esporte | pág. 16
Nelson Perez/Fluminense F.C.
Divulgação
cultura | pág. 11
Festival difunde cinema latino
O Fluminense foi derrotado por 2 a 1 pela Portuguesa, na noite de quarta-feira (12), no Canindé, em São Paulo (SP) e perdeu a chance de liderar o Brasileirão.
O Festival de Brasília, um dos maiores do país, tem início hoje (13) na capital federal com grande presença de filmes latino-americanos, como Tese Sobre Um Homicídio, com Ricardo Darín.
Edição
Flu perde para a Lusa em SP
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013 | ano 11 | edição 07 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Abr
brasil | pág. 8
cidades | pág. 5
Protesto na Candelária contra tarifa do ônibus Assim como na última segunda-feira (10), a cidade do Rio de Janeiro terá hoje (13) protesto contra o aumento da passagem de ônibus, que vigora desde o dia 1º de junho. A manifestação terá concentração na Candelária, a partir das
17h. Os protestos contra o aumento das tarifas de transporte já obtiveram êxito em Porto Alegre e Goiânia. Em São Paulo, jovens também devem realizar um ato contra o preço da tarifa hoje, pela quarta vez em duas semanas. Pablo Vergara
Violência contra os indígenas Relatório recém-descoberto no antigo Museu do Índio, no Rio, revela uma série de violações aos direitos humanos de indígenas no período da ditadura militar (1964-85).
mundo | pág. 10
Obama vigia a internet Documento revelado pelo jornal britânico The Guardian revelou que o governo dos EUA acessou o banco de dados de servidores de empresas como o Google, Facebook e Microsoft para vigiar usuários.
02 | opinião
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
editorial | Brasil
A luta dos povos indígenas O CONFRONTO ENTRE os índios terenas, os latifundiários que ocupam suas terras e as forças policiais, no Mato Grosso do Sul, era previsto e foi alertado ao governo estadual e federal. Mesmo assim, nada foi feito para impedir esse conflito e a perda de vidas humanas. Morto por forças policiais, o índio Oziel Gabriel foi vítima do descaso e da ineficiência das autoridades. Os povos indígenas estão lutando por um direito conquistado na Constituição Federal de 1988: o reconhecimento e a demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos
É inadmissível que o país olhe para essa questão apenas como um conflito seus povos. A Carta Magna, no artigo 231, incorporou essa reivindicação histórica das lutas indígenas e se mostrou sensível à necessidade de assegurar um modo de vida social aos herdeiros dessas terras. Hoje, 13% do território nacional está demarcado e homologado como reserva indígena. Cerca de 98% dessas terras estão localizadas na chamada Amazônia Legal. Os que esbravejam contra a quantidade
de terras, constitucionalmente assegurada aos índios, esquecem, ou propositalmente ignoram, que 46% das terras agrícolas estão nas mãos de 1% dos proprietários rurais, cerca de 50 mil latifundiários. Ninguém diz, nesse caso, que “há muita terra para pouco índio”. Há, no Congresso Nacional, uma série de propostas de emendas constitucionais que visam, se aprovadas, dificultar o processo de demarcação das
terras e, inclusive, rever as áreas já homologadas. O governo que poderia assegurar que os interesses das minorias não fossem massacrados por aquele rolo compressor, mostra-se frágil e, não raras vezes, conivente e impulsionador dos interesses do agronegócio. Por esse caminho passa, além da criação de leis, o enfraquecimento da Funai, o compromisso, junto aos ruralistas, de suspender as demarcações, de mudar o procedimento de reconhecimento e demarcação das terras, e a militarização da questão.
A demarcação das terras indígenas é uma questão histórica e ainda mal resolvida. Contrário a ela, há os interesses, políticos e econômicos das elites. Há etnias, no MS, com altíssimas taxas de suicídios. É inadmissível que o país olhe para essa questão apenas como um conflito entre os índios e os proprietários rurais. O que está em disputa é um projeto de sociedade, no qual esteja assegurado o direito de existência social e cultural dos povos indígenas e das comunidades quilombolas, camponesas e de pescadores. Essa conquista exigirá ainda muitas lutas.
editorial | Rio de Janeiro
Transportes no Rio, uma vergonha EM MAIO, a Prefeitura da capital tirou de circulação as vans da Zona Sul da cidade. Agora quer tirar as do Centro. As vans servem exatamente à população mais pobre. A pergunta que precisa ser feita é: o que foi colocado no lugar das vans? Nada. E quem paga o pato é quem precisa delas para chegar mais rápido em casa ou ao trabalho. Ao mesmo tempo em que as vans estão sendo retiradas, as tarifas de ônibus estão subindo. Por isso é que estamos vendo na televisão a revolta das pessoas em várias cidades do país. Uma pessoa, para vir de São Gonçalo ao Rio, gasta hoje R$ 8,00. São R$ 16,00 ida e volta. E quem vem de Duque de Caxias? Os mesmos R$ 16,00. É um preço que impede qualquer trabalhador de fazer um passeio com sua família
Redação Rio: redacaorj@brasildefato.com.br
Para anunciar:
(11) 2131 0800
ao Rio de Janeiro em um final de semana. Nós últimos 15 dias, as tarifas dos ônibus e das barcas subiram. As tarifas dos trens e das barcas sempre foram mais baratas que as dos ônibus. Hoje, trens e barcas são mais caros que ônibus. Isso aconteceu depois que esses serviços foram privatizados. A diferença é essa. Se é um serviço público, para servir à população, não tem que dar lucro. Quando privatiza, o dono não está preocupado com o bem-estar dos passageiros, ele quer saber quantas moedinhas vão bater no seu cofrinho. Vejamos o exemplo da integração do metrô do Largo do Machado com os ônibus que seguem para as redondezas. Até maio, a passagem do ônibus custava R$ 2,00. Tiraram as vans e a tarifa dos ôni-
bus foi para R$ 2,95. Como não tem mais vans, a pessoa é obrigada a tomar o ônibus, naquele preço. O preço das passagens nas alturas prejudica muito quem mora longe do Centro da cidade. Na hora de contratar, os patrões querem saber quanto vão gastar de transportes com o empregado. É lógico que ele vai escolher o que mora mais perto do emprego para gastar menos. Quem vai querer contratar alguém de São Gonçalo e gastar R$ 10,40 por dia, já com bilhete único, se pode gastar R$ 5,90 com quem usa um ônibus só? É por isso que as pessoas protestam. É por isso que em várias cidades do Brasil muitos jovens estão indo às ruas fazer manifestações contra o aumento das tarifas e a qualidade ruim dos serviços de transporte.
Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – redacao@brasildefato.com.br • Gráfica: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou assinaturas@brasildefato.com.br
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
Latuff
opinião | 03
Frei Betto
Drogas, equívocos e soluções O FENÔMENO DAS DROGAS atinge todos nós. Não há exceção. Não é apenas nas ruas que a existência de grande número de viciados preocupa. Em todas as classes sociais há quem seja dependente de drogas. Famílias de classes média e alta conhecem a tortura do que significa ter um parente dependente químico. Por sua vez, o poder público, incomodado com a paisagem urbana das cracolândias, advoga a internação compulsória. Medida, aliás, adotada por certas famílias com recursos para pagar internação em clínicas de (suposta) recuperação. O que induz uma pessoa a consumir drogas? Qual a solução para o problema? O que leva uma pessoa a consumir drogas é a carência de autoestima.
Alipio Freire
E viva Pyongyang HÁ UNS DOIS MESES que não temos notícias sobre Pyongyang – o novo “perigo amarelo” propalado pela Casa Branca. É como se uma amnésia houvesse tomado conta da grande mídia comercial brasileira, e todos houvessem esquecido as ameaças insistentes e aterrorizantes que o governo dos EUA proclamou mundo afora, a respeito do teste nuclear que o governo norte-coreano programara. Cremos que esse silêncio pode ser interpretado como mais uma derrota dos EUA, necessária de ser escondida, para que a imagem de super-herói do império do terror não seja afetada em sua pretensa invencibilidade.
Ou seja, a hipótese mais viável é que Pyongyang tenha feito seu teste, e tenha sido bem-sucedida em seus objetivos, embora devamos também ponderar que – ocupados com o afã de demitir seus trabalhadores, os patrões da nossa mídia comercial não tenham tido muito tempo para se dedicar a “principados tão distantes”. Durante o segundo governo de Lula, seu ministro Roberto Átila do Amaral Vieira (PSB) foi defenestrado após haver anunciado um programa de desenvolvimento de pesquisas nucleares. Enfim, qualquer dessemelhança é mera coincidência, embora não devamos jamais esquecer que política só pode
ser feita adequadamente se levamos em conta a correlação de forças (econômicas, políticas e militares). No entanto, e por isto mesmo, as possíveis pressões de Washington deveriam nos haver sido comunicadas. Temos agora a possibilidade de nos inteirarmos melhor sobre o que se passou com Pyongyang. Nos dias 12 e 19, respectivamente, os embaixadores do Irã e da Coreia do Norte fazem palestras em Brasília sobre o tema “Política Nuclear, Segurança Internacional e Paz Mundial”, dando início a um ciclo sobre Geopolítica Mundial e Diplomacia Internacional. Alipio Freire é jornalista e escritor
Roberto Malvezzi (Gogó)
“Passado é tudo que não passa” OUVI ESSA FRASE numa rádio de Petrolina e ela não me saiu mais da memória. Foi atribuída pelo locutor a um poeta da cidade, que não sei o nome. Mas, ela me pareceu genial. Os indígenas brasileiros são o passado que não passa. Embora sejam elementos de entrave desde a chegada dos colonizadores, embora não devessem mais existir, não devessem mais ocupar territórios que guardam riquezas, eles estão presentes. São exatamente o passado que não passa, o presente e elemento definidor dofuturo. Água, biodiversidade, povos indígenas, clima, nenhum des-
ses elementos significa riqueza para essa mentalidade, a não ser que seja transformado em mercadoria. Essas pessoas não precisam de água para beber, de comida saudável para comer, da biodiversidade para fármacos, do clima agradável para viver. Portanto, outro passado que não passa é linhagem de Borba Gato a Domingos Jorge Velho. Representa essa linhagem gente da extrema direita, de centro e até de partido comunista. Riqueza é o que pode ser explorado e contabilizado no PIB, mesmo que seja veneno, lavagem de dinheiro do tráfico, venda de armas, dinheiro de
corrupção. As condições básicas da vida não são mais riquezas. Mas, é exatamente essa dimensão da existência humana e da vida que os indígenas nos oferecem com seus territórios. Suas riquezas são democraticamente partilhadas com todos os seres vivos do país e da Terra. Precisamos de suas águas, de sua biodiversidade, das chuvas que evaporam da floresta para cair no sul do país até Buenos Aires. Roberto Malvezzi (Gogó) é músico e escritor de Juazeiro (BA) e coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Morei cinco anos em favela. Aprendi que nenhum traficante deseja que seu filho siga os seus passos. O sonho é que o filho seja doutor Sentindo-se inferior, desamada, pressionada pelo estresse competitivo, ela encontra nas drogas o recurso para alterar seu estado de consciência. Assim, se sente bem melhor do que ao enfrentar, de cuca limpa, a realidade. Sobretudo com certas drogas, como a cocaína, que imprimem sensação de onipotência. Todo drogado é um místico em potencial. Sabe que a felicidade é uma experiência da subjetividade. Nada fora do ser humano é capaz de trazer felicidade. A droga decorre de nossa escala de valores. Há nisso forte componente educativo. Se um jovem é educado priorizando como valores riqueza, sucesso, poder e beleza, tende a se tornar vulnerável às drogas. Elas funcionarão, periódica e provisoriamente, como cobertor ao frio de suas ambições frustradas. Alerto meus amigos que têm filhos pequenos: dêem a eles muita atenção e carinho, especialmente até que completem 12 anos. Internações podem ser úteis em situações de crise ou surto. Nunca como solução. Todo drogado grita em outra linguagem: “eu quero ser amado!” E o poder público, o que fazer diante desta epidemia química? Internação compulsória? Funciona provisoriamente como limpeza da paisagem urbana. Em um país como o nosso, em que o sistema de saúde é tão precário, difícil acreditar que existam clínicas de internação em número suficiente para atender todos os dependentes e que tenham suficiente pedagogia de recuperação. Contudo, há, sim, solução preventiva se o poder público cumprir seu dever de assegurar a todas as crianças e jovens educação de qualidade. Morei cinco anos em favela. Aprendi que nenhum traficante deseja que seu filho siga os seus passos. O sonho é que o filho seja doutor. Portanto, no dia em que o poder público levar aos ninhos do tráfico mais escolas, música, teatro, academias de ginástica, bibliotecas, e menos batidas policiais e balas “perdidas”, teremos menos viciados e traficantes. Frei Betto é escritor, autor do romance sobre drogas O Vencedor (Ática), entre outros livros
04 | cidades
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013 ALESC
Comida é patrimônio, e não mercadoria Maria Emília Pacheco, presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea)
ENTREVISTA Para Maria Emília Pacheco, presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a alimentação está dominada pela lógica privada e o alimento virou mercadoria Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ) Maria Emília Pacheco é formada em antropologia e, atualmente, exerce o cargo de presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). O órgão é uma forma de aproximar sociedade civil e governos nas questões de alimentação e nutrição. Com uma trajetória de luta pelos direitos humanos, ela colaborou na formulação do conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) no Brasil, sempre atrelado aos princípios da soberania e do direito humano à alimentação. Nesta entrevista ao Brasil de Fato – após retornar de Porto Alegre, onde participou do 7º Encontro Nacional do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) – Maria Emília relaciona a comida, dentre outras coisas, a temas como saúde, cultura e meio ambiente.
Brasil de Fato – Quais são os principais problemas do sistema alimentar dominante? Maria Emília – Ele está cada vez mais concentrado. Cerca de dez grandes transnacionais controlam os agrotóxicos, as sementes e os transgênicos. Isso também acontece no consumo, quando são os supermercados os que dominam o varejo de alimentos. Ao mesmo tempo em que permanece a fome no mundo, existe um aumento do sobrepeso. A alimentação está dominada pela lógica privada e o alimento virou mercadoria, enquanto deveria ser visto, acima de tudo, como um direito humano. Temos um sistema alimentar em crise. E a situação do Brasil neste contexto? Melhoramos os índices gerais de desnutrição e subnutrição, embora eles permaneçam muito ruins entre as populações indígena e negra. Ao mesmo tem-
po, temos visto o crescimento da obesidade. Essa chega junto com a pressão alta, diabetes e problemas cardíacos. Por isso, esse acesso deve ser a alimentos de qualidade. A alimentação precisa ser vista como um ato político. A insegurança alimentar também está em metrópoles como o Rio. Para que isso mude, o que pode ser feito? Defendemos uma política nacional de abastecimento alimentar. Para tal, é preciso ter um sistema mais descentralizado que valorize equipamentos de alimentação públicos como mer-
cados populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos e feiras. Ficamos tristes e protestamos quando prefeituras não aceitam que espaços públicos tenham uma utilização realmente pública. Isso é atentar contra o direito de viver em cidades de múltiplas funções, e não só de espaços industriais e de serviços. Defendemos, ainda, a agricultura urbana e periurbana (em áreas rurais próximas a centros urbanos). Pensar em um cultivo para autoconsumo permite aumentar o grau de sociabilidade nos bairros, o que ajuda a caracterizar uma cidade mais democrática. Ainda mais
ABr
“É urgente valorizar as diferentes tradições culinárias e ter em conta o valor cultural da comida”
nas metrópoles, que têm sido objeto de muita especulação imobiliária. Esses espaços criativos de produção já são construídos por centenas de grupos no Brasil, mas precisam virar política pública. Existe uma cobrança individual em se ter uma alimentação saudável. O Estado também deve ser responsabilizado? Isso. É um equívoco pensar que a alimentação é exclusivamente uma escolha pessoal. Há ambientes sociais e econômicos que influenciam. Por exemplo, nós somos bombardeados com as publicidades de alimentos, que precisam de regulação, e isso é papel dos governos. Você participou do encontro do último Fórum Brasileiro para o tema, em Porto Alegre. Que desafios e ações o tema “Que alimentos (não) estamos comendo” trouxe? Muitos. Quando vamos ao supermercado, encontramos produtos
com uma grande quantidade de químicos, corantes e acidulantes. Enquanto isso, os alimentos artesanais são prejudicados por legislações sanitárias que usam parâmetros para uma produção industrial. Precisamos rever essas normas, que são verdadeiros instrumentos autoritários. Também é importante falar da agricultura familiar agroecológica, que é de resistência. Ele traz o princípio da diversificação alimentar para romper com a monotonia das dietas. Precisamos apoiar essas experiências que não usam agrotóxicos, realizam o manejo sustentável dos bens da natureza e resgatam as sementes crioulas (ou nativas). É urgente valorizar as diferentes tradições culinárias e ter em conta o valor cultural da comida, pois corremos o risco de perder a memória alimentar do país. Assegurar o direito humano à alimentação também implica nisso, em garantir o direito ao gosto.
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
cidades | 05
Protesto no Rio exige redução na passagem de ônibus TRANSPORTE Hoje, a partir das 17h, na Candelária, nova manifestação exigirá tarifa mais barata Pablo Vergara
Daniel Israel do Rio de Janeiro (RJ) Nova manifestação contra o aumento das passagens está marcada para hoje às 17h. A atividade está programada para sair da Igreja da Candelária. Os protestos contra o aumento das passagens revelam a indignação de grande parte da população carioca.
O aumento das passagens é um problema enfrentado pelas populações de várias cidades brasileiras O valor da passagem aumentou de R$ 2,75 para R$ 2,95, desde o dia 1º de junho. Nesse período, o Procon-RJ constatou a precariedade nos serviços oferecidos por diversas empresas, através da operação “Roleta Russa”. Foram interditados diversos veículos na cidade, que revelaram a gravidade da situação, piorada pelas empresas e a Prefeitura, que autorizou aumento sem que o serviço atendesse à necessidade. Na segunda-feira (10), manifestantes se reuniram em frente à Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, para o terceiro protesto contra o último aumento da tarifa de ônibus. Dessa vez, cerca de 1.500 pessoas caminharam pela Avenida Rio Branco, Rua Araújo Porto Alegre, Avenida Presidente Antônio Carlos e Avenida Presidente Vargas.
Nesse último ponto, houve truculência na ação da Polícia Militar, que utilizou bomba de gás lacrimogênio, spray de pimenta e balas de borracha. Assim, a manifestação, legítima, foi transformada num cenário de guerra. No final da noite, 31 pessoas tinham sido detidas e encaminhadas à 5ª DP (Carioca). Indagada sobre o aumento no valor da passagem, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou que o reajuste da tarifa foi calculado com base em índices da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A fórmula para o aumento está prevista no contrato de concessão, feito a partir da variação de preço em itens como insumos (pneus, combustível) e mão de obra. A assessoria também alega que foi levada em consideração a unificação da tarifa nos ônibus urbanos com e sem arcondicionado, além de zerados impostos como PIS e Cofins para empresas do setor, como anunciou o governo federal. No entanto, para a população carioca o aumento foi abusivo, pois presencia uma distribuição desigual dos transportes pela cidade, em termos de quantidade de frota e qualidade dos veículos oferecida para cada localidade, sendo os bairros da zona oeste os mais afetados. Para quem se incomodou com o protesto, devido à lentidão causada no trânsito, os manifestantes estenderam faixas onde se lia: “Desculpem o trânsito, estamos lutando pelos seus direitos”.
Cerca de 1.500 manifestantes se reuniram na Cinelândia contra o aumento da tarifa do ônibus
Manifestações pelo Brasil Em Goiânia e Porto Alegre, manifestações conseguiram barrar o aumento Pablo Vergara
do Rio de Janeiro (RJ) O aumento das passagens é um problema enfrentado pelas populações de várias cidades brasileiras. Em muitas delas, há mobilização pela redução do valor e pela criação de mecanismos que contribuam para a melhora da mobilidade urbana e se tornem, de fato, acessíveis à população. Em Teresina, o professor Daniel Solon, da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), relata algumas das reivindicações feitas na cidade, no final de 2011. “A gente levantou a bola para o passe-livre a estudantes, a criação de empresa pública para administrar toda a frota do setor e integração com o
trem (que atende poucos bairros, tem escassez de vagões e sem qualidade)”. O nível de mobilização na capital piauiense foi tão grande que no horário de maior movimento do trânsito a principal via da cidade foi fechada pelos manifestantes. Foi o bastante para que, nos dez dias em que milhares de pessoas se mobilizaram contra o aumento da passagem, a Avenida Frei Serafim passasse a ser conhecida como Avenida dos Indignados. Em Goiânia, manifestantes e diversas organizações acionaram o Ministério Público Estadual (MPE-GO). Foi solicitado que o mesmo atuasse pela redução no valor da tarifa local, apro-
Protestos acontecem em todo o país
vada na segunda-feira (10). Por decisão da Justiça Estadual, a passagem, que custava R$ 3, voltou aos R$ 2,70 exigidos pela população. No início do ano, dez mil pessoas tomaram as ruas de Porto Ale-
gre e protestaram contra o aumento das passagens e barraram o aumento. Em São Paulo, manifestantes fizeram três grandes atos contra o aumento da tarifa, sob forte repressão policial. (DI)
06 | cidades
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
SOS saúde carioca PRIVATIZAÇÃO Saúde do Rio de Janeiro foi exemplo de piores modelos de privatização em evento que reuniu mais de 14 estados EPSJV/Fiocruz
Viviane Tavares de Florianópolis (SC) Entre os dias 7 e 9 de junho, foi realizado, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis (SC) o IV Seminário da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde. O seminário, com aproximadamente 600 pessoas, 14 fóruns estaduais contra a privatização da saúde, diversos movimentos e entidades, debateu inúmeras pautas que tinham um mesmo objetivo: um SUS público, integral, universal e de qualidade. O do Rio de Janeiro foi um dos maiores destaques no processo de aceleração da privatização da saúde, por conta da criação da empresa RioSaúde. Soma-se a isso, a Saúde Brasil – uma subsidiária da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, que gerará os hospitais federais e institutos federais do estado do Rio de Janeiro. A avaliação é dos trabalhadores da saúde, frente aos inúmeros casos de privatização em diferentes estados. “A transformação das instituições públicas em empresa é uma questão que está se colocando em hospitais universitários, mas, lá, temos ainda o argumento da autonomia universitária para barrar essa atrocidade, avalia a professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Maria Inês Bravo. Enfrentamento maior Segundo Maria Inês, que também é militante da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, nos hospitais federais esse argumento não pode ser usado, ele não existe, então, o enfrentamento passa a ser ainda maior.
O Rio de Janeiro hoje conta com seis hospitais federais: Bonsucesso, Ipanema, Lagoa, Servidores, Andaraí e Cardoso Fontes. De acordo com o Ministério da Saúde, esta medida é para evitar as irregularidades e uso indevido de verba pelas unidades. Mas, para a professora Maria Inês, já foi comprovado que esses modelos são mais caros, têm mais desvio de verbas e acabam com a saúde pública. Segundo ela, o que o Ministério da Saúde deveria fazer é dar mais recursos para os hospitais e realizar mais contratação por meio de concurso público.
“A privatização da gestão é só a ponta da discussão” Além da saúde Para o professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/ Fiocruz) Geandro Pinheiro, o seminário mostrou o caminho para uma discussão mais ampla que vai além da pauta da saúde. “A privatização da gestão é só a ponta da discussão. Estamos sempre reagindo, mas o que temos que pensar é a determinação social, os modos de produção que estão gerando estes modelos apresentados”, avalia Geandro Pinheiro. Segundo ele, outro ponto que está avançando é o entendimento de que o SUS que temos hoje também precisa mudar, não vale a pena lutar pelo que temos hoje. “Temos que lutar por aquele modelo que defendemos lá atrás”, afirma.
SINDICAL
Direitos do trabalhador As centrais sindicais vão negociar com o governo federal uma série de questões muito importantes: emprego doméstico, terceirização, aposentadoria, redução da jornada e salário mínimo. Procure se informar no seu sindicato.
Professores do município ainda sem reajuste
Plenária final do IV Seminário Nacional da Frente Contra a Privatização da Saúde na UFSC
Nenhum médico para 41% do Nordeste SAÚDE Dos 1.091 municípios nordestinos que solicitaram médicos, 457 não receberam nenhum profissional da Redação Apesar de ser a maior iniciativa de interiorização de médicos já executada no Brasil, o Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab) não conseguiu atrair nenhum médico para 41% dos municípios do Nordeste que solicitaram profissionais este ano. Das 1.091 cidades nordestinas que solicitaram médicos pelo programa, 457 não receberam sequer um profissional. Com isso, apenas 36% da demanda por médicos na região foi atendida. Dos 6.129 médicos solicitados, 2.184 foram para 634 cidades. Eles estão alocados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) das periferias, do interior e de áreas re-
motas. O balanço completo do programa foi apresentado pelo diretor de programas da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Felipe Proenço, no dia 3, em Salvador (BA). O Nordeste foi a única região do país onde a maioria dos municípios que solicitaram médicos recebeu pelo menos um profissional. Nas demais regiões, a maior parte dos municípios não conseguiu atrair sequer um profissional. No Norte, 66% dos municípios que pediram médicos pelo Provab não atraíram sequer um. Dos 245 municípios que solicitaram médicos, 168 não conseguiram nenhum. No Centro-Oeste, 64% dos municípios não atraíram sequer um médico
pelo Provab. Dos 256 que pediram, 163 não receberam nenhum. No Sudeste, 54% dos municípios não conseguiram atrair sequer um médico: dos 747 municípios que pediram, 399 não recebeu nenhum. No Sul, 74% dos municípios não conseguiram atrair sequer um médico. Dos 567 que pediram, 418 não receberam nenhum. Em todo o Brasil, 55% dos municípios que solicitaram médicos não conseguiram sequer um. Dos 2.867 municípios que pediram profissionais pelo Provab, 1.581 municípios não atraíram nenhum. Com isso, apenas 29% da demanda nacional por 13 mil médicos foi atendida: 3.800 participantes foram para 1.307 municípios brasileiros.
Os profissionais das 1.064 escolas municipais do Rio fizeram greve de 24 h nessa quarta-feira (12) porque a Prefeitura ainda não apresentou proposta de reajuste salarial. Os profissionais de educação reivindicam reajuste de 19% e a implantação da data -base no mês de maio.
Funcionários da educação em Maceió Os sindicatos dos trabalhadores da educação de todo o país promovem de 25 a 27 de julho, em Maceió, o Encontro Nacional dos Funcionários da Educação. O tema central é o respeito à legislação federal sobre os funcionários da educação. Mais informações, no Sepe: (21) 2195 -0450.
Informática no Sindpd-RJ O Sindpd-RJ está abrindo novas turmas do curso de informática, com vagas para sindicalizados e seus dependentes. O trabalhador pode se sindicalizar no momento da inscrição. Fale com formacao@ sindpdrj.org.br ou (21) 2516-2620.
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
brasil | 07 ABr
FATOS EM FOCO
STJ nega pedido da Monsanto O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão de que havia negado recurso da Monsanto para estender a vigência da patente da soja transgênica no Brasil. Segundo o STJ, a vigência de 20 anos começou a contar na data do primeiro depósito da patente no exterior, em 31 de agostode 1990. O ministro Ricardo Villas Bôas Cueva já tinha se posicionado contra o pedido e manteve decisão do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), que entendeu que a patente vigorou até 31 de agosto de 2010.
Terras Indígenas O Ministério Público Federal (MPF) no Pará solicitou que a Justiça mantenha a decisão que obriga a Fundação Nacional do Índio (Funai) a dar continuação ao processo de demarcação da Terra Indígena Maró, em Santarém, oeste do Pará. Foi solicitada multa diária no valor de R$ 5 mil para o caso de descumprimento e prazo de 30 dias para o cumprimento da decisão. Os estudos de demarcação da área foram iniciados em 2008. Na época, a Funai solicitou 50 dias para a conclusão do Relatório de Identificação e Delimitação da Terra que, no entanto, só foi entregue em 2010. Depois que o relatório foi entregue, o procedimento para demarcação foi paralisado e até hoje o resumo do estudo não foi publicado no Diário Oficial da União e no Diário Oficial do Estado do Pará, impedindo a continuidade do processo.
Mobilização global sobre o trabalho infantil doméstico Criança trabalha em forno de produção de carvão vegetal
COMBATE Segundo a OIT, exploração atinge 15,5 milhões de crianças e adolescentes no mundo Stefano Wrobleski de São Paulo (SP) No Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, celebrado nesta quarta-feira (12), organizações da sociedade civil e autoridades se mobilizam para chamar a atenção para o trabalho infantil doméstico. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que publicou relatório destacando a gravidade da exploração de crianças e adolescentes em residências, o problema afeta aproximadamente 15,5 milhões em todo o mundo. São meninos e meninas sujeitos à violência, abusos sexuais e doenças físicas e mentais, e que têm dificuldades e/ou não conseguem acompanhar a escola. O trabalho infantil doméstico também foi tema de relatório publicado pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), e de um dos capítulos do relatório “Brasil livre de trabalho infantil”, lançado recentemente pela Repórter Brasil. Das 15,5 milhões de ví-
timas de trabalho infantil no planeta, 5 milhões de crianças e adolescentes são exploradas em países que não proíbem a prática e que, portanto, não ratificaram a Convenção 182 da OIT, que a proíbe de ser desempenhada por menores de 18 anos.
A região que concentra o maior número de crianças e adolescentes em trabalhos domésticos é o Nordeste, com 39,8% do total
Piores formas de trabalho Conforme a convenção, a atividade é considerada uma das piores formas de trabalho infantil. O relatório também lembra a Convenção 138, que define a idade mínima para admissão em 15 anos, independentemente da profissão. Apesar de ter sido ratificada por 161 países, qua-
se metade (7,4 milhões) dos 15,5 milhões de trabalhadores domésticos com menos de 18 anos têm entre 5 e 14 anos. A questão não pode ser entendida “puramente em termos de direitos da criança ou como um problema trabalhista”, lembra o relatório, citando que, de todos os 776 milhões de analfabetos no mundo, dois terços são mulheres. O dado reforça o argumento de que existe uma grande diferença entre as oportunidades de trabalho para mulheres e homens jovens. “A posição de subordinação e marginalização das garotas em muitas sociedades compõe os problemas que elas enfrentam no mercado de trabalho”, diz o estudo. Entre os que têm menos de 18 anos ocupados no trabalho doméstico, 73% são mulheres. No Brasil Apesar de ter ratificado as convenções 182 e 138 da OIT em 2000 e 2001, respectivamente, o país ainda tem 258 mil crianças e adolescentes ocupados em trabalho doméstico.
Os dados são do IBGE e foram organizados no relatório do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). De acordo com Rafael Dias Marques, coordenador nacional do programa de combate ao trabalho infantil do Ministério Público do Trabalho (MPT), a pobreza já não é mais a causa essencial no Brasil para a existência de trabalho infantil. Segundo ele, aproximadamente 40% das famílias que exploram esse tipo de mão de obra não está na faixa de extrema pobreza atualmente. “A pobreza está hoje aliada ao desejo de acesso das crianças e adolescentes ao bens de consumo, o que conduz também a uma entrada precoce ao mercado de trabalho”, diz. Ele também defende que o país faça fortes investimentos para atender às crianças e às famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza. O coordenador ainda ressalta a importância de campanhas de conscientização como forma de romper com a aceitação social existente em rela-
ção ao trabalho infantil. Os dados do relatório produzido pelo FNPETI mostram que a região que concentra o maior número de crianças e adolescentes em trabalhos domésticos é o Nordeste, com 39,8% do total. Quase todos os jovens são mulheres (93,7%), a grande maioria é de negros (67%) e está em meio urbano (79,3%). Trabalho perigoso Quase metade das crianças vítimas de trabalho doméstico estão submetidas a condições que podem afetar sua saúde, segurança ou integridade moral, além de jornadas de trabalho de mais de 43 horas por semana. A OIT conclui que “a pobreza está invariavelmente por trás da vulnerabilidade de uma criança ao trabalho doméstico” e o “trabalho infantil doméstico não é simplesmente uma preocupação das crianças, suas famílias e comunidades”. Por isso, deve ser combatido com políticas amplas de desenvolvimento e decisões sobre a alocação de recursos orçamentários. (Repórter Brasil)
08 | brasil
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013 Reprodução
Documento revela violências contra indígenas Investigação descobriu que agentes do SPI cometiam crimes hediondos contra os indígenas
MEMÓRIA Relatório revela violações cometidas por agentes do Estado contra indígenas durante a ditadura Patrícia Benvenuti da Redação Um cenário de torturas, humilhações, privações e as mais variadas violências. Esse é o resultado da ditadura civilmilitar brasileira para os povos indígenas, como mostra o “Relatório Figueiredo”, um dos documentos mais reveladores das atrocidades cometidas por agentes públicos contra os populações tradicionais. Resultado de uma investigação realizada em 1967, em plena ditadura civil- militar (1964-1984), o relatório teria sido destruído durante um incêndio no Ministério da Agricultura. Recentemente, porém, foi encontrado no antigo Museu do Índio, no Rio de Janeiro. Cinquenta caixas guardavam sete mil páginas preservadas do documento, que poderão auxiliar na luta por justiça e reparação às vítimas.
“Havia alguns que requintavam a perversidade, obrigando pessoas a castigar seus entes queridos” Investigação Produzido pelo procurador Jader de Figueiredo Correia, o relatório nasceu a partir de uma investigação feita a pedido do então ministro do Interior, Albuquerque Lima, com base em denúncias de violações feitas em comissões parlamentares de inquérito em 1962 e 1963. Para apurar os fatos, Figueiredo e sua equipe percorreram 1,6 mil quilômetros, entrevistaram agentes do Serviço de Proteção aos Índios (SPI, antigo órgão indigenista) e visitaram 130 postos indígenas.
As inspeções não só confirmaram o que havia sido alertado por deputados nas CPIs como surpreenderam o próprio procurador. Em um dos trechos do relatório, Figueiredo aponta que “parece inverossímil haver homens, ditos civilizados, que friamente possam agir de modo tão bárbaro”. Dentre as violações cometidas por agentes do SPI estavam estupros, escravização de indígenas,
venda de crianças para “servir aos instintos de indivíduos desumanos”, caçadas humanas com metralhadoras e dinamites atiradas de aviões, inoculações propositais de varíola em povoados isolados e doações de açúcar misturado a estricnina. Marcas da ditadura, as torturas também foram largamente aplicadas contra os indígenas. O documento descreve a utilização do chamado “tronco”, uma das formas
mais comuns de castigo. “Consistia na trituração dos tornozelos das vítimas, colocadas entre duas estacas enterradas juntas em um ângulo agudo. As extremidades, ligadas por roldanas, eram aproximadas lenta e continuamente”. As punições, no entanto, podiam ir além. “Havia alguns que requintavam a perversidade, obrigando pessoas a castigar seus entes queridos. Viase, então, filho espancar Antônio Cruz/Abr
“Dentre as violações cometidas por agentes do SPI estavam estupros, escravização de indígenas, venda de crianças” 30 anos depois, indígenas ainda são vítimas de violência
mãe, irmão bater em irmã, e assim por diante”. Pior do que o nazismo Para o senador Randolfe Rodrigues (Psol -AP), a realidade retratada no relatório é mais uma prova da dívida do Estado com os povos tradicionais. “As práticas de tortura e os detalhes de crueldade praticados contra os povos indígenas durante a ditadura fazem a gente ter a percepção de que tivemos no Brasil uma prática pior do que o nazismo”, afirma. “É um relatório que ficou escondido da sociedade durante muitos anos e isso deve ter uma razão. E a própria razão é o que foi apurado pelo procurador Jader de Figueiredo Correia”, explica o vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e coordenador do projeto Armazém Memória, Marcelo Zelic, que localizou o documento no Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
brasil | 09 João Zinclar
Trabalho escravo aumenta no Sudeste VIOLAÇÕES Pecuária, setor sucroalcooleiro e construção civil são os maiores focos de trabalho escravo nas regiões mais desenvolvidas economicamente Segundo relatório, aconteceram mais de três mil resgates de trabalhadores submetidos à escravidão na pecuária e na produção de carvão vegetal
Márcio Zonta da Redação O trabalho escravo não é apenas consequência do subdesenvolvimento de algumas zonas do Brasil, como prefere argumentar parte dos governantes do país. A pesquisa da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), referente aos casos de 2012, constatou a prática escravagista nas duas regiões mais desenvolvidas economicamente do Brasil. Sudeste e Sul, respectivamente, são a segunda e terceira regiões do país em flagrantes de trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão. O estado do Paraná lidera entre os sulistas, com a libertação de 217 trabalhadores do setor sucroalcooleiro. Somando as ações do Detrae no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sobretudo na pecuária, chega-se ao número de 367 pessoas libertadas no ano passado. O mais rico do Brasil O Estado considerado como mais desenvol-
vido do Brasil, São Paulo, é responsável por levar o Sudeste ao posto de segunda região do país com maior incidência de trabalho escravo. As ocorrências são em maior número na área têxtil, construção civil e meio rural, com 213 trabalhadores resgatados na região.
217 trabalhadores do setor sucroalcooleiro foram libertados no Paraná em 2012 O boom imobiliário alimentado pela especulação e valorização de terrenos e empreendimentos imobiliários no estado foi a terceira atividade econômica do país com mais libertação de trabalho escravo pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2012. Os casos envolvem empresas como MRV
Engenharia, responsável pela empreitada do programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal. A situação mais emblemática aconteceu num dos maiores centros empresariais da cidade de São Paulo, onde a fiscalização do Detrae constatou práticas escravagistas nas obras de ampliação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, nas proximidades da Avenida Paulista. Considerado atualmente como a principal forma de trabalho escravo no meio urbano, a construção civil levou no ano de 2012 aproximadamente 95 trabalhadores, em São Paulo, a essa forma de exploração ilegal. O setor têxtil, até então o mais visado das fiscalizações do MTE, teve um número de 32 pessoas envolvidas no estado no mesmo período. Por quê? O trabalho escravo contemporâneo no Brasil, justamente em setores que se encontram em franco crescimento econômico no momento ou em grandes centros urba-
nos, não abisma especialistas que acompanham de perto o assunto. Para Juliana Armede, coordenadora do Programa de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, as formas de trabalho escravagistas foram tomadas pelo sistema econômico de hoje. “É um fenômeno atual, apenas modificado e adaptado co-
mo forma de exploração do ser humano conforme as modernas formas de lucro”, explica. O juiz da Vara Federal de Trabalho da cidade de Marabá, Jonatas Andrade tem uma explicação simples: “a lógica econômica capitalista permite isso”. Juliana afirma que as formas de consumo desenfreado da população dos grandes centros urbanos contribuem, de certa forma, para acentuar os casos. “Revi-
são dos valores de consumo que estão ligados ao consumo em quantidade e de maneira que o consumidor não exige qualidade dos serviços ou produtos. Ainda não nos importamos com a forma pela qual algo nos é ofertado. É importante que compreendamos as condições de produção para que possamos, como sociedade, entender se queremos ou não, ainda, um mundo em que pessoas exploram pessoas”, define. João Zinclar
Sudeste e Sul, respectivamente, são a segunda e terceira regiões do país em flagrantes de trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão
Corte da cana no Paraná
10 | mundo
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
Obama apoia espionagem EUA Google, Facebook e Microsoft estão entre as empresas que tiveram seus sistemas acessados Opera Mundi De acordo com documento divulgado pelo The Guardian, os grampos eram realizados “diretamente dos servidores” das maiores empresas dos EUA e incluíam correios eletrônicos, arquivos anexados, vídeos e conversas on line. A obtenção compulsória dos dados foi iniciada na Microsoft, em 2007, ainda sob o governo de George W. Bush. Sob a gestão de Barack Obama, no entanto, a prática foi intensificada e passou a atingir um número maior de companhias. Segundo o arquivo obtido pelo jornal britânico, o Google se disse “preocupado com a segurança das informações” de seus usuários. “Divulgamos os dados do usuário para o
governo, de acordo com a lei, mas desejamos a revisão de todos esses pedidos com cuidado.” O acesso, por parte de Washington, às bases de dados dessas importantes companhias aumenta o escândalo da espionagem do governo dos EUA a milhões de seus cidadãos. A Casa Branca confirmou o grampo aos registros telefônicos de clientes da operadora Verizon. Privacidade? O presidente estadunidense Barack Obama assegurou, em 7 de junho, que os programas de espionagem de telefonemas e de dados dos usuários de grandes empresas da internet faz parte de estratégias que “ajudam a prevenir ataques terroristas” e foram revisadas por
Reprodução
”não se pode ter 100% de privacidade e 100% de segurança” sua equipe de assessores, pelo Congresso e pelo Poder Judiciário. Segundo ele, “não se pode ter 100% de privacidade e 100% de segurança”. Em sua opinião, o governo conseguiu manter “o equilíbrio adequado” no acesso à vida dos cidadãos. Enquanto isso, o governo dos EUA está a procura de Edward , exfuncionário da CIA que vazou as informações relacionadas à espionagem do governo estadunidense.
occupygezipics.tumblr.com
Com 12 dias de protestos, a associação turca de direitos humanos calcula em mais de 2800 o número de manifestante feridos
Premiê disse que rede social é “ameaça” do Opera Mundi
Policiais turcos reprimem com violência as manifestações
Segundo informações da Agência Brasil, um membro do Partido Republicano do Povo, da oposição, afirmou que
os suspeitos estavam detidos por “apelarem às pessoas para se manifestarem”. Com 12 dias de pro-
Rússia quer Brasil em conferência O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, apoiou, na noite de terça-feira (11), a participação do Brasil em uma futura conferência internacional para resolver o conflito na Síria, mas admitiu que sua realização é complicada devido à falta de acordo sobre quem se sentará à mesa. No Rio de Janeiro, Lavrov considerou a posição brasileira sobre o tema “positiva e equilibrada”.
Mandela “responde melhor”
Turquia prende 25 pessoas por comentários no Twitter
O governo turco considerou os posts “difamatórios” e de “natureza violenta”. Erdogan disse que considera o twitter uma “ameaça” que serve para “espalhar mentiras”. Após isso, em fração de segundos – quase em tempo real –, os jovens turcos utilizam as mídias sociais para organizarem os protestos, orientar os amigos para fugir do gás lacrimogêneo e, também, difundir mensagens contra o premiê Erdogan.
FATOS EM FOCO
testos, a associação turca de direitos humanos calcula em mais de 2800 o número de manifestante feridos, muitos
com gravidade e 791 detenções. “Cerca de 500” detidos foram posteriormente libertados. Fontes oficiais quantificam em 300 o número de feridos que dizem serem maioritariamente elementos das forças de segurança.
O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, de 94 anos, internado em um hospital de Pretória por causa de uma grave infecção pulmonar “está um pouco melhor”, informou nesta quartafeira (12) o presidente Jacob Zuma. Mandela tem problemas pulmonares recorrentes desde que teve uma tuberculose diagnosticada em 1988. Esta é a quarta hospitalização desde dezembro.
França quer fim de neonazistas O Ministério do Interior da França notificou na quarta-feira (12) líderes de dois grupos neonazistas para que extinguam as associações, com base no risco de ameaça à paz e à segurança pública do país. Os grupos são a Juventude Nacionalista Revolucionária (JNR) e a associação Terceira Via. Decisão veio após o assassinato, na semana passada, do jovem ativista de esquerda Clément Méric.
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
cultura | 11 Divulgação
Festival difunde produção independente CINEMA Evento em Brasília espera mobilizar 20 mil espectadores Ricardo Darín,em cena do filme argentino “Tese Sobre Um Homicídio”
Maria do Rosário Caetano de São Paulo (SP) Brasília sedia, a partir de hoje até o dia 23 de junho, a segunda edição do BIFF – Festival Internacional de Cinema, evento criado para difundir o que de melhor se faz no campo do audiovisual independente, nos cinco continentes. A abertura se dará com um filme francês – Uma Primavera com Minha Mãe – que será exibido na presença da veterana atriz Hélène Vincent, premiada com um Cesar, o Oscar parisiense, por sua atuação num grande sucesso de público, A Vida É Um Longo Rio Tranquilo. A atriz, que fará 70 anos neste 2013, trabalhou com grandes diretores como Bertrand Tavernier (Que a Festa Comece), René Alio (Les Camisards) e Kieslowski (A Liberdade É Azul), e em dezenas de montagens teatrais (tem um Moliére na estante). Outros convidados internacionais já confir-
maram presença: o argentino Hermán Goldfrid, diretor de Tese Sobre Um Homicídio, estrelado pelo astro portenho Ricardo Darín; o espanhol Pablo Berger, grande vencedor do Prêmio Goya, com Blancanieves, os paraguaios Juan Maneglia e Tana
A América Latina terá forte presença ao longo dos 11 dias de festival brasiliense
Schembori, diretores de Siete Cajas, e o estadunidense Jeremy Teicher, diretor de Tall as The Baobad Tree, filme realizado na África, numa parceria EUA-Senegal. Tese Sobre Um Homicídio, Blancanieves, Siete Cajas e Baobad Tree somam-se a mais oito longas internacionais na disputa pelo prêmio
de melhor filme (troféu e R$100 mil): Il Futuro, da chilena Alicia Scherson; Trabajadores, do mexicano José Luis Valle; Watchtowers, do turco Pelin Esmer; Fly With the Crane, do chinês Rui Jun Li; Touch of the Light, do taiwanês Rong Ji Chang; Eat Sleep Die, da sueca Gabriela Pichler; The Red House, do neozelandês Alyx Duncan; e Don Jon, do estadunidense Joseph Gordon-Levit. Vale lembrar que Gordon-Levit, agora diretor estreante, tem uma longa carreira como ator (em filmes como 500 Dias Com Ela, A Origem, e no recente Lincoln, de Spielberg). A América Latina terá forte presença ao longo dos 11 dias de festival brasiliense. Além dos quatro longas da mostra competitiva que representam Argentina, Chile, México e Paraguai (o Brasil está ausente da disputa), serão exibidos filmes como Paisajes Devoradoras, do argentino Eliseo Subiela, tendo o octogenário mes-
tre Fernando Birri como ator; Tanta Água, dos uruguaios Joaquim Castiglioni, Malu Chouza e Nestor Guazzini; O Mais Bonito dos Meus Melhores Anos (Bolívia); Crônica do Fim do Mundo (Colômbia); e Reverón, do venezuelano Diego Rísquez. Vale lembrar que Rísquez, filho e neto de médicos que presidiram a Academia de Medicina da Venezuela, é artis-
ta plástico, fotógrafo e cineasta. No começo dos anos 1980, ele causou frisson em Cannes com o longa Bolivar, Uma Sinfonia Tropical. Em 1981, mostrou o filme na Quinzena dos Realizadores, no inusitado suporte doméstico do Super-8. No ano seguinte, voltou – ousadia rara na época – com o filme ampliado para o 35 mm. A mesma Quinzena o abrigou para nova exibição.
Ao longo da década de 1980, Rísquez faria mais dois filmes de sua Trilogia Tropical: Orinoko, Nuevo Mundo (1984) e Amerika, Tierra Incognita (1988). O longa-metragem de ficção programado pelo BIFF marca a volta de Rísquez a outra de suas paixões: o pintor Armando Reverón, tema de seu filme-ensaio A Propósito da Luz Tropical - Reverón (1978). Divulgação
Joseph Gordon-Levitt e Scarlett Johansson no estadunidense “Don Jon”
12 | cultura
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
Um ritmo bem brasileiro CHORINHO Tempo é de celebrar compositores e intérpretes que fizeram com que o choro deixasse de ser estilo e passasse à condição de gênero musical Reprodução
Daniel Israel do Rio de Janeiro (RJ) Brasileiro de berço e carioca da gema, o chorinho recebeu homenagem no dia 17 de abril, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj). Quatro dias depois, foi a vez de Alfredo Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, ser lembrado pela cidade. Foi inaugurada, em frente à estação de trem de Olaria, uma placa em lembrança ao autor de 1 a 0, Rosa e Carinhoso. Também é tempo de celebrar os 150 anos do nascimento de Ernesto Nazareth. Compositor de choros como Por que choras, cavaquinho? e Janota, Nazareth é citado pelo radialista e produtor musical João Carlos Carino como um reinventor do chorinho. “Junto com poucos artistas, Ernesto foi o primeiro grande divisor [de águas] do choro. Teve uma formação de música clássica, até que se tornou compositor de música popular”, analisa Carino.
AGENDA TEATRO GRATUITO A peça “Aquilo que meu olhar guardou para você”, em cartaz no Espaço Furnas Cultural, propõe uma reflexão sobre o espaço da cidade. De 15 a 30 de junho, as apresentações ocorrem nos sábados, às 20 horas, e domingo às 19 horas. Direção de Luiz Fernando Marques e Grupo Magiluth”. Atores: Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Pedro Wagner e Pedro Vilela. Classificação indica-
“Pai dos chorões” Em 1870, no Rio de Janeiro, o compositor Joaquim Callado foi o responsável pelo primeiro choro. Callado se tornou conhecido como “o pai dos chorões”. Na partitura de Flor amorosa, entretanto, o autor a denominou como polca. Esse dança, de origem europeia, foi de grande influência para o nascimento do choro, assim como a valsa e a mazurca.
“A dança do choro, que se aproxima do maxixe, é muito mais legal e sensual do que a do tango” Carino, ao contrário do pensamento corrente, defende que o choro seja dançado. “Existem algumas bobagens no choro, como as pessoas não dançarem. Mas deveriam. É que os puristas não admitem isso. Por exemplo, o tango tem
tro Universitário Augusto Motta (Unisuam). Com a abolição da escravidão, os negros se tornaram trabalhadores “livres”, inclusive para migrar para os centros urbanos. No Rio de Janeiro, então capital federal, esses trabalhadores formaram novos grupos musicais.
“A Chiquinha Gonzaga, quando começou a tocar, dava aula para eles” O compositor Joaquim Callado
mais repercussão, porque dá para dançar. Mas a dança do choro, que se aproxima do maxixe, é muito mais legal e sensual do que a do tango”, contesta o apresentador do programa Roda de choro, na Rádio MEC FM. Pioneiro do choro, Callado foi responsável por fazer com que o choro deixasse de ser estilo e passasse à condição de gênero musical.“No ano em que foi lança-
da Flor amorosa, o choro surgiu como gênero musical consolidado. É que, até então, havia uma enxurrada de composições europeias, mas o Callado adaptou para a nossa realidade. Chamo esse fenômeno de ‘músicas abrasileiradas’, porque a obra do Callado foi uma adaptação dessas composições à realidade do Brasil”, afirma o pesquisador Leonardo Santana da Silva, professor no Cen-
O pesquisador Leonardo Santana cita os “redutos de barbeiros”. “Eram locais onde se concentravam músicos que se apresentavam em bailes e festas. Assim, eles continuavam a trabalhar como na época das orquestras das fazendas”, ressalta ele, que também é autor de um livro sobre a inserção do negro na sociedade brasileira por meio do chorinho. “A Chiquinha Gonzaga, quando começou a tocar, dava aula para eles”,
lembra Carino, que também é presidente do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMUB), o maior acervo da discografia brasileira, com mais de 100 mil cópias catalogadas. Gravadora pioneira Fundadora da Acari Records, primeira e única gravadora do ramo no Brasil, a compositora Luciana Rabello relata que foi “a falta de interesse do mercado fonográfico pelo choro e o samba carioca” que a levou a criar, junto com um grupo de amigos, um selo com a cara da música brasileira. Rabelo abriu a Acari em parceria com Maurício Carrilho (músico instrumental) e o próprio João Carlos Carino. Carrilho e Luciana são fundadores e coordenadores da Escola Portátil de Música, na Lapa, o terceiro de quatro eixos que levaram à ressurreição do choro e do bairro. “Além do programa na Rádio MEC, da Acari e da Escola Portátil, o público voltou a frequentar a Lapa para ouvir choro no Bar Semente”, conclui Carino.
Reprodução
tiva é de 18 anos e haverá distribuição de ingressos das 14h às 17h, nos dias dos espetáculos, limitados à capacidade do auditório. O endereço do Espaço Cultural Furnas é Rua Real Grandeza, 219, Botafogo. Tel.: 2528.3112. QUADRILHA DO SAMPAIO Para aqueles que querem curtir o mês de junho em grande estilo, vale a pena conferir a programação da Quadrilha do Sampaio, que fará apresentações no sábado (15), no Mosteiro de São Bento (Centro) às 19h, e na Paró-
quia de Santa Terezinha (Santa Cruz) às 22h. No domingo (16), também haverá apresentações no West Shopping, no bairro de Campo Grande, às 17h, e na Igreja Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Engenho Novo, às 20h30. Tel.: 2201.2404. EXPOSIÇÃO NO CCBB Fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, até 14 de julho, a exposição “ELLES”. Fazem parte da mostra obras de artistas mulheres da coleção do Centro Georges Pompidou / Museu Nacional de Arte Moderna, a maior de
domingo, das 9h às 21h. Tel.: 3808.2020. MÚSICA NO MUSEU Em junho, o “Música no Museu” realiza uma série de concertos no Rio de Janeiro. Serão apresentados de trechos de óperas, clássicos brasileiros e europeus, e coral. “La chambre bleue”, de Suzanne Valadon, em exposição no CCBB No total, 30 concertos, que vão até o dominRennó, Anna Bella Gei- go (30). Em diversos esarte contemporânea da ger, Anna Maria MaioEuropa. São desenhos, paços da cidade, como lino marcam presenMuseu de Arte Moderinstalações, pinturas, esculturas, fotografias e ça ao lado de nomes co- na, Museu da Repúblivídeos de mais de 60 ar- mo Frida Kahlo, Louica, Centro Cultural da tistas que revolucionase Bourgeois e Valérie Justiça Federal e outros. ram os conceitos artísBelin. O CCBB fica na A programação pode ser ticos de seu tempo. Bra- Rua Primeiro de Marconferida em www.musileiras como Rosângela ço, 66. Aberto de terça a sicanomuseu.com.br.
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
variedades | 13
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br O Jesuíno de “Gabriela” (2012) Competidor
© Revistas COQUETEL 2013
Diz-se da situação difícil e aflitiva
Fungo comum no pão estragado Operava a guilhotina na Revolução Francesa
Tamanho Principal total do causa da terreno anemia (pl.) Sepultura
Unidade da Federação (sigla) Memória de micros Deus dos xiitas
Prática esportiva do alpinista Garantia, em inglês Martinho da (?), sambista
“Meio”, em “semicírculo” Ulysses Cruz, diretor teatral paulista A aparência das figuras em charges A terceira maior cidade da Colômbia
Forma de conexão hidráulica
(?)-way: embalagem descartável Estribilho de hinos Reduto da boemia
Sigla de sites de partidos políticos Expressão usada para saudar alguém
Ondas Curtas (abrev.) Material usado no cabo de guerra Desejam que seu time ganhe
Senhor (abrev.) Newton (símbolo)
(?) passant: de passagem (fr.)
2/en. 3/one — org — rom. 4/last — tour. 7/warrant. 8/abstrata.
HORÓSCOPO
20
www.coquetel.com.br
J C O N E S C E W A V I L P L A
BANCO
Desinência nominal do feminino
NAS BANCAS E LIVRARIAS
D R A M A T I C A
Grade (?), lista de matérias escolares Prática que combate o estresse
HERLOCK S
Brado de touradas Entidade estudantil
KE
Unidade de medida do adoçante líquido (pl.)
Solução
APRENDA A PENSAR COMO
Nome da 7ª letra Último, em inglês
Alvo da proteção do colete policial
A D R R E N T E D A U F S E M I NT U C C A L I C A O NE O R O C I O I C O R DA A G E TA S F O L E U L A R N S R E N T O
Curso fluvial O “P”, em PIB
A T G O R I C E A M
Seu “vento” causa a aurora polar
B C O A L R O R R A S T C O B A T R O U TO R R A A X
(?) de France, prova ciclística anual
A R R E S I D U A L
Sinal gráfico de A Pintura e-mails de Mana- Joia com bu Mabe alfinete
A B R PR O C H R E
Diz-se da água que pode ser reciclada
Cirurgia estética (pop.)
ASTROLOGIA - Semana de 13 a 19 de junho de 2013 Período para esclarecimentos importantes nas relações de trabalho; influência importante para se dedicar em projetos a longo prazo.
Áries
(21/3 a 20/4) Momento bom para questões culturais. Procure evitar riscos financeiros, foque em negócios mais seguros. No amor, procure ser mais tolerante principalmente com a família.
Touro
(21/4 a 20/5) A semana recomenda mais atenção com os negócios e as finanças. Avalie bem os planos de longo prazo. No amor, paciência. Dê mais atenção a pessoas com quem convive diariamente.
Gêmeos
(21/5 a 20/6) Período para buscar novos projetos de longo prazo. Momento bom para lidar com sentimentos, principalmente aqueles ligados à família e pessoas queridas. Cuide para ter bons momentos na vida.
Câncer
(21/6 a 22/7) Cuidado com as questões familiares. Período bom para mudanças profissionais. A semana está propícia para reflexão sobre a existência, a vida. No amor, evite ficar remoendo questões do passado.
Leão
(23/7 a 22/8) Período bom para ampliar as relações, principalmente para novas amizades. Fique atento para mudanças nas questões profissionais. No amor, seja mais paciente e procure valorizar o convívio familiar.
Virgem
(23/8 a 22/9) Período bom para refazer planos. O momento requer atenção com as questões emocionais e nas amizades. No amor, reveja posturas com quem mantém sentimentos mais profundos.
Libra
(23/9 a 22/10) Período requer atenção com questões financeiras. Evite gastos desnecessários e cuidado com os imprevistos. No amor, momento para superar antigas pendências e ressentimentos.
Escorpião
(23/10 a 21/11) A semana está propícia para avaliações. Momento bom para projetos de longo prazo, inclusive profissionais. No amor, momento para assumir sentimentos e definir responsabilidades.
Sagitário
(22/11 a 21/12) A semana exige atenção nas questões financeiras. Momento para avaliar as despesas e rever prioridades. Período bom para parcerias solidárias. Na vida amorosa, procure refletir e conversar mais com quem se relaciona.
Capricórnio (22/12 a 20/1) A semana é propensa para refletir sobre sua postura e reavaliar conceitos. Momento favorável para buscar novos objetivos. No amor, período de maior romantismo. Fique atento aos sentimentos com quem se relaciona.
Aquário
(21/1 a 19/2) Período de buscar novos objetivos profissionais. Momento bom para negócios e para transformações nas relações de trabalho. No amor, período para valorizar mais as situações simples.
Peixes
(20/2 a 20/3) A semana favorece para rever prioridades de sua vida. Período para mudanças repentinas na convivência com grupos e amizades. No amor, momento para definições, principalmente em questões antigas.
14 | esporte
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
Freguês, Japão busca reverter histórico COPA DAS CONFEDERAÇÕES Brasil nunca perdeu para o Japão; foram sete vitória e dois empates da Redação O Japão, primeiro adversário do Brasil na Copa das Confederações, apesar de ter melhorado bastante nos últimos anos, continua sendo nosso freguês de carteirinha. Pelo menos até sábado, às 16h., quando os times se enfrentam na estreia no torneio, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Ainda sob o comando de Mano Menezes, a seleção goleou os japoneses por 4 a 0
Desde a primeira vez que Brasil e Japão se enfrentaram, em 1989, foram disputadas nove partidas entre as seleções, com sete vitórias brasileiras e dois empates. Os únicos jogos contra os japoneses que o time brasileiro não venceu foram válidos pela Copa das Confederações, em 2001 e em 2005. O último jogo ocorreu a menos de um ano, em
outubro do ano passado, num amistoso realizado na cidade de Wroclaw, na Polônia. Ainda sob o comando de Mano Menezes, a seleção goleou os japoneses por 4 a 0. Sete integrantes do time brasileiro que goleou o Japão em outubro estarão na Copa das Confederações: Thiago Silva, David Luiz, Paulinho, Oscar, Hulk, Neymar e Lucas. A delegação japonesa
chegou a Brasília no final da manhã de quarta-feira (12) para a disputa da Copa das Confederações. Após o desembarque no aeroporto, os japoneses foram direto para o hotel onde ficarão hospedados. Mesmo após a longa viagem (a seleção venceu o Iraque pelas Eliminatórias Asiáticas), após o descanso do almoço, o Japão fez um treino no Bezerrão, no final da tarde.
FATOS EM FOCO
Pelé pede apoio O Rei do Futebol voltou a pedir que a torcida não abandone a Seleção e declarou toda a admiração pelo italiano Mario Balotelli. Pelé se mostrou preocupado com as vaias dos torcedores brasileiros nas últimas partidas disputadas no País. “Peço a todos os brasileiros que não vaiem a Seleção”, afirmou Pelé, na inauguração do relógio em contagem regressiva para a Copa de 2014.
Fabiana Murer Campeã do Troféu Brasil de atletismo no último fim de semana, Fabiana Murer volta a competir já na quintafeira (13), quando disputa a etapa de Oslo da Liga Diamante. A saltadora com vara utiliza a competição como preparação para o Mundial de Moscou. Na capital russa, Murer tentará defender a medalha de ouro conquistada no Mundial de Daegu-2011. Na Coreia do Sul, a saltadora se tornou a primeira atleta do país a subir ao lugar mais alto do pódio na história da competição.
Trabalho infantil A Fundação Abrinq se reuniu para chamar a atenção sobre uma questão do trabalho infantil, que se acentua durante a realização de grandes eventos, como o mundial e as Olimpíadas, torneio que o país receberá em 2016, no Rio de Janeiro. A entidade lançou uma cartilha, cujo objetivo é orientar os cidadãos sobre o problema, para que a população auxilie no combate a esta prática ilícita.
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
opinião | Bruno Porpetta
Quem é o burro? Não há, em lugar algum do mundo, um treinador que nunca foi burro. Nem que apenas uma vez na vida, mas foi. Se é difícil agradar ao próprio elenco, imagine só uma torcida inteira. Em cinco rodadas do Brasileiro, quatro já caíram. E não vai parar por aí. O motivo é simples. Se nada dá certo, mais fácil que enxotar os 20 mil torcedores da arquibancada, ou demitir os 30 jogadores do elenco, é mandar o burro do treinador embora. Autocrítica, para dirigentes de futebol, é um exercício muito difícil. Não contemos com isso tão cedo. Tudo bem que os treinadores brasileiros têm caprichado na burrice. Não podem ver um volante fazendo 15 embaixadinhas e acertando dois passes em sequência, já o escalam como meia. Na Europa, onde muitas vezes adoramos nos espelhar, faz-se exa-
tamente o inverso. Os meias são recuados para se tornarem volantes de qualidade, com boa saída de bola. Nosso futebol está cada vez menos brasileiro, e isto não é culpa exclusiva dos treinadores. Se antes formávamos craques aos montes nos inúmeros campos de pelada, hoje construímos prédios e shoppings centers em seu lugar. Nas categorias de base, costumávamos selecionar o talento. Hoje, escolhemos a força física. Quando, por milagre, formamos jogadores talentosos, rapidamente o colocamos em um avião para a Europa. Com este material humano, fica difícil apontar um único responsável pelos fracassos dos nossos clubes. Se nomeássemos cada burro no futebol brasileiro, Ricardo Teixeira teria muita companhia em Boca Ratón. Bruno Porpetta é autor do blog porpetta.blogspot.com
esporte | 15
Possível recusa de Mano preocupa Flamengo FUTEBOL A canal de TV, técnico afirma que não há acerto por enquanto CBF
da Redação Apesar dos fortes rumores sobre a chegada de Mano Menezes na Gávea, a transação ainda não foi fechada e o fato preocupa com um possível “não” do treinador. Isso porque a ideia inicial é acertar até o fim desta semana com o profissional e se preparar para a sequência da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro. O ex-técnico do Corinthians e da Seleção Brasileira concedeu entrevista à ESPN Brasil no fim da noite de terça-feira (11) e disse que não existe nenhum acerto. “Não falo sobre indefinições. Algumas vezes as coisas estão bem encaminhadas e acabam não acontecendo. Portanto, vamos esperar”, afirmou Mano, deixando claro que não tem nenhum acerto com o clube carioca.
Caso Mano Menezes recuse o convite ou não acerte as bases salariais, o Flamengo terá que correr para encontrar uma outra opção. Muricy Ramalho, que recentemente deixou o Santos, é o nome preferido de muitos dirigentes, porém nos corredores da Gávea existe o temor de procurar o ex-santista e receber um “não” por conta da pouca estrutura
O treinador Mano Menezes
be e estar há anos na Gávea, Jaime não teria dificuldades para lidar com o plantel e ainda por cima não ganharia um salário complicado. A escolha por Mano tem gerado críticas em relação à falta de coerência da diretoria, que em março demitiu Dorival Júnior porque ele não aceitou uma redução salarial. Especulase que Mano chegaria ganhando, no mínimo, R$ 400 mil por mês.
do clube para trabalhar. Quando deixou o Fluminense, o treinador reclamou da qualidade do gramado das Laranjeiras e das condições para se trabalhar no Tricolor. Algumas correntes no clube defendem a efetivação do auxiliar Jaime de Almeida, que dirigiu o time na vitória de 3 a 0 sobre o Criciúma. Por ser ex-zagueiro do clu-
Reforço Além de um treinador a diretoria segue tentando se reforçar. Espera-se ainda o reforço de Adrián Martínez, de 21 anos, que já acertou as bases salariais com o clube carioca. O jogador, que vinha defendendo o Olimpo na Argentina, tem seus direitos federativos ligados ao San Lorenzo. (Com agências)
brasileirão | classificação Classificação /Time
P
J
V
E
D GP GC SG
Classificação /Time
Classificação /Time
P
J
V
E
D GP GC SG
Vasco
7
5
2
1
2
5
8 -3
17
P
J
V
E
D GP GC SG
Goiás
5
5
1
2
2
4
9 -5
1
Coritiba
11 5
3
2
0
3
3
9
2
Vitória
10 5
3
1
1 10 5
5
10
Criciúma
6
5
2
0
3
6 10 -4
18
Atlético MG
4
5
1
1
3
3
5 -2
3
Botafogo
10 5
3
1
1
8
5
3
11
Internacional 6
5
1
3
1
8
7
1
19
Náutico
4
5
1
1
3
3
8 -5
4
Fluminense
9
5
3
0
2
9
6
3
12
Portuguesa
6
5
1
3
1
5
5
0
20
Ponte Preta
3
5
1
0
4
5
9 -4
5
Cruzeiro
8
5
2
2
1 11 6
5
13
Corinthians
6
5
1
3
1
3
3
0
6
zona de classificação para a Libertadores zona de rebaixamento
6
São Paulo
8
5
2
2
1
8
3
5
14
Flamengo
5
5
1
2
2
7
Grêmio
8
5
2
2
1
5
4
1
15
Atlético PR
5
5
1
2
2 11 12 -1
8
Bahia
8
5
2
2
1
6
6
0
16
Santos
5
5
1
2
2
5
4
5
0
6 -2
P = pontos J = jogos V = vitórias E = empates D = derrotas GP = gols pró GC = gols contra SG = saldo de gols
16 | esporte
Rio de Janeiro, de 13 a 19 de junho de 2013
Flu perde da Portuguesa Nelson Perez/Fluminense F.C.
BRASILEIRÃO Equipe paulista sai da zona de rebaixamento e impede liderança dos cariocas da Redação O Fluminense foi derrotado por 2 a 1 pela Portuguesa, na noite de quarta-feira (12), no estádio do Canindé, em São Paulo (SP). A equipe paulista sofreu muita pressão mas conseguiu sua primeira vitória no Brasileirão. O Fluminense foi melhor durante boa parte do jogo, mas não marcou. O time das Laranjeiras tinha mais posse de bola, enquanto a equipe paulista aguardava para sair em velocidade no contra-ataque. O domínio do Fluminense, porém, não foi transformado em gol. Ao invés disso, a Portuguesa foi para cima quando teve espaço e surpreendeu. Souza, ex-jogador do Fluminense, abriu o placar para a Portuguesa no
FICHA TÉCNICA
2X1 Portuguesa
Fluminense
Gledson, Luís Ricardo, Lima, Valdomiro e Rogério, Bruninho, Correa, Souza e Cañete (Michel), Matheus e Diogo
Ricardo Berna, Bruno, Gum, Digão, Carlinhos, Edinho (Fábio), Diguinho, Wágner (Denilson), Biro Biro (Eduardo), Rafael Sobis e Samuel
Gols de Souza e Diogo (Portuguesa) e Rafael Sobis (Fluminense) Canindé | São Paulo (SP) | 12/06 | 22:00 Fluzão tentou, mas não conseguiu segurar o ataque da Portuguesa (SP)
primeiro tempo. Rafael Sobis, em cobrança de falta, deixou tudo igual ainda na primeira etapa. Após o intervalo, o time das Laranjeiras seguia melhor, mas não marcou e acabou sofrendo o segundo gol. Rogério cruzou da esquerda, e
Diogo se antecipou à zaga para marcar de cabeça o gol da vitória. Assim como na virada sobre o Goiás, no último domingo (9), o Fluminense foi a campo com 13 desfalques para enfrentar a Portuguesa no Canindé. A única mu-
dança em relação ao jogo passado foi a entrada de Samuel na vaga de Rhayner, suspenso. Sem forças para reagir, o Flu amargou sua segunda derrota no torneio. Com a derrota, a equipe carioca perdeu a chance de liderar a
competição que faz uma pausa para a Copa das Confederações. O triunfo tira a equipe paulista da zona de rebaixamento, agora na 12ª posição, com seis pontos. O Fluminense se mantém em 4º, com nove pontos.
Os times agora só voltam a jogar no início de julho. A Portuguesa enfrenta o Cruzeiro, no Canindé, no dia 6 de julho. O Fluminense faz o clássico com o Botafogo, no dia 7 de julho, em local a definir.
Botafogo Oficial
Bota sem estádio até 2017?
Montoya e Rafael Vaz chegam a São Januário
ENGENHÃO Prazo para reabertura é de 18 meses Para Montenegro, estádio não é patrimônio
da Redação O ex-presidente do Botafogo e integrante do conselho do clube acredita que seu time só poderá utilizar o estádio daqui a quatro anos. Carlos Augusto Montenegro comenta que o Engenhão vai fechar até 2015 e “depois tem de deixar ele livre para usarem na Olimpíada e na Paralimpíada. Com isso, o Botafogo só vai ver o estádio em 2017,” afirma. Ele não acredita
que o estádio seja patrimônio do Botafogo. Enquanto isso, a prefeitura do Rio divulgou na quarta-feira (12) o laudo feito pela comissão especial formada por três engenheiros, que determinou a solução para o problema da cobertura do Engenhão e previu o prazo de 18 meses para a sua reabertura a partir do início da obra. Entre as recomendações, todos afirmam que “o reforço estrutural imediato é
imprescindível para que o estádio possa ser utilizado com os níveis mínimos de segurança”. Para os três engenheiros, ainda, “há necessidade colocação dos arcos numa posição estruturalmente correta e qualquer que seja a metodologia de intervenção para a reabilitação estrutural, deve-se sempre procurar uma solução que requeira o menor prazo de execução de modo a devolver o equipamento público”.
Marcelo Sadio/vasco.com.br
VASCO Reforços chegam motivados e querem agarrar oportunidade da Redação O meia colombiano Santiago Montoya, de 21 anos, que estava no All Boys, da Argentina, desembarcou no Rio de Janeiro na terça-feira (11) e já sentiu a expectativa da imprensa e da torcida sobre ele. Na quarta-feira (12), o colombiano fez exames médicos, e deve assinar com o time nos próximos dias. O Vasco vai contratar o
Rafael Vaz se apresenta em São Januário
jogador com ajuda de investidores (dois grupos estão envolvidos na negociação), no valor de 1,5 milhão de dólares – cerca de R$ 3 milhões em duas parcelas. Além do colombiano, o Gigante da Colina também terá como reforço o
zagueiro Rafael Vaz, apresentado de forma oficial nesta semana, em São Januário. O defensor, que assinou contrato por três anos, disse que jogar no Vasco é uma grande responsabilidade e mostrou que pretende ganhar seu espaço no clube.