Aline Braga
esporte | pág. 16
Samuel Tosta
cidades | pág. 05
Contra a venda do petróleo
Com dificuldades, Mengão bate Campinense por 2 a 1 e tem folga no torneio até julho, quando, na terceira fase, enfrenta o ASA alagoano.
Sindicalistas, movimentos do campo e da cidade, estudantes e partidos políticos se uniram na terçafeira (14) para repudiar a 11ª Rodada dos Leilões de Petróleo e Gás.
Edição
Fla avança na Copa do Brasil
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013 | ano 11 | edição 03 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Adam Jones/Global Photo Archive/CC
cidades | pág. 07
Restrição a vans não coíbe estupros A restrição à circulação de vans no Rio pode agravar a situação de insegurança das mulheres . Para especialistas, sem o transporte alternativo, elas ficam submetidas aos ônibus demorados e às ruas mal iluminadas.
mundo | pág. 10
cultura | pág. 11
brasil | pág. 9
Vitória do Sul na OMC
El Efecto e a política do RJ
Governo define vinda de médicos cubanos
A eleição do brasileiro Roberto Azêvedo para a presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC) representou uma vitória diplomática dos países emergentes.
A banda El Efecto, um grupo formado por 5 jovens cariocas, compõe músicas com críticas ao governador Sérgio Cabral e ao empresário Eike Batista.
O Ministério da Saúde anunciou a intenção de contratar médicos estrangeiros, incluindo a chegada imediata de 6 mil cubanos para atuar nas regiões mais pobres do país,
por meio do programa “Mais Médicos”. A medida tem sido atacada pela mídia, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB).
02 | editorial
Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013
editorial | Brasil
Bem-vindos, médicos cubanos O BRASIL TEM 455 municípios sem médicos, de um total de mais de 5.560 cidades. O problema é mais acentuado em regiões distantes dos maiores centros urbanos, como no Nordeste, que lidera a lista de cidades sem médicos, com 117, 25,7% do total. Além de nos faltarem profissionais, 70% dos médicos brasileiros concentram-se nas regiões Sudeste e Sul do país. E em geral trabalham nas grandes cidades. Se a média nacional é de 1,95 médicos para cada mil habitantes, no Distrito Federal esse número chega a 4,02 médicos por mil habitantes, seguido pelos estados do Rio
É muita arrogância da elite brasileira criticar a qualidade da medicina cubana, sem apontar qualquer solução imediata de Janeiro (3,57), São Paulo (2,58) e Rio Grande do Sul (2,31). No extremo oposto, porém, estados como Amapá, Pará e Maranhão registram menos de um médico para mil habitantes. Para enfrentar esse problema, o Ministério da Saúde anuncia a intenção de contratar médicos estrangeiros, com a possibilidade imediata de 6 mil médicos cubanos dispostos a atuar nas regiões mais
carentes do país. Trata-se do Programa “Mais Médicos”. Diante da notícia, o Conselho Federal de Medicina e os setores mais conservadores da classe dominante, iniciam uma virulenta campanha preconceituosa, em defesa dos interesses corporativos da elite médica. E como querem desviar o foco do verdadeiro problema que é a falta de médicos, utilizam um repertório de mentiras.
A principal delas é a de atacar a qualificação da medicina cubana. Uma acusação que não suporta qualquer confronto com a realidade. A expectativa de vida em Cuba é maior do que a dos Estados Unidos. A relação médico-paciente pode ser comparada a qualquer país da Europa Ocidental. Há em Cuba um médico por cada 175 pessoas. Ninguém mais em nosso continente revela essa proporção. Graças à sua medicina preventiva, tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo – 4,9 por mil (contra 60 por mil em 1959, quando do triunfo da revolução) – inferior à do Ca-
nadá e dos Estados Unidos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a nação melhor dotada do mundo neste setor. É muita arrogância da elite brasileira criticar a qualidade da medicina cubana, sem apontar qualquer solução imediata para resolver a falta de profissionais nas regiões carentes. Demonstram que não estão preocupados com os problemas do povo, mas apenas com seus interesses corporativos. Defender o Programa “Mais Médicos” é fundamental para responder, no plano imediato, o desafio de proporcionar o atendimento básico aos brasileiros que mais necessitam.
editorial | Rio de Janeiro
FOI APROVADO no Senado e agora segue para a Câmara dos Deputados o projeto do Estatuto da Juventude. A aprovação irá representar um avanço para a juventude brasileira, um marco na discussão e promoção de políticas públicas para este segmento marginalizado na sociedade. Entretanto, um grande retrocesso que deve ser combatido: a restrição à meia entrada! A redação do Estatuto apresenta alguns avanços. A criação de espaços institucionais para a construção de políticas para a juventude como a Rede Nacional de Juventude, o Sistema Nacional de Juventude (Sinajuve) e os Conselhos de Juventude, a reserva de assentos em ônibus interestaduais para jovens com renda familiar de até dois salários mínimos.
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Meia entrada, um direito
O grande problema está na proposta de limitar a meia entrada a 40% dos ingressos disponíveis. Ou seja, quando formos assistir a um show ou jogo de futebol, mesmo com a car-
teirinha de estudante pagaremos o ingresso inteiro, se a cota já tiver sido alcançada. O que é pior: a cota será praticamente impossível de ser fiscalizada, podendo o em-
É nossa tarefa enfrentar os empresários do entretenimento que só tem olhos para seus lucros presário mentir para aumentar seus lucros! O direito à meia entrada é uma conquista histórica protagonizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), ainda na década de 40. Permitiu acesso ampliado para os estudantes a eventos culturais e esportivos. Após o fechamento da UNE no período da ditadura militar e alterações na lei (MP 2208/01) durante o governo FHC, perdeu-se o controle so-
bre a emissão de carteirinhas. A consequência foi a compra cada vez maior de ingressos com a meia entrada, e ao mesmo tempo o aumento abusivo dos valores desses ingressos, para aumentar os lucros dos empresários. Hoje temos cerca de 51,3 milhões de jovens. Destes, 35,8% frequentam escolas ou faculdades, e, portanto, têm direito à meia entrada. É preciso muita mobilização e lutas nas escolas, universidades, comunidades e nas ruas. É nossa tarefa enfrentar os empresários do entretenimento que só tem olhos para seus lucros, pressionar o governo para que o Estatuto seja aprovado com a garantia da meia entrada a toda a juventude e construir para o país um projeto popular.
Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – redacao@brasildefato.com.br • Gráfica: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou assinaturas@brasildefato.com.br
Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013
Latuff
artigos | 03
Paulo Kliass
Os portos e o petróleo
Marcelo Edmundo
Seremos despejados QUANDO ASSUMIU a prefeitura em 2009, o prefeito Eduardo Paes afirmou que a grande meta de sua administração seria a criação de moradias populares. Ao mesmo tempo, declarou que remoção era um assunto que não podia ser tratado como tabu, apoiando campanha do jornal O Globo a favor da remoção de comunidades pobres. Neste sentido, traçou como uma das metas de seu governo, o objetivo de reduzir em 5% a área ocupada por favelas na cidade, o que equivale a cerca de três Rocinhas. Para atingir seu objetivo, a principal medida aplicada foi
implementar um novo e violento processo de remoções, como não se via desde a ditadura militar, quando o governo federal, em conjunto com o governo da Guanabara promoveu o maior programa de remoções de favelas da cidade. Se na ditadura não era necessário justificativas para estas remoções, hoje, a preparação da cidade para receber a Copa e as Olimpíadas é o argumento perfeito para este projeto elitista e preconceituoso. A intenção é atender aos interesses da especulação imobiliária e dos investidores privados, em detrimento aos interesses da população e da cidade. Este é um problema que
atinge a todos. Quem é de classe média e mora de aluguel ou mesmo está tentando comprar um apartamento, já deve ter percebido que os preços estão fora da realidade. É preciso entender que os mesmos interesses que estão por trás das remoções dos mais pobres estão por trás da supervalorização do mercado. A continuar assim, seja nas favelas com o trator da remoção, seja no “asfalto” com o trator da especulação, um dia seremos todos despejados. Marcelo Edmundo é da coordenação da Central dos Movimentos Populares (CMP)
vidores da saúde. Eles não têm Plano de Cargos e Salários, estão sem reajustes há anos. Aqui, o governador terceiriza serviços e fecha hospitais, como o Instituto de Infectologia São Sebastião, o Anchieta e a rede do Iaserj. A Secretaria de Estado de Saúde tem sido alvo inúmeras denúncias – comprovadas – de desvio de recursos públicos. Enfim, urge continuar lutando contra a privatização da saúde para garantirmos saúde pública e qualidade. Paulo Ramos é deputado estadual pelo PDT
Paulo Kliass é doutor em economia e especialistas em políticas públicas e gestão governamental, do governo federal.
Saúde sucateada no Rio Ao longo dos anos, foi sendo travada uma luta muito grande em defesa do SUS, na busca de sua implementação. Lamentavelmente, os defensores do serviço público de saúde estão sendo derrotados, na medida em que os governos privilegiam a saúde privada. Assim, precarizam a saúde pública, levando ao descrédito os servidores e serviços públicos. Desse modo, privilegiam os planos de saúde, a transferência de serviços para o setor privado, parcerias e terceirizações , o que nada mais é do que desvio dos recursos públicos. No estado do Rio de Janeiro, o governador persegue os ser-
Essa empresa estatal exemplar vai completar 60 anos de história e tem sido uma referência de qualidade Candidataram-se as maiores empresas multinacionais do setor, todas muito interessadas nas elevadas taxas de retorno proporcionadas pelo modelo adotado da concessão. De acordo com o sistema previsto, as empresas têm ampla liberdade operacional e podem fazer o que quiserem com o óleo extraído. Já no caso dos portos, a opção foi pela edição de uma Medida Provisória bastante polêmica, que oferece ampla liberdade operacional para os chamados “portos privados” e que reduz todas as garantias previstas na legislação para o funcionamento nos portos públicos. Com o falso argumento do elevado “custo Brasil”, a proposta do governo pretende reduzir importantes conquistas dos trabalhadores do setor e permitir que a exploração comercial no regime de privatização ocorra em ambiente totalmente favorável aos interesses do capital. Vale a pena ressaltar, por outro lado, que todas essas benesses oferecidas aos grandes grupos empresariais vêm se somar a outras medidas de favorecimento explícito do setor privado, a exemplo da desoneração da contribuição previdenciária sobre a folha de salários e dos empréstimos de recursos a juros subsidiados por parte do BNDES para os investimentos necessários. Assim, o que se percebe é que, infelizmente, o atual governo continua insistindo na opção amplamente rejeitada do modelo neoliberal. Ou seja, mais dos mesmos equívocos do passado.
Paulo Ramos
A CONSTITUIÇÃO de 1988 estruturou a Seguridade Social, incluindo a saúde, a assistência e a previdência. Embora com previsão de fontes e dos recursos necessários, as três áreas são objeto de gestões e orçamentos distintos. Cada uma subordinada a ministérios diferentes, sem que haja uma coordenação superior. No caso da saúde, a Constituição estabeleceu também o Sistema Único (SUS). A Lei que regulamentou o SUS ainda previu a participação da sociedade, conselhos, na elaboração das políticas e na fiscalização de sua implementação.
O GOVERNO ACABOU por ceder à lógica e às pressões do setor privado. Em vez de assumir as rédeas do processo de planejamento e tomar a iniciativa pelos projetos, a opção foi rumar pelo caminho da privatização. No momento, chamam a atenção os processos envolvendo dois ramos fundamentais para a nossa economia: portos e petróleo. Em ambos os casos, trata-se de exploração econômica de bens e serviços de natureza pública. Em razão das características específicas, são atividades que não comportam padrões de concorrência do chamado “mercado da batatinha”. Estruturas portuárias e explorações petrolíferas tendem a ser monopólios ou oligopólios concentrados. Além disso, ambas guardam uma relação sensível com questões de segurança nacional, impacto ambiental e sistema alfandegário. Daí porque o mais adequado é que o Estado se responsabilize diretamente pelas mesmas. A nossa Constituição determina que as reservas do subsolo são de propriedade da União e temos a Petrobras para dar conta dessa tarefa. Essa empresa estatal exemplar vai completar 60 anos de história e tem sido uma referência de qualidade no ramo petrolífero por todos os continentes. Porém, a equipe de Dilma decidiu dar continuidade aos leilões de novos poços, mantendo a legislação da época de FHC, com o intuito de promover sua exploração.
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Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013 Tânia Rêgo/ABr
“Não é função da polícia matar criminoso” Para Zaccone, “mais pessoas morrem com a guerra contra as drogas do que pelo uso destas substâncias”
ENTREVISTA Delegado critica ação da polícia no assassinato de Matemático na comunidade da Coreia Viviane Tavares do Rio de Janeiro (RJ) Orlando Zaccone é delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro e secretário geral da Law Enforcement Against Prohibition (Leap) no Brasil. Nesta entrevista, ele fala sobre o papel do policial e ação violenta da polícia atualmente. Brasil de Fato - Como você avalia a atuação da Polícia Civil no caso do Matemático que apareceu recentemente no programa Fantástico da TV Globo e a questão dos policiais forjando um auto de resistência na favela do Rola em Santa Cruz denunciado pelo Jornal Extra, do Rio de Janeiro? Orlando Zaccone - A avaliação é uma só. Foram ações policiais que resultaram em morte. E a discussão que se deu é se essas pessoas tinham antecedentes criminais ou não. É importante lem-
“Em 2011, no RJ e em SP, se matou 961 pessoas enquanto em todos os países que têm pena de morte autorizada, foram 676 mortes” brar que não é função da polícia matar criminoso. Mas nós temos um problema muito grande da legitimidade da polícia no Brasil, porque em qualquer lugar do mundo uma polícia que mata muito é considerada uma polícia fraca e ruim. Já no Brasil, essa violência policial acaba sendo elevada ao patamar de produto cultural de exportação como, por exemplo, o filme Tropa de Elite, o jogo Favela War, que foi lançado recentemente. Estamos com uma inversão total desses valores.
Mas a polícia não pode ou não deve matar? Deveria ser exceção, porque nós não estamos dizendo que em determinada situação a polícia não pode matar alguém. Mas a situação que isso deveria ser admitido é em legítima defesa própria ou de terceiros, na qual a única maneira de essas vidas sob ameaças fosse essa. O que nós vemos nestas recentes ações são situações em que a violência policial é praticada em momentos em que ela poderia ser evitada. Mas é importante lembrar que esse tipo de ação não é cul-
pa de um determinado grupo de policiais, ele se dá através de uma política pública. Matar pessoas, no caso os criminosos, que também são pessoas, passa a ser legitimado pelo Estado e aplaudido pela sociedade. Por isso, a responsabilização do problema não é só na ação dos policiais. Por que você diz que o Estado legitima a guerra contra as drogas? De que forma ele faz isso? A partir do momento em que a legislação coloca o traficante, o comerciante de drogas ilícitas como o crimino-
Dennys Coelho/Ascompcerj
“Em qualquer lugar do mundo uma polícia que mata muito é considerada uma polícia fraca e ruim” O delegado Orlando Zaccone
so mais perigoso do ambiente social. No Brasil, de acordo com dados da Anistia Internacional, em 2011, só nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, se matou 961 pessoas enquanto em todos os países que têm pena de morte autorizada , exceto a China, foram 676 mortes. É uma guerra injusta e há muito tempo incentivada, apoiada e produzida pelo Estado brasileiro. Mas isso não é de se admirar porque a história da sociabilização no nosso país sempre foi violenta, vide agora a pacificação nas favelas do Rio de Janeiro. Como você avalia a reforma do código penal, que diminui a pena do usuário e aumenta a do traficante? As pessoas têm que entender que são construídos o crime e o criminoso. Ele só existe através de um olhar. E essa diferenciação, que começa em 1976, ganha em 2011, com a atual lei de
drogas, um avanço, porque se aumentou muito a punição do traficante e descriminalizou a conduta do usuário. Reforça o estereótipo de dependente para o usuário. E o que acontece na prática? A definição do consumidor e do traficante não é feita pela norma, ela é feita a partir da norma. As construções que se fazem realmente definem pessoas pobres como traficantes e as que estão em posição econômica melhor, como usuários. Hoje, um menino na favela que é pego com R$ 600 no bolso, por ter acabado de receber o salário, e que passou na boca de fumo e comprou cinco trouxinhas de maconha, é preso como traficante. Quando o Johnny foi pego ele teve tratamento como usuário, depois virou filme [Meu nome não é Johnny, 2008], ganhou dinheiro, escreveu livro. Essa construção que vai se fazendo é apartadora e injusta.
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Povo na rua contra os leilões do petróleo
Samuel Tosta
PRIVATIZAÇÃO “A única forma de barrar a entrega do patrimônio nacional é com o povo na rua” Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Sindicalistas, movimentos do campo e da cidade, estudantes e partidos políticos se uniram nesta terça-feira (14) para repudiar a 11ª Rodada dos Leilões de Petróleo e Gás. A manifestação ocorreu em frente ao luxuoso hotel Royal Tulip, localizado na zona sul do Rio. Em unidade, diversas organizações contestaram o leilão de 289 lotes, localizados no pós-sal, com produção estimada em 30 bilhões de barris. Para o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, essa manifestação demonstra uma união crescente entre as entidades.
“A retomada dos leilões é um retrocesso para o desenvolvimento do país e um ataque à soberania nacional” “Tivemos a presença de quatro centrais: CUT, CTB, CGTB e a Conlutas. Também participaram estudantes secundaristas e técnicos, além de movimentos do campo e da cidade. Isso dá esperança de que podemos intensificar o movimento com novas adesões. A única forma de barrar a entrega do patrimônio nacional é com o povo na rua”, defende.
Manifestação contra a 11ª Rodada dos Leilões de Petróleo e Gás realizada em um hotel em São Conrado, zona sul do Rio
Retrocesso A retomada dos leilões é um retrocesso para o desenvolvimento do país e um ataque à soberania nacional, destacou o diretor do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ), Edson Munhoz. “O petróleo pode ga-
rantir a educação, a saúde, o saneamento básico: os princípios fundamentais para o funcionamento da nação. Aliás, a briga hoje no mundo é por petróleo e água, bens não renováveis. Não faz sentido entregar a preço de banana para as multina-
cionais”, explica A legislação que orienta esse leilão é altamente questionável, argumenta o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio Moraes. “A lei 9.478, implementada pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, fragiliza o controle sobre o setor e arrecada pouco para o país. Na maioria dos países, a arrecadação se dá em torno de 40 e 50%, pelo menos. Há países que taxam em 90%. Aqui temos só 10% de royalties”, informa.
Jornada de lutas pela soberania energética Samuel Tosta
“Defendemos que água e energia não são mercadoria.”
Lideranças de trabalhadores defendem a necessidade de lutas unitárias e concretas do Rio de Janeiro (RJ) Movimentos sociais e sindicais iniciaram na segunda-feira (13) a jornada de lutas contra a 11ª rodada. Camponeses, além de quilombolas e trabalhadores ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), participaram da ocupação do Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília (DF). No Rio, a sede da ANP
também foi ocupada. Além disso, atos foram feitos no Paraná, Minas Gerais, Brasília e São Paulo. “Defendemos que água e energia não são mercadoria. Este é um ano de luta pela soberania energética. Em junho teremos lutas contra a privatização de hidrelétricas de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Depois contra os leilões do gás e contra os leilões do pré-
Luta deve ser unitária na defesa dos trabalhadores
sal”, informou Leonardo Maggi, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Unidade Marcelo Durão, da coordenação estadual do Movimento dos Traba-
lhadores Rurais Sem Terra (MST) afirmou que a luta deve ser unitária na defesa dos trabalhadores. “Nós do MST estamos nos juntando aos petroleiros do Brasil, fazendo atos para barrar os leilões. Há a necessidade de irmos às ruas de forma unitária. Este é um momento histórico para fazermos lutas concretas, pois temos que defender
o que é dos trabalhadores”, destacou. Além dos atos, a Aepet, o Sindipetro e a FUP ingressaram com ações para tentar cancelar os leilões em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe. Em Curitiba, o Sindipetro SC-PR entrou com uma ação civil pública que já teve seu pedido negado, embora ainda haja recurso. No Rio, São Paulo e Sergipe, as entidades ingressaram com ações populares para tentar barrar o prejuízo dos leilões e aguardam posicionamento da justiça. (VV)
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Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013
Privatização da saúde no Rio aprovada na Câmara SERVIÇO PÚBLICO Especialista vê ameaça à conquista da saúde pública e gratuita SATEM/RJ
da Redação A última etapa da votação que determina a criação da empresa pública Rio Saúde ocorreu nesta terça-feira (14). Dos 51 vereadores da Câmara municipal, 31 votaram sim à empresa, 13 votaram não e sete se abstiveram. Para a professora da Uerj e integrante da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, Maria Inês Bravo, esta aprovação significa o desmonte da saúde pública do Rio. “Estamos prestes a perder uma luta muito importante que foi a conquista do SUS público, estatal e sob administração direta do Estado”, comenta. Com a Rio Saú-
de, a gestão pode acarretar em aumento dos custos como um todo. A Rio Saúde está em pauta para votação desde o início deste mês. No total foram duas votações na Câmara Municipal, e agora seguirá para sanção do prefeito Eduardo Paes. Alguns parlamentares – como o vereador Paulo Pinheiro (PSOL)– declararam que entrarão com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o processo da Rio Saúde que, segundo eles, não foi discutido de maneira transparente com a população. Luta antimanicomial O dia 18 de maio é uma data mais do que simbó-
lica para o Movimento de Luta Antimanicomial em todo país. Desde a década de 1980, diversos trabalhadores da saúde lutam pelo fim dos manicômios, que são hospitais especializados em pacientes com doenças mentais. O que este grupo defendia na época era um tratamento humanizado e com participação familiar no lugar da violência praticada nestes espaços. No Rio, uma das principais bandeiras é a luta contra a internação compulsória, autorizada pelo município para os usuários de crack. Este tratamento é muito semelhante ao que os trabalhadores da saúde mental criticaram há décadas.
Rio Saúde: desmonte da saúde pública do Rio de Janeiro
“A internação compulsória muitas vezes é considerada uma prisão perpétua porque impede a defesa do cidadão de que ele é capaz de de-
cidir sua própria vida. E a vítima, na maioria das vezes, são as camadas mais pobres”, explica a pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde da
Fiocruz (EPSJV/Fiocruz), Nina Solheiro. No Rio, o ato será celebrado na Praça XV, no centro, nesta próxima sexta-feira, dia 17, às 14h.
Em dois meses, Porto do Açu demite 400 trabalhadores
Paralisação no Comperj
INDÚSTRIA Empresa de Eike desliga funcionários sem comunicar sindicato
PETROQUÍMICO Cancelamento de licença ambiental para obras da Petrobras
FAETEC/RJ
da Redação A OSX, empresa de construção naval do empresário Eike Batista, demitiu cerca de 400 funcionários nos últimos dois meses. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário no Estado do Rio de Janeiro (Sticoncimo-RJ), 150 funcionários foram afastados nos últimos dias. “Ficamos sabendo das demissões, mas a empresa não comunicou o sindicato”, disse o presidente da entidade, José Carlos Eulálio. Em nota, a OSX confirma “ajustes” no qua-
Em nota, a OSX confirma “ajustes” no quadro de funcionários, mas não revela o total das demissões
dro de funcionários, mas não revela o total das demissões. No início de maio, ainda de acordo com o Sticoncim, a OSX perdeu o contrato de construção no Su-
da Redação
Operários trabalham no Superporto do Açu
perporto do Açu de duas sondas de perfuração do pré-sal, num custo de US$ 1,6 bilhão, que afeta
as prestadoras de serviço, como a Acciona que possui contrato com 1,6 mil funcionários.
Foi com perplexidade que os cerca de 28 mil trabalhadores nas obras do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) receberam, nesta quarta-feira (14), a notícia de que não poderiam entrar no canteiro de obras. O motivo alegado pela Petrobras, responsável pelo Comperj, foi o cancelamento das licenças ambientais para a realização da obra. A empresa se limitou a afirmar que “ninguém terá prejuízos financei-
ros” sem especificar se isso significa a garantia dos empregos. Com isso, ‘os trabalhadores voltaram para casa sem saber quando retornarão ao trabalho. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom) compreende e defende a necessidade do cuidado com o Meio Ambiente, mas considera inconsequente esta decisão judicial que coloca em risco o emprego de 28 mil trabalhadores.
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Proibição de vans na zona sul piora segurança das mulheres El Floz/CC
VIOLÊNCIA Sem transporte complementar, trabalhadoras ficam ainda mais vulneráveis à espera de ônibus que não circulam 24 horas, em ruas precariamente iluminadas Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Além de não resolver o problema dos estupros, a proibição da circulação de vans na zona sul é uma medida que afeta a segurança das mulheres. Esta é a opinião da feminista Eleutéria Amora da Silva, da Casa da Mulher Trabalhadora (CAMTRA). Sem consulta pública, essa foi a única providência da gestão de Eduardo Paes (PMDB) diante dos recentes casos de estupro. “Se a proibição de vans resolvesse o problema, agora teríamos que proibir os micro-ônibus”, argumenta Eleutéria. Ela se refere aos três casos que ocorreram nos últimos meses. O primeiro aconteceu no dia 30 de março, quando uma turista dos Estados Unidos, de 19 anos, foi atacada por três homens em uma van que passava por Copacabana. Ela foi estuprada 8 vezes. Outro
“Os ônibus circulam raramente em certos lugares e, para piorar a situação, a iluminação fica cada vez mais precarizada”
aconteceu no dia 3 de maio em um micro-ônibus da linha 369 (Bangu-Largo da Carioca) que transitava na Avenida Brasil. A mulher de 30 anos foi violentada em plena luz do dia, às 15h30 de uma sexta-feira. Em outro mais antigo, do dia 15 de fevereiro, uma menina de doze anos foi vítima de um estupro dentro de um ônibus da linha 162 (Glória-Leblon) na Rua Jardim Botânico.
Para ampliar a segurança das mulheres, prefeitura deve investir em iluminação, segurança e transporte público de qualidade
Segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), só em março 497 mulheres denunciaram estupros no estado. De janeiro a março de 2013, as estatísticas apontam 1.503 casos. Em 2012, 16 foram estupradas por dia. Além de violações em ônibus e vans, as denúncias contra o pastor Marcos Pereira, acusado de seis estupros, Beth Santos/Divulgação
também aumenta o clima de insegurança. Mudanças estruturais Se realmente quisesse ampliar a segurança das mulheres, a prefeitura deveria tomar atitudes estruturais, com investimento em iluminação, segurança e transporte público de qualidade, argumenta Eleutéria. Sem regularizar o transporte complementar em toda a cidade, a vida das trabalhadoras fica ainda mais difícil. Segundo ela, as mulheres que se deslocam para o trabalho no início da manhã, às 6h, e
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mulheres denunciaram estupros em março de 2013 O prefeito Eduardo Paes
aquelas que retornam só depois das 22h, são as vítimas mais vulneráveis para estupradores. “Os ônibus circulam raramente em certos lugares e, para piorar a situação, nos locais mais afastados do cen-
tro a iluminação fica cada vez mais precarizada”, denuncia Eleutéria. A Coordenação Especial de Transporte Complementar estima que circulam pela cidade 6 mil vans e a maioria não possui permissão.
SEGREGAÇÃO VAGÕES FEMININOS, SOLUÇÃO SUPERFICIAL Outro caso de estupro ocorrido em um banheiro da estação do metrô da Central do Brasil também revela que as mulheres não estão seguras nem mesmo neste local iluminado. No dia 4 de janeiro, uma mulher de 30 anos foi atacada no banheiro exclusivo para funcionários. O crime ocorreu mesmo com policiais militares que fazem a segurança do Metrô Rio. Assédios e constrangimentos são comuns nestes espaços, lembra Eleutéria. “As mulheres gritam e
chegam a abandonar o trem e o metrô em função do assédio”. Para ela, a política de reservar um vagão feminino segrega as mulheres do convívio e resolve superficialmente o problema. “Em primeiro lugar, o grande número de trabalhadoras não caberia em só um vagão. Em segundo, colocar as mulheres em um lugar para afastar os homens aparenta dar o direito a eles de fazerem o que quiserem nos vagões coletivos e em outros espaços”, explica. (VV)
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Moradores do Horto resistem
Pedro Marins
HABITAÇÃO Famílias defendem direito constitucional à moradia Marina Schneider do Rio de Janeiro (RJ) O Ministério do Meio Ambiente demarcou, pela primeira vez na história, a área pertencente ao Jardim Botânico. A ação ocorreu após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). A delimitação do perímetro do parque é mais uma forma encontrada para tentar legitimar a remoção de 520 das 621 famílias que residem há décadas no Horto Florestal. Agora, o terreno das casas passa a fazer parte oficialmente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). A medida foi anunciada à imprensa no dia 7 de maio pela ministra Izabella Teixeira. “O acordo era que qualquer informação só seria dada à imprensa depois que os moradores fossem comunicados, mas a ministra fez o contrário”, critica Emília Maria de Souza, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Horto (Amahor). “O que vai acontecer aqui é o que está acontecendo em toda a cidade. Se chama limpeza social. Ou seja, é tirar os pobres para valorizar os imóveis dos ricos”, critica. Emília assegura que os morado-
“Quem tem poder é o povo, é a coragem do povo de resistir, e essa coragem nós temos” res não permitirão “que o capital venha e passe o rodo”. “Dinheiro não tem poder para tudo. Quem tem poder é o povo, é a coragem do povo de resistir, e essa coragem nós temos”, completa. E a assembleia disse não De acordo com o assessor especial do Ministério, Luiz Carvalho, não existe um projeto para realocar os moradores e cada caso vai ser tratado separadamente. Em assembleia com 500 pessoas, ainda no dia 7, os moradores rejeitaram a proposta do governo de recadastramento de seus dados. “Foi uma comoção coletiva e de forma unânime resolvemos que não vamos aceitar essa decisão. Primeiro, pela falta da participação popular e, segundo, pela forma arbitrária e de total desrespeito”, explica Emília. A decisão foi confirmada em nova assem-
Em assembleia, moradores do Horto decidem não aceitar proposta do governo
bleia no sábado, 11. Na ocasião, os moradores afirmaram que o jornal O Globo produz reportagens para jogar os cariocas contra os moradores da comunidade. E afirmam que a Rede Globo tem interesse na área, inclusive para a construção de um estacionamento. Ainda de acordo com falas na assembleia, a Globo tem forte influência na Associação de Moradores do Jardim Botânico (AMA-JB). (Colaboraram Alan Tygel, Aneci Palheta, Claudia Santiago e Sheila Jacob) Pedro Marins
Moradores vivem clima de apreensão criado pelo medo de perder suas casas
Questão ambiental esconde política de remoção Segundo advogado, moradores preenchem todos os requisitos que a legislação exige para que tenham suas moradias regularizadas do Rio de Janeiro (RJ) A denúncia conjunta de que os moradores teriam invadido a área foi feita ao TCU pela AMAJB e pelo Jardim Botânico. Entretanto, as famílias não invadiram a área. Os administradores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) cederam terrenos aos funcionários em áreas vizinhas ao Jardim Botânico para que pudessem levar menos tempo até o trabalho. Os atuais moradores são seus descendentes. Muitos são também fun-
cionários ou ex-funcionários do Instituto. Este é o caso de Milcir dos Santos, de 61 anos. Seu avô começou a trabalhar no Jardim Botânico em 1919. Biólogo e também funcionário da instituição, Milcir vive na comunidade desde que nasceu. “Eu não quero sair daqui por nenhum dinheiro, quero morrer onde nasci”, disse ao Brasil de Fato, emocionado, após a assembleia de sábado. A moradora Eliete Martins conta que seu pai veio de Itaocara, interior do estado, para
trabalhar no Jardim Botânico. “Ele amava esse lugar. Foi convidado a construir uma casa em um terreno cedido pelo próprio Jardim Botânico”, conta. Segundo Rafael da Mota Mendonça, advogado da Associação de Moradores e Amigos do Horto (Amahor), os moradores preenchem todos os requisitos que a legislação exige para que tenham suas moradias regularizadas: ocupação da terra há mais de cinco anos e renda familiar de até cinco salários mínimos mensais. (MS)
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FATOS EM FOCO
ABI é invadida A sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) foi invadida na madrugada desta quarta-feira (15), supostamente por assaltantes que teriam entrado no prédio, através de andaimes. Foram levados bens materiais irrisórios. Os invasores danificaram, sobretudo, o sétimo andar, onde funcionam a administração, o site da ABI, a diretoria, dois pequenos auditórios. O auditório principal, para 800 pessoas, ficou parcialmente sem luz, além do 11º e segundo andar.
Estranho assalto O estranho assalto pode ter sido motivado em razão do empenho da ABI pela abertura dos arquivos da ditadura e apoio à Comissão da Verdade e, ainda, represália ao projeto de lei de iniciativa popular por uma mídia democrática, com participação de membros da ABI.
Indústria nacional A produção industrial brasileira, em março, aumentou em oito das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE. O maior aumento foi no Paraná, 5,4%; Minas registrou 4,4%. O Estado de São Paulo teve aumento de 0,68%. A recuperação, modesta, não é disseminada. Segundo fontes do próprio IBGE, ela se concentra mais no setor automotivo e na cadeia relacionada ao setor de automóveis.
brasil | 09
Governo define vinda de 6 mil médicos de Cuba SAÚDE Medida é atacada pela mídia a partir de pressão do Conselho Federal de Medicina e AMB Brigada Médica Internacional Henry Reeve
Pedro Carrano de Curitiba (PR) Cuba envia médicos para mais de 70 países e tem o investimento de 12% de seu orçamento nacional direcionado ao setor da saúde. Recentemente, o Ministério da Saúde brasileiro anunciou a intenção de contratar médicos estrangeiros, incluindo a vinda imediata de 6 mil médicos cubanos para atuar nas regiões mais carentes do país, no interior do programa “Mais Médicos”. No total, os médicos cubanos já trataram mais de 85 milhões de pessoas ao redor do mundo. O anúncio do governo federal despertou reações contrárias do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB). Segundo o Professor Kico, membro do Cebrapaz-PR e um dos organizadores da 21ª Conferência de Solidariedade à Cuba, que será realizada de 13 a 15 de junho, em Foz do Iguaçu (PR), o governo brasileiro pretende sustentar essa medida, “irreversível”, em que pese a pressão corporativa do CFM. “O protocolo já está para sair, via Organização Panamericana de Saúde (Opas – ligada à Organização Mundial de Saúde). Então, o processo corre por fora dessa pressão do CFM”, avalia. O Conselho Federal de Medicina tem disseminado sua posição contrário por meio de blogs conservadores na internet. Para o integrante do Cebrapaz, esta posição se atribui ao corporativismo das en-
Médicos cubanos atendem paciente no Haiti: corporativismo das entidades médicas no Brasil é obstáculo
“O argumento do Conselho é de que os médicos cubanos não ficariam no país”
tidades médicas. “O argumento do Conselho é de que os médicos cubanos não ficariam no país. Mas, se ficarem a curto prazo, de cinco a dez anos, até conseguirmos formar nossos próprios quadros, serão úteis nas cidades onde não temos médicos”, afirma. A experiência de contratação de médicos estrangeiros, de acordo com ele, teve um ensaio no estado de Tocantins. Mesmo o governo local não tendo uma orienta-
ção à esquerda, contratou 60 médicos cubanos. “Ficaram lá durante um ano e meio, foi uma experiência válida”, afirma, ressaltando a necessidade de envolvimento dos estados – e não só dos municípios – nesta questão. Qualificação A atual medida do governo brasileiro reflete, de acordo com o integrante do Cebrapaz, a continuidade de uma agenda positiva entre Brasil e Cuba. “É a sequência de uma caminhada e nunca houve tantas exportações entre os dois países”, comenta. O professor defende a importância da medida para reforçar a política de integração no Mercosul. “A integração está cada vez mais firme, entendendo que a proposta do Itamaraty é por uma integração solidária”, exemplifica.
A experiência de contratação de médicos estrangeiros, de acordo com ele, teve um ensaio no estado de Tocantins
Entretanto, alguns dados revelam que o exame para estrangeiros tem sido extremamente rigoroso em nosso país. Os médicos cubanos têm índice de aprovação em Portugal de mais de 70% e no Brasil de apenas cerca de 10%. Outro número importante é que 10% dos médicos em atividade em Portugal são estrangeiros. Na Inglaterra são 40%. No Brasil, esse número é menor que 1%.
BAIRRO ADENTRO A ida de médicos cubanos para integrar o programa “Bairro Adentro”, na Venezuela também recebeu críticas de setores conservadores no país vizinho. Na avaliação de Jaqueline Teixeira, estudante brasileira de medicina na Escola Latino-americana de Medicina (ELAM, localizada em Havana), o programa funciona dentro de um projeto mais amplo, de consolidação do sistema de saúde pública venezuelano. “Ele conta com diversos níveis de atenção. Cobre o nível primário e, em parte, secundário”, informa Jaqueline. (PC)
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Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013 Elza Fiúza/ABr
Vitória do Sul na OMC GEOPOLÍTICA Eleição de embaixador brasileiro para dirigir Organização Mundial do Comércio fortalece multilateralismo e amplia força política das potências emergentes Pedro Rafael de Brasília (DF) Desde que foi instituída, em 1995, a Organização Mundial do Comércio (OMC) sempre refletiu o interesse das economias mais poderosas do planeta. A ideia de fixar as mesmas regras e parâmetros para a troca de mercadorias, num progressivo processo de liberalização comercial, tenderia a reproduzir e aprofundar as desigualdades entre os países. Quase duas décadas depois, como reflexo político da crise econômica de 2008, o esboço de um novo cenário começa a se desenhar. No que parece ser sua maior inflexão desde que foi criada, a OMC terá à sua frente, pela primeira vez, um diretor-geral latino-americano. O diplo-
mata brasileiro Roberto Azevêdo, 55 anos, só pôde ser indicado ao posto, na semana passada, após um longo processo eleitoral que durou dois meses e envolveu oito candidatos em três turnos. Os números não são divulgados, mas calcula-se que Azevêdo tenha recebido apoio de 93 dos 159 países-membros da organização, quando o mínimo necessário eram 80 votos. Na rodada final, ele concorreu com o mexicano Hermínio Blanco, exministro da Indústria e Comércio do México, entre 1994 e 2000, um dos principais arquitetos do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), assinado com Estados Unidos e Canadá. O economista recebeu o apoio da União Europeia,
“Foi uma vitória política muito importante, que sinaliza mudanças na correlação de forças da geopolítica mundial” Estados Unidos e Japão. O contraste nos votos opôs a preferência das nações mais ricas com a posição das potências emergentes e países pobres. O brasileiro contou com votos da maioria dos países latino-americanos e africanos, além das poderosas economias de Rússia, Índia, China, África do Sul e alguns outros países asiáticos.
O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, eleito diretor-geral da OMC
“Foi uma vitória política muito importante, que sinaliza mudanças na correlação de forças da geopolítica mundial. Há alguns anos, Estados Unidos, Europa e Japão não veriam seu candidato derrotado para a direção-geral da OMC”, diz Fátima Mello, mestre em relações internacionais e membro da Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (Fase). Para ela, talvez seja uma das mais importantes conquistas diplomáticas do Brasil no período recente. “Reflete um olhar anti-imperialista e a luta por um sistema internacional mais democrático, onde as potências tradicionais estão perdendo peso”, avalia. A postura unificada das economias emergentes também marcou a reconfiguração política internacional expressa na escolha do novo diretorgeral da OMC. “Ficou muito clara a vontade dos países em desenvolvimento. E isso remonta à iniciativa
do Brasil e de outros países na criação do grupo de nações em desenvolvimento, o G-20, no âmbito da própria OMC, há dez anos. E, mais recentemente, a composição dos Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]”, comenta Kjeld Jakobsen, diretor do Instituto para o Desenvolvimento e Cooperação das Relações Internacionais (Idecri). Também pesou o perfil do embaixador brasileiro. Roberto Azevêdo é diplomata de carreira há representante permanente do Brasil na OMC. Está diretamente envolvido em assuntos econômicos e comerciais há mais de 20 anos. Foi chefe do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), de 2005 a 2006, e liderou a delegação brasileira nas negociações da Rodada Doha da OMC, sobre liberalização comercial. Multilateralismo A expectativa em torno da nova direção da OMC
recai sobre a capacidade da organização em fomentar o multilateralismo na composição de regras comerciais e medidas para o desenvolvimento dos países. Desde o fracasso das negociações em Doha, há quase uma década, quando países ricos e economias emergentes não chegaram a um consenso sobre redução de tarifas para produtos agrícolas e industriais, os acordos bilaterais, entre dois ou poucos países, cresceram muito. Esses acordos de livre comércio acabam passando ao largo do debate na organização. Para especialistas, essa foi a principal estratégia das nações ricas para expandir a liberalização econômica de forma descoordenada. Os Estados Unidos, por exemplo, estabeleceram pactos comerciais com Chile, Peru, Colômbia e, há uma semana, o presidente Barack Obama anunciou a intenção de costurar um acordo de livre comércio com a União Europeia.
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Banda El Efecto compõe músicas sobre a política do Rio de Janeiro Domingo é Dia de Cinema
MÚSICA Letras sobre atuação de Eike Batista e as decepções com o governador Sérgio Cabral animam as plateias Sheila Jacob do Rio de Janeiro (RJ) Tem ganhado cada vez mais destaque no cenário musical do Rio a banda El Efecto. Ela é formada por cinco jovens que acreditam no poder da música de gerar reflexões, inquietações, mal-estar e também esperança de mudar o mundo em que vivemos. A banda existe desde 2002 e é formada por Bruno Danton, Tomás Rosati, Eduardo Baker, Pablo Barroso e Gustavo Loureiro. Nesses onze anos de estrada, o grupo já lançou quatro álbuns: Como qualquer outra coisa (2004), Cidade das Almas Adormecidas (2008), Novas Músicas Velhas Angústias (2010) e Pedras e Sonhos (2012). As letras são encantadoras e ilustram a crença de que a música pode servir para questionamentos e para repensar a forma como cada um se coloca diante dos problemas.
No Rio de Janeiro, a próxima apresentação será nesta sextafeira, dia 17 de maio, na festa de comemoração dos cinco anos da Revista Vírus Planetário
O grupo tem fãs no Brasil inteiro e já tem apresentações marcadas em São Paulo e em Minas Gerais. Também pretendem fazer shows nas regiões Nordeste e Centro -Oeste. No Rio de Janeiro, a próxima apresentação será nesta sexta-feira, dia 17 de maio, na festa de comemoração dos cinco anos da Revista Vírus Planetário. A festa será no Centro de Artes Maria Teresa Vieira: Rua da Carioca, 85, Centro do Rio. A
comemoração começa às 19h, e o show da banda está previsto para 1h da manhã. Cabral e Eike Quando ouvimos as canções da banda El Efecto percebemos que a boa música pode ser uma importante aliada às iniciativas de luta e pode, também, contribuir para a construção de alternativas. Uma dessas músicas de reflexão é a canção em forma de cordel “O encontro de Lampião e Eike Batista”, que já teve mais de 187 mil visualizações no youtube e está no último CD lançado. A letra narra o momento em que o megaempresário tenta comprar as terras do bando de Virgulino Lampião. E a resposta? “Tu pode comprar São Paulo e o Rio de Janeiro / Foto em capa de revista por causa do seu dinheiro/ Ter obra no mundo inteiro, petróleo, mineração / Mas aqui nesse pedaço, quem manda é o rei do cangaço…” Divulgação
Canções da banda estimulam reflexão e construção de alternativas
Banda El Efecto se apresenta em sessão do projeto Domingo é dia de cinema, no Odeon
Em “Cabrais”, o grupo compara Sérgio Cabral ao português de mesmo sobrenome que chegou ao Brasil em 1500 Nessa divertida e atual obra de ficção, Eike Batista e seu grupo têm que fugir e, nos shows, a plateia vibra com o verso final: “Eike, Eike, Eike, Eike, Eike, hay que resistir!”. Outro personagem do cenário político carioca que vira tema das composições do grupo é o atual governador do Estado do Rio. Em “Cabrais”, o grupo compara Sérgio Cabral ao português de mesmo sobrenome que chegou ao Brasil em 1500. No passado, os índios foram perseguidos e mortos; hoje, as principais vítimas da atual política são o povo pobre e favelado. “Essa é uma
música simples, uma marchinha feita especialmente para uma manifestação contra a criminalização da pobreza. Também foi feita a partir da indignação sobre algumas declarações e falsas promessas do governador em seu primeiro mandato. Infelizmente não faltam episódios que renovam a atualidade da música”, contam os artistas. Na opinião do grupo, o governador Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista representam as vontades dos grupos privados na nossa cidade e
o poder público a serviço desses interesses. “Essa articulação ‘canalha’ é um alvo importante para a luta por justiça social, por isso temos que criticá-los!”, explicam os integrantes da banda. Para conhecer o trabalho do grupo, basta acessar www.elefecto.com.br e baixar todos os discos. Nessa página também estão os contatos para shows, a agenda com a programação e outras informações. O grupo também possui uma página no Facebook: https:// www.facebook.com/ bandaelefecto
MÚSICA CABRAL ONTEM E HOJE: A MESMA VIOLÊNCIA Pra matar índio quem chegou de caravela? Cabral! Cabral! Cabral! Pra matar pobre que chegou lá na favela? Cabral! Cabral! Cabral! Tu prometeu na eleição que ia acabar com o caveirão... Mas que caô! Se elegeu governador, Esqueceu do trabalhador Mas viemos te cobrar o que é de direito Dignidade, justiça e respeito!
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Cinema afro-brasileiro na Semana Zózimo Bulbul MOSTRA Morto em janeiro de 2013, Zózimo será homenageado no mês da consciência negra no Centro Afro Carioca de Cinema Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Zózimo Bulbul nunca concordou com a condição reservada aos negros nas telas do cinema. Teimoso, escreveu e dirigiu seus próprios filmes e se tornou um dos maiores expoentes da cinematografia afro -brasileira. Como ator, trabalhou em mais de 30 produções, com destaque para o clássico Terra em Transe, de Glauber Rocha, 5XFavela, de Leon Hirstma, e Filhas do Vento de Joel Zito Araújo. Com intensa programação, a Semana Zózimo BulBul será no Centro Afro Carioca, na Rua Joaquim Silva, 40, Lapa, às 18h30. A lotação é de 36 pessoas, portanto confirme sua presença: afrocarioca.divulgacao@gmail.com. Todos os filmes são dele, exceto A deusa negra e Compasso de Espera. Segundo Naira Fernandes, uma das diretoras do Afro Carioca, Zózimo criou o centro em 2007 para garantir um local para exibir seus filmes porque ele não encontrava espaço nas casas comerciais. “Esse é o primeiro evento depois de sua morte. O objetivo é não deixarmos cair no esquecimento uma figura como Zózimo Bulbul. Por isso, queremos dialogar com os jovens que não conhecem sua cinematografia”, fala. Naira explica que o grande legado do diretor foi aproximar a África do Brasil por meio do cinema. “Antes desse esforço, o brasileiro não conhecia a África. Ninguém tinha feito essa
“Antes desse esforço, o brasileiro não conhecia a África. Ninguém tinha feito essa aproximação. Como ele sempre dizia, a abolição ainda não foi concluída nesse país”
aproximação. Como ele sempre dizia, a abolição ainda não foi concluída nesse país”, destaca. Programação A programação inicia na segunda-feira (20) com o documentário Abolição. O filme de 1988 faz, através de um olhar negro, o resgate dos 100 anos da Lei Áurea, questionando o tipo de abolição que houve no país que até hoje é desigual e racista. Antes da exibição haverá debate com Edinho Alves, Flavio Leandro e Ruth Pinheiro (militante do movimento negro). No terça (21), será exibido o documentário Aniceto em dia de alforria (1981) que conta a trajetória do fundador da Escola de Samba Império Serrano e militante no Cais do Porto: Aniceto do Império Serrano. Na sequência, o “A deusa negra” (1979), filme ficcional do diretor Ola Balogun (Nigéria), narra a história do africano Babatunde que vem ao Brasil em busca
de seus ancestrais e revive, pelos caminhos do candomblé, o percurso de seu ancestral escravo, Oluyole. Na quarta (22), é o dia do filme Alma no Olho, considerado o melhor trabalho de Zózimo. O filme faz uma reflexão sobre a identidade negra no Brasil, focando a origem africana, a colonização europeia e a liberação através da cultura. Também será exibido o filme Compasso de Espera (1973), do diretor Antunes Filho, que conta com atuação de Zózimo. Veja a sinopse: O poeta Jorge (Zózimo Bulbul), se apaixona por Cristina, uma jovem branca e rica, passando a sofrer preconceito. Na quinta (23), a projeção será do filme Samba no Trem (2005), sobre a celebração do Dia Nacional do Samba. Em seguida, o documentário República Tiradentes (2005) uma homenagem principalmente à origem das gafieiras. Na sexta (24), o documentário Pequena África (2002) apresenta a Praça XI, a Central do Brasil, Gamboa, Saúde e bairro de Santo Cristo de hoje, e que eram conhecidos nos idos de 1850 até 1920 como Pequena África, por terem sido locais habitados por escravos alforriados no período imperial. Depois, é a vez do “Zona Carioca do Porto” (2006), filme baseado na resistência e na ancestralidade dos africanos que lá chegaram, habitaram e construíram a zona portuária, e parte da resistência cultural de nosso povo.
Fotos: Reprodução
AGENDA 0800
Samba – da Saúde com Terreiro de Breque - 16/5 (5ª feira) - 19h - Largo de São Francisco da Prainha – do Ouvidor - 18/5 (sábado) - 16h30 - Rua da Ouvidor com Rua do Mercado – da Cartola - 19/5 (domingo) - 17h - Praça do Poeta - Catete (ao lado do Museu da República) – da Pedra do Sal - 20/5 (2ª feira) - 18h - Pedra do Sal – Gamboa
Teatro
O ator e cineasta Zózimo Bulbul
“Dona Mulata e Triunfo”. Com texto e direção de Miguel Pinheiro, a peça conta com a atuação de Marisa Francisca e Welket Bungué. Sinopse: Um encontro entre Dona Mulata e o escravo Triunfo, resistentes ao tempo, os personagens viajam desde a época da escravatura até os dias de hoje. A encenação ocorre na Pedra do sal, próximo ao Largo de São Francisco da Prainha, na Praça Mauá. Com 90 minutos de duração, os atores apresentam a peça na quinta-feira e no sábado, às 19h.
Exposição
Zózimo em Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz
Cena do Filme A Compadecida
“2 Complexos” – mostra fotografias que são resultado dos projetos Foto Clube Alemão (Morro do Alemão) e Mão na Lata (Favela da Maré). A exposição pode ser visitada até 28 de julho na Galeria Pretos Novos, na Rua Pedro Ernesto, 32, na Gamboa. Terça a sábado, das 10h à 18h. “Nossos traços, novos espaços” – Em cartaz até 9/6, o grupo de artistas multimídia, com origem em Niteroi e São Gonçalo, expõe seus graffitis no Estúdio Belas Artes, na Tijuca (R. Major Ávila, 430 2204.1004).
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variedades | 13
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Amásia (?) certo: A maior cidade da ter bom comunidade autô- resultado noma da Catalunha
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Estado Acalmar; nordestino serenar da Praia do Futuro
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Expressão sonora de reprovação
Tipo de mercearia que vende frutas
Como fica a pupila no escuro
ASTROLOGIA - Semana de 16 a 22 de maio de 2013 A semana exige ponderação para lidar com pessoas e relações próximas; Momento para priorizar o diálogo.
Áries
(21/3 a 20/4) Nesta semana pessoas próximas e questões familiares vão exigir mais atenção. Novas atividades que há tempos tinha interesse vai desperta-lo novamente. No amor, a tendência é para expor mais seus sentimentos.
Touro
(21/4 a 20/5) A semana vai exigir ponderações para ações e questões financeiras. Esclarecer assuntos pendentes pode ajudar nas relações. Mas cuidado para não ser disperso com quem mais gosta. Tudo pode ficar bem, só depende de você.
Gêmeos
(21/5 a 20/6) Sua semana exige ponderações com aquelas questões necessárias em sua vida. Momento é favorável para novos contatos. Procure conversar sobre assuntos familiares e da vida amorosa.
Câncer
(21/6 a 22/7) Sua semana deve ser aproveitada para transmitir sentimentos de maneira mais intensa. Nas relações amorosas, dedique de forma intensa. Momento é bom para refletir sobre as coisas que são realmente úteis.
Leão
(23/7 a 22/8) A semana é propícia para buscar novos rumos, direção a projetos e assuntos importantes. Nos relacionamentos afetivos, evite impulsos e posturas exageradas. Um bom momento para se comunicar com quem mais gosta.
Virgem
(23/8 a 22/9) Semana propícia para estudos e atividades culturais. Em relacionamentos, momento para mais cuidado. Pense bem antes de falar, sua comunicação estará mais direta. No trabalho, avalie bem se envolver mais responsabilidade.
Libra
(23/9 a 22/10) Sua semana terá momentos bons para mudar planos. Seja um pouco mais diplomático com as diferenças nas relações. Compartilhe seus momentos com outras pessoas. Isso vai fazer bem.
Escorpião
(23/10 a 21/11) Semana especial para novos conhecimentos e reflexões sobre trabalho. Período favorável para negócios e novos projetos. No amor, questões profissionais deixa você vulnerável. O orgulho pode atrapalhar.
Sagitário
(22/11 a 21/12) Momento importante para tomada de decisões, tanto no trabalho ou financeiras. A semana exige mais observação nas outras pessoas, até para saber como se portar diante delas. Pensamentos positivos na vida afetiva.
Capricórnio (22/12 a 20/1)
Momento para perceber diferenças com algumas relações. Paciência e respeito são importantes no convívio com outras pessoas. Procure se dedicar mais a cuidados com corpo e a saúde.
Aquário
(21/1 a 19/2) A semana é indicada para esclarecimento de sentimentos mal resolvidos. Momento de tomar decisões importantes que devem marcar sua vida amorosa. Valorize o romantismo e simplicidades.
Peixes
(20/2 a 20/3) A semana vai propiciar tensões. Então, recomenda-se ponderação na maneira de lidar as pessoas e com assuntos espinhentos. Evite polêmica com coisas sem importância. No amor, procure resolver antigas pendências.
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Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013 Wagner Meier/AGIF/Botafogo Oficial
No Engenhão, a homenagem é para outro João Funcionário trabalha na manutenção do gramado do Engenhão
MUDANÇA DE NOME Vereadores propõem projeto de lei para tirar nome de Havelange e colocar o de João Saldanha Daniel Israel da Redação Presidente de honra da Fifa até o fim de abril, o brasileiro João Havelange renunciou ao cargo para não correr o risco de ser cassado (sofrer o impeachment, como ocorreu com o ex-presidente Collor). Como noticiou o Brasil de Fato-RJ, Havelange é acusado de ter favorecido, quando era presidente da entidade máxima do futebol (entre 1974 e 1988), a empresa de marketing esportivo ISL em contratos sobre direitos de transmissão de jogos da Copa do Mundo. Para evitar que o Engenhão sirva à memória do dirigente, três vereadores do Partido Socialismo e Liberdade (PSoL) apresentaram um projeto de lei (PL) para que o Engenhão passe a se chamar Estádio Olímpico João Saldanha.
“Não é que o Botafogo, ou sua diretoria, seja contrário à mudança no nome do estádio” “A origem do PL se deveu ao que ouvíamos dos torcedores. Além do mais, o Havelange não tem currículo, então nós abraçamos a causa não apenas porque acreditamos, mas por ser a vontade de uma parte significativa da população carioca”, conta o vereador Eliomar Coelho. O prefeito Eduardo Paes se manifestou contrário à mudança do nome, mas disse que a decisão cabe à diretoria do Botafogo. “Mesmo com a discordância do prefeito, nós mobilizamos até um dos sobrinhos do João Saldanha (o historiador do esporte Raul Milliet).
É o momento de mudar, além de ser uma forma de melhorar a cara da cidade”, afirma o vereador Paulo Pinheiro. Uso do nome O estádio foi inaugurado nos Jogos Pan-Americanos de 2007, mesmo ano em que o Botafogo ganhou a licitação que o permitiria arrendá-lo (ter a concessão) por 20 anos. Pelo lado do Bota, a questão passa pelo direito de uso do nome que o clube tem como oficial: Stadium Rio. “Não é que o Botafogo, ou sua diretoria, seja contrário à mudança no nome do estádio. A questão gira em torno do direito sobre uso do nome (conhecido pelo termo em inglês, naming rights) do estádio”, pondera Carlo Carrion, da assessoria de imprensa do Botafogo. Segundo ele, é uma forma de se agregar valor à marca através da assina-
“É o momento de mudar, além de ser uma forma de melhorar a cara da cidade” tura de contratos com algum parceiro comercial, que colocaria seu nome no estádio. “Acredito que o clube nem mesmo tenha autonomia para alterar o nome, de João Havelange para João Saldanha, explica. Interditado para partidas de futebol há quase dois meses (desde 26 de março) por falhas estruturais, o Botafogo repensa a continuidade no uso do estádio: por mês, o clube tem um gasto de cerca de R$ 40 mil na manutenção. Para o vereador Renato Cinco, é boa a expectativa para a aprovação do projeto de lei. “O PL está na Mesa Diretora da
Câmara dos Vereadores desde quinta-feira (9 de maio) e não tem previsão para ser votado, destaca. No próximo dia 27, às 18h30, está programado um debate público na Câmara, a respeito do tema.
Serviço A Câmara Municipal do Rio de Janeiro (CMRJ) fica na esquina da Rua Alcindo Guanabara com a Praça Mahatma Gandhi, na Cinelândia, Centro. Marino Azevedo/Governo RJ
O ex-presidente da FIFA, João Havelange
Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013
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Dossiê aponta violações aos direitos humanos em obras MEGAEVENTOS Documento atualiza como órgãos públicos desrespeitam as vidas de milhares de cariocas
Rafael Daguerre
Daniel Israel do Rio de Janeiro (RJ) Feitos com dinheiro público, os dois maiores eventos esportivos do mundo não contarão com a diversidade que sempre foi a cara do povo carioca. Além do preço dos ingressos, incompatível com a realidade da maioria da população, o aumento no padrão de vida, em toda a cidade, vem acompanhado por inúmeros casos de violações aos direitos humanos. Com a proposta de denunciar as violações cometidas contra as populações mais pobres, o Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro lançou, na última quarta-feira (15), no Clube de Engenharia, no centro do Rio, a segunda edição do dossiê “Megaeventos e Violações
“O Batalhão de Choque usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra uma manifestação pacífica”
dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro”. No texto, atletas, moradores de favelas e pesquisadores da UFF e UFRJ revelam como muitos cariocas tiveram desrespeitados direitos básicos, como a moradia, o meio ambiente e o trabalho. “Em comparação com o primeiro dossiê, foram abertas outras linhas de investigação, nas áreas de economia e governança. Sobre se-
gurança pública, foi possível analisar a presença dos militares, por exemplo no jogo que marcou a reinauguração do Maracanã, no último sábado de abril. Com a alegação de que era preciso treinar os policiais para os próximos eventos, o Batalhão de Choque usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra uma manifestação pacífica, conta Christopher Gaffney, membro do Comitê Popular do Rio e professor de Pós-Graduação na Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF (EAU/UFF). O pesquisador da UFF adianta o que pretendem os integrantes do Comitê Popular com a ampliação das denúncias. “A primeira edição teve uma repercussão internacional, por meio da mídia independente.
Lançamento da segunda edição do dossiê organizado pelo Comitê Popular do Rio
De novo, a mídia tradicional não vai dar atenção, mas o dossiê representa a resistência aos megaeventos. Queremos que esse documen-
to seja um estímulo para se reverter o jogo e, assim, possamos buscar uma sociedade mais justa”, explica. Ainda sem outras da-
tas definidas, o Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro deve lançar o dossiê em outros espaços, como favelas e universidades.
A serviço dos megaeventos CARTA BRANCA Exigências da Fifa passam por cima de leis locais Tânia Rêgo/ABr
Museu do índio: gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha contra manifestantes
Em setembro de 2012, saía a primeira edição do dossiê organizado pelo Comitê Popular do Rio de Janeiro. Naquela versão do documento, foi dado destaque à articulação do Comitê com moradores de favelas ameaçadas de remoção. “Além das remoções, nos preocupamos em abordar o processo de privatização na cidade, tendo como ponto de partida as reformas no Maracanã. Mas nosso aprofundamento também serviu para entendermos os diversos mecanismos empregados pelos governos (municipal, estadual e federal)
“Além das remoções, nos preocupamos em abordar o processo de privatização na cidade”
para a realização desses eventos”, cita Gaffney. Mas o primeiro documento desse tipo foi lançado em dezembro de 2011, pelo Comitê Nacional da Copa e Olimpíadas. Gaffney lembra que
as exigências feitas pela Fifa (no caso do Rio, também o Comitê Olímpico) criaram no Brasil “novas formas governamentais”. “Esse dossiê foi importante, além de tudo, porque apontou todas as violações praticadas no país, passando por cima de leis locais. A Lei Geral da Copa, aprovada pela presidenta Dilma Rousseff, deu carta branca para que se passasse por cima da proibição de venda de bebida alcoólica nos estádios. Uma das explicações é que a Budweiser (marca de cerveja dos EUA, representada pela Brahma, no Brasil) patrocina a Fifa”, aponta. (DI)
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Rio de Janeiro, de 16 a 22 de maio de 2013
Flamengo vence de novo
FUTEBOL Time carioca terá folga, até julho, na Copa do Brasil; estreia no Brasileirão será dia 26
Aelson F. Amaral/VIPCOMM
Daniel Israeldo Rio de Janeiro (RJ) Após amistoso entre Vasco da Gama e Tupy, no sábado (11), outro time carioca atuou no Estádio Municipal Mário Helênio, em Juiz de Fora (MG), no intervalo de quatro dias. O Flamengo fez valer a vantagem obtida em Campina Grande-PB e desclassificou o Campinense, após vitória por 2 a 1. Aos olhos de 20 mil presentes, o Flamengo começou pressionando e deu o primeiro chute a gol. Aos 3’, Ramon chutou forte, para boa defesa do goleiro Pantera, do Campinense. No minuto seguinte, Léo Moura cruzou no meio da área. O zagueiro Dedé cabeceou de forma desengonçada, e a bola ainda bateu em Roberto Dias antes de entrar. Até que, aos 5’, Bismarck empatou após a bola sobrar livre na área do Flamengo. O empate deixou o jogo equilibrado, que passou a ter poucos lances de perigo. No restante do primeiro tempo, as duas equipes tiveram dificuldade para criar jogadas e entrar na área adversária. A equipe carioca buscava o jogo mais pelas pontas, com os laterais Ramon e Léo Moura. O Campinense, por sua vez, fazia infiltrações pelo meio, tentando arrumar algum lance que resultasse em falta para cobrança de bola parada frontal ao gol de Felipe. Aos 24’, Rafinha recebeu bom passe de Léo Moura e chutou cruzado. A bola desviou na zaga paraibana e sobrou para fácil defesa do goleiro Pantera. Em cobrança de falta pela ponta-esquerda, aos 39’, o Campinense quase chegou ao gol. Em sua 17ª participação na Copa do Brasil, o Flamengo buscava o tricampeonato (campeão
em 1991 e 2006). O Campinense jogava o torneio pela sexta vez. Segundo tempo No segundo tempo, o time do Flamengo voltou a campo com uma mudança: Luís Antônio entrou no lugar de Amaral. Já o Campinense voltou com a mesma formação. Diferente da primeira etapa, quando as equipes ficaram empatadas na posse de bola, a entrada do meia rubro-negro significou mais tempo de bola nos pés do time carioca. De uma distância de pelo menos 35 metros, Renato cobrou falta, aos 13’, ao melhor estilo que o tornou conhecido no Brasil. A bola ainda desviou na barreira e sobrou fácil para a defesa de Pantera. Aos 15’, em lance polêmico que o auxiliar Pablo da Costa preferiu não marcar pênalti, Léo Moura foi puxado pela camisa e, depois, por um defensor do Campinense. Dois minutos depois, Rafinha deu bom passe para Elias, que chutou por cima. E Hernane, aos 19’, concluiu a gol, mas Pantera defendeu com facilidade. Autor de um dos gols do Campinense na final da Copa do Nordeste, Ricardo Maranhão entrou no lugar de Bismarck. Em seu primeiro chute à meta de Felipe, o atacante carregou até a meia -lua e, caído, chutou forte. A bola subiu e não incomodou o goleiro rubro -negro. Após passe de Rafinha, aos 23’, Hernane chutou, e Edivânio, que acompanhava o lance, conseguiu desviar para escanteio. Na cobrança, o goleiro do time alvirrubro, literalmente como uma pantera, espalmou pela linha-de-fundo após belo voleio no ataque do time carioca.
Na próxima etapa, o time da Gávea pega o ASA (AL), que passou pelo Ceará
Aos 30’, o técnico Oliveira Canindé, do Campinense, fez a segunda modificação: Tiago entrou no lugar de Alberto. Já no Flamengo, Renato Abreu deu lugar a Rodolfo. Passado um minuto, Elias tocou para o atacante Paulinho (que participava de um lance pela segunda vez), que devolveu para o volante. Sem deixar a bola tocar o chão, Elias chutou com força e estufou a rede de Pantera. Em falta cobrada da intermediária, ainda teve tempo para a última chance de empate da equipe paraibana: aos 38’, Felipe fez boa defesa, agarrando a bola à meia-altura e garantindo a passagem para as oitavas-de-final. O Flamengo já sabe com que time vai jogar na fase de oitavas-de-final: será o ASA-AL, apenas em julho, após a Copa das Confederações. A equipe alagoana eliminou o Ceará, na quarta-feira (8/5), no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza. Pelo Brasileirão, o time carioca entra em campo no dia 26, diante do Santos-SP, em Brasília.
FLAMENGO
2 X 1 CAMPINENSE
GOLS: Roberto Dias (Contra), Bismarck e Elias FLAMENGO: Felipe, Léo Moura, Renato Santos, González e Ramon; Amaral (Luiz Antonio), Elias, Renato (Rodolfo) e Gabriel; Rafinha (Paulinho) e Hernane. CAMPINENSE: Pantera, Alberto (Tiago Granja), Edvânio, Roberto Dias e Panda; Wellington, Danilo Portugal (Edimar), Dedé e Bismarck (Ricardo Maranhão); Zé Paulo e Jefferson Maranhense.
opinião | Bruno Porpetta
O que é que a Alemanha tem? APÓS O MASSACRE alemão na UEFA Champions League, os olhos do mundo da bola se voltaram para o país tricampeão do mundo. Bayern de Munique e Borussia Dortmund tem grandes times, com excelentes treinadores, mas uma diferença fundamental que empurra os alemães para o topo são seus torcedores. O futebol não seria o que é sem seus amantes. E aí, abre-se um abismo entre a Alemanha e o Brasil. Em torneios arrastados, que fazem nossos clubes figurarem entre os que mais jogam por ano no mundo, o preço dos ingressos retira
os torcedores das arquibancadas, dando lugar a um punhado de abastados espectadores. Segundo a Pluri Consultoria, o Brasil tem o ingresso mais caro do mundo. A renda mensal do brasileiro – de R$ 2.042,47 – paga 53 entradas para os jogos, por um valor médio de R$ 38,00 cada um. A Alemanha ocupa o 14º lugar neste ranking. Pagando em média R$ 43,79 pelo ingresso, com uma renda mensal de R$ 6.813,99, o alemão adquire 155 bilhetes. Enquanto os alemães ocupam 93% dos lugares disponíveis nos estádios – parte significativa deles em pé, como
nós costumávamos fazer – nós precisamos de alguns jogos decisivos para elevar nossa taxa de ocupação para pífios 44% dos assentos. Nossos cartolas esmeram-se em retomar as origens do futebol brasileiro, com arquibancadas de “coluna social”. Sabem bem quais as famílias que querem nos estádios: ricas e brancas. Aos demais, resta a opção mais barata e segura. O futebol-entretenimento da telinha. Os anunciantes agradecem, o futebol não. Bruno Porpetta é autor do blog porpetta.blogspot.com