Brasil de Fato RJ - 008

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Nova manifestação hoje, com concentração na Candelária

Vitória com show de Neymar

Está marcada para hoje (20) mais uma mobilização no Rio. A concentração será às 16h na Igreja da Candelária, na Avenida Presidente Vargas, e terá como destino a sede da prefeitura municipal, na Cidade Nova. A primeira reivindicação do movimento era a diminuição das tarifas, agora, a luta é pela qualidade dos transportes públicos.

Seleção brasileira vence o México e vai com tranquilidade para a última partida da primeira fase da Copa das Confederações. Além de marcar o primeiro gol, craque deu bela assistência para o segundo.

Edição

Jefferson Bernardes/VIPCOMM

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 | ano 11 | edição 08 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Pablo Vergara

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Pressão popular faz tarifa baixar Resultado da mobilização política do povo carioca, o preço da tarifa de ônibus foi reduzida de R$2,95 para R$2,75. O anúncio ocorreu dois dias após uma marcha que reuniu mais de 100 mil pessoas na Avenida Rio Branco.

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A legítima feira do povo

Chomsky com os brasileiros

Morre um operário a cada dia no setor da construção civil

Com a chegada das festas juninas, uma visita à feira de São Cristóvão é a oportunidade pra desfrutar da festa mais esperada da região, com agenda recheada de atividades.

Noam Chomsky elogia as manifestações no Brasil e na Turquia. Para ele, os protestos nos dois países são tentativas de o povo recuperar a participação nas decisões.

Acidentes fatais, em que trabalhadores sem os devidos equipamentos despencam do alto de construções, tornaram-se comuns no Brasil. Quase 3 mil trabalhadores morre-

ram e 700 mil se acidentaram no país em 2010, na construção civil, portos e indústria naval. Na construção civil, 376 trabalhadores morreram nesse período.


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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

editorial | Brasil

A juventude e as lutas sociais ESTAMOS vivenciando a mobilização espontânea da juventude mais impactante dos últimos 20 anos. O ponto de partida destes protestos está relacionado com a mobilidade urbana, com o aumento do preço da passagem e com os enormes gastos financeiros que estão sendo aplicados para a Copa do Mundo, num país marcado pela profunda desigualdade social. É justa e legítima a mobilização da juventude. O processo de redemocratização da sociedade brasileira no pós-ditadura militar foi incompleto. Ele foi interrompido pelas forças neoliberais que

Certamente, estas mobilizações contribuirão para formar uma nova geração de lutadores e lutadoras do povo buscaram consolidar uma democracia formal e restrita no plano da efetivação da cidadania política e social. A ofensiva neoliberal dos anos 1990 retirou da agenda nacional reformas estruturais como a agrária, tributária, urbana, dentre outras. A derrota eleitoral das forças neoliberais não foi suficiente para a retomada de uma agenda pautada em reformas estruturais de

cunho democrático e popular. A alternativa construída nos últimos anos foi o neodesenvolvimentismo que apresentou um programa que contempla tanto a burguesia interna quanto as forças populares. Entretanto, as reformas estruturais continuam fora da agenda política brasileira. No entanto, as mobilizações atuais da juventude têm o potencial de lançar, na sociedade

brasileira, as bases para construir forças suficientes para retomar a luta pelas reformas estruturais. As mobilizações são sinalizações de uma nova etapa da luta política brasileira marcada pelo retomada das lutas de massas. Os atos, marchas e protestos da juventude poderão cumprir um papel pedagógico para o conjunto da classe trabalhadora brasileira e possibilitará a entrada em cena do movimento operário. Certamente, estas mobilizações contribuirão para formar uma nova geração de lutadores e lutadoras do povo que assumirá o compromisso de com-

pletar a redemocratização da sociedade brasileira. E isso não ocorre sem a apresentação de um projeto político pautado em reformas estruturais e que dialogue com o nível de consciência das massas. A imprensa conservadora, após legitimar e criminalizar a mobilização, rotulando o movimento como uma iniciativa de “vândalos” e “grupelhos”, recuou. Agora, de forma maliciosa e estratégica, procura disputar os rumos destes protestos. As forças populares devem garantir o caráter popular e progressista destes atos, pois eles são apenas a ponta do iceberg.

editorial | Rio de Janeiro

A primeira vitória HOJE, DIA 20 de junho, se você pegou ônibus na cidade do Rio de Janeiro sentiu o sabor de uma grande vitória. A luta da população contra o aumento das passagens conquistou a redução da tarifa em diversas cidades do Brasil, inclusive aqui no Rio. Essa vitória é fruto da ação de homens e mulheres, jovens e adultos, trabalhadores e estudantes que mostraram a importância de lutar juntos. É resultado do esforço de movimentos sociais, organizações populares e diversos partidos de esquerda que, levantando suas bandeiras, estavam na luta muito antes da marcha dos 100 mil tomar as ruas. É bom que se diga isso. O Plim-Plim e outros meios de comunicação criminalizaram as manifestações, chamando o povo de vândalo. Quan-

Redação Rio: redacaorj@brasildefato.com.br

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do esses meios de comunicação perceberam que ficaram “mal na fita”, tentaram voltar atrás. Dá para acreditar nessa cara de pau? Mas a população, que não é boba, sabe que o Plim-Plim está sempre do lado dos grandes empresários e contra o povão. Agora que a passagem baixou, queremos mais. Você está satisfeito ou satisfeita com barcas, trens e metrôs cheios? Gosta de motoristas estressados por ter que cobrar passagem além de dirigir? Acha legal ficar horas nos pontos ou estações, esperando condução? Pois é, nós também não. A prefeitura e os governos do estado e federal tem que tirar o transporte público das mãos dos empresários, que só pensam em lucros. Queremos transporte público e de qualidade.

Tem mais: não dá para aceitar a violência da polícia e a criminalização dos movimentos sociais. Quem luta por liberdade e para conquistar direitos não pode ser reprimido, como vimos nos últimos dias. Queremos também mais moradias populares, hospitais e escolas. Achamos que isso é mais importante do que estádios. Não dá para derrubar escola e museu para construir estacionamento, assim como não é possível gastar milhões de reais em obras, para depois entregar os estádios de mão beijada nas mãos de empresários. Hoje (20), às 17h, na Candelária, a população estará novamente nas ruas, dizendo que não quer só mais 20 centavos. Quer um projeto popular de cidade e de Brasil.

Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – redacao@brasildefato.com.br • Gráfica: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou assinaturas@brasildefato.com.br


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

Latuff

opinião | 03

Celia Neves

BRT, a realidade do transporte na Zona Oeste

Carlos Bittencourt

Novo Código da Mineração NO DIA 18 de junho, a presidente Dilma Rousseff lançou a proposta de novo marco regulatório para a mineração. Não houve qualquer debate público sobre a proposta. A solenidade recheada de representantes das empresas mineradoras, investidores do setor mineral, burocratas e técnicos revela os interesses a que vem responder a atualização do Código da Mineração. O lema apresentado na ocasião foi: “Mais competitividade, mais riqueza para o Brasil.” O que significa tornar a extração de um bem não renovável e finito mais competitiva? Pode significar a remoção de milhares de famílias, a pre-

carização e aumento do risco de morte para os trabalhadores da mineração, a destruição de aquíferos, das próprias reservas minerais, o aumento do desmatamento e a intensificação do modelo exportador de bens naturais no país. O governo, ao apresentar um marco regulatório pró-competitividade mantém as mesmas engrenagens, nas quais os bônus ficam com as empresas através dos lucros e royalties com, os governos. Os ônus seguem com as comunidades afetadas, os trabalhadores e o meio ambiente. Nenhuma comunidade afetada, organização ambientalista, representação sindical foi

convidada para a solenidade. As organizações agrupadas em torno do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração lançaram nota repudiando esse processo. Segundo o Comitê, “a solenidade de lançamento do Código, por seu caráter excludente das vozes críticas ao expansionismo mineral, não nos representa e nos deixa ainda mais receosos quanto ao conteúdo da proposta”. Talvez o novo Código da Mineração venha beneficiar a velhos interesses. Carlos Bittencourt é pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)

Tiago Régis

Monitoramento da CNV SERÁ PUBLICADA, na próxima semana pelo ISER, o II Relatório de Monitoramento da Comissão Nacional da Verdade (CNV), uma retrospectiva crítica sobre seu primeiro ano de funcionamento. Dentre alguns pontos positivos sobre o trabalho da comissão, o documento destaca as recomendações remetidas ao poder público para que locais utilizados como centros clandestinos de prisão e tortura durante a ditadura sejam transformados em espaços de memória. É o caso dos prédios do antigo DOPS e DOI-CODI do Rio de Janeiro, assim como da Casa da Morte, em Petrópolis. No Rio, nenhuma ação governamental foi implementada até o momento.

Chama atenção a ausência de mecanismos de transparência sobre os trabalhos investigativos. Faltam esclarecimentos sobre os procedimentos seguidos para o levantamento, sistematização e tratamento das informações que comporão o relatório final, assim como para a coleta de depoimentos e testemunhos. A comissão não tem publicado relatórios parciais e, quando questionada, tem alegado a necessidade de que certas informações sejam mantidas em sigilo, sob o argumento de não se prejudicar as investigações. Outro ponto crítico se refere às audiências públicas. Com pouca abertura, restrito tempo para falas, pouca frequência e objetivos vagos, elas têm

se mostrado pouco produtivas e participativas. Construído a partir de uma pesquisa de avaliação coletiva da CNV realizada junto a diferentes grupos e organizações da sociedade civil, com análise baseada em parâmetros internacionais sobre justiça de transição, o relatório objetiva incidir e avançar em lutas no campo da ‘Memória, Verdade e Justiça’. No marco do primeiro ano de atuação da CNV, considera-se importante a reflexão sobre o processo político que vem sendo desenvolvido, visando fazer deste um processo positivo para o fortalecimento democrático do país. Tiago Régis é pesquisador do ISER – organização de direitos humanos sediada no Rio

QUANDO COMEÇA efetivamente a sua jornada de trabalho, às 7h da manhã na Barra da Tijuca, a auxiliar de serviços gerais Ângela já viveu três horas de absoluto horror e humilhação na via-crúcis diária de se deslocar de Bangu, onde mora, até o bairro onde trabalha. Anteriormente (mal) servida pela linha 883 (Bangu-Barra da Tijuca), que foi desativada, ela hoje sofre muito mais tendo que pegar duas conduções: o veículo alimentador que a leva de seu bairro até a estação do BRT do Mato Alto, em Guaratiba, e depois o próprio BRT que a deixará na estação Alvorada. Fomos até a estação da Zona Oeste para conferir a realidade de quem depende do transporte público para chegar ao trabalho. O dia ainda não havia clareado quando encontramos Ângela. Eram 5h49m de quarta-feira (19) e ela já demonstrava cansaço depois de vencer a primeira etapa de sua viagem matinal.

Ela e milhares de outros trabalhadores dos bairros da periferia do Rio – além do tempo efetivamente trabalhado – perdem em média 5 horas por dia Estação lotada, pessoas esperando há muito tempo para viajar com alguma dignidade – ou seja, sentada – em um veículo que já sairá dali quase como uma lata de sardinhas. Acompanhamos uma correria que estampa a degradante lógica cotidiana quando cada um precisa garantir o seu. Ou seja, disputar com o semelhante quase que na força um lugar melhor. Perguntamos a Ângela se é sempre assim, e ela desabafa: “É pior, é uma porcaria”. E seguiu, indignada: “O parador, nem se fala, é um inferno, posso dizer que é igual aos trens da Central do Brasil”. Segundo a trabalhadora, a retirada da linha 883 deixou os moradores de sua região praticamente sem nenhuma opção a não ser encarar o BRT – que, segundo ela, não é a maravilha que se anuncia: “Olha esse aí, nem se respira dentro dessa merda”, disse a trabalhadora, se despedindo da gente e indo encarar a segunda parte de sua viagem. A fala de Ângela em nada combina com o que lemos no site BRTBRASIL – A evolução das cidades (brtbrasil.org.br): “O BRT (Bus Rapid Transit), ou Transporte Rápido por Ônibus, é um sistema de transporte coletivo de passageiros que proporciona mobilidade urbana rápida, confortável, segura e eficiente por meio de infraestrutura segregada com prioridade de ultrapassagem, operação rápida e frequente, excelência em marketing e serviço ao usuário”. Parece que de tudo isso só o que se realiza de fato é a “excelência em marketing”. Nas propagandas da Prefeitura o BRT é uma maravilha. Para dar conta desse calvário na ida e na volta do trabalho, Ângela acorda às 4h da manhã e só chega de volta em casa quando já é noite. Ela e milhares de outros trabalhadores dos bairros da periferia do Rio – além do tempo efetivamente trabalhado – perdem em média 5 horas por dia. Celia Neves é professora


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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 Pablo Vergara

Para o pesquisador Jorge Borges, o direito de ir e vir não é prioridade na gestão de Eduardo Paes

“Mobilidade no Rio é um plano secundário” ENTREVISTA Jorge Borges, especialista em planejamento urbano, discute a mobilidade no Rio Viviane Tavares do Rio de Janeiro (RJ) O direito de ir e vir da população que vive na cidade do Rio de Janeiro não é a prioridade da gestão de Eduardo Paes. Essa é a opinião do pesquisador Jorge Borges, especialista em planejamento urbano e uso do solo. Borges também critica a postura das empresas de ônibus que determinam quem pode usufruir da gratuidade e o valor das passagens, atribuições que deveriam ser do município. “As empresas vêm conseguindo várias isenções e redução de impostos, e a passagem tem subido acima da inflação e dos indicadores de custos das próprias empresas”, denuncia. Brasil de Fato – O que é mobilidade urbana? Jorge Borges – A mobilidade urbana é um conjunto de indicado-

“No caso do Rio de Janeiro, a questão da mobilidade tem sido vista como um plano secundário”

res que medem a capacidade de deslocamento em uma cidade. Ou seja, ela mede quanto uma população exerce seu direito de ir e vir no espaço urbano. Existem vários elementos para medir isso como a conectividade, se as linhas de transporte se conectam; da acessibilidade, que são as passarelas, calçadas, acesso às estações de trem e metrô, entre outros. No caso do Rio de Janeiro, a questão da mobilidade tem sido vista como um plano secundário.

De quem é a responsabilidade? E como fazer isso? A política de transporte e mobilidade é parte da política urbana em geral, que é responsabilidade direta do município. Ou seja, é ele que tem a responsabilidade de fazer zoneamento urbano, definir os parâmetros de ocupação do solo, ou seja, as áreas que serão mais concentradas, com mais atividades se instalando, as áreas mais residenciais, mais industriais, mais comerciais... E essa política urbana é fundamental para pensar a estrutura de transporte. E a questão da gratuidade para idosos, estudantes e pessoas com necessidades especiais, como o município faz para garantir? Isso já foi uma grande discussão. De um lado, as empresas alegam que estas pessoas são um fator

de custo que deve ser pago por alguém, para garantir o equilíbrio econômico financeiro da empresa. Vários especialistas e juristas defendem que o operador de transporte, ao se habilitar a fazer esse tipo de serviço, deve ter em conta que determinados públicos são beneficiários desta gratuidade. Isso significa que no cálculo que a empresa faz antes de assumir a gestão dos transportes, que é concedido pelo município a ela, deveria contemplar antes essas gratuida-

des como fator inerente. Como é esse pagamento por parte da prefeitura às empresas para pessoas que usufruem a gratuidade? As gratuidades como um todo são feitas pelas empresas por meio dos cartões, e, é a partir daí, que elas [as empresas] reivindicam os subsídios. A isenção de impostos, por exemplo, é uma estratégia para manter o valor da passagem. Mas a prefeitura, por exemplo, não tem nenhum plane-

Pablo Vergara

“As empresas vêm conseguindo várias isenções e redução de impostos, e a passagem tem subido acima da inflação”

jamento em relação a isso, e acaba virando uma estratégia vazia. E como fica a fiscalização nesse caso? Não existe fiscalização na rua. A empresa tem essa postura agressiva com relação ao estudante, e os motoristas mal preparados e superexplorados, cada vez mais, têm sido avessos a transportar os estudantes. Além disso, os motoristas têm uma cota mínima de transportar passageiros pagantes e uma que, caso ele alcance, ele ganha um dinheiro extra. Se ele para muito para estudante, idoso ou deficiente, o número de passageiros pagantes diminui, e fica com dificuldade de alcançar a meta que dá esse dinheiro extra para ele. Para o motorista não interessa carregar gratuidade porque aumenta o tempo de viagem dele e diminui o número de pagantes.


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

cidades | 05 Pablo Vergara

Pressão popular reduz tarifa MOBILIZAÇÃO Nova manifestação está marcada para hoje (20), com concentração na Candelária Marcha realizada no dia 17 reuniu mais de 100 mil pessoas na Avenida Rio Branco

Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Resultado da mobilização política do povo carioca, o preço da tarifa de ônibus que custava R$2,95 foi reduzido para R$2,75, nesta quarta-feira (19). O anúncio ocorre dois dias após uma marcha que reuniu mais de 100 mil pessoas na Avenida Rio Branco. Segundo os organizadores do ato, essa é a primeira vitória da extensa pauta de reivindicações dos segmentos que fazem parte do movimento. “É importante destacar que nosso movimento não se esgota com a redução da tarifa. Nossa pauta agora cresceu”, declara o estudante Kenzo Soares, integrante do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem que, juntamente com a Operação Pare o Aumento, convocaram as últimas manifestações. “Com essa vitória con-

creta, as pessoas perceberam que ir para as ruas resulta na conquista de direitos e isso só aumenta a mobilização”, avalia.

“Não é possível disputar o poder sem passar pela luta política partidária, o único caminho que pode garantir o real avanço”

Está marcada para hoje (20) mais uma mobilização no Rio. A concentração está agendada para as 16h na Igreja da Candelária, na Avenida Presidente Vargas, e terá como destino a sede da prefeitura municipal, na Cidade Nova. A primeira reivindicação do movimento era a diminuição das tarifas,

agora a luta é pela qualidade dos transportes públicos. “Somos contra aumento do subsídio para os empresários, a redução de 20 centavos para o trabalhador não pode resultar em mais R$ 200 milhões para a Fetranspor como anunciado pelo prefeito Eduardo Paes”, disse Kenzo. Ele adiantou que uma grande manifestação já está marcada para o dia 30 de junho, data da final da Copa das Confederações. “Esse será nosso principal foco para conseguir vitórias ainda maiores. Com a força das ruas, o governo mudou de posição”, afirmou o estudante. Outra exigência do movimento é a libertação imediata das pessoas que foram presas e arquivamento dos processos. “As massas estão nas ruas” Para a socióloga e pro-

fessora da UERJ Márcia Leite, a juventude que foi às ruas está incorporando as bandeiras por outro tipo de cidade. “Eles não querem apenas a redução de R$ 0,20, eles querem uma sociedade melhor, mais participação”, explica. “Esses jovens querem escola e saúde ‘padrão FIFA’. É um movimento que se amplia cada vez mais, pipoca em várias cidades”, completa a socióloga. Ela avalia que, no con-

texto dos megaeventos, a propaganda de que o brasileiro, especialmente o carioca, teria um futuro melhor também explica a adesão aos protestos. “O investimento é maciço para grandes obras, mas o povo vê todo o resto piorar: a saúde, o saneamento, a educação, o salário dos professores, médicos. O povo do Rio sequer vai usufruir dos grandes eventos”, destaca. Marcia discorda da Tomaz Silva/ABr

Eduardo Paes anuncia a suspensão do aumento das tarifas

ideia de que o brasileiro não sai às ruas há mais de vinte anos, desde os tempos do Fora Collor. “Os movimentos sociais do campo e da cidade sempre estiveram nas ruas”, diz a socióloga, explicando que os movimentos tiveram dificuldades de generalizar suas pautas, em parte pela grande criminalização efetuada pelo Estado. “Não devemos subestimar o poder da crítica a esse projeto de cidade que tem sido feita pelos movimentos. O repúdio aos partidos políticos, cujos militantes foram impedidos de portar bandeiras, é considerado preocupante, segundo a socióloga. “É ingênuo achar que é possível operar sem política partidária. Não é possível disputar o poder sem passar pela luta política partidária, o único caminho que pode garantir o real avanço”, conclui.


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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 Fernando Pereira/SECOM

SINDICAL

CUT pede revogação das tarifas O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, defendeu o cancelamento do reajuste de tarifa de transporte público em São Paulo. “Defendemos uma ampla discussão com a sociedade para atingir o objetivo final que é custo zero”, disse. Assim como a CUT, a CTB, a Conlutas e a Intersindical também estarão em ato que acontece hoje (20) no Rio de Janeiro.

Condenado por restos de frango

Alckmin e Haddad anunciam revogação de aumentos: vitória do MPL

Semana de revogações TARIFAS Além do Rio, São Paulo, Porto Alegre e Recife diminuem passagem José Francisco Neto da Redação O país vive uma semana histórica, com uma série de reduções de tarifas de transporte, após levar jovens às ruas de todo o país. Recife, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro reduziram as tarifas do transporte. Nas duas maiores cidades do país, as revogações vieram após intensa violência policial e mobilizações com mais de 100 mil pessoas nas ruas. Em São Paulo, após um acordo entre os governos estadual e municipal, dirigidos por Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, respectivamente, o aumento das tarifas de metrô, trem e ônibus foi revogado ontem (19), às 18 horas.

As passagens que tinham sido aumentadas para R$3,20 no início de junho voltarão a custar R$3,00, a partir da próxima segunda-feira (24). Ambos apontaram que a redução pode causar perda de investimento em outras áreas. Alckmin, em sua fala, disse que “nos casos do metrô e do trem, nós vamos revogar o reajuste dado, voltando à tarifa original”. O governador citou várias vezes a palavra “tranquilidade” como eixo para se debater “temas [que foram] legitimamente colocados”. Além disso, anunciou que, para tanto, alguns ajustes terão que ser feitos na área de investimentos. Haddad, por sua vez, em sua fala, não chegou a anunciar textualmente

“A gente vai continuar a nossa assistência integral para todas essas pessoas que foram presas e que vão ser processadas” que o aumento da tarifa de ônibus também estava revogado. O que causou uma certa confusão a quem ouvia o pronunciamento. A revogação ficou subentendida por meio apenas da fala de Alckmin (que só havia citado a parte que lhe cabia, metrô e trem).

O prefeito insistiu que houve “uma pequena confusão” com os aumentos das tarifas levados adiante por Rio e São Paulo. Já que, de acordo com ele, a maioria das outras capitais, em que as desonerações já estavam presentes, já havia dado aumentos no início do ano, diferentemente de Rio e São Paulo, que tiveram adiados seus aumentos para o meio do ano. MPL Após ser anunciada a revogação do aumento das tarifas de trem, ônibus e metrô, o Movimento Passe Livre (MPL) vai buscar apoio jurídico às pessoas que foram presas durante os atos. “A gente vai continuar a nossa assistência inte-

gral para todas essas pessoas que foram presas e que vão ser processadas. Agora, imagino que mais processos virão”, afirma Nina Cappello, integrante do MPL. Nina esclarece que essa conquista fortalece outras reivindicações. “O transporte efetivado é um direito fundamental para todas as outras lutas, porque permite que a população tenha acesso à cidade, tenha acesso a todos os outros direitos. Nesse sentido, a gente entende que o transporte fortalece todas as outras lutas também.” Em relação ao ato marcado para essa quinta-feira (20), na Praça do Ciclista, na avenida Paulista, Nina disse que isso ainda depende de uma avaliação.

O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro está recorrendo da sentença de condenação de um trabalhador do restaurante de uma unidade da Petrobras por desviar pedaços de frango que sobraram de um almoço. Na ocasião, a direção da empresa no Rio chamou o “camburão” da PM para prender e algemar três trabalhadores. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como estavam descongelados, os pedaços seriam destinados ao lixo.

CPI da Educação Superior A votação do relatório final da CPI das universidades privadas acontece dia 25 deste mês, na Alerj. São inúmeras as irregularidades encontradas, como o atraso nos salários dos professores e falhas do Ministério da Educação no processo de avaliação das universidades.


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

brasil | 07 Pablo Vergara

FATOS EM FOCO

CPI dos Ônibus O vereador Eliomar Coelho (Psol) começou nesta quarta-feira (19) a coletar as 17 assinaturas necessárias para instalar a CPI dos Ônibus, que visa apurar os contratos das concessões das empresas de ônibus com a Prefeitura do Rio. Durante a sessão, Eliomar conseguiu o apoio de mais nove vereadores, mas houve pressão do líder do governo, o vereador Guaraná (PMDB), para que parlamentares retirassem as assinaturas e novos vereadores não assinassem o requerimento.

Pesquisa eleitoral Candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro em 2014, o deputado federal e líder do PR na Câmara Anthony Garotinho, tem 24% dos votos do eleitorado, de acordo com uma pesquisa do Instituto Vox Populi. Segundo a pesquisa, o senador Lindbergh Farias (PT) vem em segundo, com 21,2% dos votos.

Seminário A Casa da Mulher Trabalhadora (CAMTRA) promove no sábado (21), na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o seminário “Questões de Gênero na Escola: O machismo por trás do bullying”. O encontro visa debater as conexões entre o bullying e o machismo e sensibilizar profissionais da área de educação para a importância do combate às discriminações e da implementação de uma educação não sexista.

O Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, onde acontece a feira de São Cristóvão

A feira de São Cristóvão é do povo LAZER Local de festa e de fonte de renda para o povo nordestino radicado no Rio Mariane Matos do Rio de Janeiro (RJ) A feira de São Cristóvão, também conhecida como feira dos nordestinos, foi criada nos anos de 1940 no local final de parada dos caminhões e paus de arara que vinham do nordeste do país. Localizada no bairro homônimo na Zona Norte da cidade, a feira foi erguida com o suor de quem tentava sobreviver à miséria e à mudança. “É o único ambiente na cidade que o nordestino se sente mais à vontade”, afima o pernambucano Cícero Antonio, de 36 anos, que vive no Rio desde os 16 anos e que trabalha na feira vendendo redes. Além de um local de festa e comemoração de quem sentia saudade de casa e de seu amado baião, a feira também é uma fonte de renda – ou de uma mínima forma de sobrevivência, através da troca de mercadorias. Nascida no Rio, mas

filha de nordestinos do Rio Grande do Norte, Clea Batista, de 30 anos, tem o local como parte de sua história. “Desde os 12 frequento a feira. Vinha ajudar minha mãe a vender milho assado e cozido”, conta. Nesses anos, ela nota significativas mudanças no público e no funcionamento do espaço, mas destaca que ainda é divertido trabalhar ali. “Quando não venho, sinto falta”, conta. Com o decorrer do tempo, a feira começou

a atrair não apenas nordestinos, mas também cariocas e turistas de todas as partes em busca de diversão e contato com a cultura vibrante do nordeste. Sonia Rebelo, de 53 anos, nascida e criada na capital carioca, encontrou na feira a “Disney do Ceará”. Apesar das muitas mudanças que ocorreram desde sua criação, a Feira de São Cristóvão continua a reproduzir a legítima cultura do povo nordestino. No começo, ela acontecia a céu aberto,

“É o único ambiente na cidade que o nordestino se sente mais a vontade” no entorno do pavilhão que hoje a abriga. Apenas em 2003 ele recebeu a reforma que a transformou no que é conhecido como Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. Pablo Vergara

“O Centro abriga a feira e todas suas atrações, que vão da estimulante música da região à saborosa culinária” Feira continua a reproduzir a legítima cultura do povo nordestino

O Centro abriga a feira e todas as suas atrações, que vão da estimulante música da região à saborosa culinária. Ali também pode ser encontrado, além do tão procurado queijinho coalho e da famosa tapioca, diversos pratos típicos, como moquecas, baião de dois e carne de sol. São cerca de 700 barracas oferecendo os mais diversos produtos, além dos palcos que apresentam shows de forró, maracatu, xaxado e baião. É um mundo que atrai todas as semanas pessoas de todas as partes, seja para ouvir os repentistas e apreciar a literatura de cordel, seja para dançar agarradinho. Com a chegada dos festejos juninos, uma visita à feira é a perfeita oportunidade pra desfrutar da festa mais esperada da região, com uma agenda recheada de brincadeiras típicas, quadrilhas e muito mais. (Núcleo Piratininga)


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Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

Medalha Pedro Ernesto Pablo Vergara

HOMENAGEM Jornal Brasil de Fato e outros veículos de comunicação alternativa são homenageados no Rio do Rio de Janeiro (RJ) O jornal Brasil de Fato foi homenageado pelo mandato do vereador Renato Cinco (PSOL) pelos dez anos de existência e por atuar em defesa dos interesses da classe trabalhadora. No 1º de maio deste ano, o veículo passou a ser publicado semanalmente em uma versão gratuita especial para o Rio, com destaque para os temas locais. “Estamos muito felizes com a edição Rio do Brasil de Fato, pois nossa cidade está repleta de contradições. Aqui, os pobres têm sido expulsos do centro da cidade, e o Brasil de Fato vem colaborando para que os movimentos sociais possam enfrentar essa batalha”, destacou Cinco. Estiveram presentes na cerimônia, realizada na última sexta-feira (14), parlamentares, militantes sociais, representantes da mídia alternativa e o editor do jornal, Nilton Viana. “Estamos sendo reconhecidos pela ousadia de criar esse veículo em 2003”, afirmou o jornalista, ao receber a medalha Pedro Ernesto, a mais alta honraria da Câmara Municipal do Rio. Segundo ele, a bela experiência

do Rio mostra que é possível ousar mais uma vez. “É grande o desafio de construir uma mídia com nossos valores, que pregue a solidariedade entre os povos e permita que os trabalhadores construam um país para todo o povo”, concluiu.

“Essa medalha não é só nossa: é de todos os companheiros da mídia alternativa e popular”

Além do Brasil de Fato, outros veículos de comunicação popular receberam menções honrosas por sua batalha diária na defesa das lutas sociais e denúncias das condições de vida dos mais pobres. Alguns dos homenageados foram o jornal O Cidadão, da Maré; o jornal Sem Terra, do MST; o Núcleo Piratininga de Comunicação; a revista Vírus Planetário; a rádio comunitária Santa Marta; o Coletivo Tatuzaroio de Comunicação e Cultura; além de outras iniciativas. Maria Buzanovsky/Juntos e Misturados

Parlamentares e militantes participaram da homenagem

O editor do Brasil de Fato, Nilton Viana, fala durante a cerimônia

Mais investigação para os conflitos no campo REFORMA AGRÁRIA Comissão sugere criação de delegacia de homicídios Raoni Alves do Rio de Janeiro (RJ) A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), presidida pelo deputado Marcelo Freixo (Psol), irá propor, através de indicação legislativa, a criação de uma delegacia de homicídios no município de Campos dos Goytacazes, para a investigação dos crimes relacionados à disputa agrária na região. A proposta foi anunciada na segunda-feira (17), durante audiência pública realizada na Câmara de Vereadores, pa-

ra debater a violência no campo. “Queremos uma política de segurança em uma cidade que não é só de vida urbana. Temos aqui um histórico de conflitos no campo muito grande. Esse ano, tivemos dois brutais assassinatos por conta de problemas agrários, disputa de terra, venda de lotes e presença muito forte do latifúndio. Queremos a criação de uma delegacia de homicídios, que, certamente, vai ajudar nos conflitos”, anunciou Freixo. Representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) também estive-

ram presentes no encontro e contaram um pouco da realidade violenta da região e as dificuldades dos moradores acampados. “Temos todo tipo de problema social, como a dificuldade de escola para as crianças, moradia, água potável, energia elétrica e acesso à alimentação básica. Esperamos que essa audiência traga o reconhecimento dessas famílias organizadas no processo de luta pela conquista da terra na região”, contou a representante do MST Marina dos Santos, que ainda lembrou das mortes por conflitos agrários. “Essa de-

mora na concretização dos assentamentos tem nos levado a muitos conflitos. Exemplos disso são os assassinatos dos companheiros Cícero Guedes e Regina dos Santos Pinto. São muitas famílias nas áreas de acampamentos e que estão à mercê de politicas públicas que garantam o acesso à terra, à moradia e à segurança”, destacou. Segundo o delegado Carlos Augusto Silva, responsável pela 146ª DP, as investigações dessas mortes, ocorridas no final do ano passado e no começo de 2013, estão em curso.


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

brasil | 09

Risco nas alturas Abr

TRABALHO Dados apontam alto índice de acidentes em construções com mais de dois metros de altura Márcio Zonta da Redação Passavam das três da tarde em Teresina (PI) e o calor intenso da capital piauiense despertou Marisa de um longo cochilo após o almoço. Ao entrar no banho para tirar o excesso de suor e seguir posteriormente para seu trabalho de manicure, Marisa escutou o telefone tocar pela primeira vez. Nos cinco minutos que demorou no banheiro o telefone não deu trégua. Ao sair e prontamente atender, veio a notícia direta e avassaladora: “Marisa, seu marido acabou de morrer, caiu de uma altura de mais de 4 metros na obra”. “Depois do telefonema, o tempo parou para mim e parece estar parado até hoje. Crio meus filhos sozinha e me tornei uma pessoa ressentida, doente. Tomo remédio para depressão. Tínhamos toda uma vida pela frente que foi interrompida bestamente”, lamenta.

“Depois do telefonema, o tempo parou para mim e parece estar parado até hoje” O acidente que vitimou o marido da manicure, Givaldo Costa, aos 24 anos, aconteceu em dezembro de 2011. O rapaz trabalhava na construção de um edifício luxuoso no centro de Teresina e sem os devidos equipamentos, despencou de um dos andares em formação. A morte de Givaldo num ambiente de trabalho com altura acima de

dois metros tem se tornado recorrente no Brasil nos últimos anos. Segundo dados da Previdência Social, 2.712 mil trabalhadores morreram e 701.496 mil foram acidentados no país em 2010 na construção civil, portos e indústria naval.

2.712 mil trabalhadores morreram em 2010 na construção civil A construção civil é considerada a mais letal pelo órgão governamental, vitimando fatalmente 376 trabalhadores no mesmo período, o que significou praticamente a morte de um operário a cada dia no Brasil em 2010. A situação, no entanto, pode ser ainda pior no setor. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), alerta que 38% da força de trabalho na construção civil é informal e os acidentes não são contabilizados pelo governo E a perspectiva não é de melhorias. Na avaliação de alguns especialistas do setor, os problemas podem se agravar com a aprovação do Projeto de Lei 4330/2004 proposto pelo deputado federal, Sandro Mabel (PL/GO), que tende a precarizar ainda mais esse tipo de trabalho. O PL está em fase final de análise pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O texto defende a liberação total da terceirização e permite diretamente a subcontratação e sublocação por empresas terceirizadas.

Em 2010, a média de acidentes fatais envolvendo operários da construção civil foi de um por dia

Falta de médicos afeta o interior SAÚDE Atraídos por bons salários e melhor infraestrutura, profissionais do setor se concentram nos centros urbanos Elza Fiúza/Abr

Patrícia Benvenuti da Redação Além da falta de hospitais e de unidades de saúde, locais mais afastados dos grandes centros em geral sofrem com outra dificuldade, a falta de médicos. O assunto voltou aos noticiários recentemente, depois de o governo federal anunciar sua intenção de trazer profissionais estrangeiros para trabalhar em áreas que carecem de mão de obra. Dados do Ministério da Saúde divulgados em junho mostram que, neste ano, 55% dos municípios brasileiros que solicitaram médicos junto ao Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab) não conseguiram sequer um profissional. A falta de médicos no interior, para o governo

Acesso à saúde pública ainda é um dos maiores problemas enfrentados pela população no país

federal, é reflexo do número insuficiente de profissionais no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, o país tem apenas 1,8 médico para cada mil brasileiros, índice abaixo do registrado em países latino-americanos

como Cuba (6,39), Argentina (3,2) e México (2). O Conselho Federal de Medicina (CFM), porém, defende que não há falta de profissionais, e sim uma má distribuição. A falta de profissionais no interior, segundo a enti-

dade, é resultado da precariedade das condições de trabalho impostas aos médicos. Muitas prefeituras, de acordo com o Conselho, não têm cumprido o que foi acordado antes da contratação dos profissionais.


10 | mundo

Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

“Estou com os manifestantes do Brasil” Camila Nobrega

MOVIMENTO GLOBAL Em encontro realizado na Alemanha, Noam Chomsky fala sobre a onda de manifestações que atinge o Brasil e a Turquia Camila Nobrega de Bonn (Alemanha) Cercado de jornalistas e curiosos de pelo menos 30 países, na noite desta segunda-feira (17), o linguista e crítico político Avram Noam Chomsky, de 84 anos, caminhava lentamente para se retirar da plenária após sua palestra no Fórum Global de Mídia, em Bonn, na Alemanha.

“Trata-se de um movimento global contra a violência que ameaça a liberdade em diferentes países” Questionado sobre os eventos que acontecem na Turquia e no Brasil, disse que “embora sejam protestos diferentes e com suas peculiaridades, as manifestações nos dois países são tentativas de o povo recuperar a participação nas decisões. É uma forma de ir contra o domínio dos interesses de grupos econômicos. Acho ambos muito importantes e posso dizer que estou com os manifestantes – disse o linguista, entusiasta do movimento Occuppy, declarando apoio ao movimento que toma as ruas de cidades brasileiras e também aos manifestantes turcos”. Durante seu discurso para cerca de duas mil pessoas, entre jornalistas,

autoridades europeias e pesquisadores do mundo inteiro reunidos para o fórum na pequena cidade de Bonn, Chomsky afirmou que a ocupação da praça Taksim é um microcosmo da defesa dos bens comuns. “Trata-se de um movimento global contra a violência que ameaça a liberdade em diferentes países. As pessoas estão indo às ruas para defender bens comuns, aqueles que são compartilhados dentro das sociedades. O capitalismo baseado na massificação de privatizações não compreende a gestão coletiva, aí está o problema. Os movimentos que ocorrem neste momento são legítimos, na tentativa de recuperar a participação popular na gestão destes bens”, disse o linguista. Para além da dominação econômica O discurso de Chomsky esteve centra-

Noam Chomsky fala durante o fórum em Bonn, na Alemanha

do principalmente em uma crítica às estratégias de desenvolvimento norte-americanas e ao poder das grandes corporações multinacionais atualmente. Para o pensador, as privatizações de recursos básicos, alicerces dos regimes neoliberais, alteram a relação dos cidadãos com o mundo a sua volta e reduzem também a noção de bens comuns. “Para muitas socieda-

des, a propriedade privada se tornou aparentemente a única possibilidade de divisão de territórios e recursos. Isso está acabando com essa noção do que é comum”, disse, ampliando a análise para a participação social. “Existe um pensamento muito difundido em sistemas políticos e econômicos pautados em ideais liberais que defende a manutenção do poder de Camila Nobrega

Para Chomsky, “praça Taksim é um microcosmo de um movimento global”

“as manifestações nos dois países são tentativas de o povo recuperar a participação nas decisões”

decisão nas mãos de poucas pessoas, que seriam o grupo mais ‘bem preparado’ da sociedade. Os demais seriam apenas espectadores. É contra isso que alguns grupos estão lutando”. A base desse pensamento parte de um dado bastante claro que Chomsky trouxe à tona: segundo ele, 70% da população norte-americana, por exemplo, não tem qualquer influência sobre a política nacional. Ou seja, a maioria da população não tem poder, por exemplo, sobre políticas públicas que afetam suas vidas diariamente. Frente a uma plateia composta de pesso-

as vindas de todo o mundo para a conferência em Bonn, mas majoritariamente de europeus, o discurso de Chomsky parecia soar um pouco anacrônico. Foi o que se ouviu nos corredores. Não foi essa a interpretação, porém, de participantes vindos de países africanos em desenvolvimento. Não houve também anacronismo para os representantes turcos que estavam ali, ou de outras pessoas vindas da região que vive hoje a Primavera Árabe. Para estes grupos, nos quais o Brasil parece se incluir, uma fala de Chomsky ecoou: “O termo democracia pode parecer óbvio para alguns, e aí está a ameaça. Há vários tipos de democracia, várias formas de aplicação deste conceito. O que podemos pensar é: este tipo de democracia na qual a esmagadora maioria da população não tem participação alguma é a que queremos?”, concluiu. (Canal Ibase)


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

cultura | 11

Movimento político-cultural ganha força na Zona Norte ARTE Ocupação do Instituto Municipal Nise da Silveira é nova iniciativa do Norte Comum Daniel carvalho

Luísa Côrtes do Rio de Janeiro (RJ) “Um espaço de encontro em diversos lugares da cidade”. Assim que o Norte Comum se autodenomina e promove a ocupação cultural no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, no Engenho de Dentro, entre outras iniciativas voltadas para a Zona Norte do Rio de Janeiro. O terceiro andar do prédio virou o Hotel da Loucura, com quartos que abrigam artistas de outras cidades para promover um intercâmbio de ideias, além de um espaço onde ocorrem saraus poéticos, exposições, oficinas artísticas e debates. As paredes de concreto já foram marcadas pelos novos hóspedes: poesias, fotos, desenhos e cartazes colorem o ambiente. Criado em 2011, o Norte Comum representa uma demanda dos moradores do Rio que sentem falta de opções culturais fora do eixo CentroZona Sul. “Começamos a pensar na produção cultural como forma de se discutir e de fazer política na cidade. Assim, coloquei a ideia no papel, divulguei nas redes sociais e meu irmão (Pablo Meijueiro) fez a programação visual”, conta Carlos Meijueiro, um dos idealizadores do coletivo aberto a todos, que reúne artistas, médicos, jornalistas, designers, pacientes do Instituto, moradores de rua e curiosos. Atualmente com o foco na Zona Norte da cidade, os membros não descartam a possibilidade de, mais tarde, atuarem na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Por enquanto, as primeiras reuniões do núcleo de articulação da rede, que

já contou com 60 pessoas, passaram das praças públicas para a nova sede, no Engenho de Dentro. Os interessados em se agregar ao grupo são bem-vindos: basta colaborar com ideias e ter a iniciativa de aparecer nos encontros ou buscar o contato do Norte Comum nas redes sociais.

“Começamos a pensar na produção cultural como forma de se discutir e de fazer política na cidade” “A experiência do Hotel da Loucura tem esse mérito mais forte da saúde como uma produção simbólica. Nós, como atores, estamos conseguindo mudanças: pegamos duas enfermarias psiquiátricas abandonadas e, hoje, elas são centro culturais, com toda uma gama de processos políticos, terapêuti-

No espaço, ocorrem saraus poéticos, exposições, oficinas artísticas e debates

cos. A gente vê resultados nas doenças mentais graves, em pacientes com um longo tempo de internação, através do convívio afetivo e da prática criativa”, afirma o médico e ator Vitor Pordeus, que dá oficina teatral às terças e quintas no Instituto Nise da Silveira. Segun-

“A experiência do Hotel da Loucura tem esse mérito mais forte da saúde como uma produção simbólica” Daniel carvalho

As paredes foram marcadas com poesias, fotos, desenhos e cartazes

do ele, é necessário disseminar o afeto catalisador e a prática expressiva como formas de terapia. “Todo ser humano é artista, cientista e faz política o tempo inteiro, assim, temos que mudar esse panorama de loucura, doença pública e corrupção. As doenças são manifestações individuais de um patrimônio coletivo”, completa Pordeus. Geringonça Além dos eventos no próprio Instituto, como o Sarau TropiCaos e as oficinas artísticas, o Norte Comum contribui na gestão do projeto Geringonça, que leva artistas como Lucas Santanna ao Sesc-Tijuca, exposições, shows e performances no evento Amostra Grátis, com edições no Morro do Borel e no Morro do Salgueiro. “Ainda temos também os projetos individuais. Por exemplo, a Saída Fotográfica, que

propõe o registro de locais que não costumam receber tanta atenção da grande mídia, o Piquenique Literário, oficinas de vídeos, de teatro, do passinho, iniciativas de diferentes membros”, explica uma das colaboradoras, a pesquisadora Gisele Andrade. Neste turbilhão de projetos, eventos e singularidades de cada um que participa do Norte Comum, há um consenso em torno do desejo de mudar a sociedade. “O que tem em comum entre todos é pensar no corpo político, na questão do território, da circulação na cidade. Todas as atividades são feitas para promover a horizontalização do espaço. Não podemos deixar de pensar no sentido político das iniciativas, na grande potência política desta mobilização de pessoas e trocas de ideias e debates”, conclui Meijueiro.


12 | cultura

Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 Naldinho Lourenço

“Domingo é dia de cinema” PROJETO Local exibe filme sobre direitos humanos e promove debate e apresentações musicais Marina Schneider do Rio de Janeiro (RJ) Mais de 400 pessoas assistiram ao documentário Mais Náufragos que Navegantes, no último domingo (16), no Cine Odeon, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro. Antes da exibição, aconteceram apresentações de hip-hop e, depois, foi realizado um debate sobre direitos humanos e segurança pública no Rio de Janeiro. A atividade faz parte do projeto Domingo é dia de cinema, que acontece uma vez por mês, sempre aos domingos de manhã, com ingressos a R$ 2. Dirigido por Guillermo Planel, o filme trata dos direitos humanos na América Latina e conta com depoimentos de mais de 30 pessoas, entre ativistas e estudiosos, que dão as suas visões sobre esses direitos e explicam a importância de lutar por eles. As entrevistas são intercaladas com cenas de manifestações que vão desde as passeatas pela educação pública no Chile até os atos em defesa dos povos indígenas na Bolívia e protestos pelo esclarecimento dos crimes de Estado cometidos durante a ditadura civilmilitar no Brasil. Direitos Durante o debate, a advogada Fernanda Vieira afirmou que existe o discurso da democracia, mas em alguns territórios

não há direitos e nem cidadania. “Estamos vivendo um

“É ilusão a gente achar que teremos direitos humanos para todos em uma sociedade capitalista como a nossa onde a desigualdade só cresce”

Estado de supressão de direitos para categorias sociais inteiras: sem-terra, sem-teto, negros, pobres, encarcerados e isso é grave”, criticou. Repper Fiell lembrou que apanhou e foi preso por publicar e distribuir uma cartilha que expli-

cava como deveria ser a abordagem policial. Morador do morro Santa Marta, na Zona Sul do Rio, ele criticou a falta de investimentos nas favelas, que continuam com esgoto a céu aberto, moradias precárias e sem escolas suficientes para todos. “Como morador de uma favela que é parte da cidade do Rio de Janeiro eu também quero direitos humanos”, disse. Para o delegado Orlando Zaccone, é preciso aprofundar o debate político sobre a construção de uma sociedade justa. “É ilusão a gente achar que teremos direitos humanos para todos em uma sociedade capitalista como a nossa onde a desigualdade só cresce”, apontou. Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, o deputado estadual Marcelo Frei-

Fila diante do Cine Odeon, na Cinelândia

xo (PSOL) disse que é importante questionar este modelo de sociedade em que se confunde cidadania com consumo. “A luta pelos direitos humanos é fundamental, mas o grande desafio que temos hoje é questionar o modelo de desenvolvimento do Brasil”, disse. Para ele, o Estado viola direitos através da polícia, que está na ponta, e viola também através de

“A luta pelos direitos humanos é fundamental, mas o grande desafio que temos hoje é questionar o modelo de desenvolvimento do Brasil”

Naldinho Lourenço

uma sociedade de consumo que ele reafirma.

Apresentações de hip-hop e debates no projeto “Domingo é dia de cinema”

Debate Além do filme, o projeto Domingo é dia de cinema conta, também, com atrações musicais. Na edição desse mês, o espaço foi reservado para o hip-hop crítico, que consegue, através da poesia, falar sobre problemas sociais. MC Papá, de apenas 9 anos, integrante do Bonde da Cultura, do morro

Jorge Turco, Repper Fiell, do Visão da Favela Brasil, e Gas PA, do grupo de rap O Levante cantaram. Serviço O “Domingo é dia de cinema” existe há 13 anos e sempre exibe e debate filmes que não entram no circuito comercial de cinema. É uma ferramenta educativa e cultural que tem o objetivo de contribuir para a construção de uma sociedade justa. O público principal são alunos de escolas públicas e de pré-vestibulares comunitários, mas a atividade é livre. “Muita gente que já está na universidade volta para debater, porque lá não tem esse tipo de debate”, explica o professor Leon Diniz, que organiza o projeto. O Domingo é Dia de Cinema conta com o apoio da Petrobras e os participantes podem sugerir filmes e debatedores pelo e-mail domingoediadecinema@gmail.com.


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

variedades | 13

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL 2013

Orientação Qualidade da memCargo de da campa- brana da célula substituto nha con- Haste para espetar petiscos tra a Aids

Ausentarse Que não trai

Acessórios do Face da moeda uniforme do soldado oposta à Prefixo de “coroa” “introvertido”

Agência reguladora do petróleo (sigla) Natureza(?), gênero de pintura Joana d’(?), heroína francesa

A Sétima Arte (red.)

Oersted (símbolo) Gravadora de discos

(?) fogo: agir como o incendiário Abelha, em inglês Recipiente para chá O ponto mais alto Conjunção aditiva

Modelo de carro criado por Ford

Tolice “Instituto”, em várias siglas

Esposa de Jacó (Bíb.) Teia; trama

Pouco rijo (?) chi chuan, arte marcial

Não, em inglês

NAS BANCAS E LIVRARIAS

Travessa para servir verduras Às (?): ao contrário 3/anp — arc — bee — not. 4/anis. 5/atear.

BANCO

HORÓSCOPO

43

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C A P A C E T E E B O T A S

HERLOCK S

N C I A N O R T A R R O E E M OL T I C A A I A D N O E I R S S A

Alceu Valença, cantor brasileiro

Solução

APRENDA A PENSAR COMO

P P L E A I R L M I N E T E A O B B I T U L L I T E D E A L A D A V E

Erva usada na fabricação do absinto

S U S FI E C A CI M I E S I E N H S A

Enfastiado; aborrecido

Estabelecimento que aluga filmes

ASTROLOGIA - Semana de 20 a 26 de junho de 2013 Período exige paciência com padrões e situações convencionais; Assuntos antigos estarão presentes durante toda a semana.

Áries

(21/3 a 20/4) A semana é favorável para questões profissionais. Cuidado com relacionamentos afetivos. Período bom para se dedicar mais aos estudos. Procure valorizar as relações para evitar mal-entendidos.

Touro

(21/4 a 20/5) Situações financeiras requerem mais atenção. Boas tendências para concluir projetos novos. Estudos e atividades culturais vão exigir mais dedicação. No amor, período propenso para gestos afetuosos.

Gêmeos

(21/5 a 20/6) Essa semana propicia assuntos relacionados a questões profissionais. Evite os excessos nas relações. Período bom para questões financeiras. No amor, expresse mais os sentimentos e se dedique mais a você mesmo(a).

Câncer

(21/6 a 22/7) Período bom para vivenciar novas relações e esclarecer sentimentos. Atitudes românticas podem favorecer com quem se relaciona ou em paquera. A semana é propícia para novos objetivos.

Leão

(23/7 a 22/8) Período bom para decisões que envolvam viagens, contatos com pessoas à distância e estudos. Atente-se para não agir de maneira exagerada na vida amorosa e junto aos familiares.

Virgem

(23/8 a 22/9) Período bom para esclarecer questões pendentes. Cuide para que as obrigações não façam se distanciar de costumes simples. Na vida amorosa, bom para compartilhar ambientes sociais com a pessoa amada.

Libra

(23/9 a 22/10) Semana propensa para questões profissionais, principalmente com as parcerias. No amor, boas conversas nos relacionamentos ajudam na afetividade. Cuide para não se prender em sentimentos do passado.

Escorpião

(23/10 a 21/11) Momento bom para assuntos profissionais, negócios e parcerias. No amor, período favorável para esclarecer assuntos do passado. Semana boa para temas familiares e domésticos.

Sagitário

(22/11 a 21/12) Semana favorece para colocar em prática projetos do passado. Positiva para se dedicar a novos conhecimentos ou adquirir informações. Período bom para vivenciar um novo momento na vida amorosa.

Capricórnio (22/12 a 20/1) Semana favorece para recompor energias. Momento propenso a se envolver com assuntos alheios. Bom para conversas esclarecedoras. Na vida amorosa, situações de romantismo e momentos apaixonados.

Aquário

(21/1 a 19/2) Período para inovações e mudanças. Priorize o essencial e imediato. Semana favorece para ambientes mais sociais. Na vida amorosa, procure demonstrar sentimentos de maneira mais intensa.

Peixes

(20/2 a 20/3) Semana propensa para projetos novos, principalmente profissionais. Valorize a paciência. Cuide para que algumas cismas não reflitam em sua vida amorosa. Valorize mais os momentos com a família.


14 | esporte

Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013 Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

FATOS EM FOCO

Fifa se esquiva O alastramento de protestos pelo Brasil, especialmente nas cidades que recebem partida da Copa das Confederações, causa transtornos à Fifa. A entidade garantiu não haver orientação para as equipes de produção não mostrarem manifestações na arquibancada, mas afirma que a instrução é para concentrar a transmissão nos “personagens da partida”. E deixar a torcida fora da lista.

A Fifa e os protestos O presidente da Fifa Joseph Blatter e a presidenta Dilma Rousseff, na abertura da Copa das Confederações

FUTEBOL Joseph Blatter disse confiar plenamente nas autoridades brasileiras e turcas da Redação O presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, minimizou os protestos que têm ocorrido pelo Brasil nas últimas semanas e disse, na terça-feira (18), que o futebol é “mais forte que a insatisfação das pessoas”. “O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas. Eu disse a Dilma e Aldo [Rebelo] que temos confiança neles. Uma vez que a bola rolar, as pessoas vão entender e isso vai acabar”, disse Blatter ao Estado de S. Paulo. Blatter comparou a situação vivida no Brasil – que acolhe atualmente a Taça das Confederações – com o que tem ocorrido na Turquia, que irá acolher o Mundial de futebol sub-20, entre junho e julho, e onde têm ocorrido manifestações que colocaram o país em tensão política. “Nós [Fifa] vimos isto também na Turquia, mas

confiamos plenamente nas autoridades”, afirmou o responsável máximo da Fifa na última segunda-feira (17), num congresso sobre o papel das finanças no futebol.

Três pessoas foram detidas e um jornalista foi ferido no olho, alvejado por um tiro de bala de borracha

O dirigente disse ainda que o futebol existe para unir as pessoas. “Isso está claro e sei um pouco sobre as manifestações que estão acontecendo. Acho que as pessoas estão aproveitando a plataforma do futebol e a presença da imprensa internacional para deixar claro certos protestos”, declarou. Ele crê que as reivin-

dicações ficarão em segundo plano com o decorrer das competições. A abertura da Copa das Confederações, no sábado (15), ficou marcada por protestos nas imediações do estádio Mané Garrincha contra os gastos do país com a realização da Copa do Mundo. Para dispersar os manifestantes, policiais entraram em confronto e utilizaram bombas de efeito moral. As cenas se repetiram no Rio de Janeiro (RJ) no domingo (16), antes da partida entre Itália e México no Maracanã. Cerca de mil pessoas protestaram contra o aumento das tarifas de ônibus e do custo de vida, em manifestação que terminou em confronto e repressão da polícia. Dois dias depois, no segundo jogo da seleção brasileira na competição, na quarta-feira (19), em Fortaleza (CE), uma manifestação de 50 mil pessoas marcou presença nos arredores do está-

dio Castelão. Houve excesso policial. Três pessoas foram detidas e um jornalista foi ferido no olho, alvejado por um tiro de bala de borracha. Pelé e Fenômeno Enquanto isso, em vídeo polêmico, Pelé aparece pedindo apoio para a seleção brasileira e ressalta que todos devem esquecer as manifestações que tomaram conta do país. Já Ronaldo Fenômeno, questionado a res-

”Nós [FIFA] vimos isto também na Turquia, mas confiamos plenamente nas autoridades”

peito da presença de milhares de pessoas nas ruas em todo o país, afirmou: “Não se faz Copa do Mundo com hospitais”.

Marcelo Buarque internado Ex-Fla e Seleção Marcelo Buarque está bem. Pego de surpresa na última semana com a notícia de que havia contraído um câncer no sangue, o técnico foi internado em um hospital no Rio de Janeiro, mas já está se tratando em casa. Os exames feitos em Marcelo apontaram a existência de uma Leucemia Linfoide Crônica (LLC). Segundo ele, a doença foi descoberta precocemente, o que é fundamental para a recuperação.

José Roberto convoca para treinos Com o retorno da oposto Sheilla e sem a ponteira Jaqueline, o técnico da seleção feminina de vôlei José Roberto Guimarães convocou o grupo para o início dos treinos visando o Grand Prix. Ao todo, 19 jogadoras foram chamadas. As atletas se apresentam na terça-feira (18), no Aryzão, o Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema, no Rio de Janeiro.


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

esporte | 15 William Volcov/Folhapress

opinião | Bruno Porpetta

O grito dos inocentes As milhares de vozes que se levantam no Brasil pelo direito de ter direitos, sumariamente retirados sob as exigências da FIFA, com a conivência de nossos governos, permanecem ativas – e cada vez maiores – mesmo debaixo de balas e bombas. Porém, chamaram a atenção algumas poucas vozes no Mineirão, que ganharam mais de 20 mil adesões. As vozes do Taiti. Tecnicamente, é sofrível vê-los em campo. A Nigéria, com uma preguiça irritante e justificada pelo golpe que os jogadores levaram dos dirigentes em suas premiações, goleou-os com facilidade por 6 a 1. Parte considerável do encastelamento da camarilha que dirige o futebol mundial deve-se a estes pequenos países, sem tradição no futebol, mas com votos nos Congressos da FIFA. Os jogadores do Taiti não têm nada a ver com

isso. Têm apenas um profissional em sua seleção, o atacante Vahirua. O restante, só amadores. O maior presente que o pior público da Copa das Confederações teve foi exatamente este. Viram um time inteiro jogando por prazer, não por contratos. Seja o prazer patriótico de representar o seu pequeno país, diante de tubarões do futebol mundial, ou apenas o prazer de jogar bola. Se o gol é o orgasmo do futebol, você pode imaginar o primeiro gol de uma ilhota da Polinésia marcado fora de seu continente, por amadores em meio a estrelados profissionais? Foram estes gritos, de 11 jogadores fazendo história para si mesmos, diante dos olhos do mundo, que fizeram algo valer a pena do lado de dentro das arenas moldadas pela FIFA. Bruno Porpetta é autor do blog porpetta.blogspot.com

copa das confederações Brasil

3X0

Japão

Mané Garrincha | Brasília (DF) | 15/06 | 16h00

México

1X2

Itália

Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 16/06 | 16h00

Espanha

2X1

Uruguai

Arena Pernambuco | Recife (PE) | 16/06 | 19h00

Taiti

1X6

Nigéria

Mineirão | Belo Horizonte (MG) | 17/06 | 16h00

Brasil

2X0

México

Castelão | Fortaleza (CE) | 19/06 | 16h00

Itália

4X3

Japão

Arena Pernambuco | Recife (PE) | 19/06 | 19h00

Giovinco comemora o gol que garantiu a vitória da Itália sobre o Japão

Em jogo de 7 gols, Itália vence Japão FUTEBOL Times fizeram o jogo mais emocionante da Copa das Confederações da Redação Itália e Japão realizaram o jogo mais eletrizante da Copa das Confederações, até aqui. A seleção italiana saiu vitoriosa com um 4 a 3 sobre os asiáticos, em uma partida de muitas alternativas na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata (PE). O estádio lotado apoiou os japoneses durante os 90 minutos. A partida foi realizada pelo grupo do Brasil e garantiu a classificação dos italianos para as semifinais do torneio. Em dois tempos distintos, os japoneses pressionaram os italianos e levantaram a torcida com o gol de pênalti de Honda, após bobeada da zaga europeia. Kagawa, em belo voleio, ampliou. No final do primeiro tempo, De Rossi iniciou a reação dos tetracampeões em gol de cabeça. Na volta do intervalo, Uchida fez contra e Ba-

lotelli, de pênalti, virou o resultado. Okazaki empatou novamente, mas Giovinco silenciou os torcedores com um gol aos 40 minutos do segundo tempo.

Na próxima rodada, a última do grupo A na Copa das Confederações, a Itália terá pela frente o Brasil Restando dez minutos para o final do jogo, a trave de Buffon balançou por duas vezes. Primeiro no chute cruzado de Okazaki e depois na cabeçada de Kagawa, sem goleiro, para desespero de Alberto Zaccheroni. Os gritos de olé voltaram a empurrar os japoneses, mas no contra -ataque De Rossi achou Marchisio e o camisa 8

cruzou na medida para Giovinco sacramentar a vitória emocionante dos italianos. Três minutos depois, os japoneses chegaram a empatar com Yoshida, mas o árbitro Diego Abal assinalou impedimento. Na próxima rodada, a última do grupo A na Copa das Confede-

rações, a Itália terá pela frente o Brasil para definir quem fica com a primeira colocação. O duelo está marcado para sábado (22), às 16 horas (de Brasília), na Arena Fonte Nova, em Salvador. Já o Japão, encerra a participação contra o México, no mesmo dia e horário, no Mineirão. André Mourão/Folhapress

Italianos vibram: Brasil é o próximo adversário


Rio de Janeiro, de 20 a 26 de junho de 2013

16 | esporte

Com show de Neymar, Brasil vence o México Jefferson Bernardes/VIPCOMM

COPA DAS CONFEDERAÇÕES Além de marcar o primeiro gol, craque deu assistência a Jô após belo drible da Redação

teve um início arrasador no Castelão. Atacando pelos lados do campo, com Marcelo na esquerda e Daniel Alves avançando pela direita, o Brasil chegava com força na área do México. A ligeira vantagem da Seleção sobre o México na posse de bola (51% contra 49%) passa impressão de um confronto muito mais equilibrado do que realmente foi. Embora tenha tomado um ou outro susto, o time treinado por Luiz Felipe Scolari se portou bem no aspecto defensivo.Vigiando de perto quem recebesse a bola, muitas vezes com até dois marcadores, os brasileiros dificultaram a saída de jogo adversária, em especial no primeiro tempo. E, por ficar mais tempo no campo de ataque, teve mais oportunidades de finalização. Quando o jogo se encaminhava para o fim, os visitantes aumentaram o número de cartões amarelos. Já com o sentimento de derrota, os marcadores mexicanos tinham como principal alvo Neymar, que, além do primeiro gol, deu a assistência a Jô.

Com apoio da torcida, a seleção brasileira venceu um rival ingrato e conseguiu tranquilidade para a última partida da primeira fase da Copa das Confederações. Na quarta-feira (18), o time bateu o México por 2 a 0, no Castelão (CE), com gols de Neymar e Jô, e chegou a seis pontos em dois jogos do torneio. No sábado, o Brasil enfrenta a Itália, na Fonte Nova (BA). O jogo ficou marcado mais uma vez por manifestações dentro e fora do estádio contra os gastos na Copa do Mundo. Nas arquibancadas, torcedores levaram cartazes apoiando a Seleção e as manifestações que acontecem no Brasil desde a última semana. Após a Fifa (Federação Internacional de Futebol) afirmar que cartazes de protesto não seriam exibidos em imagens da transmissão, a TV Globo, parceira da dona da Copa, usou câmeras exclusivas e registrou torcedores com o protesto na sua transmissão. A seleção brasileira

FICHA TÉCNICA

2 0 X

Brasil

México

Julio Cesar, Thiago Silva, David Luiz , Daniel Alves, Marcelo, Hulk (Lucas), Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar (Hernanes), Neymar, Fred (Jô)

Corona, Flores (Herrera), Rodríguez, Moreno, Salcido, Torrado (Jimenez), Mier, Torres (Barrera), Guardado, Giovani dos Santos e Hernández

Gols de Neymar e Jô | Castelão | Fortaleza (CE) | 19/06 | 16:00

O atacante Neymar disputa lance com jogador mexicano

Violência policial nos arredores do Castelão Victor Eleutério/Folhapress

REPRESSÃO Houve tiros de bala de borracha, uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo da Redação Manifestantes que participavam do protesto em Fortaleza (CE), na quarta-feira (19), contra os gastos excessivos do país com a Copa do Mundo e Copa das Confederações bloquearam o trânsito na Avenida Raul Barbosa ao lado do Makro, próximo à BR-116. O objetivo inicial do grupo era marchar até o estádio Castelão. Ele foram contidos ao chegar à segunda barreira policial. Havia ainda uma outra barreira de PMs atrás. A Secretaria da

Segurança do Ceará informou que a polícia protegia o perímetro estabelecido pela Fifa para garantir a entrada de torcedores. Houve tiros de bala de borracha, uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Três pessoas foram detidas e pelo menos um jornalista foi ferido na manifestação. Pelas redes sociais, o jornalista Pedro Rocha, que foi atingido por uma bala de borracha no olho, afirmou que passa bem. “Tava todo mundo sen-

Manifestantes fogem de bombas de gás lançadas pela polícia

tado e o choque abriu fogo”, registrou nas redes sociais. Um veículo da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), órgão de trânsito de Fortaleza, foi incendiado durante os protestos. Dentro do Castelão,

onde ocorreu a partida entre Brasil e México, torcedores portavam diversos cartazes de apoio às manifestações por todo o país, contrariando as regras ditadas pela Fifa, organizadora da Copa das Confederações e Copa do Mundo.


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