RIO DE JANEIRO Ano 6
edição 291 29 de novembro a 5 de dezembro de 2018 distribuição gratuita brasildefato.com.br
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NÃO CONTRATARÁ
NOVOS MÉDICOS Divulgação
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SEM CUBANOS, ESTADO DO RIO
Mesmo com as novas vagas para o programa Mais Médicos, após a saída dos profissionais cubanos do Brasil, a situação da população do Rio de Janeiro pode ficar bastante precária. Dados do Ministério da Saúde mostram que os profissionais que se inscreveram no novo edital do Mais Médicos são, em sua maioria, médicos que já atuam em municípios do estado. Saiba mais na reportagem do Brasil de Fato. GERAL, PÁG 5.
EA ÚLTIMA RODADA DO BRASILEIRÃO?
Confira os comentários sobre o campeonato e as expectativas para 2019. ESPORTES, PÁG 12.
ANTES DA POSSE, DEPUTADO DO PSL FAZ AMEAÇAS A DIRETORA DE ESCOLA EM PETRÓPOLIS (RJ) Intimidações proferidas por Daniel Silveira (PSL/RJ) preocupam profissionais da educação. GERAL, PÁG 3.
Agência Brasil
EM NOVO JÚRI, POLICIAIS ENVOLVIDOS NA CHACINA DO BOREL SÃO ABSOLVIDOS
PREFEITURA DO RIO DERRUBA GALPÃO DE PROJETO SOCIOAMBIENTAL NA ROCINHA
Os jurados aceitaram a tese apresentada pela defesa de que houve legítima defesa na ação dos policiais. GERAL, PÁG 7.
Após demolição da sede do projeto de reciclagem "De Olho no Lixo", mais de 57 famílias permanecem sem renda. CULTURA & LAZER, PÁG 9.
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GERAL
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Responsável por desenvolver infraestrutura do país, BNDES está ameaçado de desmonte CRISTINE SAMPAIO E JUCA GUIMARÃES
BRASÍLIA (DF)
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Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um dos instrumentos mais importantes para retomada do crescimento do país e também para a geração de empregos, segundo o economista Thiago Mitidieri, presidente da Associação de Funcionários do BNDES (AFBNDES). Segundo ele, o banco é responsável pelos
principais financiamentos em grandes obras de infraestrutura, e nenhum dos funcionários do corpo técnico esteve envolvido em denúncias de corrupção. Porém, é esse estigma que vem à tona quando governos de caráter privatista tentam atacar a credibilidade da instituição. De 2007 a 2017, o BNDES investiu R$ 509,5 bilhões em obras de infraestrutura, 287% a mais que os R$ 131,6 bilhões que foram liberados entre 1997 e 2007. Apesar da importân-
cia dos resultados a longo prazo, o BNDES enfrenta nos últimos anos, durante o governo Michel Temer (MDB), uma tentativa de desmonte dentro de um processo de retomada das privatizações de empresas públicas – uma política anti-nacional que é endossada pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). No período após o golpe contra a presidente Dilma Rousseff, o banco reduziu drasticamente os investimentos em infraestrutu-
ra. Em 2017, foram apenas R$ 70,7 bilhões (19,8% menor que os R$ 88,2 bilhões de 2016). Esta foi a menor liberação de recursos para obras de infraestrutura desde 2008. Um ano antes da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, o investimento foi de R$ 190,4 bilhões. E no ano da Copa foram mais R$ 187,8 bilhões. O economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, no começo do governo Lula, criou em 2003, uma política de reuniões semanais com a impren-
sa para garantir a transparência do banco de investimentos e evitar a boataria. Nesses encontros com a mídia, Lessa aproveitava para destacar as realizações do banco, mantendo em sigilo as negociações em andamento. O método foi fundamental para solidificar a confiança do mercado no BNDES. “Os padrões de comportamento do BNDES continuam os mesmos. É uma das instituições brasileiras que têm padrões mais sólidos de atuação”, disse Lessa.
CANDIDATURA DE LULA AO NOBEL DA PAZ 2019 SERÁ FORMALIZADA ATÉ JANEIRO
Ricardo Stuckert
A campanha internacional para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja contemplado com o Prêmio Nobel da Paz em 2019 está em etapa de formalização. Desde a última semana, o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, que recebeu o prêmio em 1980, tem trabalhado para reunir assinaturas de indivíduos que se encaixam nos critérios estipulados pela organização a fim de oficializar a candidatura. A ideia é que eles assinem um formulário, na página do Comitê Norueguês do Nobel, até 31 de janeiro do ano que vem. Ao todo, 400 mil pessoas aderiram à campanha desde o ano passado.
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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse| SUBEDIÇÃO Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Clívia Mesquista, Denise Viola, Filipe Cabral, Flora Castro, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister | DIAGRAMAÇÃO Aline Ranna e Juliana Braga.
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Agência Brasil
CLÍVIA MESQUITA
RIO DE JANEIRO (RJ)
U
m vídeo que circulou nas redes sociais na última semana mostra o recém-eleito deputado federal Daniel Silveira (PSL/RJ) fazendo ameaças à gestão do Colégio Estadual Dom Pedro II, em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. O deputado, que ainda não tomou posse do cargo, declara: “Professores de esquerda tem o meu desprezo”, dizendo que vai mandar uma auditoria fiscalizar supostas irregularidades na escola. A competência, que Daniel Silveira desconhece, cabe ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e à Secretaria Estadual de Educação. Durante a campanha eleitoral, o então candidato pelo mesmo partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), rasgou uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSol). No vídeo, o ex-policial militar argumenta que “pode entrar em qualquer estabelecimento sem permissão”. A diretora do Dom Pedro II em Petrópolis, professora Andréa Nunes, repreendeu os funcionários que autorizaram a entrada do deputado eleito sem o aval da direção na escola. “Se você tem todo esse medo, diretora, ainda mais vindo de um deputado federal com vertente conservadora que combate a ideologia socialista/ comunista, isso me cheira à merda. Vou solicitar uma auditoria na sua escola desde o princípio de sua gestão, para ver se está tudo certinho, e se você detém a moralidade da maneira como diz”, ame-
Antes da posse, deputado do PSL faz ameaças a diretora de escola em Petrópolis (RJ)
Intimidações proferidas por Daniel Silveira (PSL/RJ) preocupam profissionais da educação
ESCOLA SEM CENSURA
Silveira (à esq.) rasga placa de Marielle durante campanha
açou Silveira, após entrar no colégio. Para o professor de história Yuri Moura, a declaração do deputado eleito demonstra profundo desconhecimento da realidade do ambiente escolar. “A gente vive um momento de perseguição contra os educadores. Tentam nos acusar de doutrinadores e, ao mesmo tempo, ignoram as condições de trabalho que a gente tem. Esse tipo
de discurso fácil, contraditório, está se disseminando, e vem junto ao incentivo da perseguição”, disse. Em nota, a Associação dos Diretores de Escolas Públicas do Estado do Rio de Janeiro (ADERJ) condenou as declarações do deputado e defendeu a atitude da diretora. A ADERJ ainda cobrou que o Ministério Público (MP) tome providências sobre o caso.
»“O marxismo cultural não será implantado”, disse ainda Daniel Silveira (PSL/RJ), no vídeo, incentivando uma perseguição já em curso aos professores dentro de sala de aula: “Iremos criminalizar e punir qualquer professor ou diretor que esteja doutrinando adolescentes com ideologia socialista ou comunista”. A professora da rede estadual Alessandra Tavares afirma que, aprovado ou não, o “Escola sem Partido” já representa um retrocesso. “Toda uma mentalidade que transforma o professor e a escola como inimigo de certa moral já está presente. A desqualificação de nossos lugares de fala e das identidades raciais de nossos alunos, que não se sentem representados pelos materiais didáticos e conteúdos propostos”, alerta Alessandra. A Associação Petrolina dos Estudantes (APE) divulgou neste domingo (25) uma nota em repúdio às declarações do “aspirante a deputado”, que “de forma lamentável, fez um vídeo ofensivo contra professores e contra a diretora do Colégio Estadual Dom Pedro II em Petrópolis, falando sobre coisas as quais nem conhece”. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE/ RJ) também se manifestou sobre o conteúdo do vídeo. A entidade ressaltou o compromisso com o pluralismo de ideias e autonomia dos profissionais de educação. Os alunos do Colégio Estadual Dom Pedro II em Petrópolis se mobilizaram em solidariedade à diretora Andréa Nunes, em defesa de uma educação de qualidade e livre de perseguições. O ato “Somos todos Andréa” aconteceu na última quarta-feira (28).
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Maioria dos assassinatos de crianças e adolescentes no Rio foi com arma de fogo “Quanto mais escuro o tom da pele, maior é a vulnerabilidade”, aponta dossiê EDUARDO MIRANDA
RIO DE JANEIRO (RJ)
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s confrontos com a polícia em todo o estado do Rio de Janeiro foram responsáveis por mais de 25% das mortes violentas de crianças e adolescentes negros, segundo dados divulgados na última sexta-feira (23) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). O ano de referência da pesquisa é 2017, antes da intervenção federal que aumentou os índices de mortes no estado. Foram 635 vítimas por mortes violentas, segundo o “Dossiê Criança e Adolescente 2018”. Desses óbitos, 90%
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foram causados por armas de fogo. De acordo com o relatório, esse número pode ser ainda maior, já que em 13,8% dos registros de ocorrência de mortes a idade da vítima foi omitida. Entre 1980 e 2014, mais de 218 mil crianças e adolescentes foram assassinados no país. O Brasil é o terceiro país do mundo com o maior número de crianças e adolescentes assassinados, ficando atrás apenas do México e de El Salvador. O documento mostra, também, que as crianças e adolescentes negros são nove vezes mais impactados como vítimas de violência que crianças e ado-
lescentes brancos. Enquanto a taxa de morte entre brancos é de 5,1 vítimas por 100 mil habitantes, entre menores negros ela chega a 45,3. “Quanto mais escuro o tom da pele, maior é a vulnerabilidade de sofrer morte violenta intencional”, afirma Flávia Vastano, uma das autoras do documento. Outro destaque é a proximidade entre a ocorrência e o domicílio da vítima. “Metade das vítimas morre a até três quilômetros de suas casas, isso indica o potencial de impacto de políticas públicas de prevenção focalizadas em territórios com altos índices de letalidade”.
VIOLÊNCIA SEXUAL SE DESTACA NAS ESTATÍSTICAS
»O dossiê mostra
que a violência sexual se destaca entre as expressões de violência por ser aquela com maior participação de vítimas crianças e adolescentes (59%), totalizando 3.886 meninos e meninas. Em média, por dia dez crianças e adolescentes foram vítimas de violência sexual no estado do Rio. Os números podem ser maiores, já que o documento contabilizou apenas casos registrados nas delegacias de polícia. Grande parte da violência sofrida por crianças e adolescentes acontece na esfera privada. Em todo o estado, mais da metade (50,3%) os crimes que colocam em risco a vida e a saúde foram praticados por familiares. Conhecidos (familiares ou não) são os autores de 46,8% das lesões corporais, 47,1% dos crimes de violência psicológica, 40,4% dos crimes de violência sexual e 38,2% dos crimes de violência moral. Segundo o ISP, os dados “reforçam a necessidade de campanhas de conscientização para ensinar a população a identificar situações em que crianças e adolescentes tiveram seus direitos ameaçados ou violados, bem como saber a quem recorrer para que providências sejam tomadas para interromper tais ameaças ou violações”.
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EDUARDO MIRANDA
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esmo com as novas inscrições para o programa Mais Médicos, após a saída dos profissionais cubanos do Brasil, a situação da população do Rio de Janeiro pode ficar bastante precária, segundo uma fonte que conversou com o Brasil de Fato e pediu para não ser identificada. Dados do Ministério da Saúde mostram que os profissionais que se inscreveram no novo edital do Mais Médicos são, em sua maioria, médicos que já atuam em municípios do estado. Sem a entrada de novos profissionais, o simples remanejamento poderá agravar a saúde no estado, já que médicos abandonarão a cidade onde atuam para atender pacientes em outra. “São médicos que já eram da rede e que só estão substituindo o tipo de vínculo. Algumas situações mostram médicos que são da mesma cidade e só saíram do contrato da prefeitura local e estão se habilitando para o Mais Médicos para ganharem mais. Mas a população vai continuar desassistida”. Dos 8.233 médicos cubanos que deixaram o Brasil, após os ataques do presidente eleito Jair Bolsonaro ao programa, 211 atuavam no estado fluminense. Angra dos Reis, Duque de Caxias e Nova Friburgo, por exemplo, somavam mais de 30 profissionais. Na capital, os médicos cubanos chegavam a 39. A situação nos municípios brasileiros após a retirada dos mais de 8 mil médicos cubanos ainda pode
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“Mais Médicos” no estado do Rio não terá novos profissionais e sim vagas remanejadas Profissionais já atuam nos municípios do estado e apenas trocarão contrato por melhores salários Divulgação
Cubanos que deixam o Brasil correspondiam à metade dos profissionais do Mais Médicos
8.233 211 É o total de médicos cubanos que deixaram o Brasil
se agravar. Embora o governo federal tenha expectativa de preencher na maior parte com médicos brasileiros todas as vagas deixadas, muito são recém-formados e o momento atual é o de inscrição para a prova de residência médica. “O que acontece é que quando esses médicos passam na prova de resi-
É o número de médicos cubanos que trabalhavam no estado do Rio
dência, uma grande parte abandona o Mais Médicos”, explica a fonte. REGIME DE TRABALHO Diante da disseminação de notícias falsas (“fake news”) e das declarações de Bolsonaro de que os médicos cubanos teriam que receber o salário integral para que continuassem a
colaborar com o programa no Brasil, a cientista social Lara Stahlberg se manifestou nas redes sociais sobre os equívocos que circulam a respeito do programa. “O médico do PMM (Programa Mais Médicos) não tem vínculo empregatício, pois integra um programa de formação em serviço. Logo, não faz sentido falar em CLT. Ninguém é ‘escravo’ ou ‘obrigado a trabalhar’ no Brasil. Os médicos recrutados são, em sua maioria, profissionais que já tiveram atuação humanitária em diversos países do mundo”, registrou a especialista.
NORDESTE PREJUDICADO »O cruzamento entre os dados do Sistema Integrado de Informação do Ministério da Saúde e a votação que elegeu Bolsonaro no segundo turno mostra situações curiosas. Ponta Grossa, no Paraná, cidade em todo o país com o maior número de cubanos do Mais Médicos, um total de 55, deu 73,75% dos votos ao presidente eleito. O prefeito da cidade, Marcelo Rangel (PSDB), registrou: “É o problema mais grave em todo o meu governo”. Bolsonaro perdeu a eleição para o candidato do PT, Fernando Haddad, em todos os estados do Nordeste. Esses mesmos estados são os que mais sofrerão com a ausência dos médicos cubanos, que preenchiam metade das vagas do programa. Alguns municípios tinham dois ou três médicos e todos eram cubanos. O atendimento foi reduzido à zero, portanto. Com base em inscrições dos profissionais de saúde em anos anteriores no Mais Médicos, a perspectiva de especialistas e de entidades ligadas à saúde pública é das piores. A grande maioria não quer atender longe das capitais, sobretudo no interior do Norte e do Nordeste, justamente onde há maior carência de atendimento primário para as populações locais.
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OPINIÃO
MARIANA PITASSE*
DOS NAVIOS NEGREIROS AOS “NAVIOS PRISÕES”: A ESCRAVIDÃO ESTÁ LOGO AQUI
Encarceramento, morte e tortura da população negra são um padrão que acompanha a história do Brasil
E
m um porão escuro e úmido, centenas de homens e mulheres se espremem para caber em um espaço limitado demais para todos. Eles estão
muito próximos e aprisionados em correntes de ferro. O mau cheiro, a sujeira, pos denunciam que eles não têm condições mínimas de higiene e sobrevivência. Mui-
tos deles morrem e adoecem gravemente em pouco tempo, antes de chegar ao final da travessia. A descrição acima poderia estar circunscrita em um
passado distante e, muitas vezes, esquecido nas narrativas que tratam sobre os transportes de negros escravizados, do continente africano ao Brasil, nos navios negreiros até o século XIX. No entanto, está mais atualizada do que nunca. Pouco antes do segundo turno das eleições, o governador eleito pelo Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) declarou que um de seus planos para área da segurança pública no estado é fazer “navios presídios” em alto-mar para abrigar o contingente de presos que não cabem em terra. Também disse que, se necessário, “cavaria mais covas para enterrar criminosos”. Não é gratuito que a proposta de “navios presídios” lembre os navios negreiros. Vale ressaltar que o número de pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho de 2016 - o terceiro maior do mundo. Mais da metade dessa população é formada jovens de 18 a 29 anos e 64% são negros, segundo dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), do Ministério da Justiça. Por décadas, existiu no Brasil um padrão de encarceramento de negros escravizados, que eram detidos depois de terem cometido crimes previstos pelo Código Penal da época, como fuga ou desobediência aos seus senhores. Nesses espaços, os senhores podiam delegar à máquina do Estado a prática da tortura.
Como podemos notar, a história de repressão à população pobre e negra não ficou no passado. Depois de eleito, o mesmo Wilson Witzel não limita seu discurso aos “navios prisões”, agora ele fala abertamente que polícia vai ser autorizada a fazer “o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro". A mira a que Witzel se refere está claramente apontada para as favelas, as periferias, o povo negro e pobre do estado do Rio. Os homens jovens e negros são as maiores vítimas de homicídios no país e no estado do Rio não é diferente, a cada 10 mortos pela polícia no estado do Rio de Janeiro, nove são negros ou pardos. Esse é o primeiro novembro pós eleições, que trouxe ao Rio de Janeiro e ao Brasil governantes que tem o claro objetivo de segregar e exterminar ainda mais população negra do nosso país. Esse novembro nos mostra que temos, como sempre, nos unir para ser resistência. Como já disse Ângela Davis em frase batida, mas necessária de ser repetida: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”. *Mariana Pitasse é jornalista, editora do Brasil de Fato no Rio de Janeiro e doutoranda em Antropologia na Universidade Federal Fluminense (UFF).
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Em novo júri, policiais envolvidos na Chacina do Borel são absolvidos
Os jurados aceitaram a tese apresentada pela defesa de que houve legítima defesa na ação dos policiais realizada em 2003 Bruna Freire/ Ponte Jornalismo
JAQUELINE DEISTER
RIO DE JANEIRO (RJ)
“A
minha luta vai para além deste processo, eu quero estar com o povo, estar com as mães, lutando para que daqui a alguns anos tenhamos justiça”. A fala é de Maria Dalva Correa, mãe de Thiago Silva, que foi assassinado por policiais militares na chacina do Borel há 15 anos enquanto aguardava para cortar o cabelo na barbearia da comunidade localizada na zona norte do Rio de Janeiro. Na última sexta-feira (23) terminou o júri popular realizado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que julgou três dos cinco policiais militares envolvidos na chacina dos quatro jovens no Morro do Borel em 2003. O soldado Paulo Marco Rodrigues Emilio, o cabo Marcos Du-
Familiares e parentes de outras vítimas de violência do Estado protestam em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
arte Ramalho e o sargento Washington Luiz de Oliveira Avelino foram absolvidos do crime de homicídio doloso – quando há intenção de matar -, por quatro votos a três. Os jurados aceitaram a tese apresentada pela defesa de que houve legíti-
16 DE ABRIL DE 2003
ma defesa na ação dos policiais. O crime foi reduzido para homicídio culposo – quando não há intenção de matar – a perda do caráter hediondo retirou o caso da Justiça Civil e o levou para a Justiça Militar, que pode decidir pelo arquivamento do processo.
»Os quatro jovens que foram assassinados pelos policiais do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM) foram vítimas de uma emboscada segundo relatos dos moradores do Borel, que apelidaram a ação como “Operação vingança”. No início da noite do dia 16 de abril, os policiais iniciaram um tiroteio que culminou na morte de Carlos Alberto, pintor e pedreiro de 21 anos; Thiago Silva, mecânico de 19 anos; Carlos Magno, estudante de 18 anos e Everson Silote, taxista de 23 anos. Os corpos tinham sinais de execução e os policiais reportaram o caso como auto de resistência, ou seja, alegaram legítima defesa e resistência à prisão das vítimas. Ao Brasil de Fato, Maria Dalva, mãe de Thiago e integrante da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, contou que a sua vida tornou-se lutar em defesa da memória do seu filho que não pode se identificar durante a abordagem policial e teve o sonho de ser engenheiro mecânico interrompido pela violência do Estado. “Meu filho pedia para não matá-lo, porque ele era trabalhador, que tinha uma filha e mesmo assim ele [PM] falou: ‘Você vai morrer, porque você é bandido’”, detalhou Dalva, que hoje está com 64 anos e se tornou uma das maiores vozes de denúncia da violência do Estado nas favelas.
MEMÓRIA E JUSTIÇA »Dois dos três policiais, julgados pela chacina no Borel na última sexta-feira (23), permanecem atuando na Polícia Militar. Para a pesquisadora do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF), Lucía Eilbaum, deveria haver uma reformulação institucional que impedisse a permanência de policiais investigados na corporação. “A Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública deveriam ter uma política de afastamento de agentes que estão sendo investigados e julgados nesses casos. Muitas vezes, ocorre o contrário, eles chegam a ser promovidos”, destacou a professora. Já Natasha Neri, pesquisadora e diretora do documentário “Auto de Resistência” (2018), considera que apesar do resultado insatisfatório para os familiares que aguardavam justiça, o depoimento no júri de Maria Dalva foi impactante e resgatou a memória dos jovens assassinados no Borel, o que representou um marco no tribunal. “Foi uma grande conquista para ela poder estar naquele espaço, que criminaliza os territórios de favela e os mortos, e pela primeira vez, no sétimo juri popular que ela passou, a memória deles foi respeitada e a luta dos familiares é por verdade, memória e justiça. Não houve justiça, mas houve a vitória pela memória”, ressaltou.
CULTURA & LAZER
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RIO DE JANEIRO, 29 DE NOVEMBRO A 5 DE DEZEMBRO DE 2018
FEIRA ESTADUAL DA REFORMA AGRÁRIA CHEGA A 10a EDIÇÃO EM DEZEMBRO Evento faz parte do calendário oficial do Rio de Janeiro CLÍVIA MESQUITA
RIO DE JANEIRO (RJ)
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Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes está próxima da sua 10ª edição no Rio de Janeiro. Nos dias 10, 11 e 12 de dezembro o Largo da Carioca, no centro da cidade, vai receber uma variedade de produtos vindos dos assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A expectativa é que sejam comercializadas mais de 150 toneladas de alimentos agroecológicos. São diferentes tipos de arroz, feijão vermelho e de corda, frutas, legumes, verduras e hortaliças. Além de produtos derivados da cana-de-açúcar, cervejas artesanais, fitoterápicos e fitocosméticos. O espaço “Culinária da Terra” também vai estar presente, oferecendo alimentação saudável e os saberes culinários para população do Rio.
Pablo Vergara
A lei 5.999/2015 reconhece a feira como de interesse cultural e social para o Rio
Esse ano, a feira vai reunir cerca de 180 agricultores de diferentes estados, expondo suas produções da agricultura familiar camponesa. “A gente entende que a feira ganha uma dimensão maior nesse momento atual da conjuntura para defesa da reforma agrária como uma pauta que pode melhorar a vida de toda sociedade”, diz Luana Carvalho, da direção nacional do MST. Nesse sentido, é fundamental fazer o di-
álogo entre quem produz os alimentos e quem consome. A décima edição do evento do Rio será especial e ainda maior que nos anos anteriores, segundo Luana. Na programação haverá shows de forró, blocos de samba e chorinho, atividades culturais e o espaço "Diálogos da Terra”, com seminários de formação e aulas públicas. A editora Expressão Popular vai levar um estande com livros e materiais didáticos.
O evento, que acontece desde 2009, foi incluído no calendário oficial da cidade, reconhecendo como de interesse cultural e social para o Rio de Janeiro a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, que se consolida como patrimônio carioca. O nome da feira é uma homenagem a Cícero Guedes, trabalhador rural e militante do MST assassinado por pistoleiros em 2013, em Campos dos Goytacazes (RJ).
AGENDA CULTURAL
»MÚSICA
Paulinho da Viola, Velha Guarda da Portela e Criolo celebram o Dia do Samba, neste domingo (2), na Jeunesse Arena, na Barra. Os ingressos custam 3 quilos de alimento (arroz, feijão e macarrão) e podem ser trocados em todas as unidades do Sesc RJ. A programação começa às 14h.
»EXPOSIÇÃO
Está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Avenida Primeiro de Março, no Centro, a exposição que comemora o centenário de Athos Bulcão, arquiteto, pintor e um dos nomes mais importantes das artes brasileiras nos últimos 50 anos.
Marcos Hermes/Divulgação
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Prefeitura do Rio derruba galpão de projeto socioambiental na Rocinha Secretaria do Ambiente/SEA - RJ
Uma semana após demolição da sede do projeto de reciclagem "De Olho no Lixo", mais de 57 famílias permanecem sem renda
ATIVIDADES CULTURAIS »Em 2015, a Secreta- alfabetização
CLÍVIA MESQUITA
RIO DE JANEIRO (RJ)
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favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, contava com um espaço comunitário que promovia aulas de alfabetização para adultos, inglês, costura e música. O programa "De Olho no Lixo: transformando resíduo em arte, cultura e educação" foi interrompido na sexta-feira (16) por uma ação da Prefeitura do Rio, que demoliu o galpão sede do projeto socioambiental. O projeto, que estava em atividade desde 2016, utilizava reciclagem como matéria-prima para geração de emprego e arte. Uma semana após a derrubada, os 57 trabalhadores da cooperativa de catadores, sem outra perspectiva de renda, permanecem sem espaço para continuar as atividades. Os funcionários, que ficaram conhecidos como verdinhos por causa do uniforme, passaram a desempenhar as funções de Agentes Socioambientais. “O projeto é de educação ambiental e também de recuperação, a maioria das pessoas que trabalham conosco a sociedade não dava emprego. E hoje elas estavam trabalhando, ganhando seu sustento sem fazer mal a ninguém”, diz José Antônio Trajano, presidente da Cooperativa Recicla Rocinha, que compõe o projeto "De Olho no Lixo". O projeto teve início em 2016 na Rocinha e recolheu até outubro desse ano 960 toneladas de lixo
não recicláveis, coletados e destinados ao Aterro Sanitário, que deixaram de escoar para a praia de São Conrado. A Cooperativa Rocinha Recicla já coletou 260 toneladas de resíduos recicláveis comercializados, gerando uma renda entre R$ 800 e R$ 1500 para cada cooperado. “Espero que a prefeitura se conscientize e veja que não foi certo construir uma praça no local”, alerta. REMOÇÃO “Sem nenhuma notificação, recebemos a notícia que quebraram o portão da nossa cooperativa, começaram a retirar o material de qualquer maneira e a gente sem poder fazer nada”, lamenta Trajano. A ação surpreendeu os participantes do "De Olho no Lixo", e colocou o galpão a baixo. A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação informou ao Brasil de Fato que a transferência faz parte do programa de reurbanização da Rocinha. O real motivo, segundo a Prefeitura do Rio, era que o local não apresentava infraestrutura necessária para abrigar as atividades ONG. E que um espaço adequado será disponibilizado futuramente na Estrada da Gávea.
"De Olho no Lixo" tinha aulas de percussão e confecção de instrumentos com materiais reaproveitados do lixo, antes de ser demolido
ria de Estado do Ambiente (SEA), o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e o Viva Rio Socioambiental elaboraram o “De Olho no Lixo”. Além do trabalho com reciclagem, o forte envolvimento com a comunidade local também marca a atuação do programa. A Escola de Possibilidades Sonoras Funk Verde e a Escola de Moda Ecomoda oferecem aulas de capacitação a partir do reaproveitamento de materiais retirados do lixo. Todas as turmas estão paradas, inclusive as de
e inglês, que tinham a previsão de se formar no final do ano e receber um certificado. “As aulas de alfabetização abrangiam os cooperados, muitos deles não sabiam ler nem escrever. A Rocinha precisa desse projeto, hoje estamos sem nada, mas na esperança de acontecer algo e o nosso trabalho continuar. A prefeitura arrancou o sonho até mesmo de aprender e ser alguém”, diz o presidente da Cooperativa Recicla Rocinha.
10 CULTURA & LAZER PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
DICAS MASTIGADAS
TORTA FANTASIA
Ingredientes:
Modo de preparo:
• 2 ovos • 2 colheres de manteiga • 1 xícara de leite • 250 gramas de farelo de trigo • 1 cebola • 300 gramas de frango ou carne desfiada • 1 colher cheia de fermento em pó • 1/5 de um brócolis • 1 cenoura pequena • 1 copo de milho verde (de preferência não enlatado) • 1 copo de queijo (parmesão ou mussarela) • Chia e gergelim a gosto • Sal a gosto
No liquidificador, junte ovos, manteiga, leite, cebola, e sal a gosto. Bata tudo até virar um "creme". Em uma vasilha, despeje e acrescente o farelo de trigo e o fermento em pó. Deixe descansar um pouco para hidratar o farelo. Depois, unte uma assadeira e coloque metade da massa. Cubra com os galhos do brócolis, rodelas de cenoura, milho e o frango desfiado. Cubra com o restante da massa e polvilhe o queijo, orégano, chia e gergelim.
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Quinta-feira, 29 de novembro
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Sexta-feira, 30 de novembro
Sábado, 1º de dezembro
Domingo, 2 de dezembro
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Pancadas de chuva
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TIRINHA | André Dahmer http://www.andredahmer.com.br/
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23°28°
22°26°
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ESPORTES
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FRASE DA SEMANA
Observatório da Discriminação Racial no Futebol
Conmebol anunciou na última terça-feira (27) que a segunda partida da final da Copa Libertadores da América, entre River Plate e Boca Juniors, será disputada no fim de semana de 8 e 9 de dezembro, fora da Argentina. Em carta entregue aos presidentes dos dois clubes, o mandatário da entidade, Alejandro Domínguez, afirmou que, dados os "fatos de violência ocorridos em Buenos Aires" no último sábado (24), é "prudente que a partida não se jogue no país". Até o momento, sabe-se que três estádios no exterior, em Gênova (Itália), Belo Horizonte (Brasil) e Miami (EUA), se ofereceram para sediar a partida entre Boca e River, mas fala-se também no Paraguai. Essa é a última edição da Libertadores com final em duas partidas, já que, a partir de 2019, a decisão será em jogo único. A final acontecerá a menos de uma semana do início do Mundial da Fifa, em 12 de dezembro, e a 10 dias da estreia do
Há mais denúncias de racismo no futebol. O pacto de silêncio foi quebrado” Marcelo Carvalho, idealizador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, organização que monitora e divulga casos de racismo, além de promover ações educativas sobre o tema.
FINAL DA LIBERTADORES SERÁ FORA DA ARGENTINA Norberto Duarte/AFP
Mudança da data vem depois de apedrejamento de ônibus do Boca Juniors
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representante sul-americano na competição, em 18 do mesmo mês. CONFUSÃO O ônibus do Boca foi apedrejado pela torcida do River nos arredores do Monumental de Núñez, e dois jogadores acabaram feridos, incluindo o capitão Pablo Pérez, atingido no olho por estilhaços de uma janela. Outros atletas foram afetados por gás de pimenta, usado pela polícia para tentar conter os torcedores. A Conmebol só anunciou às 20h30 o adiamento da partida para domingo (25), sendo que o jogo estava marcado para as 18h. O artigo 18 do regulamento disciplinar da Conmebol prevê punições que vão de simples advertência até a desqualificação de uma equipe por infrações às normas da entidade. O Boca tenta usar o precedente de 2015, quando foi excluído da Libertadores após jogadores do River Plate terem sido atacados com spray de pimenta dentro de La Bombonera. (Ansa)
Jackie Silva receberá troféu no Prêmio Brasil Olímpico Espírito de liderança, coragem e eficiência técnica e física são algumas das marcas da carreira esportiva de Jaqueline Louise Cruz Silva, ou, simplesmente, Jackie Silva, a homenageada com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, no Prêmio Brasil Olímpico 2018, no próximo dia 18. A carioca, de 56 anos, cravou seu nome na história do esporte nacional ao se tornar a primeira brasileira a
conquistar, ao lado de Sandra Pires, o ouro olímpico nos Jogos de Atlanta 1996. Jackie foi titular da Seleção Brasileira de vôlei nos Jogos Olímpicos de Moscou 1980 e de Los Angeles 1984. Jackie desenvolve, através do Instituto Jackie Silva, o projeto social “Atletas Inteligentes” desde 2002, com o objetivo de valorizar a escola pública através do esporte. Acervo COB
Jackie Silva com sua dupla Sandra Pires
TROFÉU ADHEMAR FERREIRA DA SILVA
»Criado em 2001, prêmio homenageia atletas e ex-atletas que representem os valores que marcaram a carreira e a vida de Adhemar, bicampeão olímpico no salto triplo, tais como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo. Os Homenageados com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva até hoje: 2001 Nelson Prudêncio (Atletismo) 2002 João Gonçalves Filho (Natação e Polo Aquático) 2003 Amaury Antonio Passos (Basquete) 2004 Maria Lenk (Natação) 2005 Agberto Guimarães (Atletismo) 2006 Aída dos Santos (Atletismo) 2007 André Gustavo Richer (Remo)
2008 João Havelange (Natação e Polo Aquático) 2009 Joaquim Cruz (Atletismo) 2010 Eder Jofre (Boxe) 2011 Bernard Rajzman (Vôlei) 2012 Hortência (Basquete) 2013 Torben Grael (Vela) 2014 Vanderlei Cordeiro de Lima (Atletismo) 2015 Gustavo Kuerten (Tênis) 2016 Bernardinho (Vôlei) 2017 Lars Grael (Vela) 2018 Jackie Silva (Vôlei de Praia).
12 ESPORTES PAPO ESPORTIVO
LUIZ FERREIRA
OU VAI OU RACHA
Rafael Ribeiro/vasco.com.br
38ª RODADA
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SÁB 01/12/2018 INDEPENDÊNCIA 19:00
FLA
SÁB 01/12/2018 MARACANÃ 19:00
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DOM 02/12/2018 DURIVAL BRITTO 17:00
CHA
DOM 02/12/2018 ARENA CONDÁ 17:00
BAH
de esconder os erros cometidos ao longo da temporada. Tomemos o Vasco como exemplo. Os problemas nas finanças (incluindo atrasos nos vencimentos de jogadores e funcionários), as brigas políticas, o planejamento mal feito pelos dirigentes e a constante troca de treinadores são alguns dos motivos que explicam esse buraco em que o Trem Bala da Colina se enfiou. Se olharmos para o Sport, a situação é ainda pior. Foram 4 técnicos apenas em 2018 e uma situação absurda nos bastidores. Podemos analisar a situação de todos os clubes rebaixados ou que ainda lutam para não caírem para a Série B até o ano que vem que chegaremos à mesma conclusão: todos eles estão onde estão porque fizeram por merecer isso. A verdade pura e simples é essa. O sentimento que fica é o do títu-
lo da nossa coluna. Ou vai ou racha. Não há mais espaços para erros, lamúrias, briguinhas políticas do lado A contra o lado B ou qualquer coisa do gênero. Não adianta chorar, não adianta espernear, apelar para os deuses do futebol ou pedir clemência pra quem quer que seja. Ou se respira aliviado ou se recolhe os caquinhos para tentar voltar mais forte e estruturado em 2020. A luta contra o rebaixamento ensina muito sobre o que não se deve fazer num clube durante uma temporada. Mas nossos dirigentes ainda insistem nos velhos erros. Insistem nas bravatas, nos discursos demagogos e nas lambanças. Só espero não ver reclamação ou acusações de perseguição contra A ou B nesse final de semana. Que os melhores vençam e os derrotados paguem o preço com o rebaixamento.
E POR FALAR NO FLUMINENSE...
A VIDA DO VASCO ESTÁ EM JOGO
O BOTAFOGO FEZ MUITO BEM O SEU PAPEL
a vaga na final da Sul-Americana era dificílima. Mas o Fluminense não se ajuda. E o caldo pode azedar de vez no domingo. Xiiiiiiiiiiiii….
interessa ao Vasco diante de um Ceará que promete brigar pela vaga na Copa Sul-Americana. Depender de resultados a essa altura do campeonato é suicídio.
um final de ano honroso. E a festa de despedida do goleiro Jefferson foi a cereja do bolo. O Glorioso foi sensacional nesse fim de 2018.
»Tudo bem que
BRASILEIRÃO ATL
E
stá chegando a hora da verdade, meus amigos. Aquele momento em que os meninos serão separados dos homens, onde os escolhidos estarão ao lado direito dos deuses do velho e rude esporte bretão, onde os humilhados serão exaltados e onde também haverá prantos, ranger de dentes e muita agonia. Eu estou falando da última rodada do Campeonato Brasileiro. O grande chamariz dessa reta final de competição é, sem dúvida, a luta contra a degola. Pelo menos para quem já está por conta da campanha no Brasileirão e em ritmo de férias. Com Paraná e Vitória já matematicamente rebaixados para a Série B, Chapecoense, Sport Recife, América-MG, Vasco e Fluminense ainda brigam para não caírem. Todas essas equipes jogam no domingo (2). A Chape encara o São Paulo na Arena Condá, o Sport enfrenta o Santos na Ilha do Retiro, o Vasco vai até Fortaleza medir forças contra o Ceará e o Fluminense recebe o América-MG numa partida que promete parar o Rio de Janeiro. Por mais que o sucesso na luta contra a degola traga uma sensação absurda de alívio, a grande verdade é que esse alívio não po-
RJ
RIO DE JANEIRO, 29 DE NOVEMBRO A 5 DE DEZEMBRO DE 2018
»Apenas a vitória
»O Botafogo teve
E O FLAMENGO PRECISA APRENDER COM OS ERROS
»O sonho do título era
praticamente impossível. Agora é o momento do Flamengo aprender com os erros e fazer um 2019 livre de decepções e piadas.
DOM 02/12/2018 PITUAÇU.17:00
FLU
DOM 02/12/2018 MARACANÃ 17:00
CEA
DOM 02/12/2018 ARENA CASTELÃO 17:00
SPO
DOM 02/12/2018 ILHA DO RETIROO 17:00
PAL
DOM 02/12/2018 ALLIANZ PARQUE 17:00
GRE
DOM 02/12/2018 ARENA DO GRÊMIO 17:00 TABELA CLASSIFICAÇÃO P 1 Palmeiras 77 2 Flamengo 72 3 Internacional 68 4 Grêmio 63 5 São Paulo 63 6 Atlético-MG 56 7 Atlético-PR 54 8 Cruzeiro 52 9 Botafogo 51 10 Santos 50 11 Bahia 47 12 Corinthians 44 13 Ceará 43 14 Fluminense 42 15 Vasco 42 16 Chapecoense 41 17 América-MG 40 18 Sport 39 19 Vitória 37 20 Paraná 22
V 22 21 19 17 16 16 15 14 13 13 12 11 10 11 10 10 10 10 9 4
J SG 37 37 37 31 37 22 37 20 37 13 37 12 37 16 37 0 37 -7 37 7 37 -2 37 0 37 -6 37 -15 37 -7 37 -17 37 -16 37 -23 37 -26 37 -39