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GERAL
EDIÇÃO 353 12 A 18 DE MAIO DE 2022
Em Niterói, Casa da Utopia inaugura nova sede e oferece cursos gratuitos para a população Iniciativa idealizada pela vereadora Verônica Lima (PT) é o ponto de encontro dos movimentos populares na cidade Pablo Vergara
JAQUELINE DEISTER
RIO DE JANEIRO (RJ)
O
casarão azul de dois andares no bairro de São Domingos, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, é a nova sede da Casa da Utopia. A reinauguração do espaço, que é tido como a “casa” dos movimentos populares no município, foi marcada por um ato político e apresentações culturais. Para a idealizadora do projeto, a vereadora Verônica Lima (PT), a Casa da Utopia reabre as portas com o principal desafio de se aproximar ainda mais da população de Niterói. “Além de ser a casa dos movimentos sociais, ela [Casa da Utopia] agora tem como desafio um vínculo com a comunidade. Estamos oferecendo diversas oficinas gratuitamente, de dança, escrita para mulheres, oficina de fotografia, tudo isso para estabelecer vínculos com a população. Para além disso, o espaço é um local onde a gente pode se encontrar, fazer reunião, fazer o vínculo com as mais diversas lutas políticas na cidade de Niterói”, disse a parlamentar. A importância do espaço também foi ressaltada durante a mesa de abertura das atividades da casa. A coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), Iêda Leal, lembrou que as grandes mudanças vêm a partir da coletividade. “Eu saio de Niterói com a certeza que Lélia [Gonza-
A reinauguração do espaço, tido como a “casa” dos movimentos populares, foi marcada por um ato político e apresentações culturais
É um local onde a gente pode se encontrar, fazer reunião, fazer o vínculo com as mais diversas lutas políticas da cidade”, explica a vereadora Verônica Lima lez], Luísa [Mahin] e Tereza de Benguela contribuíram para que a gente pudesse fazer isso. Saio daqui pensando que Paulo Freire está certo: a melhor história
que vamos fazer é na coletividade. A palavra Ubuntu é a nossa essência. Essa casa é a que todos nós precisamos vir beber da resistência”, disse a ativista. Já a advogada dos direitos da população LGBTQIA+ Maria Eduarda Aguiar destacou a importância da Casa da Utopia incentivar o debate sobre a diversidade humana e o respeito. Eduarda lembrou também da falta de dados sobre a violência contra as pessoas LGBTQIA+ no estado do Rio. “O Brasil é o país que mais mata LGBT no mundo, a cada 72 horas, pessoas LGBTs estão apanhando e morrendo e o estado do Rio de Janeiro não tem dossiê de lgbtfobia, não faz contagem e mapea-
mento de dados. O único que teve foi um esforço em 2018, mas não temos um dossiê de mapeamento. Não temos dados oficiais de quantas pessoas estão sofrendo violência”, detalhou a advogada. Na mesa também estiveram presentes a vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Julia Aguiar; o diretor nacional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Luís Valério; a integrante da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) Eró Silva e Mãe Ednaide de Oxóssi. O evento terminou com uma atividade cultural com a participação do grupo de samba Moça Prosa.
COMO PARTICIPAR? »Neste primeiro momen-
to a Casa da Utopia, localizada na rua Alexandre Moura, 61, no bairro de São Domingos, está oferecendo oficinas de fotografia e audiovisual, dança afro, teoria e prática de atabaque, escrita afetiva para mulheres, literatura afro-brasileira e história do Hip Hop. Os interessados devem preencher o formulário online “Portal da Utopia” e aguardar o retorno da instituição. No Instagram do projeto também é possível acompanhar a agenda da casa e tirar dúvidas.