» Para encerrar as atividades do encontro, as crianças estiveram na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para uma audiência pública sobre educação no campo GERAL P. 4
RIO DE JANEIRO
1 0 a 9 de novembro de 2017
O QUE ESPERAR DO FLA FLU DESTA QUARTA-FEIRA?
» Equipes entram em campo em busca de uma vaga nas semifinais da Copa Sul-Americana ESPORTES P.8
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Pablo Vergara/MST
Crianças Sem Terrinha se reúnem no Rio
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Ano 5 | edição 242
EFEITOS DA REFORMA TRABALHISTA:
EMPRESAS OFERECEM SALÁRIO DE R$ 4,45 POR HORA TRABALHADA
Um anúncio de vagas da empresa Sá Cavalcante, que opera franquias das redes Bob's, Spoleto e Choe's Oriental Gourmet, chamou a atenção nas redes sociais nos últimos dias. Isso porque a oferta de emprego destaca um salário de R$4,45 por hora trabalhada, em uma jornada de cinco horas nos finais de semana. Trata-se do chamado trabalho intermitente, possível no país com a aprovação da Reforma Trabalhista, que entrará em vigor no dia 11 de novembro. GERAL P. 5
» Estádio foi o primeiro a ser usado como prisão política na América Latina ESPORTES P. 9
Laerte Coutinho: “Gênero é algo que pode e deve ser discutido”
»»Cartunista conversa com Brasil de
Fato sobre transgeneridade e política CULTURA & LAZER P. 12
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Complexo Esportivo Caio Martins sofre com o abandono, em Niterói
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GERAL
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Um em cada quatro jovens vai abandonar o ensino médio até o final do ano
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cada ano, quase 3 milhões de jovens abandonam a escola no Brasil. É o que apontou um estudo elaborado pelo Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia (Insper). Ao final deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17 anos de idade vão abandonar seus estudos, não vão se matricular para o ano seguinte ou serão reprovados. Isso corresponde a um universo de 2,8 milhões de pessoas (27%), entre os 10 milhões de jovens estimados no país nessa faixa etária e que deveriam, de acordo com a Constituição, estar frequentando a escola. As principais razões para o chamado
“desengajamento dos jovens”, segundo o estudo, estão associadas à pobreza e à dificuldade de acesso, tais como a falta de escolas na comunidade onde o jovem vive ou a falta de recursos para o transporte até a escola. Há também questões relacionadas à inadequação do currículo adotado, do clima escolar e da baixa qualidade dos serviços oferecidos pela escola. Para reverter o quadro, o estudo propõe a criação de políticas públicas para garantir de acesso principalmente para aqueles que vivem em áreas rurais ou que têm alguma deficiência ou para jovens que cumprem pena privados de liberdade. (AGÊNCIA BRASIL)
Principais razões estão associadas à pobreza e à dificuldade de acesso
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AMIGA DA SAÚDE
Por Sofia Barbosa, enfermeira Ouvi uma história de que algumas vacinas podem provocar autismo. É verdade? O que fazer? Karine Pacheco, 30 anos, diagramadora
vindicações não sejam atendidas, procure o PROCON ou o Juizado Especial do Consumidor de sua cidade. Adília Sozzi é advogada da Rede Nacional de Advogados Populares (Renap)
Isso não é verdade, Karine. Tem crescido o número de pessoas que acreditam que as vacinas podem fazer mal à saúde. Essa ideia é perigosa porque está fazendo retornar doenças que já deixavam de ser preocupação. É o caso do sarampo, que tem aparecido em surtos em vários países da Europa. O boato de que a vacina triviral (contra sarampo, caxumba e rubéola) estaria relacionada ao autismo percorreu países do mundo inteiro e provocou redução da procura pela vacina. Mas um estudo britânico realizado com quase 6 mil crianças mostrou que a vacina não provoca autismo, assim como vários outros estudos também chegaram a conclusões parecidas.
www.brasildefato.com.br redacaorj@brasildefato.com.br /brasildefatorj @Brasil_de_Fato (21) 99373 4327 (21) 4062 7105 CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Flora Castro, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Vivian Virissimo | SUBEDIÇÃO Mariana Pitasse | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Marcos Araújo | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | COLABORAÇÃO Ana Elisa Santana, Carolina Goetten, Jaqueline Deister, José Eduardo Bernardes, Júlia Dolce, Juliana Gonçalves, Leandro Melito, Luiz Ferreira, Mariana Pitasse, Sueli de Freitas, Vitor Abdala (texto), Pablo Vergara (foto), Juliana Braga (diagramação)
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RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Thomas Bauer/CPT
Papa Francisco
Agência Brasil
FRASE DA SEMANA O acesso ao alimento necessário é um direito de todos. Um direito que não consente exclusões
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Pesquisadores da UFF desenvolvem sistema para diagnóstico médico a distância » Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense
(UFF) desenvolveram um projeto que permite diagnóstico médico a distância. O chamado Sistema de Saúde Holográfica permite que uma junta médica acompanhe o atendimento prestado a milhares de quilômetros, por meio de imagens em cores dos pacientes. O sistema inclui um consultório virtual, que, além da maca, mesa e cadeira da sala de consultas tradicional, contará com uma webcam, microfone, iluminação especial e computador para transmissão de imagem holográfica do paciente. Haverá um médico junto com o paciente, mas as imagens holográficas poderão ser transmitidas a uma junta médica, que pode estar localizada a quilômetros de distância. Ao receber as imagens, os médicos que estão a distância poderão avaliar o caso e interagir com o paciente. A ideia é beneficiar os moradores de áreas mais remotas do país, como os da Amazônia, permitindo que seus ca-sos sejam avaliados por profissionais especializados, lo-calizados em um centro médico mais equipado. “Imagina um cenário em que você tem um médico numa região remota do país e esse médico é um clínico ou um recém-formado. E ele tem uma questão em que precisa de apoio de um especialista. O sistema serve como um apoio para esse profissional”, diz o coordenador do Núcleo de Estudos de Tecnologias Avançadas da Escola de Engenharia (Netav/UFF), Ricardo Carrano. O sistema foi desenvolvido pelos pesquisadores do Netav/UFF, em parceria com o Corpo de Saúde do Hospital Universitário Antonio Pedro. Ele já foi testado pela Marinha, na operação do navio de apoio às atividades na Antártida, e teve a sua utilização avaliada para os navios-hospitais que atendem a populações ribeirinhas da Amazônia. Segundo a UFF, cada consultório virtual tem custo estimado de menos de R$ 10 mil e utiliza equipamentos simples. (AGÊNCIA BRASIL)
Após dois anos da tragédia do Rio Doce, dossiê é apresentado na ONU
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m dossiê audiovisual sobre a tragédia da bacia do Rio Doce, produzido por meio de uma cooperação entre movimentos populares brasileiros, foi apresentado durante a discussão de um novo Tratado Vinculante sobre Empresas Transnacionais e Direitos Humanos, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), em Genebra (Suíça). O rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana (MG), da mineradora Samarco (joint venture entre a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton) completa dois anos no dia 5 de novembro deste ano. O documento apresentado será utilizado como um exemplo de violação de direitos humanos e ambientais por meio de corporações. Representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), da Articulação Internacional de Atingidos e Atingidas pela Vale da Rede Católica de Organizações pelo Desenvolvimento (CIDSE), uma das organizações internacionais que financiaram a produção do dossiê, foram responsáveis por sua apresentação. Uma das principais expectativas da reunião é prevenir que crimes como o da Bacia do Rio Doce voltem a acontecer. (JÚLIA DOLCE)
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GERAL
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017 Fotos: Pablo Vergara/MST
MARIANA PITASSE
RIO DE JANEIRO (RJ)
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á algumas semanas, Iasmim Ribeiro, 13 anos, estava ansiosa para chegar o último final de semana de outubro e ter início o 20º Encontro Estadual das Crianças Sem Terrinha, no Rio de Janeiro. Não só porque seria a primeira vez que viajaria de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, até a capital do estado, mas também porque se diverte ao participar dos encontros organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Eu estava ansiosa porque tem muita coisa legal que a gente faz aqui. Tem brincadeiras, gincanas, comida boa, música. Acho que é importante para a gente se reunir, uma criança conhecer a outra de lugares diferentes”, explica. Junto com Iasmim, participaram do evento outras 200 crianças, entre 6 e 13 anos, que vivem nas áreas de acampamentos e assentamentos do MST nas regiões da Baixada, Norte, Lagos e Sul Fluminense, e também aquelas que vivem no campo em comunidades no entorno das áreas de reforma agrária. Evelin Barbosa, 12 anos, é uma delas. Ela mora em Campo Alegre, bairro da zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e começou a participar das atividades do MST a partir do convite de amigos. “Já participei de quatro encontros. É muito importante. Nos ensina muitas coisas, como lidar com preconceito, por exemplo. Ajuda a gente a superar isso e seguir em frente. Também falamos sobre respeito, educação e sobre os nossos direitos. A gente debate ainda o que acon-
As crianças se reuniram na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) para uma audiência pública
Encontro Estadual das Crianças Sem Terrinha acontece no Rio tece no país", afirma. Para coordenar as atividades, aproximadamente 50 educadores, profissionais da educação, oficineiros e militantes do MST estiveram reunidos no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre os últimos dias 28 e 30. De acordo com Márcia Ramos, do Setor de Educação do MST, o encontro das crianças é um espaço para o desenvolvimento de oficinas lúdico-educativas, conversas sobre temas de relevância do cotidiano das crianças das áreas de reforma agrária
e também de fortalecimento da identidade Sem Terrinha. “A gente teve encontros em vários estados ao longo do mês de outubro, como uma preparação para o encontro nacional, que vai acontecer no ano que vem. O objetivo principal não é o encontro em si, mas as preparações e a organização das crianças nas suas comunidades. É importante colocar quem são as crianças Sem Terra, filhas e filhos de trabalhadores camponeses que estão em processo de formação e de auto organização. O MST enxerga as crianças não como futuro,
mas como presente, elas estão na luta também”, explica. ESCOLAS NO CAMPO Durante os três dias do encontro aconteceram debates, rodas de conversa, atividades culturais, oficinas, visitas ao Aquário da cidade, Museu do Amanhã e Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) e muita brincadeira. Na segunda-feira (30), para encerrar as atividades do encontro, as crianças se reuniram na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para uma au-
diência pública sobre educação no campo. No plenário, elas leram uma carta pedindo atenção da Comissão de Educação da Casa para a gravidade da realidade da educação em áreas rurais. De acordo com o documento, as escolas do campo são as que mais estão sofrendo com a precarização do sistema público de educação, com falta de profissionais, de estruturas mínimas de trabalho e com o processo de fechamento das escolas que obriga crianças e jovens a se deslocarem quilômetros para estudar nas cidades.
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Evento reuniu crianças de acampamentos e assentamentos do MST
Os Encontros das Crianças Sem Terrinha VOCÊ SABIA são realizados desde 1997 no estado do Rio de Janeiro, contribuindo para a sensibilização das crianças, adolescentes assentados ou acampados e seus familiares para temas como reforma agrária, meio ambiente e educação ambiental, agroecologia e a história de luta pela terra. Os encontros também denunciam as condições que as crianças enfrentam nas escolas e proporcionam lutas pelos seus direitos.
GERAL
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Com reforma trabalhista, empresas oferecem salário de R$ 4,45 por hora trabalhada Divulgação
Legalização do trabalho intermitente representa "insegurança absoluta" para trabalhador, diz especialista JÚLIA DOLCE
SÃO PAULO (SP)
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m anúncio de vagas da empresa Sá Cavalcante, que opera franquias das redes Bob's, Spoleto e Choe's Oriental Gourmet, chamou a atenção nas redes sociais nos últimos dias. Isso porque a oferta de emprego destaca um salário de R$4,45 por hora trabalhada, em uma jornada de cinco horas nos finais de semana. Trata-se do chamado trabalho intermitente, possível no país com a aprovação da Reforma Trabalhista, que entrará em vigor no dia 11 de novembro. Para a vice-presidenta da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho, Ana Claudia Bandeira Monteiro, o contato intermitente dificulta a garantia dos direitos dos trabalhadores. "Eu considero essa questão do trabalho intermitente como uma das mais graves e mais lesivas ao trabalhador, porque o trabalho intermitente em si já traz uma série de retirada de direitos. Então, a partir dessa mudança, o trabalhador intermitente viverá sempre a incerteza de ter trabalho ou não, e de quanto ele ganhará em razão
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Estado vai começar novembro sem ter pago salário de agosto » O Estado do Rio vai começar novembro sem pagar o salário de agosto a mais de 15 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas. São exatos 45 dias de atraso em relação à data limite para o depósito, que era 15 de setembro. De lá para cá, o governo estabeleceu a política de priorizar carreiras e escalonar pagamentos. Hoje, aqueles que recebem além de R$ 6.161 ainda aguardam o que lhes é devido.
Parada LGBTI de Copacabana recorre a financiamento coletivo A indústria de Fast food é uma das responsáveis pela aprovação da Reforma Trabalhista
disso. E aí fica difícil de consolidar uma demanda em torno de direitos mínimos. Da forma como está colocado, é a insegurança absoluta", afirma. Nesse sentido, Adriana Marcolino, pesquisadora da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) na Central Única dos Trabalhadores (CUT), ressalta que essa forma de trabalho também prejudica a organização sindical. "Ele não vai ter uma relação mais fixa e concreta com seu local de trabalho. É difícil formar vínculos de trabalho considerando esse tipo de contrato. Então, para o movimento sindical
conseguir organizar esse tipo de trabalhador vai ser muito mais difícil", explica. Marcolino aponta que uma das maiores responsáveis pela aprovação da medida dentro da Reforma Trabalhista é, justamente, a indústria de Fast food, que já vem anunciando vagas intermitentes, como o caso do grupo Sá Cavalcante. FAST FOOD "Já está pipocando anúncios desse tipo. E é para o setor de Fast food, que mais jogou peso na aprovação do trabalho intermitente. Até chamavam a proposta de "proposta Mcdonald's", porque essa empresa sofreu processos por funcio-
nários que trabalhavam nesse regime", afirmou. O contrato intermitente não define uma carga horária mínima de trabalho. A lei determina que a empresa deve avisar os trabalhadores com pelo menos três dias de antecedência, por "qualquer meio de comunicação eficaz". O trabalhador terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, se não, fica presumida a recusa da oferta. Caso o trabalhador não compareça ao trabalho, deverá pagar ao empregador uma multa de 50% da remuneração. Procurada pela reportagem, a empresa Sá Cavalcante não retornou contato.
» Os organizadores da Parada LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais) de Copacabana recorreram a uma ferramenta de financiamento coletivo na internet para compensar a crise enfrentada em 2017, enquanto negociam o patrocínio de apoiadores privados para o ato de 19 de novembro. As dificuldades levaram os organizadores a adiar a manifestação, que estava anteriormente programada para 15 de outubro. A campanha de financiamento coletivo do Grupo Arco-Íris, organizador da parada, pretende arrecadar até R$ 350 mil com a ajuda de internautas e busca atingir, ao menos, R$ 150 mil.
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GERAL
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Em Petrópolis, austeridade da Prefeitura atinge profissionais da Educação
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JAQUELINE DEISTER
RIO DE JANEIRO (RJ)
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ma medida da Prefeitura Municipal de Petrópolis, na região ser-
rana do Rio, tem causado revolta nos educadores. O prefeito Bernardo Rossi (PMDB), alterou a lei que define o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) dos
servidores da educação, causando perdas de direitos trabalhistas para a categoria. A mudança fez parte de um pacote de austeridade anunciado pela Prefeitura.
Estudantes do Liceu se manifestam em defesa da educação
A professora Mary Rios, que há quinze anos leciona na rede pública municipal, conta que as perdas salariais atingirão principalmente os professores que cumprem o regime de Extensão Temporária por Jornadas (ETJ), que, com a mudança, passa a ser chamado de Regime Especial de Horas Temporárias (REHT). "Agora ficou registrado como regime de hora extra para se adequar a outro tipo de lei e não a nossa conquista mais do que justa e merecida, como professores. É imenso o número de professores que dependem disso", destaca a educadora. Anteriormente os professores que dobravam em suas funções recebiam um salário inteiro, a partir de agora passam a receber R$14,37 por hora trabalhada, acrescido de 25% da regência. A nova lei promove também o aumento da gratificação e da carga horária de 20 para 40 horas de diretores adjuntos, orientadores e grupo de suporte administrativo e coordenação pedagógica na escola. Os 1.070 professores que fazem hora extra na rede pública municipal não serão os únicos atingidos, a queda na qualidade do ensino tem preocupado também alunos, professores e pais. O Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio é a única escola municipal que oferece Ensino Médio na cidade. As mudanças previstas com a Reforma do Ensino Médio, como o funcionamento em tempo integral, preocupam a comunidade escolar do Liceu que é capaz apenas de oferecer o Ensino Médio noturno. Segundo a professora Mary, que atua no Liceu, há a possibilidade de que o Ensino Médio seja entregue para o estado e a Prefeitura ofereça apenas a estrutura física. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Petrópolis que informou que as alterações nas folhas de pagamento dos professores que cumprem hora extra entram em vigor neste mês, já o aumento de carga horária ocorrerá apenas em 2018. Com relação ao Ensino Médio do Liceu, a Secretaria de Educação afirma que o funcionamento continua sem qualquer previsão de alteração.
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GERAL
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Lula: “Disputa pelo pré-sal motivou golpe”
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ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua Caravana por Minas Gerais com um ato político na Praça da Estação, centro de Belo Horizonte. Em seu discurso nesta segunda-feira (30), afirmou que uma das motivações do golpe de 2016 foi a descoberta do pré-sal e o interesse estrangeiro nos campos de petróleo brasileiros. Segundo as entidades que organizaram o evento, 40 mil pessoas acompanharam a manifestação. “Eles levaram o país a uma situação de deterioração. Estão destruindo nosso país. Quando descobrimos o pré-sal, dissemos, ‘é o futuro do país’. Eles não aceitaram a regulação que nnós fizemos”, disse. “O golpe está ligado a isso. Precisava tirar o PT para
Ricardo Stuckert
destruir a Petrobras. Se houve corrupção, não se destrói a empresa: quem paga é o trabalhador”. Lula lembrou que o modelo criado nos governos petistas para a exploração das novas áreas garantiria investimentos na área da educação, um dos focos de sua fala na noite: “Quando eles fizeram a PEC proibindo gasto em educação e saúde, quando eles privatizaram parte da Petrobras, eles abortaram parte do futuro desse país”. O pré-candidato do PT à Presidência reforçou as críticas à cobertura midiática, prometendo democratizar os meios de comunicação em um possível novo mandato: "Não dá pra aceitar que nove famílias controlem a comunicação desse país".
Ato em Belo Horizonte reuniu 40 mil pessoas, segundo organizadores
Integrantes de 22 ocupações se somam à marcha do MTST em SP
Tomaz Silva/Agência Brasil
to em SBS para um show de Caetano Veloso, que estava previsto para o início da noite, mas foi impedido de acontecer pela Justiça. Diante da proibição, os artistas participaram de uma manifestação em apoio à ocupação e à marcha desta terça. Divulgação
»Movimentos populares, sindicalistas e moradores de 22 ocupações do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) se juntaram à marcha da Ocupação Povo Sem Medo, que está percorrendo 23 quilômetros, de São Bernardo do Campo (SBC) até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, na capital paulista. O destino final da mobilização foi o Palácio do Governo, onde o MTST do governador Geraldo Alckmin (PSDB) a desapropriação do terreno ocupado por mais de 6 mil famílias em SBC, para a construção de moradias populares. Além disso, o movimento pedirá a construção imediata de moradias em terrenos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) já destinados em projetos, assim como a manutenção do programa estadual Casa Paulista. Na tarde de segunda-feira (30), artistas e militantes se uniram no acampamen-
CULTURA EM CRISE
Moradores de 22 ocupações do MTST participaram de ato em São Paulo
Funcionários do Theatro Municipal protestam contra a crise financeira do estado do Rio com apresentação artística na escadaria do prédio, no centro da capital fluminense nesta terça-feira (31).
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ESPORTES PAPO ESPORTIVO
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
LUIZ FERREIRA
O que esperar do Fla- Flu desta quarta-feira?
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ocê também deve estar se perguntando o que podemos esperar do Fla-Flu desta quarta-feira (1). Afinal, as duas equipes que fazem o clássico mais charmoso do país entram em campo em busca de uma vaga nas semifinais da Copa Sul-Americana, torneio internacional pouco valorizado por aqui, mas que dá uma boa quantia em dinheiro e, de quebra, uma vaga na Libertadores da América do ano que vem para o vencedor. Por mais que a empolgação por mais um clássico seja grande, não consigo ver lá muita festa em torno desse jogo. Primeiro porque tanto o Fla quanto o Flu não vivem um momento lá muito bom nessa temporada. Os comandados de Reinaldo Rueda seguem com enormes dificuldades para balançar as redes adversárias e com um sério problema: a falta de vibração nos seus jogadores. Apenas o veterano Juan vem sendo poupado das cornetadas e críticas da torcida. Já os comandados de Abel Braga seguem se segurando diante dos problemas financeiros do clube e da consequente campanha ruim no Brasileirão. Por mais que um clássico como um Fla-Flu mova multidões e nos faça relembrar de algumas das histórias mais
fantásticas do esporte, a grande verdade é que os tempos mudaram. Vejam a torcida das duas equipes. Onde estão a vibração, a gozação e as zoeiras sadias? Não é difícil concluir que grande parte dos problemas do nosso futebol também está no comportamento das nossas torcidas, mais preocupadas em brigar do que em promover uma grande festa. Espero que Flamengo e Fluminense façam um grande jogo nesta quarta-feira (1) e que o Maracanã seja palco de uma festa sensacional. Afinal, ninguém aguenta mais ver nossos times jogando para “não perder”. VASCO E o Vasco entrou de vez na briga por uma vaga na Libertadores. O empate sem gols contra o Flamengo e os resultados da última rodada do Brasileirão foram excelentes para os comandados de Zé Ricardo. O próximo adversário é o desesperado Vitória da Bahia. BOTAFOGO E não é que o Botafogo se firmou no G7? Francamente, eu não me atrevo mais a duvidar do Glorioso não... Grande abraço e até a próxima! Gilvan de Souza/Flamengo
Fim de programa de bolsas de incentivo pode prejudicar oito mil atletas Há sete anos em atividade, o Bolsa Atleta já beneficiou 23 mil esportistas em todo o país CAROLINA GOETTEN
CURITIBA (PR)
» A atleta Giulia Gasparin representa o Brasil em competições de esgrima desde 2008. Há sete anos, recebe incentivo do programa Bolsa Atleta, que já beneficiou 23 mil esportistas em todo o país com depósitos mensais. No próximo ano, porém, o patrocínio desses atletas está sob a ameaça da política de cortes do Governo Federal: a proposta da Lei Orçamentária Anual (LOA), enviada à Câmara dos Deputados em setembro, prevê uma redução de 87% na verba destinada ao Ministério do Esporte no próximo ano. “Esse programa é fundamental para que possamos treinar e competir. O Bolsa Atleta foi decisivo em minha
carreira”, defende Giulia. Ela e mais três esportistas, todas beneficiárias do programa, conquistaram neste mês a medalha de bronze no campeonato Sul-Americano em Santiago, no Chile. “Ainda assim, o valor que recebemos não dá conta do nosso sustento. Eu preciso trabalhar para complementar a renda. Sem o incentivo, milhares de atletas serão prejudicados”, avalia. A comunidade esportiva está em alerta pela manutenção dos programas de financiamento ao esporte. Uma audiência pública ocorrida na última semana, em Brasília, discutiu saídas para o próximo ano, a intenção é pressionar para que o orçamento do próximo ano seja, pelo menos, igual ao de 2017.
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Criado em 2005, o VOCÊ SABIA programa Bolsa Atleta é o maior programa de patrocínio individual no esporte em todo o mundo. Só no ano passado, foram atendidos 7.297 representantes brasileiros no esporte, em diferentes modalidades.
Botafogo segura Flamengo na Gávea e leva a Taça Rio Sub-17
Tanto o Flamengo quanto o Fluminense não vivem um momento lá muito bom nessa temporada
» O Botafogo conquistou o título da Taça Rio Sub17 com empate por 2 a 2 com o Flamengo, na Gávea. Glauber, de pênalti, e Rhuan, em linda cobrança de falta, marcaram os gols alvinegros. Os do Rubro-Negro também saíram na bola parada. Vitor Gabriel e Patrick foram os autores.
Em Niterói, Complexo Esportivo Caio Martins sofre com o abandono Estádio foi o primeiro a ser usado como prisão política na América Latina JAQUELINE DEISTER
RIO DE JANEIRO (RJ)
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or trás dos 76 anos do Estádio Caio Martins, localizado em Niterói, há uma história repleta de glória, dor e abandono. Considerado o principal espaço público destinado à prática esportiva no município, o local atualmente luta contra a falta de investimento para manter as atividades funcionando. Um usuário do Caio Martins, que prefere não se identificar, contou para o Brasil de Fato que a situação do Complexo Esportivo está precária e os projetos sociais estão funcionando com uma infraestrutura deficiente. “O Caio Martins vive num completo abandono, hoje não tem fun-
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ESPORTES
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cionário. Mal tem professores e os projetos que hoje funcionam são precarizados. A piscina não tem manutenção. O ginásio não tem piso e tem goteira. É triste ver o estado em que está”, conta. O Estádio que hoje está sob a concessão do Botafogo de Futebol e Regatas carrega duras marcas dos anos de chumbo no Brasil. O Caio Martins foi o primeiro estádio a ser usado como prisão política na América Latina. A transformação do espaço em cadeia ocorreu logo após o golpe de 1964. Estima-se que mais de 1 mil pessoas foram presas no local. Segundo a Comissão da Verdade de Niterói, entre os detidos estavam jornalistas, advogados e, principalmente, trabalhadores envolvidos com atividades sindicais. O deputado estadual Gilberto Palmares (PT) é autor de um projeto de lei que tem como objetivo resgatar a história presente por trás
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Os projetos sociais estão funcionando com uma infraestrutura deficiente
das arquibancadas do estádio. Para ele, é fundamental recuperar a memória dos anos de chumbo para evitar que episódios como este se repitam. “A ideia é tombar por interesse cultural para não mexer nas características dele e autorizar o Estado a colocar ali um centro de memória contra a repressão,” afirma. Palmares informou que já entrou em contato com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do
Rio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani (PMDB) para que o projeto entre em votação o mais breve possível. A reportagem entrou em contato com a Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (SUDERJ), que é responsável pela administração e operação do Complexo Esportivo Caio Martins, para uma posição sobre o abandono, porém até o fechamento desta edição não obteve resposta.
FRASE DA SEMANA Divulgação
ZANETTI SE DESTACA NA FINAL DO CAMPEONATO BRASILEIRO Ídolo consagrado, Arthur Zanetti conquistou título no Campeonato Brasileiro neste domingo (30). De volta ao Parque Olímpico, depois de 14 meses da prata da Rio 2016, ele confirmou o favoritismo nas argolas e também levou a melhor no salto.
Já ouvi várias vezes que estava me aproveitando da situação para me colocar como vítima. Muitas vezes quem sofre racismo no Brasil é visto como culpado. Aranha, goleiro da Ponte Preta, que foi vítima de discriminação durante partida em 2014, hoje é referência no combate ao racismo no futebol.
Paulo Pinto/Fotos Públicas
Mulheres nos estádios na Arábia Saudita em 2018
» A Arábia Saudita permitirá pela primeira vez que mulheres compareçam a eventos esportivos em três estádios selecionados a partir do início do ano que vem. Os estádios de Jidá, Dammam e Riad estão sendo preparados para acomodar famílias em 2018, segundo comunicado oficial do país. A medida faz parte do programa “Visão 2030”, implantando pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, que visa abrir o estilo de vida dos sauditas, em parte moldados por uma rígida e conservadora versão do islamismo sunita que limita o papel da mulher na sociedade, e diversificar a economia para além do petróleo.
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RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Fotos: Divulgação
Samba do Candongueiro, em Niterói, está fechado por tempo indeterminado »»O
A HQ é dividida em seis capítulos, cada um dedicado a um século desde o início da colonização do Brasil por Portugal
Artista usa HQ para mostrar dificuldades de ser criança no Brasil VITOR ABDALA
AGÊNCIA BRASIL
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m bebê nasce numa pequena casa de madeira do Brasil do século 16. Ao saber que a criança nasceu, o pai entra afobado no quarto querendo saber se sua mulher finalmente deu à luz um menino, porque ele não quer mais filhas. Esse é o primeiro capítulo da história em quadrinho (HQ) A Infância do Brasil, de José Aguiar. A HQ é dividida em seis capítulos, cada um dedicado a um século desde o início da colonização do Brasil por Portugal. E, em cada capítulo, o autor mostra as dificuldades enfrentadas pelas crianças, principalmente as mais pobres e de minorias étnicas, no país, como a desigualdade de gênero, o preconceito racial, o trabalho infantil, a mortalidade infantil e a pobreza.
Tudo isso usando, como pano de fundo, episódios históricos como as bandeiras paulistas, a promulgação da Lei do Ventre Livre e a consolidação das leis trabalhistas. Durante a execução do projeto, o artista contou com a consultoria e pesquisa da historiadora Claudia Regina Baukat Silveira Moreira. “Foi um processo bastante delicado, de auto-descoberta e de tomar consciência das coisas que acontecem ao nosso redor. Eu percebi que, infelizmente, continuamos repetindo os mesmos erros e insistindo em questões que já poderiam ter sido superadas. Em cada capítulo, eu comparo o passado com o século 21, para mostrar que ainda temos discriminação, abandono, indiferença, exploração do trabalho infantil, questões raciais, discriminação de gênero”, conta Aguiar, que teve a ideia de
criar o projeto depois do nascimento do filho, em 2010. A Infância do Brasil foi publicado em formato de revista, pela editora Avec, e conquistou neste ano o Troféu HQMix, a principal premiação brasileira do segmento. O trabalho também pode ser lido gratuitamente na internet. No site www.ainfanciadobrasil. com.br, os leitores podem não só ler a história em português, inglês, francês e espanhol, como também podem escolher uma versão comentada da história, em que são contadas curiosidades da história do Brasil, como as informações sobre o parto no século 16.
Candongueiro, principal ponto de encontro dos apaixonados por samba em Niterói, está fechado por tempo indeterminado. A casa, que há mais de 20 anos embala os sambistas da cidade com uma badalada roda de samba que acontece quinzenalmente, teve sua atividade interrompida pela Prefeitura de Niterói. De acordo com o município, o Departamento de Fiscalização e Posturas fez uma verificação no local, constatou que o estabelecimento não tem CNPJ válido para a atividade que exerce, alvará de funcionamento nem liberação do Corpo de Bombeiros para evento. Enquanto os proprietários tentam resolver as burocracias, a vereadora Talíria Petrone (PSOL) anunciou que apresentará um projeto de lei que pretende transformar a roda de samba do Candongueiro em Patrimônio Imaterial de Niterói.
JAZZ
Jazz embala festa no Largo da Prainha, na Saúde
Nesta quarta-feira (1), véspera de feriado, acontece a primeira edição do Prainha Jazz. O evento promete reunir boa música e comidas deliciosas na zona portuária do Rio. O som fica por conta do grupo El Miraculoso Samba Jazz que mistura ritmos brasileiros e jazz. O quê: Prainha Jazz. Onde: Largo São Francisco da Prainha, na Saúde. Quando: Quarta-feira (1), a partir das 18h. Quanto: 0800. Divulgação
CULTURA & LAZER
11 Fotos: Divulgação
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Tropicália 50 anos: A história do movimento que marcou a cultura nacional
As apresentações de Caetano Veloso de Gilberto Gil, em 1967, marcaram o início de uma série de experimentações ANA ELISA SANTANA, LEANDRO MELITO E SUELI DE FREITAS
AGÊNCIA BRASIL
O
movimento artístico que ficou conhecido como Tropicália completa 50 anos em 2017. A apresentação das músicas “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, e “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil, em 1967, durante a final do III Festival Record, marcaram o início de uma série de experimentações que levaram a uma nova forma de compreender a música brasileira.
Era o auge da ditadura militar. A radicalização política no país também se expressava na música: de um lado os admiradores das canções de protesto, do outro, os fãs da Jovem Guarda. “Os tropicalistas buscavam justamente uma cena que fosse um pouco mais aberta, com menos preconceitos e mais liberdade de criação”, destaca o escritor Carlos Calado, autor do livro Tropicália: história de uma revolução musical. A Tropicália representou uma renovação no cenário musical do país ao investir em ritmos como o
baião, bolero, marcha, música caipira, incluindo na mistura o pop e o rock. “A Tropicália era muito mais um ponto de vista crítico sobre a cena da música brasileira, sobre o repertório da música brasileira, do que propriamente uma maneira de se fazer música. Não existia uma forma tropicalista, na verdade os tropicalistas buscaram várias formas”, explica Calado. Para o poeta e compositor Salgado Maranhão, a Tropicália foi fruto de um momento do país e teve o papel de abrir caminhos e possibi-
lidades no campo artístico. “A Tropicália nos deu uma modernidade e uma ousadia que não tínhamos”. O também poeta e compositor Antônio Cícero destaca que o mais interessante no tropicalismo foi o fato de ser um movimento de vanguarda para a música popular. “Foi através da Tropicália que eu rompi com essa separação radical entre a cultura erudita e a cultura popular. Foi muito importante para o Brasil, representou a liberação de todas as possibilidades para a música brasileira”, conclui.
A Tropicália, de Caetano e Gil, surgiu no auge da ditadura militar
A radicalização política no país também se expressava na música
ASTROLOGIA
OUVIR AS ESTRELAS »Para traçar um mapa astral precisamos saber a cidade, o dia e a hora exata do nascimento. Quando se sabe o dia, mês e ano de nascimento, é possível identificar onde cada um dos planetas estava. Mas esse desenho é praticamente igual para um pessoa que nasce no Brasil ou no Japão, no início do dia ou no final da noite. No entanto, o céu sobre a pessoa não é o mesmo. Com o local e o horário de nascimento, podemos descobrir os planetas e signos que estavam acima da linha do horizonte e os que estavam abaixo. Com isso, sabemos, por exemplo, o signo ascendente. Ou seja, o signo que estava ascendendo, subindo no horizonte do local em que a pessoa nasceu. Por que ele é importante? Veja, era a energia que se mostrava no céu, no momento em que sua energia se manifestou na Terra. Portanto, ele mostra como você se apresenta, isto é, como você se relaciona com o mundo, ou ainda, como o mundo te vê. O cálculo que permite identificar o ascendente é o cálculo de casas. São 12 casas e cada uma simboliza um aspecto da nossa vida. O signo ascendente é aquele que está no início da casa 1. Dizemos que ele é o dono da casa 1. Ana Lúcia Vaz é astróloga. Dúvidas? Envie para (21) 99373.4327
12 CULTURA & LAZER
RIO DE JANEIRO, 10 A 9 DE NOVEMBRO DE 2017
Laerte Coutinho: “Gênero é algo que pode e deve ser discutido”
Transgeneridade e política também foram temas abordados pela cartunista, que é a nova colunista do Brasil de Fato JULIANA GONÇALVES SÃO PAULO (SP)
Divulgação
Em que momento está do seu trabalho? Às vezes acho que estou na etapa três e querendo entender se tem uma quarta. Estou fazendo o que sempre fiz na minha rotina de trabalho e tentando construir uma história que pode me dar bastante trabalho por ser vasta, que não é autobiográfica, mas tem material autobiográfico. Estou sentindo a necessidade de fazer um balanço do que vivi, principalmente em termos de sexo e política. Que são as áreas onde eu mais intensamente mudei.
F
oi falando das plantas que cultiva em seu quintal e da grande figueira na porta de casa que o papo de Laerte Coutinho com o Brasil de Fato se iniciou. Ela conta que as plantas foram deixadas para ocupar o espaço de forma livre. No mesmo processo, há pelo menos oito anos, a cartunista, de 66 anos, também rompeu barreiras internas e externas para se tornar o que chama de “uma mulher possível”. Nesta entrevista, Laerte fala de que forma seu trabalho se relaciona com o longo processo de rompimento de preconceitos e descobertas. Brasil de Fato - Suas tirinhas sobre gênero muitas vezes zombam dos excessos de perguntas sobre os corpos. Não ter resposta também é uma saída? Laerte Coutinho - Você pode ter respostas, mas temos que questionar as perguntas também. Por que a pessoa quer saber? Por que você não se conforma com o modo que as coisas sempre foram? Quando te perguntam se é homem ou mulher, está perguntando isso: por que está inventando história? E para esse tipo de pergunta eu também tenho resposta. O gênero é sim algo que pode ser discutido. E não só para estabelecer um lugar para as identidades trans, mas para questionar o status de gênero que sempre vigorou na sociedade onde a mulher é visivelmente inferior ao homem. Como essas questões sobre transgeneridade aparecem no seu trabalho?
AGENDA
Noite cubana em solidariedade às vítimas do Furacão Irma
Em setembro deste ano, o furacão Irma atingiu Cuba e deixou diversos mortos, além de provocar graves danos principalmente nos pontos turísticos da ilha. Para arrecadar colaborações às vítimas, acontecerá uma festa, embalada por samba e salsa, além de um bingo com premiações cubanas. O quê: Noite cubana. Quando: Quarta-feira (1), às 18h. Onde: Raízes do Brasil, que fica na rua Áurea, 80, em Santa Teresa. Quanto: R$ 10 (meia R$ 5).
“Uma mulher possível’’, é assim que Laerte se define após um processo de autoconhecimento
O meu trabalho foi na frente. Inclusive, para mim é muito claro que se eu não tivesse feito uma tira com o personagem Hugo, que ele se travestia de forma desconectada com o compromisso de narrativa humorística, só pelo prazer das coisas mesmo. Se ele não tivesse feito isso, e não tivesse sido lido e entendido como comportamento trans - e fui alertada e me interessei -, provavelmente não teria nem começado a descobrir minha transgeneridade. Então meu trabalho foi na frente. Eu não mudei nada nele [trabalho] por conta do Movimento Transgênero.
Memória e resistência da cultura negra no Terreiro de Crioulo, em Realengo Como parte das manifestações de memória e resistência do mês da Consciência Negra, o Terreiro de Crioulo inicia neste sábado (4) a série Samba e Cultura, com apresentação do grupo de mulheres Quintal da Caffé. O quê: Samba e Cultura no Terreiro de Crioulo. Quando: Sábado (4), a partir das 16h. Onde: Terreiro de Crioulo, que fica na rua do Imperador, 1075, em Realengo. Quanto: R$ 10.
O que te encanta hoje no sentido de impulsionar seu trabalho? O que está me encantando hoje é a sensação de estar mais lúcida. Não sei se estou, mas tenho a sensação de estar e isso traz uma paz muito interessante. É descobrir que eu não estou desencantada, ressentida. Estou mais velha, cansada e tenho várias limitações. Estou produzindo de forma vagarosa, mas ainda estou a fim. E isso é uma descoberta boa. Não estou vivendo um momento ‘zen’, acho que ninguém está. Mas tranquilidade não tem a ver com passividade. Você começou a militar no Partido Comunista na década de 1970, como vê a esquerda tradicional nesse cenário pós-golpe? A esquerda tradicional não é um clube fechado, é um estado de coisas. Agora o que eu tenho visto é que o pessoal de esquerda está à reboque das coisas. Não existe reforma política sendo proposta pela esquerda.
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