entrevista | pág. 4
Marcelo Sadio/vasco.com.br
Vitor Silva/SSPress
esporte | pág. 16
Bom Senso FC quer futebol melhor
Fluminense e Botafogo empataram por 1 a 1 no Maracanã na noite de quarta-feira (2), pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. O resultado não foi bom para nenhuma das duas equipes na classificação.
Em entrevista, o craque Juninho Pernambucano - uma das lideranças do movimento Bom Senso FC - fala sobre esta iniciativa, o Maracanã, as manifestações, o futuro, além da reverência ao Vasco, clube no qual é ídolo.
Edição
Flu e Botafogo ficam no empate
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013 | ano 11 | edição 23 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Pablo Vergara
cidades | pág. 5
Violência contra profissionais da educação será denunciada internacionalmente; plano de Cargos e Salários do município beneficia apenas 6% da categoria.
mundo | pág. 10
cidades | pág. 7
brasil | pág. 9
EUA, 800 mil sem salário
O absurdo no preço da luz
Lei Maria da Penha: quando uma política pública não é o suficiente
O governo dos Estados Unidos iniciou no dia 1º deste mês uma paralisação parcial do setor público, que coloca cerca de 800 mil funcionários públicos em licença não-remunerada.
Moradores de Vigário Geral reclamam que o preço da conta de luz chegou a dobrar com a instalação dos medidores eletrônicos da Light. Endividados, usuários pedem providência.
Apesar de muita coisa já ter sido feita desde a aprovação da lei, em 2006 – como a criação de delegacias, de um serviço de atendimento especial e das casas-abrigo –, as taxas anuais de mortalidade por fe-
minicídio (mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero) ainda não reduziram. Pesquisa do Ipea aponta que, ainda no Brasil, a cada hora e meia uma mulher morre por causas violentas.
02 | opinião
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
editorial | Brasil
Novos partidos políticos HÁ, ATUALMENTE, 32 partidos políticos legalizados em nosso país. O número poderá aumentar até o próximo dia 5, data limite para a criação de novos partidos e assegurar suas participações nas eleições de 2014. O Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e o Solidariedade (SDD) obtiveram, na semana passada, os registros no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Está na fila o partido Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva. Mesmo com todas as fragilidades e deficiências da chamada democracia representativa, os partidos políticos são instrumentos importantes na definição de políticas e conquistas democráticas de um país.
Que sejam bem-vindos os novos partidos. Mas, acima de tudo, que seja bem vinda uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, para prover uma profunda reforma eleitoral Sabemos que são abundantes as denúncias de corrupção e da existência de verdadeiras quadrilhas para açambarcar os cofres públicos. Práticas que não poupam nenhum dos três poderes republicanos, inclusive o Judiciário. Porém, a questão não é se este partido é mais ou menos corrupto do que aquele outro. Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC
-SP, é enfático ao defender que a corrupção se combate com um amplo e profundo processo de educação cultural do povo em defesa dos bens públicos e criando instrumentos legais para reprimir os que praticam esses crimes. Há mais de duas décadas, os defensores das políticas neoliberais, tendo o monopólio das comunicações nas mãos, promovem a desmoralização
da política. Enfraqueceram e desmoralizaram os espaços de participação popular na política, nas esferas do Legislativo e Executivo. Por outro lado, fortaleceram a atuação dos órgãos do Estado burguês que vedam a participação popular, como o poder Judiciário, o aparato repressivo, os tribunais de contas e as agências reguladoras. Esses atores políticos são endeusados. Já os partidos políticos, governos e parlamentares são execrados. Não prestam! Para nós, defender e valorizar a atuação partidária não nos exime de fazer crítica e exigir profundas mudanças na legislação partidária do país. A fundação de novos parti-
dos surge desprovida de quaisquer projetos políticos para o país. Parece ser apenas um acerto entre grupos, interessados em se situar melhor no pleito eleitoral do ano que vem. Às vezes, um telefonema de um empresário é suficiente para um parlamentar trocar suas convicções partidárias. Portanto, que sejam bemvindos os novos partidos. Mas, acima de tudo, que seja bem vinda uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, para prover uma profunda reforma eleitoral e tributária. E que promova uma nova lei de comunicação que assegure os interesses do povo e da soberania nacional e não dos barões da mídia.
editorial | Rio de Janeiro
Selvageria e “estado de sítio” contra trabalhadores da educação em greve Latuff
O ESTADO democrático de direito vem sendo violado frontalmente pela ação truculenta da Polícia Militar, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Na noite de sábado (28), certamente a mando do governador Sérgio Cabral, policiais usaram e abusaram de socos, pontapés e gás de pimenta para retirar à força os manifestantes do plenário do Palácio Pedro Ernesto, sede do legislativo municipal. Vale registrar que os policiais que arrombaram o portão lateral da Câmara não tinham sequer mandado de reintegração de posse, conforme exige a lei. A ocupação era um protesto dos profissionais do município contra a votação do Plano de
Redação Rio: redacaorj@brasildefato.com.br
Para anunciar:
(11) 2131 0800
Carreira da categoria, projeto enviado pelo prefeito Eduardo Paes, em caráter de urgência. O problema é que os termos do projeto da prefeitura, na prática, rasgam o acordo costurado com o pessoal da rede municipal. Primeiro porque só beneficia um minúsculo contingente dos profissionais da educação – os que cumprem 40 horas semanais. Depois, porque liquida o princípio da paridade entre ativos e aposentados. O pior, no entanto, ainda estava por vir. Na última segunda-feira (30), a PM distribuiu violência de forma generalizada, seja jogando bombas no acampamento dos professores, seja utilizando gás de pimenta e balas de borracha contra tu-
do e contra todos ou agredindo com cassetetes quem se colocava em seu caminho. O saldo da selvageria impressiona: um professor teve fratura exposta no pé, outro quase viu sua orelha ser decepada, além de muitos feridos e presos. O direito constitucional de ir e vir e as regras inerentes à democracia também foram desrespeitados com o isolamento, através de grades, da sede de um poder constituído, bem como de todas as ruas ao redor. No Rio de Janeiro de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, professor é criminalizado. As normas democráticas são ignoradas como se vivêssemos numa ditadura.
Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo, Gilka Resende, Mariane Matos e Cláudia Santiago (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Pablo Vergara (Rio de Janeiro – RJ), Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Beatriz Calló • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – redacao@brasildefato.com.br • Webmaster: marc@infofluxo.com • Gráfica: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou assinaturas@brasildefato.com.br
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
opinião | 03
Regina Bruno
Tiago Silva
Indignação....
Luiz Carlos de Souza Moreira
Respeitem as instituições PERCEBE-SE, a cada gesto do governo, que ele precisa ser mais firme na condenação às barbáries perpetradas durante a ditadura por uma minoria de militares que, hoje, já na reserva ou reformados, fazem a sua militância política e retrógrada nos clubes de suas respectivas Forças, sobretudo no Clube Militar. A eles manda-se um recado: respeitem as Forças Armadas, por onde passaram bravos companheiros, possuidores de irretocável folha de serviços e que não sujaram suas mãos nas ações da repressão e da tortura. Aos irmãos de armas que estão na ativa, pergunto por que sair em defesa daqueles que foram responsáveis pelas covardes ações de truculência, em que se “executaram presos que já não podiam reagir. Abusaram sexualmente de homens e
mulheres. Estupraram. Decapitaram. Esquartejaram. Ocultaram cadáveres (...)”, como afirma o jornalista Kennedy de Alencar, da Folha de S. Paulo. Muitos dos nossos colegas, à época, jovens oficiais, recém saídos das escolas militares, passaram anos sem liberdade, sob vigilância, impedidos de terem o direito de professar qualquer credo político não afinado com a doutrina de segurança nacional. Os atuais dirigentes dos clubes militares eram oficiais modernos em 1964, recém chegados à vida militar. Com algumas e honrosas exceções, pouco ou nada sabiam sobre o que se passava no mundo. Hoje, já na reserva ou reformados, põemse a fazer “bravatas” tentando afirmar que a luta para que se faça justiça é contra nossas
briosas forças militares. As Forças Armadas “destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, como proclama a Constituição. Portanto, é inaceitável que cerrem fileiras com torturadores e assassinos. Não podem servir a pequenos grupos de velhos golpistas, que ainda sonham com a volta à ditadura. Enganam-se quando pensam que são donos das Forças Armadas, elas são de todos nós, são do povo brasileiro! Desistam, senhores inconsequentes: as Forças Armadas não defenderão aqueles que as desonraram e traíram a nação. Luiz Carlos de Souza Moreira é Capitão de mar e guerra reformado
Vito Giannotti
Lixões são nossa vergonha CALMA, NÃO É SÓ no nosso Brasil que há lixões. Existem milhares em toda a América Latina, na Índia, na África, em Hebron... Mas vamos olhar para o nosso quintal. No Brasil, os lixões compõem uma triste realidade. É normal, sempre foi assim e se a gente não criar vergonha, assim sempre será. Todo mundo já ouviu falar do que foi o maior lixão da América Latina, o lixão de Gramacho, em Caxias – a meia hora do centro da Cidade Maravilhosa. Agora está desativado, seu substituto é o chamado Morro do Céu. Melhor seria chamá -lo Morro do Inferno. Lá, crianças, adultos e terceira idade disputam com ratos, urubus, ca-
chorros, porcos e cavalos e milhões de moscas todo o produto que dá para comer. Produtos vencidos de supermercados são um maná dos céus. Comidos na hora ou vendidos em vendinhas miseráveis, são bem melhores que sacos de restos de comida estragada, podre. Mas isso não é só coisa do Rio. Em Belo Horizonte, há o grande Lixão Cruzeiro. E esse não é nada perto do maior lixão de Brasília, o Lixão da Estrutural, onde milhares de criança em idade escolar vivem e sobrevivem com uma eterna disenteria, ou hepatite, e mais trocentas doenças. Afirma o IBGE que mais de 50% das cidades brasileiras têm
lixões a céu aberto. A última estatística apontava 800 mil pessoas vivendo do lixo. Diz-se que foi decretado por lei que, até 2 de agosto de 2014, não poderá existir mais nenhum lixão deste tipo. Beleza pura. Na lei, também está escrito que todo brasileiro tem direito à vida: moradia digna, alimentação, saúde educação gratuita e até respeito por parte da polícia. Sim, todos têm. Menos os milhares de Amarildos moradores de favelas, caridosamente chamadas de comunidades. Vito Giannotti é escritor e coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC)
NO SÁBADO À NOITE, após arrombar o cadeado da porta central e invadir o salão principal da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde os professores grevistas encontravam-se acampados, a força policial deu início ao ritual de agressões aos manifestantes. Marca registrada de uma polícia que não sabe lidar com mobilizações de rua nem com grupos sociais que reivindicam direitos e ensinam o significado histórico da desobediência civil – condição da construção da cidadania e da recusa à barbárie. A certa altura, um dos policiais se vê face a face com a sua professora. Os dois, atônitos, por um instante se olham e se reconheceram. -“Fulano, sou eu a sua professora! Sou eu! Olhe para mim! -Professora! Por um momento ele não sabe o que fazer e o que dizer. Seguir em frente?! Recuar?! Informá-la que “apenas” cumpre ordens?! Entretanto, o empurra-empurra os arrasta e os separa. A partir daquele instante, desfaz-se a relação professor -aluno cuidadosamente construída na sala de aula e fora dela. Rompe-se e se esgarça essa intrincada, rica, difícil, bela e cansativa vivência cotidiana voltada para a troca de conhecimentos e de aprendizados que possibilita o cultivar dos afetos. Enfraquece os laços de amizade, “condição para a recusa de servir” como nos ensina Marilena Chauí ao refletir sobre o Discurso da Servidão Voluntária de La Boethie. E todos(as), nós também perdemos com isso. A prática policial dessa noite de sábado registrada na mídia mal se distingue e muito se assemelha à violência policial nos momentos de reintegração de posse junto às ocupações de terra e aos assentamentos de reforma agrária.
As reivindicações dos professores e professoras em greve são justas, são legais, são legítimas. Injusta é a Prefeitura do Rio de Janeiro Instaura-se, então, a ilegitimidade do dever policial do Estado. Desordeira foi a polícia porque violenta em nome da ordem. E isso anula a legalidade de sua prática institucional. A classe política, por sua vez, acostumada a conviver tão somente com os lobbies de representantes diretos da elite econômica e patronal que circula cotidianamente os corredores do poder sente medo, sente-se acuada quando se adentram na Câmara Municipal a sociedade civil organizada, os professores, o povo. Igual a Alexis de Toqueville (1805-1859) – aristocrata, normando, pensador e político que em suas Lembranças de 1848, descobre-se apavorado com o fedor, a feiúra e a sujeira da “ralé” parisiense “invadindo” o Parlamento Frances – os políticos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro têm medo dos professores acampados. Têm medo da velha senhora irreverentemente sentada. Têm medo da jovem professora dependurada na amurada de madeira. Têm medo de suas reivindicações e, sobretudo, do modo como professores e professoras se constituem em identidades políticas e em movimentos sociais. As reivindicações dos professores e professoras em greve são justas, são legais, são legítimas. Injusta é a Prefeitura do Rio de Janeiro. Injustas são as instituições públicas responsáveis pela educação no estado e no país. Injustas e imorais. Que venham os sacis-pererês. Que venham os homens-aranha. Que venham todo(as). Regina Bruno é professora da UFFRJ
04 | entrevista
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
Bom Senso FC propõe um futebol melhor para jogadores e torcedores ORGANIZAÇÃO Para o craque Juninho Pernambucano, bons espetáculos, boas ações dentro e fora de campo reforçam a imagem de que o esporte deve ser saudável e correto Marcelo Sadio/vasco.com.br
“Temos o movimento do Bom Senso FC e ele visa somente melhorar o esporte para que todos tirem proveito”
Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ) A divulgação do calendário do futebol brasileiro, pela CBF, para o ano da Copa do Mundo no Brasil, não foi nada benéfica para quem faz o espetáculo. Diante disso, jogadores dos principais clubes brasileiros organizaram o movimento chamado Bom Senso FC, visando participar da elaboração de um calendário que respeite o direito a férias dos jogadores e não os deixe extenuados, como vem ocorrendo este ano. Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o craque Juninho Pernambucano – uma das principais lideranças deste movimento – fala sobre esta iniciativa, o Maracanã, as manifestações no Brasil, o futuro, além da reverência ao Vasco, clube no qual é ídolo. Confira:
“O Vasco se tornou tão importante na minha carreira, principalmente pelos títulos que conquistei no clube”
Brasil de Fato – Mesmo revelado pelo Sport, o que foi determinante para que você tivesse esta relação forte com o Vasco? Juninho Pernambucano – O Sport foi o clube onde dei meus primeiros passos, mas a minha profissionalização e, principalmente, a minha afirmação como jogador de futebol aconteceu no
O meia vascaíno Juninho Pernambucano
Vasco. Por isto, o Vasco se tornou tão importante na minha carreira, principalmente pelos títulos que conquistei no clube. Recentemente, o meia Alex, do Coritiba, teceu críticas à CBF, à Globo e ao calendário do futebol brasileiro. Agora, vocês participam do movimento de jogadores Bom Senso FC. O que pode comentar sobre isto? Acho que o calendário realmente massacra a todos. Isto precisava ser revisto, mas é claro que existem outros interesses quanto a assuntos comerciais e, por isto, deve haver um consenso geral. Mas deve se buscar uma melhoria, porque são muitos jogos na temporada. A qualidade tem baixado. Temos o movimento do Bom Senso FC e ele visa somente melhorar o esporte para que todos tirem proveito, não só os jogadores, mas também torcedores e quem apoia e cobre o futebol. Muita coisa precisa mudar, mas vamos esperar o que pode ser fei-
to para falar mais. Que lições as manifestações, que começaram em junho, deixam ao povo brasileiro e de que formas o futebol pode se inserir nesse contexto? Acho importante a população apoiar a seleção e, da mesma forma, acho que o povo brasileiro está cada dia mais consciente do seu papel. O futebol deve ajudar com posturas profissionais de todos os segmentos. Passamos, assim, organização e profissionalismo. Bons espetáculos, boas ações dentro e fora de campo reforçam a imagem de que o espor-
te deve ser saudável e correto. Esta é uma maneira de nós, jogadores, mostrarmos nossa maneira de corrigir as coisas. Após o gol contra o Fluminense, em sua reestreia, você apontou para as arquibancadas da UERJ, reivindicando aquele espaço para a torcida do Vasco. Você acha que o processo de concessão do estádio, dadas estas distorções, deve ser revisto? Este é um assunto muito político, mas creio que tradição no esporte deve ser respeitada. O Vasco ganhou este di-
reito durante anos e foi desrespeitado. Eu, como atleta, não posso me incluir nesta discussão, mas acredito que o bom senso vai privilegiar a tradição também. Sobre o futuro, você acaba de assinar um contrato com a rádio RMC Sport, da França, para comentar até o final da Copa de 2014. Este é o caminho ou você ainda vislumbra outras possibilidades, como ser treinador, por exemplo? Estou analisando as chances e oportunidades. Faço este comentário para a RMC porque sempre gostei de opinar e falar de futebol dentro e fora de campo. Quanto a treinador, acho algo muito difícil acontecer. Prefiro mesmo, por enquanto, esta outra área que me atrai. Gosto de escrever, debater e escutar opiniões. Marcelo Sadio/vasco.com.br
“Acho importante a população apoiar a seleção e, da mesma forma, acho que o povo brasileiro está cada dia mais consciente do seu papel”
FATOS EM FOCO
Estupro em Niterói Estudante de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense foi raptada e estuprada após deixar o campus Gragoatá. Abordada por uma Kombi por volta das 20h30, a aluna da universidade foi dopada e acordou no dia seguinte na praia de Charitas. O caso, que já é o segundo na região só este ano, aconteceu no início do mês passado, mas só foi divulgado esta semana.
Menina encontrada morta No último domingo (29), uma criança de 9 anos foi encontrada morta em um terreno baldio na Rocinha. A menina Rebeca Carvalho estava em uma festa perto de sua casa quando desapareceu. Além do abuso sexual, o laudo médico apontou que ela foi esganada até a morte. A Divisão de Homicídios do Rio segue investigando o acontecimento.
Policial forja flagrante Jovem é detido em manifestação, na última segunda-feira (30), após policial forjar flagrante. No vídeo, divulgado pelo Globo, o policial aparece dando voz de prisão ao manifestante por está supostamente portando três morteiros. Mesmo com o protesto de outros manifestantes que acompanhavam o acontecimento, os policiais conduziram o garoto algemado para a delegacia. Em nota, o comando da PM afirmou que abriu uma sindicância para analisar as imagens.
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
cidades | 05
Violências contra professores serão denunciadas internacionalmente Pablo Vergara
DIREITOS HUMANOS Denúncias sobre violência estatal serão levadas à ONU e à OIT Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ) As organizações Justiça Global e Instituto de Defensores de Direitos Humanos pretendem denunciar internacionalmente a violência das forças de segurança estatais do Rio de Janeiro contra os profissionais da educação e seus apoiadores. As informações devem ser levadas à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e à Organização das Nações Unidas (ONU). O recolhimento de depoimentos começará na próxima assembleia da categoria, marcada para esta sexta-feira (5). “A situação vivida pelos professores foi um in-
cremento da violência policial que a população tem vivido desde as manifestações de junho. Foi emblemático. Além do direito à livre manifestação, o direito constitucional à greve foi ferido”, constatou a advogada da Justiça Global, Alexandra Montgomery. Todas as denúncias serão consideradas. “Na nossa leitura é uma questão de direitos humanos. Não pretendemos reforçar a ideia de fazer filtros entre bons e maus, vândalos e pacíficos. Essa é uma maneira de disputar as pessoas que estão nas ruas, de dividir quem está protestando, de jogar um grupo contra outro”, avalia Alexandra.
A ação, que incluía a Tropa de Choque, deixou ao menos 23 feridos e 17 detidos
Repressão: spray de pimenta, batidas de cassetetes e bombas de efeito moral contra professores
Houve repressão com spray de pimenta, batidas de cassetetes e bombas de efeito moral du-
rante toda a terça-feira (1). O conflito varou a noite, com mais repressão da polícia mili-
Prefeito sanciona Plano de Cargos e Salários
tar contra os manifestantes. A ação, que incluía a Tropa de Choque, deixou ao menos 23 feridos e 17
detidos. Revoltados, parte dos manifestantes promoveu quebra-quebra pela cidade. Antes mesmo desses episódios, Alexandra conta que ofícios questionando a truculência policial já tinham sido enviados ao Ministério da Educação (MEC) e à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. “Com o conhecimento, os órgãos internacionais poderão cobrar que o governo brasileiro responda ao mundo sobre o que se passa aqui”, destaca.
Plano aprovado exclui 94% da categoria Sepe recebeu texto apenas um dia antes da votação
Tomaz Silva/ABr
Aprovação do texto é questionada na Justiça do Rio de Janeiro (RJ) O novo Plano de Cargos e Salários dos profissionais da Educação foi publicado no Diário Oficial do Município nesta quarta-feira (2). O prefeito Eduardo Paes (PMDB), que tinha pelo menos 15 dias para sancioná-lo, o fez no mesmo dia. Enquanto isso, vereadores de oposição se organizavam para solicitar a anulação da sessão parlamentar que apro-
O prefeito Eduardo Paes
vou o projeto. A ação foi levada ao Tribunal de Justiça a fim de invalidar as duas votações desta terça-feira (1), por terem ocorrido “em meio a grande tumulto”. Assinam o documento: Renato Cinco, Eliomar Coelho, Paulo Pi-
nheiro, Jefferson Moura, todos do Psol; Reimont (PT); Leonel Brizola Neto (PDT); Márcio Garcia (PR); Verônica Costa (PR) e Teresa Bergher (PSDB). Em protesto contra a forma como foi conduzida a tramitação, esses parlamentares abandonaram
o plenário. O uso do gás lacrimogênio foi tanto que o cheiro pôde ser sentido no plenário, segundo nota dos vereadores. Ao som de bombas que estouravam do lado de fora, o texto foi aprovado com 36 votos a favor e três contra. “Foi um processo totalmente autoritário. Não condiz com um governo que se diz democrático”, aponta Alex Trentino, diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ). Os vereadores que tentam anular a decisão alegam, ainda, que o artigo 61 da Lei Orgânica foi desrespeitado. Esse determina que as sessões da Câmara sejam abertas ao público. (GR)
do Rio de Janeiro (RJ) “Apenas os professores de regime de 40 horas receberão todos os benefícios. Esses representam apenas 6% da categoria”, reclama o sindicalista Alex Trentino. De acordo com ele, a própria Secretária de Educação, Cláudia Costin, chegou a admitir que não haveria orçamento caso os profissionais com cargas horárias de 16, 22,5 e 30 horas também fossem incluídos. “Esse regime exige dedicação exclusiva, mas os professores e enfermeiros são os únicos que podem ter mais
de um vínculo empregatício. Sabe qual foi a solução? Fazer a exoneração de uma das matrículas para adesão às 40 horas. Isso é um projeto de demissão voluntária”, protesta. A prefeitura garante que, com o projeto aprovado, a categoria receberá um reajuste salarial imediato de 15,3%. No entanto, o Sepe-RJ exigia um aumento de 19%. Entre outros pontos, a categoria cobra que um terço do tempo dos professores seja voltado para planejamento de trabalho, segundo consta no Plano Nacional de Educação (PNE). (GR)
06 | cidades
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
Movimentos sociais repudiam tortura contra Amarildo Tomaz Silva-ABr
VIOLÊNCIA Para o Andre Constantine, do movimento Favela Não Se Cala, o mais importante é que sejam indiciados o governador e o secretário Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) assassinaram o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza com choques elétricos e asfixia por saco plástico. É o que aponta a investigação da Divisão de Homicídios, que resultou no indiciamento de nove policiais militares e do Major Edson Santos. Amarildo, que sofria de epilepsia, não suportou a tortura ocorrida dentro de um contêiner da UPP da Rocinha. Conforme o inquérito, os policiais usaram técnicas de tortura para interrogar Amarildo. Eles queriam saber localização de armas e o paradeiro de traficantes que atuavam na parte baixa da Rocinha.
A investigação também mostrou que outros três moradores também sofreram tortura na mesma unidade policial.
“Hoje, todo mundo que mora em comunidade é tratada como bandido, sendo que 99% são trabalhadores” Para o morador da Babilônia, Andre Constantine, do movimento Favela Não Se Cala, a prática de tortura por policiais militares não é nenhuma novidade nas comunidades do Rio. “Isso não é nenhuma novidade. O que é novo é que ocorre dentro da polícia denominada pacificadora”, disse. “A
Contêineres na UPP da Rocinha, que seriam usados para tortura
PM foi criada no Império para caçar e prender os escravos. Com o golpe militar, essa policia se aperfeiçoou na técnica da tortura”, completou. Além do processo contra os policiais militares, Constantine defendeu o indiciamento do governador Sérgio Cabral (PMDB) e do Secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame. “O mais importante
é que sejam indiciados o governador e o secretário. Senão, a gente comete o mesmo erro que aconteceu no caso do Massacre do Carandiru, em que os policiais foram condenados, mas os mandantes ficaram impunes”, criticou. Segundo a moradora do Cantagalo, Deise Carvalho, da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência a tru-
culência da polícia virou rotina em comunidades com UPPs. “Hoje, todo mundo que mora em comunidade é tratada como bandido, sendo que 99% são trabalhadores. Já presenciei muito morador levando choque, spray de pimenta, gás lacrimogêneo. Coisas que os moradores não estavam habituados e passaram a conviver 24 horas por dia”, contou.
Ato-show critica leilão de Libra ENERGIA Praça XV no Rio de Janeiro será palco de um evento contra as privatizações do Petróleo Samuel Tosta
do Rio de Janeiro (RJ) Na próxima quintafeira (3), aniversário de 60 anos da Petrobras, será realizado o Ato-Show “Não ao Leilão de Libra”, no Rio de Janeiro. A partir das 16h, a Praça XV será palco de um grande show que vem para fortalecer a luta contra o leilão do campo de Libra, previsto para ocorrer dia 21 deste mês. O evento é uma realização do Sindipetro-RJ em conjunto com os movimentos sociais que cons-
troem a Campanha “O Petróleo tem que ser nosso!”. Para pressionar pelo cancelamento deste leilão, grandes artistas da cena carioca e nacional estarão presentes no Ato -Show, organizado em praça aberta, de graça, que terá Paulo Betti como mestre de cerimônias. As atividades começam com forró ao som do grupo Sanhauá e de Sergival. Logo depois, uma roda com os bambas do samba Paulão 7 cordas, Dunga, Wilson Moreira, Toninho Geraes, Noca
da Portela, e a revelação da MPB em 2013, Mariene de Castro. A manifestação cultural também conta com participação do sempre incrível Jards Macalé. Nos intervalos, a Bateria de mulheres “Saias na Folia” e a Bateria do Dendê mantêm o ritmo e alto nível. O rock eclético, inventivo e crítico da banda El Efecto chega ao grande público depois de estrondoso sucesso na internet e nos meios undergrounds. (VV)
Manifestação na Petrobras: ato contra o leilão será na Praça XV
FATOS EM FOCO
Recurso negado Recurso que pedia retomada da CPI dos ônibus foi negado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (2). Desde o dia 17 de setembro, a comissão está suspensa devido à acusação de não respeitar a proporcionalidade de partidos e blocos parlamentares entre governo e oposição. O desembargador Agostinho Teixeira voltou a afirmar que “subsiste fundada dúvida sobre a validade da composição da CPI”.
Operação no Complexo do Lins Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), juntamente com agentes da Polícia Federal, chegam ao Complexo do Lins para inserção da UPP. Operação iniciada na madrugada desta terçafeira (1º) tem previsão de instalação das Unidades Pacificadoras até domingo (6). Até quarta-feira (2) à noite, dois homens haviam sido mortos durante a ação.
Cordão de isolamento no palácio da Guanabara Servidores da saúde do estado fizeram uma passeata, na tarde de quarta-feira (2), reivindicando melhores condições de trabalho e salário. O grupo saiu do Largo do Machado, no Catete, em direção ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, mas foi impedido de chegar à sede do governo estadual devido ao cordão de isolamento feito pela Polícia Militar.
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
SINDICAL
Greve dos bancários já é a maior em 20 anos A paralisação nacional da categoria chegou, nesta quarta-feira (2), ao 14º dia com 11.156 agências e centros administrativos de bancos fechados em todo o país. “Essa já é a maior greve da categoria dos últimos 20 anos”, afirma Carlos Cordeiro, coordenador do Comando Nacional dos Bancários. O sindicalista ressalta que, diante da recusa dos banqueiros em apresentar uma proposta que contemple aumento real, valorização do piso, mais contratações, melhores condições de trabalho, mais segurança e igualdade de oportunidades, os bancários estão indo às ruas em manifestações e passeatas. A greve foi deflagrada no dia 19 de setembro. No primeiro dia, foram fechadas 6.145 agências e departamentos nos 26 estados e no Distrito Federal. Nesses 13 dias em que os banqueiros sustentaram a intransigência, a greve cresceu 79,2%.
Audiência pública sobre o PL da Terceirização Está marcada para a próxima segunda-feira (7), às 14h, uma audiência pública sobre o Projeto de Lei 4330/04, o PL da Terceirização. O evento acontecerá no Auditório Nelson Carneiro, Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Praça XV. Centrais sindicais são contrárias ao texto. Dizem que, em caso de aprovação, haverá perda de direitos e mais precarização trabalhista.
cidades | 07
Medidores da Light aumentam preço da luz em Vigário Geral Pablo Vergara
ENERGIA Para Ministério Público, novo sistema não é confiável
“Fizemos empréstimos para quitar as contas de luz. Agora, quando recebo, o banco já desconta tudo”
Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) “Temos luz, mas estamos no escuro. Só falta ter de voltar a usar vela novamente”, lamenta o aposentado Gelson dos Santos, 81 anos. Desde que os medidores eletrônicos da Light foram instalados, o seu salário já não é mais suficiente para pagar as despesas do mês. “Fizemos empréstimos para quitar as contas de luz. Agora, quando recebo, o banco já desconta tudo”, explica Seu Gelson, que se endividou para continuar tendo energia.
Para o aposentado Gelson dos Santos, “temos luz, mas estamos no escuro”
Nascido e criado em Vigário Geral, ele viu o valor da conta de luz dobrar em setembro de 2011, quando os medidores com chip foram instalados. Acostumado a pagar menos de R$100, sua
Resistência começou em Vigário Geral do Rio de Janeiro (RJ) Os medidores digitais começaram a ser instalados na Baixada Fluminense, nos municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, e também na zona oeste, na Barra da Tijuca. Só depois começaram a funcionar em Vigário Geral e Jardim América. “Aqui que começou a briga, lá na Baixada não houve resistência”, revela o presidente da Associação de Moradores e Amigos de Vigário Geral (Amavig), João Ricardo Serafim. “O seu Gelson é apenas uma das pessoas que teve um super aumento nas contas de luz. Assim como outras pesso-
as, ele entrou com ação individual contra Light. Desde que ingressamos na justiça, eles não estão mais instalando medidores eletrônicos em Vigário Geral”, explica João Ricardo. Esses medidores também foram instalados em comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP): Santa Marta, Complexo do Alemão, Chapéu Mangueira, Vila Cruzeiro, Caixa D´água, Cantagalo e Rocinha. “Em audiência pública da Light, foi dito que a medição eletrônica é uma tendência nacional, que deve ser implantada em cinco anos”, alertou João Ricardo. (VV)
conta saltou para R$239. Em março de 2012, por exemplo, desembolsou R$ 460, muito acima de sua média histórica. Em 2013, as contas baixaram um pouco, mas não são menores que R$250.
Ameaçado pela Light de ficar sem energia elétrica, senhor Gelson pegou dinheiro emprestado com seus familiares e amigos para quitar as dívidas. Depois começou a pegar empréstimos.
“Agora meu salário dura apenas dois dias. Antes, eu ficava sem dinheiro apenas no final do mês”, relata o aposentado. Para tentar reverter essa situação, ele procurou o judiciário no início deste ano. Por meio da defensoria pública, ele pede a revisão dos valores e danos morais. “A casa fica sempre no escuro porque estamos fazendo muita economia. Mais economia que isso, só voltando a usar vela”, descreve Isabel dos Santos, filha de Gelson.
Ação do MP quer a volta dos medidores analógicos MP suspeita que haja falha na medição do Rio de Janeiro (RJ) O Ministério Público (MP), através de uma ação civil pública, questiona a implantação dos medidores eletrônicos no Estado do Rio de Janeiro. O promotor Carlos Andresano argumenta que o serviço digital não apresenta segurança para os consumidores. Na ação, ele pede que os medidores eletrônicos sejam trocados por relógios antigos. “A gente não quer o atraso, quer o progresso, mas o aparelho precisa corresponder à realidade”, disse. “Documentos com-
provaram que houve um aumento expressivo das contas, sem justificativa, e isso serviu de base para a ação”, disse Andresano. Segundo ele, os medidores ainda estão sendo experimentados e a Light precisa apresentar provas de que o sistema é confiável. “A empresa implantou onde acha que não vão reclamar: nas comunidades, na casa da pessoa que mora em um bairro carente. Porque não colocou medidor eletrônico para todo mundo? Na Viera Souto e na Delfim Moreira não tem medidor eletrônico”, aponta o promotor. (VV)
SERVIÇO Sua conta aumentou depois da instalação do medidor eletrônico? 1 Procure o Ministério Público (Rua Rodrigo Silva, 26, 7º andar), acesse o site www.mprj.mp.br, ou ligue para 127. 2 Procure a Defensoria Pública. (Avenida Marechal Câmara, 314). 3 Procure o Juizado Especial Cível mais próximo do seu bairro.
08 | cidades
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
Maior reserva de petróleo do país em mãos estrangeiras Samuel Tosta
SOBERANIA Leilão de Libra está marcado para o dia 21 de outubro Pedro Rafael de Brasília (DF) O governo brasileiro está perto de repassar para empresas estrangeiras uma das mais importantes descobertas no setor energético das últimas décadas. O campo de Libra, na camada pré-sal, bacia de Santos, é simplesmente a maior reserva de petróleo confirmada no Brasil. Possui entre 8 e 12 bilhões de barris de óleo. Há quem estipule um rendimento de até 15 bilhões, o que superaria o volume de reservas já provadas em toda a história do país. Essa grandeza deverá ser leiloada daqui no dia 21 de outubro. Ao todo, concorrem 11 petroleiras, inclusive a própria Petrobras e gigantes como a China National Corporation (CNC), Shell, Repsol e Ecopetrol. Outra novidade é que será o primeiro leilão do petróleo sob a lei 12.351/2011, que criou o sistema de partilha de produção do petróleo, em que há maior controle e arrecadação do Estado. Nesse modelo, a Petrobras entra com participação obrigatória em pelo menos 30% da reserva. Porém, movimentos sociais e organizações de trabalhadores de todo o país se movimentam contra o leilão de Libra, por considerarem área estratégica e de relevante interesse público. Localização O campo de Libra está afastado a 138 km do litoral brasileiro. É menos da metade da distância de Tupi, que tem entre 5 a 8 bilhões de barris de reserva e fica a 300 km da costa.
“Esse campo [Libra] tem petróleo da melhor qualidade, é quase um óleo refinado, e vamos colocar nas mãos das transnacionais?”, questiona Abílio Tozini, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Especialistas consideram que essa área tem as características para ser decretada como estratégica, em que a União é obrigada a contratar diretamente a Petrobras, sem leilão, para operação total da reserva. A justificativa está na própria lei 12.351, em que área estratégica é descrita como “região de interesse para o desenvolvimento nacional [...], caracterizada pelo baixo risco exploratório e elevado potencial de produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos”.
Ao todo, concorrem 11 petroleiras, inclusive a própria Petrobras Para o engenheiro Paulo Metri, um dos maiores especialistas do país no tema, são requisitos mais do que evidentes. “Parece que quem redigiu a lei estava se referindo justamente ao campo de Libra”, aponta. Apesar disso, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) vai levar adiante o leilão. Em resposta ao Brasil de Fato, a assessoria do órgão se limitou a dizer que a Resolução 4/2013 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autoriza a medida.
Manifestantes acampam diante da sede da Petrobras no Rio de Janeiro
Protestos se intensificam Mais de 80 organizações alertam que o processo é prejudicial para o país Patrícia Benvenuti da Redação Além de acampamentos no Rio de Janeiro e em Brasília, os movimentos vêm realizando paralisações e atos públicos com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a proximidade do leilão. A principal reivindicação é o seu cancelamento. Em uma carta entregue à presidenta Dilma, mais de 80 organizações alertam que o processo será vantajoso apenas para as companhias transnacionais. O campo de Libra possui 1.458 km², uma área um pouco maior do que a cidade do Rio de Janeiro, que conta com 1.260 km². Seu valor estimado é de R$ 3 trilhões. Sozinho, equivale a mais de 80% de todas as reservas provadas da Petrobras descobertas ao longo dos 60 anos de atuação da empresa. Prejuízos O argumento do gover-
O campo de Libra possui
1.458 km², uma área um pouco maior do que a cidade do Rio de Janeiro, que conta com
1.260 km², Seu valor estimado é de
R$
3
trilhões no em defesa do leilão de Libra é que sua exploração renderá recursos que serão usados nas áreas de Educação (75%) e Saúde (25%). Só que esses números são bastante traiçoeiros. A porcentagem não é em cima do todo, mas apenas em cima de 15% de cada barril extraído, já que este é o montante que, de acordo com o mo-
delo de partilha, a empresa vencedora deve destinar ao poder público. Mais do que isso, como alerta o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST), João Pedro Stedile. A certeza de que esses 15% sejam aplicados
na prática em melhorias para a população cai para 5% quando levarmos em conta que este é o montante que corresponde diretamente à União, enquanto os outros 10% serão divididos entre estados e municípios, a princípio isentos da mesma obrigação.
Para EUA, pré-sal está em águas internacionais da Redacão Pouco se fala sobre o assunto, mas uma questão geopolítica ligada à exploração do pré-sal é a localização das reservas. A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar estipula uma distância de até 188 milhas (300 km) como zona comercial exclusiva do país fronteiriço.
Esse tratado multilateral já foi ratificado pela maioria dos países, inclusive o Brasil, mas os EUA não são signatários e, portanto, não reconhecem esse direito internacional. Para a maior potência militar do planeta, o direito exclusivo estaria limitado a 12 milhas (19,2 km). No caso brasileiro, essa faixa excluiria quase todos os poços marítimos. (PR)
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
brasil | 09
Só a Lei Maria da Penha não é suficiente Brasil de Fato
VIOLÊNCIA De acordo com o Ipea, a cada hora e meia, uma mulher morre vítima de conflito de gênero no Brasil
“Há estudos internacionais que mostram que no momento em que a mulher recebe algum tipo de medida protetora, às vezes, o agressor revida mais agressivamente”
Simone Freire da Redação A violência contra a mulher no Brasil é um fenômeno complexo e multidimensional, que abarca consequências psíquicas, sociais e econômicas. Mesmo diante de tal complexidade, apenas nos últimos anos a problemática tem conseguido alcançar a luz do poder público. Um marco deste processo foi a criação da lei conhecida como Lei Maria da Penha, que prevê a criação de mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. De acordo com pesquisa, o Brasil é o
7ºpaís do mundo em números de feminicídios – mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero No entanto, dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que, no período de 2001 a 2011, ocorreram mais de 50 mil feminicídios (mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero). Ou seja, ainda ocorrem cerca de 5 mil mortes de mulheres por ano, o mesmo que dizer que “a cada hora e meia uma mulher morre no país por causas violentas”.
Negras e pobres Segundo a mesma pesquisa, 61% dos óbitos femininos no país, nestes últimos dez anos, foram de mulheres negras e pobres, com baixa escolaridade - 48% delas com 15 ou mais anos de idade tinham até oito anos de estudo. Um outro estudo, o Mapa da Violência 2012, indica que, de 1980 a 2010, foram assassinadas no país, em média, 91 mil mulheres. Os dados colocam, inclusive, o Brasil em sétimo lugar no ranking dos países onde mais ocorrem feminicídios. O estudo do Ipea também comparou os dados da mortalidade feminina antes e depois da vigência da Lei Maria da Penha. Em sua conclusão, o instituto avalia que “não houve impacto, ou seja, não houve redução das taxas anuais de mortalidade”. Entre 2001 e 2006 (anteriores à lei), as taxas de mortalidade por 100 mil mulheres foram de 5,28. Já nos anos posteriores (2007 a 2011) as taxas foram de 5,22. Segundo Leila Posenato Garcia, técnica do Ipea, mesmo com esta
Desde a promulgação da Lei Maria da Penha, a quantidade de relatos de agressões contra as mulheres por meio do serviço “Ligue 180” cresceu
600% constatação, não se pode desqualificar o avanço que a Lei Maria da Penha significa para o combate à violência contra a mulher no país. “Com a criação desta lei, muita coisa importante aconteceu: a criação das delegacias, um serviço de atendimento especial, as casas-abrigo. Muito se avançou nesta área. Só que a gente esperava que, com ela, tivéssemos impacto na redução das mortes também”, explica. Insuficiente Um dos principais méritos da Lei Maria da Penha foi quebrar com o ditado de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Está é a avaliação da coordenadora da organização não-governamental Ca-
tólicas pelo Direito de Decidir, Rosângela Aparecida Talib. Não à toa, desde a promulgação da lei, a quantidade de relatos de agressões contra as mulheres por meio do serviço “Ligue 180” cresceu 600%. No ano passado, foram 88 mil relatos de agressão contra pouco menos de 13 mil, seis anos atrás. Mas, o atual aparato institucional e o aumento do número de denúncias têm se mostrado insuficientes para sanar esse problema tão com-
Entre 2001 e 2011,
61% dos feminicídios foram contra mulheres negras e pobres plexo. Rosângela relembra que “mesmo com denúncia, a gente tem visto que quando a mulher vai à delegacia e faz a denúncia e consegue a medida protetora, ainda acaba sendo assassinada”.
A técnica do Ipea vê a questão sobre o mesmo prisma. “Há estudos internacionais que mostram que no momento em que a mulher recebe algum tipo de medida protetora, às vezes, o agressor revida mais agressivamente. O fato de a mulher registrar denúncia causa uma forma de agressão mais violenta”, explica. Para Leila, a lei não é suficiente e se mostra essencial que exista todo um arcabouço que dê sustentação a ela, principalmente em relação ao investimento, uma vez que não adianta ter “uma delegacia que não está equipada; ter um policial que está lá atendendo, mas não está treinado; ou ter um mecanismo legal, mas que não funciona da maneira adequada”.
CPMI DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Com pouco mais de um ano de trabalho, a comissão formada por 11 senadores e 11 deputados propôs 13 projetos de lei para aumentar a efetividade da Lei Maria da Penha. Entre eles, • o que inclui a discriminação de gênero nas razões do crime de tortura; • o que prevê inserir acompanhamentos psicológicos e cirurgias plásticas reparadoras às vítimas nas diretrizes e princípios do SUS; • um outro que permite às mulheres vítimas de violência receber da Previdência uma ajuda temporária decorrente de risco social; • um que aumenta a exigência de rapidez na análise do pedido de prisão preventiva para os agressores; • e um que, no caso de óbito, prevê a inclusão da figura do “feminicídio” no Código Penal. (SF)
10 | mundo
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
EUA obrigam funcionários a ficar em casa sem receber Pete Souza/White House
ORÇAMENTO Com fechamento de governo, 800 mil funcionários públicos federais “não-essenciais”, forçosamente, foram postos em licença não-remunerada da Redação O governo dos EUA iniciou, na terça-feira (1º), uma paralisação parcial do setor público pela primeira vez em 17 anos, colocando cerca de 800 mil funcionários públicos em licença não-remunerada. Tudo porque o Congresso não conseguiu entrar em acordo para aprovar o orçamento do ano fiscal de 2014. Os Republicanos se posicionaram dizendo que só aceitaram o orçamento dos Democratas sob uma condição: uma moratória de
um ano para o chamado Obamacare, a lei de reforma da saúde promulgada em 2010. Desde que o sistema moderno de orçamentos para o governo foi aprovado, em 1976, houve 17 fechamentos, com durações entre um e 21 dias. Paralisações ocorrem quando o Congresso não chega a um acordo sobre um projeto de financiamento da administração (que pode ser para o ano fiscal - de 1º de outubro a 30 de setembro ou para parte do ano) ou, como aconteceu quando Bill Clinton era presi-
mem o pagamento depois que o governo reabrir.
Obama em reunião com sua equipe para discutir o fechamento do governo estadunidense
dente, o chefe de Estado o veta. Desse modo, a administração não tem autorização legal para gastar dinheiro. Assim, o governo é obrigado a parar de prover todos os serviços considerados “não-essen-
ciais”. Basicamente, a administração não tem autorização legal para pagar suas contas internas e, por isso, apenas atividades como as de policiais, bombeiros, médicos, correios, Forças Armadas, tráfego aéreo e sis-
tema penal continuam a ter fundos para funcionar. Os funcionários não podem se oferecer para trabalhar sem receber: uma lei federal do século 19 proíbe esse tipo de voluntariado para que os empregados não recla-
Teto da dívida A paralisação, entretanto, pode ser o prelúdio de situação muito mais grave esperada para o meio de outubro quanto ao teto da dívida estadunidense. Por volta do dia 17, o Tesouro dos EUA fica perto de não ter dinheiro para pagar as contas externas, a menos que o Congresso vote por permitir novos empréstimos. Os republicanos se recusam a elevar o teto da dívida pública, ou seja, a quantidade de dinheiro que o país pode pagar e pedir emprestado aos mercados financeiros, permitindo que o Tesouro contraia novos débitos. Isso pode causar, pela primeira vez, a inadimplência dos EUA. (com Opera Mundi)
Fim de apoio internacional a opositores é necessário para a paz, diz Assad SÍRIA Em entrevista ao canal TeleSUR, presidente da Síria voltou a negar que seu governo tenha usado armas químicas Reprodução
da Redação Em entrevista ao canal TeleSUR, no último dia 25, o presidente da Síria, Bashar al Assad, disse que uma saída para a crise de seu país passa antes pelo fim do apoio aos grupos armados opositores por outros países. O chefe de Estado não descartou a hipótese de os Estados Unidos empreenderem uma ação militar contra seu país no futuro, mesmo que por outra razão que não seja uma represália pelo ataque de armas químicas ocorrido em agosto, nos arredores de Damasco, que supostamen-
A “história prova” que os EUA sempre “criarão um pretexto” para a guerra, se esta tiver como objetivo atender aos interesses estadunidenses em determinada região te matou cerca de 1.400 pessoas – os EUA acusam o governo sírio, que nega a acusação e culpa a oposição.
Segundo o presidente, a “história prova” que os EUA sempre “criarão um pretexto” para a guerra, se esta tiver como objetivo atender aos interesses estadunidenses em determinada região, citando como exemplo a América Latina durante o período da Guerra Fria. Segundo Assad, para que a paz seja alcançada, é “inevitável” um diálogo entre “todas as partes sírias” em conflito. “Para uma ação política, é necessário primeiro o fim do terrorismo e do fluxo de terroristas dos países vizinhos, assim como o fim do apoio a esses terro-
ristas, seja logístico ou com dinheiro e armas”, disse. “Não se chegará a um resultado prático se não for interrompido o apoio ao terrorismo.” O presidente voltou a negar que seu governo tenha usado armas químicas e acusou os rebeldes que querem derrubá -lo. “Todas as provas indicam que foram os terroristas que usaram as armas químicas na periferia de Damasco”, disse, após afirmar que “todos os indícios” mostram que seu governo “não as utilizou” e que aqueles que têm “interesse” em fazê -lo “são os terroristas”. (do Opera Mundi)
O presidente da Síria, Bashar al Assad, concede entrevista à TeleSUR
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
cultura | 11
Em Madureira, o viaduto mais ‘charmoso’ do Rio de Janeiro Isabela Kassow/Diadorim Ideias
TRADIÇÃO Baile promove black music no subúrbio carioca há mais de 20 anos Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ) Negra, cabelo black power pintado de loiro, salto alto, blusa rosa neon e calça com estampa de onça. Ela se maquia enquanto aguarda a fila para compra de ingressos. Um pouco depois, um rapaz usa um boné bem folgado, quase caindo da cabeça, e completa o visual com tênis coloridos. O charme, além de ser o ritmo da noite, está no estilo dos que frequentam o baile que ocorre todo sábado, em-
Baile Charme no Dutão, animação debaixo do Viaduto Negrão de Lima, em Madureira
baixo do Viaduto Negrão de Lima, em Madureira. “Gosto das roupas e cabelos. É muita produção! Ficam lindos, tanto os homens como as mulheres”, comenta Samira Ribeiro, de 32 anos, que vende caldos como mocotó, vaca atolada e bobó de camarão em bar-
raquinha bem próxima ao evento. “O pessoal costuma parar aqui antes e depois do baile”, conta Samira, que um dia não resistiu, pediu folga e atravessou a rua. “Só fui essa vez. Me diverti muito”, relembra. Outros ambulantes vendem mais tipos de
comida e também bebidas, formando o local de concentração do público. É lá que começa o desfile das charmeiras e charmeiros. A maioria tem entre 18 e 35 anos, mas a atração segue atraindo veteranos. “Não tenho tantas roupas assim. Sempre dou
uma incrementada com algum acessório ou peça que eu mesma faço”, afirma Stethany Gomes, de 19 anos, ao mostrar um colete que chama atenção por ter várias “frases de épocas de revolta”. “A vida já não é fácil, ainda mais com filhos. Tudo fica mais compli-
cado. Então, olha aqui, escrevi ‘nunca desista’”, aponta a jovem mãe de duas crianças. Stethany integra um grupo feminino de rap. “Além de ser formado apenas por mulheres, todas elas são negras. Quem sabe um dia a gente se apresenta no baile?”, projeta.
O baile é uma expressão Influência cultural x imposição da indústria da periferia carioca De dezenas de CDs, os artistas brasileiros estão em apenas quatro coletâneas do “Dutão Black Nacional” do Rio de Janeiro (RJ) As caixas tocam alto e animam a plateia com rap, soul, funk estadunidense e músicas de variados ritmos e cantores em versão remix. No próprio baile, é possível comprar CDs de artistas clássicos como James Brown e Marvin Gaye, como também de famosos mais recentes: Rihanna, Beyoncé, Alicias Keys, dentre outros. De dezenas de CDs, os artistas brasileiros estão em apenas quatro coletâneas do “Dutão Black Nacional”. Robson da Silva, o Rob Brown, se divide
No próprio baile, é possível comprar CDs de artistas clássicos como James Brown e Marvin Gaye, mas também de famosos recentes como Rihanna, Beyoncé etc entre a arte e o trabalho numa pizzaria. Ele não vê problemas de os bailes tocarem músicas estrangeiras, pelo contrário, desde pequeno de-
monstra que essas influências foram importantes para sua música e dança. No entanto, acredita que se deveria dar mais atenção aos artistas locais, que “não são reconhecidos”. “Estou nessa desde os 15 anos. Hoje tenho 36. É muito difícil para quem não ganha ‘apadrinhagem’. É sempre aquela: se não tem empurrão, ao balanço não vai”, relata. Mas Rob Brown segue na batalha e se diz animado. Em breve, “se tudo der certo”, gravará sua primeira faixa em um álbum ainda em processo de produção. (GR)
A grande maioria dos frequentadores é de uma população negra moradora do bairro e de seu entorno do Rio de Janeiro (RJ) Considerado um patrimônio cultural carioca, o charme de Madureira acontece há mais de 20 anos. Como ponto turístico, ainda que cheguem taxis com moradores da zona sul ou visitantes estrangeiros, a grande maioria dos frequentadores é de uma população negra moradora do bairro e de seu entorno. Sob uma enorme estrutura de concreto armado, o número de pessoas dançando cresce a cada minuto. São 20, 30 delas unidas pelos mesmos passos marcados. Para aprender as coreografias, alguns dizem que
costumam observar clipes de música. Outros garantem que a frequência assídua no baile faz tudo ficar quase que natural. “Essa dança é mais sofisticada. O brega é puxado, se rebola mais”, compara a baleira Marlene Campos, que chegou do Pará há 23 anos. Aos 56, ela bate cartão na porta do baile. “E não fico sem movimento. Isso aqui é muito da cidade. Eu gosto mesmo é de trabalhar na madrugada!”, exclama a ambulante. E porque escolheu vender drops de balas e chicletes aqui? “São mercadorias mais fáceis de carregar”, explica Marlene. “E que ser-
vem para tirar o gostinho da cachaça. Vai que rola?”, completou a charmeira Renata Castro, de 23 anos, demonstrando que, além de muita música e dança, baile charme tem espaço para as paqueras. (GR)
SERVIÇO BAILE CHARME NO DUTÃO Endereço: Viaduto Negrão de Lima, S/n, Madureira Dia: Sábado, das 22h às 5h Valor de entrada: R$5 (F) e R$10 (M) Balde com 10 latinhas de cerveja: R$ 35
12 | cultura
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
Com vocês, a Comédia Getulio Ribeiro/EncontrArte Teatro
ARTE Principal homenageado de festival é Chico Anysio Mariane Matos do Rio de Janeiro (RJ) Nesta semana, um dos maiores encontros de teatro do Rio de Janeiro, o Encontrarte - Encontro de Artes Cênicas da Baixada Fluminense, é atração em Nova Iguaçu. A programação do evento, que fica em cartaz até sábado (5), inclui 17 espetáculos e diversas oficinas culturais. Em sua 12ª edição, o festival conta com a apresentação dos principais
grupos teatrais do estado. Um programa para toda a família, com atrações tanto para o público adulto quanto para o infantil. O foco deste ano é a Comédia e tem como grande homenageado o humorista Chico Anysio. E também outros atores como Miguel Falabella, Tássia Camargo e o ator e diretor José de Brito. “Nosso maior objetivo é sedimentar a economia criativa, já que os principais grupos oriundos da
Baixada não encontram espaço na cena cultural”, afirma Claudina Oliveira, uma das organizadoras do Econtrarte. Ela conta que a ideia central do projeto, nascido da luta dos grupos da região por espaço nos palcos, é expressar a diversidade e a riqueza teatral da Baixada Fluminense, com vistas a consolidar um núcleo de produção e ampliar o mercado de trabalho para artistas e técnicos da área.
Elenco do espetáculo A caminho de belém - a cidade que tudo tem conversa com o público
AGENDA Cia Plúmbea
Reprodução
Comboio
Batalha do Real nos Arcos da Lapa
Breque, da Cia Plúmbea, no FITU
FESTIVAL DE TEATRO Alunos da Escola de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro estão apresentando o Festival Integrado de Teatro da Unirio (FITU). Com espetáculos, performances, cenas, exposições e palestras, o evento vai até domingo (06). Entrada franca. Diariamente das 9h às 22h. Campus Praia Vermelha – Urca. Mais informações: fitu.com.br. YOGA NA LAJE Projeto oferece aulas gratuitas de yoga na Rocinha. Desde 2012, acontece o Yoga na Laje, que busca compar-
tilhar a prática da atividade e os seus benefícios. As aulas são abertas para quem se interessar. Dois horários distintos são oferecidos: terças às 10h e terças, quartas
e quintas às 18h. Biblioteca Parque da Rocinha, Estrada da Gávea 454. FESTIVAL DE MÚSICA LATINA Paraty será cenário de
mais um Paraty Latino, festival organizado pelo grupo Bourbon Street de São Paulo. O evento contará com apresentações gratuitas que vão do jazz à salsa, com atrações como Paralamas do Sucesso, Funk como le gusta, La Soleá, dentre outras. De a 3 a 6 de outubro. Praça da Matriz – Paraty.
Yoga na Laje
Yoga na Laje na Rocinha
BATALHA DO REAL Pioneira brasileira no duelo de rappers, uma nova Batalha do Real acontecerá neste sábado (5). A disputa, que é uma referência da cultura hip hop no Rio de Janeiro, completa 10 anos de história este ano. Evento gratuito. Para batalhar, é aconselhável chegar cedo e a inscrição custa R$ 1. Nos Arcos da Lapa, às 17h.
NA TEIA DA MEMÓRIA O programa Imagens do Povo apresenta a exposição Na teia da memória. A mostra, desenvolvida após um ano de trabalho, busca enfatizar a fotografia como um importante instrumento na produção de lembranças. Mesclando fragmentos temporais, personagens e identidade de Reprodução
Na teia da memória, no CCJF
seus autores, as fotografias trabalham espaço, matéria e tempo. Entrada gratuita. Em cartaz até 02/11. Terça a domingo das 12h às 19h. Centro Cultural Justiça Federal, Av. Rio Branco 241 – Centro. FAZ AMOR NA PRACINHA Neste primeiro sábado (5) do mês, o evento “Faz amor” está de volta e desta vez convida a todos para um dia na praça. A intervenção é uma proposta de reunir amigos e desconhecidos para trocar e vivenciar experiências – um chamado para que as pessoas ocupem os espaços da cidade. Aberto para quem quiser vender ou apresentar algo. Evento gratuito, das 13h às 18h. Memorial Getúlio Vargas, Praça do Russel – Glória.
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
variedades | 13
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS www.coquetel.com.br Símbolo da escala Fahrenheit Autorização dada pela prefeitura a estabelecimentos
© Revistas COQUETEL 2013
Técnico e coordenador técnico da A profissão Seleção de Renato (2013) Sorriso Embarcação típica dos canais de Veneza
Prédio do Bom-(?), Tribunal doce à bade Justiça se de gema de ovo e coco (Cul.)
A corda do equilibrista
Denominação abreviada para Los Angeles
Órgão especializado na produção da prova pericial
(?) Nou, estádio do Barcelona (fut.) Estado onde surgiu o MST (sigla)
Letrasímbolo do itálico
Segundo Letramaior símbolo município do Anardo Pará quismo
País natal de Mahatma Gandhi
Que tem grande importância Retrato ampliado “Rodoviária”, em de um PRF ídolo
Anistia Internacional (sigla) Parede (?) de gade barro to, brincatraçada na deira com madeira barbante Bebida típica brasileira com limão
Antonio Candido, crítico literário
NAS BANCAS E LIVRARIAS
3/doc — lac. 4/camp — lamp — lili — nani. 5/taipa. 9/oriximiná.
BANCO
Defesa que pode inocentar o réu (jur.)
HORÓSCOPO
www.coquetel.com.br
A
de lógica ambientadoss no universo místico da Idade Média
M
60 jogos
P
(?) Carabina: assaltante de banco dos anos 70
Solução
Mais de
Sucesso do Biquíni Cavadão A vitamina do limão Interjeição de espanto do gaúcho
D C
Vogal que recebe a crase
T
“Pinga (?) Mim”, sucesso sertanejo Lago, em Lâmpada, francês em inglês (?)-nosso: a oração do Senhor (Catol.)
P O L I C I A T E C N I C A
Agência de inteligência do governo americano
Cartunista da tira “Vereda Tropical”
B B O L A C A M A B D I A O N D O I I I A D R E A N T A N L I B A I N H
Beber O 4-3-3 ou o 4-4-2, no futebol
Compôs “Águas de Março” e “Wave”
IL
Famosa; renomada Decisivo (o fator)
Extensão de arquivo de texto (Inform.) (?) Reich: a Alemanha Nazista Cólera
F G O N D A R A R U I M O R R P A I O O X R S T I G T O M A ER M I N N I L A C P A A A M A I P I R
Linguiça que faz parte da feijoada
Formato aproximado do lápis
F E L V I P R ÃO S E PA P R E R E T I A R T A I C C A
“(?) Dadas”, poema de Carlos Drummond Bate-(?) on-line: chat (web)
A matéria derivada dos seres vivos
65
ASTROLOGIA - Semana de 3 a 9 de outubro Semana traz tendências para adquirir novos conhecimentos; Tendências positivas para falar mais sobre ideologias e questões culturais
Áries
(21/3 a 20/4) Semana propensa para cuidado na maneira de se portar diante das relações, principalmente com condutas radicais. Paciência e diplomacia serão essenciais. No amor, momento para esclarecer projetos na vida a dois.
Touro
(21/4 a 20/5) Semana essencial para temas que envolvam a saúde, o corpo e maneiras para equilibrar o ritmo em seu cotidiano. Nos relacionamentos, momento importante para entender e lidar melhor com diferenças.
Gêmeos
(21/5 a 20/6) Período propenso para situações sociais diferentes e que compensem desgastes em seu cotidiano de forma prazerosa. Tendência a esclarecimentos de velhos assuntos na vida afetiva. Seja mais simples e evite rotina.
Câncer
(21/6 a 22/7) Semana favorece para esclarecimento de assuntos pendentes. Cuide para não ser muito individualista. Propenso para lidar com contatos sociais, amizades e paqueras. Novas responsabilidades devem marcar sua vida amorosa.
Leão
(23/7 a 22/8) O envolvimento com assuntos familiares deverá ser mais intenso. O diálogo será fundamental para esclarecer mal entendidos. Causas solidárias vão te fazer se sentir melhor. Antigos assuntos são propensos na vida amorosa.
Virgem
(23/8 a 22/9) Período exige mais atenção com atitudes individualistas. A dedicação a novos conhecimentos estará favorecida. Cuide para não se exceder em críticas junto às pessoas que gosta. No amor, momento bom para conversas esclarecedoras.
Libra
(23/9 a 22/10) O desprendimento de despesas e de coisas que não utiliza será essencial. Cuidado com as disputas e decisões especiais. No amor, estará mais ciente das afinidades e das diferenças de valores junto às suas relações.
Escorpião
(23/10 a 21/11) Semana favorece reflexão em questões relacionadas às crenças, ideologias e temas culturais. Cuide para não se portar de forma racional e austera nos momentos da vida afetiva. Crenças servirão de exercício para recompor suas energias.
Sagitário
(22/11 a 21/12) Cautela diante das finanças. Bom para refletir sobre seu ritmo e o quanto tem obtido reciprocidade na dedicação que tem por outras pessoas. No amor, semana será importante para socializar mais com amizades e evitar afastamentos.
Capricórnio (22/12 a 20/1)
Tendências a tratar amizades de maneira diferente, mudando opiniões e maneiras de se relacionar. Seja mais paciente com diferenças de opiniões. Em relacionamentos mais íntimos, cuide para não ficar indiferente ou mesmo se portar de maneira fria.
Aquário
(21/1 a 19/2) Período exige empenho com questões financeiras e atenção especial para evitar o consumismo. O trabalho aponta boas tendências para adquirir novos conhecimentos. Na vida afetiva, procure não perder oportunidades de aproveitar momentos especiais.
Peixes
(20/2 a 20/3) Momento especial para se dedicar a questões que te trazem prazer. Cuide para que algumas empolgações não provoquem desperdícios ou desequilibrem suas finanças. Período especial para conversas esclarecedoras na vida amorosa.
14 | esporte
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013 COB
Brasil garante seis vagas nas finais do Mundial de ginástica Ricardo Bufolin/CBG
ESPORTE OLÍMPICO Destaque da equipe, Arthur Zanetti passou a fase classificatória na segunda colocação nas argolas da Redação A equipe brasileira de ginástica artística garantiu presença em seis finais masculinas do Campeonato Mundial da categoria, que está sendo disputado em Antuérpia, na Bélgica. Sérgio Sasaki e Arthur Nory estão na decisão do Individual Geral, sendo que Sasaki também está nas finais do salto, assim como Diego Hypolito, também garantido nas finais do solo. Campeão olímpico em Londres 2012, Arthur Zanetti obteve nota 15.733 na qualificatória de terçafeira (1º), a segunda melhor entre os participantes nas argolas. O chinês Yang Liu ficou em primeiro na qualificação, com 15.866. A decisão com os
Jogos de Inverno
“Eu fiz a série nova e gostei, mas gastei muita força. No geral, o objetivo de passar à final foi alcançado” oito ginastas classificados será no sábado (5). “Eu fiz a série nova e gostei, mas gastei muita força. Ela é muito mais difícil do que a que eu fazia. Na chegada, na saída das argolas, eu dei um pulo razoável, nem tão curto e nem tão longo. Mas, no geral, o objetivo de passar à final foi alcançado”, disse Zanetti, que ficou com a medalha de prata no último Mun-
O ginasta Arthur Zanetti se apresenta na Bélgica
dial, no Japão, em 2011. Na briga por medalha, Arthur reconhece a qualidade dos adversários. “São muitos os bons competidores. Sempre tem gente muito boa. Vou tentar fazer bem a minha parte e o resul-
tado será a consequência disso”, completa. Nenhum dos atletas que foram ao pódio em Londres nas argolas, com exceção do brasileiro, está na final do Mundial. Em grande momento, Zanetti foi campeão
nas argolas em todas as competições que disputou este ano: etapas da Copa do Mundo de Doha (15.800 pontos) e Anadia (15.800), Universíade de Kazã (15.975), Jogos Regionais (15.750) e Brasileiro (15.800). (CBV)
Brasília Vôlei e Uniara/AFAV duelam em busca da primeira vitória Brasília Vôlei
SUPERLIGA FEMININA Derrotadas na primeira rodada, equipes buscam recuperação da Redação Brasília Vôlei (DF) e Uniara/AFAV (SP) jogam nesta quinta-feira (3), às 18h30, no ginásio do Sesi, em Brasília, pela Superliga feminina 13/14. Tanto a equipe do Distrito Federal quanto o time do interior paulista querem apagar a má impressão deixada pelas derrotas por 3 sets a 0 para Barueri Vôlei (SP) e Unilever (RJ), respectivamente. Para conseguir a vitó-
ria, a equipe de Brasília conta com um grupo experiente comandado pelas medalhistas olímpicas Paula Pequeno, Érika, Elisângela e Dani Scott. No banco, um dos treinadores mais vitoriosos da história da Superliga, Sérgio Negrão, que dirigiu grandes equipes como o Leite Moça (SP). Para Sérgio, a derrota na partida de estreia já é passado. “Temos feito reuniões e dinâmicas para entender o que acon-
FATOS EM FOCO
“É um sonho disputar a Superliga pela primeira vez. No entanto, temos de manter os pés no chão” Equipe de Brasília busca recuperação jogando em casa
teceu no último jogo. Espero que, desta vez, elas apresentem tudo o que vêm treinando. A estratégia é a mesma, mas a postura precisa ser diferente”. Pelo lado do Uniara/ AFAV, a treinadora Sandra Mara Leão acredi-
ta que o nervosismo pesou na partida de estreia da equipe. No jogo desta quinta-feira, Sandra espera ver uma evolução do seu jovem time. “É um sonho disputar a Superliga pela primeira vez. No entanto, temos
de manter os pés no chão. Na estreia, nossas jogadoras entraram em quadra muito ansiosas. No jogo contra Brasília, isso vai diminuir. Temos certeza que tiramos lições da primeira partida e vamos evoluir no nosso segundo jogo”, disse a treinadora. (CBV)
A delegação brasileira que disputará os Jogos Olímpicos de Inverno Sochi 2014, na Rússia, começa a ganhar forma. Além da patinação no gelo, com a atleta Isadora Williams (foto), o Brasil tem outras quatro vagas garantidas em modalidades de neve: duas no ski alpino e duas no ski cross country. Faltando pouco mais de quatro meses para os Jogos, o país ainda tentará vagas no biatlhon, ski aéreo e snowboard (esportes de neve), e no bobsled masculino e feminino (gelo). Os Jogos Olímpicos de Inverno Sochi 2014 serão disputados entre os dias 7 e 23 de fevereiro do ano que vem.
Pátria de Chuteiras Já está aberta a Exposição Pátria de Chuteiras, que exibe relíquias de jogadores campeões mundiais de futebol, como chuteiras, bolas, camisas, medalhas e outras peças que contam a história das Copas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Idealizada pelo ex-jogador Carlos Alberto Torres, capitão do tri no México, a exposição tem entrada franca e poderá ser vista até o dia 31 deste mês, de terça-feira a sexta-feira, das 14h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h. O Espaço Cultural Furnas fica na Rua Real Grandeza, 219, em Botafogo, zona sul da cidade.
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013
esporte | 15 Marcelo Sadio/vasco.com.br
opinião | Bruno Porpetta
Pêra, uva, maçã ou salada mista? O PEDIDO DA Espanha à Fifa para contar com o atacante Diego Costa, do Atlético de Madri, em sua seleção – mesmo após ter atuado em amistosos do escrete canarinho – pode revelar um futuro tenebroso para o futebol. Até 2003, um jogador naturalizado só poderia atuar pelo novo país se nunca tivesse jogado, nem em categorias de base, pela seleção de onde efetivamente nasceu. A Fifa flexibilizou esta regra, restringindo a proibição às seleções principais. A Espanha tenta abrir mais uma exceção à regra, pedindo que se considerem apenas atuações em competições oficiais, o que permitiria a Diego Costa atuar em sua seleção. O fenômeno de naturalizações no futebol é antigo e com frequência jogadores africanos se tornavam europeus. Sair da miséria imposta à África e disputar uma Copa do Mundo eram os prin-
cipais objetivos. As exceções mais conhecidas são Abedi Pelé e George Weah. Um ganês e um liberiano que jogaram muita bola na Europa, mas nunca disputaram uma Copa. Recentemente, outros países entraram na ciranda das naturalizações, com destaque para a Polônia e o Brasil. Sem entrar no mérito da legalidade, é preciso discutir o papel de uma seleção nacional. Na Copa do Mundo, é possível aferir, das mais diversas escolas de futebol, qual demonstra mais eficiência naquele período. Se as seleções ficam “recheadas” de estrangeiros, esta aferição fica prejudicada. Neste cenário que se avizinha, as seleções serão como os refrescos do Chaves. São de groselha, parecem limão e tem gosto de tamarindo. Bruno Porpetta é autor do blog porpetta.blogspot.com
brasileirão | 26ª rodada Botafogo X Grêmio Sáb | 05/10 | 18h30 | Maracanã
São Paulo X Vitória Sáb | 05/10 | 21h00 | Morumbi
Atlético-PR X Coritiba Dom | 06/10 | 16h00 | Durival Britto
Atlético-MG X Corinthians Dom | 06/10 | 16h00 | Independência
Náutico X Cruzeiro Dom | 06/10 | 16h00 | Arena Pernambuco
Internacional X Fluminense Dom | 06/10 | 16h00 | Centenário
Flamengo X Vasco Dom | 06/10 | 16h00 | Mané Garrincha
Goiás X Criciúma Dom | 06/10 | 18h30 | Serra Dourada
Bahia X Ponte Preta Dom | 06/10 | 18h30 | Fonte Nova
Portuguesa X Santos Dom | 06/10| 18h30 | Canindé
Jogadores do Vasco disputam a bola em treino da tarde de ontem (2)
Vasco tenta interromper série de jogos sem vitória BRASILEIRÃO Em situação difícil, equipe de São Januário pega o Colorado do técnico Dunga, que também precisa dos pontos Marcelo Sadio/vasco.com.br
da Redação Internacional (RS) e Vasco se enfrentam nesta quinta-feira (03), às 21h, no Estádio Cláudio Moacyr, em Macaé (RJ), pela 25ª rodada do Brasileirão. Em situações distintas no campeonato, as duas equipes necessitam dos três pontos. 18º colocados na tabela, com 25 pontos - dois atrás do São Paulo, primeiro time fora da zona de rebaixamento - os cruz-maltinos necessitam interromper uma sequência de sete jogos sem vitória. Já os gaúchos, na sétima colocação com 34 pontos, precisam dos pontos para manter suas ambições de chegar ao G4. A partida terá arbitragem de Luiz Flavio de Oliveira, auxiliado por Bruno Boschilia e Marrubson Melo Freitas. Pressão Pressionado pela sombra do rebaixamento, o
técnico Dorival Júnior pretende repetir na partida a mesma escalação utilizada no empate em 0 a 0 com o Bahia. Assim, além do goleiro Diogo Silva, devem ir a campo os zagueiros Jomar e Cris, os laterais Fagner e Yotún; Fillipe Soutto, Pedro Ken, Juninho e Dakson no meio de campo e Marlone e Edmilson no ataque. O Inter conta com os retornos de D’Alessandro, Airton e Índio, que estavam suspensos no último confronto, mas por outro lado, não poderá contar com alguns jogadores que se encontram lesionados. Alan, com lesão muscular na coxa esquerda, Alan Patrick com fratura no osso da mão, Alex, com dores lombares, e Scocco, com dores no tornozelo direito, ficam de fora do duelo. Além deles, Josimar, suspenso, também permaneceu em Porto Alegre.
O técnico Dorival Júnior
Estatísticas O clube do Rio Grande do Sul leva uma pequena vantagem na história do confronto entre os dois times. Nas 63 vezes em que se enfrentaram, o Inter le-
vou a melhor em 26 oportunidades contra 23 vitórias vascaínas e 14 empates. Pelo Brasileirão, os números são parecidos, com 22 vitórias do Inter, 18 do Vasco e 9 empates.
FICHA TÉCNICA
Internacional
X
Vasco
Cláudio Moacyr | Macaé (RJ) | 03/10 | 21h00
16 | esporte
Rio de Janeiro, de 3 a 9 de outubro de 2013 Nelson Perez/Fluminense F.C.
Fla vence e foge da degola BRASILEIRÃO Equipe derrota o Coritiba por 2 a 0 na noite de quarta-feira (2), no Couto Pereira da Redação
Atual artilheiro, Rafael Sóbis não conseguiu marcar
Fluminense e Botafogo ficam no empate BRASILEIRÃO O resultado do jogo desta quarta-feira (2), no Maracanã, não foi bom para nenhuma das duas equipes na classificação da Redação Fluminense e Botafogo empataram por 1 a 1 no Maracanã na noite de quarta-feira (2), pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. Biro Biro marcou o gol tricolor aos 2min do primeiro tempo, enquanto Bolívar deixou tudo igual aos 13min da mesma etapa. O empate não foi bom para nenhuma das duas equipes na classificação. O Fluminense perdeu a chance de se aproximar das primeiras colocações e terminou a rodada com 34 pontos. Já o Botafogo chegou aos 43 pontos e segue na terceira posição. O Alvinegro, no entanto, vê o Grêmio e o Cruzeiro abrirem ainda mais distância na tabela, com 45 e 56 pontos, respectivamente. O Botafogo começou o clássico tomando a incia-
no placar, o Botafogo não diminuiu o ritmo ofensivo. O time tinha dificuldades de articular jogadas, mas empataria com um gol quase acidental aos 13min. Em cobrança de falta da direita, Seedorf alçou a bola na área para Rafael Marques cabecear. Aí veio o golpe de sorte do
tiva em busca de encerrar sua sequência negativa. O time controlava a posse de bola e mantinha leve superioridade. O tricolor das Laranjeiras aproveitou lance de velocidade pela esquerda para abrir o placar com Biro Biro após uma linda tabela com Jean, aos 2min. Com a desvantagem
FICHA TÉCNICA
1 1 X
Fluminense Diego Cavalieri, Rafinha, Gum, Leandro Euzébio, Carlinhos (Ronan), Edinho, Jean, Felipe (Rhayner), Wágner (Diguinho), Biro Biro e Rafael Sobis
Botafogo Jefferson, Edilson, Bolívar, Dória, Julio Cesar, Marcelo Mattos, Gabriel (Lucas Zen), Lodeiro (Octávio), Seedorf, Rafael Marques e Henrique (Gilberto)
Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 02/10 | 21h00 Gols de Biro Biro (Flu) e Bolívar (Bota)
Alvinegro: a conclusão do atacante desviou no pé de Bolívar e entrou no canto direito da meta defendida por Diego Cavalieri. Após o começo movimentado, o ritmo diminuiu no clássico. O Botafogo apostava na posse da bola, trocando muitos passes. Já o Fluminense jogava com a velocidade de Biro Biro pela esquerda em contragolpes. Menor público A partida entre Botafogo e Fluminense teve o menor público entre os seis clássicos cariocas no Maracanã disputados desde a reabertura do estádio para os clubes. Pelo Campeonato Brasileiro, apenas o confronto entre os mesmos dois times pelo primeiro turno, na Arena Pernambuco, teve menor número de espectadores: 9.669 pagantes.
O Flamengo conseguiu vencer dois jogos seguidos pela primeira vez neste Campeonato Brasileiro. Ao derrotar o Coritiba por 2 a 0 na noite de quarta-feira (2), no Couto Pereira, a equipe carioca também quebrou um jejum de 15 anos contra os paranaenses. André Santos, aos 45min do primeiro tempo, e Wallace, aos 4min da segunda etapa, marcaram para o Rubro-negro. O resultado faz com que o Flamengo ganhe quatro posições, agora em 11º, com 33 pontos. O Coritiba, que contou com a estreia do técnico Péricles Chamusca e não vence há sete jogos, cai para o 15º lugar, com 31 pontos em 25 rodadas. O time curitibano está apenas seis pontos acima do Criciúma, primeira
equipe na zona de rebaixamento. Os dois clubes terão pela frente clássicos na próxima rodada do torneio nacional. O Flamengo enfrenta o Vasco no domingo, às 16h, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. No mesmo dia e horário, o Coritiba enfrenta o Atlético-PR, no estádio Durival de Britto, na capital paranaense. O Flamengo teve uma surpresa na escalação e entrou em campo com jogadores mais ofensivos. O volante Luiz Antônio foi barrado por Jayme de Almeida para a entrada do meia Carlos Eduardo. Com isso, Elias atuou como segundo volante, armando as jogadas de trás. A troca funcionou bem. Assim, com boa apresentação, a equipe carioca quebrou dois tabus de uma só vez. Geraldo Bubniak/Folhapress
Leo Moura disputa lance com Vitor Jr.: fim de tabu
FICHA TÉCNICA
0X2 Coritiba Vanderlei, Victor Ferraz, Luccas Claro, Chico, Diogo, Marcos Paulo (Emerson Santos), Germano, Robinho, Alex, Vitor Júnior (Maykon) e Bill (Lincoln)
Flamengo Paulo Victor, Léo Moura, Chicão, Wallace, João Paulo, Amaral, Elias, Carlos Eduardo (Luiz Antonio), Andre Santos (Cáceres), Hernane (Marcelo Moreno) e Paulinho
Couto Pereira | Curitiba (PR) | 02/10 | 21h50 GOLS de André Santos (FLA) e Wallace (Coritiba)