Edição 352

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EDIÇÃO 352

Ano 9

5 a 11 de maio de 2022

distribuição gratuita

brasildefatorj.com.br

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RJ

BRASIL DE FATO CELEBRA 9 ANOS NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO

Jaqueline Deister

Jornal que é distribuído, semanalmente, de forma gratuita, aposta em novas linguagens. GERAL, PÁG 3. Divulgação

Pablo Vergara

ESCOLAS NÃO SERVEM ALIMENTOS SUFICIENTES PARA A MERENDA NA REDE ESTADUAL DO RJ

Mais estudantes estão se alimentando nas escolas, porém verba repassada pelo governo após reajuste não é suficiente. GERAL, PÁG 7.

PAPO NA LAJE: PROGRAMA DE TV IDEALIZADO POR JOVENS TERÁ SEGUNDA TEMPORADA

Episódios inéditos gravados em diferentes lajes do Rio serão exibidos a partir de junho. CULTURA & LAZER, PÁG 8.

PROJETO IMPLEMENTA HORTAS URBANAS NA ROCINHA

Cogumelos da Mata Atlântica, alimentos orgânicos e criação de abelhas sem ferrão para produção de mel vão gerar renda para moradores. GERAL, PÁG 5.

Rebeca Reis/CBF

ACESSE AS NOTÍCIAS DO BRASIL DE FATO RJ TAMBÉM PELO CELULAR, ATRAVÉS DO QR CODE

O QUE ESTÁ EM JOGO COM A CRIAÇÃO DA LIGA DO FUTEBOL BRASILEIRO?

Fique por dentro do debate na coluna Papo Esportivo. ESPORTES, PÁG 12.


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GERAL

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Após homenagem que rendeu título à Grande Rio, Exu pode se tornar patrimônio do Rio Gabriel Monteiro / Riotur

Reprodução

LEONARDO DICAPRIO PEDE QUE JOVENS BRASILEIROS TIREM TÍTULO DE ELEITOR

O ator norte-americano Leonardo DiCaprio entrou na campanha e convocou os jovens brasileiros entre 16 e 17 anos a tirarem o título de eleitor, cujo prazo se encerrou na última quarta-feira (4). No Twitter, ele lembrou das ações no governo de Jair Bolsonaro (PL) que estão destruindo a Amazônia e outros ecossistemas. “O Brasil abriga a Amazônia e outros ecossistemas críticos para as mudanças climáticas. O que acontece lá é importante para todos nós e o voto dos jovens é fundamental para promover a mudança para um planeta saudável”, escreveu o ator.

Projeto de lei pretende contribuir para combater o racismo religioso no estado REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

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omenageado pelo enredo da Acadêmicos do Grande Rio neste ano, que rendeu o título do carnaval carioca à escola, Exu virou tema também de projeto de lei apresentado na Câmara do Rio. Pegando carona na popularidade da entidade, o vereador Átila A. Nunes (PSD) propôs que Exu se torne patrimônio do Rio. A justificativa da proposta é que a imagem da entidade seja desmistificada e com isso contribua para combater o racismo religioso. Se aprovado em duas votações pelo plenário da Câmara, o texto segue para sanção do prefeito Eduardo Paes (PSD). O projeto de lei foi protocolado na quarta-feira (27), um dia depois da Grande Rio conquistar o título. Na Avenida, a escola de

Duque de Caxias contou a história de Exu, orixá do movimento e da comunicação. No Twitter, após o resultado da apuração, o vereador parabenizou a escola “por mostrar um desfile que certamente vem pra romper com o preconceito religioso”, ao se referir ao enredo “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”. A avaliação do vereador e o gosto dos jurados coincidiu com o “barulho” que a escola conseguiu criar nas redes sociais logo após seu desfile. Por isso, a Grande Rio vinha sendo apontada como a favorita ao título. A Vermelho, Verde e Branco de Caxias é a escola mais jovem a desfilar no Grupo Especial e foi fundada em 1988. Apesar da pouca idade, a Grande Rio colecionou algumas quase vitórias até a esperada vitória. Ela foi vice-campeã em 2006, 2007, 2010 e 2020.

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” será novamente exibido em Cannes após 58 anos » Um dos marcos do cinema brasileiro, “Deus e o Diabo na Ter-

ra do Sol” será exibido no 75º Festival de Cannes, na França, como parte da mostra Cannes Classics. O segundo longa de Glauber Rocha, filmado em 1964 em Monte Santo, sertão da Bahia, passou por processo de restauração nos três últimos anos. “Deus e o Diabo” teve estreia mundial justamente em Cannes e ganhou indicação à Palma de Ouro. Uma honraria que havia sido obtida dois anos antes, 1962, por outra obra-prima nacional: “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte. A última digitalização do longa foi feita em 2002. Agora, o filme foi restaurado com a tecnologia 4K, na Cinecolor, empresa parceira da Cinemateca Brasileira. Esta obra escapou do incêndio ocorrido em um galpão da Cinemateca, há quase um ano.

www.brasildefatorj.com.br redacaorj brasildefato.com.br /brasildefatorj brasildefatorj

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CONSELHO EDITORIAL: Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Joaquín Piñero (in memoriam), Mário Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam), Cláudia Santiago, Gerson Castellano, Carolina Proner, Maíra Marinho, Pablo Vergara, Olímpio Alves dos Santos, Silas Evangelista, Valéria Zacarias e Cristina Valle | EDIÇÃO: Mariana Pitasse | SUBEDIÇÃO:Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO: Aline Bernardino | DISTRIBUIÇÃO: Caroline Otávio | REDAÇÃO: Clívia Mesquita, Jéssica Rodrigues, Jaqueline Deister, Luiz Ferreira e Lucas Maia | DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga e Pablo Tavares.


GERAL

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Brasil de Fato RJ celebra 9 anos com exibição de mini documentário e mostra de principais capas Jaqueline Deister

Jornal que é distribuído em formato tabloide desde 2013, semanalmente, de forma gratuita, aposta em novas linguagens JAQUELINE DEISTER E JÉSSICA RODRIGUES

RIO DE JANEIRO (RJ)

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Brasil de Fato RJ completou nove anos neste domingo (1º), Dia do Trabalhador. O veículo de comunicação, que tem como principal compromisso informar a população fluminense através de uma visão popular, é distribuído em formato tabloide desde 2013, semanalmente, de forma gratuita nos principais pontos de circulação de trabalhadores na capital e região metropolitana do Rio de Janeiro. Para celebrar, um evento será realizado no Armazém do Campo, na Av. Mem de Sá, 135, Lapa, nesta sexta-feira (6). Na programação está a exibição de um mini documentário contando um pouco da história do veículo de comunicação e uma exposição feita a partir da seleção de capas do jornal publicadas nos últimos anos, que resumem as coberturas jornalísticas mais importantes estampadas no impresso. A editora do Brasil de Fato RJ, Mariana Pitasse, afirma que, nestes nove anos, a principal característica do veículo sempre foi privilegiar assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas, por isso, o jornal apresenta temas como educação, saúde, política, direitos humanos e questões sociais, com uma linguagem de fácil entendimento, com o objetivo

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Jornal é distribuído semanalmente na estação das barcas, trens e ônibus na capital e região metropolitana do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro foi o primeiro estado a ter o jornal em versão tabloide com a marca Brasil de Fato de mostrar como atravessam a vida da população. “A gente tem uma preocupação muito grande de que seja um jornal que tenha um conteúdo de qualidade, que chegue às pessoas nesse trajeto que elas estão fazendo da casa até o trabalho, por isso que a gente distribui ele na Central do Brasil, na estação

das barcas, no metrô, porque a gente quer que as pessoas peguem esse jornal, leiam e que seja uma leitura que as acompanhe nesse trajeto”, explica Mariana. O Rio de Janeiro foi o primeiro estado a ter o jornal em versão tabloide com a marca Brasil de Fato, desde que foi encerrada a versão nacional em formato standard, que circulou de 2003 a 2013. Atualmente, o veículo tem uma tiragem de 20 mil exemplares impressos por semana, além do portal de notícias online e das redes sociais. O coordenador político do Brasil de Fato RJ, Rodrigo Marcelino, acredita que a comunicação popular feita pelo jornal se faz cada vez mais necessária, principalmente neste momento político em

que o país enfrenta tentativas diárias de retrocessos. “Manter o jornal Brasil de Fato na rua é manter acesa a esperança na possibilidade de um projeto popular para o Brasil, de levar adiante as reformas estruturais que podem destravar os caminhos do desenvolvimento, que possam diminuir a desigualdade do povo brasileiro e que possam abrir as portas para uma nova etapa da luta de classes”, resume. Em 2021, o Brasil de Fato RJ começou a produzir reportagens em formato audiovisual para o programa Central do Brasil, uma parceria com a rede TVT. As matérias expõem situações, temas e questões sociais que acontecem no estado do Rio, com o objetivo de levar informa-

ção de qualidade em nova linguagem para mais trabalhadores. O veículo também passou a integrar a produção do programa de TV Papo na Laje, em parceria com a TV Comunitária do Rio de Janeiro. O programa reúne jovens em lajes das periferias e das favelas do Rio para debater assuntos relevantes do dia a dia da sociedade e da classe trabalhadora. “Ao mesmo tempo que estamos na rua distribuindo jornal impresso, não quer dizer que a gente parou no tempo. Estamos entregando notícias em diferentes formatos e acompanhando também essas mudanças da internet que trazem uma renovação para as formas de apresentar a notícia”, conclui a editora.


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GERAL

REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

O

número de desaparecimentos de pessoas no Estado do Rio de Janeiro, nos três primeiros meses de 2022, já supera os registros do mesmo período de 2021. No total, foram 1.416 casos contra 1403, entre janeiro e março, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). O crescimento deste primeiro trimestre é ainda maior na Baixada Fluminense. Em Belford Roxo, houve notificação de 21 desaparecimentos, quando, em todo o ano de 2021, foram 15 casos. Já em Nova Iguaçu, eles somaram 33 de janeiro a março, contra os 22 ao longo dos 12 meses, aumento de 31%. As informações foram apresentadas em uma audiência pública na última quarta-feira (27) por uma comissão especial criada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para apurar esses desaparecimentos e indicam a

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Número de desaparecidos no RJ entre janeiro e março já supera 2021 inteiro Criada em 2019, a Política Nacional de Busca de Desaparecidos ainda está em “fase de implementação” Fotos públicas

Baixada não possui uma delegacia específica e casos são investigados pela Delegacia de Homicídios

Em Belford Roxo, na Baixada, houve notificação de 21 desaparecimentos nos primeiros meses de 2022, quando em todo o ano de 2021 foram 15 casos.

necessidade de atenção especial para a Região Metropolitana do estado. O presidente da comissão, deputado Danniel Librelon

Baixada Fluminense tem alta de homicídios em ações policiais, aponta Fórum Grita Baixada Movimento questiona estatística que deixa de fora mortes causadas por agentes em folga REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

» Em plena pandemia da co-

vid-19 e mesmo sob a vigência da Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, em que o Supremo Tribunal Federal (STF) restringiu a ação policial em favelas e periferias, o Rio de Janeiro sofreu aumento de 10% nas

mortes provocadas por agentes públicos de segurança. Os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) foram compilados e interpretados pelo Fórum Grita Baixada (FGB) no terceiro e último "Boletim Racismo e Violência na Baixada Fluminense". O boletim aponta aumento de mortes bem acima da média em algumas cidades da Baixada Fluminense com mais de 100 mil habitantes,

Japeri, Duque de Caxias, Belford Roxo e São João de Meriti lideram os casos de homicídios como é o caso de Japeri (92%) e Duque de Caxias (37%). Belford Roxo e São João de Meriti vêm logo em seguida com aumentos de 14% cada

um. Pretos e pardos são alvo preferencial e alcançam 70% de todos os mortos decorrentes da ação policial. Uma das problematizações apresentadas recai sobre dados que consideram apenas as mortes decorrentes da ação policial ordinária, isto é, em serviço. Mortes provocadas por policiais em folga ou mesmo mediante a participação de policiais em grupos ilegais não são consi-

(Rep), destacou que a Baixada não possui uma delegacia de Descoberta de Paradeiros e os casos acabam sendo investigados pela Delegacia de Homicídios. “O aumento é preocupante. A Região Metropolitana precisa de políticas públicas eficazes para combater os desaparecimentos. A Baixada Fluminense registra muitos casos, é uma região com população de quase quatro milhões de pessoas e não possui uma delegacia especializada para acompanhar os registros”, afirmou. Em 2019, foi criado em âmbito federal a Política Nacional de Busca de Desaparecidos, mas uma representante do Ministério da Justiça presente na audiência admitiu que o órgão está “ainda em fase de implementação”.

derados neste levantamento. A Baixada continua a ser um território extremamente marcado pela violência de agentes públicos. Como se não bastasse a ação de grupos à margem da lei, o próprio Estado é produtor sistemático de mortes. "Entre narrativas e dados oficiais buscamos traduzir a realidade da Baixada que é também a do Brasil: uma configuração urbana que produz territórios de exclusão. E não por acaso, dessa dinâmica de negação da cidade, faz parte o genocídio da população negra, jovem e pobre", explicou a Articuladora de territórios do FGB, Lorene Maia.


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Divulgação

Orgânicos acessíveis

Projeto quer desmistificar a ideia de que o alimento orgânico, sem uso de agrotóxicos, deve ser caro

Hortas urbanas: projeto na Rocinha em parceria com UFRRJ vai ocupar lajes da comunidade

Cogumelos da Mata Atlântica, alimentos orgânicos e criação de abelhas para produção de mel vão gerar renda local EDUARDO MIRANDA

RIO DE JANEIRO (RJ)

U

ma parceria entre moradores da Rocinha, na zona sul da capital fluminense, e pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado (Faperj), vai criar hortas para a produção de alimentos, mel e espécies medicinais em 50 lajes na parte alta da comunidade. O projeto foi um entre os 25 contemplados no edital da Faperj e, com isso, a UFRRJ pretende criar um modelo sustentável de geração de renda e de produção de alimentos orgânicos

a partir do cultivo de cogumelos nativos da Mata Atlântica, produção de espécies medicinais, além de tubérculos, frutas, oleiculturas, flores convencionais, plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e a criação de abelhas sem ferrão para um tipo de mel cujo litro chega a custar R$ 600. Coordenador do projeto na Rocinha, o professor José Lucena Barbosa Júnior, do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Rural, morou com a família por quase duas décadas na comunidade. Ele disse ao Brasil de Fato que chegou a hora de retribuir, mas que o exemplo de soberania

Projeto pretende criar um modelo sustentável de geração de renda e de produção de alimentos orgânicos

alimentar e geração de renda pode se multiplicar em outras favelas do Rio. "Vemos historicamente tentativas de bloquear com um muro o crescimento da favela para a área da Floresta da Tijuca. Falta visão da sociedade para mostrar aos moradores que aquele ambiente não é intocado e que é interessante manter a floresta de pé também porque ali existem espécies que podem ajudar a produzir alimentos, ainda mais agora com a fome de volta ao pais", explica Lucena. O professor lembrou que o reflorestamento do Parque Nacional da Tijuca no século XIX, logo após as autoridades da época compreenderem a importância da floresta para o equilíbrio do meio ambiente, não respeitou as espécies nativas e levou para a área tantas outras que não eram dali. Ele disse que o projeto tem como foco reintroduzir espécies, como a juçara, para a produção de açaí.

»Durante os próximos meses, agrônomos, engenheiros florestais, farmacêuticos e pesquisadores da Rural, assim como empresas parcerias, estarão empenhados também em desmistificar a ideia de que o alimento orgânico, sem uso de agrotóxicos, deve ser caro e, consequentemente, só pode ser consumido por pessoas com mais renda. Na Rocinha, ideias que já eram colocadas em prática pelo empreendedor social Flávio Gomes, morador da comunidade, vão se juntar às novas lajes de agricultura agroecológica. Nos últimos três anos, Flávio aliou seu conhecimento da região à vontade de transformar a Rocinha e foi atrás de cursos de capacitação em universidades públicas do Rio de Janeiro. "A gente tem que falar a linguagem do morador, tem que explicar que não tem lógica o produto orgânico ser mais caro porque a produção é mais barata", explica o empreendedor social, liderança local no projeto. Flávio conta que conheceu a fome de perto e reconhece a importância das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), como Ora-pro-nobis, bertalha, taioba e tantas outras para combater a fome. Ele foi criado no alto da Rocinha, região mais pobre do bairro, em uma família de quatro filhos e dentro de uma casa de pau a pique de 28 metros quadrados. "Eu pego, faço, levo para a galera num bar e fica todo mundo surpreso. A comida está do nosso lado, a gente só precisa de conhecimento de agroecologia e do que é bom para a nossa saúde. As hortas são ferramenta contra a desigualdade social", conclui o morador.


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Famílias voltam a ter endividamento recorde em abril Pesquisa mostra que a alta da inflação e dos juros fez com que três em cada 10 famílias atrasassem suas contas em abril REDAÇÃO

ao ano), as famílias buscam crédito para reREDE BRASIL ATUAL (RBA) compor a renda e pagar suas contas. É quando se endividam. s famílias brasileiras voltaram a ter ínO percentual de famílias em inadimplêndice de endividamento e inadimplên- cia, conforme a CNC, bateu novo recorde, cia recorde em abril, conforme levan- chegando a 28,6% do total de famílias. Isso tamento divulgado na últirepresenta aumento de 0,8 ponma segunda-feira (2) pela Mês de abril to em relação ao percentual de Confederação Nacional do correspondeu ao março e 4,3 pontos maior que o Comércio de Bens, Serviços verificado em abril de 2021, um e Turismo (CNC). As taxas maior nível de retrocesso na evolução, nos úlsuperaram o recorde, que já endividamento timos três meses. havia sido batido em março. O cartão de crédito segue desde janeiro Segundo a CNC, o percencomo o tipo de dívida mais tual de famílias que relata- de 2010, quando procurado pelos consumidoram ter cheque pré-datado, começou a ser res, apesar de a modalidade cartão de crédito, cheque oferecer os juros mais altos. especial, carnê de loja, cré- feita a série O indicador de inadimplência está ainda 4,4 pontos maior que dito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa pa- o apurado antes da pandemia, em fevereiro ra pagar alcançou 77,7% em abril, o maior ní- de 2020. A parcela das famílias que declavel de endividamento desde janeiro de 2010, raram não ter condições de pagar suas conquando começou a ser feita a série histórica tas ou dívidas em atraso e que permaneceda Pesquisa de Endividamento e Inadim- rão inadimplentes também acirrou na pasplência do Consumidor (Peic). sagem mensal, com aumento de 0,1 ponto Há um ano, a proporção de endividados percentual (de 10,8% para 10,9% do total de era de 67,5%, ou seja, 10,2 pontos abaixo do famílias). O percentual é 0,5 ponto maior do percentual atual. Mas diante da inflação al- que o apontado em abril de 2021 e o maior ta, persistente e disseminada (IPCA em 11,3% desde dezembro de 2020.

A

Agência Brasil

Cartão de crédito é o tipo de dívida mais procurado pelos consumidores

Wikimedia Commons

Sem política pública, preço do óleo de soja dispara no Brasil “Quando o mercado atua livremente, é isso o que acontece”, critica economista do Dieese TIAGO PEREIRA

REDE BRASIL ATUAL (RBA)

» Item essencial na panela

do brasileiro, óleo de soja teve um aumento de preço de 30,1% nos últimos 12 meses. A elevação do produto foi 2,5 vezes maior do que a inflação do período, que ficou em 12,03% em abril. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), somente no mês passado, o aumento do óleo foi de 11,47%, em relação ao mês anterior. Tudo isso no país que é o maior produtor mundial de soja. Em 2021, o Brasil colheu quase 139 milhões de toneladas do grão. Desse total, 86 milhões de toneladas foram exportadas, estabelecendo um novo recorde. No óleo, 8 milhões de toneladas ficaram no país e 1,7 milhão de toneladas foram exportadas. Para este ano, a estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) é que o mercado interno deve ficar

com pouco mais de 7 milhões de toneladas do óleo. Para a supervisora de pesquisas do Dieese, Patrícia Costa, a recente alta do óleo de soja está relacionada com a Guerra na Ucrânia. Com a alta do petróleo no mercado internacional, aumentou a procura pelo produto, que também é utilizado na fabricação de biodiesel. No entanto, segundo ela, o governo federal teria condições de conter a alta do óleo no mercado interno. O que falta, no entanto, é vontade política. “Tem várias maneiras de fazer isso, desde manter estoques de grãos até a implementação de um imposto de exportação. Ou então estabelecer uma cota para a venda ao mercado externo. Mas não tem vontade política, na verdade”, declarou Patrícia. “Quando o mercado atua livremente, é isso o que acontece. Vai tudo para fora, porque os compradores têm dinheiro, pagam em dólar. E internamente as pessoas começam a pagar esse valor absurdo”, acrescentou.


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Escolas não servem alimentos suficientes para a merenda na rede estadual do RJ Mais estudantes estão se alimentando nas escolas, porém verba repassada pelo governo após reajuste não é suficiente Agência Brasil

JÉSSICA RODRIGUES

RIO DE JANEIRO (RJ)

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scolas estaduais do Rio de Janeiro estão enfrentando dificuldades em distribuir merenda para todos os estudantes. Com o retorno das aulas presenciais em um cenário econômico de crise no país e a volta de milhões de famílias à miséria, mais estudantes estão se alimentando na escola, segundo dados do Cadastro Único do Governo Federal (CadÚnico). No entanto, a verba repassada pelo governo às escolas para a compra dos alimentos não é suficiente para acompanhar o aumento da demanda. Uma professora da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro que não quis se identificar explica, em entrevista para o programa Central do Brasil, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que o valor repassado pelo governo é muito baixo. Segundo a docente, antes da pandemia eles conseguiam atender a todos os alunos porque um número menor se alimentava na escola, agora existem estudantes que têm apenas a merenda escolar como refeição no dia. “Hoje, pós pandemia, a quantidade de alunos que a gente tem no colégio almoçando e lanchando aumentou bastante. A escola é obrigada a fracionar os alimentos, ou seja, é obrigada a colocar uma quantidade menor de alimentos no prato do aluno para que todos consigam comer e com isso eles ficam com fome”, relata. De acordo com a professora ela, uma prática comum que a escola vem adotando para tentar suprir a demanda de merenda é a substituição de alimentos por outros mais baratos, o que acaba interferindo na qualidade da refeição.

Escolas estão substituindo alimentos por outros mais baratos, o que interfere na qualidade da merenda

A escola é obrigada a colocar uma quantidade menor de alimentos no prato do aluno”,

relata professora da rede estadual

“A curto prazo temos o problema da fome que causa problemas de aprendizagem. Um estudante com fome não vai conseguir se ater a aula, se ater ao conteúdo. E a longo prazo esses problemas vão se somando a vários outros, desde comprometimento do crescimento, comprometimento cognitivo, a gente pode estar falando de aumento de um quadro de anemia”, explica a diretora da Escola de Nutrição da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Alessandra Pereira.

REAJUSTE NÃO É SUFICIENTE »A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Educação do Es-

tado do Rio (Seeduc) que respondeu em nota que o Governo do Estado reajustou a tabela com os valores da alimentação por estudante. O aumento será de 11% a partir de maio. A resolução foi publicada no Diário Oficial na última terça-feira (26). Porém, o presidente da Associação dos Diretores de Escolas Públicas do Estado do Rio (Aderj), Almir Morgado, explica que o reajuste feito pelo governo ainda é muito baixo e insuficiente para as escolas comprarem a quantidade de merenda necessária para todos os estudantes. “Nas escolas de horário parcial o valor por estudante atualizado com o reajuste do governo está em R$ 0,76. Qualquer pessoa pode pressupor que R$ 0,76 é realmente um valor muito baixo para adquirir todos os alimentos necessários para a elaboração do cardápio balanceado”, argumenta Almir. O presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Flavio Serafini (Psol) sugere que o reajuste deva ser de pelo menos 30% para garantir a qualidade e a quantidade das refeições. “A gente continua mobilizando para que esse valor seja maior. O ano letivo vai até dezembro, mas as escolas não recebem o valor de alimentação para o mês de dezembro. Se elas já estão estranguladas para garantir a alimentação hoje, como elas vão garantir até o final do ano?”, questiona Serafini.


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CULTURA & LAZER

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Programa de TV idealizado por jovens terá segunda temporada em novo formato Episódios inéditos gravados em diferentes lajes do Rio serão exibidos na TV Comunitária a partir do próximo mês de junho Stefano Figalo/Papo na Laje

CLIVIA MESQUITA

RIO DE JANEIRO (RJ)

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programa Papo na Laje completou sua primeira temporada de exibição na TV Comunitária do Rio de Janeiro (TVC) no último dia 21 com um episódio sobre experiências de empreendedorismo e solidariedade de moradores de favelas. Uma nova etapa da atração já tem estreia marcada para o mês de junho com formato mais dinâmico, que promete envolver e deixar o espectador mais próximo da cultura das lajes cariocas. Para o diretor e roteirista Dieymes Pechincha, a produção do programa é baseada em muito diálogo e debate. “A gente conseguiu ter momentos em equipe para trocar impressões, olhar para trás, identificar os acertos, onde podemos avançar. A partir desses diagnósticos temos trabalhado para tornar possível

Programa de TV valoriza experiências de protagonismo da juventude das favelas e periferias

do ponto de vista estético, técnico e político”, afirma. Ao longo de seis meses, o programa apresentou discussões sobre assuntos relevantes para a juventude carioca com trabalhadoras autônomas, motoristas

de aplicativo, influenciadores digitais, pesquisadores, professores, imigrantes, artistas independentes e militantes de movimentos sociais. O bate papo descontraído conduzido pela apresentadora Ju-

liana França e, mais recentemente, pela atriz Dani Câmara marcou a primeira temporada da produção. Novos episódios já estão sendo gravados em diversas lajes de favelas e periferias do Rio, como na comuni-

dade Vila Parque da Cidade, no bairro da Gávea, na Zona Sul. Dieymes também adianta outra novidade na montagem do programa que é a divisão por blocos. “Vários momentos diferentes surgirão, respeitando a lógica do tema e das duas pessoas convidadas por episódio. Ao mesmo tempo, vamos brincar mais para valorizar as características de cada laje. Enquanto equipe, identificar as potencialidades e também identidades daquele espaço para produzir uma fotografia que dê conta e com isso a gente migra para um registro mais cinematográfico”, explica Dieymes. Até a estreia em junho, é possível rever todos os programas do Papo na Laje a qualquer momento no canal do YouTube ou nas reprises, às 18h, na TV Comunitária do Rio de Janeiro, com transmissão no canal 6 da NET.

MST estreia no Theatro Municipal de São Paulo com releitura de ópera REDAÇÃO

SÃO PAULO (SP)

» O Coletivo Nacional de

Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participa da ópera "Café", que estreou na última terça-feira (3), no The-

atro Municipal de São Paulo. Com composição de Felipe Senna e adaptação de Sérgio de Carvalho, a obra foi criada a partir do libreto de Mário de Andrade e celebra o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. O contexto histórico é a

crise de 1929, também conhecida como a Grande Depressão, que paralisou portos, expulsou camponeses das fazendas e provocou uma verdadeira revolução popular nos Estados Unidos. No lugar da atmosfera lírica, típica do gênero italiano,

entram ritmos como jongo, choro e samba de cururuquara, em uma referência à cultura popular. Além do MST, a obra traz a participação de outros movimentos populares de coletivos artísticos que farão intervenções dentro e fora do Thea-

tro. Haverá participação da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coral Paulistano e do Balé da Cidade de São Paulo. Os ingressos custam entre R$ 30 e R$ 120. As apresentações acontecem entre os dias 3, 4 e 6 de maio, às 20h, e nos dias 7 e 8 de maio, às 17h.


CAÇA-PALAVRA PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

DICAS MASTIGADAS

www.coquetel.com.br

»Descascar os inhames e fatiar rodelas bem fininhas (pode usar

Reprodução

um ralador, se quiser). »Temperar o inhame cru em rodelas, com temperos de sua preferência. Sal, orégano, cúrcuma e gengibre em pó são ingredientes que combinam. »Colocar um pouco de azeite e misturar bem o tempero nas rodelas. »Untar uma forma grande com manteiga e farinha de trigo. »Arrumar as rodelas uma ao lado da outra. »Passar um fio de azeite por cima de todas. »Levar ao forno (pré-aquecido por 10 min) e deixar em fogo médio por aproximadamente 10 minutos (ou quando perceber que está dourado e crocante.) »A receita rende duas assadeiras grandes.

Profissão de Caio Blat O nosso é o Brasil Filha do tio Limpar o fundo dos rios Sílaba de "bambu" Boro (símbolo)

Criatura como a Fiona (Cin.) Caminhada feita pelo vigilante Muito (?): geladas Vogais de "vime"

Cobrar imposto Acusado no tribunal Pão de (?), bolo fofo e doce Consoantes de "sofá"

"Golfinho" amazônico

Comitê Olímpico Internacional (sigla)

Título religioso católico

Ivo Holanda, humorista

Quente, em inglês

3/hot — nat. 4/boto. 5/tadeu. 6/dragar. 10/acusatório.

BANCO

la verde e rosa do Rio. A partir do próximo carnaval, Vieira estará à frente do carnaval da Imperatriz Leopoldinense. A Verde, Branco e Ouro encerrou mais uma de suas parcerias de longa data com a carnavalesca Rosa Magalhães, que atua no grupo especial do carnaval carioca desde 1974.

Pôr tela de metal em

(?)horário, o sentido oposto

Músico como o Lucas, da Família Lima

Tipo sanguíneo do doador universal

Mangueira no Carnaval carioca, dentre eles "História para ninar gente grande", em que a Verde e Rosa levou para a Marquês de Sapucaí "a história que a história não conta", com personagens como a vereadora Marielle Franco, o carnavalesco Leandro Vieira deixou a tradicional esco-

O formato do corpo da tartaruga (?) Schmidt, apresentador

Que envolve denúncia

Responsável por desfile sobre Marielle, Leandro Vieira deixa a Mangueira

Pessoa que age como máquina (fig.)

Sentir profunda aversão O que apaga a vela do bolo

Observação (abrev.)

(?) King Cole, cantor Verdadeiro

O quarto planeta Preso provisoriamente

Forma de escolha, nos jogos infantis Frutos da videira Cantiga simples

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Solução N A R T E A A L U T A O R M A A M T AR O B I O H OT

MODO DE PREPARO

Combinar uma mistura

M P A R E O V D E I S A T R I B B U L C A O R I

4 a 6 inhames orgânicos (a depender do tamanho) Azeite a gosto Temperos a gosto Manteiga Farinha de trigo

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A laranja de sucos para bebês O chamado ''cursinho preparatório''

L C D R O U I M VA S O A D A R E S T A O L I N DO P R A P O N D A T R I R I A S E G U S A T F R E

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Flor da lapela do noivo O texto que narra a vida do seu autor

P A U T O O B V I O O G R A F I A C O

CHIPS DE INHAME

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CULTURA & LAZER

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10 MUNDO

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Reprodução

Mães da Praça de Maio comemoram 45 anos de história com ato wem Buenos Aires

CAPITAL VENEZUELANA DESCOLONIZA SÍMBOLOS OFICIAIS

Juan Mabromata / AFP

Associação é símbolo da luta contra a ditadura militar na Argentina

A cidade de Caracas, capital da Venezuela, mudou seus símbolos oficiais, como bandeira e escudo (na imagem acima). Saíram a coroa, já que o escudo foi concedido pelo rei da Espanha Felipe II em 1591, e a imagem do leão - o nome antigo da cidade era Santiago de León de Caracas. No intuito de descolonizar os símbolos da capital, o novo escudo traz em destaque os bustos de um homem indígena, de uma mulher negra e do libertador Simón Bolívar.

Mães da Praça de Maio são referência para a esquerda latino-americana MICHELE DE MELLO

SÃO PAULO (SP)

A

Associação Mães da Praça de Maio (Madres de la Plaza de Mayo) celebrou 45 anos de história com um ato na praça que dá nome ao grupo, no centro da capital argentina, Buenos Aires. Milhares de argentinos se reuniram na marcha nº 2299 organizada pela Associação. Estima-se que a ditadura argentina (1976 - 1983) tenha deixado cerca de 30 mil desaparecidos. "Recordar nossos filhos é aprender o que é a solidariedade, o que é a lealdade. A política não é um caminho

para encontrar trabalho, a política é algo que alimenta o cérebro. Algo necessário todos os dias. Não podemos viver sem fazer política", disse Hebe de Bonafini, presi-

denta da Associação. Durante a semana comemorativa foram realizados debates e atividades culturais em todo o país para relembrar a história das mães.

HISTÓRIA » No dia 30 de abril de 1977, dezenas de mulheres ar-

gentinas decidiram se manifestar na praça de Maio, em frente à Casa Rosada, para exigir respostas sobre o paradeiro dos seus filhos que desapareceram nas mãos das juntas militares que governaram o país. Durante os anos seguintes, as Mães da Praça de Maio passaram a se reunir todas as quintas-feiras para exigir respostas. "Esta praça serve para isso: para gritar, denunciar, dizer, falar, sonhar. É muito bonito sonhar. Devemos fazer as coisas com alegria e amor. A revolução se faz com amor, não somente com armas", defende Hebe de Bonafini.

Jornalistas exigem liberdade para Assange no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa THALES SCHMIDT SÃO PAULO (SP)

» Preso por revelar segredos

das máquinas de guerra e sobre a invasão dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque, o jornalista Julian Assange está em Londres e seu processo de extradição para os EUA, iniciado com Donald Trump, continua com o democrata Joe Biden. Com base em uma lei da Primeira Guerra Mundial, Assange pode ser condenado a mais de 100 anos de prisão. Ao Brasil de Fato, o presidente da Associação Profissão Jornalista (APJor), Fred Ghedini, disse que Assange é um "preso político" no Reino Unido por pedido do governo dos Estados Unidos e

que os veículos de comunicação do Brasil que divulgaram as informações obtidas por Assange e o WikiLeaks estão sendo omissos na divulgação da perseguição contra o jornalista. "Não podemos deixar que Assange, que cumpriu seu papel como jornalista, seja culpado. Os grandes jornais, TVs e emissoras de rádio estão sendo omissos e favorecendo a condenação de Assange", avalia Ghedini, que assina com jornalistas, professores, pesquisadores e diversas entidades um documento publicado na última terça-feira (3), Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.


ESPORTES

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BRASIL CONFIRMA AMISTOSOS CONTRA COREIA DO SUL, JAPÃO E ARGENTINA

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Carl de Souza/AFP

Último compromisso de Tite e a seleção é com a Argentina, em partida na Austrália

Partidas serão disputadas nos dias 2, 6 e 11 de junho e serão preparo para a Copa do Mundo

A

Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou na última quarta-feira (4) as datas e os rivais da seleção nos amistosos que disputará no mês de junho. Os comandados do técnico Tite pegarão Coreia do Sul, Japão e Argentina.

O Brasil, que está no grupo G da Copa do Mundo de 2022, abrirá a série de amistosos diante dos sul-coreanos em Seul, no dia 2 de junho, a partir das 8h (horário de Brasília). Quatro dias depois, a seleção viajará até Tóquio para pegar o Japão, às 7h20 (horário de Brasília). O último compromisso da seleção brasileira será o

clássico diante da Argentina, que ocorrerá em Melbourne, no dia 11 de junho, às 8h (horário de Brasília). Os dois países voltarão a se encontrar em setembro pelas Eliminatórias para o Mundial do Catar. Os três duelos servirão para o Brasil se preparar para a Copa do Mundo, que começará no mês de novembro.

Camisa de Maradona em jogo contra Inglaterra é leiloada por R$ 46 milhões

MEDALHA BRASILEIRA NA SURDOLIMPÍADA CBDS Esportes de Surdos

REDAÇÃO

AGÊNCIA ANSA

Valor pago em uniforme esportivo é o maior já na história de leilões Adrian Dennis/AFP

» A camisa utilizada pelo

ex-jogador Diego Maradona na vitória por 2 a 1 da Argentina sobre a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, no México, foi leiloada por 8,8 milhões de euros (cerca de R$ 46,5 milhões). A Sotheby 's, que realizou a venda, informou que a peça se tornou a camisa esportiva mais valiosa da história da casa de leilões britânica. O recorde era de 2019, quando um uniforme do New York Yankees usado por Babe Ruth foi comprado por 5,3 milhões de euros. O leilão da histórica camisa foi envolvido em polêmicas. A filha mais velha de Maradona, Dalma, disse que o pai

Peça ficou por mais de 30 anos com meio-campista inglês

utilizou o uniforme durante a etapa inicial das quartas de final do Mundial do México e o trocou no intervalo. A Sotheby 's não recuou e prosseguiu com o leilão. O uniforme ficou mais de 30 anos com Steve Hodge, mas o ex-meio-campista doou a camisa ao Mu-

seu Nacional do Futebol em Manchester. Em um dos jogos mais marcantes da história das Copas do Mundo, Maradona ajudou a Argentina a eliminar a Inglaterra nas quartas de final ao marcar um gol de mão e outro depois de driblar meio time adversário.

O judoca Rômulo da Silva Crispim conquistou, na última terça-feira (3), a primeira medalha do Brasil na 24ª edição da Surdolimpíada de Verão, que está sendo disputada em Caxias do Sul. O atleta de 19 anos ficou com o bronze na categoria até 66 quilos.


Rebeca Reis/CBF

12 ESPORTES

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PAPO ESPORTIVO

irigentes de Flamengo, Bragantino, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo assinaram um documento que prevê a criação da Liga do Futebol Brasileiro (LIBRA). Estes se reuniram num hotel em São Paulo na última terça-feira (23) junto com cartolas de outros 16 clubes e agendaram uma nova reunião para o dia 12 de maio na sede da CBF para aparar as arestas e finalmente sacramentar a LIBRA. A grande divergência (como já era de se esperar) está no rateio das receitas. O bloco dos paulistas mais o Flamengo propôs a divisão dos valores em 40% do total dividido igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de variável pela performance e os outros 30% por engajamento (média de público nos estádios, base de assinantes no Pay Per View do campeonato, número de seguidores nas redes sociais, audiência na TV aberta). Os outros 14 clubes da Série A exigem que a divisão seja feita em 50% fixo, 25% por performance e 25% por engajamento. Fora isso, ainda existe uma série de questões sobre premiações, valores a serem repassados para os clubes que estão na Série B e por aí vai. Mas o grande X da questão ainda não é a criação e o funcionamento da LIBRA (se é que esse nome será

LUIZ FERREIRA

O QUE REALMENTE ESTÁ EM JOGO COM A CRIAÇÃO DA LIGA DO FUTEBOL BRASILEIRO? mantido). Em tempos onde se vende o almoço pra comprar a janta e contam-se as moedas para se conseguir um mínimo de entretenimento no meio desse pandemônio que tomou conta do país, as dúvidas pairam sobre um processo que vem tomando conta do nosso futebol. Trata-se da crescente elitização do esporte. É verdade que estamos falando de algo que deveria ser função prioritária da CBF. Promover o velho e rude esporte em todos os cantos do e torná-lo acessível para todos. É mais do que natural que a entidade veja a criação da LIBRA com bons olhos. Afinal de contas, ela vai tirar mais esse “cus-

Lembre-se que a CBF teve faturamento recorde de quase um bilhão de reais em 2021

to” do seu orçamento. Ah, lembre-se que a CBF teve faturamento recorde de quase um bilhão de reais em 2021. Mas o que eu quero dizer com isso tudo? Se a Liga do Futebol Brasileiro realmente sair do papel, caberá a ela promover o esporte e torná-lo acessível. É como se a CBF estivesse “terceirizando” parte do seu serviço e apenas dando a chancela para que os clubes administrem a competição e seus custos. Quem ainda tem condições de fazer parte de algum programa de sócio-torcedor sabe muito bem a dificuldade que é

manter o amor pelo seu clube do coração, conseguir juntar algum dinheiro para comprar o ingresso e ver os jogos no estádio e ainda pagar a quantidade absurda de streamings e PPV’s que surgiram nos últimos meses. A LIBRA mal saiu do papel e já terá que lidar com uma série de questões que parecem insignificantes para os dirigentes que estão à frente da ideia. E é de se esperar que a CBF lave suas mãos. Ao mesmo tempo, é bem possível que os clubes se façam de desentendidos quando questões como o preço dos ingressos, o barateamento dos programas de sócio-torcedor e a transmissão exclusiva dos jogos em streamings forem abordados nas redes sociais. Não quero dar uma de “Profeta do Apocalipse”. Mas se a tal liga não encontrar soluções para que o torcedor fiel consiga acompanhar seu clube do coração, ela já nasce fadada ao fracasso. E o futebol seguirá seu curso de elitização e afastamento do povo. Porque nenhum dos dirigentes dos nossos clubes (nenhum mesmo) está preocupado com seu torcedor. Quer é que ele venda o almoço e a janta para pagar o ingresso e acompanhar seu clube e tenha o mesmo gasto de quem vai numa noite de gala no Copacabana Palace.


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