Brasil de Fato RJ - 202

CADERNO ESPECIAL

Pablo Vergara

Lava Jato: desemprego cresce e delatores levam vida boa O Brasil de Fato preparou um material especial que mostra a situação de diversos trabalhadores que perderam seus empregos nos últimos 2 anos em função da operação Lava Jato. Na outra ponta desta história estão os criminosos que fizeram delação premiada. Atualmente todos desfrutam de prisão domiciliar em mansões e sítios de luxo.

RIO DE JANEIRO

25 a 28 de agosto de 2016

distribuição gratuita

Ano 4 | edição 202

Senado Federal inicia processo de impeachment

O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff se aproxima da etapa final. O processo que se encerra é fruto de uma complexa crise política com poucos paralelos na história nacional. Testemunhas de defesa e acusação serão ouvidas a partir desta quinta-feira (25). De acordo com o rito estabelecido, essa fase deve terminar até a madrugada de sábado. Para movimentos populares, ruptura democrática provocará instabilidade e tensão social. | Brasil, pág.3

Campanha de Hillary sob ameaça Divulgação de novos e-mails coloca em dúvida candidatura Mundo, pág.6 Divulgação

Eduardo Valente/Flamengo

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FLA LEVA 4 A 2 EM SANTA CATARINA Flamengo falha muito defensivamente e leva 4 a 2 do Figueirense, na estreia da Copa Sul-Americana. Rafael Moura (3) e Marquinhos marcaram para o time catarinense. Alan Patrick e Cirino fizeram os gols do Fla.

Rocinha organiza “Fora Temer” Baile “Funk Sem Medo” vai acontecer na quadra da favela no domingo (28) Cidades, pág.4

2 | Opinião

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013 O jornal Brasil de Fato circula com edições regionais nos seguintes estados: Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras.

CONSELHO EDITORIAL: Alexania Rossato,Antonio Neiva (in maemoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) EDIÇÃO: Vivian Virissimo (MTb 13.344) SUB-EDIÇÃO: Fania Rodrigues REPORTAGEM: Bruno Porpetta, Mariana Pitasse e Pedro Rafael Vilela ESTAGIÁRIO: Victor Ohana REVISÃO: Sheila Jacob COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago ADMINISTRAÇÃO: Angela Bernardino e Marcos Araújo DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

(21) 4062 7105 redacaorj@brasildefato.com.br

Rio de Janeiro, 25 a 28 de agosto de 2016

EDITORIAL

Jogo de cartas marcadas

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O

Senado está sendo palco de um jogo de cartas marcadas para a concretização de um golpe institucional. Os senadores ignoram que na história de julgamentos pelo mundo afora não raramente seguem-se os rituais, mas a decisão final está de antemão marcada. Foi o que aconteceu nos julgamentos de Sacco e Vanzetti, os militantes anarquistas condenados, e com os Rosenberg, que nos anos 50 foram condenados à morte ao serem acusados de espionar em favor da União Soviética no caso da fórmula da bomba atômica. Recentemente, o casal foi reabilitado ao se demonstrar que a condenação foi absurda e decidida de antemão pelo clima político da época.

Hoje no Brasil, o processo do impeachment segue todo um ritual parlamentarista, incompatível com o regime presidencialista vigente no país. Os senadores que hoje compõem o bloco apoiador do governo do vice-presidente em exercício interino da Presidência, Michel Temer, se juntaram para deflagrar o golpe de estado, iniciado há algum tempo com o apoio dos meios de comunicação conservadores.

PROCESSO GOLPISTA Na primeira fase parlamentar do processo golpista os brasileiros com um mínimo de consciência assistiram perplexos o espetáculo vergonhoso ocorrido na Câmara dos Deputados quando da aprovação da continuidade do impeachment. Agora, no Senado, o ritual segue adiante mesmo não tendo a presidente cometido nenhum crime de responsabilidade.

Confirmando-se o golpe parlamentar no Senado com o jogo de cartas marcadas, o Parlamento aprovará também projetos favoráveis à redução do Estado brasileiro. São reformas defendidas há tempos por setores empresariais, como por exemplo, a venda de terras a estrangeiros, defendida com veemência por Temer, e até mesmo o aumento de horas de trabalho defendido por empresários.

RESISTIR! Cabe então aos movimentos sociais desde já se organizarem para resistir ao que o governo golpista e seus seguidores querem impor goela abaixo dos brasileiros.

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Através de uma mensagem no Twitter, o papa Francisco lembrou o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição e condenou a prática da exploração de pessoas.

Desde que assumiu o Pontificado, Jorge Mario Bergoglio condena fortemente o tráfico de pessoas e o trabalho forçado.

O governador em exercício Francisco Dornelles mandou mal mais uma vez. A novidade é que ele iniciou, nesta semana, o processo de privatização da CEDAE. Com a venda da empresa estatal, a tendência é que a tarifa paga pelos usuários fique ainda mais cara. Para o PMDB, a solução da crise sempre cai nas costas do trabalhador.

Rio de Janeiro, 25 a 28 de agosto de 2016

Brasil l 3

Julgamento de Dilma entra na reta final Agência Brasil

Seja qual for o resultado da votação no Senado Federal, o governo interino de Michel Temer (PMDB) já deixou sua marca

Para ela, o que está em jogo neste momento no Brasil é a definição de quais setores sociais pagarão pela crise.

“Há um conflito distributivo.

Nesse contexto, minha presença é incômoda”.

Rafael Tatemoto de São Paulo (SP)

O

Ministro Ricardo Lewandowski presidirá sessão do impeachment contra Dilma Rousseff no Senado Federal

ATO CONTRA O GOLPE Às vésperas da votação final do impeachment, a presidenta afastada da República Dilma Rousseff (PT) participou do “Ato Contra o Golpe”, realizado na noite desta terça-feira (23) na Casa de Portugal, na capital paulista.

Durante o evento, ela afirmou que, ao contrário do que parte de sua geração imaginou no fim da Ditadura Militar, a defesa da democracia brasileira ainda não se finalizou. “Exige luta diária”, declarou.

O evento, promovido pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo – articulações nascidas em 2015, cada uma delas reunindo diversas entidades – contou com a presença de representantes de mais de 40 organizações sindicais, estudantis, feministas,

de negritude e do campo.

A fala de Dilma sobre a exigência de se defender a democracia se deu em um contexto no qual explicava porque o processo contra seu mandato pode ser entendido como golpe. “Se entendermos o regime democrático como uma árvore, o golpe

militar é um machado. Já os golpes parlamentares atuam como parasitas nessa árvore”.

A petista ainda lembrou seu histórico de resistência à Ditadura Militar: “Eu lutei toda minha vida. Contra a tortura, contra o câncer, e, agora, continuarei lutando pela democracia”.

Paulo Pinto /AGPT

pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff se aproxima da etapa final. O processo que se encerra é fruto de uma complexa crise política com poucos paralelos na história nacional. Testemunhas de defesa e acusação serão ouvidas a partir desta quinta-feira (25).

No total, oito testemunhas serão ouvidas. O presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowski, é o primeiro a inquirir as testemunhas. Em seguida, os senadores têm seis minutos cada para fazer perguntas. De acordo com o rito estabelecido, essa fase deve terminar até a madrugada de sábado.

Seja qual for o resultado da decisão do Senado Federal, o governo interino de Michel Temer (PMDB) já deixou sua marca. Não só pelas medidas que tomou, mas também pelas discussões e propostas que levantou em poucos meses: cortes em políticas públicas, debates sobre “reformas” com perdas para os trabalhadores e anúncio de medidas consideradas drásticas.

Por outro lado, a gestão provisória também demonstra contradições no combate à corrupção e na capacidade de implementar as propostas econômicas.

PÓS-VOTAÇÃO Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirmou que, caso o impeachment se confirme, haverá resistência. “Os golpistas dizem que, se Temer for confirmado, haverá estabilidade. Ocorrerá justamente o contrário: instabilidade e tensão social”, disse, prevendo um processo de contestação às medidas anunciadas pelo governo interino.

Outras lideranças apontaram as ameaças de um possível governo Temer. Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirmou que o futuro da juventude está em risco com o processo de impeachment. “Eles querem acabar com o pré-sal, elemento fundamental para o financiamento da educação no país”.

Eu lutei toda minha vida.

Contra a tortura, contra o câncer, e, agora, continuarei lutando pela democracia Dilma Rousseff, presidente afastada

Senadores se preparam para dar o veredito sobre impeachment de Dilma

4 | Cidades

Rio de Janeiro, 25 a 28 de agosto de 2016

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Movimentos de favela fazem baile funk para pedir “Fora Temer” Organizadores esperam cerca de 2 mil pessoas em evento na Rocinha Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

F

unkeiros, MCs, DJs e movimentos populares e de favela se uniram para gritar Fora Temer, em um grande evento chamado Baile Funk sem Medo. Será realizado no próximo domingo (28), às 17h, na quadra da Roupa Suja, na parte baixa da Rocinha, na zona Sul do Rio de Janeiro.

“Os bailes de favela vão voltar e o Temer vai ralar”. Esse é tema principal do evento que está sendo organizado pela Frente Povo sem Medo, Federação de Favelas (FAFERJ) e Relíquias do Funk, uma entidade que reúne funkeiros tradicionais.

Entre os convidados estão DJs e MCs conhecidos no mundo funk, como os MCs Dolores, Chapa, Danda e Tafarel, Gil do Andaraí, Jr. e Leonardo, entre outros. A estimativa é que cerca de 2 mil pessoas participem desse baile politizado, segundo os organizadores.

Diante do golpe anunciado, que poderá destituir a presidente eleita Dilma Roussef, a população da favela não poderia ficar calada, já que foi uma das mais beneficiadas pelas políticas sociais dos governos do PT. “A favela nunca aceitou esse golpe, mas se antes não houve manifestação contundente é porque no nosso dia a dia estamos muito mais preocupados com a sobrevi-

vência”, afirma Gabriel Siqueira, representante da Juventude da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio (Faferj).

Ele destaca ainda que o fato de outras pautas, como a violência policial, estar mais presentes na luta das favelas, não quer dizer que os moradores das comunidades estão fora desse processo. “Nós não aceitamos o golpe. Acontece que precisamos nos defender de tantas outras opressões, mas temos consciência que esse golpe é contra nós também”, diz Gabriel.

VOLTA DOS BAILES Outro objetivo do evento é pedir a volta dos bailes funk, ainda proibidos em muitas favelas cariocas. Esse é um movimento que ressurgiu no ano passado e vem ganhando força.

Representante da organização Relíquias do Funk, o Mc Galo é um dos organizadores do evento e um dos funkeiros mais respeitados do Rio de Janeiro, justamente por representar a “velha guarda do funk”. “Nosso funk é o funk de raiz, que faz críticas sociais, que denuncia a realidade das favelas e mostra o que a mídia quer escon-

Funkeiros convidam a favela a descer o morro e gritar “Fora Temer” em baile que promete ser histórico

der. É esse funk que estamos resgatando e que estará presente nesse ato do ‘fora Temer’”, explica Mc Galo.

Sobre o impeachment ele faz questão de destacar que os moradores das favelas estão atentos ao que está acontecendo. “A favela está ligada no que está acontecendo, temos consciência de que isso é um golpe”, afirma Mc Galo.

FAVELA VAI DESCER Muitos atos foram realizados no asfalto para dizer “não ao golpe” e “fora Temer”. Mas dessa vez é diferente. É um evento na maior favela da América Latina, feito pelos moradores dessas comunidades, com o estilo e a voz da população.

“Somos pioneiros na resistência contra regimes opressores. O Jacarezinho ficou conhecido como a ‘Moscou

Temos consciência de que esse golpe é contra a favela também Gabriel Siqueira, da Faferj

das favelas’, porque já tinha resistência à ditadura militar em 1964, bem antes do AI-5, de 1968, começar a matar os playboys da classe média”, conta o ativista Gabriel Siqueira. O AI-5 foi um conjunto de medidas tomadas pelo regime militar, para proibir qualquer manifestação política contra a ditadura. Esse foi o mais duro golpe contra a população.

ESPECIAL DESEMPREGO AGOSTO/SETEMBRO DE 2016

Delatores da Lava Jato levam boa vida enquanto trabalhadores sofrem com desemprego O mercado de trabalho encolheu brutalmente nos últimos 2 anos. O Brasil de Fato teve acesso, com exclusividade, aos dados produzidos pelo Dieese que mostram que pelo menos 1,5 milhão de postos de trabalho foram extintos em 5 setores: petróleo e gás, construção civil, hotelaria, comércio e engenharia. Um dos fatores que explicam esse recuo é o impacto da Lava Jato.

Divulgação

Pablo Vergara

2 | Especial

Rio de Janeiro, agosto/setembro de 2016

Lava Jato perdoa mais de 280 anos de prisão de 40 delatores Divulgação

Advogado Patrick Mariano destaca pontos polêmicos da delação premiada

ANISTIA PARA CRIMINOSOS Nesses dois anos da operação Lava Jato, foram perdoados mais de 280 anos de prisão para 40 delatores.

Atualmente, a condenação dos delatores soma apenas seis anos.

A pena virou um grande negócio”.

Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

A

delação premiada é um mecanismo jurídico que está sendo utilizado amplamente na operação Lava Jato.

Entretanto, esse recurso divide opiniões. Se, por um lado, a delação permitiu o avanço das investigações, por outro gerou situações consideradas abusivas por especialistas em Direito. Para entender os pontos mais polêmicos dessa legislação, o Brasil de Fato conversou com o advogado Patrick Mariano.

Na Inglaterra, que foi o primeiro país a usar a delação premiada, o mecanismo é usado moderadamente. Já na França e na Alemanha, as legislações não preveem esse tipo de recurso, entretanto alguns juízes

Moro perdoou criminosos da Lava Jato, que agora vivem no luxo

usam brechas nas leis. Já a Dinamarca proíbe a prática, por entender que ela viola os direitos da Constituição. No Brasil, a legislação usada na Lava Jato é a

Lei de Combate ao Crime Organizado, de 2013.

LAVA JATO A principal crítica, de acordo com o jurista, é que as dela-

ções premiadas da Lava Jato estão sendo negociadas durante as prisões preventivas dos acusados. “A colaboração perdeu seu caráter voluntário”, afirma.

A delação premiada já é prevista em oito leis brasileiras e no Código Penal. “A diferença é que agora ela está sendo usada como instrumento político”, diz o advogado. Ele destaca ainda que a Lava Jato praticamente não existiria se não fossem as mais de 40 delações

Delatores levam boa vida depois de acordo com Sérgio Moro Criminosos da Lava Jato tiveram a pena reduzida e o privilégio do benefício de prisão domiciliar Vista para o mar, piscina, quadra e churrasqueira. O cenário parece ideal para uma boa temporada de férias, mas tem sido o destino de vários criminosos envol-

vidos na operação Lava Jato.

Os benefícios, após acordos de colaboração premiada, foram concedidos pelo juiz Sérgio Moro.

Em troca de informações sobre o esquema na Petrobrás, os delatores receberam o benefício da prisão domiciliar em suas mansões e sítios de luxo.

Enquanto isso, milhares de trabalhadores foram demitidos após a operação Lava Jato.

NESTOR CERVERÓ Saiu da carceragem de Curitiba para regressar a seu sítio, em um condomínio fechado em Itaipava. Graças à delação, Cerveró tem pela frente um ano e meio em regime domiciliar fechado, um ano em domiciliar semiaberto, mas com direito de sair para trabalhar, e um ano em domiciliar aberto, sem tornozeleira, mas monitorado, além de prestação de serviços comunitários. E terá que devolver cerca de US$17 milhões.

premiadas aprovadas durante as investigações.

Para o professor de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Alamiro Velludo Salvador Netto, a delação premiada não é um instrumento legítimo para o poder público buscar responsáveis para determinados crimes. “O Estado brasileiro deve ter sua própria investigação e não se utilizar da palavra de delatores”, diz o professor.

Fotos: Divulgação

Rio de Janeiro, agosto/setembro de 2016

A delação premiada, nos moldes em que vem sendo aplicada, provoca uma investigação seletiva.

Ela tem um objetivo político, que é acabar com o Partido dos Trabalhadores. Quando o delator cita o senador Aécio Neves, isso não é considerado tanto pela Justiça quanto pela imprensa”.

delatores da Lava Jato

anos de prisão que os delatores deixaram de cumprir com a delação premiada

OPINIÃO PÚBLICA

ABUSO DE PODER Na prática, a operação Lava Jato abusa da utilização de prisão preventiva para pressionar os investigados a delatar. A maioria são prisões ilegais, pois os acusados são réus primários, com endereço e trabalho fixo. A Lava Jato está sendo feita à custa da violação da segurança jurídica”.

PEDRO BARUSCO Ex-gerente de serviço da Petrobrás, Pedro Barusco comemora a vida de luxo de delator. De tornozeleira eletrônica, ele vive no conforto de uma mansão em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro.

O ex-gerente foi condenado a 18 anos e 4 meses em regime aberto diferenciado, mas terá de usar tornozeleira eletrônica por dois anos, e não poderá sair de casa entre 20 horas e 6 horas, além de prestar 30 horas de serviços comunitários por semana. Ele também terá que devolver 97 milhões de dólares.

A delação premiada tem a aprovação da sociedade por conta do apelo midiático da operação Lava Jato. A glorificação de uma figura de ética questionável, como é o delator, está se tornando algo perigoso. Já vimos várias pessoas honestas citadas em delação. Dão mais valor a uma delação do que a fatos reais”.

PAULO ROBERTO COSTA O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás divide seu tempo entre sua bela casa em um condomínio na Barra da Tijuca e uma residência, não menos luxuosa, no distrito de Itaipava, em Petrópolis. Longe do desconforto dos presídios brasileiros, Paulo Roberto pode desfrutar de quadras de tênis, cavalos, um clube e dois restaurantes. Tudo dentro do condomínio. Ele foi condenado a 12 anos de prisão, mas vai cumprir em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, devido ao acordo de delação premiada. Em outubro de 2016, passa para o regime semiaberto.

PROPOSTA

Essas violações praticadas na Lava Jato podem contaminar a Justiça como um todo. Por isso, a proposta do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) é que uma das condições para a delação premiada é o delator não estar na prisão.

Uma pessoa presa não tem condições psicológicas de negociar com o Estado”.

SÉRGIO MACHADO Em uma mansão em Fortaleza, o ex-presidente da Transpetro cumpre pena de dois anos e três meses em prisão domiciliar. A casa de luxo fica no litoral possui quadra poliesportiva, piscina, garagem para 10 carros e segurança 24 horas.

Além disso, seu filho, Expedito Machado da Ponte Neto, comprou R$ 90 milhões em imóveis na Inglaterra, em 2014 e 2015, segundo o jornal britânico The Guardian.

O ex-executivo vai devolver apenas R$ 75 milhões, um valor bem abaixo do que teria recebido, entre 2003 a 2014.

Fotos: Divulgação

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INVESTIGAÇÕES SELETIVAS

Especial l 3

4 | Especial

Rio de Janeiro, agosto/setembro de 2016

Trabalhadores sofrem impa No Rio de Janeiro, os reflexos são visíveis, principalmente em cinco setores: metalúrgico, comércio, construção civil, hotelaria e petróleo e gás Mariana Pitasse do Rio de Janeiro (RJ)

É

de conhecimento público que a operação Lava Jato e suas inúmeras fases trouxeram nocivos desdobramentos políticos e econômicos ao país.

Porém, pouco se comenta sobre os principais afetados: os trabalhadores. No estado do Rio de Janeiro, os reflexos são visíveis, principalmente em cinco setores: metalúrgico, comércio, construção civil, hotelaria e petróleo e gás, de acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Os trabalhadores do setor metalúrgico vivem uma das piores crises há cerca de um ano. Em Niterói, o polo da indústria naval do estado, que antes tinha 10 estaleiros, hoje só tem metade em funcionamento, já que cinco fecharam as portas no último ano.

O Vard Niterói foi o último a encerrar as atividades, demitindo 1,3 mil funcionários no início de julho. Assim, o número de desempregados do setor naval de Niterói e Itaboraí soma 12,7 mil.

O setor, que antes tinha mais de 14 mil funcionários empregados na região, estima que hoje tenha apenas 1,8 mil trabalhadores em atividade. Durante a eleição atípica do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, realizada na quinta-feira (28), ficou evidenciada a crise. Antes com 4 mil associados, o sindicato agora tem apenas 1,6 mil, sendo que metade desses está desempregada.

“A investigação da Lava Jato fundamentalmente condenou as pessoas erradas. Condenou o trabalhador quando

Estou cheia de conta, pago uma esse mês e no outro não consigo. Faço um curso técnico de administração e tive que pegar um dinheiro emprestado para não precisar sair. Uma dívida danada.

Antes conseguia ajudar minha mãe, meus netos, agora não posso mais. Mas os corruptos estão lá no exterior com fazenda de cacau, enquanto a gente não tem nem leite para tomar de manhã. É triste. Imagina você querendo trabalhar e não tendo para quem vender. Rosângela Rocha, 47 anos, gerente do restaurante JJ Silva, na Ponta d’Areia, em Niterói.

Quando as obras começaram em 2012, a gente chegou a trabalhar em cinco endereços diferentes para atender quase 700 trabalhadores. Tivemos que voltar a um endereço para trabalhar como hotel rotativo que tem pouquíssimos hóspedes. Diminuímos 80% do quadro de funcionários e todos nós tivemos que adotar novos custos de vida, com salários mais enxutos e menos benefícios. Estamos em um mundo diferente agora. Muito mais difícil de viver.

Michel Guimarães, 29 anos, gerente da Pousada Paraná, em Itaboraí.

deveria condenar os verdadeiros corruptos e corruptores. Eles estão lá com as tornozeleiras eletrônicas tomando whisky em casa. E os trabalhadores? Estão todos na rua”, afirma o presidente do sindicato, Edson Rocha.

Além do número gritante de desempregados, a maioria não conseguiu receber as indenizações da rescisão do contrato de trabalho. Muitos estaleiros fecharam as portas sem nem ao menos pagar o último mês trabalhado.

No bairro Ponta d’Areia, em

Niterói, que tinha três estaleiros ativos até o ano passado, há um número grande de vendedores ambulantes e comerciantes locais que desmontaram as barraquinhas e fecharam seus estabelecimentos.

“Estamos sentindo muito o impacto, 90% das vendas diminuíram. Antes almoçavam 100 pessoas por dia, agora apenas 10. Para cada estaleiro, uns 40 ônibus entravam aqui no bairro. Foi embora todo mundo”, acrescenta Rosângela Rocha, 47 anos, gerente do restaurante JJ Silva.

Rio de Janeiro, agosto/setembro de 2016

Especial l 5

actos da operação Lava Jato Fotos: Pablo Vergara

Em abril do ano passado fomos mandados embora, mas a crise já tinha começado desde 2014 com essa operação Lava Jato. No (estaleiro) Mauá tivemos cinco colegas que faleceram durante as demissões, um deles se enforcou de desespero. Estava devendo, quando aconteceu tudo isso, se desesperou. Hoje tem muito trabalhador passando fome.

Minha esposa está sustentando a casa e eu tive que aprender a fazer bico para ajudar. Hoje vivemos de forma muito diferente. O pior é que ninguém esperava isso, estávamos tão bem. Laudo Natell, 38 anos, que trabalhou como Inspetor no Estaleiro Mauá, em Niterói.

Se sirvo 15 pratos por dia já está bom. Percebi que desde o início de 2015, as pessoas pararam de comer fora, não só os trabalhadores, mas pessoas do Rio e Niterói que vinham aqui almoçar no final de semana. Em casa estamos vivendo um período de contenção de gastos, economizando água, luz, comida.

Não temos mais a vida que tínhamos há uns dois anos. Só na minha família tem seis desempregados dos estaleiros. Está sendo horrível”. Patrícia Lima, 48 anos, dona do bar e restaurante Decolores, Ponta d’Areia, em Niterói.

ITABORAÍ Em Itaboraí a situação é ainda pior. Desde 2015, quando cresceram os rumores de que o projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) seria adiado, o desemprego vem aumentando na cidade. Quando as obras pararam de vez, Itaboraí também parou. O projeto do Comperj era ambicioso. Os empregos gerados direta ou indiretamente superariam os 200 mil.

Agora, o projeto se resumirá a uma refinaria com capacidade diária para 165 mil barris, e

investimento de US$ 14 bilhões. As obras, que estão paralisadas desde 2015, têm previsão de retorno nos próximos meses, em menor escala.

EMPRESAS PARALISADAS Umas das críticas mais duras contra a Lava Jato é que ao paralisar empresas investigadas, que empregam milhares de trabalhadores, a operação tem provocado muitos desempregos. Por isso, alguns especialistas,como o ex advogado-geral da União (AGU),

Luís Inácio Adams, defendem os acordos de leniência, que são como as delações premiadas, mas feito por empresas. Elas colaboram com a Justiça e assim podem voltar a operar e têm seus créditos desbloqueados.

Esses acordos permitem que as empresas voltem a funcionar normalmente, para frear o desemprego e os prejuízos ao país. “Estamos falando de milhares de funcionários e milhares de fornecedores que não têm nada a ver com a corrupção”, afirma.

Fui dispensado no último mês e agora passarei a viver como mais um desempregado. A gente fica rezando para retomar a vida novamente. O mercado está difícil, está um sofrimento aqui fora porque a gente sabe que não tem para onde correr. O Comperj chegou para movimentar uma cidade sem oportunidades. Muitas pessoas venderam o que tinham para apostar num sonho de melhorar de vida e de repente ficaram totalmente frustradas”. Thyago Rodrigues, 29 anos, que trabalhou na construção do Comperj

6 | Especial

Rio de Janeiro, agosto/setembro de 2016

Lava Jato aperta crise e provoca 1,5 milhão de demissões Fotos: Pablo Vergara

Ajuste fiscal, retração nos países desenvolvidos e crise política, somados à operação Lava Jato, levaram à diminuição de 3,8% da economia brasileira

ÓLEO E GÁS

- 210 mil

Mariana Pitasse do Rio de Janeiro (RJ)

A

Lava Jato fez com que a economia brasileira passasse por uma crise ainda maior do que a já instalada no país. As investigações da operação, somadas ao ajuste fiscal, implementado pelos governos federal, estadual e municipal, à retração da economia dos países desenvolvidos e à crise política, representaram um encolhimento de 3,8% na economia brasileira em 2015, com estimativa de queda ainda maior em 2016. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio-econômicos (Dieese), 1,5 milhão de postos de trabalho foram extintos entre 2014 e 2016. (ver dados do infográfico).

A Petrobrás, que reunia

11% do total de investimentos estrangeiros no país em 2009, passou a somar 7% em 2015. Segundo dados do Dieese, isso fez com que a

Há uma crise de confiança no mercado brasileiro que tem uma relação muito íntima com a operação Lava Jato Humberto Reis, trabalhador do setor de óleo e gás empresa investisse R$ 79 bilhões em projetos e pesqui-

O setor de óleo e gás teve uma redução de 27% nos investimentos. Em 2014, foram investidos R$104 bilhões, já em 2015 foram R$ 76 bilhões. Nesse período, houve uma redução de 9% nos trabalhadores próprios da empresa (86.108 em final de 2013 e 78.470 no final de 2015) e redução de 56% no número dos trabalhadores terceirizados (360.180 no final de 2013 para 158.076 no final de 2015). (dados da Petrobrás)

sas no ano passado, um montante bem menor do que os R$ 104 bilhões de 2014. Dessa forma, houve uma redução também no número de seus trabalhadores, totalizando 210 mil demitidos.

“Há uma crise de confiança no mercado brasileiro que tem uma relação muito íntima com a operação Lava Jato. Todas as empresas que dependem diretamente de

investidores sofrem de forma rigorosa, porque fica muito difícil encontrar parceiros. E, como a corda sempre arrebenta nas mãos do trabalhador que está lá embaixo, se empenhando para sustentar todo esse sistema, ele é, sem dúvida, o mais impactado”, explica Humberto Reis, que trabalhou no setor de exploração e produção de petróleo e gás.

No setor metalúrgico, os trabalhadores estão sendo demitidos a cada mês. Levan-

COMÉRCIO

- 346 mil postos de trabalho

Dados se referem aos postos de trabalho perdidos entre janeiro de 2014 e maio de 2016 (dados do CAGED trabalhados pela subseção do DIEESE na Subseção Comerciários RJ).

Rio de Janeiro, agosto/setembro de 2016

Especial l 7 Fotos: Pablo Vergara

METALURGIA

- 335 mil

O ramo metalúrgico tem perdido mensalmente postos de trabalho em todos os segmentos de suas atividades de forma generalizada. De janeiro de 2015 a abril de 2016 foram mais de 335 mil postos de trabalho fechados (Fonte: dados do CAGED trabalhados pela subseção do DIEESE na CNM/CUT).

SETOR NAVAL

- 21 mil postos de trabalho

setor de Bens de Capital: - 15 mil postos de trabalho (somente de janeiro a abril de 2016)

SETOR DE SIDERURGIA E METALURGIA BÁSICA

91 mil postos fechados

HOTELARIA

tamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que mais de 335 mil postos de trabalho foram fechados entre janeiro e abril desse ano. Entre eles estão segmentos envolvidos em processos da Lava Jato, como o setor naval, que teve 21 mil demissões; o setor de bens e capital, com menos 15 mil postos de trabalho; e o setor de siderurgia, com mais de 91 mil trabalhadores demitidos.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, Edson Rocha, essa realidade poderia ser minimizada se o setor naval não dependesse de forma quase exclusiva da Petrobrás.

“Quando a indústria naval alavancou novamente no governo Lula, ficou por conta da demanda da Petrobrás.

Mas não podíamos só trabalhar para eles, tínhamos que ter investido em cabotagem para transportar a produção brasileira pelos mares. Por que ainda continuamos utilizando só estradas e não navios?”, questiona.

- 14 mil postos No setor hoteleiro houve perda de 14 mil postos de trabalho entre janeiro de 2015 e maio de 2016 (dados do CAGED trabalhados pela subseção do DIEESE na Subseção CONTRACS);

CONSTRUÇÃO CIVIL

- 578 mil

Segundo dados do CAGED, trabalhados pela subseção do DIEESE na Sintepav-BA, foram perdidos cerca de 578 mil postos de trabalho entre janeiro de 2014 e maio de 2016. Neste caso somados os 3 subsetores estudados:

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS - 222 mil; OBRAS DE INFRAESTRUTURA - 282 mil; SERVIÇOS ESPECIALIZADOS PARA CONSTRUÇÃO perdidos - 74 mil.

CONSTRUÇÃO CIVIL E HOTELARIA EM CRISE Outras áreas como construção civil, hotelaria e comércio também estão mostrando evidentes repercussões da crise econômica. Como o Caged aponta, 578 mil postos de trabalho foram perdidos, entre janeiro de 2014 e maio de 2016, na construção civil. Esse total é uma somatória das três principais áreas de atuação: construção de edifícios, que apresentou 22 mil desempregados; obras de infraestrutura, com 282 mil trabalhadores dispensados; e serviços especializados para construção, que teve 74 mil postos de trabalho fechados.

No caso dos setores de hotelaria e comércio, houve uma perda de 360 mil empre-

gos. Somente no setor hoteleiro, são 14 mil trabalhadores desempregados entre janeiro de 2015 e maio desse ano. Já o comércio totaliza a perda gritante de 346 mil postos de trabalho no mesmo período. “É muito difícil separar os efeitos das investigações da Lava Jato e os outros fatores que ajudam a explicar essa retração que estamos vivendo no Brasil. Eles vão desde a crise nos países desenvolvidos até o ajuste fiscal promovido pelos governos brasileiros. Então, trata-se de um somatório de questões, intimamente ligadas, que impactam o trabalho e a renda dos trabalhadores”, conclui Cloviomar Cararine, economista do Dieese.

8 | Especial

Rio de Janeiro, agosto/setembro de 2016

ENTREVISTA | GUILHERME ESTRELLA | ex-diretor da Petrobrás

“Vender a Petrobrás é ser contra o Brasil” Divulgação

Guilherme Estrella estava à frente da diretoria de Exploração e Produção da Petrobrás quando o pré-sal foi descoberto

rem fazer isso, como é o caso do senador José Serra, que apresentou um projeto para diminuir a atividade da Petrobrás no pré-sal. Vender a Petrobrás significa estar contra o interesse do povo brasileiro, estar contra o Brasil.

Ex-diretor da Petrobrás, Estrella é reconhecido no setor do petróleo

Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ) Brasil de Fato - Apesar das privatizações de empresas como a Vale, o Brasil continua tendo grandes empresas públicas. Qual é a importância de um país ter o setor público fortalecido?

Guilherme Estrella - Todos os países mais importantes do mundo, para se desenvolverem, tiveram a ajuda de empresas públicas e controladas pelo governo. Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, China e muitos outros. A razão disto é que são as empresas controladas pelo governo que fazem os investimentos necessários nos serviços básicos e mais importantes para o povo e para as indústrias.

Brasil de Fato - A crise econômica demorou a chegar ao Brasil depois que ela estourou lá fora em 2008. Qual é o papel das empresas públicas nesse processo?

A crise que o mundo todo sofreu depois de 2008 atingiu o Brasil mais tarde justamente porque as empresas controladas e as apoiadas pelo governo brasileiro são mais fortes do ponto de vista finan-

ceiro e por isso serviram para manter o equilíbrio da economia brasileira e para diminuir o estrago que a crise mundial fez contra o Brasil

O pré-sal é a maior riqueza descoberta no Brasil nos últimos anos Brasil de Fato - Qual é a importância de manter a Petrobrás estatal?

A Petrobrás é a maior empresa controlada pelo governo brasileiro. Foi a Petrobrás que empregou muito dinheiro para descobrir petróleo e gás no Brasil. Ao mesmo tempo, foi a Petrobrás que construiu as re-

finarias que tratam este petróleo para produzir os combustíveis (gasolina, óleo diesel, etc.)

Também é a Petrobrás a companhia que distribui estes combustíveis por todo o Brasil, garantindo desta maneira que todo cidadão possa fazer uso dele, enquanto as empresas privadas concentram seus postos nas grandes cidades, nos lugares mais lucrativos.

Da mesma forma é a Petrobrás que coloca mais dinheiro e profissionais trabalhadores na atividade de pesquisa científica e tecnológica no Brasil. E é a Petrobrás a empresa brasileira que mais apoia a cultura popular de nosso país e que emprega mais recursos em programas de proteção ao meio ambiente. A Petrobrás só faz isso porque é uma empresa do governo brasileiro e tem total compromisso com o desenvolvimento e com o

povo de nosso país. Com certeza, uma empresa privada, brasileira ou estrangeira, que tem que produzir o maior lu-

O pré-sal garante que o Brasil nunca mais vai depender do petróleo importado cro possível para seus donos e acionistas, não empregaria tantos recursos no Brasil como a Petrobrás faz.

Brasil de Fato - Por que políticos como José Serra e Michel Temer querem vender a Petrobrás?

De fato alguns políticos que-

Brasil de Fato - O pré-sal ultrapassou a produção de um milhão de barris por dia. O que isso representa?

O pré-sal é a maior riqueza descoberta no Brasil nos últimos anos. O pré-sal foi descoberto por brasileiros, trabalhadores, engenheiros, geólogos, técnicos e muitos outros profissionais e também com a ajuda das universidades e de empresas privadas.

O pré-sal garante que o Brasil nunca mais vai depender do petróleo importado. Mais do que isso, o petróleo do présal e de outras grandes descobertas da Petrobrás depois de 2003 tem muito gás, que vai ser utilizado na produção de eletricidade, na produção da indústria etc. A descoberta foi um trabalho todo conduzido pela Petrobrás. Esse fato deu motivo para o Brasil aprovar uma lei que garante que todo o dinheiro resultado da produção do pré-sal, nos campos de petróleo que fossem descobertos dali em diante, seja utilizado na educação, na saúde, em desenvolvimento de tecnologia e em outras atividades feitas aqui no Brasil, em benefício do povo brasileiro.

Rio de Janeiro, 25 a 28 de agosto de 2016

Opinião l 5

ARTIGO | Ronaldo Teodoro

Sistema Único de Saúde está sob ameaça Tânia Rego/Agência Brasil

O

ministro interino da saúde, Ricardo Barros, procura viabilizar a oferta de planos de saúde com menor cobertura para os mais pobres.

Essa sua proposta é algo a ser denunciado com veemência.

Se o objetivo consiste em economizar no custeio da saúde, diminuindo a busca de serviços no sistema público, é preciso apresentar-lhe os três motivos pelos quais essa medida implicará justamente em aumento dos custos e sobrecarga ao SUS. Os planos vão deixar de atender doenças graves que geram mais despesas e apenas lucrar com atendimentos baratos e rentáveis. Assim essa população desatendida terá que recorrer também às filas do SUS, lotando ainda mais os hospitais públicos e aumen-

empregadores e famílias de rendas média e alta, se beneficiam, por caminhos variados, de recursos que deveriam ir para o SUS.

Quem termina pagando a conta da saúde privada da classe média também é o governo Temer quer favorecer lucro dos planos de saúde e sobrecarregar SUS

tando os gastos de saúde.

Além disso, o setor privado de planos de saúde no Brasil só sobrevive porque recebe o repasse de recursos públicos.

Neste sentido, ao induzir a

expansão desse mercado da saúde, amplia-se também a pressão sobre as contas públicas. No Brasil, a indústria farmacêutica, as clínicas e os hospitais privados, além de

No caso das empresas, a assistência oferecida a seus empregados pode ser considerada despesa operacional, resultando em abatimento dos impostos. Já para as famílias, podem ser restituídas ilimitadamente na declaração do Imposto de Renda

(IRPF). Então quem termina pagando a conta da saúde privada da classe média também é o governo.

Em 2011, a renúncia fiscal em saúde alcançou aproximadamente R$ 16 bilhões, equivalendo a 22,5% do gasto público federal em saúde.

Em 2006, essa equivalência alcançou nada menos que 30,5% do orçamento federal para a área. Considerando essa realidade, está claro que ao propor a expansão de planos precários para os mais pobres, esses repasses serão ampliados para as empresas ofertantes e os segmentos da indústria que lucra com o comércio desses serviços.

Ronaldo Teodoro é membro do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (CERBRAS)

Pablo Vergara

A FIM DE PAPO | MC Leonardo

Favelas contra o golpe Você já se perguntou por que os moradores de favelas não participam de momentos políticos históricos? Foi assim nas Diretas Já, no “Fora Collor”, nas manifestações de 2013 e agora no “Não vai ter Golpe”.

Muitas avaliações são feitas por gente que entende do assunto sobre essa não mobilização dos favelados. A verdade é que as camadas mais baixas da sociedade não se enxergam como sujeitos de direitos. Assim, acabam deixando a disputa para quem eles acham que tem esse direito de decidir sobre o

futuro político do nosso país.

Sei o quanto a favela sofreu com a parceria entre o PT e o PMDB, com as UPPs, Força Nacional e até o Exército.

A favela já sofreu muito, mas vai sofrer ainda mais com essa ruptura democrática Mas, é preciso ter clareza de que a favela vai sofrer ainda mais com essa ruptura das regras democráticas.

O desrespeito à vontade da

maioria dos brasileiros na última eleição vai abrir precedentes para aumentar o poder daqueles que querem o povo no “seu devido lugar”, de casa para o trabalho e do trabalho pra casa.

E por falar em trabalho, conquistas históricas como o décimo terceiro, férias e seguro-desemprego já estão na mira dos golpistas.

CONTRA O GOLPE Entretanto, não é a totalidade dos moradores de favelas que acham que não devem botar a cara nesse momento.

Domingo (28), a partir das 17h, um grande Baile Funk

População das favelas pode ser a mais afetada com o golpe

vai acontecer na parte baixa da Rocinha.

Vários MCs e DJs estão confirmados para esse ato que está sendo puxado por Relíquias do Funk, Federa-

ção das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (FAFERJ) e Frente Povo Sem Medo. E claro que eu estarei lá pra gritar. O Temer vai sair e o baile vai voltar.

Rio de Janeiro, 25 a 28 de agosto de 2016

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Revelação de novos e-mails ameaça campanha de Hillary O Departamento de Estado norte-americano anunciou que está investigando o conteúdo de cerca de 15 mil e-mails da época em que Hillary Clinton atuava como secretária de Estado do governo de Barak Obama. Hillary usou um endereço pessoal enquanto ocupou o cargo, o que é proibido pela legislação dos EUA. O conteúdo das mensagens deve se tornar público em outubro, um mês antes das eleições presidenciais.

Segundo o presidente do

Comitê Nacional Republicano, Reince Priebus, “Hillary parece incapaz de dizer a verdade”.

A candidata do Partido Democrata usou um servidor privado para enviar mensagens oficiais, impedindo as autoridades norte-americanas de terem acesso aos registros de suas comunicações profissionais, como é de praxe para quem ocupa cargos públicos. A lei federal dos Estados Unidos estabelece que cartas e e-mails enviados e re-

cebidos por funcionários do governo no exercício de suas funções são considerados documentos oficiais e, por isso, devem ser conservados, arquivados e ficar à disposição do Congresso, de historiadores e da imprensa. Hillary alega que adotou tal postura por “comodidade” e porque achava que era permitido.

Se for comprovada a ilegalidade dos e-mails enviados por ela nessa época, isso pode ser um impedimento para ela seguir na campanha.

Governo dos EUA é obrigado a revelar e-mails de Hillary

Argentina: número de pessoas que sobrevivem catando lixo aumentou 15%

PARALIMPÍADAS Rússia continua fora dos Jogos Divulgação

6 | Mundo

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Desde que o presidente de direita Maurício Macri assumiu o comando do governo argentino, no final do ano passado, vêm aumentando os índices de pobreza do país.

Nos últimos meses, a crise provocou uma disparada da inflação, o aumento das tarifas dos serviços e a queda abrupta do emprego em setores importantes, como a construção.

Medidas do governo Macri provocam aumento da pobreza na Argentina

Como efeito, também aumentou em 15% a quantidade de pessoas que compõem sua renda com o trabalho de recolher materiais recicláveis.

“Nunca tínhamos tido um registro tão alto de pessoas que ficaram sem trabalho formal. Desde 2001 não víamos algo assim”, afirma o catador da Cooperativa El Trebol, Roberto Pontarollo.

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MADONNA EM CUBA A cantora pop mais famosa dos Estados Unidos visitou a ilha de Cuba semana passada, onde celebrou seus 58 anos.

A artista esteve com o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, e antes de deixar o país declarou que o “comunismo merece respeito”.

O Tribunal Arbitral do Esporte rejeitou pedido do Comitê Paralímpico da Rússia. Com isso, os atletas russos não participarão dos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

No último dia 7, o Comitê Paralímpico Internacional anunciou que todos os atletas russos seriam eliminados dos Jogos Paralímpicos do Rio, por suspeita de doping. O governo russo lamentou o uso político dos Jogos, já que a investigação que apontou o doping foi realizada nos Estados Unidos, país rival da Rússia na política, nas guerras e no esporte.

Rio de Janeiro, 25 a 28 de agosto de 2016

Esportes l 7

E

ntre os dias 5 e 21 de agosto, a vida do carioca foi impactada pela presença dos Jogos Olímpicos na cidade.

O grande fluxo de pessoas por diversos bairros, muitas delas estrangeiras, colocou toda a receptividade do povo à disposição das delegações.

Porém, não só o carioca viu a história sendo feita nos arredores de suas casas.

O mundo parou para acompanhar histórias contadas pelos Jogos, dentro ou fora do âmbito esportivo. Afinal de contas, o maior legado dos Jogos está naquilo que não está sob a tutela do Comitê Olímpico Internacional.

PROTESTO PELO POVO OROMO

O maratonista etíope Feyisa Lilesa passou pela linha de chegada, no Sambódromo, cruzando os braços acima da cabeça ao conquistar a medalha de prata na prova.

Ele protestava contra o massacre do povo Oromo, que vive nas cercanias da capital AdisAbeba e, desde dezembro do ano passado, luta contra a ampliação da capital que destruirá suas terras. Desde o início das manifestações, o governo etíope já matou cerca de 400 pessoas, entre elas crianças.

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Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

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Outros destaques dos Jogos Olímpicos

‘CAÔ’ DÁ PREJUÍZO A ESTADUNIDENSE A falsa comunicação de crime feita por nadadores estadunidenses liderados por Ryan Lochte, após confusão em posto de gasolina na Barra da Tijuca, deu um grande prejuízo ao medalhista de ouro no revezamento dos 200m medley.

E não foi só aqui no Brasil que o “caô” de Ryan pegou mal. Lochte perdeu, por conduta inadequada, todos os seus quatro patrocinadores.

O polonês Piotr Malachowsk, que disputou no arremesso de peso, está leiloando sua medalha de prata para ajudar o garoto Olek, de dois anos de idade, que possui um retinoblastoma no olho esquerdo.

O retinoblastoma é um tumor maligno que só ocorre com crianças de até cinco anos. Após ganhar a medalha, a mãe de Olek escreveu para Piotr, que se sensibilizou com o caso.

SAÍDA À FRANCESA O francês Renaud Lavillenie, medalha de prata no salto com vara, derrotado pelo brasileiro Thiago Braz e muito vaiado pelo público no Engenhão, deixou o Brasil na última segunda-feira (23).

Sua postura, com críticas à torcida, foi fundamental para que os brasileiros “declarassem guerra” aos franceses.

Dali em diante, todos os franceses passaram a ser vaiados.

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PRATA QUE VALE OURO CONTRA O CÂNCER

8 | Esportes

Rio de Janeiro, 25 a 28 de agosto de 2016

Noite desastrosa da zaga derruba Flamengo

Eduardo Valente/Flamengo

BRASILEIRÃO 2016 22a RODADA

X

Rubro-negro perde por 4 a 2 para o Figueirense, na estreia da Copa Sul-Americana Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

O

Flamengo foi a Florianópolis (SC), no estádio Orlando Scarpelli, enfrentar o Figueirense em sua estreia na Copa Sul-Americana e fez um primeiro tempo lamentável.

Enquanto produzia muito pouco ofensivamente, a defesa rubro-negra teve uma noite para esquecer.

A bola aérea na área do Flamengo foi um sufoco, com a defesa perdendo rigorosamente todas as disputas com o ataque do Figueirense.

Rafael Moura, destaque do jogo, fez seu primeiro gol aos nove minutos após receber bom cruzamento de Lins e concluir com categoria no canto.

Três minutos depois, Alan Patrick empatou o jogo, ba-

tendo colocado no canto após pegar a sobra do chute de Guerrero, que desviou no zagueiro.

Não demorou muito para a primeira falha pelo alto da zaga do Fla. Bola cruzada na área e o zagueiro Marquinhos cabeceou para as redes, aos 17 minutos.

Aos 26, Donatti caiu com o traseiro no chão sozinho e deixou a bola livre para Rafael Moura, que encobriu Paulo Victor e fez um golaço.

No segundo tempo, mal deu tempo para respirar. Aos dois minutos, Rafael Moura fez de cabeça o quarto gol para o Figueira, após nova falha da zaga rubro-negra.

O treinador Zé Ricardo fez alterações e o Fla melhorou no jogo, conseguindo diminuir o placar, aos 30 minutos, em jogada de bola parada

Campeonato Brasileiro organizado pela CBF dura apenas três meses, forçando as jogadoras a sair do país ou ficarem inativas.

Já o treinador Vadão, antes de assumir o comando da equipe feminina, treinava equipes masculinas de menor expressão, em evidente ocaso da sua carreira no mercado. O Brasil nunca teve uma mulher no comando da seleção, ao contrário de outros países, como a Suécia, que eliminou o Brasil na semifinal dos Jogos. (BP)

SAN

Dom 28/08 11h00

CRU

Dom 28/08 11h00

CHA

Dom 28/08 16h

FLU

Dom 28/08 16h

GRE

Dom 28/08 16h

SAO

Dom 28/08 16h

SPO

Dom 28/08 18h30

VIT

Dom 28/08 18h30

CAP

Dom 28/08 18h30

COR

X STA

X FIG

X FLA

X PAL

X CAM

X

que Juan desviou e Cirino completou de cabeça.

Aos 40 minutos, uma das torres de iluminação apagou, paralisando a partida por 12 mi-

nutos e esfriando os times, que levaram o placar até o final.

O Fla precisa fazer, pelo menos, 2 a 0 no jogo de volta, em Cariacica (ES).

O Vasco foi à Vila Belmiro enfrentar o Santos, pela partida de ida das oitavasde-final da Copa do Brasil, e se complicou para a volta.

Levou 3 a 1 do Peixe e precisa vencer por, pelo menos, 2 a 0 em São Januário.

No primeiro tempo, o Santos foi muito superior ao Vasco, que não conseguia manter o padrão das suas atuações ao longo do ano, com Nenê bem abaixo do que geralmente produz. No entanto, o Peixe só abriu o placar aos 30

minutos do primeiro tempo, com Renato.

Seis minutos depois, Ricardo Oliveira fez um golaço de falta e ampliou o placar.

No segundo tempo, o Vasco melhorou no jogo, mas o Santos fez uma partida muito segura, que resultou em mais um gol, aos 20 minutos. Mais uma pintura, agora de Lucas Lima.

O Vasco diminuiu aos 50 minutos da etapa final, com Éder Luís, dando um respiro para a volta, no dia 21 de setembro, em São Januário. (BP)

CFC

X

Guerrero teve poucas chances para marcar e não foi bem

CBF não muda nada Vasco desaba na Vila no futebol feminino Belmiro e se complica O Coordenador de Futebol Feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha, anunciou nesta quarta-feira (24) a continuidade do projeto de Seleção Permanente, usado para a preparação da equipe visando os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Também foi garantida a permanência do treinador Vadão.

A Seleção Permanente foi criada para suprir a ausência de atividades no calendário do futebol feminino brasileiro. Alegando dificuldades comerciais com o torneio, o

PON

Sab 27/08 16h

INT

X AME

X BOT

CLASSIFICAÇÃO SÉRIE A Classificação PG 1° Palmeiras 40 2° Atlético-MG 38 3° Corinthians 37 4° Flamengo 37 5° Santos 36 6° Grêmio 35 7° Ponte Preta 31 8° Fluminense 31 9° Atlético-PR 30 10° Chapecoense 30 11° São Paulo 27 12° Sport 26 13° Botafogo 26 14° Coritiba 25 15° Internacional 23 16° Cruzeiro 23 17° Vitória 23 18° Figueirense 21 19° Santa Cruz-PE 19 20° América-MG 13

J 21 21 21 21 21 20 21 20 21 21 21 21 20 21 21 21 21 20 21 21

V 12 11 11 11 11 10 9 8 8 7 7 7 7 6 6 6 5 4 5 3

SG 16 6 11 4 17 9 -6 4 0 -4 0 -2 -2 -4 -3 -7 -5 -7 -7 -20

Zona de classificação para Libertadores Zona de rebaixamento para Série B