Brasil de Fato RJ - 329

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RIO DE JANEIRO Ano 7

edição 329 17 a 23 de outubro de 2019

distribuição gratuita

brasildefato.com.br

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@brasildefato

RJ MÊS DAS CRIANÇAS

MORTES EM AÇÕES POLICIAIS BATEM RECORDE NO RIO

Jenifer Silene Gomes, 11 anos

Gabriel Pereira Alves, 18 anos

Kauã Vítor Nunes Rozário, 11 anos

Margareth Teixeira, 17 anos

Kauê Ribeiro dos Santos, 11 anos

Henrico de Jesus, 19 anos

Agatha Moreira, 8 anos

Kelvin Cavalcante, 17 anos

Dyogo Xavier Coutinho, 16 anos

A política de segurança pública promovida pelo governador estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), já levou a morte de 24 crianças e adolescentes neste ano, até o mês de outubro, e deixou outros 47 feridos no mesmo período, segundo levantamento compilado pelo Brasil de Fato a partir dos dados da plataforma Fogo Cruzado. Ao lado estão algumas das vítimas identificadas. GERAL, PÁG 5.

BOLSONARO DÁ PASSAPORTE DIPLOMÁTICO A PARENTES DE SUSPEITO DA MORTE DE MARIELLE

CURSINHO APROXIMA ESTUDANTES DA MARÉ DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS

PRETA RARA: “A SENZALA MODERNA É O QUARTINHO DA EMPREGADA”

Benefício foi concedido à familiares de Domingos Brazão, acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato da vereadora. GERAL, PÁG 7.

Projeto comunitário UniFavela aprovou toda a primeira turma em instituições do Rio. GERAL, PÁG 2.

Lançado recentemente, livro “Eu, empregada doméstica” reúne relatos de violências vividas por trabalhadoras em todo país. CULTURA & LAZER, PÁG 8.


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GERAL

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RIO DE JANEIRO, 17 A 23 DE OUTUBRO DE 2019

Cursinho aproxima estudantes da Maré de universidades públicas

VAQUINHA PARA SEDE PRÓPRIA

GEISA MARQUES

SÃO PAULO (SP)

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proximidade entre o Complexo da Maré, na Zona Norte da capital fluminense, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considerada uma das melhores instituições de ensino superior do país, não reflete os obstáculos enfrentados por moradores da comunidade para acessar esse tipo de espaço. No conglomerado de favelas, as operações policiais são rotina na vida de quem mora no local. As notícias de suspensão de aulas em decorrência de casos de violência também são frequentes. Foi nesse cenário que, em agosto de 2018, surgiu o UniFavela. O cursinho comunitário gratuito, que tem o propósito de “semear a educação popular”, iniciou as atividades de forma im-

provisada, em uma laje cedida por um dos alunos da comunidade. A ideia inicial, como conta Laerte Breno, estudante de Letras na UFRJ e um dos idealizadores do projeto, era de que o espaço fosse apenas um grupo de estudos, para sanar dúvidas. Mas, a divulgação boca-a-boca fez com que o UniFavela tomasse outra proporção, e se transformasse, rapidamente, em um pré-vestibular. “A nossa intenção é colocar mais jovens e adultos, moradores da Maré, nas universidades. A gente sabe que a possibilidade de um corpo favelado ocupar a universidade é distante, então a gente tenta aproximar isso. E também criar uma relação de afeto entre professor e aluno, sem a ideia de hierarquia, de que os professores são detentores de conhecimento”, afirma Laerte.

Divulgação

Projeto comunitário UniFavela aprovou toda a primeira turma em instituições públicas do Rio

»O UniFavela conta atualmente com 20 educadores, todos voluntários, e uma turma com aproximadamente dez alunos. Um dos objetivos do coletivo, a partir de agora, é adquirir uma sede própria, também no Complexo da Maré. O projeto busca recursos por meio de uma vaquinha online. O valor de contribuição é livre. O site para doação pode ser acessado no link: vakinha.com.br/vaquinha/ajude-a-unifavela-rio-de-janeiro

Cursinho pré-vestibular começou em laje cedida por aluno

Todos os 10 alunos preparados na primeira turma do cursinho foram aprovados em universidades públicas. As aprovações vieram de algumas das melhores instituições do Rio de Janeiro, como a Uerj, UFRJ e a Unirio.

MENSAGEM PARA A REDAÇÃO "Meu nome é Lucas e eu tenho pegado o Jornal toda a semana há mais ou menos um mês. Queria parabenizar vocês. O conteúdo é muito bem produzido e causa boas reflexões." LUCAS, DE NILÓPOLIS.

* Escreva uma mensagem para a redação do Brasil de Fato: (21) 99373-4327 www.brasildefato.com.br redacaorj@brasildefato.com.br /brasildefatorj @Brasil_de_Fato

(21) 99373 4327

RJ

(21) 4062 7105

CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse e Vivian Virissimo | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino, Erivan Silva e Júlia Procópio | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias REDAÇÃO Clívia Mesquita, Denise Viola, Eduardo Miranda, Fernanda Castro, Filipe Cabral, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister | DIAGRAMAÇÃO Augusto Erthal e Juliana Braga.


RJ

GERAL

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Soberania alimentar: desmonte de políticas públicas impacta na mesa dos brasileiros

FAT O S DA SEM A N A

JORNADA DE LUTAS DO MAB DENUNCIA CRIMES AMBIENTAIS DA VALE

»»O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) iniciou nes-

Segundo pesquisadora, ainda é difícil medir mas já é possível prever como o consumidor será afetado pelas políticas do governo federal

AFP

JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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ocê sabia que a diversidade de alimentos que você encontra quando vai à feira ou ao mercado está relacionada à soberania e segurança alimentar? E que o conceito está ligado também ao modo de produção do pequeno agricultor? O dia 16 de outubro é celebrado como o Dia Mundial da Alimentação pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Renata Bravin, agrônoma e integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Rio de Janeiro, explica que um dos princípios da busca por mais autonomia para os pequenos agricultores estabelecido pela soberania alimentar reside em resgatar e valorizar antigos modos de produção. “Tentamos resgatar o conhecimento do agricultor, porque a conservação de sementes são coisas que são feitas milenarmente pela agricultura familiar. Então, na verdade, a gente tenta resgatar para que essas espécies voltem a ser cultivadas e também tenta trabalhar o mercado para que esse alimento tenha valor reconhecido", conta. Para a pesquisadora Ma-

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ta semana a jornada de Lutas “Se a Vale destrói, o povo constrói”. O objetivo é denunciar os crimes cometidos pela mineradora, como o rompimento das barragens de Mariana, em novembro de 2015, e de Brumadinho, em janeiro deste ano, que vitimou 250 pessoas e deixou 20 desaparecidos O lançamento da jornada, com diversas atividades, foi realizado na sede do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), em São Paulo.

ASFALTO PROMETIDO POR CRIVELLA VAI ATINGIR APENAS 1,4% DAS VIAS DO RIO

»»Os

O dia 16 de outubro é celebrado como o Dia Mundial da Alimentação

riana Santarelli que integra o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, o Brasil está passando por um período preocupante, pois diversas políticas públicas que fomentavam a agricultura familiar e alimentação saudável estão sendo desmontadas. Segundo ela, ainda é difícil medir o impacto das medidas adotadas pelo atual governo, mas já é possível prever como o consumidor

poderá ser afetado. “Do ponto de vista da agroecologia tem um prejuízo grande, porque a gente estava conseguindo investir em pesquisa, circuito de comercialização, feiras e coisas desse tipo, vai dificultar a produção e a chegada desse tipo de alimento que acaba encarecendo e tornando o acesso cada vez mais restrito. E tem todo o outro lado que afeta o consumidor que é da agenda regulatória”, relata.

JORNADA DE LUTAS POR SOBERANIA ALIMENTAR E PODER POPULAR

»Mesmo com os retrocessos, os movimentos que atuam em defesa da soberania, Segurança alimentar e nutricional seguem fazendo a sua parte. Desde o dia 8 de outubro o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) realiza a Jornada de Lutas por Soberania Alimentar e Poder Popular. As atividades acontecem em universidades e no espaço Raízes do Brasil, em Santa Teresa, as atividades reúnem feiras, lançamentos de livros, documentários e palestras. A programação do evento vai até este sábado (19).

150 quilômetros de asfalto anunciados pela prefeitura dentro do programa PavimentaRio vão atingir apenas 1,4% das vias da cidade, que somam 10.798 km de logradouros, segundo dados do Instituto Pereira Passos. Os trabalhos de reparos começaram pelas pistas internas do Aterro do Flamengo, nos dois sentidos (Centro e Zona Sul) que estão recebendo micro revestimento nesta semana. Esse mesmo tratamento será dado ao pavimento de toda a orla. A ação que começou pela orla vai se estender a outras regiões da cidade, mas de outra maneira. Nas zonas Norte e Oeste, além de parte do Centro será feito a fresagem, tapa-buraco e recapeamento com asfalto.

GILMAR MENDES: “MORO VIROU PERSONAGEM QUE BOLSONARO LEVA PARA O FUTEBOL”

»»O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),

afirmou que o ministro da Justiça, Sergio Moro, “virou um personagem que (Jair) Bolsonaro leva para jogo do Flamengo”. Gilmar participou do programa Conversa com Bial, da TV Globo, e foi perguntado pelo apresentador se havia lugar para Moro no Supremo. “Moro chegou quase que como um primeiro-ministro. Depois ele virou esse personagem que o Bolsonaro leva para o jogo do Flamengo. Ele está precisando do Bolsonaro. Antes o Bolsonaro precisava dele, depois ele passa a precisar do Bolsonaro”, afirmou. AFP


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GERAL

Censura de Bolsonaro: governo sofre revés com espetáculos de temática LGBT

Rozangela Silva

DITADURA MILITAR

»“Naquela época, também não imaginávamos que a coisa fosse piorar tanto. Tudo começa dessa forma, com o cancelamento ou uma proibição. Espero que não voltemos a viver aquilo, mas é preciso estar sempre atento”, disse a atriz Marieta Severo, ao microfone, no palco onde trechos de “Caranguejo Overdrive”, que teve temporada estendida e com entradas esgotadas no Espaço Sergio Porto, na Zona Sul do Rio. Na Caixa Cultural, a censura de Bolsonaro recaiu sobre a peça “Lembro todo dia de você”, que tinha como protagonista um personagem homossexual e soropositivo. Uma das questões do governo federal era novamente com um beijo gay encenado no palco. Na última segunda-feira (14), aliás, a ONU divulgou que o Brasil teve aumento de 21% no número de novas infecções por HIV.

Apresentações ganham projeção com ataques EDUARDO MIRANDA

RIO DE JANEIRO (RJ)

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ditadura militar não ensinou aos governantes da extrema-direita que a censura à cultura é um tiro que quase sempre sai pela culatra. Desde semana passada, a população e os produtores culturais (incluindo diretores e atores) vêm enfrentando os ataques do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com respostas e reações, depois da tentativa do governo federal de impedir o patrocínio e a produção, além de censurar a exibição e a apresentação de peças de teatro e filmes com temáticas que desagradaram ao Palácio do Planalto. Um dos alvos da censura foi o espetáculo “Caranguejo Overdrive”, que vem sendo premiado desde 2016 e que faria parte da comemoração de 30 anos do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro do Rio. A censura, contudo, ga-

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nhou repercussão e na última sexta-feira (11) a peça teve trechos encenados em frente ao CCBB como um ato de protesto à censura. Coincidentemente, no mesmo dia e horário, a direção do CCBB se manifestou pela primeira vez, alegando que o texto de “Caranguejo Overdrive” contrariava o edital público que impede manifestações político-partidárias em apresentações culturais. A peça, no entanto, nunca teve o texto modificado, sempre fez críticas a assuntos que estão no noticiário, mas jamais havia sofrido censura. Presente no ato em frente ao CCBB, a atriz e produtora Marieta Severo comparou os atos de Bolsonaro aos praticados durante a censura no período da ditadura militar. Ao microfone, ela afirmou que “não tivemos imaginação suficiente para pensar que estaríamos novamente neste lugar perigoso”.

Ato no Rio repudia censura à cultura

CENSURA PRÉVIA

»Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, funcionários da Caixa Cultural de

diferentes estados contaram que o governo de Bolsonaro criou mecanismos de censura prévia e perseguição aberta a determinadas obras e autores. Em uma das fichas para concorrer em editais da Caixa, pede-se informações sobre “histórico do artista nas redes sociais”. Esses tópicos não existiam em anos anteriores, segundo os funcionários da Caixa.

Maioria dos brasileiros é favorável à inclusão nas escolas, aponta Datafolha »»Levantamento inédito do Datafolha, en-

comendado pelo Instituto Alana, revela que aproximadamente nove em cada dez brasileiros acreditam que as escolas se tornam melhores ao incluir crianças com deficiência. Dos entrevistados, 86% acreditam que as escolas se tornam melhores com a educação inclusiva, e 76% acreditam que as crianças com deficiência aprendem mais estudando junto com crianças sem deficiência.

“A pesquisa indica o apoio da sociedade brasileira para a educação inclusiva. Não há como retornar ao modelo em que pessoas com deficiência ocupavam espaços e escolas separadas, segregadas. A população compreende que, na escola comum, a diversidade é uma grande oportunidade para todos aprenderem mais”, afirma Raquel Franzim, coordenadora da área de educação do Instituto Alana.

Samuel Alves

Nove em cada dez apoiam escolas inclusivas no Brasil


RJ

GERAL

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MÊS DAS CRIANÇAS

MORTES EM AÇÕES POLICIAIS BATEM RECORDE NO RIO

Ao todo, 5 crianças e 19 adolescentes perderam a vida até o mês de outubro, segundo levantamento do Fogo Cruzado JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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enifer Silene Gomes, de 11 anos, moradora do bairro de Triagem, na zona norte do Rio de Janeiro, morreu com um tiro no peito em fevereiro deste ano em frente ao bar da mãe. Jenifer foi a primeira criança vítima fatal da atual política de segurança pública do estado do Rio que já levou à morte 24 crianças e adolescentes neste ano, até o mês de outubro, e deixou outros 47 feridos, no mesmo período, segundo levantamento compilado pelo Brasil de Fato a partir de dados da plataforma Fogo Cruzado. Ao todo foram 5 crianças e 19 adolescentes que perderam a vida em operações policiais no estado do Rio em 2019. A plataforma Fogo Cruzado aponta ainda que, de janeiro a setembro deste ano, houve 6.058 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio. No total, já são 2.301 pessoas baleadas, das quais 1.213 mortas e 1.088 feridas. O último caso envolvendo a morte de criança ocorreu em 21 de setembro, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. A menina Ágatha Félix, de oito anos, foi alvejada por um tiro de fuzil dentro de uma Kombi a ca-

minho de casa com a mãe. Para a advogada Vera Souza, que atua no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro (Cedeca-RJ), a política de segurança pública adotada pelo governo de Wilson Witzel (PSC) tem causado mortes e traumas para as pessoas que moram em áreas que são alvos constantes das operações policiais. “Os impactos também são muito nocivos em relação a falta de possibilidade de efetivação dos direitos, direito de ir e vir, de frequentar a escola, de acessar uma unidade de saúde e as questões complexas com relação aos traumas que essas operações estão causando em crianças. É um número muito grande de denúncias que a gente vem acompanhando”, destaca. Em setembro, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) junto com a deputada federal Talíria Petrone (Psol –RJ) denunciaram à Organização das Nações Unidas (ONU) o que chamaram de “agenda genocida” do governador do estado. Na denúncia destaca-se que as mortes em confrontos com policiais chegaram a um nível recorde no primeiro trimestre de 2019.

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Dados do último Dossiê Criança e Adolescente do VOCÊ SABIA Instituto de Segurança Pública (ISP), realizado em 2018, já apontavam que a letalidade violenta contra crianças e adolescentes tem um recorte de raça. Segundo a pesquisa, o número de vítimas de homicídios dolosos, lesões corporais seguida de morte, latrocínio e auto de resistência para crianças e adolescentes negros é quase nove vezes maior do que a taxa entre as crianças e adolescentes brancos.

Jenifer Silene Gomes

Kauã Vítor Nunes Rozário

Dyogo Xavier Coutinho

Gabriel Pereira Alves

Margareth Teixeira

Henrico de Jesus

Kauê Ribeiro dos Santos

Agatha Moreira

Kelvin Cavalcante

CRIANÇAS E ADOLESCENTES MORTOS EM OPERAÇÕES POLICIAIS EM 2019 14/02 - Alan dos Santos Gomes, 14 anos, morto em Praça Seca, zona Oeste do Rio 17/01 - Não identificado, 17 anos, morto em Niterói, região metropolitana do Rio 08/02 - Vitor dos Santos Silva, 15 anos, e Roger dos Santos Silva, 17 anos, mortos no Catumbi, região central do Rio 14/02 - Jenifer Silene Gomes, 11 anos, morta em Triagem, zona Norte do Rio 24/02 - Não identificado, 16 anos, morto em São Gonçalo, região metropolitana do Rio 26/02 - Ailton dos Santos Alves, 17 anos, morto na Tijuca, zona Norte do Rio 10/03 - Levi da Conceição Santos, 17 anos, morto no Complexo da Penha, zona Norte do Rio 16/03 - Kaun Pimenta Peixoto, 12 anos, morto em Mesquita, região metropolitana do Rio 06/04 - Não identificado, 16 anos, morto em Niterói, região metropolitana do Rio 08/04 - Bebê, 8 meses, morto na barriga da mãe, em Padre Miguel, zona Norte do Rio 10/05 - Kauã Vítor Nunes Rozário, 11 anos, morto em Bangu, zona Oeste do Rio 19/05 - Daniel Victor da Silva Oliveira, 16 anos, morto em São

Cristóvão, região central do Rio 17/07 - Wagner Anastácio, 17 anos, morto em Senador Camará, zona Oeste do Rio 12/08 - Dyogo Xavier Coutinho, 16 anos, morto em Niterói, região metropolitana do Rio 12/08- Henrico de Jesus, 19 anos, morto em Magé, região metropolitana do Rio 09/08 - Gabriel Pereira Alves, 18 anos, morto na Tijuca, zona Norte do Rio 13/08 - Margareth Teixeira, 17 anos, morta em Bangu, zona Oeste do Rio 12/08 - Henrico de Jesus, 19 anos, morto em Magé, região metropolitana do Rio 27/08 - Não identificado, 16 anos, morto no Complexo do Alemão, zona Norte do Rio 07/09 - Kauê Ribeiro dos Santos, 11 anos, morto no Complexo do Chapadão, zona Norte do Rio 15/09 - Rafael Dias Canoza, 15 anos, morto no Jacarezinho, zona Norte do Rio 21/09 - Ryan Silva, 17 anos, morto em São Gonçalo, região metropolitana do Rio 21/09 - Agatha Moreira, 8 anos, morta no Complexo do Alemão, zona Norte do Rio 10/10 - Kelvin Cavalcante, 17 anos, morto em Irajá, zona Norte do Rio


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GERAL

RJ

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Riocard antigo deixa de ser aceito no BRT Divulgação

REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Riocard em sua versão mais antiga não é mais aceito nas estações de BRT desde a última quarta-feira (16). Quem tiver cartões da categoria Expresso e quiser trocar pode fazê-lo de ANÚNCIO

graça nas paradas de ônibus dos corredores exclusivos. Os passageiros podem realizar a troca em 67 pontos de segunda a sexta-feira, entre 7h e 19h. O atendimento também é feito aos sábados e domingos, entre 7h e 13h. De acordo com a empresa, o procedimento poderá ser re-

alizado até o próximo dia 31. O BRT é o quarto modal a deixar de aceitar os cartões Riocard da categoria expresso. Antes dele, barcas (11 de setembro), trens (18 de setembro) e metrô (09 de outubro) já haviam adotado a medida. No próximo dia 23, ônibus, vans e VLT

deixam de aceitar o cartão. “Os cartões RioCard Vale-Transporte, Vale- -Transporte Rápido e todos da categoria Gratuidade continuarão sendo aceitos até que sejam iniciadas as próximas fases de troca”, informa a companhia responsável pelo Riocard em seu site.

Salário mínimo sem aumento real empobrece trabalhador e tira R$ 7 bi da economia JUCA GUIMARÃES SÃO PAULO (SP)

»»Em 2020, pela primeira vez em 17 anos o salário míni-

mo será reajustado apenas pela inflação, sem aumento real. A decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) joga no lixo uma política de valorização do mínimo que não só elevou o padrão de renda de trabalhadores e aposentados, como teve papel central na sustentação da economia do país desde 2004, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início aos reajustes acima da inflação. Essa política seria consolidada em 2006, com a regra de aumento pela inflação do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Se aplicada em 2020, além do reajuste inflacionário, os 48 milhões de brasileiros que recebem salários e aposentadorias referenciados no mínimo teriam mais 1,1% de aumento pelo PIB de 2018 – o que daria cerca de R$ 7 bilhões a mais circulando na economia. A valorização do mínimo, com aumento real, é peça-chave do desenvolvimento e da recuperação da economia brasileira por meio das chamadas medidas anticíclicas, como uma espécie de blindagem da economia para as variações e crises externas, segundo explica Arthur Henrique da Silva, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) entre 2006 e 2012. “Políticas anticíclicas, que são importantes do ponto de vista econômico, para que aconteça o desenvolvimento econômico local, têm tudo a ver com o salário mínimo, ainda mais se levar em consideração que no Brasil 70% da população recebe até dois salários mínimos. Aí falando de trabalhadores, informais, aposentados e pensionistas”, disse. Com o fim da política de valorização, o governo Bolsonaro definiu no Orçamento para 2020 que o piso será atualizado pela inflação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE, e só. A estimativa, feita em agosto, era de 4,02% - de R$ 998 para R$ 1.039.


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GERAL

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Bolsonaro dá passaporte diplomático a parentes de suspeito da morte de Marielle Benefício foi concedido à familiares de Domingos Brazão, acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato da vereadora

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Nordeste tem 132 praias contaminas por petróleo VINÍCIUS SOBREIRA

RECIFE (PE)

Divulgação

»»Há pouco mais de um mês banhistas

IGOR CARVALHO

SÃO PAULO (SP)

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oão Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty o passaporte diplomático em 9 de julho deste ano. O parlamentar, que também possui o documento, é irmão de Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, e suspeito de ser num dos mandantes do crime. Domingos Brazão é investigado desde fevereiro deste ano sob suspeita de obstruir as investigações do caso Marielle. No último dia 17 de setembro, a ex-procuradora geral da República, Raquel Dodge, apresentou uma denúncia contra ele nesse sentido e também solicitou a abertura de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se o conselheiro foi o mandante do assassinato.

Brazão é suspeito de obstruir as investigações do caso Marielle Franco

Chiquinho Brazão, que é sócio do irmão Domingos Brazão em uma rede de postos de gasolina, fez toda sua trajetória política em Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro, e região controlada pelas milícias. Em 2012 e 2016, Chiquinho Brazão foi o vereador mais votado na região de Rio das Pedras. Em 2018, foi eleito deputado federal, usando o bairro como base para sua campanha. Entre 2016 e 2018, seu patrimônio subiu de R$ 2,3 milhões para R$ 3,4 milhões, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Os integrantes da família Brazão VOCÊ SABIA estão em uma lista com os 1694 passaportes diplomáticos emitidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) até 15 de agosto, a qual o Brasil de Fato teve acesso por meio da Lei de Acesso à Informação.

POR QUE É CONCEDIDO O PASSAPORTE DIPLOMÁTICO?

»Em nota enviada ao Brasil de Fato, o Ita-

maraty aponta que o passaporte diplomático é um direito garantido pelo Decreto 5.978 de 2006, que prevê a entrega do documento para os seguintes cargos públicos do alto escalão do executivo e judiciário. Sobre a entrega do documento para parentes de parlamentares, o decreto afirma. “A concessão de passaporte diplomático ao cônjuge, companheira ou companheiro e aos dependentes das pessoas indicadas neste artigo será regulada pelo Ministério das Relações Exteriores.” Para Gisele Ricobom, professora da Faculdade Nacional de Direito e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), o decreto permite uma interpretação ampla, que afasta a possibilidade de ilegalidade. Porém, “é uma prática imoral, já que filhos de deputados não representam o Brasil no exterior.” “Qual a função do passaporte diplomático? Não é um privilégio, é uma prerrogativa de um funcionário público", explica.

encontraram manchas escuras de óleo em praias na Paraíba. Nos dias seguintes a substância alcançou as praias pernambucanas de Piedade, Boa Viagem, Del Chifre, Cupe e Tamandaré. Hoje, já são 132 praias do Nordeste atingidas pelo que se descobriu ser petróleo cru. Além dos mencionados, também foram atingidos Alagoas, Sergipe, Ceará, Piauí e Maranhão. Em toda a região, apenas o litoral da Bahia foi preservado. Ainda não se sabe em que circunstâncias houve o derramamento ou quem cometeu o crime ambiental. Em Pernambuco foram 16 praias atingidas, mesmo número de locais afetados na Paraíba. O Rio Grande do Norte teve a costa mais atingida, com 40 pontos recebendo o petróleo. A corrente marítima na costa nordestina vem do sul para o norte e levou o material para o litoral cearense, piauiense e maranhense. Após atingir dois mil quilômetros da costa do Nordeste, a substância se dirige agora em direção ao Pará. Sobre a origem do material, as principais possibilidades ventiladas pela agência de meio ambiente de Pernambuco (CPRH) são de que houve um vazamento de alguma embarcação ou um despejo intencional do produto no oceano após limpeza de tanque. Ambas são crimes: a primeira, ainda que o vazamento tenha sido acidental, houve omissão; a segunda, do descarte intencional, é violação das normas, já que esse tipo de limpeza só é permitido em portos, onde o óleo pode ser entregue a empresas especializadas em tratamento. A agência avalia ainda que, pela quantidade de material, dificilmente teria sido oriunda da limpeza de tanque de uma única embarcação.


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CULTURA & LAZER

Preta Rara: “A senzala moderna é o quartinho da empregada”

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Lançado recentemente, livro “Eu, empregada doméstica” reúne relatos de violências vividas por trabalhadoras em todo país LU SUDRÉ

SÃO PAULO (SP)

“A

senzala moderna é o quartinho da empregada.” A analogia feita pela historiadora e rapper Preta Rara, escancara as situações degradantes as quais milhões de trabalhadoras domésticas, em sua grande maioria negras, vivem diariamente no Brasil. Preta Rara trabalhou como empregada doméstica até 2009. Foi demitida por não aceitar comer restos de comida oferecidas pela patroa. Era proibida de se alimentar das refeições que ela mesma cozinhava.

Há mais de três anos, decidiu relatar o ocorrido em seu perfil no Facebook. Era apenas um entre os muitos episódios de violações de direitos humanos e racismo que havia sofrido de diferentes patrões em nove anos trabalhando como empregada doméstica. Em pouco tempo, a publicação ganhou repercussão e Preta começou a receber centenas de mensagens de outras empregadas que também haviam sofrido maus tratos e violências ainda piores. Foi então que a historiadora decidiu criar a página “Eu, empregada doméstica”, para reunir depoimentos de milhares de

Rapper trabalhou como empregada doméstica até 2009

Vale ressaltar que o único que não aceitou a PEC das Domésticas quando era parlamentar é nosso atual presidente

Remedinhos naturais contra candidíase

»»Os sintomas da candidíase vaginal, como ardência,

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coceira e secreção que parece uma coalhada, podem ser aliviados com várias receitas caseiras. A infecção é causada por um fungo que vive na nossa flora vaginal e é muito comum. Como possibilidade terapêutica natural, uma boa opção é o banho de camomila. É só fazer o chá e lavar delicadamente a vagina internamente com seringa. Você pode também fazer um banho de assento, cobrindo toda a vagina, com água e bicarbonato de sódio, em uma proporção de uma colher de sopa para ½ litro de água. Pode-se adicionar 10 gotas de óleo essencial de melaleuca a essa mistura. Óleo de coco também ajuda a aliviar a coceira e refazer as células que foram descamadas. É só passar uma colher de chá de óleo com os dedos após lavar com bicarbonato.

trabalhadoras domésticas de todo o Brasil. No mês de setembro, a rapper lançou um livro que leva o mesmo título da página. Em entrevista ao Brasil de Fato, Preta Rara afirma que os relatos apresentados na obra são inéditos e explicitam o racismo estrutural do país. “O trabalho doméstico no Brasil ainda é análogo à escravidão. As trabalhadoras

domésticas tem cor e classe: São mulheres periféricas, pobres e pretas. É uma classe julgada como inferior”, sentencia. Um estudo publicado em 2018 – feito em parceria pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a ONU Mulheres –, compilou dados históricos do trabalho doméstico entre 1995 a 2015 e constatou a predominância das mulheres negras nessa função ao longo do tempo. No último ano analisado, por exemplo, das 5,7 milhões trabalhadoras domésticas, 3,7 milhões eram negras e pardas. Rara, que é historiadora e também produtora de conteúdo, acredita que os poucos direitos garantidos estão sob ameaça com o governo de Jair Bolsonaro (PSL). “Vale ressaltar que o único que não aceitou a PEC das Domésticas quando era parlamentar é nosso atual presidente. É um grande retrocesso para a classe trabalhadora. Sem contar políticas como a reforma da Previdência”, avalia.

Conheça seu corpo

»»Cada pessoa é única e sente efeitos diferentes aos

tratamentos naturais. É importante estar atento, olhar e tocar cada parte, com muita paciência, para sabermos avaliar como estamos reagindo. Conhecer o próprio corpo ajuda, inclusive, avaliar nossa rotina, nossa alimentação e nossos relacionamentos. Saber o que faz bem e que faz mal é o início para uma vida saudável. Ah! E é claro que a automedicação não é recomendada!


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CULTURA & LAZER

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FRASE DA SEMANA

Acima de tudo, sou mulher negra. Fui muitas vezes rejeitada. Sofri muito, mas nunca perdi minha dignidade e jamais perderei. Evento estimula produção literária de moradores de favelas do Rio

Elza Soares, cantora será homenageada pela Mocidade com samba-enredo que contará sua trajetória de vida.

FLUP 2019 traz a potência da produção literária negra das periferias GABRIELLA MESQUITA

SÃO PAULO (SP)

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FLUP é a Festa Literária Internacional das Periferias que tem como essência celebrar a produção periférica dos moradores da cidade do Rio de Janeiro, em territórios que tradicionalmente são excluídos dos programas literários. Esse ano, a festa, que acontece entre os dias 16 e 20 de outubro, chega à sua 8º edição. Desta vez, as atividades vão se concentrar no centro da cidade, por conta do surto de violência que a capital têm sofrido.

O local escolhido é o MAR, o Museu de Arte do Rio, que fica próximo ao Cais do Valongo, o maior porto escravagista da história mundial, batizado de “Pequena África” pelo sambista carioca Heitor dos Prazeres. O produtor cultural, escritor e co-fundador da Festa Literária das Periferias, Julio Ludemir conta que além da programação, a FLUP precede um processo de formação, que já resultou na publicação de 20 livros de escritores das favelas cariocas. Ele fala da importância de se pautar a literatura periférica no Brasil.

“A principal diferença da FLUP para os demais festivais literários é o compromisso de procurar novas vozes para a literatura brasileira que revela e escuta uma produção periférica, não apenas no sentido territorial mas que passa pelo feminismo negro, pela interseccionalidade, que reconhece, detecta e dialoga com uma produção trans e que vai, desde quem é surdo e fala com o próprio corpo a algo que passe pela potência de uma produção literária negra no Brasil, que foi ignorada ao longo da história”, explica.

Solano Trindade: poeta afiado »O homenageado desta edição será o poeta, ensaísta e folclorista pernambucano, Solano Trindade, falecido nos anos 70, que usou suas poesias afiadas para denunciar as desigualdades sociais brasileiras. Durante a festa, será encenado o espetáculo teatral o “Vento Forte Africano”, de Solano Trindade, com dramaturgia de Elisa Lucinda e Geovana Pires. Além disso, a programação contará com batalha de poesias e mesas de debates sobre sexismo, racismo, discriminação de idade, homofobia e gordofobia.

Divulgação

O poeta e ensaísta Solano Trindade, é o autor homenageado desta edição


10 MUNDO

RJ

RIO DE JANEIRO, 17 A 23 DE OUTUBRO DE 2019

Equador: protestos e recuo do governo equilibram jogo político

Rodrigo Buendia / AFP

Manifestações populares contra medidas impostas pelo FMI tomaram o país durante 12 dias; tensão continua REDAÇÃO

SÃO PAULO (SP)

O

recuo do governo do Equador em relação ao decreto que aumentava o preço dos combustíveis em 123% - e que levaram a uma série de protestos - pode significar um equilíbrio de forças na situação política do país, até então mais favorável os grupos econômicos que apoiam a gestão neoliberal do presidente Lenín Moreno. Os protestos, que duraram 12 dias, mostraram o poder dos movimentos populares equatorianos, liderados sobretudo pela Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie).

Antes dos protestos, além do fim dos subsídios, Moreno havia anunciado uma série de outras medidas como parte de exigências feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre elas, as reformas trabalhista e previdenciária. REPRESSÃO Ao todo, segundo dados divulgados na última terça-feira (15) pela Defensoria Pública, instituição nacional que monitora a situação dos direitos humanos no Equador, 1.192 pessoas foram presas. Muitas não tiveram acusações formais apresentadas. Além disso, 8 morreram e 1.340 ficaram feridas.

Manifestações foram encerradas após acordo entre governo e movimento indígena Divulgação

BOLÍVIA

MAIS DE 45 MIL BOLIVIANOS NO BRASIL ESTÃO APTOS A VOTAR Cerca de 45.793 cidadãos bolivianos que residem no Brasil deverão comparecer às urnas no próximo domingo (20) para escolher seus representantes no país de origem. Além de presidente e vicepresidente do Estado Plurinacional da Bolívia, serão eleitos 130 deputados e 36 senadores para o período de 2020-2025. Haverá colégios eleitorais em 11 cidades de sete estados brasileiros.

EUA negam apoio à entrada do Brasil na OCDE »»O

governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se recusou a endossar a tentativa do Brasil de ingressar na Organização de Cooperação e Desenvolvimenvto (OCDE). Trata-se de uma reversão após meses de apoio público das principais autoridades, inclusive do próprio Trump. Segundo uma cópia de uma carta enviada ao secretário-geral da OCDE Angel Gurria, em 28 de agosto, o secretário de Estado Mike Pompeo rejeitou um pedido para discutir mais ampliações do clube dos países mais ricos. Na carta consta que os EUA, no entanto, mantêm apoio para a inclusão da Argentina e da Romênia no grupo. O Brasil fez seu pedido para entrar na organização em maio de 2017. “Ou Trump não está nem aí para Bolsonaro, ou a burocracia do governo americano não está nem aí para Trump”, disse o ex-chanceler brasileiro Celso Amorim ao site Brasil 247.


RJ

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ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 17 A 23 DE OUTUBRO DE 2019

Divulgação

Allyson Felix mudou as regras da Nike

BRASILEIRÃO 26ª RODADA

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QUA 16/10/2019 ARENA DO GRÊMIO 19:15

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QUA 16/10/2019 REI PELÉ 19:15

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QUA 16/10/2019 CASTELÃO (CE) 20:00

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QUA 16/10/2019 MINEIRÃO 21:00

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QUA 16/10/2019 ARENA PALMEIRAS 21:00

Atletista enfrentou preconceito em relação à maternidade; ela denunciou oferta da Nike de redução de 70% de seu contrato LORENA LEMOS

BELO HORIZONTE (MG)

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a primeira semana deste mês, várias manchetes de jornais no Brasil e no mundo traziam a notícia da conquista de 12 medalhas de ouro pela americana Allyson Felix no Campeonato Mundial de Atletismo. Porém, este não é o único feito inédito e de repercussão internacional da atleta, já que ela expôs a empresa que a patrocinava e o machis-

mo sofrido durante o processo de negociação de sua renovação de contrato quando estava grávida. As regras da empresa mudaram, mas isso aconteceu depois da denúncia feita pela atleta na mídia americana sobre a oferta da Nike de redução de 70% do valor de seu contrato, em decorrência da gravidez. Allysson perdeu o patrocínio, mas após 10 meses da gestação de sua primeira filha, Cammy, a norte-americana de 33 anos derrubou a marca de 11 meDivulgação

dalhas de ouro em mundiais, registrada em 2013. O desempenho da recordista internacional, que superou o consagrado ex-velocista jamaicano Usain Bolt, demonstrou não apenas o árduo trabalho da atleta, mas também a importância da luta das mulheres no esporte de alto rendimento por melhores salários, por visibilidade e reconhecimento na mídia e pelo enfrentamento do preconceito em relação à maternidade no mundo esportivo.

TORNEIO

Brasil conquista 17 medalhas no Grand Slam de Judô Adulto REDAÇÃO

NATAL (RN)

»»Disputado em Brasília (DF),

Judoca Ketleyn Quadros foi ouro no Grand Slam

o Grand Slam de Judô é um dos maiores eventos da modalidade em todo o mundo. Para o torneio, foram reunidos cerca de 400 atletas de ponta, de 61 diferentes nacionalidades, com transmissão ao vivo para 120 países. Foi um dos melhores resultados nacionais em

Grand Slams, conquistando 17 medalhas, sendo quatro medalhas de ouro, nove de prata e quatro de bronze. O Brasil foi representado por nomes como Beatriz Souza, Ketleyn Quadros, Maria Suelen Altheman, David Moura, Rafael Buzacarini, Alexia Castilhos, David Lima e Maria Portela. Com o resultado, o país acumula 78 medalhas nas edições do torneio realizadas no Brasil.

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QUA 16/10/2019 SÃO JANUÁRIO 21:30

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QUI 17/10/2019 VILA BELMIRO 19:15

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QUI 17/10/2019 RESSACADA 19:15

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CAP

QUI 17/10/2019 MARACANÃ 21:00 TABELA CLASSIFICAÇÃO 1 Flamengo 2 Palmeiras 3 Santos 4 Corinthians 5 São Paulo 6 Grêmio 7 Internacional 8 Bahia 9 Goiás 10 Athletico-PR 11 Atlético-MG 12 Vasco 13 Botafogo 14 Fluminense 15 Fortaleza 16 Ceará 17 CSA 18 Cruzeiro 19 Avaí 20 Chapecoense

P 58 50 48 43 43 41 39 38 36 35 31 31 30 29 28 26 25 22 17 16

J 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25 25

V 18 14 14 11 11 11 11 10 11 10 9 8 9 8 8 7 6 4 3 3

SG 32 20 13 11 10 16 6 6 -10 8 -5 -8 -5 -7 -7 -2 -20 -14 -24 -20


12 ESPORTES

RIO DE JANEIRO, 17 A 23 DE OUTUBRO DE 2019

PAPO ESPORTIVO

ARTHUR NORY, O CAMPEONATO MUNDIAL E O RACISMO QUE NÃO SE APAGA

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edalha de bronze na prova do solo nos Jogos Olímpicos Rio 2016, Arthur Nory conquistou a medalha de ouro na barra fixa no Campeonato Mundial de Ginástica Artística em Sttutgart, na Alemanha, no último domingo (13). No entanto, enquanto o atleta brasileiro comemorava o título, internautas relembravam um caso polêmico envolvendo Nory e o também ginasta Ângelo Assumpção. Em 2015, Arthur Nory (que na época era conhecido como Arthur Mariano) e outros atletas gravaram um vídeo fazendo comentários racistas sobre a cor da pele de Ângelo: “O saco do supermercado é branco, o de lixo é preto por quê?”. Os ginastas Felipe Arawaka e Henrique Flores também apareceram no vídeo. Com a repercussão negativa, os atletas foram afastados por 30 dias pela Confederação Brasilei-

ra de Ginástica (CBG) e ainda gravaram um vídeo no qual pediam desculpas a Ângelo Assumpção e diziam que tudo não passava de uma “brincadeira”. Arthur adotou o sobrenome Nory e seguiu a carreira. Logo na sua primeira grande competição, ficou com o bronze no solo nos Jogos Rio 2016. Na época, em entrevista ao Globo Esporte, o técnico de Nory, Cristiano Albino, minimizou o caso de racismo envolvendo seu atleta: “Já é um assunto esquecido. Não temos que voltar em coisa ruim. Foi comprovado judicialmente que foi uma brincadeira entre amigos”. Enquanto isso, Ângelo, que foi “blindado” junto com os outros atletas envolvidos no caso pela CBG, só viria a se manifestar mais de um ano depois, já sem patrocínio e sem o ânimo de antes. Há quem possa pensar como Cristiano Albino. Por outro lado, é preciso lembrar que atitudes como a de Arthur Nory ainda são bastante comuns. Dentro e fora do esporte. Ofensas relacionadas à cor da pele que se travestem de

E ESSA SELEÇÃO HEIN?

PARA RECEBER »Está cada vez mais difícil defender Tite e a Seleção AS MATÉRIAS DO BRASIL DE FATO Brasileira das críticas. Os jogos contra Senegal DIRETAMENTE NO SEU e Nigéria disputados em Singapura só serviCELULAR,BASTA SALVAR ram para desfalcar os clubes e provocar a O NÚMERO (21) 993734327 NOS SEUS CONTATOS E ENVIAR ira da torcida. Nada além disso. UM OI EM NOSSO WHATSAPP.

RJ

LUIZ FERREIRA

Nory conquistou a medalha de ouro na barra fixa no Campeonato Mundial

“piadas” e “brincadeiras” quando o alvo resolve se manifestar ou quando o grande público toma conhecimento disso. Embora a CBG tenha tentado abafar o caso (como tentou fazer quando o técnico Fernando de Carvalho foi acusado de abuso sexual por mais de quarenta atletas), casos como este não possuem prazo de validade. O combate ao racismo evoluiu muito nos últimos anos. O que era “aceitável” e tratado como “brincadeira” passou a ser considerado ofensa grave e passível de punições severas. Pelo menos dentro do esporte. O grande problema está naqueles que insistem em “passar pano” em situações como essas. Seja por ainda não en-

tenderem que é preciso mudar ou por não desejarem ver o atleta promissor fora das competições. Mal percebem que acabam transformando o racismo em algo “tolerável” para todos. É bem possível que Arthur Nory tenha se arrependido amargamente da sua “brincadeira”. Não somente pelo ato em si. Mas também por perder a confiança de alguém que o chamava de amigo, como o próprio Ângelo Assumpção fez questão de frisar mais de uma vez. E pelo que se viu nas redes sociais nesse final de semana, a carreira de Arthur Nory, por mais vitoriosa que seja, vai carregar essa mancha por muito, muito tempo.

FLUMINENSE PRECISA SE AFIRMAR NO BRASILEIRÃO

»O Fluminense encara o Athletico Paranaense nesta quinta-fei-

ra (17) no Maracanã. É jogo para se afirmar no Brasileirão e concretizar a arrancada. Marcão vem mandando muito bem até aqui.


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