RIO DE JANEIRO
21 a 27 de junho de 2017
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Ano 5 | edição 225
BRT da Avenida Brasil fica pronto só em 2018 O prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB) anunciou que a obra da TransBrasil, linha que vai ligar a zona oeste e a zona norte ao Centro, ficará pronta somente em junho do ano que vem. Obra deveria ter ficado pronta para a realização da Olimpíada. GERAL PAG5
TRABALHO
MÚSICA POPULAR
PATRULHAMENTO
»»Coletivo
»»Saiba mais sobre o ritmo que consagrou
»»Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro
Lésbicas criam rede de solidariedade Sapa Roxa criou página “Indique uma Sapa” para divulgar vagas GERAL PAG3
Brega transita entre o cafona e o poético Reginaldo Rossi CULTURA & LAZER PAG8
Guarda Municipal pode usar arma não-letal? discute esse tema nesta semana GERAL PAG5
GERAL
CONECTADOS
RICA RETAMAL,
DE SÃO PAULO (SP)
RIO DE JANEIRO, 21 A 27 DE JUNHO DE 2017
Por que precisamos defender uma internet livre?
FRASE DA SEMANA
Quando Edward Snowden, ex-administrador de sistemas da CIA e ex-consultor da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), revelou, em 2013, a existência de um grande esquema de espionagem global comandado pelo governo dos Estados Unidos, o mundo inteiro teve a confirmação de que estamos sendo observados o tempo inteiro. Considerando a nossa realidade cada vez mais conectada, as possibilidades de espionagem são infinitas. Seja compartilhando conteúdo pelo Facebook ou Twitter, conversando com amigos e família no WhatsApp, ou pelo simples fato de andar o tempo inteiro com um smartphone, um dos aparelhos mais vulneráveis quando o assunto é privacidade. Nos celulares, diversos aplicativos instalados possuem direito ao controle sobre a câmera, microfone e dados armazenados internamente, autorizados por nós mesmos ao aceitarmos os termos de uso. Por isso é tão importante defender uma internet livre. Privacidade tem que ser um direito de todos, como se refere o artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz: "Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques."
Como eu sempre digo: cantar sobre feminismo é mole, quero ver ser feminista dentro de casa, com o marido. MC CAROL é uma das principais figuras do funk brasileiro.
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CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Vivian Virissimo | CO-EDIÇÃO Fania Rodrigues | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Marcos Araújo | DISTRIBUIÇÃO Kleybson Andrade | COLABORAÇÃO: Franciele Petry Schramm, Marcos Barbosa Mariana Pitasse, Mariana Rosalles, Norma Odara, Rafael Tatemoto e Rica Retamal (texto), Pablo Tavares (diagramação)
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GERAL
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EDITORIAL
Eleições diretas contra um Congresso de ilegítimos
E
m 2017, um governo sem voto e reprovado por ampla maioria acelerou medidas antipopulares como nunca antes vistas. Os resultados estão sendo nefastos para a vida dos trabalhadores. Essa imagem de que a crise se
aprofunda ficou mais evidente com as revelações sobre “caixa 2” realizadas pelos donos da JBS-Friboi. A informação atingiu em cheio o governo Temer. Apesar da confusão gerada no ninho das elites, em uma coisa a classe dominante está unida: em
retirar direitos do povo através das reformas trabalhistas, da Previdência e das privatizações. Fora das cúpulas, a ideia de que todo o sistema político está corrompido ganha força massiva. Principalmente quando se nota que as eleições brasileiras foram comple-
Mulheres lésbicas criam rede de solidariedade para conseguir emprego
tamente sequestradas pelo poder econômico via doações de campanha (declaradas ou não). Enquanto solução, não resta outro caminho senão a mobilização social como elemento crucial para definir os rumos do país. Sem mobilização popular, o poder econômico define o jogo. Importa agora um plano de desenvolvimento emergencial, como apresentado pela Frente Brasil Popular, que, ao invés de tolher direitos, proponha crescimento sem precarização, com investimento e soberania nacional.
Acervo Histórico
MEMÓRIA
A iniciativa surgiu no Rio de Janeiro, mas tem ofertas em todo o país Natacha Andrade
FANIA RODRIGUES
DO RIO DE JANEIRO (RJ)
O
bservando a dificuldade de amigas lésbicas em conseguir emprego, algumas ativistas criaram, nas redes sociais, o grupo “Indique uma Sapa”, para ajudar essas mulheres a conseguir vagas no mercado de trabalho e também para oferecer serviços das profissionais liberais, como psicólogas, enfermeiras, cozinheiras e muitas outras. Assim foi se construindo uma rede de solidariedade entre as mulheres lésbicas, através de uma iniciativa que está mudando para melhor a vida de muitas pessoas. Hoje são mais de 1.750 mulheres cadastradas no grupo do Facebook e no site “Sapa Roxa”,
DIRETO dos porões da ditadura, um livro escrito
um coletivo de mulheres feministas lésbicas, que participa e contribui com o grupo. “Quem fica sabendo de uma vaga de emprego posta no grupo e quem está precisando fica sabendo ali. Essa comunicação também resultou em parcerias entre produtoras que trabalham com festas e trabalhadoras que fazem comida, salgados e doces para vender, por exemplo”, conta a publicitária, Ana Claudino, uma da organizadoras do grupo “Indique uma Sapa”. Criado em abril desse ano o
grupo da internet também funciona como uma “rede de afeto”, explica Ana Claudino. “Percebemos que muitas dessas mulheres sofrem perseguição no ambiente de trabalho em função da sua orientação sexual. A situação piora no caso das lésbicas negras, que sofrem duplo preconceito. Então, o diálogo, a aproximação e a troca de informação funcionam como rede de afeto e suporte psicológico”, destaca. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail saparoxa@gmail.com.
por presos políticos foi lançado essa semana no Rio de Janeiro, 40 anos depois de ter as primeiras linhas grafadas. A obra "A Repressão MilitarPolicial no Brasil”, o livro chamado João" teve lançamento na UFRJ e na UFF.
Inverno começa nesta quarta »»O
inverno no Hemisfério Sul começa nesta quarta-feira (21). A estação, que segue até o dia 22 de setembro, é marcada por um período menos chuvoso na região Sudeste.
Com a redução das chuvas, diminui a umidade do ar, que favorece o aumento de queimadas e incêndios florestais, assim como a ocorrência de doenças respiratórias.
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Uso de armas nãoletais para a Guarda está em debate
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Camelôs e vendedores ambulantes são contrários, enquanto guardas fazem pressão para que a medida seja aprovada MARIANA PITASSE
DO RIO DE JANEIRO (RJ)
C
amelôs e vendedores ambulantes se reuniram em protesto na Câmara dos Vereadores, na última semana, contra o armamento da Guarda Municipal do Rio. Enquanto isso, guardas pediram que o uso de armas fosse autorizado. Por 26 votos
a sete, os vereadores rejeitaram a proposta que abria caminho para o uso de armas letais. No entanto, o uso de armas não-letais, como bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e pistolas de choque, ainda está em discussão. A votação deve acontecer nesta semana. “A gente vai continuar brigando contra isso.
ABr
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Câmara discute uso de armas não-letais, como bombas de gás lacrimogêneo, pela Guarda Municipal
Eles querem tratar a população pobre com mais violência”, afirma Maria de Lourdes do Carmo, conhecida como Maria dos Camelôs, integrante do Movimento Unido dos Camelôs (Muca). Ainda está em discussão na Câmara, um projeto do prefeito Marcelo Crivella (PRB) que visa
MARIANNA ROSALES
»» UMA PESQUISA revelou que cerca de
orgânico nos últimos dois meses no Brasil. É considerado orgânico o produto in natura ou processado obtido em um sistema de produção agropecuário ou de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema.
da administração de conflitos urbanos, como trânsito e comércio informal, significa aumentar a violência e até promover vítimas fatais. Essa decisão é preocupante e merece reflexão”, acrescenta Lenin Pires, coordenador do curso de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Como está o trâmite da Reforma do Ensino Médio? DE SÃO PAULO (SP)
15% da população consumiu algum produto
criar um fundo com recursos privados, para comprar equipamentos e pagar horas extras dos guardas. A ideia é que eles atuem no patrulhamento em seus momentos de folga. “Vivemos no Rio um aumento brutal de violência. Colocar guardas armados, quando deveriam cuidar
A Reforma do Ensino Médio é um conjunto de novas diretrizes implementadas por meio de uma medida provisória apresentada pelo governo federal. A principal mudança determina que o currículo deve ser 60% preenchido
pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os 40% restantes serão destinados aos chamados “itinerários formativos”, em que o estudante poderá escolher entre cinco áreas. São elas: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas,
formação técnica e profissional. “Agora a reforma será implementada nos estados. Temos que ficar de olho para evitar retrocessos de currículo e de conteúdo. Essa reforma foi imposta por uma medida provisória e não ouviu a sociedade”, afirma Maria Rehder, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
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BRT: População sofre com obras olímpicas inacabadas
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Construção do BRT Transbrasil foi retomada em abril e só deve terminar em junho de 2018 FANIA RODRIGUES
A
DO RIO DE JANEIRO (RJ)
obra do BRT Transbrasil, prevista para ser entregue na Olimpíada, foi retomada em abril, mas causa transtorno no dia a dia da população. A linha vai ligar Deodoro à passarela número 2 da Avenida Brasil, na altura do bairro do Caju. Agora, os moradores dessas regiões vivem novamente todas as dificuldades enfrentadas naquela época, com engarrafamentos quilométricos, atrasos dos ônibus e em alguns casos têm até que mudar o trajeto para evitar o caos. A vida da trabalhadora doméstica, Marta Rodrigues, de 40 anos, não é mais a mesma desde que as obras do BRT Transbrasil foram retomadas, em abril. Moradora do bairro Parada de Lucas, na zona norte do Rio, Marta tem que sair de casa mais cedo para chegar ao trabalho às 8h30, em Botafogo. “Antes gastava 30 minutos da minha casa ao trabalho, agora não consigo fazer esse caminho em menos de 1h30. A gente acha que depois que terminar a obra as coisas vão melhorar, o
VOCÊ SABIA
Prefeito Marcelo Crivella retomou obras do BRT Transbrasil em abril
problema é que nunca acaba”, afirma a empregada doméstica. O trecho é importante porque liga as zonas oeste e norte ao centro do Rio de Janeiro. No total, o traçado tem cerca de 28 quilômetros, sendo que mais de 11 quilômetros já estão prontos. De acordo com a prefeitura 55% do recursos já foram pagos ao Consórcio Transbrasil. A previsão é que o novo transporte entre em operação no segundo semestre de 2018.
REAJUSTE
Odebrecht pede mais recursos para terminar BRT »O
Consórcio Transbrasil, liderado pela construtora Odebrecht, só aceitou retomar a obra após um reajuste no contrato entre o município e o consórcio, no valor de R$ 115 milhões, segundo informou a secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação (SMUIH). O valor do projeto, que era de R$ 1,4 bilhão, passou para R$ 1,5 bilhão, dos quais R$ 1 bilhão foram pagos com recursos federais, financiados pela Caixa Econômica Federal, e o restante é uma contrapartida da Prefeitura. A secretaria municipal esclareceu ainda que R$ 780 milhões já foram pagos, o equivalente a 55% do valor contratado. Faltam ainda R$ 636 milhões, que representam 45% do valor.
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O grupo Odebrecht lidera a lista das construtoras que mais venceram licitações de obras dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, e que agora estão sendo investigadas pela operação Lava Jato. As empreitas investigadas foram responsáveis pela execução de 73% do investimento em obras para a Olimpíada. Dos R$ 37,6 bilhões previstos no orçamento oficial dos Jogos Olímpicos de 2016, R$ 27,4 bilhões foram destinados a obras tocadas por Odebrecht, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão e uma subsidiária da Camargo Correa, a CCR.
ESPORTES
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Trabalho infantil é pouco reconhecido no esporte profissional FRANCIELE PETRY SCHRAMM
DE CURITIBA (PR)
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fácil reconhecer o emprego de mão de obra infantil na agricultura, onde estão ocupadas quase 65% das crianças entre 5 e 13 anos que trabalham no Brasil. Mas, em outras atividades, o trabalho infantil é difícil de ser detectado. A exploração cometida nos clubes de futebol de base é exemplo disso, avalia a pesquisadora Ana Christina Brito Lopes. “Às vezes a escolinha ou clube está mascarando uma atividade profissionalizante antes do que permite a lei”. Os jovens só podem estabelecer contrato com os clubes com 16 anos, ou após os 14 anos, na condição de aprendiz. Horas seguidas de treino e de outras atividades físicas costumam fazer parte da rotina dos jovens atletas, que em grande parte dos casos moram nos alojamentos dos clubes.
Para a pesquisadora, o fator cultural contribui para que a atuação de crianças e adolescentes nos clubes de futebol de base não seja considerada trabalho infantil, já que o esporte é um dos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Por essa razão, há dificuldade em encontrar registro de casos, uma vez que a sociedade não entende os treinos extenuantes como uma violação e não denuncia essas situações. Muito importante para a formação e desenvolvimento das crianças, o esporte pode violar outros direitos da infância quando a prática é transformada em uma atividade profissional. Segundo ela, o ingresso precoce nas escolas de futebol de base traz riscos físicos e psicológicos. Além disso, a pesquisadora aponta que, por estarem morando nos alojamentos dos clubes, os jovens também acabam sendo privados do convívio familiar e comunitário.
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CULTURA & LAZER
Fotos: Divulgação
Livro conta histórias de mulheres negras
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Escritora cearense Jarid Arraes escolheu o cordel como estilo literário para criar a narrativa NORMA ODARA
DE SÃO PAULO (SP)
A
ntonieta de Barros, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares. Essas são algumas das mulheres que fizeram história no Brasil e que são retratadas de forma poética pela escritora e cordelista Jarid Arraes no livro “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”.
Jarid Arraes tem 26 anos e nasceu em Juazeiro do Norte, na região do Cariri, no estado do Ceará e atualmente vive em São Paulo. A neta e filha de cordelistas, começou a escrever em blogs na internet, como o "Mulher dialética", em que abordava temas como o feminismo e os direitos humanos. "Escrever sobre esses temas foi algo que me encorajou a explorar também outras formas de li-
Cordel engajado de Jarrid combate o machismo e o racismo
teratura, como o cordel, a prosa e a poesia. Temas como o machismo e o racismo também são muito presentes na minha escrita", apontou. Em 2015, a escritora lançou "As Lendas de Dandara", romance que tem Dandara dos Palmares como protagonista. Ela foi uma guerreira negra do período colonial do Bra-
sil, esposa de Zumbi dos Palmares. A escritora diz que escolheu essa vertente chamada de "cordel engajado" por ser o que mais combina com o atual momento do país. "Cordel engajado é um tipo de cordel que fala de questões sociais, políticas, de reivindicações, coisas que estão em evidência no momento", explicou.
RAFAEL TATEMOTO
DE SÃO PAULO (SP)
»»A
viola de dez cordas, também chamada caipira, é uma descendente direta das violas portuguesas. Trazidas ainda no período colonial, passaram a ser construídas pelos próprios caboclos se popularizando pelo interior do país e se transformando em um instrumento tipicamente brasileiro, símbolo da música caipira. Utilizadas como acompanhamento em estilos como a Catira e o Fandango e nas festas da Folia de Reis é na moda de viola que o instrumento tem maior destaque na
música folclórica do Brasil. As modas normalmente são compostas por duas vozes acompanhadas pela viola caipira. As letras são cantadas em forma de récita, ou seja, quase faladas. Há diferenças regionais: enquanto no sudeste e centro-oeste costumam ser decoradas, no nordeste são feitas de improviso. Tradicionalmente, tratam da vida e o ambiente sertanejos, apresentam ditados populares ou narram histórias envolvendo amor e morte. O uso da viola, com o passar dos anos, tem ultrapassado a música caipira. Até mesmo o perfil dos tocadores de viola tem se modificado.
Viola de dez cordas é o símbolo da música caipira
Este ano, pesquisadores e músicos enviaram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, um projeto para que a viola
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Viola caipira é um instrumento típico do Brasil
seja reconhecida como patrimônio imaterial do Brasil. Como já disse, Tião Carreiro: “Quem não gosta de viola, brasileiro bom não é.”
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CULTURA & LAZER
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Festa no no Beco das Sardinhas traz shows, barraquinhas de comida típica e brincadeiras MARIANA PITASSE
DO RIO DE JANEIRO (RJ)
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té o final de junho, o Beco das Sardinhas, na região portuária, vai receber o arraiá “Pois era noite de São João” todos os domingos. A festa vai celebrar as tradições populares caipiras e nordestinas. Além dos shows, a programação conta com aulas públicas, danças, barraquinhas de comida típica e brincadeiras. Entre elas, as tradicionais
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corrida de saco, dança das cadeiras e bingo. O evento teve início no ano passado, inspirado nas famosas festas juninas que aconteciam nos anos 1970 e 1980 no Morro da Conceição, no centro. “Decidimos resgatar o clima dessas festas, dessa vez, no Beco das Sardinhas e fomos muito bem recebidos. Estamos celebrando a tradição nordestina, das pessoas que construíram e ainda constroem o Rio de Janeiro”, explica Raphael Vidal. Esse ano, o tema do arraiá são as violas caipiras. Na primeira edição, o forró foi a atração principal e reuniu mais de 2 mil
Festa vai acontecer em todos os domingos de junho no Beco das Sardinhas
pessoas no festejo. A expectativa é que esse ano repita o sucesso de público do ano passado. “Não deixa de ser uma festa política também. Estamos ocupando a rua e mostrando o que queremos para a cidade”, complementa Raphael.
As atrações têm início às 10h e terminam às 22h. O Beco das Sardinhas fica na esquina das ruas Marechal Floriano com Miguel Couto, no Largo de Santa Rita. Pertinho do metrô na Uruguaiana, ônibus na Presidente Vargas e trens na Central.
“Bateu a química” com o brega MARCOS BARBOSA
DE RECIFE (PE)
Reginaldo Rossi é considerado o Rei do Brega
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Arraiá celebra tradições populares no Centro
»»"Lembro com muita saudade daquele bailinho, quando a gente dançava bem agarradinho, onde a gente ia mesmo é pra se abraçar". Esses versos cheios de sentimentos, imortalizados na voz do Rei do Brega, o pernambucano Reginaldo Rossi, representam o grande sucesso da Era de Ouro do brega clássico, que embalou as noites dos casais de namorados a partir
dos anos 1970. De lá para cá, o brega mudou bastante. No entanto, a estrutura simples das músicas, as melodias marcantes e as letras de forte apelo romântico com rimas e refrões melosos e fáceis de decorar; além, claro, do visual chamativo dos artistas, continuam sendo características do ritmo em que pulsam há décadas os corações apaixonados. O rótulo de "brega" foi atribuído às músicas populares românticas pelas elites, que consideravam as
canções de gosto duvidoso. Mesmo assim, o povo nordestino jamais deixou o brega morrer, fazendo com que ficasse ainda mais conhecido e fosse crescendo e consolidando seu espaço no cenário musical. Cada vez mais influenciado pelos diferentes ritmos musicais, como o bolero, o sertanejo, o pop latino e, mais recentemente, a kizomba angolana, o funk carioca e o reggaeton caribenho, o brega mantém sua tradição de músicas que ficam no limiar entre o cafona e o poético.