na mídia na Venezuela é uma mentira
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sabotava e sabota as medidas revolucionárias colocadas em prática por Chávez. Para romper com isso, o que Chávez fez? Ele imaginou, em primeiro lugar, as missões, que funcionam como estruturas paralelas ao Estado. Foram colocadas em prática Missões de Saúde, Missões de Educação, Missões de Moradia, todas com um único objetivo: resolver os problemas antigos que nunca foram solucionados pelo Es-
tado. Ao mesmo tempo ele criou condições para instituir o chamado Estado Comunal, isto é, a organização de todo o povo em comunas. Isso ainda não aconteceu em todo o país, mas é algo que caminha nessa direção. Dentro das comunas, os conselhos comunais fazem a organização do dia a dia. A ideia do Chávez - não sei se vai dar certo-, mas é que esse Estado comunal vá substituindo, pouco a pouco, o Estado burguês. Por exemplo, a comuna que visitei tem 300 mil habitantes. Estive em uma antiga Delegacia de Polícia que foi transformada em Centro de Cultura. Brasil de Fato - E como está estabelecida a democracia da mídia na Venezuela? Em Caracas, funcionam umas três televisões governistas e umas dez criticando Maduro. As bancas são cheias de jornais e a maioria é contra Maduro. Dizer que não tem democracia na mídia na Venezuela é uma mentira. Mas o fato é que a condição de vida dos trabalhadores melhorou de tal maneira que não tem campanha da mídia que consiga destruir isso. O amor que o povo sente por Chávez é algo impressionante. As pessoas sentiram que pela primeira vez um governante se preocupou com elas.
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Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
Após ocupação, moradores da Maré relatam abusos de policiais militares DIREITOS HUMANOS Casas são invadidas gerando medo e indignação
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Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ)
Por uma das principais vias da Nova Holanda, uma das 16 comunidades do Conjunto de Favelas da Maré, cinco policiais faziam patrulhamento nesta quarta-feira (2), passando com fuzis bem perto de crianças. Em um dos becos estreitos, um agente empunhava a arma como se fosse atirar a qualquer momento. A circulação de pessoas e o comércio, porém, pareciam normalizados. Muitos demonstram medo e se negam a comentar a militarização na favela. Outros toparam, mas diante de anonimato. As principais reclamações são sobre a invasão de casas por policiais, que chegam vasculhando sem avisar e, por vezes, usam cães farejadores. “Eram 8h30 quando escutei alguém forçando o meu portão. Eu olhei lá de cima e vi os policias. Eles já foram invadindo
todos os quartos com cachorros enormes. Tinha uma bebezinha deitada e um deles subiu na cama e cheirou ela toda. Um bicho enorme, tão rápido que não deu tempo nem de se mover”, conta a moradora Z., de 50 anos, “nascida e criada na Maré”. Ela conta que o episódio ocorreu dias antes da ocupação militar, realizada no domingo (30) contando com tanques de guerra e 1200 agentes. Mas, nesta semana, policiais entraram em sua casa novamente. “Dessa vez avisaram e não levaram cachorros. Arrastaram minhas plantas, mexeram em tudo. Não apresentaram papel nenhum. Acho isso um desrespeito”, afirma. F., de 48 anos, também teve sua casa invadida. “Minha indignação é que nem passaram na minha porta. Migraram da laje da vizinha. Escutamos aquele barulhão deles jogando as
coisas para lá e para cá. Daí meu marido falou: ‘eu vou subir porque podem furar nossa piscina’. É que a gente comprou com tanto sacrifício”, recorda. Ainda que façam críticas à atuação dos policiais, elas enxergam melhorias e esperam por mais direitos na Maré, como saúde, educação e saneamento básico. “Por outro lado, estou gostando porque
está mais calmo. Não tem tantas motos circulando. Crianças e idosos estavam sendo atropelados direto”, ressalta Z. Já F. pontua: “Achei bom, mas estou com meus olhos bem arregalados e meus ouvidos atentos, porque ainda acontece foguetório. Quer dizer que ainda tem tráfico. Vai que a polícia bate de frente e a gente está no meio”. Tania Rego/Abr
Além de policiamento, Maré quer direitos básicos
HERANÇA Polícia militarizada é um vestígio da ditadura civil-militar Salvador Scofano/GERJ
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Para Nadine Borges, da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, a presença do Exército na Maré, que deve chegar no próximo sábado (5), é um retrocesso. “Talvez seja a prova maior de que o modelo de polícia que temos hoje não funciona”, disse ela ao defender a desmilitarização da corporação. “A polícia apenas deveria fazer uso de armas não letais, e não de leitais para
Trabalhadores de telemarketing querem regulamentação Trabalhadores de tele atendimento de todo Brasil estiveram em Brasília no 2/4 para entregar ao presidente da Câmara milhares de abaixo-assinados exigindo que o projeto de lei que regulamenta a profissão seja aprovado. Mais de um milhão de pessoas trabalham no setor hoje. A maioria em condições precárias.
Professores da Universidade de Campos estão em greve
Exército na Maré é prova que atual modelo de polícia não funciona, diz advogada
do Rio de Janeiro (RJ)
SINDICAL
decreto lei de 1969, do governo militar de Costa e Silva, que até hoje estrutura a política militar no país. “Ela ainda atua como se fosse integrante das Polícia não deveria fazer uso de armas letais forças armadas. A pior coisa que execução”, destaca. Nadine defende que o prin- existe é essa polícia militaricipal aspecto a ser repensado zada, que lembra os tempos na área de segurança pública de um Estado ditatorial”. No lugar de “agir como em atualmente é a revisão de um
uma guerra onde a população é inimiga”, Nadine expõe que a polícia deveria ter o papel de garantir a segurança física das pessoas. Ela também critica a atuação na Maré, em que se aplica um mandado de busca e apreensão coletivo. “Seria inadmissível pensar a polícia militar atuando dessa maneira no Leblon ou Ipanema. E hoje o Exército Brasileiro está tendo permissão para invadir domicílios em áreas pobres. É um retrocesso do ponto de vista histórico”, destaca. (GR)
Os professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) estão em greve há 19 dias. Eles querem a reposição das perdas salariais acumuladas desde 1999. A greve é também pela abertura do Restaurante Universitário.
Servidores da saúde protestam contra privatização dia 7 Servidores da saúde fazem ato no dia 7 de abril, às 16h, no Largo da Carioca. De lá, saem em passeata até a Cinelândia. O tema da manifestação será a luta contra todas as formas de privatização da saúde pública.
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
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Liberdade de manifestação está ameaçada CONGRESSO Projetos de lei querem definir crimes cometidos em protestos populares
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Pedro Rafael Ferreira de Brasília (DF)
Parlamentares e o governo federal voltaram suas energias para a aprovação de leis que podem criminalizar quem participa de protestos na rua. A tentativa foi intensificada depois da trágica morte do cinegrafista Santiago Andrade, vítima de um rojão lançado durante uma manifestação no Rio de Janeiro. São duas medidas em discussão. Uma é o projeto de Lei Antiterrorismo (PLS 499/13), de autoria do senador Romero Jucá (PMDBRR). Ele define terrorismo como uma prática genérica de “infundir terror e pânico generalizado” e prevê penas de até 30 anos de prisão. O professor de direito constitucional da PUC/SP,
Pedro Estevam Serrano, explica que a proposta é uma grave ameaça às liberdades democráticas. “No Brasil, historicamente, quem praticou terrorismo foi o Estado. A conduta política do povo nunca foi algo violento”, argumenta. Além disso, o projeto considera a reunião de três ou mais pessoas como formação de quadrilha. A depender da interpretação, isso pode atingir movimentos sociais, coletivos e organizações que se articulam para manifestações políticas. Para fazer frente à medida, o governo federal prepara outra proposta, focada nas manifestações. O projeto ainda não foi enviado ao Congresso Nacional, mas de acordo com informações do ministro da Justiça, José
Marcelo Camargo/AbR
Novas legislações podem atingir movimentos, coletivos ou organizações
Eduardo Cardozo, a ideia é endurecer as penas para quem comete crimes duranPablo Vergara
te os protestos. Para o MPL (Movimento Passe Livre), as duas propostas são uma ameaça às mobilizações populares. “A democracia brasileira só existe até o momento em que o povo começa a exercê-la.
Quando a gente vai para as ruas protestar, o governo tenta mudar as regras do jogo. É exatamente o que tem acontecido após o início do ciclo de mobilizações”, critica Paíque Duques Santarém, do MPL no Distrito Federal.
Uso de máscaras O projeto do governo •federal prevê ainda a proibição do uso de máscaras e a necessidade de prévia comunicação sobre atos e reuniões públicas. Para o professor Pedro Serrano, usar máscara não pode ser considerada uma prática criminosa. “Claro que a pessoa pode utilizar uma máscara para manifestar uma ideia política. Isso é manifestação de pensamento e a lei não pode coibir. Agora, se a máscara for usada para cometer um crime e não ser reconhecido, aí cabe punição, mas a lei tem que definir a diferença de cada caso”, explica.
“Lei penal não poder ser usada contra movimentos sociais” Máscaras: "É manifestação de pensamento e lei não pode coibir"
DIREITOS Para professor, endurecimento de leis põe em xeque a democracia O professor de direito •constitucional da PUC/SP, Pedro Serrano, acredita que uma lei para tratar de crimes cometidos durante protestos só deveria ser aprovada se fosse temporária. Para ele, a discussão de uma lei dessa natureza só está ocorrendo por conta
da realização dos grandes eventos no Brasil, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em que pode haver aumento de atividades criminosas e até terroristas. “Existe uma preocupação legítima do governo com relação aos crimes que podem ser cometidos durantes
esses eventos, mas uma lei dessas deveria ser provisória e específica, para que após os grandes eventos a ressaca dessa lei penal não seja usada contra os movimentos sociais”, pontua. O deputado federal Renato Simões (PT-SP) acredita que o governo está sen-
do influenciado por uma onda conservadora contra as manifestações políticas. “O governo não pode ficar refém da histeria conservadora de setores que querem criminalizar todos os manifestantes, toda a esquerda e o próprio governo”, afirma. (PRF)
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Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
Maioria do STF vota contra doação Definidas ações de segurança para a Copa de empresas em campanhas • O Exército e os órgãos de ma, o Exército atuará na segurança do Distrito Fede- prevenção a eventuais ataA maioria dos ministros
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Carlos Humberto/SCO/STF
do Supremo Tribunal Federal (STF) votou nesta quarta-feira (2) a favor da proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas. Por 6 votos a 1, os ministros entenderam que as doações provocam desequilíbrio no processo eleitoral. Apesar da maioria formada, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Não há prazo para o julgamento ser retomado. O Supremo julgou a ação direta de inconstitucionalidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra doações de empresas privadas a candidatos e a partidos políticos. A OAB contesta os artigos da Lei dos Partidos Políticos e da Lei das Eleições que autorizam as doações para campanhas políticas. Mesmo com o pedido de vista, dois ministros pediram para adiantar seus votos. Marco Aurélio, que também é presidente do Tri-
Para ministros, doações provocam desequilíbrio no processo eleitoral
bunal Superior Eleitoral (TSE), manifestou-se a favor da proibição das doações de empresas privadas. Segundo o ministro, o processo eleitoral deve ser justo e igualitário. “Não vivemos uma democracia autêntica, mas um sistema politico, no qual o poder exercido pelo grupo mais rico implica a exclusão dos menos favorecidos”, afirmou. Marco Aurélio citou da-
dos do TSE que demonstram os gastos das campanhas eleitorais em eleições passadas. De acordo com o ministro, em 2010, o custo de uma campanha para deputado federal chegou a R$ 1,1 milhão. Para senadores, o gasto médio ficou em torno de R$ 4,5 milhões. Na disputa para a Presidência da República, os candidatos gastaram mais de R$ 300 milhões. (ABr) Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Em frente ao Congresso Nacional, na segunda-feira (31), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o Movimento de Mulheres Camponesas e o Movimento dos Pequenos Agricultores lembraram os camponeses perseguidos e torturados durante o regime militar.
ques terroristas e na proteção de aeroporto, estádio, hotéis, estações de energia e no deslocamento de seleções. Contenção de eventuais manifestações, proteção a torcedores e trânsito, por exemplo, ficarão a cargo José Cruz/Agência Brasil das forças de segurança locais. Em torno de 3.000 soldados ficarão de prontidão para situações de emergência, caso haja solicitação do governo local. Reunião estipulou detalhes do cronograma (ABr)
ral se reuniram nesta quarta-feira (2) para definir os últimos detalhes do planejamento das ações de segurança que serão adotadas no período da Copa do Mundo, de 12 de junho a 13 de julho. Pelo cronogra-
Metroviários param sextafeira no Distrito Federal
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Os metroviários do DF decidiram iniciar greve na próxima sexta-feira (4). A categoria vai manter 30% do efetivo trabalhando. Os metroviários pedem a correção das distorções salariais do plano de carreira,
redução de jornada de oito para seis horas e reajuste salarial de 10%. O MetrôDF emitiu nota informando que, em virtude da paralisação, tomará medidas “para minimizar os impactos à população”. (ABr)
Carandiru: justiça condena PMs a 48 anos de prisão Sete jurados decidiram •nesta quarta-feira (2) condenar os 15 policiais militares (PMs) pela ação policial que culminou com a morte de quatro detentos na Casa de Detenção do Carandiru. Os policiais foram condenados a 48 anos
de prisão, cada um, por homicídio qualificado. O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo também determinou a perda do cargo público para os policiais que continuam na ativa. Os réus poderão responder em liberdade. (ABr)
REAjUSTE DE ENERGIA EM 2015 SERá MAIoR qUE o ESPERADo O consumidor deve preparar o bolso: o reajuste da tarifa de energia elétrica previsto para 2015 deverá ser 'um pouquinho' maior do que o esperado. A informação é do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, o aumento do custo da energia ocorre devido à estiagem. (ABr)
mundo | 9
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
busca por avião da Malásia escancara poluição nos oceanos
UCRÂNIA
oTAN: Rússia poderia invadir Ucrânia em 3 a 5 dias Wikipedia
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Cresce tensão entre tropas da Rússia e da Otan
A Rússia concentrou na fronteira com a Ucrânia todas as forças necessárias para uma eventual "incursão" ao país e poderia concluí-la num prazo de três a cinco dias, disse o principal comandante militar da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nesta quarta-feira (2). Descrevendo a situação como "incrivelmente preocupante", o comandante supremo das forças aliadas na Europa, o brigadeiro Philip Breedlove, disse que a OTAN detectou durante a noite sinais de movimentação de uma parte da força russa, sem sinal de que as tropas teriam
voltado aos seus quartéis. A anexação da península ucraniana da Crimeia à Rússia provocou a maior crise entre Moscou e o Ocidente desde o final da Guerra Fria, levando os Estados Unidos e a Europa a imporem sanções. A OTAN estima que a Rússia mantenha 40 mil soldados nos arredores da Ucrânia. A força russa tem apoio aéreo, hospitais de campo e equipamentos para guerra eletrônica. Esse é, segundo o brigadeiro, "todo o conjunto que seria exigido para realizar com sucesso uma incursão na Ucrânia, caso a decisão seja tomada". (Opera Mundi)
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Nas últimas semanas, sa- mas apontados pelos cientélites têm detectado uma tistas foi a substituição de série de objetos flutuantes materiais naturais pelos sinonde são feitas as buscas téticos - como o plástico do avião da Malaysia Airli- que resistem por mais temnes, que desapareceu com po e se acumulam nos 239 pessoas a bordo. Em oceanos. (Opera Mundi) Marinha Australiana Malasia/AMSA todos os casos, especialistas comprovaram que se tratavam de pistas falsas. Para além da frustração, as buscas pelos destroços também levantam outro tipo de discussão: a questão da poluição nos oceanos. Um dos maiores proble- Desastre levante debate sobre lixo no oceano
Número de mortos no terremoto do Chile sobe para seis
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O número de mortos no tremor de 8,2 de magnitude na escala Richter, que abalou o norte do Chile,
aumentou para seis. Depois que o Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Armada emitiu o alerta de Divulgação tsunami para todo o país, cerca de 900 mil pessoas foram retiradas para as áreas altas das cidades. A ordem de evacuação incluiu todas as localidades costeiras chilenas.
EM FOCO
150 mil mortos desde 2011 na Síria
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Desde o início do conflito na Síria, em março de 2011, 150.344 pessoas foram mortas. Levantamento do Observatório Sírio mostra que do total de mortes, 51.212 são civis, incluindo cerca de 8 mil crianças.
Tremor abalou norte do Chile
VIoLêNCIA DoMéSTICA é CRIME No LíbANo O Parlamento libanês aprovou uma lei que pune a violência doméstica e a torna um crime. A organização Kafa ("já chega", em árabe), que defende os direitos das mulheres, teve papel destacado nesta luta.
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Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
MEDALHA CHICO MENDES
EXPOSIÇÃO
Homenagem à luta por direitos humanos
o Hiper-realismo de Ron Mueck
In memorian, ex-presidente Jango recebeu medalha do Grupo Tortura Nunca Mais em que o golpe civil-militar foi instaurado no país. Na Mariane Matos lista de homenageados endo Rio de Janeiro (RJ) contram-se Amarildo de Souza, desaparecido na UPP Anualmente o grupo da Rocinha; o ex- presidente “Tortura Nunca Mais” proJoão Goulart; Adriano Fonmove o evento “Medalha seca Filho, guerrilheiro do Chico Mendes”. Em cada ediPCdoB desaparecido no Aração são homenageadas em guaia; Marcos Antônio da média 10 pessoas ou entiSamuel Tosta Silva Lima, marinheiro assassinado na ditadura; o catador Rafael Braga, preso em manifestação no Rio de Janeiro, dentre outros. A medalha foi criada em 1989, em resposta à homenagem dos ministros militares com a “Medalha do Pacificador” aos torturadores do período da ditadura. Inspirada no ativista popular Chico Mendes. O evento resgata a memória de uma importante figura da história da Entrega da Medalha Chico Mendes acontece desde 1989 resistência no Brasil.
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dades que se destacaram na luta por direitos humanos e no combate a qualquer tipo de ditadura, violência e tortura. Este ano, em sua 26ª edição, foram agraciadas com a medalha 13 pessoas, 5 delas in memoriam. A cerimônia aconteceu na última terça-feira (1), data
MÚSICA
LANÇAMENTO
Visão Favela Brasil
resgata a trajetória, as marcas e histórias, de 3 personagens diferentes que lutaram contra o regime militar. Abordando o contexto ditatorial, o projeto inclui, além do documentário, 1 série para TV, 3 programas de rádio e 3 vídeos para a internet. Realizado pela ONG “Criar Brasil” e pela “Comissão de Anistia do Ministério da Justiça” e produzido pelo filho de Betinho, Daniel de Souza, relata
As obras do artista Ron •Mueck estão em exposição no Museu de Arte Moderna. Radicado em Londres, o artista é reconhecido mundialmente pelo seu hiper-realismo. A mostra traz como foco o retrato do cotidiano de pessoas comuns.
SERVIÇO Em cartaz até 01/06 Entrada gratuita às quartas após 15h Avenida Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo
INFANTIL
Museu vai à Praia Para aproveitar o sol e •o descanso da semana, o
com ilusão de óptica, energia solar e espelhos.
Museu de Astronomia vai à praia em Niterói. Este final de semana, será a vez da Praia de Charitas. O evento contará com a tradicional oficina “Brincando com a Ciência”, além de Vários experimentos
Sábado (5) e domingo (6), das 10h às 17h Gratuito Local: Av. Prefeito Silvio Picanço, entre os quiosques 13 e 12
SERVIÇO
HISTÓRIA
Militares da Democracia – os Militares que Disseram Não
Nossas histórias de luta
• Lançado esta semana, a série “Nossas Histórias”
Divulgação
Divulgação
que aborda o trá•gicoFilme momento histórico
HIP-HoP no Santa Marta
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Filme retrata luta contra ditadura
os momentos de tortura e repressão sofridos por três pessoas que nunca se viram, Angelina, Damaris e Theodomiro, mas que carregam juntas histórias de luta, idealismo e sonhos.
No domingo (6), às 18hs, na Praça do Cantão morro Santa Marta, vai rolar mais uma edição do HIP-HOP Santa Marta. Presença confirmada dosDjs: Lulinha (Eletrobase), Dj Kymbo e Dj Lek (Eletrobase). Entrada é 0800.
Tendler, traz depoimentos de oficiais e suboficiais que para Brasil estreia na se- não aceitaram o ataque ao mana em que o golpe ci- governo democraticamente eleito de João Goulart. Com o objetivo de ressaltar a pouco conhecida resistência de alguns setores da sociedade, a obra faz parte do mesmo projeto em que se insere o filme “Os Advogados Contra a Silvio Tendler dirige os dois filmes Ditadura”. Cada filme revil-militar completou 50 sultará em um 1 longa-meanos. “Militares da Demo- tragem que será transmito cracia – Os Militares que em formato de série de 5 disseram Não”, de Silvio episódios na TV Brasil. Reprodução
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Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
cultura | 11
Cinema se baseia em histórias reais para retratar escravidão FILMES O premiado “12 anos de escravidão” é adaptação da autobiografia de Solomon Northup, que foi capturado e tornado escravo nos Estados Unidos Vivian Fernandes
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de São Paulo (SP)
Nem sempre se vai ao cinema para relaxar ou se divertir. Esse certamente não é o caso de “12 anos de escravidão” (2013). O filme conta a história real de um negro livre, o violinista Solomon Northup (interpretado por Chiwete Ejiofor), que vive em Saratoga, no estado de Nova York, onde acaba caindo em um golpe e é sequestrado para se tornar escravo em campos agrícolas no sul dos Estados Unidos. O seu período como escravo dura doze anos, de 1841 a 1853. Premiado em muitos festivais, a obra entra para a lista de importantes filmes que retratam a escravidão africana em outras nações do mundo e seus reflexos na atualidade, com o racismo e a desigualdade entre brancos e negros. Também devem estar no roteiro de quem se interessa pela temática, filmes como
“Manderlay” (2005), do cineasta dinamarquês Lars von Trier; o polêmico “Django Livre” (2012), de Quentin Tarantino; “A Cor Púrpura” (1985), de Steven Spielberg; e “Histórias Cruzadas” (2012), obra mais “água com açúcar” de Tate Taylor. Sobre a escravidão mais recente, há o longa-metragem “Diamante de Sangue” (2006), de Edward Zwick, que se passa na nação africana de Serra Leoa, no final dos anos de 1990. Um dos clássicos da área é “Amistad” (1997), do diretor Steven Spielberg. Ele conta a história de um grupo de cerca de 40 negros capturados no continente africano que organizam um motim no navio negreiro, mas após a provisória liberdade acabam abarcando nos Estados Unidos. Lá, eles passam por um julgamento que decide se são mercadorias ou não, e se cometeram crimes ao se rebelarem. A história é baseada em fatos reais da embarcação “La Amistad” e se passa no ano de 1839.
Há também obras do cinema nacional, como “Xica da Silva” (1976), “Chico Rei” (1985), “Quilombo” (1984) e “Quanto Vale ou é Por Quilo?” (2005). Este último é uma ficção que compara o Brasil dos tempos da escravidão com traços desse sistema que permanecem na atualidade. “12 anos” As cenas do filme “12 anos de escravidão” são duras, de provocar arrepios de dor e choro de desespero. Para sobreviver nesta nova condição, o violista precisa esconder sua identidade e seus conhecimentos, como o fato de saber ler e escrever. Ao longo de sua trajetória, Solomon cruza com outros escravos negros, que diferente dele nunca gozaram da liberdade, não eram alfabetizados e nem tiveram a oportunidade de viver com suas famílias. Entre estes, está a escrava Patsey (representada por Lupita Nyong'o), quem sofre nas mãos de um fazendeiro do
“
Cenas do filme são duras: provocam arrepios de dor e choro de desespero
algodão, que, obcecado por ela, abusa sexualmente de sua escrava e a tortura. Em uma dessas cenas de violência, as chibatadas recebidas pela escrava dilaceram o corpo da moça e atingem também os espectadores do filme. É impossível não recordar do passado sangrento da escravidão, que assim como nos Estados Unidos, vitimou milhões no Brasil e em outros
países pelo mundo. O final do filme é ligeiramente feliz, apenas para Solomon, e somente até o limite que algo tão pesado quanto a escravidão permite ser. A obra cinematográfica, produzida por Brad Pitt, que também marca participação como ator, recebeu o Oscar de Melhor Filme, o primeiro a um diretor negro (Steve McQueen), de melhor Atriz Coadjuvante, para Lupita Nyong'o, e de Roteiro Adaptado, para John Ridley. “12 anos de escravidão” também foi o vencedor do Globo de Ouro de Melhor Drama e prêmio de Melhor Filme no British Academy Films Awards (Bafta), considerado o “Oscar britânico". A história representada no longa-metragem é real, adaptada a partir da autobiografia do violonista Solomon Northup. O livro foi lançado no Brasil no final de fevereiro, pela Companhia das Letras (R$ 22,50), e também se chama “12 anos de escravidão”.
12 | variedades
NOVELA |
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
HORÓSCOPO
Por Joaquin Vela
Em 1973 estreava “O Bem •Amado” , primeira novela em cores da TV. O folhetim tratava do comportamento coronelista dos políticos, figurado no personagem Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira. Seu grande feito seria a inauguração de um cemitério. Cheio de espertezas, o prefeito planejava a morte de algum morador para inaugurar a obra. Por ironia, um pistoleiro mata Odorico que inaugura o cemitério. Como pano de fundo, o autoritarismo da ditadura era criticado pelo autor Dias Gomes.
Reprodução
A ditadura também censurou novelas Naquela época estava no auge a repressão. Não por acaso, 37 capítulos do “O Bem Amado” foram reprovados. Outra novela de Dias Gomes impedida de ir ao ar foi “Roque Santeiro”. Só dez anos depois a trama de Sinhozinho Malta chegou à casa dos brasileiros. É, na ditadura não havia brecha para ninguém. Era calar-se ou calar-se. Que bom que vários brasileiros resistiram bravamente à censura. Esses políticos autoritários tolhiam o nosso bem maior: a liberdade!
3 a 9 de abril de 2014
Keka Campos, astróloga gatrinity.theona@gmail.com
Há uma certa tensão no setor amoroso, com possíveis cobranças, desentendimentos e ciúme. Exercite a paciência, compreensão e a capacidade de se colocar no lugar do outro, o que geralmente é difícil para você.
Força de vontade, determinação e até uma certa agressividade podem surgir nesta fase, o que contradiz sua natureza passiva e reservada na maioria das vezes. Bom momento para arriscar uma conquista amorosa.
Semana ativa e de novidades. As energias fluem rápido e estimulam a mudança - palavra difícil para você. Tente ser mais flexível para atravessar a fase de forma produtiva, assim as coisas acontecerão naturalmente.
Desejo de posse e controle na relação. Exercite a gentileza, a troca e o desapego emocional, por mais difícil que possa parecer. Tratar o outro como propriedade nunca contribui para uma relação saudável e duradoura.
Há muita atividade no campo intelectual e isso favorece a sua capacidade de resolver problemas dando soluções inovadoras, diferentes e bastante úteis. Porém, não deixe de estar sempre aberto a aprender.
Há o desejo de criar belas coisas ou ao menos melhorar o que já existe. É um bom momento para trabalhos voluntários com pessoas ou animais, proporcionando qualidade de vida e felicidade a quem necessita.
Você sentirá vontade de dar uma pausa na gandaia e começar algo firme com alguém especial. O que é de fato muito importante para entender mais a fundo o que move e o que mantém uma relação feliz e plena.
Há um desejo de controle, tanto do ser amado quanto das situações em que você participa. A calma, modéstia e paciência que geralmente você possui, darão lugar às atitudes enérgicas, impulsivas e grandiosas nesta fase.
Cuidado com as emoções, pois agora elas estarão mais intensas e podem lhe confundir. Há, por outro lado, uma grande força de regeneração e transformação, que lhe ajuda a recuperar o equilíbrio e iniciar uma nova fase.
Aparência em destaque! Não tanto fisicamente, mas na presença de espírito e atitudes, que chamarão muito a atenção. As pessoas querem ficar perto, simplesmente porque você age naturalmente e não exclui ninguém.
Mudanças repentinas na vida profissional e pessoal. Na maioria das vezes serão benéficas, mas é bom ficar atento e discernir o que é bom de verdade do que é perigoso, mas camuflado pelo seu constante otimismo.
O campo emocional entra em foco e você sentirá vontade de se harmonizar com os sentimentos de todos à sua volta, a fim de transmitir paz e harmonia. Apenas não esqueça de suas próprias necessidades sentimentais.
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
variedades | 13
NOSSOS DIREITOS | Por Carlos Duarte, advogado trabalhista
BOA E BARATA | Por Fernanda Jatobá
Blog Cozinha Feitinha
Ingredientes
Arroz Marroquino
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A receita dessa semana veio do Oriente. Da diversificada culinária árabe, o arroz marroquino é uma delícia que acompanha diversas outras comidas árabes ou carnes em geral. Esse é um prato daqueles que cada um faz à sua ma-
neira, de acordo com o gosto da pessoa ou, ainda, da família árabe com que se aprendeu a receita. As especiarias são o diferencial do prato, que mescla arroz, frango e amêndoas. Sem dúvida, uma combinação saborosa!
1 frango grande 3 colheres (sopa) de azeite de oliva 1 dente de alho 2 cebolas médias 1 litro de água Sal e pimenta-do-reino a gosto 1 colher (chá) de coentro em grão 1 colher (chá) de canela em pó 1 envelope de açafrão 2 tomates grandes sem semente 2 xícaras (chá) de arroz 1 abobrinha verde média 1 pitada de noz moscada 1/2 xícara (chá) de amêndoa picada.
Modo de preparo Cortar o frango em pedaços e refogar no azeite com o alho e a cebola picados, juntar a água, o sal, a pimenta, o coentro, a canela, o açafrão e o tomate picado. Ferver até ficar macio. Desfiar e re-
servar, coar o caldo e levar ao fogo. Quando levantar fervura, juntar o arroz e a abobrinha picada. Corrigir o sal, se necessário. Colocar noz moscada e um pouco mais de água se for preciso.
Cozinhar em fogo baixo durante 15 minutos. Quando o arroz estiver pronto, misturar as amêndoas. Arrumar numa travessa rodeado pela carne de frango. Rendimento: 4 pessoas.
Posso acumular o benefício da pensão por morte? pensão por morte é •umA direito do conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do óbito. A Lei 8.213/91 (no artigo 124) veda o recebimento acumulado de pensões por morte deixadas por cônjuge ou companheiro. O beneficiário será aquele que recebe a pensão por morte do cônjuge ou companheiro em valor que não seja suficiente para o seu sustento e que, comprovadamente, tenha dependência econômica do filho. Também no caso de falecimento, tem o direito a receber cumulativamente a pensão por morte na condição de dependente do segurado. O pai ou mãe que já
NOSSA SAÚDE |
por Aristóteles Cardona Jr – Médico de Família e Comunidade
são pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e também dependentes do segurado devem requerer, no caso do falecimento deste, a pensão por morte junto ao INSS, no prazo de trinta dias do óbito. No caso do indeferimento (rejeição) do pedido da pensão por morte pelo INSS, sob o argumento de impossibilidade de cumular os benefícios ou de que não está comprovada a dependência econômica, o pai ou mãe deve procurar o Judiciário. A Justiça tem entendido que, uma vez comprovada a dependência econômica, o pensionista do INSS terá direito a acumular outro benefício de pensão por morte. Reprodução
o outono e as doenças respiratórias
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A chegada do outono traz junto algumas doenças, que são chamadas de doenças sazonais, pois aparecem com mais frequência em uma determinada estação do ano. Nessa época, há um aumento de doenças respiratórias, inflamatórias e alérgicas. Por exemplo, resfriado, gripe, laringite, asma, bronquite, pneumonia e bronquiolite. Por conta do clima frio e seco, além da poluição, os problemas respiratórios são os campeões na preocupação dos pais de crianças pequenas, que lotam os
prontos-socorros em busca de atendimento. Outra questão que leva ao aumento desses casos é o fato das pessoas ficarem mais tempo em ambientes fechados e cheios de gente, facilitando a disseminação de doenças transmitidas pelo ar. Portanto, é recomendado evitar aglomerações e locais muito fechados (por exemplo, no ônibus, deixe sempre as janelas abertas para haver ventilação). Um ponto fundamental é manterse hidratado, ingerindo bastante líquidos. Manter as
mãos limpas também ajuda a não-propagação de vírus. Outro conselho é fazer uma boa higiene interna do nariz, utilizando o soro fisiológico, que deve estar na temperatura ambiente. Aproveite o início do frio para tirar as roupas de inverno e cobertores do armário e começar a lavá-los ou deixa-los estendidos ao sol. Isso, pois a roupa guardada por muito tempo pode estar contaminada ou empoeirada, o que só vai piorar o quadro de alergias. Deixe também a casa sempre limpa e arejada.
Dúvidas sobre direitos? Encaminhe e-mail para redacaorj@brasildefato.com.br
14 | opinião
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
Adriano Kitani Adair Rocha
De Santa Marta às favelas da Maré Segundo a estratégia gover•namental de implantação das UPPs fecha-se um ciclo que se iniciou com um espelho – a ocupação de uma favela relativamente pequena e com história pública de confronto armado –, a favela Santa Marta. A retomada de territórios com o consequente desarmamento do tráfico de drogas e a reeducação da ação policial junto aos moradores consistia no principal objetivo.
Mário Augusto jakobskind
jornalismo golpista da Globo
• Jô Soares entrevistou o golpista histórico venezuelano Henrique Capriles. Soares no estúdio da TV Globo em São Paulo e o golpista em Caracas. Como sempre bajulador com os entrevistados que considera próximos ideologicamente, Jô Soares fez questão de lembrar que o golpista era chamado pelos seus correligionários de “flaco”, ou seja, magro em português. Aí Jô Soares, observou que como ele era conhecido como gordo, a conversa era entre o gordo e o magro. Estes pormenores são importantes para contar, pois demonstram como foi o clima da entrevista convescote, do tipo que o entrevistador levanta a bola para o entrevistado.
Capriles não revelou nada de novo, repetindo apenas o que tem dito logo depois de ser mais uma vez derrotado em uma eleição presidencial. A piada ficou por conta da resposta sobre as origens do dirigente da direita venezuelana, ao afirmar que era pobre, materialmente falando, como seus ancestrais que chegaram na Venezuela sem nada no bolso. Uma piada de mau gosto, porque Capriles escondeu a riqueza da família. E ainda por cima disse que não tem nada a ver com os que dirigiam o país antes da ascensão de Hugo Chávez. Mentira deslavada. Não falou, nem nada foi perguntado sobre
Passados quatro anos, o projeto UPP vai ‘ocupando’ várias outras favelas, inclusive, entre as maiores, como Alemão, Rocinha, Mangueira, Manguinhos e Borel. Quase às vésperas da Copa, chegou a vez da Maré – esse conjunto de dezenove favelas. Esse sim é um dos lugares estratégicos da cidade, pois quase todas as chegadas e saídas do Brasil e do mundo, por terra ou por ar, passa por esse território.
A Maré é composta por tero apoio que deu à tentativa ritórios absolutamente expresde golpe contra Chávez em sivos nas formas de resistência abril de 2002. através do desenvolvimento Por estas e muitas outras de projetos culturais e polítialguém ainda duvida da cos. Prova disso é a atuação existência de uma campa- de mídias locais comunitárias nha imperial-midiática con- como o Jornal Cidadão, a Rede tra a República Bolivariana das Marés e outros, bem como da Venezuela? A esta cam- o CEASM - Centro de Ações panha soma-se o chamado Solidárias da Maré, o ObserGrupo Diários da Améri - vatório de Favelas, o Museu ca, integrado por 11 diários da Maré. Setores que vêm con(entre eles O Globo) que fa- tribuindo para a construção zem o jogo sujo de deses- de uma visão crítica sobre essa tabilização visando o golpe política de segurança. de estado. Mario Augusto Jakobskind é jornalista e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ABI
À essa altura já se poderia perguntar: que contribuição concreta para a vida da população tem sido trazida pelas UPPs? Sem dúvida que é algo positivo o fato da população que vive nas favelas se ver livre
das disputas armadas. Outra coisa é a evidência de que toda a política pública, especialmente a de segurança, impacta a vida da cidade. A expressão “pacificação” diz respeito, sobretudo, aos espaços urbanos que já resolveram o acesso às políticas governamentais e públicas.
“
Todas as favelas com UPP até agora, desde os anos 1970, vêm criando movimentos culturais, associativos e políticos
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Certamente, com claras e históricas conquistas, estamos construindo o estado democrático, sempre inconcluso. Sendo assim, o caminho mais seguro é o que conta com o protagonismo da sociedade. Coincidentemente, todas as favelas com UPP até agora, desde os anos 1970, vêm criando movimentos culturais, associativos e políticos com autonomia. Portanto, essa mesma gestão territorial que permite a ação dos entes federados com relação às forças armadas, com muito mais rigor, deve ser condição para o estabelecimento de políticas públicas nas regiões empobrecidas. Isso ainda é dívida. Adair Rocha é professor de Comunicação na PUC- Rio e na UERJ
esporte | 15
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
PAPO DE BOTECO
OPINIÃO | Bruno Porpetta
“o futebol hoje é uma lavanderia de dinheiro” Historiador LUIZ ANToNIo SIMAS é ex-pesquisador da FIFA sobre Copas do Mundo Arquivo pessoal
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Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)
O especialista em carnaval, amante do futebol e pesquisador, responsável pela reconstituição da história das Copas na exposição que antecedeu à Copa de 94, em artigo publicado no site impedimento.org – Crônica de uma morte anunciada, abriu o verbo sobre os estaduais. Diante do que ele chama de “darwinismo social do futebol”, fomos ouvi-lo. Brasil de Fato – Você, como muitos, conheceu o futebol através dos estaduais. Hoje vemos um Carioca vazio. O que aconteceu? Luiz Antonio Simas – A tendência é usar o modelo inglês para o futebol brasileiro. Quando criaram a Premier League, depois da tragédia no jogo entre Liverpool e Juventus, a lógica era clara. Elitizar o estádio e compensar a elitização com a abertura do mercado de canal a cabo. O estádio é o que menos interessa pro o clube. O que dá dinheiro é o direito de arena, a negociação de jogo com canal de televisão. E aí, quanto menos gente no estádio melhor. O torcedor hoje é um cliente, que pode estar em qualquer lugar. Não é a toa que o vice-presidente (de marketing, Luiz Eduardo Baptista) do Flamengo é dirigente da Sky. Aquela tragédia acabou sendo um ponto de inflexão
Historiador critica modelo inglês adotado no futebol brasileiro
no futebol mundial. Transformou o futebol em produto televisivo, o estádio se tornou irrelevante. Nesse giro de postura, o Carioca não tem espaço. Brasil de Fato – Até quando o estadual aguenta? E o papel da FERJ nisso tudo? O estadual existe pra você manter um nicho de corruptos dentro das federações, que dependem daquilo, mas ninguém mais tá interessado. Então, a tendência é acabar. Na FERJ, é como o coronelismo da República Velha, que dependia dos pequenos municípios pra garantir o voto de cabresto. Ela precisa disso nessa estrutura eleitoral, que cada clube tem direito a um voto. O peso dos grandes é maior, mas eles são minoria. O que você tem no Rio hoje? As prefeituras descobriram o futebol como um campo bom pra lavar dinheiro, você cria ti-
mes de ocasião. O futebol hoje é uma lavanderia! E tem o ‘darwinismo social do futebol’, que faz com que o clube que não consiga vender pay-per-view, nem sirva pra lavar dinheiro, seja jogado no limbo. Brasil de Fato – E a proposta de calendário feita pelo Bom Senso FC? Eles não chegaram ao fundo da questão: a circulação de capitais. Enquanto ela tiver restrita a uma meia dúzia de clubes, é enxugar gelo. Não adianta ter uma Série E com 200 clubes, se você ainda tiver os patrocínios, o direito de arena, concentrados em meia dúzia. É um calendário mais razoável, mas o fundamental é a concentração de capital. O que adianta fazer uma série E? O clube vai jogar a série E, pagando um salário mínimo, aí sobe pra D, quem sabe vai pra C, volta pra D, pra E...
Vida que segue, luta que marca
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O time do Botafogo é de se tirar o chapéu. Um pouco pela qualidade técnica de seus jogadores, muito pela disposição de luta dos mesmos. Até algum tempo atrás, mais precisamente até o início do ano passado, este escárnio da direção do Botafogo passaria incólume. No máximo, uma declaração de insatisfação aqui, outra acolá. A maioria optaria pelo discurso do “eu confio na diretoria”. As manifestações populares que pipocaram no país a partir de junho nos mostraram outros caminhos. Também para os “alienados” do futebol. Dali, das ruas, veio o Bom Senso FC, uma das experiências coletivas mais interessantes desde a Democracia Corinthiana. Não é possível afirmar
uma relação direta entre o Bom Senso e o movimento que está acontecendo no Botafogo. Bem, na verdade, é possível sim. Não fosse este sopro de organização dos jogadores, desde o ano passado, eles estariam como no segundo parágrafo. Aceitando calados às mentiras da direção do clube, que promete e não faz. Não se trata de favores, mas sim de salários! Ou seja, o clube assumiu compromissos que, não importam as causas, não cumpre. Os atletas chegam no horário, reúnem-se por cerca de meia hora, discutem o que fazer e vão para o campo fazer aquilo pelo que deveriam ser pagos: treinar e jogar. Afinal de contas, se a diretoria não o faz, alguém tem que honrar a camisa que veste.
Sem “chiados”, Massa encara a noite do bahrein
CAMPEONATO CARIOCA • FINAIS
• Após os problemas que envolveram Felipe Massa
Domingo 06/04
e Valtteri Bottas, ambos da Williams, com a desobediência do piloto brasileiro às ordens da equipe no GP da Malásia, o engenheirochefe Rod Nelson garantiu que está tudo resolvido: “Temos dois pilotos nº 1”, disse ao Globoesporte.com. Agora se preparam para a primeira corrida noturna da temporada, no Bahrein, que acontecerá no próximo final de semana. A largada será dada ao meiodia (horário de Brasília) deste domingo (6).
x Vasco Flamengo 16h | Maracanã
Domingo 13/04
x Flamengo Vasco 16h | Maracanã
16 | esporte
Rio de Janeiro, 3 a 9 de abril de 2014
Flamengo vence e segue vivo na Liberta
TOQUES CURTOS
LIBERTADORES Flamengo faz 2 a 1 no Emelec e decide a vaga no Maracanã Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)
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O Flamengo foi a Guayaquil, no Equador, enfrentar o Emelec precisando ao menos de um empate para seguir vivo na Libertadores, com cinco desfalques. No início, o Flamengo segurou o ímpeto do time da casa que, empurrado pela torcida, tentava ir ao ataque. A marcação rubro-negra esteve bem armada e dificultou a vida do Emelec. Aos 7 minutos, o zagueiro Nasuti cortou o cruzamento
de Everton com a mão, impedindo a conclusão de Alecsandro. Pênalti que o próprio centroavante cobrou e marcou. Com a vantagem, o time carioca controlou bem o jogo e criou algumas chances de ampliar, mas não conseguiu. No retorno para o segundo tempo, o Flamengo recuou demais a marcação, permitindo que o Emelec encurralasse os rubro-negros no campo de defesa. Aos 18 minutos, Caicedo foi derrubado por Welinton dentro da área. A cobrança foi de Stracqualursi, forte e no meio do
gol, sem chance para Felipe. O Flamengo segurava o empate, mas Jayme de Almeida lançou Negueba em campo para os contra-ataques e o Flamengo melhorou. E foi Negueba, aos 47, quem fez a jogada que deu a vitória ao Flamengo. O atacante re-
cebe na esquerda e faz linda inversão, encontrando Paulinho livre para definir o placar. Com o resultado, o Flamengo só depende de suas próprias forças, contra os mexicanos do León, no Maracanã, na próxima quarta (9). Uma vitória simples dá a vaga ao Flamengo. Alexandre Vidal/FlaImagem
• O VASCO pagou os salários de janeiro aos jogadores, às vésperas da final do Carioca contra o Flamengo. Antes deste, o cruzmaltino enfrenta o Resende, na Arena da Amazônia, em Manaus, nesta quinta-feira (3), às 20h30, pela Copa do Brasil, apenas com reservas.
FICHA TéCNICA
1X2 Emelec
Flamengo
Quarta-feira 02/04 |22h | Estádio George Capwell, Guayaquil, Equador
Paulinho fez o gol da vitória que deu sobrevida ao Fla
Lusa obtém liminar e Fla pode estar rebaixado
botafogo pressiona, mas perde
BRASILEIRO Liminar foi concedida na 43ª Vara Cível de São Paulo
LIBERTADORES Apesar do domínio, time alvinegro leva gol de pênaltialvador (BA)
da Redação A Portuguesa obteve a pri•meira vitória na justiça comum para se manter na Série A do Campeonato Brasileiro. O juiz Miguel Ferrari Jr. concedeu liminar ao clube paulista, obrigando a CBF a mantê-lo na primeira divisão. A decisão se baseou no art. 35 do Estatuto do Torcedor, sobre a publicação das decisões do STJD, igualando-as às dos tribunais federais. Ou seja, os efeitos da decisão se iniciariam após
sua publicação. No entanto, as interpretações são diversas. A CBF pode definir a Série A com 21 clubes, descumprindo o regulamento da competição que previa o descenso de quatro, ou devolver os quatro pontos à Lusa, rebaixando assim o Flamengo. O Fla pode entrar como parte interessada no processo e conseguir estender a decisão para si, mas por enquanto se mantém apenas com a ação na Corte Arbitral do Esporte, cuja decisão ainda não tem data definida. (BP)
• NO FLUMINENSE, por decisão do presidente Peter Siemsem, o treinador Renato Gaúcho foi demitido na manhã desta quarta-feira (2). O substituto escolhido foi o extreinador de Vasco e Bahia, além de ex-jogador do tricolor, Cristóvão Borges. Neste episódio, a relação entre Peter e Celso Barros, presidente da patrocinadora do clube, azedou.
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O Botafogo recebeu o Unión Española, do Chile, no Maracanã e foi derrotado por 1 a 0, gol de pênalti marcado por Canales. Com o resultado, o time chileno está classificado. Em um jogo de ataque contra defesa, o Botafogo pressionou o adversário em toda a partida, mas pecou no excesso de bolas aéreas. Em um contra-ataque,
Jaime foi derrubado por Julio Cesar e deu origem ao gol dos chilenos, diante de 43.293 torcedores. Na próxima quartafeira (9), o Botafogo vai à Argentina enfrentar o San Lorenzo e pode se classificar com um empate, desde que o Independiente Del Valle (EQU) não vença o Unión Española, no Chile, por dois ou mais gols de diferença.
• O MADUREIRA, após homenagear uma excursão a Cuba em 1963, estampando o rosto de Che Guevara na camisa do time do Fut-7, lançará no próximo dia 25 uma nova camisa relembrando a “Viagem Proibida” à China, que completa 50 anos. Em excursão à Ásia, o clube passou pela China comunista, contrariando a determinação da CBD, em plena ditadura militar no Brasil. Esta nova camisa também servirá ao time de Fut-7 do clube. • EM PARIS, pela UEFA Champions League, o Paris SaintGermain venceu o Chelsea por 3 a 1 em jogo trágico para a zaga titular da seleção brasileira. iago Silva, do PSG, cometeu pênalti e David Luiz, do Chelsea, marcou um gol contra.