Brasil de Fato RJ - 022

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Vitor Silva/SSPress

esporte | pág. 16

mundo | pág. 10

U.S. Embassy Montevideo

Na ONU, Mujica critica o capitalismo

As equipes empataram na primeira partida das quartas da Copa do Brasil, na noite desta quarta-feira (25), no Maracanã. O Rubro-negro saiu na frente, mas o Alvinegro reagiu e arrancou empate.

O presidente do Uruguai, José Mujica, criticou o capitalismo em discurso na ONU. “O deus mercado organiza a economia e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir.”

Edição

Fogão e Mengo ficam no 1 a 1

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 | ano 11 | edição 22 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Pablo Vergara

cidades | pág. 5

cidades | pág. 6

Moradores resistem na luta por moradia Sem laudo e sem projeto, prefeitura tentou remover ilegalmente as comunidades de Estradinha e Indiana. Na primeira, centenas de casas foram destruídas e os entulhos das construções continuam lá até hoje. Em Indiana, na Ti-

juca, todos foram ameaçados de remoção. A defensora pública Maria Lúcia de Pontes ingressou com uma ação civil pública para impedir demolições e para obrigar a prefeitura a recolher os entulhos. Pablo Vergara

A greve continua Os professores da rede municipal, que haviam suspendido a paralisação em 10 de setembro depois de quase um mês parados, decidiram retomar a greve em assembleia, na última sexta-feira (20).

cidades | pág. 7

Probidas armas “não-letais”

Francisco de Souza Matos, há 12 anos morador da Estradinha, comunidade ameaçada de remoção

A medida, que teve como base uma ação do Ministério Público, proíbe o uso pela Guarda Municipal de pistolas de choque taser, sprays de pimenta e cassetetes.


02 | opinião

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013

editorial | Brasil

Em defesa da soberania e contra o leilão de Libra AS GRANDES empresas capitalistas, para se protegerem das crises econômicas, procuram se apropriar de recursos naturais estratégicos como terras, reservatórios aquíferos e recursos minerais. Assim, a América Latina e sua enorme riqueza natural viraram alvo da sanha das grandes transnacionais. A bola da vez é o petróleo existente na camada pré-sal da costa oceânica brasileira. Trata-se do leilão do campo de Libra, marcado para o dia 21 de outubro de 2013. Situado na bacia de Santos, o campo petrolífero de Libra é estimado em, aproximadamente, 14 bilhões de barris

Os movimentos sociais, centrais sindicais e diversas associações e entidades estão se mobilizando para impedir o leilão de Libra de petróleo de qualidade comprovada, equivale a 80% de todas as reservas descobertas pela Petrobras e está estimado em 1,5 trilhão de dólares. Além disso, quem levar o campo de Libra também leva o campo de Franco, que está interligado à Libra e tem, aproximadamente, 9 bilhões de barris de petróleo. Não é por acaso que o governo dos Estados Unidos, para servir aos seus interesses imperialistas, espiona para fins co-

merciais a presidenta Dilma e a Petrobras. Este episódio da espionagem, assim como as irregularidades do edital do leilão, é grave o suficiente para que o leilão de Libra seja suspenso. Na verdade, independente da espionagem e das irregularidades do edital, leiloar libra é um crime de lesa-pátria. Lamentável mesmo é a subserviência do Congresso Nacional que não mexe uma palha para defender os interes-

ses do povo brasileiro. A grande maioria dos deputados e senadores, juntamente com a imprensa conservadora, faz o jogo dos grandes capitalistas e legitima a privatização das riquezas nacionais. Como exceções dessa lógica entreguista, temos os senadores Roberto Requião, Randolfe Rodrigues e Pedro Simon, que apresentaram um projeto de decreto legislativo para impedir o leilão de Libra. Mais lamentável ainda é constatarmos o papel subalterno da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que tem servido muito bem os interesses do setor privado.

O leilão do petróleo de Libra, assim como as concessões de rodovias, portos e aeroportos para a iniciativa privada, comprova que está se fortalecendo dentro da composição do governo Dilma um setor neoliberal, entreguista. Além disso, assistimos a uma aposta perigosa da presidenta Dilma e de sua equipe econômica em confiar a retomada do crescimento econômico via iniciativa privada. Os movimentos sociais, centrais sindicais e diversas associações e entidades estão se mobilizando para impedir o leilão de Libra. É preciso denunciar este crime de lesa-pátria.

editorial | Rio de Janeiro

A defesa da educação pública e seus desafios DESVALORIZAÇÃO da profissão, baixos salários, violência em sala de aula e na escola, excesso de jornada de trabalho e de alunos em sala, planos de carreira péssimos e sendo desestruturados. Além disso, aumento do número de atividades não vinculadas ao trabalho de ensinar. Na maioria das escolas, as condições de trabalho são ruins, inclusive para os alunos. Não existem laboratórios, quadras desportivas, espaços destinados ao desenvolvimento das tarefas pedagógicas dos professores e para o convívio social de professores, pais e alunos. Atualmente, o professor brasileiro tem um salário médio equivalente a 60% daquilo que é pago a outros profissionais de nível universitário. O tamanho da desvalorização imposta à condição dos professores pode ser medido pela recusa dos jovens em ingressar nos cursos

Redação Rio: redacaorj@brasildefato.com.br

Para anunciar:

(11) 2131 0800

A população carioca e fluminense tem de apoiar os trabalhadores da educação. Mas precisa ter claro que essas greves não são apenas por melhores salários, mas são sementes que estão sendo plantadas para o futuro de nossos filhos e netos de licenciatura e pelo crescente abandono da carreira do magistério. Essas condições de trabalho afetam os profissionais da educação e os alunos com variadas formas de esgotamentos físicos

e psíquicos, que acabam por comprometer seus desempenhos nas esferas profissional, educativa e pessoal. Por isso, as recentes greves dos trabalhadores da educação das redes públicas municipal e

estadual do Rio de Janeiro. A defesa da educação pública de qualidade, gratuita e laica, com referência social e em consonância com os interesses do povo trabalhador, que defenda uma socie-

dade igualitária – fora da lógica do mercado e do capital – será uma luta que, com toda certeza, irá crescer nos próximos anos. Uma luta que criará condições para que os trabalhadores da educação, pais e estudantes se organizem nas comunidades escolares e em seus entornos por uma série de reivindicações comuns. Com isso, as comunidades escolares se transformarão em espaços pedagógicos para o exercício dos mecanismos de intervenção democrática participativa, que servirão de exemplo e influenciarão outros espaços da sociedade. Por tudo isso, a população carioca e fluminense tem de apoiar os trabalhadores da educação. Mas precisa ter claro que essas greves não são apenas por melhores salários, mas são sementes que estão sendo plantadas para o futuro de nossos filhos e netos.

Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo, Gilka Resende, Mariane Matos e Cláudia Santiago (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Pablo Vergara (Rio de Janeiro – RJ), Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Beatriz Calló • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – redacao@brasildefato.com.br • Webmaster: marc@infofluxo.com • Gráfica: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou assinaturas@brasildefato.com.br


Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013

opinião | 03

Hebert de Oliveira Gomes

Latuff

Lei anti-greve e PL das terceirizações, simples coincidência?

Jarbas Vieira

Código da Mineração e os interesses O GOVERNO ENVIOU um novo marco regulatório sobre a mineração, para ser aprovado – com urgência urgentíssima - no Congresso. Não discutiu com ninguém na sociedade. Todos comentam que este novo código interessa apenas à Vale e ao seu ministro Lobão. Felizmente, por pressões das entidades e de parlamentares progressistas, o governo recuou da urgência no dia 23 de setembro. A sociedade – representada pelos movimentos sociais, ONGs e sindicatos de trabalhadores do setor da mineração – não foi convocada para a constru-

ção do novo marco. Foram convocadas, pelo Ministério de Minas e Energia, somente as grandes empresas (Vale, Ferrous, Anglo American, Sam Votorantim e outras). Iremos sofrer com os impactos dessa opção, que favorece apenas aos interesses das mineradoras. Isso já tem ocorrido no processo de construção dos minerodutos (Minas-Bahia e Minas-Rio), das ferrovias (responsável Valec), dos Portos e das cavas de exploração, onde não se garante o mínimo direito aos camponeses, ribeirinhos, indígenas e quilombolas. Temos ainda de combater a

reprimarização da economia brasileira e a intervenção das empresas imperialistas no setor mineral. A nova regularização não trata do conceito claro e amplo de atingido. Não há uma linha sobre a utilização dos recursos hídricos. E não existe o zoneamento para a exploração mineral e nada sobre os impactos ambientais. Necessitamos de um amplo debate para discutirmos os rumos da exploração mineral e suas consequências para a sociedade brasileira. Jarbas Vieira é do Movimento dos Atingidos por Mineração

Míriam Starosky

A Alerj e o Estatuto do Nascituro NAS ÚLTIMAS semanas, a bancada conservadora da Alerj colocou na pauta o PL nº 416/2011, que propõe um “Programa Estadual de Prevenção ao Aborto e Abandono de Incapaz”, criando “Casas de Apoio à Vida”. A atuação do poder público seria “nas hipóteses de estupro, gravidez indesejada ou acidental, em que a mulher não disponha de meios e apoio para uma gestação segura”. O PL 416/2011 é um ataque contra as mulheres. Primeiro, porque ele pretende dificultar o aborto em casos legais, como o de estupro, impingindo às mulheres a responsabilidade so-

bre as consequências de uma violência que elas sofreram. Segundo, porque a garantia de uma gestação segura deve existir para todas as mulheres que queiram exercer sua maternidade e, para isso, já existem previstos equipamentos adequados. O PL, que faz parte da ofensiva conservadora e fundamentalista que relega à mulher o papel de simples “incubadora”, parece ser a versão fluminense do “Estatuto do Nascituro” e tais “casas” são chamadas pelo movimento feminista, com toda razão, como “casas-estupro”. As mulheres fluminenses

têm a prioridade em barrar o PL 416/2011. O aborto não é apenas uma questão de saúde pública, mas, principalmente, a garantia da autonomia e da autodeterminação das mulheres sobre seus corpos e suas vidas. O enfrentamento está colocado, não no legislativo, não no governo. Esse enfrentamento vai se dar nas ruas, pela mobilização das mulheres por uma luta que exige radicalidade: a radicalidade de quem quer mudar suas vidas e o mundo. Míriam Starosky é da Marcha Mundial das Mulheres – Núcleo Feminista Rosa dos Ventos.

EM JUNHO DE 1964, nos primeiros meses da ditadura militar, foi editada a lei 4.330, regulando o direito à greve. Devido a grande quantidade de regras que impunha, essa lei ficou conhecida como a lei anti-greve. Seu principal propósito era inviabilizar a realização de greves, para assim, enfraquecer os trabalhadores e garantir a superexploração. Após 40 anos, surge um novo Projeto de Lei (PL) com o mesmo número e que também tem como objetivo atacar os trabalhadores brasileiros. Trata-se do PL 4.330, que regulamenta a contratação de mão-de-obra terceirizada. Proposto em 2004, pelo deputado e empresário Sandro Mabel (ex-dono daquela famosa empresa de biscoitos), o projeto é alvo de disputa entre centrais sindicais e empresários. Esse projeto foi apresentado com a justificativa de que as empresas no Brasil estão perdendo competitividade e, por isso, precisam se “modernizar” e que, para isso, seria necessário terceirizar boa parte da força de trabalho. Porém, o que eles realmente querem ao terceirizar é baratear os custos e dividir a classe. Tal projeto tem recebido forte apoio dentro do Congresso Nacional, que tem a maioria de seus parlamentares com campanhas financiadas por grandes empresários. Recentemente, tem tramitado no Congresso Nacional e pode ser aprovado nos próximos meses. A aprovação desse projeto irá legitimar e expandir a prática da terceirização.

A nossa luta deve ser contra qualquer tipo de terceirização, pois o que queremos é que todos os trabalhadores tenham os mesmos direitos e melhores condições de trabalho Mas qual o problema da terceirização? As pessoas que são ou já foram terceirizadas ou, simplesmente, quem conhece algum trabalhador terceirizado sabe o que isso significa. Os trabalhadores terceirizados enfrentam hoje as piores condições de trabalho no mercado. Em pesquisa recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), foi constatado que, em relação ao trabalhador formal, o trabalhador terceirizado fica 2,6 anos a menos no emprego, tem uma jornada de três horas a mais semanalmente, ganha 27% a menos e, o pior, de cada dez acidentes de trabalho, oito ocorrem entre terceirizados. Ou seja, ser terceirizado significa trabalhar mais, ganhar menos, ter menos segurança e saúde no trabalho, resumindo, ter menos direitos. Sabemos que um trabalhador terceirizado é mais precarizado e, por isso, torna-se mais frágil perante o patrão. Eis então a principal semelhança entre a lei anti-greve e o PL4330. E, para além da semelhança numérica, ambas são estratégias para enfraquecer os trabalhadores e aumentar o lucro dos patrões. Por isso, a nossa luta deve ser contra qualquer tipo de terceirização, pois o que queremos é que todos os trabalhadores tenham os mesmos direitos e melhores condições de trabalho. Hebert de Oliveira Gomes, enfermeiro, Mestrando em Saúde Pública ENSP/FIOCRUZ


04 | entrevista

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 Fernando Frazão/ABr

“Comissão da Verdade deve ser permanente” DITADURA João Vicente Goulart, filho do ex-presidente Jango, sugere que a comissão investigue casos atuais de tortura praticados por agentes da Polícia Militar (PM) Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Instalada em 2012, a Comissão Nacional da Verdade investiga todas as violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Para João Vicente Goulart, filho do ex-presidente Jango, a duração de dois anos é insuficiente. “Esse período de dois anos é muito curto pelo volume de fatos a serem apurados. Acho que a Comissão da Verdade tem de ser uma comissão permanente”, defende em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato. Ao final dos trabalhos, a comissão vai produzir um relatório, mas não poderá punir ou recomendar que acusados sejam punidos.

“Nada mais justo do que praticar essa revisão da história e mostrar ao Brasil quem foram os ditadores, verdadeiros carrascos da democracia e dos direitos humanos” João Vicente também sugere que os crimes de tortura praticados por policiais militares sejam investigados por esta comissão permanente. “Não só crimes da ditadura e do passado, mas os crimes come-

tidos após 1988, como as torturas das polícias militares que são praticadas diariamente em todos os estados”, explicou. Nessa entrevista, João Vicente também criticou a lentidão do processo de investigação da morte de seu pai, deposto pelo golpe militar de 1964, apontou as fraquezas da Comissão da Verdade e comentou o significado da visita ao maior centro de tortura da ditadura, o Doi Codi da Rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Brasil de Fato – Nesta semana, uma comitiva visitou o maior centro de tortura da época da ditadura. Que significado tem essa visita? João Vicente Goulart – Essa visita nada mais é que um avanço das lutas. Não só pelas lutas democráticas, mas também as lutas que este país ainda precisa fazer. Por exemplo, a revisão da Lei da Anistia, que outros países da América Latina já fizeram, e prevê a punição de militares. Militares tentaram impedir a visita de parlamentares e representantes da Comissão da Verdade. Esse comportamento combina com a democracia? Para nós, foi uma grande surpresa. Sem dúvida alguma, isso mostra o quanto nós temos de caminhar e avançar no sentido de extirpar do seio da nossa sociedade todas as reminiscências que existe da época da ditadura. Os movimentos sociais, os familiares e

FATOS EM FOCO

Wilson Dias/ABr

Direitos Humanos no caso Amarildo A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) decidiu, nesta quarta-feira (25), participar das investigações do caso Amarildo. A decisão foi tomada após os senadores e parlamentares encaminharem um pedido formal à ministra Maria do Rosário, solicitando uma apuração paralela.

João Vicente Goulart, filho do ex-presidente Jango

“Esse período é muito curto pelo volume de fatos a serem apurados. Eu acho que tem de ser uma comissão permanente” as vítimas pedem que o prédio seja transformado em um centro de memória. Como isso pode contribuir? Nada mais justo do que praticar essa revisão da história e mostrar ao Brasil quem foram os ditadores, verdadeiros carrascos da democracia e dos direitos humanos, e quem foram aqueles que lutaram e tombaram no caminho da democracia e da liberdade. Como vê a posição do governo Dilma em relação à Comissão da Verdade? Dilma teve coragem que outros governos não tiveram. Que essa comissão tenha função apenas de demonstrar e não de punir; é um problema constitucional e não operacional. Depois do sepultamento no STF, a revi-

são da Lei da Anistia cabe agora ao Congresso. Alguns grupos defendem a extensão do prazo. Essa ampliação seria uma boa atitude? Esse período é muito curto pelo volume de fatos a serem apurados. Eu acho que tem de ser uma comissão permanente. Não só crimes da ditadura e do passado, mas para crimes cometidos após 1988, como as torturas das polícias militares praticadas nos estados. E no todo, como avalia a condução dos trabalhos da comissão? Eu acho que tem prestado um grande serviço. Só lamentamos as divergências que tem havido entre os integrantes. Também considero que este tipo de rotação que existe na coordenação não é algo positivo. Apesar de tudo isso, é uma grande iniciativa e temos de preservá-la. Como está o processo de investigação da morte do ex-presidente Jango? Estamos ainda nos primórdios. As oitivas dos agentes dos EUA ainda não foram feitas. O Ministério Público (MP) ainda não tomou as me-

didas necessárias para iniciar uma ação cautelar. Ou seja, tem de ser uma ação do Estado Brasileiro, pelos canais diplomáticos competentes. Além disso, também falta a liberação dos documentos ainda classificados sob golpe de Estado e os documentos que mostram o monitoramento dos exilados.

“É hora de pedir os documentos sobre o golpe praticado pelos EUA para que nós consigamos esclarecer definitivamente isso” E o que falta ao Brasil para iniciar essa investigação? Ter a coragem de abrir uma ação contra o governo americano para ouvir os agentes. Principalmente agora que fomos vítimas de uma espionagem clandestina do império. É hora de pedir os documentos sobre o golpe praticado pelos EUA para que nós consigamos esclarecer definitivamente isso.

OAB-RJ cobra Rapidez O Presidente da OAB RJ, Felipe Santa Cruz, cobrou, na quarta-feira (25), mais rapidez na solução do caso Amarildo. Preocupados com o encaminhamento do inquérito, a OAB pediu mais agilidade e respostas concretas na resolução do desaparecimento do ajudante de pedreiro. Em contrapartida a Polícia Civil respondeu, por meio de nota, que “as investigações estão em andamento e o delegado, Rivaldo Barbosa, aguarda os resultados dos laudos da perícia”.

Testemunhas deixam Rio Após mudança no depoimento, duas testemunhas do caso Amarildo deixaram o estado, na última sexta-feira (21). Ex-moradores da Rocinha, mãe e filho, pediram ingresso no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte, após declararem terem sido coagidos pelo major da Polícia Militar Edson Santos a apontar traficantes como responsáveis do desaparecimento do ajudante de pedreiro.


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cidades | 05

Estradinha e Indiana, moradores resistem na luta por moradia Pablo Vergara

REMOÇÕES Sem laudo e sem projeto, prefeitura tentou remover ilegalmente as duas comunidades Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) A vice-presidenta da Associação de Moradores da Estradinha, Irmã Fátima, não consegue esquecer a primeira reunião que participou com o prefeito Eduardo Paes (PMDB). “Ele disse que seria um ‘prazer’ remover os moradores da Estradinha. Naquele exato momento, uma dona de casa morreu e nasceu uma guerreira”, conta a liderança comunitária. Essa reunião aconteceu no início de 2010 e, desde então, a comunidade resiste para permanecer na área, localizada em Botafogo. Sem qualquer projeto para intervenção na comunidade ou laudo técnico conclusivo, a Secre-

taria de Habitação iniciou o processo de remoções com o argumento que toda a área seria de risco. Centenas de casas foram destruídas e os entulhos das construções continuam lá até hoje. Indiana Outra comunidade, a Indiana, na Tijuca, passou por um processo parecido. Também sem projeto e sem laudo, todos foram ameaçados de remoção. Com isso, famílias aceitaram a proposta de mudar de endereço. No caso da Indiana, as casas foram trocadas por apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, em Triagem, na zona oeste. Na Estradinha, os moradores receberam indenizações.

Moradores impediram remoção da Indiana Comissão começou a se articular e entrou em contato com a Defensoria do Rio de Janeiro (RJ) Dona Clarisse Afonso de Carvalho, de 79 anos, é umas das principais referências na Indiana. Primeira morada, ela já foi presidenta da Associação de Moradores. “Aqui era um matagal. Cheguei com seis filhos da Paraíba e com o meu marido. Passei o maior aperto no início”, lembra. Ao lembrar os tempos em que sua família sofria com ameaças de despejo, Dona Clarisse enche os olhos de lágrimas. “Eles chegaram botando terror, dizendo que iam passar trator

“Nos dois casos, não teve nenhuma tentativa de regularizar a situação para dar a posse às famílias que já moravam ali”

por cima. Eu só me pegava com Deus. Eu sou analfabeta, mas não sou boba, sei que tenho direitos e aí a gente correu para a Justiça”, contou a moradora. Depois que o ex-secretário de Habitação, Jorge Bittar, começou a pressionar os moradores para se mudarem para Triagem, uma comissão formada por dez pessoas começou a se articular e entrou em contato com a Defensoria Pública. Segundo a defensora Maria Lúcia, nada justifica a intervenção imediata da forma que aconteceu.(VV)

Irmã Fátima, vice-presidenta da Associação de Moradores da Estradinha

Com as desocupações, a prefeitura começou a demolir e deixou muito entulho pelo caminho. Por este motivo, somado à ausência de projeto e de laudo, a defensora pública Maria Lúcia de Pontes ingressou com uma ação

civil pública para impedir demolições e para obrigar a prefeitura a recolher os entulhos. A Justiça aceitou este pedido em 2010. Na Indiana, a retirada foi imediata. Na Estradinha, a prefeitura só começou

neste mês. Para Maria Lúcia, essas situações mostram que o município não tem política de habitação para os mais pobres. “Nos dois casos, não teve nenhuma tentativa de regularizar a situação

para dar a posse às famílias que já moravam ali. Ao contrário, a política foi remover para áreas muito longe”, criticou. Depois de viver o temor de serem destruídas, as comunidades Indiana e Estradinha são exemplos de resistências vitoriosas na cidade do Rio. No final do mês passado, o prefeito recuou e prometeu verbalmente que as duas não serão mais removidas.

Estradinha quer reconstrução e obras de contenção Liminar de 2010 ainda não foi totalmente cumprida do Rio de Janeiro (RJ) Desde 2010, a comunidade enfrenta graves problemas de saúde em função dos entulhos acumulados. Um laudo produzido pelo pesquisador Alexandre Pessoa, da Fiocruz, atestou a situação de insalubridade e serviu de base para a ação civil pública. Mesmo assim, só neste mês, os entulhos começaram a ser recolhidos. “Aqui tem muita cobra e lacraia. Quando chove, prolifera o mosquito da dengue”, descreve Irmã Fátima.

A defensora Maria Lúcia lamenta que a liminar de 2010 ainda não tenha sido totalmente cumprida. “Pedimos para aplicar a multa na conta do prefeito, o Ministério Público (MP) opinou favoravelmente e a juíza mandou intimar Eduardo Paes recentemente. De certa maneira, essa decisão influenciou na negociação que a prefeitura abriu nas comunidades”, destacou. Agora, os moradores da Estradinha lutam pelo projeto de reconstrução da comunidade e por

obras de contenção em áreas de risco. “Sabemos que prefeitos mudam com o tempo. Hoje faz sol, amanhã chove. O que funciona

mesmo é a união de todas as comunidades que estão em processo de remoção. A guerra está só começando”, lembrou Irmã Fátima. (VV)

SERVIÇO SE A SUA COMUNIDADE FOR AMEAÇADA DE REMOÇÃO: 1. Procure organizar um coletivo, com autonomia, formado por pessoas que estão na mesma situação. 2. Procure grupos de apoio. 3. Uma das organizações que presta assessoria jurídica é o Núcleo de Terras da Defensoria Pública. Telefone: 129 Fonte: Grupo de Estudo em Advocacia Popular (Geap)


06 | cidades

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 Alerj

Visita histórica ao Doi-Codi Tânia Rêgo/ABr

DITADURA Integrantes da Comissão Nacional e Estadual da Verdade, parlamentares do Senado e a representação do Ministério Público Federal fizeram uma visita no local na segunda-feira (23) Mário Augusto Jakobskind do Rio de Janeiro (RJ) O atual quartel Zenóbio da Costa, onde se localizava a antiga dependência do Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Centro de Defesa Interna) foi palco, na segunda-feira (23), de um acontecimento histórico com repercussão nacional. Integrantes da Comissão Nacional e Estadual da Verdade, parlamentares do Senado e a representação do Ministério Público Federal fizeram uma visita ao local, conseguindo neutralizar a ação provocativa do deputado Jair

Bolsonaro, do PP-RJ. O parlamentar extremista tentou de todas as formas tumultuar a visita, chegando a agredir fisicamente o senador Randolpho Rodrigues (PSOL-AP), além de destratar verbalmente a deputada Jandira Feghali, do PCdoB-RJ. Caminho certo No interior do quartel, graças ao jornalista Álvaro Caldas, que esteve preso duas vezes no Doi-Codi nos anos de 1970, os integrantes das comissões puderam percorrer o local onde, pelo menos, 800 presos políticos sofreram torturas e alguns, como o jornalista Mario Alves e o ex-deputado Rubens Pai-

Mais 60 dias

O deputado Jair Bolsonaro tenta tumultuar visita à antiga dependência do Doi-Codi

va, foram assassinados. Enquanto os militares apontavam no quartel uma área a ser percorrida, Álvaro Caldas mostrou o caminho certo onde os opositores ao regime ditatorial foram torturados. O jornalista foi elogiado pelos integrantes das comissões pela coragem e lucidez, que ajudaram o trabalho da comissão. É bem possível que, se ele não estivesse presen-

te, os integrantes das comissões não teriam percorrido o caminho onde se pretende criar um Museu da Memória. Caldas, atualmente com 72 anos, observou que, em relação há 40 anos, houve mudanças, mas a estrutura das dependências continuou a mesma, daí ter lembrado o caminho certo. O jornalista admitiu que passou a madruga-

da acordado pela emoção em ter de voltar, quatro décadas depois, ao local onde passou os piores momentos de sua vida. Caldas lembrou que na primeira vez em que foi preso, sofreu pesadas torturas. Posteriormente, quando trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo, foi sequestrado covardemente em sua casa e levado novamente ao DoiCodi.

Professores resistem há quase 2 meses EDUCAÇÃO Profissionais da rede estadual e municipal do RJ estão em greve desde o dia 8 de agosto. Professores querem a retirada do caráter de urgência do plano de carreira Pablo Vergara

Leonardo Ferreira de São Paulo (SP) Há quase dois meses em greve, os professores da rede estadual e municipal do Rio de Janeiro pressionam o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes. Os professores da rede municipal, que haviam suspendido a paralisação em 10 de setembro, depois de quase um mês parados, decidiram retomar a greve em assembleia, na última sexta-feira (20). Os profissionais de educação da rede estadual querem aumento salarial de 20% e melhores condições de trabalho.

Segundo a coordenadora do Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Ivanete Conceição, o plano de carreira elaborado pela prefeitura não atende a 93% da categoria. “O governo encaminhou direto à Câmara dos Vereadores um projeto que é totalmente contrário ao que reivindicávamos. Deixa de fora 93% da categoria”, afirma. Os professores querem a retirada do caráter de urgência do plano de carreira, que será enviado à Câmara até terça-feira (24). Entre as reivindicações da categoria, estão reajuste salarial de 19% para

FATOS EM FOCO

Professores nas ruas por melhores condições de trabalho

compensar perdas salariais, garantia de um terço da carga horária para atividades extracurriculares e concurso público para professores e funcionários administrativos.

Precarização De acordo com Ivanete Conceição, a categoria pede também atenção quanto à precarização das condições de trabalho.

“É uma precarização que não passa somente pela estrutura física da escola, mas muito pela questão pedagógica”, afirma Ivanete. Segundo ela, é a maneira como está organizada as propostas pedagógicas na rede municipal. “A base da categoria, tanto no município quanto no estado, hoje acabam se vendo tendo de fazer esse nível de reação, resistência através das greves para pressionar os governos a rever essa pauta pedagógica que acaba afetando o dia a dia desse professor”, argumenta. (RadioagênciaNP)

A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) prorrogou, na terça-feira (24), o prazo de funcionamento da CPI das construtoras. A comissão, que teria até o final do mês para finalizar as investigações, ganhou mais 60 dias para apurar as causas da demora na entrega dos imóveis no Rio de Janeiro.

Desfibriladores em terminais Projeto de lei aprovado na Alerj, na terça-feira (24), obrigará terminais de ônibus, barcas e metrô a terem ao menos dois desfibriladores para casos emergenciais. Visando maior proteção aos usuários, o projeto prevê, ainda, o treinamento de ao menos metade dos profissionais destas estações. O projeto – baseado na alta incidência de problemas cardíacos na população, atrelado ao grande fluxo de pessoas nestes terminais públicos – depende ainda do veto ou sanção do governador nos próximos 15 dias.

Remoções Audiência pública com tema “Remoções por Grandes Projetos na Cidade do Rio de Janeiro” será realizada sexta-feira (27), às 10h. Contará com Inalva Mendes, pelo Comitê Popular da Copa; Jorge Santos, removido pelas obras da Transoeste; Roberto Marinho, morador da Providência; Alexandre Mendes, professor de direito urbanístico e exdefensor público e Carlos Vainer, professor titular do IPPUR.


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Camelôs festejam proibição de armas ditas não-letais na Guarda Pablo Vergara

SEGURANÇA Equipamentos foram usados na ausência de regulação por cerca de quatro anos Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ) O ambulante Jorge Luiz Gomes, de 45 anos, comemorou a recente decisão da Justiça em proibir o uso de armas ditas não-letais pela Guarda Municipal. Jorginho, como é conhecido no camelódromo da Uruguaiana, onde trabalha, é um dos tantos que sofrem com os já tradicionais abusos praticados pela Guarda. Uma vez, relata, “me empurraram, minha cadeira quebrou e eu me machuquei. Levaram tudo, doces e bebidas”. Ele afirma, ainda, já ter sofrido com os efeitos do spray de pimenta, durante os conhecidos “rapas”. Jorginho, que é cadeirante, além de difi-

culdades motoras, enfrenta limitações na fala. Quando não é entendido, pede ajuda à irmã Júlia Cristina, de 18 anos, e do amigo Pablo Rodrigues, de 33. Os dois também trabalham na Saara, no Centro. “Ele é aposentado, mas precisa ter mais um dinheiro. Não pode ficar preso em casa, ele não gosta”, explica Júlia. De acordo com ela, em agosto, o irmão perdeu cerca de R$ 2 mil, somando os valores das mercadorias e do carrinho em que as carregava. Cassetete proibido A decisão pela proibição de armas ditas não -letais na Guarda Municipal ocorreu na última semana. A medida, que teve

O ambulante Jorge Luiz Gomes

como base uma ação do Ministério Público (MP -RJ), proíbe as pistolas de choque taser, sprays de pimenta e cassetetes. “Há um histórico de atos de violência por parte da Guarda Municipal na repressão ao comércio dos ambulantes. A proi-

bição do uso de armas foi uma sábia decisão do Poder Judiciário”, declarou o promotor Rogério Pacheco Alves, autor do texto. “Os guardas batem mesmo. Os camelôs da rua sofrem mais. Essa é uma defesa do direito ao trabalho”, disse Pablo, que

é dono de um stand de produtos evangélicos. Ele mostra marcas da repressão: uma cicatriz de 13 pontos na cabeça e outra na perna esquerda, que é “mais dolorida”. Para evitar fricção, suas calças ganham rasgos na altura do joelho.

“Eu trabalhava na Central do Brasil. Perdi quase tudo em um incêndio no camelódromo. Corria do fogo com a minha televisão quando um guarda me acertou com o cassetete, eu caí e ainda levei choque. Desmaiei e só fui acordar no hospital”, relembra o episódio, ocorrido há quatro anos. Nessa época, a Guarda Municipal começara a utilizar as armas ditas não -letais. Com exceção dos cassetetes, os sprays de pimenta e as tasers foram adquiridos a partir de 2009, primeiro ano do governo de Eduardo Paes (PMDB). Uma regulação específica, no entanto, só chegaria com a Lei Complementar Municipal 129. A norma foi publicada no Diário Oficial quase quatro anos depois, em junho de 2013, em meio à explosão de manifestações pela cidade e pelo país.

Guarda Municipal não deve fiscalizar ambulantes

Militarização chega à Guarda carioca

Corporação se nega a comentar decisão judicial

Armas ditas não-letais não reduzem violência

do Rio de Janeiro (RJ) “Fiquei emocionada quando soube da decisão. Nossa luta agora é para que a Guarda deixe de fiscalizar os camelôs. Isso não cabe a ela”, garante Maria de Lurdes, a Maria dos Camelôs, de 38 anos, que coordena o Movimento Unido dos Camelôs (Muca). A ação do MP também atesta exatamente isto: a fiscalização “se dá de forma ilegal”. Questionada sobre as denúncias de violência que motivaram a decisão judicial, a Guarda Municipal não quis comen-

A taser atira dardos elétricos e possui mira a laser que garante pontaria em até 15 metros tar por “não ter sido notificada sobre a liminar”. Já o Sindicato dos Servidores do órgão, o SisguaRio, recorreu. Em petição, alega que os equipamentos em questão não podem ser definidos como armamentos, caracterizando a proibi-

ção como uma ameaça à integridade física dos guardas. Contudo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta para a possível letalidade desses equipamentos, em especial da taser. O choque leva à perda do controle neuromuscular e pode causar parada cardíaca. A entidade lembra, ainda, que “a grande maioria dos estudos sobre a pistola não é confiável por serem feitos pelos próprios fabricantes”. O aparelho atira dardos elétricos e possui mira a laser que garante pontaria em até 15 metros.

do Rio de Janeiro (RJ) O delegado Orlando Zaccone, conhecido pela defesa dos direitos humanos, discorda da ideia de que a compra de armas ditas não-letais reduz o uso de armas de fogo pelo poder público. “Essa é uma mentira. Ela mascara a entrada de armamentos de alta dispersão contra grupos não -armados”, disse. Como exemplo, cita massas de pessoas como em torcidas de futebol ou grandes protestos. Para ele, “a prova

“Essa é uma mentira. Ela mascara a entrada de armamentos de alta dispersão contra grupos não-armados” disso é a chegada desses equipamentos na Guarda Municipal, que nunca usou armas de fogo”. Com isso, Zaccone explica: “o poder de força do Estado acaba ampliado e não reduzi-

do”, garantindo que isso reflete “um fenômeno mundial: a militarização da segurança pública”. Desde 2011, a Guarda Municipal do Rio possui um Grupamento de Operações Especiais (GOE), que se diferencia pelo uso de boinas pretas. Além das armas ditas não- letais, essa tropa de elite faz uso de capacetes e escudos. Entre os gritos de guerra nos treinamentos, está este: “Tiro e bomba no Centro da cidade, o Goe se prepara para a realidade”.


08 | cidades

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013

Beltrame cancela audiência da Light no Rio Tomaz Silva/ABr

ENERGIA Para evitar manifestações, secretário de segurança recomendou cancelamento de audiência Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Uma audiência pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que iria debater a redução da tarifa de energia, foi cancelada no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada pela diretoria da agência reguladora, após telefonema do secretário de segurança do Estado, José Mariano Beltrame, para o diretor-geral da Aneel, Rubens Rufino. O evento estava previsto para o dia 16 de setembro. Segundo a assessoria de imprensa da autarquia, essa é a primeira vez que uma reunião presencial é cancelada por motivos de segurança.

“Cancelar uma audiência pública por motivos subjetivos é um descalabro. Essas manifestações ocorreram no Rio e já arrefeceram” “O secretário Beltrame ligou para o Dr. Rubens e pediu para cancelar, por questão de segurança, em função das manifestações populares que foram mais fortes no Rio”, informou a assessoria, por telefone. Com o cancelamento da sessão presencial, a Aneel prossegue com a consulta apenas virtual. “Agora só vai ter audiência pública presencial quando a diretoria decidir em reunião. Não existe nenhuma resolução formal, esta é uma norma da Aneel. Vai depender do que eles sentirem na época”, acrescentou a assessoria. O presidente do Sin-

dicato dos Engenheiros (Senge), Olimpio Alves dos Santos, afirmou que a entidade vai encaminhar um ofício para a Aneel e para a Light para apurar mais informações sobre o cancelamento. “Cancelar uma audiência pública por motivos subjetivos é um descalabro. Essas manifestações ocorreram no Rio e já arrefeceram. Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, avaliou. Maus serviços O sindicalista acrescentou que a Light é a campeã em prestação de maus serviços, com péssimos indicadores de qualidade. “O Senge já recebeu moradores do Rio que estão enfrentando problemas como os medidores eletrônicos da Light. Pessoas com casas modestas que receberam contas em torno de mil reais. Pode ser que os moradores quisessem contestar esses medidores”, comentou. Vigário Geral é um dos bairros em que os novos medidores eletrônicos da Light já foram instalados. Para o vice-presidente da Associação de Moradores de Vigário Geral (Amavig), João Ricardo de Matos Serafim, a ausência de debate público pode prejudicar a população. “Os equipamentos não funcionam como deveriam funcionar. Por isso que a audiência pública é importante e vamos brigar para que ela aconteça. Vivemos uma situação de aumento do preço da cesta básica, salário apertado, endividamentos da população e seria muito importante o preço da energia cair”, afirmou Serafim. A autarquia sugere diminuir em 3,28% a conta dos consumidores residenciais e em 6,70% a dos clientes industriais.

Audiência teria sido cancelada após pedido do secretário de segurança do estado, José Mariano Beltrame

Petroleiros acampam em frente à Petrobras contra leilão do pré-sal Samuel Tosta

PROTESTO Movimento critica a entrega do campo de Libra Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ) Um acampamento deve permanecer montado em frente à sede da Petrobras, no Centro, até o dia 21 de outubro, data marcada para o leilão do campo de Libra, situado na Bacia de Santos (SP). Além de petroleiros, militantes da Ocupa Câmara e da Frente Internacionalista dos Sem Teto (Fist) já aderiram ao movimento. “O acampamento deve crescer. Na próxima semana, chegarão os militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outros sindicatos e movimentos sociais. Essa é uma questão de soberania”, disse Francisco Soriano, do Sindicato do Pe-

Militantes seguem acampados até data marcada para o leilão do campo de Libra

troleiros do Rio (Sindipetro – RJ). Pelo menos 15 pessoas estavam no local na noite chuvosa de terça-feira (24), data de início do acampamento. Esse também era o número de policiais no local. A atividade é promovida por organizações que integram a campanha “O Petróleo Tem que Ser Nosso”, que critica o leilão.

“O país já é auto-suficiente em petróleo. Não temos nenhuma razão para explorar o pré-sal agora. Temos de explorar o petróleo apenas de acordo com as necessidades do Brasil, como para investir em educação, saúde e reforma agrária”, exemplificou o sindicalista. No próximo 3 de outubro, a Petrobras faz aniversário e um ato-show

“contra a entrega das riquezas do subsolo do país” está marcado para ocorrer na Praça XV. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o campo de Libra possui cerca de 14 bilhões de barris de óleo. Sozinho, essa parte do pré-sal equivale a cerca de 80% de todas as reservas já descobertas pela Petrobras.


Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013

FATOS EM FOCO Morre Irmã Genoveva No dia 24, faleceu a Irmã Genoveva, missionária que viveu por 60 anos junto ao povo Tapirapé, no Mato Grosso. Tratada apenas por Veva, ela foi uma das pioneiras, na vida missionária, da teologia da inculturação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e sempre demonstrou total respeito à cultura e religiosidade dos povos indígenas. Veva, que em agosto deste ano completou 90 anos, deixou a França em 1952 e, desde então, vivia com os Tapirapé.

Dorothy Stang A Justiça do Pará condenou, no dia 19, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, a 30 anos de prisão, pela morte da missionária Dorothy Stang. O julgamento, o quarto realizado, durou mais de 14 horas. Dorothy foi morta a tiros no município de Anapu, no sudoeste paraense, em 12 de fevereiro de 2005.

Maria da Penha não reduz mortes A Lei Maria da Penha não teve impacto sobre a quantidade de mulheres mortas em decorrência de violência doméstica, segundo constatou um estudo sobre feminicídio, divulgado ontem (25) pelo Ipea. De acordo com os dados do instituto, entre 2001 e 2006, período anterior à lei, foram mortas, em média, 5,28 mulheres a cada 100 mil. No período posterior, entre 2007 e 2011, foram vítimas de feminicídio, em média, 5,22 mulheres a cada 100 mil.

brasil | 09

Lutas e movimentos sociais na mira da lei antiterrorista Felipe Canova

REPRESSÃO Sob argumento de defender o país de ameaças terroristas, Projeto de Lei pode criminalizar organizações populares e suas lideranças Patrícia Benvenuti da Redação A menos de um ano para o início da Copa do Mundo, o legado deixado pelos megaeventos esportivos, até o momento, está longe de empolgar os brasileiros. A insatisfação ficou visível durante os protestos que agitaram o país na metade do ano. Por toda a parte, multiplicavam-

Manifestante exibe a Constituição para Tropa de Choque diante do Estádio Mané Garrincha

se as críticas contra o gasto excessivo de recursos públicos em arenas, a interferência da Fifa em leis nacionais e as remoções de comunidades inteiras para dar lugar a novos empreendimentos. A Copa e as Olimpíadas, porém, podem dei-

xar outras heranças negativas. Com o argumento de proteger o país durante os jogos, tramita, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 728/2011, que propõe a tipificação do crime de terrorismo. Apresentado pelo senador Romero Jucá (PM-

DB-RR), relator da comissão especial mista, criada no Senado para regulamentar dispositivos constitucionais, o texto estabelece penas entre 15 e 30 anos de prisão, em regime fechado, para quem “provocar ou infundir terror ou pânico generaliza-

do mediante ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito racial ou étnico”. A versão de Jucá se baseia em diversas outras propostas; dentre elas, um anteprojeto elaborado pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e o novo Código Penal, além de tratados, protocolos e convenções internacionais. Atualmente, a Constituição Federal apenas repudia expressamente a prática do terrorismo, além de considerar o ato inafiançável e insuscetível de graça [espécie de indulto individual] ou anistia. Entretanto, não tipifica as ações e nem estabelece penas. O objetivo dos integrantes da comissão é aprovar a matéria até o começo do campeonato de futebol, em junho de 2014.

Dossiê desnuda “lambança” da política nacional de petróleo Agência Senado

POLÍTICA Segundo documento apresentado por Roberto Requião, a Agência Nacional de Petróleo age a favor de transnacionais estrangeiras e contra a soberania nacional da Redação “Estamos vulnerabilizando o país e enfraquecendo a soberania nacional por superávit primário.” Esta é uma das afirmações feitas pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), no dia 20 de setembro, durante seu discurso no plenário do Senado Federal. Integrante da base aliada do governo, o senador ainda afirmou considerar-se um cético em relação às ações do governo federal, principalmente, em relação ao que

caracterizou de “lambança” da política nacional do petróleo, a cargo da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Dossiê Portando em suas mãos um dossiê, cuja autoria não foi revelada, durante seu discurso, Requião destrinchou uma série de graves denúncias contra a ANP; entre elas, a de que a realização do leilão do campo de Libra, situado na Bacia de Santos, é um crime. “Nós todos sabemos, até mesmo senadores do

PSDB, que Libra com petróleo já descoberto pela Petrobras, em 2010, está sendo leiloado ao cartel das transnacionais petroleiras para gerar superávit primário”, afirmou. Com base nas informações do dossiê, Requião afirmou, ainda, que os leilões de petróleo são desnecessários e que o governo federal está “trocando 15 bilhões pelo valor final de reservas fantásticas que poderiam financiar educação, saúde e infraestrutura no Brasil em um futuro próximo”. O documento apre-

O senador Roberto Requião

sentado por ele afirma claramente que há uma submissão da estatal brasileira às transnacionais do setor petroleiro. Para ele, a atuação da dire-

ção da ANP é mais perigosa para o país que todas as denúncias de espionagem dos serviços de informação dos Estados Unidos na Petrobras.


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Na ONU, Dilma ataca espionagem NOS EUA Além de pedir reforma no FMI, presidenta também criticou “imobilismo” do Conselho de Segurança Roberto Stuckert Filho/PR

de São Paulo Ao abrir a 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (24), a presidenta Dilma Rousseff fez um discurso que teve como focos principais o repúdio à espionagem dos Estados Unidos e a valorização das conquistas do Brasil nos últimos dez anos. Como era de se esperar, a primeira parte da fala de Dilma foi voltada para criticar os grampos dos Estados Unidos, que “ferem o direito internacional e afrontam os princípios que regem as relações entre nações amigas”. Assim como já havia feito na Cúpula do Mercosul, realizada em julho na cidade de Montevidéu, a chefe de Esta-

Como era de se esperar, a primeira parte da fala de Dilma foi voltada para criticar os grampos dos Estados Unidos

do brasileira não aceitou a justificativa do governo de Barack Obama de que a espionagem tem importância para o combate ao terrorismo. “O Brasil sabe proteger-se e não dá abrigo a grupos terroristas”, argumentou a petista. Ela ainda lembrou que a “situação foi ainda mais grave”

“neutralidade da rede”.

Presidenta Dilma Rousseff durante assembleia da ONU

no caso do Brasil, pois representações diplomáticas e comunicações da Presidência sofreram interceptações inegáveis e injustificáveis.

Depois de tecer fortes críticas a Washington, Dilma reiterou que o Brasil apresentará à ONU propostas de governança que regulem a internet,

com o objetivo de poder explorar todo o potencial desse meio de comunicação, sem que sejam violadas as liberdades dos cidadãos e garantindo a

Conselho Ao analisar as dificuldades de chegar a uma solução nos conflitos da Síria e de Israel e Palestina, Dilma argumentou: “A recorrente polarização gera imobilismo perigoso. Somente a ampliação do número de membros e a inclusão de países em desenvolvimento poderá sanar o déficit de representatividade do Conselho de Segurança da ONU.” Por fim, a presidenta ainda reiterou que a direção do FMI (Fundo Monetário Internacional) deverá ser reestruturada o quanto antes, “para refletir o peso dos emergentes”. (Vitor Sion/ Opera Mundi) Paulo Filgueiras/ONU

Mujica critica sociedade capitalista em discurso Presidente uruguaio lamentou embargo à Cuba e a pobreza na América Latina de São Paulo O presidente do Uruguai, José Mujica, criticou duramente o consumismo durante seu discurso na 68ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (24). “O deus mercado organiza a economia, a vida e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir. E quando não podemos, carregamos frustração, pobreza e autoexclusão”, afirmou. No discurso, que durou 40 minutos, ele também elogiou a utopia “de seu tempo”, mencionou sua luta pelo antigo sonho de uma “sociedade libertária e sem classes” e destacou a importância da ONU, que se traduz para ele um “sonho de

“O deus mercado organiza a economia, a vida e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir”, disse Mujica

paz para a humanidade”. Aos jornais uruguaios, Mujica prometeu um “discurso exótico” e fugiu do protocolo ao dizer que “tem angústia pelo futuro” e que nossa “primeira tarefa é salvar a vida humana”. “Sou do Sul (...) e car-

rego, inequivocamente, milhões de pessoas pobres na América Latina, carrego as culturas originárias esmagadas, o resto do colonialismo nas Malvinas, os bloqueios inúteis à Cuba, carrego a consequência da vigilância eletrônica, que gera desconfiança, que nos envenena inutilmente. Carrego a dívida social e a necessidade de defender a Amazônia, nossos rios, de lutar por pátria para todos e que a Colômbia possa encontrar o caminho da paz, com o dever de lutar pela tolerância.” A humanidade sacrificou os deuses imateriais e ocupou o templo com o “deus mercado, que organiza a economia, a vida e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir

e consumir. E quando não podemos, carregamos a frustração, a pobreza, a autoexclusão”. No mesmo tom, ressaltou o fracasso do modelo adotado no capitalismo: “o certo, hoje, é que, para a sociedade consumir como um americano médio, seriam necessários três planetas. Nossa civilização montou um desafio mentiroso”. Para o presidente, o atual modelo de civilização “é contra os ciclos naturais, contra a liberdade, que supõe ter tempo para viver, (…) é uma civilização contra o tempo livre, que não se paga, que não se compra e que é o que nos permite viver as relações humanas”, porque “só o amor, a amizade, a solidariedade e a família transcendem”. “Arrasamos as selvas

O presidente uruguaio José Mujica

e implantamos selvas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com remédios. E pensamos que

somos felizes ao deixar o humano”. (do Opera Mundi com Vanessa Silva, do Portal Vermelho)


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Samba resiste em meio à área esquecida pelo poder público Reprodução

MÚSICA Beco do Rato promove rodas de samba desde 2005 em espaço cultural que reverencia a religiosidade afro-brasileira

os apreciadores do estilo. O apelo cultural do espaço resiste, mesmo em uma área que não recebe tantos incentivos.

Uma das pinturas mais significativas é um bonde que conta com os passageiros Beth Carvalho, Moacyr Luz, Alcione e Dona Ivone Lara, entre outros

Gabriel Araujo do Rio de Janeiro (RJ) Em uma das regiões pouco atendidas em termos de políticas públicas do Rio de Janeiro, o Beco do Rato funciona, desde 2005, como um espaço cultural de promoção do samba e do choro, da história da cidade e das referências religiosas afro -brasileiras. Nas vizinhanças do bar, localizado entre as ruas Joaquim Silva e Moraes e Vale, na Lapa, os prédios antigos estão, em sua grande parte, abandonados ou em péssimo estado de conservação. É neste cenário que o espaço cultural, charmoso nos detalhes, surge como mais uma opção para quem gosta de ouvir sambas de todas as épocas.

“Não há incentivos por parte do poder público para projetos como este. Infelizmente, é difícil manter sem um investimento” “Antes do Beco do Rato, nesse pedaço, moraram Chiquinha Gonzaga e Madame Satã. Também circulavam por aqui Manuel Bandeira, Noel Rosa, Sinhô e Portinari”, afirma o mineiro Márcio Pa-

Beco do Rato: espaço cultural de promoção do samba e do choro

checo, radicado no Rio há mais de 30 anos, proprietário do espaço. O Beco do Rato está envolto na atmosfera do samba até em sua decoração. Os postes de luz no interior do bar e algumas cadeiras que lembram bancos de praça fazem do local uma extensão da rua. “O samba era tocado nas ruas, no passado”, lembra Pacheco. Nas paredes e teto, há pinturas de sambistas, paisagens do Rio antigo e representações de orixás e santos da cultura afro-brasileira. Os quadros são obra do artista Ney, discípulo do pintor Di Cavalcanti (18971976), e retratam em cores vivas a religiosidade e o clima boêmio que envolve o samba. Uma das pinturas mais significativas é um bonde que conta com os passageiros Beth Carvalho, Moacyr Luz, Alcione e Dona Ivone Lara, entre outros. “Não são sim-

ples pinturas. São quadros que retratam a verdade da minha cultura e da minha religião”, enfatiza Pacheco. Grupos como o Exquadrilha da Fumaça, Marcos Azevedo + 5, Receita de Choro e Arruda se revezam na programação musical do lugar, que tem rodas de samba todas as terças e quintasfeiras. A partir de outu-

bro, também haverá música às sextas-feiras e todo o primeiro domingo do mês, uma feijoada na parte da tarde, começando no próximo dia 6 de outubro. Há algum tempo o espaço chegou a abrigar sessões de cinema brasileiro com curtas-metragens e filmes alternativos geralmente não exibidos no circuito oficial,

mas o projeto não teve fôlego para continuar. “Não há incentivos por parte do poder público para projetos como este. Infelizmente, é difícil manter sem um investimento”, explica Pacheco. No entanto, o preço popular da entrada cobrada dos visitantes, entre R$5 e R$10, torna o Beco do Rato uma opção de samba popular para Reprodução

“Antes do Beco do Rato, nesse pedaço moraram Chiquinha Gonzaga e Madame Satã. Também circulavam por aqui Manuel Bandeira, Noel Rosa, Sinhô e Portinari”

O nome A história do nome do botequim surgiu por acaso, conforme conta Márcio Pacheco. “Quando alguém pedia informações sobre o samba de sexta-feira na Lapa, o povo dizia: ‘desce lá, no beco do rato’. Fui pesquisar e descobri que a malandragem que andava pela Lapa no passado vinha se esconder aqui, na Joaquim Silva, quando arrumava alguma confusão”, esclarece. Com o Beco do Rato, o local que antes era marginalizado, justamente por conta da falta de estrutura, passou a ser valorizado. Mesmo com os problemas que ainda existem, Pacheco acredita que o bar foi um dos fatores que ajudou na retomada daquela região.

SERVIÇO BECO DO RATO Endereço: Rua Joaquim Silva, 11, Lapa Dias: Todas as terças, quintas e sextas-feiras e primeiro domingo do mês.

Opção de samba popular para os apreciadores do estilo

Valor: entre R$5 e R$10 (couvert artístico)


12 | cultura

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 Divulgação

Semana afro-brasileira ARTE 7ª edição da Primavera dos Museus vai até domingo (29) Mariane Matos do Rio de Janeiro (RJ) A cultura afro-brasileira é a protagonista desta semana em cerca de 900 museus pelo Brasil. Com uma programação que vai até domingo (29), a 7ª edição da Primavera dos Museus pretende realizar cerca de 2,6 mil atividades em todas as regiões do país. O evento visa dar destaque às contribuições

da África, dos africanos escravizados e dos afrodescendentes para a formação do Brasil e da brasilidade. A iniciativa apresenta um olhar crítico diante de enraizados preconceitos e discriminações raciais contra os negros, por meio da reflexão sobre saberes, experiências e demais manifestações que colaboraram e colaboram na formação da identidade brasilei-

ra, recordando um sem número de memórias e histórias. Promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a iniciativa visa impulsionar a valorização do patrimônio cultural afro-brasileiro. Na cidade do Rio e em Niterói, acontecem oficinas, exposições, exibição de filmes, performances, palestras, visitas guiadas, cursos, seminários e outras atividades.

AGENDA Reprodução

Divulgação

A ONÇA E O BODE Neste domingo (29), a Cia Artistando agita a criançada com a peça A onça e o bode. O espetáculo traz duas irreverentes personagens que, em busca de um lar, caem numa enorme confusão. Entrada gratuita, às 17h. Santa Cruz Shopping, Rua Felipe Cardoso, 540 – Santa Cruz.

Caetano e a Banda Cê

ABRAÇAÇO COM CAETANO Niterói recebe, neste domingo (29), o show da turnê “Abraçaço” de Caetano Veloso. A apresentação contará com músicas de seu último álbum que leva o mesmo nome, além de outros clássicos de sua carreira. Com entrada gratuita, mediante a doação de um 1kg de alimento, o show está marcado para acontecer no Caminho Niemeyer, às 18h. BRASILEIRÍSSIMO A 3ª e última edição do Show Brasileiríssimo acontece nesta quin-

ta-feira (26). O projeto, que homenageia grandes compositores do cenário musical brasileiro, terá participação de Ah!Banda. O seu tradicional repertório conta com célebres compositores, que vão de Pixinguinha a Luiz Gonzaga. Entrada gratuita. Teatro Odylo Costa Filho – UERJ. ESSE MONTE DE MULHER PALHAÇA Em meio a um ambiente profissional tradicionalmente masculino, mulheres de toda a América Latina reivindicam um ponto de vista feminino na palhaçada. A 5ª edição do Festival de Palhaças con-

ta com apresentações em Copacabana, Jacarepaguá e Praia do Flamengo. O evento vai até domingo (29). Mais informações: essemontedemulherpalhaca.com.br.

FESTIVAL DO RIO A partir desta quinta-feira (26), o Rio de Janeiro será a capital mundial do cinema. Trazendo mais uma vez a magia da sétima arte para a cidade, o Festival do Rio exibe mais de 30 filmes de longa-metragem, além de uma refinada seleção de curtas. Sessões gratuitas e pagas. Em cartaz até Reprodução

10 de outubro. Mais informações: festivaldorio. com.br.

Festival de Palhaças

EU VISITO TUA AUSÊNCIA A Companhia Teatral Baú da Baronesa apresenta o espetáculo Jumbo – eu visito a tua ausência. Inspirada no sistema penitenciário brasileiro, a peça aborda a vida que os presidiários

deixam do lado de fora. Conta a história de sete mulheres que visitam parentes presos. A representação deixa o espectador em contato direto com o drama de cada uma delas. Entrada gratuita. Em cartaz até 13 de outubro, sábados e domingos, às 19h. Arena Carioca Dicró, Avenida Brás de Pina, s/nº - Penha.


Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013

variedades | 13

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL 2013

Inferior em tamanho Instituição que divulga mensalmente a taxa de juros

Acabamento de uma imagem para impressão gráfica Moeda do Japão

Região em que afundou o Titanic

Tolice; asneira

Obcecado por dinheiro

S

Emissora como Globo ou SBT A última sinfonia de Beethoven (Mús.) Cauã Reymond, ator brasileiro

A N

Próximo, em inglês Guarda-(?): departamento do mercado

Em + as (Gram.) Antigo Testamento (abrev.)

Guisado de origem africana Elege

Número de dias no mês comercial

Ed (?), de Verissimo Lázaro Ramos, ator

Prostrados, por doença

Poema breve e simples

Varredores de ruas Genética (abrev.)

O R

A V

3/ato — efó. 4/mort — near. 5/menor. 9/cantilena.

BANCO

HORÓSCOPO

A

O tipo de cabelo mais propenso à caspa (pl.)

C

O gado que não se destina ao abate

R

Sigla do Estado de Rondônia

A

Eugene Ormandy, maestro

R

A R R I A D O S

Manso; cordato "Novo", em "neologia"

A E I R D E T N E E F V I O L E N U L A M L E G S A D R E I R O S O

Cerimônia Ressentimento amargo

Solução M A E S T N A L O N A R N A T A NT I T I C R O T O N D O N CO R E I T O L E

Determinada a quantidade de

B A N C O C E N T R A L

Que se imprimiu o formato de rede

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ASTROLOGIA - Semana de 26 de setembro a 2 de outubro Semana traz elementos bons para se dedicar a crenças, espiritualidade, terapias ou assuntos que recomponham suas energias

Áries

(21/3 a 20/4) Necessidade de compreensão junto às suas relações e mesmo mudança de postura diante delas. Na vida afetiva, momento para mais desempenho e atenção aos assuntos de seu par. Cuidado com impulsividade.

Touro

(21/4 a 20/5) Semana favorece na solução de assuntos importantes. Costumes diferentes tendem a marcar sua rotina. Momento para cuidados diferenciados com o corpo e a saúde. Em relacionamentos, observe a simplicidade. Evite a indiferença.

Gêmeos

(21/5 a 20/6) A semana requer atenção e cautela com as finanças. O período é especial para se dedicar a questões materiais e de trabalho. No amor, um pouco mais de romantismo será vital com o par.

Câncer

(21/6 a 22/7) A semana propicia novos contatos profissionais. Questões associadas ao lar também estão propícias a soluções. Período bom para esclarecer temas do passado que tragam inquietação. Decisões importantes marcarão sua vida amorosa.

Leão

(23/7 a 22/8) Momento bom para se dedicar a novos conhecimentos e exercitar mais a mente. As coisas que disser são propensas a mais impacto. Atenção com a maneira de expor opiniões. No amor, seja paciente e evite polêmicas.

Virgem

(23/8 a 22/9) Sua rotina é propensa a novas responsabilidades. Será importante a persistência para se adaptar com algumas situações. Evite gastos desnecessários e supérfluos. No amor, momentos intensos e reveladores exigem cautela.

Libra

(23/9 a 22/10) Período propício para contatos à distância. Dedicação a novos conhecimentos será mais frequente. Questões familiares exigem mais atenção e empenho para a solução. Na vida afetiva, evite desgaste com assuntos banais.

Escorpião

(23/10 a 21/11) Momento do ano indicado para reflexões diante de condutas e projetos. Busque priorizar assuntos e objetivos que estão pendentes. Procure ter uma postura mais solidária. Na vida amorosa, cuidado com assuntos delicados.

Sagitário

(22/11 a 21/12) Momento bom para contatos e relações sociais. Vivências com novos grupos e amigos serão mais frequentes. Atenção com as finanças. Evite gastos desnecessários. No amor, compreensão com valores e conceitos sobre quem se relaciona.

Capricórnio (22/12 a 20/1)

Procure ser paciente se notar divergências de pensamento por padrões ou costumes. Alguns projetos tendem a tomar sua atenção. No amor, cuide para não se comportar de maneira metódica ou mesmo fria nas relações.

Aquário

(21/1 a 19/2) O período é especial para vivenciar mais contatos à distância. Momento exige atenção com os problemas mais sérios. Evite postura individualista no trabalho. Na vida afetiva, cuidado para com gestos exagerados ou dramas.

Peixes

(20/2 a 20/3) Momento para se posicionar de maneira estratégica em decisões. Período propício para questões rotineiras. Priorize o que é essencial. No amor, relações mais intensas. Atenção para não intimidar paqueras com certas demonstrações de desejo.


14 | esporte

Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013 ASP

Gaspar Nóbrega/COB

França recebe 8ª etapa do mundial

FATOS EM FOCO

SURFE De hoje a 6 de outubro, surfistas se enfrentam em Hossegor

O remador brasileiro Uncas Tales Batista precisou disputar duas vezes a final do single skiff 1000m, para conquistar, definitivamente, a medalha de ouro no I Jogos Sul-americanos da Juventude, realizado em Lima, no Peru. Após vencer a regata decisiva na terça-feira (24), o brasileiro precisou disputar novamente a prova devido a um recurso solicitado pelo Paraguai que alegou que o barco do país bateu na boia montada na raia. Depois de uma hora de discussão, Uncas voltou para a água e venceu novamente. “Eu já tinha vencido a prova. Mas aí mandaram eu ir para a água”, relatou o mineiro, que compete pelo Botafogo, no Rio de Janeiro. (COB)

Remo

A onda de Hossegor é conhecida por ser uma das mais difíceis de “domar”

de São Paulo (SP) Começa hoje (26), na costa sudoeste da França, e vai até o dia 6 de outubro, a janela de espera da oitava etapa do circuito mundial de surfe, o Quiksilver Pro France. O campeonato que acontece tradicionalmente nas ondas de Hossegor poderá ser transferido, em caso de falta de ondas, para os picos alternativos de Seignosse, Capbreton e St. Jean de Luz. O primeiro brazuca a entrar na água será Gabriel Medina. O local de Maresias, que ainda não

desencantou este ano, enfrenta, na sétima bateria, os australianos Julian Wilson e Yadin Nicol. A disputa promete, já que Wilson chega mordido à França por ter perdido a final da etapa anterior, nos Estados Unidos, contra Taj Burrow. Já os paulistas Adriano de Souza e Filipe Toledo e o catarinense Alejo Muniz vão protagonizar algo raro: um confronto único entre os três, na oitava bateria. Miguel Pupo também tem parada dura na estreia. Pela frente, ele terá dois dos surfistas que

mais têm se destacado este ano: o local da Polinésia Francesa, Michel Bourez, e o havaiano John John Florence. Raoni Monteiro, o último dos 6 membros do esquadrão brazuca, o chamado “brazilian storm”, que corre o circuito mundial este ano, desistiu da etapa para acompanhar o nascimento de sua filha Valentina. Após a França, ficarão faltando apenas as etapas de Peniche, em Portugal, e a de Pipeline, no Havaí, para que o campeão mundial de 2013 seja coroado.

RANKING DO WCT/2013 após 7 etapas 1.

Mick Fanning (AUS)

41.900

2.

Kelly Slater (USA)

40.700

3.

Jordy Smith (ZAF)

35.700

4.

Taj Burrow (AUS)

35.400

5.

Joel Parkinson (AUS)

32.450

6.

Josh Kerr (AUS)

29.600

7.

Julian Wilson (AUS)

28.850

8.

Adriano de Souza (BRA)

27.500

17.

Filipe Toledo (BRA)

16.650

18.

Gabriel Medina (BRA)

15.750

26.

Miguel Pupo (BRA)

8.500

29.

Alejo Muniz (BRA)

7.250

31.

Raoni Monteiro (BRA)

6.500

Mauro Horita/Folhapress

Jogadores de futebol decidem enfrentar CBF e Rede Globo

Maratona de Berlim

DIREITOS TRABALHISTAS Grupo de 75 atletas dos principais clubes do país lançam manifesto contra calendário da Redação De forma espontânea, os principais atletas profissionais do futebol brasileiro decidiram, em conjunto, enfrentar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão, e os próprios clubes, onde trabalham. Um manifesto foi publicado na terça-feira (24)

e assinado por 75 jogadores, como Paulo André (Corinthians), Elias (Flamengo), Alex (Coritiba), Rogério Ceni (São Paulo), Marcelo Lomba (Bahia) e D’Alessandro (Internacional). Diz a nota conjunta: “Queremos ser uma parte mais efetiva deste movimento que se faz extremamente necessário e, para tanto, solicitamos uma reunião com a enti-

dade que administra o futebol brasileiro (CBF) para tratar de questões propositivas e de comum interesse”. Os atletas buscam melhores condições de trabalho, reivindicam um limite de jogos, não abrem mão da pré-temporada e brigam pela garantia das férias, direito de todo trabalhador. Recentemente, jogadores como Alex, do Co-

O corintiano Paulo André é um dos que assinaram o documento

ritiba; D’Alessandro, do Inter, entre outros, já haviam manifestado publicamente insatisfação com o número excessivo de jogos imposto pela entidade. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o diretor jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes,

citou a Copa do Mundo e pediu “boa vontade” dos jogadores para as disputas das competições nacionais e estaduais do ano que vem. “O próximo ano será excepcional por causa da Copa do Mundo. Tem de existir uma boa vontade de todas as partes”, afirmou.

O brasiliense Marilson Gomes dos Santos disputa, no próximo domingo (29), a 40ª edição da Maratona de Berlim, considerada uma das mais rápidas do mundo. O atleta viajou para a Alemanha com o objetivo de superar sua melhor marca e, aos 36 anos, mostrar que ainda é capaz de competir em alto nível. “Berlim é uma maratona muito rápida e sempre registra quebra de recordes. Não disputei nenhuma prova tão longa no primeiro semestre deste ano, visando especificamente esta prova da Alemanha”, comentou.


Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013

opinião | Bruno Porpetta

Não aos coronéis da telinha NO MARACANÃ, antes do jogo entre Flamengo e Botafogo, pela Copa do Brasil, militantes por uma comunicação democrática coletaram assinaturas para um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, que propõe regular a mídia e romper com o restrito domínio das 11 famílias que detêm o monopólio do direito de se comunicar no Brasil. Mas o que ela tem a ver com o futebol? Tudo! Você sabe por que é obrigado a sair à meianoite de um estádio de futebol? Porque a Globo, que detém os direitos de transmissão, determina os horários das partidas. Ou seja, ela acomoda o futebol à sua programação, não o contrário. Até hoje, o torcedor não sabe exatamente se os jogos de quarta são às 21:40h, 21:50h ou 22hs. Isto porque a bola só rola depois do último beijo da novela. A Globo tem papel fun-

damental na definição de horários e datas dos jogos e esta luta não está descolada das movimentações recentes feitas por 75 jogadores de grandes clubes brasileiros. Recentemente, o veterano meia Alex afirmou que a CBF é só uma “sala de reuniões” e quem decide as coisas no futebol brasileiro é a emissora. O pacto entre a Globo e as federações estaduais, que mantêm essa infinidade de datas nos campeonatos estaduais, no ano da Copa, acabou eliminando férias e prétemporada. Ou seja, ataca direitos trabalhistas e a própria qualidade do espetáculo que transmite. Mesmo que este movimento represente menos de 5% do universo de jogadores de futebol no Brasil, não deixa de ser um passo importante. Mas é preciso seguir caminhando. Bruno Porpetta é autor do blog porpetta.blogspot.com

esporte | 15

Brasil goleia México e é terceiro na Suíça Divulgação

FUTEBOL FEMININO Com gols de Fabiana, Debinha e Tamires, seleção feminina conquista a terceira posição da Valais Cup da Redação Deixando de lado o abatimento pela derrota para a Nova Zelândia, que as tirou da final do torneio, as meninas da Seleção Brasileira de Futebol Feminino venceram a equipe mexicana por 4 a 0 e conquistaram a 3ª colocação da Valais Cup.

No segundo tempo, o Brasil marcou mais uma vez com Tamires Disputada às 14h30 de ontem (25), no Estádio StGermain, em Savièse, na Suíça, a partida conseguiu recuperar a autoestima

das brasileiras comandadas pelo técnico Márcio Antonio de Oliveira. Goleada Comandada por Leonardo Cuellar, a equipe mexicana não ofereceu muita resistência às brasileiras que, ainda no primeiro tempo, fizeram três gols: um de Fabiana e dois de Debinha. No segundo tempo, mesmo com várias substituições, o Brasil marcou mais uma vez com Tamires. A Nova Zelândia, que tirou o Brasil da final, venceu a China por 4 a 0 e se sagrou campeã do torneio. Vale lembrar que, no ano passado, o Brasil foi o campeão, derrotando o Canadá na final.

A equipe brasileira em foto oficial do torneio

FICHA TÉCNICA

4X0 Brasil

México

Thaís Picarte (Kaká), Poliana, Bruna Benites, Fran, Tamires (Danielli), Fabiana, Thaísa, Giôvania (Chú), Gabi (Luana), Gislaine (Alline) e Debinha

Cecilia, Kenti, Estefania, Alina, Noyola (Desiree), Nayeli, Lupita (Verdugo), Maribel, Renae (Fabiola), Ocampo e Perez

Estádio St-Germain | Savièse, Suíça | 25/09 | 14h30 Gols de Fabiana, Debinha (2) e Tamires

brasileirão | 24ª rodada Náutico X Coritiba Sáb | 28/09 | 18h30 | Arena Pernambuco

Goiás X Fluminense Sáb | 28/09 | 18h30 | Serra Dourada

Botafogo X Ponte Preta Sáb | 28/09 | 21h00 | Maracanã

Vasco empata com São José em São Januário BRASILEIRÃO FEMININO Equipe carioca foi melhor durante boa parte do tempo, mas não soube aproveitar oportunidades criadas

Portuguesa X Corinthians Dom | 29/09 | 16h00 | Morenão

Bahia X Vasco Dom | 29/09 | 16h00 | Fonte Nova

São Paulo X Grêmio Dom | 29/09 | 16h00 | Morumbi

Flamengo X Criciúma Dom | 29/09 | 16h00 | Maracanã

Atlético-PR X Vitória Dom | 29/09 | 18h30 | Durival Britto

Atlético-MG X Santos Dom | 29/09 | 18h30 | Independência

Internacional X Cruzeiro Dom | 29/09 | 18h30 | Estádio do Vale

da Redação Em partida válida pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, a equipe do Vasco da Gama empatou com o São José (SP) na tarde de ontem (25), em São Januário pelo placar de 1 a 1. Mesmo dominando a maior parte do jogo, as meninas cruz-maltinas não conseguiram transformar em gols sua superioridade, perdendo, assim, pontos precio-

sos. Para o time joseense, desfalcado de várias jogadoras a serviço da Seleção Brasileira, o empate fora de casa foi um bom resultado. Chance desperdiçada O clube carioca teve várias chances de matar a partida ainda no primeiro tempo. Aos 30 minutos, Danielle Baptista desperdiçou cobrança de pênalti e o gol só saiu aos 44 minutos, com finalização de Larissa. De volta dos vestiá-

rios, o time carioca não teve tempo de aproveitar a vantagem do placar, uma vez que, logo aos cinco minutos, as paulistas empataram,

convertido por Allana. O gol deu novo ânimo ao São José, mas nenhuma das duas equipes conseguiu desempatar o placar.

FICHA TÉCNICA

Vasco

1X1

São José

São Januário | Rio de Janeiro (RJ) | 25/09 | 14h30 Gols de Larissa (Vasco) e Allana (São José)


Rio de Janeiro, de 26 de setembro a 2 de outubro de 2013

16 | esporte

Fogão e Mengo empatam no Maracanã COPA DO BRASIL Equipes fizeram jogo equilibrado na noite de ontem (25) e decidem vaga dia 23 de outubro Rudy Trindade/ Folhapress

da Redação Na primeira partida das quartas de final da Copa do Brasil, na noite desta quarta-feira (25), no Maracanã, Botafogo e Flamengo empataram por 1 a 1. O Rubro-negro saiu na frente com André Santos, mas o Alvinegro reagiu e arrancou empate com Edílson na etapa complementar. Empurrado por sua torcida, em maior número no Maracanã, o Mengão iniciou a partida pressionando o Botafogo. Hernane teve boa oportunidade logo no primeiro minuto, em chute firme na entrada da área. Apesar de o Fogão trocar passes de forma perigosa no ataque, foi o Rubro-negro quem saiu na frente. Aos 12min, Paulinho aproveitou cruzamento da esquerda e chutou com força na direção de André Santos, que completou para o fundo do gol: 1 a 0. Com uma marcação muito forte, o Flamengo impediu o Botafogo de desfrutar de sua principal característica: o toque de bola. Em desvantagem, o Alvinegro buscava o empate, mas o Rubro-negro oferecia perigo nos contra -ataques com muita velocidade. Apesar de ficar com a bola por mais tempo,

o Botafogo não conseguia traduzir a posse em lances de perigo. O Flamengo, por sua vez, estava muito próximo de ampliar. Melhor na etapa inicial, o Rubro-negro pecou nas finalizações e perdeu oportunidade de sair para o intervalo com uma vantagem ainda maior. O segundo só não saiu aos 39min, em chute de Carlos Eduardo, porque Jefferson fez grande defesa. As equipes voltaram do intervalo sem modificações. O jogo continuou da mesma forma, mas o clima esquentou quando o Botafogo chegou ao empate, aos 12min com Edílson. O lateral direito recebeu passe de Hyuri e chutou com força. A bola ainda desviou em Samir antes de vencer Felipe e esticar as redes. A partir desse momento, a partida ficou aberta. O Botafogo ficou visivelmente mais confiante e passou a pressionar o adversário. O Flamengo respondia de forma desorganizada, mas oferecia perigo à defesa do Alvinegro. Se no primeiro tempo a torcida de General Severiano pediu raça aos jogadores, no segundo, o grito mudou de lado. A classificação será decidida no dia 23 de outubro, no Maracanã.

FICHA TÉCNICA

1X1 Botafogo Jefferson, Edílson, Dória, Julio Cesar, Marcelo Mattos, Gabriel, Dankler (Lucas Zen), Seedorf, Hyuri (Octávio), Rafael Marques e Lodeiro (Alex)

Flamengo Felipe, Léo Moura, Wallace, Samir, André Santos (Víctor Cáceres), João Paulo, Amaral, Paulinho (Gabriel), Luiz Antonio, Carlos Eduardo (Rafinha) e Hernane

Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 25/09 | 21h50 Gols de Edílson (Botafogo) e de André Santos (Flamengo)

Paulinho lamenta gol perdido no empate entre Botafogo e Flamengo

Vasco é derrotado pelo Goiás Marcelo Sadio/vasco.com.br

COPA DO BRASIL Equipe carioca mostrou evolução, mas sofreu a quinta derrota consecutiva da Redação Nesta quarta-feira (25), o time foi derrotado pelo Goiás por 2 a 1 na partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Os gols marcados por Walter e Roni - Edmilson abriu o placar - no estádio Serra Dourada deram a vantagem ao Goiás no objetivo de chegar às semifinais do torneio eliminatório. A partida começou a todo o vapor. Logo aos 2min, o Vasco surpreendeu os donos da casa. Marlone enfiou na área para Edmilson. O atacante driblou o goleiro Renan e abriu o placar. O Goiás respondeu aos 6min. Walter dominou no peito e tentou passar por Cris. O zagueiro cruzmaltino colocou a mão na bola dentro da área. Pênalti que o mesmo Walter cobrou aos 8min para

igualar o marcador. Segundo tempo No segundo tempo, o dono da casa adiantou a marcação na tentativa de chegar com frequência ao gol defendido por Michel Alves. O Vasco não marcou e abriu espaço para os avanços do Goiás. A insistência foi premiada aos 28min. Roni recebeu de Walter e chutou cruzado. O goleiro Michel Alves não conseguiu defender e viu a bola morrer no fundo da rede. Virada no placar e 2 a 1. O resultado ampliou a crise e a pressão em cima do técnico Dorival Júnior. O confronto de volta acontece no dia 24 de outubro, em São Januário. O Goiás pode empatar para avançar. Os cariocas precisam vencer para alcançar a fase seguinte.

Pedro Ken corre com a bola: cinco derrotas seguidas

FICHA TÉCNICA

2X1 Goiás Michel Alves, Fagner, Cris, Jomar, Yotún, Fillipe Soutto, Pedro Ken, Jhon Cley (Wille), Dakson (Reginaldo), Marlone (Wendel) e Edmílson

Vasco William Matheus, Renan, Vítor, Ernando (Valmir Lucas), Rodrigo, Amaral, David, Renan Oliveira, Hugo (Dudu Cearense), Roni (Ramon) e Walter

Serra Dourada | Goiânia (GO) | 25/09 | 21h50 Gols de Roni e Walter (Goiás) e de Edmílson


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