Brasil de Fato RJ - 001

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Divulgação

cultura | pág. 11

Repper Fiell dedica suas canções a todos trabalhadores brasileiros

Uma história de amor e fúria

Emerson Cláudio dos Santos, o Repper Fiell, escreve canções que abordam o cotidiano dos trabalhadores brasileiros. Nascido em Campina Grande, na Paraíba, e mora-

“Viver sem conhecer o passado é andar no escuro”. Essa é a principal ideia do filme que narra as lutas contra os opressores silenciados pela história oficial.

dor do morro Santa Marta, Fiell se apresenta com “repper” em uma referência ao repente do Nordeste, gênero que habituou-se a ouvir com seus avós.

Edição

cultura | pág. 12

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013 | ano 11 | edição 01 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Bruno Haddad/Fluminense F.C

esporte | pág. 15

brasil | págs. 04 e 05

Brasil perde com leilão do petróleo A Agência Nacional de Petróleo (ANP) prepara o leilão de uma das maiores riquezas do país. Localizados na camada pós-sal, 289 blocos de petróleo serão negociados nos dias 14 e 15 de maio no Rio de Janeiro. Para o petroleiro Ema-

nuel Cancella, a venda destas reservas é um “crime de lesa -pátria”. Ele calcula que o país pode perder 1 trilhão de dólares com a venda. Movimentos sociais farão protestos em frente ao local do leilão, no hotel Royal Tulip. Samuel Tosta

Flu encara Emelec O time de Abel Braga encara estádio lotado e torcida confiante nas oitavas de final da Libertadores. Equatorianos têm 100% de aproveitamento em casa.

mundo | pág. 10

Abuso das transnacionais

Manifestação contra os novos leilões do petróleo

Representantes de países latino-americanos planejam ação em defesa da soberania frente aos contínuos abusos praticados pelos tribunais internacionais que impõem os interesses de grandes empresas.


02 | opinião

Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

editorial | Brasil

O bate-boca em torno da PEC 33 É IMPRESSIONANTE como setores do poder Judiciário e a mídia se unem para apostar na estratégia de “quanto pior, melhor”. A Ação Penal 470, acertadamente chamado de “O mentirão”, pela jornalista Hildegard Angel, foi o ápice desse conluio. Já publicado o acórdão, esse julgamento está cada vez mais enredado nas suas contradições. Na opinião pública, cresce o sentimento de que esse julgamento serviu apenas para sinalizar quais são os partidos que podem ter caixa 2 e quais estão impedidos dessa prática. Só isso explica porque o

A Emenda tem aspectos polêmicos que, certamente, sofrerão modificações que necessariamente não serão progressistas, já que a maioria do Congresso é conservadora “mensalão tucano” até hoje não foi julgado. O mesmo vale para as denúncias da Privataria Tucana, fartamente documentada no livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Fracassado em seu objetivo de impor derrotas eleitorais ao governo, o caos continua sendo acalentado por esses setores. Agora, bastou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da

Câmara aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33, que propõe que a emenda constitucional aprovada no Congresso e declarada inconstitucional pelo STF seja submetida à consulta popular, para que os jornalões abrissem espaço para a voz cavernosa do ministro Gilmar Mendes denunciar que os parlamentares “rasgaram a Constituição”.

Ora, Gilmar Mendes e os ministros que estão reagindo a uma tramitação normal de uma emenda constitucional no Congresso, e os parlamentares que entraram com um mandado de segurança para a Câmara interromper uma tramitação de matéria constitucional, estão fazendo estardalhaço político em conluio com a grande mídia, para tirar proveito do fato. A credibilidade desse ministro está associada às denúncias de ter seus telefones grampeados durante o governo Lula – fato não comprovado até hoje – e de que o ex-presidente Lula havia lhe sugerido ajuda na

CPI do Cachoeira, em troca de apoio para adiar o julgamento da AP 470. Gilmar Mendes foi desmentido pelo ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim, presente na conversa. A Emenda tem aspectos polêmicos que, certamente, sofrerão modificações que necessariamente não serão progressistas, já que a maioria do Congresso é conservadora. No entanto, destacam-se as tentativas da mídia e de setores do Judiciário de bloquearem iniciativas que sinalizam a democratização da política e abrem canais para participação ativa do povo na política.

editorial | Rio de Janeiro

Um jornal novo que já tem 10 anos AMIGOS e amigas cariocas, vocês estão recebendo um jornal pouco conhecido, mas que existe há 10 anos: Brasil de Fato. Queremos entregá -lo para vocês toda semana, às quintas-feiras, aqui neste mesmo lugar. Que jornal é esse? O nome já diz tudo: Brasil de Fato. Ou seja: o Brasil verdadeiro, real, e não o Brasil da fantasia que aparece na TV, nas rádios e em outros jornais. Queremos falar da vida verdadeira das pessoas. Falar de seus problemas no trabalho e na vida do dia a dia. Mas vamos falar também de alegrias, de arte, de música, de dança, de futebol, de cinema e de toda a vida. No Brasil de Fato, vamos falar da educação, de como estão nossas escolas do município e do estado. Vamos falar do custo dos livros e da qua-

Redação Rio: redacaorj@brasildefato.com.br

Para anunciar:

(11) 2131 0800

O Brasil de Fato não é só um jornal somente carioca. Ele existe há dez anos como um jornal para o Brasil todo

lidade do ensino. E nosso jornal também vai conversar sobre como anda a saúde – que todo mundo sabe que está uma vergonha. Mas o Brasil de Fato não é só um jornal somente carioca. Ele existe há dez anos como um jornal para o Brasil todo. Até agora saiu sem falhar uma só vez toda semana, igual

para todo o país. A partir deste 1º de Maio, o Brasil de Fato vai começar a sair também em edição especial para várias cidades: Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, para começar. Além de tratar de questões do Rio, o jornal também vai tratar de assuntos gerais de todo o Brasil e do mundo. Aparecerão as lutas de todos os traba-

lhadores do Brasil, do campo e da cidade. E sempre vai ter notícias da América Latina, da África e do mundo inteiro, sempre com uma visão diferente da que estamos acostumados pela mídia que está aí. E quem paga esta edição distribuída gratuitamente? Boa pergunta: são as propagandas que já temos e outras que vamos buscar.

De quem é o Brasil de Fato? Quem é o dono? Não tem dono. Ou melhor, tem muitos donos. São os 100 membros do Conselho Editorial e milhares de apoiadores. Um jornal da classe trabalhadora. Gente que compartilha o sonho de construir um Brasil de fato: um Brasil melhor, justo, livre e solidário. Ou seja: todos querem um Brasil onde os trabalhadores tenham direitos garantidos e conquistem cada vez mais. Todos queremos que o povo das cidades e do campo tenham uma vida decente sem nenhum tipo de exploração e dominação. É um sonho isso? Sim, mas pode se tornar realidade. O Brasil de Fato luta para que este sonho, um dia, seja real. Boa leitura.

Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editora de Arte – Pré-Impressão: Marcelo Araujo • Revisão: Jade Percassi • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – redacao@brasildefato.com.br • Gráfica: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou assinaturas@brasildefato.com.br


Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

Latuff

opinião | 03

Carlos Vainer

Transporte público no Rio

Beto Almeida

Os 70 anos da CLT NESTE 1º de Maio a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada na Era Vargas, está completando 70 anos, sob permanente ataque do grande capital. Não basta a desoneração, pois a voracidade capitalista não tem limites. Querem destruir os direitos trabalhistas assegurados na CLT. A direita já tentou de tudo para desfigurar, anular e flexibilizar a CLT. Primeiro, inventou-se que possuía inspiração fascista. Mais uma mentira do infinito mantra da direita contra todo e qualquer di-

reito formal e prático dos trabalhadores. Vargas possuía uma comissão de assessores que trabalhava no segundo andar do Palácio do Catete. Dali saíram os grandes projetos de Vargas; a CLT, a Petrobras, Volta Redonda, Eletrobrás, indústria naval etc. A CLT nada tem de inspiração fascista. Este rótulo foi colado pela mídia. A proposta original da CLT foi feita pelo cearense José Ferreira, antigo advogado, perseguido em seu estado por ser socialista. Vargas, mais tarde,

convocou uma comissão de juristas para dar a forma final. A CLT resiste ao tempo. Na Europa, trabalhadores perdem direitos. OS EUA não têm nada parecido a uma CLT. Lula, que já criticou Vargas, agora o elogia. Falta uma revisão consciente sobre o que foi realmente a Era Vargas, que FHC quis destruir. É preciso defender a CLT dos ataques do capital. Assim como a ampliação dos direitos, que está ocorrendo no Brasil, ao contrário do que ocorre no chamado “primeiro” mundo.

Luiz Carlos Fadel de Vasconcellos

Saúde do trabalhador A LUTA pelas 8 horas de trabalho, comemorada no 1º de Maio, simboliza a luta dos trabalhadores pela sua saúde quando lutavam para trabalhar no limite da capacidade humana e, não, na medida sem limite imposta pelo capital para seguir acumulando riquezas às custas da força de trabalho. A palavra de ordem era 8 horas vezes 3: 8 horas para o trabalho, 8 horas para a família, 8 horas para o sono. Mas, quase 130 anos se passaram e os trabalhadores continuam perdendo sua saúde, mesmo trabalhando as 8 horas diárias. Então, o 1º de maio foi pouco, e a razão é muito simples para nós.

No mundo globalizado, a prioridade de grande parte dos países, como é o caso do Brasil, é o crescimento econômico em busca frenética pelo desenvolvimento a qualquer custo. Assim, o mercado global é quem dá as cartas num jogo em que os trabalhadores que sustentam esse mesmo desenvolvimento perdem sua saúde, muitas vezes seu futuro e, tantas vezes, sua própria vida. Para o mercado não existe ética. E o modelo de desenvolvimento baseado na lógica do mercado é o modelo da ausência da ética: a ética humana, a ética social, a ética política. A ética humana é destroçada quando o trabalhador perde

a sua saúde e tantas vezes morre em seu trabalho. O trabalho como fonte de vida deixa de ter sentido numa sociedade civilizada, se esta não é capaz de se indignar com isto. A ética social é destroçada quando o trabalhador perde a sua saúde e tantas vezes morre em seu trabalho. A família perde, as crianças perdem e perde-se o tecido social. E esta deixa de ser uma sociedade civil se não for capaz de se rebelar contra isto. Se podemos bradar hoje uma palavra de ordem, que seja por um novo 1º de Maio da saúde do trabalhador, na luta por uma ética vezes 3 que resgate a dignidade no trabalho.

O QUE SE ESPERA de um sistema de transporte público urbano? 1) Deve ser universal, oferecendo a todos a possibilidade de dispor de meios confortáveis que assegurem sua mobilidade, a tarifas módicas tendo em vista os níveis de renda dos usuários e, ainda, ser acessível. Isto é, disponível para os portadores de necessidades especiais (cegos, cadeirantes etc.). 2) Deve ser eficiente, utilizando de maneira adequada, econômica e responsável os recursos públicos, aí considerados as vias públicas, os fundos públicos e o conjunto meios políticos e técnicos detidos pelo poder público. 3) Deve ser integrado, ou seja, de um lado, estar articulado com o planejamento do conjunto da cidade, aqui entendida como a totalidade da Região Metropolitana, e, de outro lado, integrar o transporte rodoviário, metroviário, ferroviário, aquaviário e o chamado transporte ativo - bicicleta, skate, patins, deslocamentos a pé. 4) Deve ser responsável do ponto de vista ambiental, reduzindo o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa, o que significa, de um lado, estar fundado em um plano que contenha a expansão descontrolada da malha urbana, e, de outro lado, privilegie meios menos poluentes – transporte ativo, metrô, ferrovia, ao invés de ônibus e automóveis, que queimam combustível fóssil.

É chegada a hora de proclamar a república no transporte público da cidade do Rio de Janeiro, recolocando a totalidade dos serviços sob a égide do planejamento 5) Deve ser responsável socialmente, atendendo prioritariamente às áreas, bairros e segmentos da população que dependem do transporte público para acessar o trabalho, a educação, os serviços urbanos e o lazer. O que temos em nossa cidade? Tarifas absurdas, desconforto, precariedade do atendimento, insegurança, desintegração modal, irresponsabilidade ambiental, injustiça social que penaliza as áreas mais carentes, congestionamento e poluição. Na cidade do Rio de Janeiro o sistema de transporte público está dominado pela lógica privada e expressa a subordinação da esfera pública ao mercado. Um mercado monopolista, e não o mercado competitivo dos manuais do neoliberalismo. De um lado, atende aos comandos e desmandos das empresas privadas concessionárias, que, com as privatizações dos anos 1990, somaram ao controle dos ônibus o dos trens, metrô e barcas. De outro lado, atende à voracidade dos grandes proprietários de terras vazias na Barra da Tijuca e Recreio, realizando investimentos em infra-estrutura viária que tem por objetivo fundamental a valorização imobiliária de imensos latifúndios urbanos e periurbanos. É chegada a hora de proclamar a república no transporte público da cidade do Rio de Janeiro, recolocando a totalidade dos serviços sob a égide do planejamento, propriedade, gestão públicas e controle social a serviço do interesse público. Carlos Vainer é professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ.


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O olhar de um jovem infrator

VIOLÊNCIA Rapaz foi apreendido aos 15 anos por tráfico de drogas e roubo Jorge Américo e José Francisco Neto de São Paulo (SP) O jovem Gustavo Pereira*, de 21 anos, cuida de carros num bairro da zona oeste de São Paulo. Há pouco mais de um ano morando na rua, o garoto já passou pela unidade do Brás da antiga Febem (Fundação Casa). Ele foi apreendido aos 15 anos por tráfico de drogas e roubo. As infrações cometidas por Gustavo representam a maioria das internações registradas atualmente no estado de São Paulo. De acordo com dados da Fundação Casa, tráfico de drogas e roubo representam 85% dos casos. No âmbito nacional os nú-

A negligência e a violência física, psicológica e sexual são os tipos de violação mais comuns meros são proporcionalmente parecidos, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Aos dois anos de idade, Gustavo foi arremessado contra a parede pelo pai, que estava sob efeito de crack. “Eu tava chorando. Ele falou que eu tava roubando a ‘brisa’ dele”, descreve, apontando a cicatriz que ficou marcada na testa. A negligência e a violência física, psicológica e

sexual são os tipos de violação de direitos mais comuns às crianças e adolescentes brasileiros. Entre os meses de janeiro e novembro de 2012, o Disque Denúncia, ligado ao governo federal, registrou 120.344 mil denúncias de violências sofridas por menores. Abandonado pelos pais, o rapaz foi criado pelos avós e começou a vender doces para ajudá -los. Mas o convite para entrar no tráfico não tardou. “Quando fui ver, eu já tava envolvido.” Gustavo interrompeu os estudos ainda na quinta-série. Em um questionário respondido ao CNJ em 2011, 86% dos adolescentes que cumpriam internação declararam não

“Eu tenho um sonho. Eu quero viver bem. Deus não me pôs no mundo pra sofrer” ter concluído o ensino fundamental. O jovem, no entanto, quer voltar a estudar e ainda constituir uma família. “Eu tenho um sonho. Eu quero viver bem. Deus não me pôs no mundo pra sofrer. Quero ter minha família ainda, uma mulher só minha. Quero ter meu filho pra pegar ele no colo e fazer carinho.” *Nome fictício

Empresas de 18 países querem explorar petróleo no Brasil ABr

LEILÕES ANP informa que 71 empresas de 18 países e três territórios ultramarinos se habilitaram a participar da 11ª rodada de Licitação Nielmar de Oliveira do Rio de Janeiro (RJ) A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou dia 4 de abril que 71 empresas de 18 países e três territórios ultramarinos entregaram documentação de qualificação para se habilitarem a participar da 11ª rodada de Licitação de áreas para exploração e produção de petróleo nas bacias sedimentares do país. Segundo nota da ANP, deste total, 19 empresas são do Brasil (país com maior número de pretendentes); oito são dos Estados Unidos; seis,

do Reino Unido; cinco, do Canadá. Austrália, Ilhas Cayman e Colômbia participam com três empresas cada. Já a China tem duas empresas habilitadas, mesmo número de outros cinco países: Bermudas, Espanha, França, Noruega e Panamá. A 11ª rodada vai licitar 289 blocos em 23 setores, totalizando 155,8 mil quilômetros quadrados (km²), distribuídos em 11 bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano Sul.

A 11ª rodada vai licitar 289 blocos em 23 setores, totalizando 155,8 mil quilômetros quadrados Segundo a ANP, dos 289 blocos, 166 estão localizados no mar

Segundo a ANP, dos 289 blocos, 166 estão localizados no mar, sendo 94 em águas profundas, 72 em águas rasas, e 123 em terra. A 11ª rodada será realizada nos dias 14 e 15 de maio, no Rio de Janeiro. “O objetivo da 11ª rodada é promover o co-

nhecimento das bacias sedimentares, desenvolver a pequena indústria petrolífera e fixar empresas nacionais e estrangeiras no país, dando continuidade à demanda por bens e serviços locais, à geração de empregos e à distribuição de renda”, informa a ANP.

Para alcançar esses objetivos, a agência mantém a aplicação de regras de conteúdo local, que possibilitam o fortalecimento de fornecedores nacionais de bens e serviços. “A oferta de áreas em diversos estados brasileiros contribuirá para a

redução das desigualdades a partir da descentralização da produção de petróleo e gás no país, incentivando o crescimento da indústria petrolífera em regiões em que este segmento é inexistente ou incipiente”, conclui a nota. (Agência Brasil)


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Leilões do petróleo, um crime de lesa-pátria ENERGIA Para sindicalista, o país está entregando uma riqueza que poderia ser dividida com o povo pobre Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ) Você sabia que uma das maiores fontes de riqueza do Brasil será leiloada nos dias 14 e 15 de maio, aqui no Rio de Janeiro? Localizados no pós-sal, 289 blocos de petróleo serão negociados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), organizadora da 11ª Rodada. Preste atenção no que está em jogo: as empresas arcarão com os custos de extração e pagarão ao governo apenas 10% de royalties. A ANP divulgou que a expectativa de descobertas seriam de 30 bilhões de barris isso só na margem equatorial brasileira (região que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte).

“Ao invés de melhorar o país, vamos financiar a saída da crise dos países europeus” “Nesta rodada, a ANP espera arrecadar 1 bilhão de dólares. 30 bilhões de barris é mais que o dobro das reservas brasileiras, sem considerar o pré-sal. Se considerarmos que o barril do petróleo custa 100 dólares, estaremos entregando 1 trilhão de dólares”, informou Emanuel Cancella, diretor do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros. Para se ter ideia da quantia de dinheiro, basta comparar com os nú-

Samuel Tosta

meros do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012: 2,3 trilhões de dólares. Crime de lesa-pátria Diante de toda essa riqueza que poderia ser o “passaporte para o futuro” do país, o Brasil ficará apenas com o pagamento dos royalties. Cancella defende que todo esse dinheiro deveria ser investido em saúde, educação, segurança pública e reforma agrária. “O leilão de petróleo é um crime lesa-pátria, pois essas reservas não se renovam. Estamos entregando uma riqueza que poderia ser dividida com o povo. Ao invés de melhorar o país, vamos financiar a saída da crise europeia”, afirmou.

Pelas regras dos leilões, empresas pagarão ao governo apenas 10% de royalties

Geração de emprego será mínima Segundo o engenheiro Paulo Metri, nem mesmo refinarias serão construídas no país do Rio de Janeiro (RJ) Para justificar os leilões sempre é utilizado o argumento da geração de emprego. Porém, segundo o conselheiro do Clube de Engenharia, Paulo Metri, neste setor a demanda por mão de obra só ocorre com a encomenda de plataformas. “Como as empresas estrangeiras não compram plataformas, elas não abrem oportunidades de trabalho. A mão de obra somente para operar as plataformas é mínima”, argumenta Metri. Nem mesmo refinarias serão construídas no país, pois o objetivo dessas empresas é uni-

camente a exportação de petróleo. Desenvolvimento Outro argumento da ANP é que esta rodada incluirá áreas em regiões pobres o que ajudaria a desenvolver esses locais. “É uma grande mentira dizer que vai desenvolver regiões mais pobres e que vai gerar emprego e renda para o brasileiro. Esse petróleo vai embora para o exterior. Estamos entregando o futuro dos brasileirinhos”, lamentou Cancella. Ele destacou que o petróleo deveria ser estratégico para gerar empregos de qualidade e estimular a indústria nacional. “A

Nem mesmo refinarias serão construídas no país, pois o objetivo dessas empresas é unicamente a exportação de petróleo União, estados e municípios iriam arrecadar mais impostos”, completou. E por que essas informações nunca são divulgadas nos grandes jornais e na TV? “A grande imprensa no fundo está comprometida com

Samuel Tosta

Para sindicalistas, lei 9.748 impede que rodadas sejam barradas

os interesses do capital e agora o interesse é deixar o povo desinformado”, comenta Metri. Além disso, toda essa negociação ocorre conforme a legislação brasileira, segundo a lei 9.748. “Por esta lei quem desco-

bre petróleo é o dono e faz dele o que bem quiser. Essa lei é péssima pois impede que as rodadas sejam barradas. Esta sanha privatista, entreguista e antissocial do governo brasileiro é irracional”, critica Metri. (VV)

LEILÕES O leilão dos dias 15 e 16 acontecerá em São Conrado. Nesses dias, Campanha Todo Petróleo Tem que ser Nosso reunirá movimentos populares e estudantis em um ato em frente ao Hotel Royal Tulip Rio de Janeiro, na Rua Aquarela do Brasil, 75. Mas os leilões não acabam por aí: está programado para o dia 28 de novembro o início dos leilões das áreas de reservas de petróleo do Pré-sal. Conforme a ANP, as reservas podem chegar a 50 bilhões de barris na Bacia de Santos. (VV)


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Megaempresa de educação terá 1 milhão de alunos MERCADO Fusão entre os grupos educacionais Kroton e Anhanguera movimenta R$ 12 bi; especialistas criticam “cartel” Patrícia Benvenuti de São Paulo (SP) No dia 22 de abril, os grupos educacionais Kroton e Anhanguera anunciaram a fusão que movimenta R$ 12 bilhões e terá cerca de 1 milhão de alunos em universidades privadas. Juntas, elas serão a maior companhia do mundo no setor de educação em valor de mercado. Serão mais de 800 unidades de ensino superior e 810 escolas associadas em todos os estados brasileiros. A operação aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Apesar de tratada como fusão, a Kroton deverá predominar.

A notícia foi bem recebida pelo mercado financeiro

Com um valor de mercado maior, a companhia terá 57,5% do controle, sete dos 13 assentos do Conselho e a direção de Rodrigo Galindo, atual presidente do grupo. A notícia foi bem recebida pelo mercado financeiro. No dia do anúncio da fusão, os papéis da Kroton fecharam em alta de 8,39% e os da Anhanguera, em 7,76%.

Já se especula que outros conglomerados possam realizar operações semelhantes para enfrentar o “gigante da educação”, como vem sendo chamada a nova companhia. “Cartelização” Porém, especialistas em educação consideram que a fusão pode formar um cartel – grupos privados que se associam para controlar determinado mercado e controlar os preços. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) já anunciou que ingressará no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a operação. Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Romualdo Portela de Oliveira, a presença do novo grupo deverá resultar em um oligopólio no mercado. “É de se esperar que o efeito sistêmico se amplie, do tipo abalar as instituições mais frágeis e começar a acentuar um processo de oligopolização”, afirma. A origem do capital também preocupa. A coordenadora geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto, lembra que os recursos que financiam essas negociações não são provenientes de instituições internacionais de ensino, e

“Esse pessoal é do capital financeiro aberto, especulativo. Eles não têm o mínimo interesse com a qualidade da educação” sim de agentes que esperam lucratividade. “Esse pessoal é do capital financeiro aberto, especulativo. Eles não têm o mínimo interesse com a qualidade da educação”, adverte. Quem são No setor de educação há mais de 40 anos, o Grupo Kroton atua em diferentes estados. Algumas de suas marcas mais conhecidas são a Faculdade Pitágoras e a Universidade Norte do Paraná (Unopar). Em 2007, a Kroton abriu seu capital na Bolsa de Valores, mas atraía pouca atenção dos investidores. A situação mudou em 2009, com a entrada da Advent, um fundo internacional. A partir daí, seu valor de mercado saltou de R$ 400 milhões para quase R$ 7 bilhões. A Anhanguera Educacional é mais presente nos estados do Sul e em São Paulo. Em 2011, a empresa comprou a Uniban por R$ 510 milhões.

Empresa é alvo de denúncias CPI pede indiciamento de executivos da Kroton de São Paulo (SP) A CPI das Universidades Privadas da Alerj sugeriu que dois executivos da empresa Kroton, que acabou de anunciar fusão com o grupo Anhanguera, sejam indiciados pelo Ministério Público. A comissão apura crimes cometidos por grupos educacionais, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, aquisições ilícitas, sonegação fiscal, venda de diplomas, convênios ilegais e assédio moral contra professores. Rodrigo Galindo, presidente da Kroton, e Igor Xavier, vice-presidente, podem ser indiciados em função de supostas irregularidades cometidas na compra e ven-

CPI apura crimes cometidos por grupos educacionais, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e aquisições ilícitas da da Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura (Suesc). Em depoimento à CPI, um aluno da Suesc relatou que a instituição foi vendida para a Kroton por meio da Editora e Distribuidora Educacional, que faz parte do grupo. Após a venda, a Kroton passou a utilizar o nome “Pitágoras”, marca registrada pela empresa, e demitiu vários professores. Além disso, os estudantes passaram a ter aulas em um local que

funcionava como agência de automóveis após a desapropriação do prédio que sediava a faculdade. A Kroton afirmou que “desconhece e repudia enfaticamente” as denúncias. Também podem ser indiciados os empresários Candido Mendes (Ucam), Márcio André Mendes Costa (ex-controlador do Grupo Galileo, que administrou a UniverCidade e a Gama Filho) e Rui Muniz, da Universidade Santa Úrsula. (PB)


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brasil | 07 Agência Vale

FATOS EM FOCO

Dívida de Eike é de R$ 24 bi Eike possui diversas empresas, mas as cinco principais: OGX (petroleira), OSX (estaleiro), LLX (logística), MMX (mineração) e MPX (energia) enfrentam problemas ao mesmo tempo. Sua dívida está estimada em 24 bilhões de reais e o valor dessas empresas só diminui. A MMX, empresa de mineração teve um prejuízo líquido de 55,2 milhões de reais no primeiro trimestre, ante lucro de 49,3 milhões de reais um ano antes. (VV) Jorge Marinho/Governo RJ

“É hora de fortalecer a Vale” ENTREVISTA Para o economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, uma das maneiras é aumentar seu peso em relação às jazidas Mina de Carajás, no Pará: produção de aço seria mais importante do que vender minério de ferro

Vivian Virissimo do Rio de Janeiro (RJ)

O empresário Eike Batista

Controle e capital Segundo a UNCTAD (organismo nas das Nações Unidas para o desenvolvimento e comércio) havia, em 2007, em todo o mundo, 79 mil empresas transnacionais – empresas com filial em outro país e que dela retirasse no mínimo 10% de seu faturamento total. Estas 79 mil empresas controlavam 790 mil filiais. Levando em conta o valor do faturamento, 737 dessas empresas detinham 80% de todo o valor das empresas do mundo e 147 controlavam 40% do faturamento de todas as transnacionais.

O economista Carlos Lessa se define como um nacionalista. Ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lessa propõe que o Porto do Açu e a mineradora MMX, ambos de Eike Batista, sejam nacionalizados para fortalecer a Vale do Rio Doce. “Sou nacionalista porque sou brasileiro. Para nós da periferia, nação é um conceito que não podemos abrir mão”. Brasil de Fato – O senhor defende que Porto do Açu seja nacionalizado. Por que? Carlos Lessa – Está na hora de fortalecer a Vale como instrumento do desenvolvimento brasileiro. Uma das maneiras é aumentar seu peso em relação às jazidas. Dividir com grupos estrangeiros e com grupos privados nacionais enfraquece o poder negocial da Vale do Rio Doce. Isso poderia acontecer estatizando o Porto de Açu (RJ), em São João da Barra e a jazi-

da de ferro da MMX, em (MG) e, ambos pertencentes ao grupo EBX, de Eike Batista. E por que esse momento? Agora que o grupo EBX explicitou que surgiram dificuldades econômicas, eu diria que a solução é considerar as dificuldades que estão se colocando no caminho da Vale no âmbito internacional. Minha hipótese básica é aproveitar o momento de pagamento que o grupo EBX deveria fazer para negociar uma entrada pesada da Vale dentro da equação de saída do grupo. Se a Petrobras ajudar o porto do Açu, um pedaço grande da concessão deve ser transferida para ela. Nos jornais consta que o porto seria o cais de reparação e reconstituição das plataformas de petróleo. Como o grupo de Eike se consolidou nos últimos tempos? É um grupo que possui um apoio gigantesco do Estado brasileiro, acesso a recursos naturais como bacias petroleiras e mi-

nas de ferro, concessões portuárias e financiamentos dados pelos bancos sociais. E parte dos financiamentos que o grupo consegue fora do país, se dá porque eles sabem que tem por trás a sustentação do Estado. As mudanças no mercado chinês influenciam esse cenário? Nos últimos anos, a evolução da Vale se repousou basicamente na fome que a China tinha de minério de ferro. Como chineses não brincam em serviço, eles estão atuando em Gamon, na África, onde existem reservas magníficas de minério de ferro, cuja concessão agora é chiAline Braga

O economista Carlos Lessa

nesa. Lindeiro com Oceano Índico, Gamon terá condições mais eficientes de atingir o mercado asiático. E isso exige uma mudança de rota da Vale... A Vale é uma das variáveis chaves para garantir a soberania nacional. Ela tem um papel relevante na medida em que, dominando o minério de ferro ela pode, a partir de seu sistema logístico, diversificar a economia internamente. Do ponto de vista nacional, seria importante que a Vale alavancasse a indústria siderúrgica brasileira. Ou seja, produção de aço seria mais importante do que

“Se a Petrobras ajudar o Porto do Açu, um pedaço grande da concessão deve ser transferida para ela”

vender minério de ferro. Essa ideia de mineradora mundial não é nada estratégica. Que atuação da Vale poderia ser mais estratégica para o país? Há trinta anos, a Vale foi pioneira em produzir lasca de eucalipto para produzir celulose, por exemplo. A lógica da privatização fez com ela vendesse grande parte dessas diferenciações. Evidente que ela nunca deveria ter sido privatizada. E, de certa maneira, o caminho da recuperação da Vale para o controle do Estado começou na minha gestão no BNDES. Havia articulação para vender grande parte das ações de controle para um grupo japonês. Em cinco dias, eu comprei as ações porque tinha preferência, irritei profundamente o ministro da Indústria e Comércio, mas segurei a Vale. Hoje a maioria de capital é de Estado, por meio do BNDES e da PREVI, embora haja um acordo que coloca o Bradesco no primeiro lugar do comando.


08 | brasil

Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

Alta de juros tem custo econômico e social ECONOMIA Especialistas questionam a atenção dada pela mídia ao preço do tomate e criticaM postura do Banco Central Elza Fiúza/ABr

José Coutinho Júnior de São Paulo (SP) O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou, em ata divulgada na última quinta-feira (25), que optou por elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 7,25% para 7,50% ao ano, para “neutralizar risco” de disparada da inflação no país. A medida do comitê se deu após pressão do mercado financeiro e da mídia, que apontou o tomate como principal vilão do momento econômico. Para o economista Guilherme Delgado, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o aumento dos juros para controlar a inflação tem custos econômicos e sociais. “A elevação da taxa de juros Selic não tem nenhum efeito do ponto de vista da contenção inflacionária, mas atende a apetites midiáticos e simbólicos”. O uso político da alta do tomate para forçar o aumento de juros se torna mais evidente ao analisar a queda brusca do preço do fruto. A inflação do tomate em março foi de 122,13%, sendo que no meio de abril o preço já havia caído mais de 75%.

“A elevação da taxa de juros Selic não tem nenhum efeito do ponto de vista da contenção inflacionária” Além disso, a farinha de trigo teve um aumento de preço maior que o tomate (151,39%) por conta da seca no nordeste, e não recebeu tanta atenção dos analistas e da mídia quanto o tomate. “O tomate é um produto de cultivo cíclico de 90 dias. Se está faltando no mercado é porque os agricultores não estão plantando. O preço que estava muito alto começa a diminuir quando o plantio novo chega. Todas as economias do mundo, em todas as épocas, têm problemas sazonais. E isso não é causa de inflação”, afirma Delgado. Gerson Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), concorda. “Existe sim um problema de pressão dos preços dos alimentos, mas o tomate foi usado como um vilão para pressionar o governo a aumentar a Selic. O impacto do preço do tomate na taxa de inflação é mínimo, em torno de 0.2%”. Gervásio Baptista/Abr

O economista Guilherme Delgado

Tomate não é o vilão: produção do alimento não explica a pressão inflacionária

Agronegócio, causa da inflação Para especialistas, modelo atual prioriza as exportações de alimentos de São Paulo (SP) Os especialistas avaliam que a alta inflacionária dos alimentos se deve, em grande parte, à política agrícola adotada pelo governo brasileiro, que prioriza as exportações do agronegócio em vez do abastecimento interno. Dados da Abra apontam que, de 1990 para 2011, as áreas plantadas com alimentos básicos como arroz, feijão, mandioca e trigo declinaram, respectivamente, 31%, 26%, 11% e 35%. Já as de produtos do setor agroex portador, como cana e soja, aumentaram 122% e 107%. Esse cenário faz com que o Brasil dependa de

importações de alimentos básicos para suprir seu mercado interno. Em 2012, o país importou 334 milhões de dólares em arroz, equivalente a 50% do valor aplicado no custeio da lavoura em nível nacional. No caso do trigo, o valor das importações foi de 1,7 bilhão de dólares, duas vezes superior ao destinado para o custeio da lavoura, e a produção de mandioca atualmente é a mesma de 1990. Para controlar os preços e garantir o abastecimento interno, o governo começa a adotar a criação de estoques reguladores por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essas reservas permi-

Em 2012, o país importou 334 milhões de dólares em arroz, equivalente a 50% do valor aplicado no custeio da lavoura em nível nacional

tem ao governo intervir caso o preço dos alimentos esteja fora do padrão determinado, e comprar ou vender esses alimentos, com ênfase especial nos que compõem a cesta básica para equilibrar os valores. (JCJ)

INFLAÇÃO O economista Guilherme Delgado explica que o aumento do preço do tomate está ligado a uma questão cíclica da produção do fruto. Portanto, após um período de alta, o preço já começou a diminuir, em função da chegada de um novo plantio ao mercado. “A produção do tomate não é relevante para explicar a pressão inflacionária, se não temos um discurso puramente sazonal. Todas as economias do mundo, em todas as épocas, têm problemas sazonais. E isso não é causa de inflação”, afirma Delgado. (JCJ)


Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

cidades | 09

Vans proibidas na zona sul TRANSPORTE Medida adotada prevê licitação de 600 novas vagas, menos de 20% das 3.500 prometidas pelo prefeito ao SindvansRio antes das eleições de 2012 Daniel Israel do Rio de Janeiro Desde março, a rixa entre César Maia (DEM) e Eduardo Paes (PMDB) ganhou novos contornos. Responsável pela entrada de Paes na vida pública, Maia é, além de vereador, um dos mais conhecidos adversários do prefeito. É que, quando era prefeito, o candidato mais votado pelo antigo PFL sancionou a Lei 3.360/2002, instituindo o serviço de transporte complementar (ou alternativo) na cidade. Com a proibição de circulação de kombis e

vans na zona sul da cidade, os dois ficam em lados cada vez mais opostos. Segundo Paulo Oliveira, secretário geral do Sindicato dos Permissionários dos Serviços de Transporte de Passageiros e Comunitário do Município do Rio de Janeiro (SindvansRio), não dá para entender por que o prefeito tomou essa medida. “Essa decisão do prefeito não tem lógica, como tudo o que ele tem feito em relação ao transporte complementar. E ele ainda tem a intenção de acabar com a circula-

ção de vans no Centro”. Na verdade, a expansão da proibição de circulação de vans não é apenas possibilidade, mas uma certeza. É o que assegura Claudio Ferraz, coordenador especial do Transporte Complementar, posto subordinado ao gabinete do prefeito. “Existe um processo licitatório em andamento, e não há a previsão de circulação de vans no Centro e na zona sul. O esforço da prefeitura é reordenar a integração entre os modais”. Até hoje, no entanto, as vans seguem impedidas de trafegar apenas

Prefeitura RJ

Desde que foi reeleito, Paes nomeou um ex-delegado para cuidar do transporte complementar e licitou linhas

Funcionários da prefeitura fiscalizam vans na zona sul do Rio

entre Urca e Rocinha. Mesmo assim, o prefeito já exigiu dos donos das empresas de ônibus que coloquem mais veículos nas ruas, para dar con-

ta dos passageiros que costumam usar kombi ou van. Mas Ferraz não soube afirmar se com a maior quantidade de ônibus,

também haverá aumento entre os motoristas que cumprem duplafunção (além de dirigir, ficam responsáveis pela cobrança da passagem).

Paes não cumpre promessas Nessas horas, Paes se esquece do “legado que Copa e Olimpíadas deixarão para a cidade”, sobre o que tanto repete J.P.Engelbrecth/Prefeitura RJ

do Rio de Janeiro (RJ) Para o professor Walter Porto, do Programa de Engenharia de Transporte da Coppe/UFRJ, não é possível pensar de forma descolada as vias de acesso de uma cidade. Segundo ele, para fazer planejamento de transporte, é preciso ver a cidade como um todo. Cada tipo de transporte tem uma demanda específica. “Só existe solução para o transporte se houver prioridade para o transporte coletivo, até mesmo a carona solidária. E apesar de insegura e não totalmente regulamentada, a van é um transporte coletivo, que atende a uma parcela significativa da população”, argumenta o professor. O secretário geral do SindvansRio lamenta ao lembrar do mês anteiror às eleições municipais de 2012. Na época, ele

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes

esteve com Paes, então candidato à reeleição, que lhe garantiu a licitação de 3.500 vagas para permissionários. Atualmente, segundo informa a edição de março do jornal do SindvansRio, a intenção de Paes é licitar menos de 20% das vagas prometidas. Mas Oliveira adianta que o

sindicato não vai desistir da luta, que já conta com o apoio de 27 vereadores, sendo alguns da base de apoio ao prefeito. “Toda licitação cujo valor ultrapasse R$ 150 milhões precisa passar por audiência pública. E a nossa licitação gira em torno de R$ 1 bilhão”. Segundo ele, os [moto-

ristas] auxiliares foram proibidos de participar do processo licitatório, além do que cada permissionário conta com cinco ajudantes. “Com seis mil trabalhadores sindicalizados, falamos em um total de 30 mil postos de trabalho. Já contamos com um parecer do MP-RJ favorável

“Para fazer planejamento de transporte, é preciso ver a cidade como um todo. Cada tipo de transporte tem uma demanda específica” à anulação do processo licitatório. Ao acabar com esse corredor viário, ele não prejudicou apenas quem mora na zona sul, mas até as pessoas que vivem em bairros da zona oeste”, acrescenta. E a reação do sindicalista não para por aí, trazendo à tona fatos que ficam entre a estupidez e o deboche. “Naquela reunião em setembro de 2012, Carlos Alberto Muniz, então vice-prefeito, nos apresentou a minuta do proces-

so licitatório, pronta para ser publicada no Diário Oficial do Município, o que não ocorreu”. Ainda de acordo com o sindicalista, desde que foi reeleito, Paes nomeou um exdelegado para cuidar do transporte complementar e licitou linhas que passam sobre escadarias e leitos de rio. Sobre kombis e vans cujo serviço é prestado por milícias, Ferraz, que se refere ao transporte complementar como não tendo nem itinerário, nem horário, admite o uso dos veículos pelos chamados grupos paramilitares. E só. “Eu não fui chamado pela prefeitura para fazer um trabalho de polícia, mas de fiscalização. E hoje, a minha preocupação é montar um mecanismo para isso. Já no primeiro dia de operação, em 11/3, foram apreendidos entre 800 e 900 veículos”, afirma. (DI)


10 | mundo

Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

Países criam defesa contra ações de transnacionais Cancillería del Ecuador

AMÉRICA LATINA Mecanismo visa proteger países de decisões judiciais favoráveis às empresas Leonardo Wexell Severo de Guaiaquil (Equador) A 1ª Conferência Ministerial dos Países Latino-Americanos Afetados por Interesses das Transnacionais, ocorrida em 22 de abril em Guaiaquil (Equador), decidiu criar mecanismos para defender os países em processos de arbitragem internacional interpostos por empresas transnacionais. A América Latina concentra a maior quantidade de processos ilegais e arbitrários contra uma região, sendo que Argentina, Venezuela, Equador, México e Bolívia acumulam 27% do total de casos no mundo. No encontro, representantes de 14 países delinearam um plano de ação em defesa da soberania dos Estados frente aos contínuos abusos

“Os tribunais internacionais nos submetem a uma arbitragem. Isso é uma ofensa”

praticados pelos tribunais de arbitragem internacionais que têm imposto o interesses das empresas. Texaco-Chevron Um dos exemplos de afronta à legislação é o caso da multinacional Texaco, que entre os anos 1970 e 1990 provocou estragos ecológicos no campo de Lago Agrio, no Equador, contaminando córregos da região e afetando mais de 30 mil mo-

Coletiva de imprensa que encerrou a reunião dos ministros de estados latinoamericanos

radores da área. O processo judicial teve início na Justiça Federal dos Estados Unidos, em 1993, e acabou sendo transposto para o Equador em 2003, a pedido da Chevron, sucessora da Texaco. A decisão equatoriana foi desfavorável à multinacional, que foi condenada a pagar uma indenização de 19 bilhões de dólares.

No dia 7 de fevereiro deste ano, um tribunal internacional de arbitragem emitiu uma sentença em que conclui que o Equador “violou” as sentenças provisórias emitidas anteriormente. Regulação “Estamos ao lado do Equador e de boa parte dos países da União de Nações Sul-america-

nas (Unasul)”, declarou o chanceler venezuelano Elías Jaua, frisando que as multinacionais só respeitam governos que mostram firmeza na defesa dos seus interesses. O chanceler afirmou que, desde 2012, seu país denuncia o Centro Internacional de Ajuste de Diferenças Relativas a Investimentos (Ciadi), por favorecer permanente-

mente as transnacionais. “Tivemos graves problemas com as transnacionais porque quando estas descumprem os compromissos assumidos, e os Estados têm que terminar os contratos, nos submetem a uma arbitragem. Isso é ofensa e por isso estamos aqui, para colocar a casa em ordem”, enfatizou o chanceler Ricardo Patiño.

Na Síria, piora a situação ORIENTE MÉDIO O senador McCain exigiu que os EUA passem imediatamente a fornecer armas aos rebeldes sírios da Redação A questão síria sofreu mudança significativa depois dos últimos pronunciamentos dos Estados Unidos, de que teriam sido usadas armas químicas nos confrontos. A declaração feita pelo secretário de Defesa Chuck Hagel no dia 25 de abril, durante visita a Abu Dhabi, e que desdiz o que ele próprio havia dito dias antes, somada à carta que a Ca-

sa Branca enviou ao senador John McCain, podem ter mudado da noite para o dia, e para pior, o quadro na Síria. Segundo os estadunidenses, o regime sírio teria cruzado a “linha vermelha” que, nas palavras do presidente Barack Obama, dispararia a intervenção ocidental. O senador McCain exigiu que os EUA passem imediatamente a fornecer armas aos rebeldes sírios.

Apesar de a carta da Casa Branca ainda repetir que é preciso esperar confirmações de fontes da inteligência dos EUA, não há dúvidas de que aumentam as pressões para que Obama “faça mais” na Síria. Pressão É um ponto de virada. Não se pode esquecer que essa mudança de postura dos EUA acontece imediatamente após a reunião de mi-

Segundo os estadunidenses, o regime sírio teria cruzado a “linha vermelha” nistros de Relações Exteriores da Otan em Bruxelas, na qual a Síria foi o principal item da agenda. O secretário de Estado John Kerry afirmou que a Otan já se prepara para responder.

Para botar mais lenha na fogueira, Israel e Grã -Bretanha também acusaram o regime sírio de ter usado armas químicas. A declaração de Israel coincidiu com a visita de Chuck Hagel a Tel Aviv, capital de Israel. Isso tudo sugere um alto grau de coordenação entre EUA, Grã-Bretanha e Israel. Paralelamente, Rússia e China serão pressionadas para que desistam e permitam que a ONU

inicie processo de investigação. O secretário-geral Ban Ki-Moon já disse que a ONU se prepara para acusar a Síria por uso de armas de destruição em massa, o que pode ser o primeiro passo rumo a uma arriscada intervenção – que muito provavelmente terá consequências tão daninhas e perigosas quanto a intervenção no Iraque. (Com informações do Indian Punchline)


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cultura | 11 Divulgação

Uma História de amor e fúria CINEMA Filme recupera lutas do povo brasileiro Futuro sombrio: Rio de Janeiro é pano de fundo de grande parte da trama

Sheila Jacob do Rio de Janeiro (RJ) Quem é do Rio de Janeiro pode conferir o filme Uma história de amor e fúria, dirigido e escrito por Luiz Bolognesi. A principal ideia do longa é a frase “Viver sem conhecer o passado é andar no escuro”, que abre e encerra a animação. O ator Selton Mello é um dos dubladores ao lado de grandes nomes como Rodrigo Santoro e Camila Pitanga. Em pouco mais de uma hora o telespectador entra em contato com diversas lutas contra os opressores, mostrando a força de tantos guerreiros silenciados pela nossa história oficial. Herói O personagem principal vive por 600 anos. É ele quem conta a sequên cia de levantes e insurreições, sempre acompanhado de sua paixão Janaína, mulher corajosa como ele. O herói nasce índio tupinambá no início do século 16 e renasce depois em figuras importantes

da resistência do nosso país, como o líder da Balaiada no século 19 e integrante de um grupo armado contra a ditadura em 1968. A cidade O Rio de Janeiro é o pano de fundo de grande parte dessa sequência de histórias, que termina com uma fictícia guerra no futuro. Nesse período, a cidade é controlada por milícias particulares e a água vira um privilégio da classe dominante, enquanto o resto da população morre por não ter acesso a este elemento essencial para a vida humana. Um grupo de jovens

“Viver sem conhecer o passado é andar no escuro”, lembra a animação cria o Comando Água para Todos, que dá continuidade à luta de tantos anos antes por justiça social ao defender uma outra política de distribuição da água. “Meus heróis não viraram estátuas, morreram lutando contra aqueles que viraram”, diz o protagonista. São exatamente esses personagens, esquecidos em nossa história, que o filme recupera. Divulgação

Personagem vive 600 anos de insurreições contra opressores

Cariocas podem ver a animação por R$ 2,00 Quem quiser assistir ao filme tem um ótimo motivo para acordar cedo no domingo, 5 de maio. Neste dia, às 9h, Uma História de amor e fúria será exibido no Cinema Odeon, na Cinelândia, com ingressos que custam apenas R$ 2,00. A exibição faz parte do projeto Domingo é Dia de Cinema, voltado para alunos de pré-vestibulares comunitários e a todos os interessados. Depois sempre há debate com especialistas. No dia 5, haverá uma conversa sobre a cidade e questões como as UPPs e os megaeventos esportivos que ocorrerão, como Copa e Olimpíadas. Para conversar sobre essas questões foram convidados o professor de História Luiz Antonio Simas; Renato Cosentino, membro do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas; Urutau, da Aldeia Maracanã; e um morador da comunidade Vila Autódromo, de Jacarepaguá, que está na mira da política de remoções da Prefeitura. (SJ)

Mal-estar na classe média Filme recoloca a luta de classes no universo temático do cinema Rô Caetano do Rio de Janeiro (RJ) O Som ao Redor, do cineasta pernambucano Kleber Mendonça, ao captar o medo dos moradores dos grandes centros urbanos, soma cinema social com cinema de gênero. O filme apresenta momentos que saem do re-

gistro realista, como o banho de cachoeira, no Engenho, cuja água cristalina transforma-se em sangue. Quem for vê-lo constatará que além das qualidades estéticas e temáticas já ressaltadas, as sonoridades urbanas se destacam e influenciam no medo potencial dos personagens. Divulgação

Cena do filme O Som ao Redor


12 | cultura

Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

Repper Fiell dedica suas canções aos trabalhadores de todo o Brasil MÚSICA O artista explica que resolveu abrir mão do entretenimento para falar sobre a situação da classe operária Sheila Jacob do Rio de Janeiro (RJ) O mês de maio é tempo de lembrar as lutas dos trabalhadores no Brasil e no mundo. Este é um dos temas privilegiados nas músicas do artista Fiell, do morro Santa Marta, que fica em Botafogo, Zona Sul do Rio. Ele costuma se apresentar como “Repper” por fazer referência ao repente do Nordeste, sua terra natal. “Meus bisavós eram repentistas e eu sempre parava para ouvir a música de raiz nordestina”, conta. Nascido em Campina Grande, Paraíba, Emerson Claudio Nascimento dos Santos, de 33 anos, veio para o Rio no final dos anos 1990. Aqui, ele morou inicialmente com sua tia Luzia na Cidade de Deus. Lá ele passou a conhe-

cer melhor o movimento Hip Hop. Depois se mudou para o morro Santa Marta e desde então já produziu curtas, publicou o livro Da favela para as favelas e lançou três álbuns musicais: Mundo Cão (2002), Árbitro da própria vida (2006) e o recém-lançado Pedagogia da Dominação (2013), título escolhido a partir das leituras do educador Paulo Freire. Este último CD foi produzido em parceria com outros grupos e artistas, como Marcelo Yuka (ex -Rappa), O Levante, Bonde da Cultura, Dudu Nascimento, Mister Zoy e outros. Algumas músicas que o artista destaca são Onde estão nossos direitos, Pedagogia da Dominação e Trabalhadores do Brasil. Esta última mostra como a classe operária precisa ser valorizada.

Diálogo com os trabalhadores São muitas as dificuldades de quem resolve sobreviver no campo da arte sem o financiamento de empresas. Mesmo assim, Fiell resolveu abrir mão do entretenimento para dialogar com os trabalhadores da cidade e do país. “Acredito que a arte pode ser usada para libertar um povo. Meu objetivo é usar minhas músicas para mostrar a situação de vida dos mora-

1º de Maio é dia de luta Para Fiell, esta é uma data que vai além de festas e sorteios do Rio de Janeiro (RJ) O artista Fiell também fala sobre a importância de se conhecer e resgatar a história do 1º de Maio. “Esta é uma data que vai muito além de festas e sorteios. É fruto de muita luta e sangue derramado”, destaca. “No século 19, na industrializada cidade de Chicago, nos Estados Unidos, os trabalhadores foram às ruas para reivindicar melhores condições de emprego e a redução de jornada de trabalho. Na ocasião, houve confronto com a polícia e muitos foram assassinados”, lembra Fiell.

“A maioria dos moradores não tem acesso à cultura, cinema, saúde, escola, moradia” Situação atual E de lá para cá, muita coisa mudou? Para Fiell, ainda há muito a ser feito. “Para os trabalhadores do Brasil a situação continua muito ruim. O custo de vida está cada dia mais caro, principalmente aqui no Rio de Janeiro”.

Divulgação

“Aqui no Rio, quem constrói uma universidade muitas vezes não teve oportunidade de concluir o segundo grau”

Segundo ele, nas favelas, o preço aumentou bastante depois da chegada da UPPs. “A maioria dos moradores não tem acesso à cultura, cinema, saúde, escola, moradia... Esses são direitos que deveriam ser garantidos a todos”, observa. Para alterar essa situação, ele indica a mobilização dos cariocas para que a cidade seja de todos, e não de uma minoria. “Pode beber, pode sorrir, cantar, dançar, é claro! Mas temos que nos organizar e defender uma qualidade de vida para nós e para nossa família”, concluiu. (SJ)

Emerson Claudio Nascimento dos Santos, o Repper Fiel

dores do Rio de Janeiro e do Brasil, falando sobre nossa péssima qualidade de vida, a falta de investimentos na educação e na saúde pública”, destaca. “Procuro lembrar sempre que essa cidade conhecida como maravilhosa não é construída pelo prefeito Eduardo Paes ou pelo governador Sérgio Cabral. São

as mãos dos trabalhadores que erguem todas essas construções”, ressalta Fiell. Segundo o artista, muitas vezes é gente que não se beneficia dos frutos do próprio trabalho. “Aqui no Rio, quem constrói uma universidade muitas vezes não teve oportunidade de concluir o segundo grau”, explica.

“Sei e assumo meu compromisso com meu povo favelado, do campo, gente que é explorada diariamente. Minhas músicas estão a serviço da classe trabalhadora. Elas unem ritmo e poesia para começar a nos libertar dessa pedagogia da dominação que há 500 anos vem sendo aplicada em nosso país”, revela.

TRECHO DA MÚSICA Trabalhadores no Brasil Autor: Repper Fiell Participação: Vinimax Produção: Mister Zoy Estudio: Hip-Hop Expnsão. Álbum: Pedagogia da Dominação (2013) “Explorado é sempre o proletariado explorador é patronal, vocês estão ligados? A resistência é preciso para poder mudar Associação, sindicato, o povo quer lutar Trabalhadores no Brasil vivem falidos Trabalhadores do Brasil são esquecidos Me respondam, por favor,

quem construiu o Brasil Toda cidade, a riqueza, a ponte, o Rio Será que foi o presidente – eu quero saber Se a pergunta está difícil, eu vou lhe responder Toda cidade foi erguida pelo trabalhador Na ponte Rio Niterói vários morreram – morô? E isso não é contado em sala de aula Eu estou bolado e contribuo com meu povo agora Vamos lutar para essa história mudar Trabalhador tem que ser respeitado, rapá!

Para conhecer o trabalho do Repper Fiell, basta visitar a página do artista na internet: http://repperfiell.com.br/ Também é possível entrar em contato pelo e-mail fiellateamorte@gmail.com. No centro do Rio, os CDs estão sendo vendidos na Livraria Antonio Gramsci, que fica na Rua Alcindo Guanabara, 17, térreo, Centro do Rio – perto do metrô da Cinelândia.(SJ)


variedades | 13

Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

Agência em que atuam vários heróis de séries (EUA) Vil; infame Casamento civil (?), reivindicação da comunidade LGBT Planta da qual se Demissão extrai alcaloide para em que o tratar o empregado perde glaucoma seus direitos

Coteja; confronta 1, em romanos Profissional de festas noturnas

Nota, em abreviaturas literárias

Música do candidato em campanha A natureza da alma, para as religiões

(?) e abusar: ser inconveniente

"(?) Deum", peça de Verdi Antônio Vieira, padre português

Imitar a voz do gato

2/te. 5/milan. 6/jingle — somali. 8/vertente. 9/aquilatar — jaborandi. 11/carboidrato.

HORÓSCOPO

Aprender é divertido...

Solução

A R T P E N T L E U L I A N

(?)-Abeba, cidade-sede da União Africana

LITERATURA – A quinta edição da Festa Literária de Santa Teresa (Flist) será realizada nos dias 4 e 5 de maio, com palestras,

CINEMA – No dia 1º de maio tem comemoração do Dia do Trabalhador, no Cachaça Cinema Clube. Haverá sessão especial de pré-estreia do filme Doméstica, de Gabriel Mascaro. O documentário conta a história de sete empregadas domésticas através do registro feito por seus patrões ado-

E

Time italiano (fut.) Alvos do flanelinha "Brasil, (?)-o ou deixe-o", slogan da Ditadura Militar (Hist.)

Iguaria da comédia pastelão (Cin.)

Material alternativo para fazer isolamento acústico de estúdio caseiro

Diz-se do ser sem desvio de caráter

Manabu Mabe, pintor nipobrasileiro

Língua falada na Etiópia e Quênia

Registrou a canção em um CD

BANCO

Presidente que precedeu Dilma

MÚSICA – Na Praça João da Bahiana, clássicos do jazz improvisação na segunda edição do evento JAZZ NA PEDRA DO SAL. Todo primeiro sábado do mês o jazz toma conta da Pedra com o TRIO DO SOBRADO. O trio é formado por Leandro Freixo no teclado, Guga Pellicciotti na bateria e Berval Moraes. O evento tem entrada gratuita, começa às18h, na Bodega do Sal na Pedra do Sal, Rua Argemiro Bulção 35 - Pça Mauá.

E

A mudança rápida e inesperada

NAS BANCAS 18

V

Símbolo de peso, em Física

lescentes. A sessão vai contar com a presença do diretor e da equipe. Após o filme, no saguão do cinema, um brinde com Aguardente Claudionor. A atividade começa às 21h no Cinema Odeon. A entrada custa 14 reais (normal) / 7 reais (meia).

T

Osvaldo Aranha, político brasileiro

Apreciar; avaliar (alguém)

exposições, oficinas, além de uma homenagem à escritora Ana Maria Machado. Nesta edição também haverá tributos pelo centenário de Vinicius de Moraes (1913-1980), Jamelão (1913-2008) e Rubem Braga (1913-1990). A maioria das atividades ocorrem no Parque das Ruínas (Rua Murtinho Nobre, 169), mas se espalham por outros locais do bairro. Todas as atividades são gratuitas.

A

Declive de montanha

TEATRO – A Cia Marginal apresenta o espetáculo, IN_TRÂNSITO, com direção de Isabel Penoni e Joana Levi. Seria uma peça convencional, não fosse o local da apresentação: um dos vagões da Central do Brasil. A temporada vai até o dia 13 de maio e a lotação é de 35 pessoas. No sábado e no domingo, o trem sai às 15h e na segunda-feira às 14h. O ingresso? Uma passagem de ida no valor de R$ 3,10. É importante reservar lugar. Envie email feroproducoes@gmail.com. Mais informações no blog: http://espetaculointransito.tumblr.com

T

Melhor (?), prêmio de Jean Dujardin no Oscar 2012

A A T O O R A I N G U M A M IL

© Revistas COQUETEL 2013

Do lado de cá Usado (abrev.)

Glicídio energético como o amido (Quím.)

A R G M I A R E O V O

www.coquetel.com.br

Agenda cultural

C A A A Q U I L B R U S C A B E T C O M P A R O I M D J J I G R A VO U A B S O T O R TA S O R R AC A U S N A D I S C A I X A D

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

ASTROLOGIA - Semana (de 2 a 8 de maio de 2013) Sol em oposição com Saturno traz um pouco de desanimo; tudo o que foi complicado durante a semana pode ter um final feliz se as pessoas colaborarem

Áries

(21/3 a 20/4) Para os arianos uma semana com falta de determinação e a necessidade de reverem as suas prioridades. Mais para o final da semana as coisas melhoram e podem surgir bons momentos para o amor.

Touro

(21/4 a 20/5) Para os taurinos uma semana com desafios importantes para serem vencidos, conforme a semana vai passando a colaboração das pessoas irá surgindo naturalmente.

Gêmeos

(21/5 a 20/6) Para os geminianos uma semana com a necessidade de materializarem os seus objetivos, as coisas têm que sair das suas mentes para se tornarem realidade.

Câncer

(21/6 a 22/7) Para os cancerianos uma semana com muitas cobranças por resultados que tendem a ser duras, mas podem acabar bem. Mais para o final da semana as coisas mudam e boas notícias podem vir através da família.

Leão

(23/7 a 22/8) Para os leoninos uma semana com grandes mudanças, certos objetivos podem precisar ser abandonados para que outros mais importantes entrem em cena. Grande capacidade de recuperação.

Virgem

(23/8 a 22/9) Para os virginianos uma semana com a necessidade de filtrarem as suas opções e se disciplinarem mais para poderem atingir os seus objetivos.

Libra

(23/9 a 22/10) Para os librianos uma semana com a busca pelo entendimento com as outras pessoas e a necessidade de se modificarem para poderem se acertar melhor com elas.

Escorpião

(23/10 a 21/11) Para os escorpianos uma semana com o possível fechamento de grandes questões, acordos com pessoas influentes e mesmo com a oposição podem ser muito positivos.

Sagitário

(22/11 a 21/12) Para os sagitarianos uma semana com a necessidade de conciliar as pessoas, motivá-las e levá-las a acertarem as suas diferenças.

Capricórnio (22/12 a 20/1)

Para os capricornianos uma semana com uma possível debilidade ou restrições aos seus objetivos. Pode ser necessária uma compreensão maior dos acontecimentos e uma renovação de suas forças.

Aquário

(21/1 a 19/2) Para os aquarianos uma semana com muitos ajustes e intermediações. Vai ser preciso muita habilidade para lidar com as pessoas e conseguir transformar situações perdidas em vitórias.

Peixes

(20/2 a 20/3) Para os piscianos uma semana com muita compaixão e motivação para levar para as pessoas e poder uni-las em torno de ideias maiores que atendam a todos. O final da semana promete ser compensador.


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Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

Reinauguração do Maracanã é marcada por protestos Tânia Rego/ABr

FUTEBOL Torcedores, atletas e apaixonados pelo futebol exibiam bandeiras e cartões vermelhos contra a privatização do estádio Sheila Jacob do Rio de Janeiro (RJ) Nem tudo foi festa no sábado (27/4) por causa da reinauguração do Maracanã. Do lado de dentro dos portões, o espetáculo estava garantido com shows e uma partida comandada pelos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto. Tudo preparado para alegrar os espectadores: operários e seus familiares, convidados e autoridades, como a presidenta Dilma Roussef, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

“Sentimos uma grande tristeza, pois esse espaço está deixando de ser público e popular”

Do lado de fora, no entanto, torcedores, atletas e apaixonados pelo futebol exibiam bandeiras e cartões vermelhos contra a privatização do estádio. Em um protesto bem humorado, os cerca de 400 manifestantes também criticavam a expulsão de indígenas da Al-

deia Maracanã e a demolição do Parque Aquático Júlio Delamare e do Estádio de Atletismo Célio Barros. Ao final do ato, sem motivo aparente, a polícia reprimiu os presentes com bombas de gás lacrimogêneo. Maraca para quem? “Estamos aqui hoje questionando: Maraca para quem? Sentimos uma grande tristeza, pois esse espaço está deixando de ser público e popular para ser privilégio de poucos”, afirmou Gustavo Mehl, do Comitê Popular da Copa no Rio. “Desde 2010 foi gasto

Amigos de Bebeto e Amigos de Ronaldo jogam durante a reinauguração do Maracanã

o equivalente a R$ 1 milhão por dia. O edital de concessão prevê retorno de R$ 4,5 milhões ao ano. Se contarmos os 35 anos previstos, no final rece-

Ações do governo não têm diálogo com população Andrea Mantelli

Para Gustavo Mehl, a preocupação é as crianças serem retiradas da escola sem ter para onde ir do Rio de Janeiro (RJ) Mehl lembra que o Complexo do Maracanã serviu não apenas ao esporte e ao lazer, mas à cultura, educação e à saúde de milhares de cariocas. “É lamentável o autoritarismo do poder público que anunciou demolições de espaços de uso social sem qualquer negociação”, critica. É o caso da Escola Municipal Friendenreich, considerada uma das dez melhores do Brasil. Thaisa Rothier, mãe do Felipe, de 11 anos, denunciou que ficou sabendo da demolição pela mídia.

“Resolvemos procurar a [secretária de Educação] Claudia Costin, que disse que os alunos seriam transferidos para outra escola em local próximo. Isso foi em outubro, mas até agora nada está sendo construído. As aulas estão mantidas apenas até o fim de 2013. Nossa preocupação é as crianças serem retiradas da escola sem terem para onde ir”, destaca. Portões fechados Foi o que aconteceu com quem treinava no Célio de Barros. Em janeiro, a atleta Juliana Imperial e a treinadora Ed-

beremos apenas 10% do que já foi investido desde 1999. Um completo absurdo”, observa. O vencedor do edital de concessão foi o grupo

IMX, de propriedade de Eike Batista, que semanas antes havia sofrido denúncia de indícios de favorecimento apontados pelo Ministério Público.

Perfil de frequentadores será outro O tradicional estádio deu lugar a um estúdio de televisão do Rio de Janeiro (RJ)

O Maraca é nosso: protesto contra o autoritarismo

neida Freire foram treinar e encontraram os portões fechados. “Depois de 20 dias fomos transferidos para o Engenhão e lá só é possível treinar corrida. Tinham que ter construído outro estádio antes de fechar esse, porque já era para estarmos treinando

para as Olimpíadas”, conta Edneida. O Júlio Delamare, também na lista de demolições, garantiu uma vitória parcial: continuará em funcionamento, mas apenas para os atletas, trazendo prejuízos para 10 mil beneficiários de projetos sociais. (SJ)

Outra crítica é a mudança da imagem do Maracanã e do perfil dos frequentadores. Para Marcos Alvito, professor de História da UFF e torcedor do Flamengo, o tradicional estádio deu lugar a um estúdio de televisão. “Esse espaço não é mais local democrático de manifestação popular, mas sim uma propriedade particular. A TV apresenta com total celebração ‘grandes’ novidades como área VIP, escada rolante, mas nada se fala o aumento do valor dos

ingressos. Para mim, hoje [sábado] é um dia de luto, porque o antigo Maracanã morreu”, lamenta. Segundo ele, essa mudança faz parte de um modelo de cidade voltada para os negócios, e não para a maioria da população. “Com a realização dos megaeventos aqui, os governantes enxergaram a possibilidade de atrair investimentos. Quem lucra são as empreiteiras, a especulação imobiliária, os empresários etc. Por outro lado, aumenta a concentração de renda e a desigualdade social”, conclui. (SJ)


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Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

FATOS EM FOCO

Flu encara Emelec na quinta LIBERTADORES Tricolor das Laranjeiras enfrenta no Equador algoz do Fla em 2012

Botafogo Antes da decisão do Campeonato Carioca no domingo contra o Fluminense, o clube de General Severiano encara o CRB de Alagoas pela Copa do Brasil, na quinta-feira (2), Às 19h30. A diretoria do CRB disponibilizou 3.500 ingressos para os botafoguenses que quiserem acompanhar o alvinegro no Estádio Rei Pelé, em Maceió. Os preços, iguais para as duas torcidas, variam de R$ 30 a R$ 50. O técnico Oswaldo de Oliveira sinaliza que pretende entrar com um time misto, para poupar alguns titulares para a decisão de domingo em São Januário. Em treino realizado na manhã de terça-feira, o treinador botafoguense usou apenas um titular: o goleiro Jefferson.

Vasco O Vasco vai disputar um quadrangular com Remo e Paysandu, em Belém, no mês de junho. O torneio deve ser realizado entre os dias 12 e 14 de junho, durante a pausa do Campeonato Brasileiro em função da Copa das Confederações. Ainda há dúvida sobre quem seria o quarto participante. A organização confirmou que convidou Flamengo e São Paulo. O clube paulista teria declinado do convite. A diretoria do rubro-negro afirma que há grandes possibilidades de o clube disputar o torneio em Belém. O torneio será realizado no Mangueirão, que tem capacidade para 42 mil torcedores.

da Redação Cientes do clima de mata-mata da competição, o elenco do Fluminense embarcou para o Equador para enfrentar o Emelec pela Copa Libertadores. O time de Abel Braga vai encarar os equatorianos no pequeno estádio George Capwell, que deverá estar lotado com 20 mil vozes empolgadas com a campanha de 100% de aproveitamento do Emelec dentro de casa no torneio. O Emelec foi um dos responsáveis pela eliminação precoce do Flamengo em 2012 na competição sul-americana, ainda na fase de grupos. Mesmo embalado com a vitória de 4 a 0 sobre o Volta Redonda, pela semifinal da Taça Rio, no domingo passado, o Fluminense terá outra desvantagem: o desfalque do meia Deco, pego no exame antidoping na tarde de terça-feira. Na urina do jogador foi detectada a substância Furosemida, diurético presente em vitaminas. O

Bruno Haddad/Fluminense F.C.

Estádio George Capwell deverá estar lotado com 20 mil vozes empolgadas com a campanha de 100% de aproveitamento

exame foi feito após a vitória por 2 a 0 sobre o Boavista, pela 4ª rodada da Taça Rio. A partida entre Fluminense e Emelec acontecerá às 22h30 (de Brasília) desta quinta-feira (2), em Guayaquil, no Equador, e será válida pela ida das oitavas de final da Copa Libertadores 2013. O jogo de volta acontecerá na quarta-feira seguinte (8/5), em São Januário. Os jogadores do Fluminense voltam, em avião fretado, poucas horas depois da partida, na madrugada de sexta-feira, a fim de minimizar o desgaste visando à final da Taça Rio. Grêmio Oficial

O atacante Wellington Nem treina nas Laranjeiras

LIBERTADORES

X Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Leandro Euzébio, Gum e Carlinhos; Edinho, Jean, Thiago Neves (Wagner) e Rhayner; Wellington Nem e Rafael Sobis.

Emelec: Dreer; Vera, Narvaez, Morante (Baguí) e Baguí (Giménez); Pedro Quiñonez, Giménez (Wila ou Garbor) e Mondaini; Valencia, Caicedo e De Jesus.

02/05 - 22h30 - George Capwell, Guayaquil

Flamengo acerta com Marcelo Moreno Atacante receberá R$ 280 mil por mês da Redação

O centroavante boliviano Marcelo Moreno

O Flamengo contratou por empréstimo o centroavante boliviano Marcelo Moreno, que estava no Grêmio. Com prazo do empréstimo até o fim deste ano, o Flamengo terá o direito da opção de compra do atleta. Para tanto, o clube terá que desembolsar cerca de R$ 4,56 milhões até outubro, relativos ao valor restante de pagamento ao Shakthar

A diretoria anunciou a contratação de dois jogadores que atuaram pelo XV de Piracicaba

Donetsk (Ucrânia) pelo passe do jogador. Com problemas disciplinares no Grêmio, o jogador estava treinan-

do separado do elenco comandado por Vanderlei Luxemburgo. Moreno deverá receber um salário de R$ 280 mil. Além do atacante, a diretoria do Flamengo anunciou a contratação de dois jogadores que atuaram pelo XV de Piracicaba no Campeonato Paulista: o volante Diego Silva e o atacante Paulinho. A equipe do interior paulista terminou o campeonato estadual na 10ª colocação.


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Rio de Janeiro, de 2 a 8 de maio de 2013

Havelange renuncia à presidência da Fifa após denúncia de suborno CORRUPÇÃO Entidade descreve a conduta de Havelange como “moralmente e eticamente reprovável” José Cruz/ABr

Vivian Fernandes da Radioagência NP O brasileiro João Havelange renunciou ao cargo de presidente honorário da Federação Internacional de Futebol (Fifa). O anúncio foi feito na última terça-feira, dia 30 de abril. O dirigente é acusado de ter aceitado subornos durante sua presidência, que durou mais de duas décadas. A Comissão de Ética da Fifa produziu um relatório em que descreve a conduta de Havelange como “moralmente e eticamente reprovável”. A investigação envolveu a empresa de marketing ISL e os direitos de transmissão televisiva da Copa do Mundo. O documento da entidade máxima do futebol mundial aponta que “quantidades significativas de dinheiro foram

canalizadas para João Havelange (ex-presidente da Fifa), Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) e Nicolás Leoz (ex -presidente da Conmebol), embora não haja indícios de que algum serviço tenha sido oferecido em troca por eles”. Os valores pagos aos dirigentes entre 1992 e 2000 podem chegar a R$ 45 milhões. Impunidade Contudo, a Comissão de Ética da Fifa esclarece que eles não podem ser enquadrados criminalmente, em função da legislação da época na Suíça, sede da organização. João Havelange presidiu a Fifa entre 1974 e 1998. Ele renunciou ao cargo de presidente honorário no último dia 18 de abril, mas a decisão só foi tornada pública no final do mês.

O ex-presidente da Fifa, João Havelange

Campanha Fora Marin Romário e Ivo Herzog estarão presentes da Redação Será lançada no dia 3 de maio, no Rio de Janeiro, a campanha “Fora Marin”, pela destituição de José Maria Marin do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A Frente Nacional dos Torcedores e a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa organizam o movimento. O motivo da companha se deve a participação ativa de Marin, quando deputado estadual pela Arena de São Paulo, nos ataques desferidos

Marin tecia elogios ao delegado Sergio Fleury, um dos notórios criminosos do período ditatorial brasileiro contra profissionais de imprensa da TV Cultura, justamente alguns dias antes da prisão e posterior assassinato no DOICodi-SP do jornalista Vladimir Herzog. Na ocasião, conforme consta nos arquivos da Assembleia Legislati-

va paulista, Marin pedia providências das autoridades contra o jornalismo da TV Cultura. Além disso, Marin tecia elogios ao delegado Sergio Fleury, um dos notórios criminosos do período ditatorial brasileiro. Do lançamento participarão, entre outros, o deputado federal Romário e Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog; além do ex-jogador Afonsinho. Serviço O lançamento ocorrerá no 7o., andar da ABI, na rua Araújo Porto Alegre, 71, a partir das 18 horas da sexta-feira, 3 de maio.

opinião | Bruno Porpetta

O Maraca é nosso! Não deles! ÀS VÉSPERAS da Copa das Confederações e Copa do Mundo, governantes e dirigentes do futebol exaltam – sorridentes de orelha à orelha – a beleza das “arenas” entregues para as competições. Não há dúvida, são lindas! Mas é bom nos perguntarmos, para quem e a que custo? O alto valor das obras é apenas o sintoma mais evidente de uma doença crônica. Pagamos as mesmas com dinheiro público e, no fim das contas, entregamos tudo à iniciativa privada. No caso do Maracanã, mais de um bilhão de reais gastos em reformas que roubaram do estádio

o perfil democrático que possuía. Ainda querem derrubar uma escola, um antigo museu e dois centros de prática esportiva que serviam aos atletas e à cidade. Para uma cidade proclamada olímpica, soa contraditório que, diante do apelo de vários esportistas e organizações da sociedade civil, o Júlio Delamare e o Célio de Barros venham ao chão. Num país que quer saber o que vai ser quando crescer, o “progresso” que destrói escolas e violenta sua própria história e cultura é um péssimo indício. As exigências da FIFA, junto ao interesse de

poucos, estão nos saindo muito caro. Além de surrupiar nosso patrimônio, levam consigo a história do futebol brasileiro, o nosso jeito de torcer e as pretensões de desenvolvimento do nosso esporte. Fica evidente que o “legado” da Copa, para o povo, é um horizonte. Quanto mais perto, mais longe. Se já perdemos os anéis, lutemos para manter os dedos. O Maraca é nosso, e deve continuar público e popular. Bruno Porpetta é autor do blog porpetta.blogspot.com


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