Brasil de Fato RJ - 300

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RIO DE JANEIRO Ano 7

edição 300

21 a 27 de fevereiro de 2019

distribuição gratuita

brasildefato.com.br

/brasildefatorj

@Brasil_de_Fato

REFORMA DA PREVIDÊNCIA CHEGA À CÂMARA DOS DEPUTADOS

Tânia Rêgo/Agência Brasil

O texto da reforma propõe idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens terem direito à aposentadoria. GERAL, PÁG 7.

BOLSONARO DÁ FIM AO PETROBRAS CULTURAL

BOTAFOGO AVANÇA NA SUL-AMERICANA

Time carioca fez 3 a 0 contra o argentino Defensa e Justicia. Confira os últimos comentários sobre os clubes do Rio. ESPORTES, PÁG 12.

Com mais de 4 mil projetos culturais apoiados desde o seu início, em 2003, entre filmes, peças de teatro, espetáculos de dança e música, o Petrobras Cultural, maior programa de patrocínio do setor no país, vai encerrar o incentivo à produção artística e provocará milhares de desempregos no Brasil. Entenda. GERAL, PÁG 5.

Yuri Cortez/AFP

Divulgação

DESEMPREGO À VISTA:

SAPUCAÍ: ESTÁ ABERTA A VENDA DOS INGRESSOS POPULARES PARA O GRUPO ESPECIAL

Serão disponibilizados 28 mil ingressos para os desfiles de domingo (3) e de segunda-feira (4). CULTURA & LAZER, PÁG 8.

Reprodução/Twitter/Botafogo

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O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA VENEZUELA?

Mundo acompanha com suspense a situação do país latino-americano. Saiba mais. MUNDO, PÁG 10.


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GERAL

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RIO DE JANEIRO, 21 A 27 DE FEVEREIRO DE 2019

EDITORIAL

“Grande mídia” não é nome, é confete T em crescido na sociedade a discussão sobre a influência dos meios de comunicação na vida das pessoas. Desde que existe, a mídia - o conjunto desses meios de comunicação - atua como um ator político, em que escolhe o que terá ou não destaque e como determinados assuntos serão ou não tratados. Ou seja, um veículo de informação, a partir de sua linha editorial, pode escolher, por exemplo, se uma greve é ou não é notícia. Se decidir que é, pode encarar esse assunto do ponto de vista do patrão ou do trabalhador. Pode decidir ouvir apenas quem se sentiu prejudicado por esse evento. Pode, em linhas bem gerais, ter uma abordagem positiva ou negativa. Além disso, os instrumentos de informação e entretenimento (os dois são parte da comunicação) – sejam eles em papel, áudio, TV ou internet – são caros e precisam de muito trabalho e muitos recursos, quanto mais para terem um alcance efetivamente massivo, isto é, chegarem a milhares ou milhões de pessoas. Isso faz com que grandes grupos econômicos ou pessoas com muito dinheiro exerçam um enorme controle sobre esses aparatos. Os maiores meios de comunicação estão nas mãos de alguns poucos muito ricos. Comumente, chamamos esses instrumentos de “grande mídia”. Efetivamente, são instrumentos de muito alcance e, à primeira vista, parece correto usar o adjetivo “grande”. No entan-

to, o termo traz consigo um juízo de valor problemático: o que é grande é bom, relevante, importante, sério. Assim, coletivos, organizações e pessoas que criticam o comportamento da mídia, mas a nomeiam dessa forma, acabam fazendo um elogio. Ao mesmo tempo, fica subentendido que o oposto de “grande” é “pequeno”, ou seja, qualquer oposição já é, de saída, desqualificada. Mesmo o termo “alternativa”, aplicado a qualquer comunicação fora desses marcos, reforça o papel central ocupado pelos ditos “grandes”: é alternativa a alguma coisa; eles seguem sendo o referencial maior. Não é à toa que vários jornais se autodenominam “profissionais”, desde que explodiu no Brasil o fenômeno das fake news. Frente a essa avalanche de boatos divulgados sem critério, apuração ou fontes de credibilidade, a mídia controlada por grandes proprietários chama para si o papel de portadora da verdade, aquela que faz um jornalismo “sério” ou “profissional”, em contraste com outras formas de divulgar notícias. Note-se que, nessa chave, não apenas os mal-intencionados criadores de boatos e factoides são desqualificados. Todos os que produzem informação ou entretenimento – comunicação - fora da “grande” mídia são “antiprofissionais”, “artesanais”, pouco sérios. De um lado, estaria aquela mídia que faz jornalismo profissional, competente, relevante e de grande alcance. Do outro, o resto.

www.brasildefato.com.br redacaorj@brasildefato.com.br /brasildefatorj @Brasil_de_Fato (21) 99373 4327 (21) 4062 7105

Como não cair nessa armadilha? »Existem várias formas de se nomear a mídia: “hegemônica”, “familiar”, “tradicional”, “empresarial”, “nativa”, “privada”. Cada um desses termos – e outros – têm explicações fundamentadas e interessantes, que podem provocar boas reflexões e discussões. No entanto, exigem um conhecimento prévio que pode dificultar a compreensão imediata, fazendo com que, na linguagem coloquial e cotidiana, mesmo as pessoas mais críticas sigam usando o termo “grande mídia”. Consideramos que o termo que mais se aproxima da caracterização precisa desse complexo de comunicação é “mídia burguesa”, pois deixa claro quem são os donos desses veículos e quais valores e interesses defendem. Ao

delimitar assim, é possível gerar uma série de debates sobre o sentido e papel da mídia na reprodução da ordem social. No entanto, talvez um termo mais acessível e possível de levar para todos os espaços seja “mídia comercial”. O que é comercial visa ao lucro, interessa mais vender do que qualquer coisa. O que é comercial é produto, mercadoria, não direito. O que é comercial tem dono. Assim, acreditamos que esse termo explicita o caráter privado e interessado das empresas que lidam com a informação como negócio. Defendemos e sugerimos que um dos dois termos seja utilizado no lugar do frequente e contraditório “grande mídia”.

E do lado de cá? »A comunicação fora dos mar-

cos comerciais também tem muitos nomes: “alternativa”, “contra-hegemônica”, “nanica”, “independente”, “comunitária”, “pública” são alguns deles. Todos têm conceitos e características próprias e é fundamental conhecer e defender seu sentido. No caso do Brasil de Fato, optamos pela nomenclatura “popular”, por compreender que este termo – em disputa

– simboliza, do nosso ponto de vista, aquilo que é do povo, feito para atender seus interesses e construído pelo próprio povo organizado. O termo resume nossa linha editorial, que busca “uma visão popular do Brasil e do mundo”. Assim, contestamos o mito da imparcialidade e afirmamos que nosso lado é o da classe trabalhadora, do povo.

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ACESSE: brasildefato.com.br/rio-de-janeiro/

CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse e Vivian Virissimo | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Clívia Mesquista, Denise Viola, Eduardo Miranda, Filipe Cabral, Flora Castro, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister | DIAGRAMAÇÃO Aline Ranna e Juliana Braga.


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RIO DE JANEIRO, 21 A 27 DE FEVEREIRO DE 2019 Sergio Lima / AFP

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Bolsonaro assina pacote “anticrime”, enquanto Moro ameniza caixa 2

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FATOS DA SEMANA #CriminalizaSTF

»»Com uma forte campanha nas redes

sociais e nos setores progressistas do país pela criminalização da LGBTfobia, o Supremo Tribunal Federal (STF) decide nos próximos dias se a homofobia se tornará crime. Na semana passada, o relator das ações no Supremo, ministro Celso de Mello, fez duras críticas à omissão do Congresso Nacional, que é quem deveria cuidar das leis do país e estar atento às mortes contra LGBTs. Ele também apontou para os retrocessos promovidos por integrantes do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Em 2017, enquanto julgava processos da Lava Jato, o então juiz havia dito que caixa 2 era “pior que corrupção”

Manicômio dá muito lucro

»»Um documento publicado pelo MinisREDAÇÃO

SÃO PAULO (SP)

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presidente Jair Bolsonaro (PSL), assinou na última terça-feira (19) três projetos “fatiados” que englobam o pacote “anticrime” do ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. O pacote foi dividido em: um projeto que abrange crimes “graves” e alterações em tramitação e execução de condenações criminais; outro para criminalizar o caixa 2; e um terceiro que altera regras de competência da Justiça Eleitoral. Ao todo, os três projetos pro-

põem alterações em 14 leis, no Código Penal, no Código de Processo Penal, na Lei de Execução Penal, na Lei de Crimes Hediondos e no Código Eleitoral. Para entrarem em vigor, as propostas precisam ser aprovadas por deputados e senadores. O ex-juiz afirmou à imprensa que o pacote traz medidas “pontuais, porém eficazes” para acabar com a corrupção, e apresenta uma tipificação dos crimes de caixa 2. Com o intuito de aprovar o projeto, Moro atendeu à queixa de deputados e minimizou o caixa 2, diferenciando-o dos crimes de corrupção. “Houve uma reclamação por

parte de alguns agentes políticos de que caixa 2 é um crime grave, mas não tem a mesma gravidade que corrupção, que crime organizado e crimes violentos. Então, nós acabamos optando por colocar a criminalização [de caixa 2] num projeto à parte”, disse Moro. Segundo o ex-juiz, o governo ouviu “reclamações razoáveis” dos parlamentares. “Caixa 2 não é corrupção. Existe um crime de corrupção, existe um crime de caixa 2. São dois crimes. Os dois crimes são graves”, amenizou. Em 2017, nos EUA, o hoje ministro havia dito que o crime de caixa 2 era pior que o de corrupção.

FRASE DA SEMANA Vincenzo Pinto / AFP

Que cada pessoa e cada comunidade possa desenvolver suas próprias capacidades de um modo pleno, vivendo assim uma vida humana digna desse nome”, disse o Papa Francisco, apontando a soberania alimentar como a chave para acabar com a fome.

tério da Saúde para a política de saúde mental e drogas, que inclui o uso de eletrochoque, está assustando psicólogos, profissionais de saúde e pessoas engajadas na luta antimanicomial. Em entrevista à jornalista Lu Sudré, para o Saúde Popular e o Brasil de Fato, o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Rogério Giannini, disse que a medida traz marcos ultrapassados “e inclusive ilegais”. Ele alerta, ainda, para a internação de crianças com autismo em hospitais psiquiátricos.

Viva Vaia!

»»Teste

de popularidade maior que o Sambódromo e o Maracanã lotados, não há. E o governador Wilson Witzel (PSC) foi reprovado nesse quesito. Ao tentar caminhar pela Marquês de Sapucaí, no último domingo (17), recebeu uma vaia ensurdecedora do grande público que estava nas arquibancadas para assistir aos ensaios técnicos das escolas de samba do Grupo Especial. E com o temporal que caiu na Sapucaí, foi literalmente um banho de água fria sobre o sonho de Witzel. Mauro Pimentel / AFP

Witzel foi vaiado na Sapucaí, no último domingo (17)


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UFF VOLTA ATRÁS E EXTINGUE ASSESSORIA MILITAR NO GABINETE DO REITOR

Em Petrópolis, escola adia início das aulas por falta de manutenção Reprodução/ Facebook

Portaria publicada na última semana criava articulação direta entre as Forças Armadas e a universidade pública

Divulgação/ UFF

JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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a última segunda-feira (18), o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega, revogou a polêmica portaria 63.083 que instituía uma assessoria especial ao gabinete da Reitoria para promover uma articulação entre Ministério da Defesa e as Forças Armadas. A publicação da medida datada de 11 de fevereiro gerou receio na comunidade acadêmica, principalmente no que diz respeito aos riscos para a autonomia universitária. No último dia 15, a Associação dos Docentes da UFF (Aduff) se reuniu com Antônio Cláudio e com o vice-reitor, Fabio Passos, para expor a insatisfação e a preocupação que a presença militar geraria naReitoria.

AUTONOMIA Para a presidenta da Aduff, Marina Tedesco, a universidade já possui convênios de cooperação técnica com as Forças Armadas e a criação de uma assessoria vinculada ao gabinete do reitor não é um procedimento padrão para desenvolver novos projetos acadêmicos. “Na reunião o reitor demonstrou a sua disposição em defender a autonomia universitária. Acreditamos que essa revogação foi uma vitória da comunidade acadêmica que se mobilizou e da democracia. Temos que permanecer vigilantes porque essa portaria poderia abrir brechas para tra-

Comissão constata precariedade em instalações de escola JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

»»O Reitoria recua de assessoria das Forças Armadas

zer um militar para dentro da universidade”, explica a professora do curso de Cinema e Audiovisual. O professor da Faculdade de Direito da UFF, Gladstone Leonel, também avalia que a articulação promovida pela Reitoria com as Forças Armadas não era justificável, principalmente no atual momento político do Brasil. “O cancelamento desta portaria foi importante porque, caso ela se mantivesse, poderia remeter a períodos que nós já vivemos e que mostraram que a interferência das Forças Armadas não consistiu em aumento de qualidade e articulação de projetos em benefício do país e da sociedade acadêmica”, afirma.

POSICIONAMENTO OFICIAL

»»Por meio de comunicado enviado à im-

prensa, a Reitoria da UFF informou que a portaria 63.083 foi revogada por conta de “ruído” causado por uma interpretação equivocada. “A decisão considera a possibilidade de interpretações equivocadas acerca dos termos do instrumento administrativo que tratam do escopo da atua-

ção do grupo e respeita a pluralidade de opiniões da comunidade universitária. Ressalta-se que os projetos realizados em parceria com as Forças Armadas permanecem e que as instituições buscam o interesse público e acadêmico nas áreas de telemedicina, energias renováveis e estudos estratégicos”, diz a nota.

período letivo começou com uma semana de atraso no Liceu Municipal Cordolino Ambrósio, no município de Petrópolis, na região Serrana, do estado do Rio de Janeiro, devido à má conservação do colégio. A unidade, que funciona nos três turnos e atende 1.800 alunos do ensino fundamental II até o ensino médio, retomou as atividades escolares no último dia 11 de fevereiro. A situação encontrada pela Comissão Municipal de Educação e por pais que visitaram a escola na primeira semana de fevereiro revelou a precariedade das instalações. Fios elétricos expostos, vidros quebrados, paredes descascando e sujeira fizeram com que a prefeitura suspendesse o funcionamento das aulas. A vereadora Gilda Beatriz (MDB), que preside a Comissão, conta que encaminhou um ofício ao prefeito Bernardo Rossi (MDB) e uma denúncia ao Ministério Público para averiguar o caso. “A manutenção preventiva

é a única maneira de se conservar um prédio como o do Liceu Municipal, nós temos uma verba específica que é o PGDREM [Programa de Gestão Descentralizada de Recursos da Educação Municipal] que seria para a manutenção, mas não está sendo aplicada para isso”, explica Beatriz que realiza também a vistoria em outras unidades escolares da prefeitura. A escola possui 65 anos de existência e é uma das mais tradicionais do município de Petrópolis. De acordo com a prefeitura, as obras emergenciais foram realizadas na unidade. As salas foram pintadas, as janelas consertadas e as demais dependências da instituição como sala dos professores, refeitório e direção passaram por uma detalhada limpeza. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, a revitalização completa da unidade está em fase de licitação e uma sindicância foi aberta pela Secretaria de Educação para apurar o motivo da escola não estar em condições adequadas no dia 4 de fevereiro, quando as aulas seriam iniciadas.


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Fotos: Divulgação

EDUARDO MIRANDA

DESEMPREGO

RIO DE JANEIRO (RJ)

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endo apoiado mais de 4 mil projetos culturais desde o seu início, em 2003, entre filmes, peças de teatro, espetáculos de dança e música, o Petrobras Cultural, maior programa de patrocínio do setor no país, vai encerrar o incentivo à produção artística e provocará milhares de desempregos no Brasil. O anúncio foi feito na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro, no Twitter. A assessoria de imprensa da Petrobras informou que está revisando sua política de patrocínios, “em alinhamento ao novo posicionamento de marca da empresa, com foco em ciência e tecnologia e educação, principalmente infantil”. A decisão sobre os cortes no Petrobras Cultural segue a linha que Bolsonaro e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, vêm impondo à empresa, com a política de desinvestimentos e venda de ativos, como parques de refinarias que geram bastante lucro para a estatal. VOCÊ SABIA

»»Uma das principais con-

DESEMPREGO À VISTA: BOLSONARO DÁ FIM AO PETROBRAS CULTURAL Na avaliação de artistas e produtores culturais, revanchismo do governo atinge maior programa de incentivo à cultura do país

?

Com o fim do Petrobras Cultural, eventos importantes e que levavam a imagem do Brasil para o exterior correm o risco de não acontecer, como é o caso do Festival do Rio. Filmes pequenos que não conseguem chegar ao público sem apoio, mas também produções maiores, como foi o caso de "Tropa de Elite", também serão prejudicados.

O Petrobras Cultural apoiou mais de 4 mil projetos culturais desde o seu início, em 2003

CULTURA SEM APOIO

»»A tentativa de jogar a população contra artistas e produtores, que geram milhares de

empregos no Brasil com centenas de projetos culturais, mira em um dos setores menos favorecidos pelo dinheiro público. Além de não existir mais, o Ministério da Cultura tinha menos de 1% dos recursos públicos em todo o orçamento anual do governo federal. Já no Petrobras Cultural, os contratos ativos de governos anteriores somavam R$ 450 milhões. Só no ano passado, o lucro líquido da Petrobras foi muito superior a esse valor, superando os R$ 23 bilhões.

sequências do desmonte do Petrobras Cultural será a perda de milhares de postos de trabalho no setor de cultura. Produtor de cinema e diretor da República Pureza Filmes, Marcello Ludwig Maia conta que cada filme realizado por sua empresa gera em torno de 100 empregos diretos e outros 200 empregos indiretos. “Essa suspensão é um retrocesso imenso. O Petrobras Cultural nasceu junto à retomada do cinema brasileiro, ajudou a produzir centenas de filmes e a estabelecer uma relação com a produção cultural brasileira de absoluta parceria. É injustificável, porque o volume de orçamento utilizado nesse patrocínio é muito pequeno. O prejuízo que se terá para a produção cultural brasileira é imensamente maior do que o valor em si”, afirma o produtor. Marcello lembrou ainda que o revanchismo de Bolsonaro para colocar a população contra a classe artística afeta também o emprego de motoristas, iluminadores, cozinheiros, maquiadores e uma infinidade de profissionais que trabalham com cultura, está gerando insegurança também com os patrocínios do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). No ano passado, o BNDES abriu um rigoroso edital público para financiar projetos culturais em todo o país. Apesar de o edital fazer parte do governo anterior, até hoje a gestão de Bolsonaro não divulgou a lista de contemplados para produzirem seus projetos.


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CLÍVIA MESQUITA

RIO DE JANEIRO (RJ)

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o Rio de Janeiro, movimentos sociais de favelas convocaram uma plenária em caráter emergencial para organizar nas periferias uma reação à reforma da Previdência e ao chamado pacote “anticrime” apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. Mais de 20 lideranças de diversas periferias cariocas estiveram na sede da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), no centro da cidade, na última terça-feira (19), para compor a reunião. O início do evento foi interrompido por uma visita inédita em mais de 60 anos de existência da Faferj: um oficial da Polícia Militar questionou sobre o conteúdo da reunião na secretaria da entidade. “Fiquei muito surpreendido [com a presença da PM]. Estamos voltando atrás e vivendo o tempo do chicote no negro, no pobre, no favelado”, afirmou o presidente da Faferj Rossino Castro Diniz, que está na direção da federação há mais de 10 anos. O oficial da PM foi embora após dialogar com o presidente e fotografar a fachada e grafites no interior do prédio. ALERTA Durante a reunião, Alexandre Rodrigues, conhecido como Jovem Cerebral, do Movimento Popular de Favelas (MPF) e do Movimento Popular de Juventude (MPJ), destacou que os últimos casos de violência no estado do Rio acenderam o alerta para a necessidade de unifi-

Reunião de movimentos sociais de favelas cariocas é interrompida por oficial da PM Plenária organizou mobilização contra pacote “anticrime” e reforma da Previdência Divulgação/Faferj

VOCÊ SABIA

Casos de violência acenderam alerta para necessidade de organização

cação e entendimento do momento político. Na semana passada, Jenifer Gomes, de 11 anos, foi baleada e morreu em Triagem, zona Norte do Rio. Parentes e moradores afirmam que o tiro partiu da polícia. “As políticas neoliberais e fascistas desse novo governo federal e estadual vem atingindo as favelas e periferias não só economicamente como também as nossas vidas”, acrescenta Alexandre. Também na última semana, na Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio, o segurança Davi Ricardo Mo-

reira Amâncio matou o jovem Pedro Henrique Gonzaga com um golpe de estrangulamento no supermercado Extra. Outro episódio de violência foi a operação policial nos morros do Fallet-Fogueteiro, Coroa e dos Prazeres, região central do Rio. O contexto da morte de pelo menos 15 jovens está sendo alvo de três investigações. Moradores e familiares denunciam que eles foram executados e torturados dentro de um imóvel na comunidade. Durante a reunião na Faferj, Ro-

Em 10 estados, atos contra o assassinato de jovem negro paralisam atividades do Extra »»Em 10 estados brasileiros, milha-

res de manifestantes foram às ruas no último domingo (17) e na segunda-feira (18) em protesto contra a rede de supermercados Extra, do Grupo Pão de Açúcar (GPA), por conta do assassinato por estrangulamento do

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jovem Pedro Gonzaga, de 19 anos, em uma unidade da rede na Barra da Tijuca, área nobre do Rio de Janeiro (RJ), no última quarta-feira (14). Gonzaga foi morto pelo segurança Davi Amâncio, por volta do meio-dia, diante da mãe que gritava aler-

tando sobre o estrangulamento do filho. O segurança diz que o jovem tentou tirar a arma dele e, por isso, foi necessário imobilizá-lo. Imagens do assassinato divulgadas na internet não sustentam a versão do segurança. A polícia considera a hipóte-

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A Faferj tem histórico de mobilização das lideranças comunitárias na luta contra ditadura militar nos anos 1960. Também apoia projetos sociais como a “Copa das Favelas”, “Capoeira Angola”, além de cursos e seminários oferecidos, sobretudo, nas periferias onde moram as populações mais pobres do Rio de Janeiro.

drigues alertou para as medidas de Moro que podem aumentar o índice já elevado de mortes causadas por agentes de segurança do estado. “Com a legalização isso tende a crescer e perder o rumo”, destacou. Ele também lembrou que além da segurança pública, a proposta de reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro (PSL) atinge diretamente a população mais pobre. “Muitas pessoas na favela recebem o benefício de prestação continuada [do INSS], idosos que não tem aposentadoria, pessoas doentes”. se de homicídio doloso, quando há a intenção de matar. Os atos aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sergipe, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Bahia, Goiás e Pernambuco. O GPA é vice-líder do setor supermercadista no Brasil, que fatura o equivalente a 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Os cinco maiores grupos, entre eles o GPA, abocanham mais de 40% do faturamento do setor.


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SOB CRÍTICAS, REFORMA DA PREVIDÊNCIA CHEGA OFICIALMENTE À CÂMARA DOS DEPUTADOS Marcos Correa / AFP

CRISTIANE SAMPAIO

PROTESTOS

BRASÍLIA (DF)

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reforma da Previdência do governo Bolsonaro chegou à Câmara dos Vereadores na última quarta-feira (20) e já provocou a indignação de diversos setores da sociedade brasileira, assim como da oposição. A líder da minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reforçou que a reforma deverá enfrentar grande oposição na Casa. “Nós vamos fazer uma grande articulação política dentro do Congresso e com os movimentos sociais. A liderança da minoria será um polo de articulação dessas entidades todas da sociedade, mas também de especialistas que formulam [pesquisas] no campo da Previdência”, afirmou Jandira Feghali. Após o protocolo, o texto da reforma, que tem 66 páginas, foi registrado como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/2019 e deverá ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que faz análise de constitucionalidade das matérias. Caso seja aprovado, deverá ser enviado para um colegiado especial que irá avaliar o mérito da proposta. Ainda não há relator para a matéria. Entre outras coisas, o texto da reforma propõe idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens terem direito à aposentadoria. Também fixa em 20 anos o tempo mínimo de contribuição para o INSS.

Bolsonaro, Maia, Guedes, Alcolumbre e Frota apresentam o projeto da reforma

Em repúdio à proposta de reforma da Previdência de Jair Bolsonaro, entregue na ultima quarta-feira (20) ao Congresso Nacional, a Praça da Sé, no centro de São Paulo (SP), foi tomada por movimentos populares e centrais sindicais. Os trabalhadores formaram a Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora, que também aconteceu em pelo menos 11 estados do país, com o objetivo de traçar uma agenda de ações contra a proposta de Paulo Guedes, ministro da Economia. Sergio Lima / AFP

A proposta traz ainda diferentes regras de transição. Para o caso de aposentadoria por tempo de contribuição, por exemplo, o tempo para a nova regra será de oito anos para homens e 12 anos para mulheres, começando em 61 anos para eles e 56 para elas. “O presidente Jair Bolsonaro se elegeu sem falar que ia fazer reforma da Previdência. Aliás, ele não falou do Brasil na sua eleição. Nós precisamos dizer à sociedade o significado da Previdência social brasileira hoje para o futuro e, principalmente, o significado dessa reforma, que é a não aposentadoria e o favorecimento dos bancos”, completou Jandira Feghali.

OPOSIÇÃO

»»A reforma também foi criticada pela bancada do PSOL, que recebeu Jair Bolsonaro na Câmara com um protesto. Portando laranjas e aventais da mesma cor, os deputados da legenda criticaram o suposto envolvimento de aliados do governo no esquema de candidaturas laranjas que gerou a primeira crise no Planalto. A deputada federal Gleisi Hoffman (PR), criticou também a proposta.“Uma transição de 20 anos já é dura. De 12 anos é impor uma mudança com grandes impactos em um período muito curto”, disse a petista.

Deputados do PSOL fizeram protestos às candidaturas laranjas


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1. MINI BLOCO O quê? Separe a sua fantasia que o bloco infantil mais esperado da Tijuca está chegando. O lema desse ano é “Vem neném, neném vem”. Quando? Sábado (23), das 9h às 14h.Onde? Praça Comandante Xavier de Brito - Tijuca. Quanto? Grátis.

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Fotos Tânia Rêgo/Agência Brasil

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Facebook/Põe na Quentinha

Tomaz Silva/Agência Brasil

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Beija Flor consagrou-se campeã do Grupo Especial em 2018 Reprodução

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Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) começou a vender nesta semana os ingressos populares para os desfiles do Grupo Especial no carnaval de 2019, no Sambódromo, a R$ 10. Serão disponibilizados 14 mil ingressos para domingo (3) e 14 mil ingressos para segunda-feira (4). As entradas, que dão direito à meia-entrada (R$ 5), são para as arquibancadas dos setores 12 e 13, junto à Praça da Apoteose. Os interessados devem telefonar para os seguintes números: Setor 12 – 3032-0012, Setor 13 – 3032-0013. Ao ligar, o comprador deverá informar o número do CPF, o dia do desfile que deseja adquirir e a quantidade de ingressos, que será limitada a quatro para cada apresentação. O pagamento será dia 23 de fevereiro, das 9h às 15h, no estande Bradesco/Liesa montado atrás do Setor 11 do Sambódromo, com acesso pela Rua Salvador de Sá. O pagamento deve ser feito em dinheiro, e a retirada dos ingressos é realizada na hora da compra.

Fernando Frazão/Agência Brasil

LIESA ABRE VENDA DE INGRESSOS POPULARES PARA O GRUPO ESPECIAL

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2. PÕE NA QUENTINHA O quê? Drinks, cervejas artesanais e comidas brasileiras e africanas integram o cardápio, entre outras opções.O bloco faz parte do Coletivo “Mais Carnaval, Menos Ódio”. Quando? Sábado (23), das 12h às 21h. Onde? Rua Conselheiro Saraiva - Centro. Quanto? Grátis.

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Mini Bloco

3. FOGO E PAIXÃO O quê? Bloco brega presta reverência ao cantor Wando. Os organizadores dão a letra: “Xixi é no banheiro, lyndeza. Quem é brega não joga lixo no chão”. Quando? Domingo (24), às 9h. Onde? Largo São Francisco de Paula – Centro. Quanto? Grátis.

4. PORTELA O quê? Clara Nunes é a homenageada do enredo da escola de Oswaldo Cruz. No ensaio, alas da comunidade se preparam para o show da Sapucaí. Quando? Todas as quartas-feiras, às 20h. Onde? Rua Clara Nunes 81 – Madureira. Quanto? Grátis.

5. IMPÉRIO SERRANO O quê? A verde e branco levará para a Sapucaí o clássico "O que é, o que é?", de Gonzaguinha. Quando? Quintas e domingos, às 19h. Onde? Concentração na quadra – Avenida Ministro Edgard Romero, 180 – Madureira. Quanto? Grátis.

6. MOCIDADE O quê? A Mocidade Independente de Padre Miguel vai trazer para a Avenida um samba sobre o “tempo”: "Eu sou o tempo, tempo é vida". Quando? Domingos, às 18h. Onde? Praça Guilherme da Silveira – Padre Miguel. Quanto? Grátis.


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Blocos fazem críticas ao conservadorismo na política e à homofobia e machismo EDUARDO MIRANDA

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o ápice da redemocratização do Brasil, na década de 1980, o Rio assistia ao renascimento do Carnaval de rua com blocos como Simpatia É Quase Amor, Barbas, Suvaco do Cristo, além de tantos outros. Essas histórias são contadas no livro recém-lançado “Meu Bloco na Rua: a retomada do carnaval de rua do Rio de Janeiro”, da jornalista e produtora cultural Rita Fernandes. Em entrevista ao Brasil de Fato, Rita, que é também presidente da Sebastiana, a Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, afirma que o carnaval de rua do Rio é descentralizado e que ocupa os diversos espaços da cidade, segundo as relações de origem que os blocos têm com esses territórios. “O Carmelitas, por exemplo, precisa permanecer em Santa Teresa, porque conta a história da freira que foge e volta para o convento. O carnaval do Rio é feito na rua, para ocupar a rua. Isso já acontecia

"O carnaval do Rio é feito na rua, para ocupar a rua. Isso já acontecia no tempo dos cordões, dos ranchos" Rita Fernandes, da Sebastiana

Rebeldia e contestação continuam dando o tom da folia no Carnaval do Rio

Carnaval da resistência toma as ruas do Rio no tempo dos cordões, dos ranchos, é um carnaval que não pode ser confinado nem em lugares fechados nem em circuitos pré-determinados”, lembra a produtora cultural. Sinal de que a rebeldia e a contestação continuam dando o tom da folia, os sambas que os blocos levam às ruas daqui a menos de duas semanas contestam o poder público nas esferas federal, estadual e municipal, como faz o Simpatia É Quase Amor: “Ninguém manda no meu carnaval: nem pastor, nem capitão, nem o juiz”, diz um trecho da canção, em clara alusão ao prefeito Marcelo Crivella (PRB), ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ao governador Wilson Witzel (PSC).

CARNAVAL CONTRA OPRESSÕES

» As lutas identitárias também estão em pauta no carnaval. Há 12 anos nas ruas do Rio, o Toco-Xona atrai um grande público, é “formado pela força sapatona”, como afirmam as organizadoras, e já homenageou Rita Lee, Madonna, Cássia Eller, Carmem Miranda, Hebe Camargo e Amy Winehouse. A letra deste ano é “Empodera”. “Ao longo de toda história / Sofremos opressão / Crimes de violência / Discriminação / Contra o patriarcado / Misógino e machista / Muitas se arriscaram

/ Na luta feminista”, diz a letra de Michele Krimer, co-fundadora e maestrina do Toco-Xona. O bloco faz ensaio na Gamboa no próximo sábado (23) e desfilará no Aterro do Flamengo no domingo (3) a partir das 10h. Idealizadora e co-fundadora do Toco-Xona, Bruna Capistrano lembra que a pegada LGBTQI+ do bloco ficou mais forte recentemente, após um discurso de Madonna sobre a necessidade de a mulher se posicionar frente a uma série de opressões no mundo. Com

NATURALMENTE LIVRE E ANÁRQUICO » Para Rita Fernandes, da Se-

bastiana, as obrigações que a Prefeitura do Rio vinha tentando atribuir aos blocos com mais de 5 mil pessoas, como a presença de seguranças, postos médicos e ambulâncias, não vão impedir que a festa aconteça.

“Com regras ou sem regras, o carnaval acaba acontecendo porque ele naturalmente é livre, espontâneo, libertário e anárquico. O melhor é que a gente possa dialogar para planejar os serviços da cidade. Os blocos todos, de maneira geral, fazem

desfile marcado na semana do Dia Internacional da Mulher, o bloco terá um tom mais feminista. “Defendemos a força da mulher sapatão, mas somos mulheres acima de tudo. Nosso carnaval desse ano é cantado para as mulheres e vai ter músicas feitas por elas. Nesse cenário de presidência homofóbica, governo homofóbico e prefeitura com traços claros em relação à homofobia, a gente se afirma como resistência e grita que a rua é nosso lugar”, conta Bruna.

um movimento de resistência muito forte em prol das características culturais e da identidade do que é o Rio de Janeiro. É isso que a gente precisa manter e é por isso que a gente tem lutado e tem resistido. Estamos na rua!”, afirma a produtora cultural.


10 MUNDO

RJ

RIO DE JANEIRO, 21 A 27 DE FEVEREIRO DE 2019

Yuri Cortez/AFP Jim Watson/AFP

MÉXICO

Trump manobra para construir muro

Juan Guaidó pretende produzir uma provocação a Nicolás Maduro capaz de justificar uma intervenção militar na Venezuela PAULO MOREIRA LEITE

SÃO PAULO (SP)

O

mundo irá acompanhar em ambiente de suspense, ao vivo e a cores, os acontecimentos de 23 de fevereiro, quando um conjunto de caravanas de inimigos de Nicolás Maduro pretende entrar no país, num gesto de desafio político encoberto pela fantasia da filantropia internacional. Após mobilizar aliados internos, a oposição ao chavismo pretende produzir uma provocação a Maduro capaz de justificar uma intervenção militar de fora para dentro, que a Casa Branca de Donald Trump estimula desde sempre, sem receber até agora o apoio necessário. Depois de organizar, com precisão científica, uma sabotagem econômica num país de 32 milhões de habitantes e as maiores reservas de petróleo do planeta, onde hoje falta comida, faltam remédios e não há moeda, promove-se uma operação final disfarçada em altruísmo e boas intenções. Se fosse para levar a sério a intenção declarada de amenizar o sofrimento da população local, não seria

MUNDO ACOMPANHA EM SUSPENSE SITUAÇÃO DA VENEZUELA Aproxima-se o momento em que a crise deve mudar de patamar

preciso fazer nenhuma caravana externa. Bastaria determinar, civilizadamente, o fim das sanções e bloqueios financeiros que impedem o país de receber o devido pagamento por suas exportações bilionárias, mais do que suficientes para pagar todas as contas – com sobra. Em vez disso, a opção é outra. Produzir uma paisagem de cemitério, ideal para a dominação externa e o saque de riquezas, numa tragédia sem fim. Não se pode ignorar que há menos de um ano, os líderes da oposição venezuelana desperdiçaram uma oportunidade única de debater ideias e oferecer sugestões para o futuro do pa-

ís, recusando-se a participar das eleições presidenciais de maio. Foi o primeiro movimento em direção à guerra. Não se pretende, aqui, ignorar os erros e falhas dos governantes de Caracas. Ainda que tenha enfrentado um ambiente de gigantesca adversidade externa, após a reeleição o governo Maduro não soube encontrar uma saída para alimentar a economia e ampliar as bases políticas de seu governo, mantendo uma situação que hoje se volta contra a sobrevivência do chavismo, responsável por um conjunto inegável de conquistas das camadas subalternas da população.

Quem costuma associar democracia e oposição na Venezuela, precisa ser mais cauteloso. No espectro político venezuelano, o radicalismo de Juan Guaidó e seu partido político, Vontade Popular, fazem dele uma versão local de governos de extrema direita bem conhecidos, como Jair Bolsonaro e o colombiano Iván Duque. As conversas no entorno de Guaidó envolvem medidas de longa duração – como privatização de 3 mil empresas estatais, abertura do petróleo para empresas estrangeiras e assim por diante. Às vésperas do que pode ser uma tragédia sem volta, é indispensável recordar que o direito a autodeterminação dos povos não é uma ideia vazia nem um enfeite nos gabinetes políticos. Como a história não se cansa de ensinar, invasões estrangeiras são incapazes de resolver os problemas que pretendem solucionar. Seu destino inevitável é criar um problema novo, muito mais difícil de ser enfrentado pela população local – livrar o país invadido das forças ocupantes e de seus interesses.

»Em uma queda de braço com o Congresso para aprovar o orçamento da construção de um muro na fronteira com o México, o presidente estadunidense, Donald Trump, decidiu apresentar uma medida unilateral e declarar emergência nacional para a realização da obra. O anúncio foi feito na última sexta-feira (15). O cumprimento da promessa de campanha custará 8 bilhões de dólares – o equivalente a R$ 29 bilhões – aos cofres públicos. Hector Retamal / AFP

CARIBE

Haitianos pedem renúncia de presidente

»O Haiti foi tomado por uma série de protestos que pedem a renúncia do presidente Jovenel Moïse. O novo ciclo de manifestações paralisou completamente as atividades da capital Porto Príncipe. As mobilizações começaram após divulgação de um novo documento que comprova a participação de altos funcionários do governo federal em um esquema de malversação de fundos que iriam para programas sociais.


RJ

ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 21 A 27 DE FEVEREIRO DE 2019

Mark Ralston/AFP

GOLEIRO JEFFERSON FALA DE RACISMO NA CBF

Mauro Pimentel/AFP

Foram 10 vidas que se perderam e espero que isso nunca mais aconteça.

»O goleiro Jefferson revelou ter sido vítima de racismo

pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele contou que não foi chamado na primeira lista para o Mundial Sub-20 em 2003, por ser negro. “Faltando um mês para a convocação, nem estava esperando e recebi uma ligação. "Está preparado para uma convocação para o Mundial?", aí falei que era claro. Ele disse: "A gente ia te convocar lá atrás, só que a gente foi barrado, porque falou que a gente não poderia convocar goleiro negro. Esse pessoal saiu e agora a gente pode fazer o que a gente quer fazer”", comentou em programa da ESPN.

Cafu, ex-lateral pentacampeão comentou o incêndio no Ninho do Urubu.

Pedro Ladeira/AFP

ANÚNCIO

MARIN AINDA RECEBE R$ 20 MIL POR MÊS DE PENSÃO

»O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

José Maria Marin recebe pensão vitalícia do Estado de São Paulo no valor de R$ 20.257,80 por mês, de acordo com matéria do jornal O Estado de S.Paulo. O valor refere-se à pensão parlamentar da extinta carteira previdenciária dos deputados paulistas. Ele está preso nos Estados Unidos desde agosto do ano passado. Marin atuou como deputado estadual por dois mandatos, de 1971 a 1979. Também desempenhou as funções de governador do Estado por 10 meses, entre 1982 e 1983. Ele recebe a pensão há quase 32 anos, desde o dia 16 de março de 1987. O valor da pensão é reajustado na mesma proporção dos deputados estaduais em mandato. Ao ser condenado à prisão em 2018 nos Estados Unidos, o ex-cartola teve US$ 3,35 milhões (R$ 12,2 milhões na cotação atual) confiscados e foi multado em US$ 1,2 milhão (cerca de R$ 4,3 milhões).

JOGADORES PARAM POR FALTA DE PAGAMENTO NO FLU

»Os jogadores profissionais

Lucas Merçon/Fluminense F.C.

do Fluminense não treinaram nesta terça-feira (19) em protesto por atraso em pagamentos de salários e outros benefícios. O Fluminense deve o pagamento do 13º, férias, o salário de janeiro, além de duas premiações (Brasileiro e Copa do Brasil) e quatro meses de direitos de imagens. "É a posição do grupo. Não é de uma pessoa, uma liderança ou duas. Acompanho o dia a dia e sei das pendências”, explicou Paulo Angioni, diretor de futebol do clube. A folha salarial do time é de cerca de R$ 4 milhões.

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12 ESPORTES PAPO ESPORTIVO

BOTAFOGO GARANTE VAGA NA SEGUNDA FASE DA SUL-AMERICANA

“E

sse é o Botafogo que eu gosto! Esse é o Botafogo que eu conheço! Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus! Deixa eu festejar que eu mereço!” O samba que ficou famoso na voz de Beth Carvalho é perfeito para iniciar essa coluna. Os comandados de Zé Ricardo simplesmente não tomaram conhecimento do Defensa Y Justicia. Vitória por 3 a 0 lá na Argentina e vaga na segunda fase da Copa Sul-Americana garantida. Antes que algum engraçadinho apareça por aqui pra diminuir o feito da última quarta-feira (20), saibam vocês que o Defensa Y Justicia é o segundo colocado do campeonato argentino e considerada a equipe sensação do momento em terras portenhas. É óbvio que a vantagem obtida no jogo de ida aqui no Rio de Janeiro ajudou Zé Ricardo a pensar melhor o Botafogo para essa partida decisiva. Vale destacar (e muito) as atuações de Erik (autor de

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RIO DE JANEIRO, 21 A 27 DE FEVEREIRO DE 2019

Reprodução / Botafogo

LUIZ FERREIRA

E O VASCO SEGUE COM A BOA FASE

»A fase do Vasco é im-

Carlos Gregório Jr. / Vasco

pressionante. Título da Taça Guanabara, ótimos resultados e uma equipe ainda invicta na temporada e uma equipe que encontrou uma maneira de jogar quase impossível de ser superada. Os comandados de Alberto Valentim vão superando seus adversários e melhorando a cada jogo que passa. A vítima da vez foi o Serra (do Espírito Santo), pela Copa do Brasil. E olha que sábado (23) tem clássico com o Botafogo pela Taça Rio.

OS VACILOS DA DIRETORIA DO FLA

»Não confundir o clube com a sua diretoria. São duas coi-

Botafogo fez 3 a 0 na partida contra o argentino Defensa e Justicia

dois gols), Rodrigo Pimpão, Gabriel, Jean e Alex Santana (este autor de um golaço digno de Prêmio Puskás). Pelo que se viu em campo, a tendência é eu e você vermos um Botafogo mais consciente das suas limitações nas próximas partidas que o time terá nessa temporada. A Copa Sul-Americana pinta como uma competição interessante para o clube. Primeiro pela oportunidade de colocar mais um título internacional na sala de troféus. E de-

(21) 993734327

pois pela premiação oferecida pela Conmebol. Zé Ricardo reencontrou um jeito do Botafogo jogar. Mais cauteloso, mais ciente das suas limitações. Mas nem por isso deixa de ser letal. Ainda mais com um Erik querendo mostrar seu cartão de visitas e com toda uma equipe formada por operários. Todo o time ataca, todo o time marca, todo o time se doa dentro de campo. Bem ao estilo Beth Carvalho. “Esse é o Botafogo que eu gosto...”

sas completamente diferentes. E a diretoria do Flamengo perdeu uma grande oportunidade de ficar calada quando comparou o incêndio na Boate Kiss com o ocorrido no CT do Ninho do Urubu. É óbvio que ela tem o direito de se defender, mas já passou da hora de Rodolfo Landim, o Staff Images / Flamengo ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello e os responsáveis pelo CT virem a público. Todos eles precisam dar respostas concretas para uma série de perguntas sobre as condições do local e as medidas para indenizar os envolvidos na tragédia do dia 8 de fevereiro. E pra ontem.

PARALISAÇÃO, ATRASO DE SALÁRIOS E ESTREIA DE GANSO

»A semana do Fluminense não foi nada fácil. Confusão por conta do lado direito do Maracanã, paralisação de jogadores por conta de salários atrasados e até mesmo ameaça de exclusão do Carioca por causa do imbróglio da final da Taça Guanabara. No meio disso tudo está a estreia de Ganso no time, marcada para a sexta-feira (22), no Maracanã. Dentro de campo, o time de Fernando Diniz segue bem, obrigado. Mas fora de campo, o Fluzão parece uma bomba que pode explodir a qualquer momento.

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