Jornal Brasil de Fato / RS - Número 38

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DEPUTADOS QUEM VOTOU CONTRA OS FAVOR?TRABALHADORES?EQUEMVOTOUACONFIRAAQUI PÁGINA 6 RIO GRANDE DO SUL 31 de agosto de 2022 distribuição gratuita brasildefato.com.br /brasildefators brasildefato.rs @BrasildeFatoRS HERMES ZANETI: “O RIO GRANDE NÃO TEM A MENOR CONDIÇÃO DE PAGAR A DÍVIDA” PÁGINA 3 FerrazCarolFoto: NA HORA DECISÃODAEstáchegandoomomentoemqueosgaúchosterãoquedizersetudoestáótimoouque,aocontrário,amudançanãopodeesperarmais BrasilAgênciaCruz/AntonioFoto:ArtesobrefotodeLucianoLanes/PMPA

O QUE NÃO SE PODE ACEITAR – DE MANEIRA ALGUMA – É O ÓDIO COMO RETÓRICA E COMO ATITUDE POLÍTICA.

Opinião

CHARGE | Santiago www.brasildefators.com.brredacaors@brasildefato.com.br (51) 98191 7903 /brasildefators @BrasildeFatoRS CONSELHO EDITORIAL Saraí Brixner, Sandra Lopes, Enio Santos, Neide Zanon, Ademir Wiederkehr, Luiz Muller, Télia Negrão, Diva da Costa, Grazielli Berticelli, Bernadete Menezes, Gelson José Ferrari, Salete Carollo, Cedenir Oliveira, Lucas Gertz Monteiro, Marco Aurélio Velleda, Vito Giannotti (In memoriam) | EDIÇÃO Ayrton Centeno (DRT3314), Katia Marko (DRT7969) REDAÇÃO NESTA EDIÇÃO Ayrton Centeno, Clara Aguiar, Katia Marko | DIAGRAMAÇÃO Marcelo Souza | DISTRIBUIÇÃO Alexandre Garcia e Saraí Brixner | IMPRESSÃO Gazeta do Sul | TIRAGEM 25 mil exemplares. brasildefato.rs Editorial Sobre o assim dito “voto evangélico”: isso existe? ▶ Segundo a mídia corporativa vem destacando há algum tempo, existiria no Brasil um “voto evan gélico” que – a 32 dias das elei ções de 2 de outubro – poderia re verter milhões de votos para o atual presidente. Será isto verda deiro ou Primeiro,plausível?como analistas do campo religioso vem enfatizando, a realidade do voto no Brasil não é tão simples. Não existe um “voto evangélico”! Mais: esse voto não pode ser manipulado a bel prazer desse ou daquele candidato. As eleições de 2022 demons tram que existe, sim, uma dispu ta eleitoral por conquistar votos em vastos segmentos para os quais as questões de afiliação re ligiosa e aspectos morais da vida pessoal e familiar são prioridade. Não por acaso, temos visto uma verdadeira avalanche de notícias falsas veiculadas por se tores conservadores e de extre ma direita procurando colar nas candidaturas de esquerda e de corte socialista propostas políti cas que ferem suas concepções de moralidade e vida familiar. Nestas eleições, portanto, há que se ter o cuidado para não ge neralizar e difundir notícias e conteúdos falsos que violam os dados da realidade complexa em que vivemos. Temos de lutar por fazer prevalecer em nosso país a democracia como valor maior, o respeito às pessoas em todas as circunstâncias, a prevalência da paz e do amor mútuo como con quistas de uma vida social pací fica e construtora de um futuro digno para todo o povo. O que não se pode aceitar – de maneira alguma – é o ódio como retórica e como atitude política. Este ódio, muitas vezes reafir mado por altas autoridades, tem sido motivo de crimes os mais hediondos nos últimos anos.

▶ Quem sabe como se comporta o(a) deputado(a) ou sena dor(a) em quem votou? Qual é o lado que ele ou ela assume ao tratar de decisões sobre os trabalhadores, o meio am biente, a educação, a saúde? Este é um dos temas desta edição que apresenta o cenário da campanha para o governo estadual e o Senado e lida também com o currículo dos(as) atuais deputados(as) federais e senadores(as) do Rio Gran de. E as notícias não são boas. A começar pelo fato de que quase a metade do Congresso votou contra os interesses de quem vive da venda da sua força de trabalho. Uma pesquisa do Departamento Intersin dical de Assessoria Parlamentar, o DIAP, descobriu que 49,6% do Congresso votou contra o trabalhador. Outro levantamento, este do Ruralômetro 2022, consta tou que 68% da Câmara vota contra a proteção à natureza, os indígenas, camponeses, quilombolas e povos tradicio nais.E no exame do chamado “Pacote do Veneno” na Câmara, 301 votaram a favor e apenas 150 contra. O projeto coloca mais veneno no nosso prato e justamente no país que é o campeão mundial no uso de agrotóxicos, que causam até câncer.Mas nem todos os partidos são iguais. PT, PDT, PSB, PCdoB, PSOL e REDE orientaram o voto pelo “Não”, defen dendo o consumidor e o meio ambiente. Do outro lado estava a maioria: PSDB, PP, MDB, PL, NOVO, PSC e pratica mente toda a base de apoio dos governos Temer e Bolsonaro orientaram o voto pelo “Sim”.

Como vota em quem você votou?

Contra a retórica do ódio, apostemos na ética do diálogo, como escreveu o professor João Cezar de Castro Rocha, da UERJ, no livro Guerra cultural e retórica do ódio (Goiânia, 2021), pois o ódio nos conduz a um analfabetismo político fatal e in fantil, revelando no fundo que a sociedade brasileira ainda preci sa caminhar muito para se tor nar uma democracia para valer!

(*) Doutor em Teologia, pas tor emérito da Igreja Evangéli ca de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). ROBERTO E. ZWETSCH (*)

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Temos que prestar muita atenção em quem vamos eleger para governador e presidente, mas não podemos baixar a guarda, repetir 2018 e entregar ao Rio Grande e ao Brasil parlamentos indignos das tarefas do estado e do país.

Não vamos construir um país livre e democrático, nem vamos superar os diferentes tipos de ra cismo estrutural sem o debate político franco e aberto. O outro, aquele ou aquela que pensa dife rente de mim, não é meu inimigo, mas sim alguém com quem tenho divergências que precisam ser objeto de controvérsia, sim, po rém jamais de violência e elimi nação física. Eis o que as eleições de 2022 nos desafiam a realizar.

Em 2018, o voto construiu o pior Congresso que se poderia imaginar. Mas o Congresso que atua assim não caiu do céu. Nasceu do voto desinformado ou iludido da maioria que o elegeu. Muitas vezes é aquele eleitor que vota no conhecido, no vizinho, no parente, no candidato do patrão.

MORREMDEMOCRACIASPORQUE NÃO ENTREGAM O QUE Zanetiafirmagovernador”,colovaide“UmaPROMETEMbombaR$180biestourarnodopróximoHermes Entrevista EDIÇÃO N O 38 - 31 DE AGOSTO DE 2022 - WWW.BRASILDEFATORS.COM.BR 3

do Rio Grande está engolindo isso esse tempo todo. Se olhares a capa da Zero Hora do dia 21 de se tembro de 1996 estão lá o Britto e o (ex-ministro Pedro) Malan sorri dentes celebrando um acordo onde a manchete diz “Rio Grande liquida a dívida”. Hoje, nas minhas palestras, eu inverto as palavras. Digo “Dívida liquida o Rio Grande”. Vistes a data do acordo?

LEITE E

NÃOPAGARUNIÃO:DISSERAMSARTORIPRA´EUQUEROTEAQUILOQUEEUDEVO`

BdF RS - Esta questão da dívida não tinha que ser o eixo da cam panha pelo governo gaúcho? Zaneti - Tem um livro famoso cha mado “Como as democracias mor rem”. Escrevi um texto chamado “Porque as democracias mor rem”. Elas morrem porque não entregam o que prometem. Faz (o candidato) um discurso de campa nha e vai pro poder sem cumprir. Uns de boa fé e outros não. Minha alegria é que seis candidatos a go vernador se posicionaram a favor da ação (da dívida) que ainda tra mita no STF e que não sei qual vai ser seu destino já que seu credor principal, o Rio Grande, abriu mão. EU AS

AYRTON

▶ A longa estrada do ex-depu tado federal Hermes Zaneti, 79 anos, inclui a presidência do CPERS nos anos 1970, da Conferência dos Professores do Brasil e da Organização Mun dial dos ComeçouProfessores.suavidapartidária no MDB no tempo em que o partido combatia a ditadura. Passou para o PSDB, retornou ao PMDB e há vários anos milita no PSB. Tentou ser candidato ao governo gaúcho em 2018, mas a cúpula partidária cortou-lhe as asas. Queria discutir aquela que considera a mãe de todas as questões que afligem o Rio Grande: a impagável dívida com a União que afunda o estado e amputa seu futuro. Escreveu o livro O Complô. Nele esquadrinha as raízes da tragédia econômica gaúcha e aponta seus responsáveis. O Complô gerou um documentário de mesmo nome que estreia no dia 12 de setembro, às 19h, no CineBancários, em Porto Alegre. Neste diálogo, ele critica os governos Sartori e Leite e antecipa o sufoco que herdará o vencedor da disputa pelo Palácio Piratini.

PORTO ALEGRE

Hermes Zaneti - É uma bomba de R$ 180 bilhões. Em 2015, apresen tamos um projeto de lei ao Sena do, o 561. Previa que o estado pa garia o IPCA (Imposto Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) sem juros e a dívida estaria quita da. Estamos falando daquele acor do de 1996 do Britto (Antonio) e do seu vice (Vicente Bogo). A União deve ao estado R$ 15 bilhões, mas diz que o Rio Grande deve a ela R$ 80 bilhões.

BdF RS - O estado não vai pagar... Zaneti - Não tem a menor condi ção. E tem a Lei Kandir, que foi proposta pela União onde diz o se guinte: os estados exportam os produtos primários ou semielabo rados sem o ICMS. E a União paga rá a diferença causada pela au sência do ICMS. Com isso, a União deveria algo como R$ 70 bilhões ao Rio Grande. Ela nunca cumpriu de forma total o que assumiu. É caloteira. Foi mudando a legisla ção, culminando com uma emenda constitucional elaborada pelo Se nado, uma casa que diz represen tar os estados... Por isso o meu livro se chama O Complô. É um complô das institui ções federais contra os estados e o povo brasileiro. Há um estudo, feito dentro da Secretaria da Fa zenda/RS, atualizado em julho de 2019. No estudo, a União devia ao Rio Grande R$ 67 bilhões. Mas o Leite assinou um acordo com a União para receber R$ 5 bilhões ao longo de 17 anos! Abriu mão de R$ 67 bilhões para receber R$ 5 bilhões...

FerrazCarolFoto:

Especialista na dívida gaúcha diz que o Rio Grande trocou um crédito de R$ 67 bilhões por apenas R$ 5 bilhões

BdF RS - Mas existe outra quesZanetitão... - A outra é que existe no Supremo Tribunal Federal a ação proposta pela OAB. E o Sartori (José Ivo) e o Eduardo Leite abri ram mão da liminar que suspendia os pagamentos da dívida do Rio Grande à União. É um crime con tra gerações e gerações de gaú chos. Propuseram o seguinte: “Olha, vocês (a União) não estão recebendo por decisão do Supre mo, mas eu quero te pagar aquilo que eu não devo...” CENTENO

DIGO ‘DÍVIDA LIQUIDA O RIO GRANDE’

Brasil de Fato RS - Que bomba vai estourar no colo do próximo governador do Rio Grande do Sul?

BdF RS - Quando há um crime é preciso procurar os culpados. Quem são, além dos já citados? Zaneti - O Britto, por exemplo. Ho nestamente, não sei como o povo

BdF RS - No 20 de Setembro... Zaneti - É no dia da Revolução Far roupilha... Pelo amor de Deus! Para comemorar a escravidão do Rio Grande do Sul à União...

ZERO HORA DISSE ‘RIO GRANDE LIQUIDA A DÍVIDA’.

Partido Comunista Brasileiro. Natu ral de Gravataí, foi dirigente do Sin dicato dos Trabalhadores dos Cor reios e concorreu a vereador em Porto Alegre em 2020. Seu vice, também do PCB, é Edson Canabar ro, servidor público aposentado. Paulo Roberto (PCO) - Paulo Roberto Silvei ra Pedra Júnior, 39 anos, repre senta o Partido da Causa Ope rária na disputa pelo governo estadu al. É sua primeira campanha para cargo eletivo. Tem como companheiro de chapa Mário César Zettermann Berlese Filho, também do PCO.

▶ Qual o rumo que o Rio Grande vai tomar? Vai permanecer trafegando à direita ou mudará sua rota? Esta é a pergunta que os eleitores responderão no próximo 2 de outubro. Na disputa estão 11 candidatos, distribuídos entre opções à esquerda e à direita do espectro político. Seis deles estão no primeiro grupo e frequentam um espaço partidário que vai da centro-esquerda à esquerda. Os demais instalam-se entre uma direita liberal até a extrema-direita. Veja quem é quem nesta eleição e confira de que lado você quer Noficar:rumo

Carlos Mes salla (PCB) concorresalla,CarlosdosFuncionário–Correios,Mes46anos,pelo

Edegar Pretto (PT) – Foi pre sidente da As sembleia Le gislativa em 2017. Filho do deputado fede ral Adão Pretto, é uma proposta de renovação dos quadros do partido. Pela primeira vez, PT e PSOL estão aliados na disputa. As sondagens de opinião mostram que o eleitor ainda conhece pouco o seu nome, embora tenha sido, por três vezes, o deputa do estadual mais votado da bancada do PT. Sua tarefa é abrir caminho para o segundo turno, do qual a es querda gaúcha ficou fora na eleição anterior, o que ocorreu pela primei ra vez após 28 anos. Apoiado por puxadores de votos como Lula e Olí vio Dutra, tem a seu favor uma fede ração com cinco partidos – além do PT, também PSOL, PCdoB, PV e REDE. O advogado Pedro Ruas, ve reador do PSOL em Porto Alegre, é seu vice. Vieira da Cunha (PDT) –Carlos Eduardo Vieira da Cunha, 62 anos, é um qua dro histórico do PDT. Começou a militar no partido aos 19 anos. Brizolista, defende a es cola em tempo integral. Ex-verea dor, deputado estadual e federal, é procurador de Justiça. O PDT ten tou uma aliança com o PSB que não vingou. Assim, apresenta uma cha pa pura, onde sua vice é a vereadora de Passo Fundo, Regina Costa. Vicente Bogo – Vincu lado inicial mente ao MDB, o centevernadorex-vice-goViBogodei xou a legenda quando surgiu o PSDB, partido que depois trocou pelo PSB, pelo qual concorre em 2022. Mais próxima do centro ideo lógico, sua candidatura foi uma das últimas confirmadas, logo após o pré-candidato Beto Albuquerque desistir de concorrer. Ao contrário da disputa presidencial, o PSB man teve-se distante do PT, apesar da in sistência das direções nacionais em favor da união. A professora Josi Paz, igualmente do PSB, é a escolha para vice. Rejane de Oliveira (PSTU) cato),(CPERS/SindiProfessores/RSdoEx-presidente–Centrodosaprofes sora aposentada Rejane de Oliveira, 61 anos, é candidata pelo PSTU. É a primeira vez que se candidata fora do âmbito sindical. Sua parceira de chapa é a funcionária pública apo sentada Vera Rosane de Oliveira. É a única chapa de mulheres, e mulhe res negras.

Lanes/PMPALucianodefotosobreArte? EDIÇÃO N O 38 - 31 DE AGOSTO DE 2022 - WWW.BRASILDEFATORS.COM.BR4

Os candidatos deste grupo situam-se, em linhas gerais, como favoráveis ao Estado como indutor do desenvolvimento econômico. O combate à desigualdade é prioridade. A sociedade deve oferecer oportunidades iguais para todos, o que envolve programas sociais fortes e inclusivos. Defendem pautas do interesse dos trabalhadores. Estão na linha de frente das pautas dos movimentos das mulheres, negros, indígenas, quilombolas, LGBTQIAP+. Ressaltam a proteção do meio-ambiente e têm compromisso com a saúde e a educação públicas, universais e gratuitas. Seus candidatos são os seguintes:

da esquerda

FUTURO AYRTON

Estado decide em outubro se tudo fica como está ou se precisa mudar CENTENO

Para onde vai o Rio Grande?

Matrículas na rede estadual (inicial) caíram de 1.050.692 em 2014 para 749.431 em 2021.

AGROPECUÁRIA Hoje, existem 463 mil gaúchos e gaúchas desempregados.DESEMPREGO O Produto Interno Bruto gaúcho que chegou a crescer 23,4% nos anos 1990, hoje tem crescimento zero.PIB O Rio Grande vive um retrocesso que os números traduzem de forma implacável. Confira alguns: ArquivoFoto:

ACOMPANHE DURANTE O MÊS DE SETEMBRO ENTREVISTAS COM OS/AS CANDIDATOS/AS AO GOVERNO DO ESTADO NO SITE WWW.BRASILDEFATORS.COM.BR

Eduardo Leite – Após renunciar ao governo para tentar uma vaga na corrida pela presidên cia, Eduardo Leite, 36 anos, acabou retornando ao Rio Grande. Antes, ensaiou trocar o PSDB pelo PSD, mas, no último momento, recuou. Sua movimentação errática mais a quebra da promessa que nunca se candidataria à reeleição são fustiga das pelos adversários. É seu ponto fraco. Outro flanco é a dívida do es tado com a União, cuja negociação é criticada à esquerda e à direita. Seu ponto forte é conseguir pagar os sa lários do funcionalismo em dia. Li dera todas as pesquisas, mas possui também a maior rejeição. Em 2018, votou em Bolsonaro. A princípio, disse não se arrepender da escolha, mas, depois, passou a dizer estar ar rependido. Montou uma forte coli gação que inclui MDB, PSD, Cidada nia, Podemos e União Brasil. Ga briel Souza, deputado estadual do MDB, é seu vice. Onyx Lorenzo– No quinto manda to como depu tado anos,Lorenzoni,federal,67fezcar reira no PFL, seguiu no DEM e hoje está no PL. No governo Bolsonaro, ocupou três ministérios: Casa Civil, Cidadania e Secretaria-geral da Pre sidência. Recebeu o apoio de três le gendas: Republicanos, Patriota e PROS. É a primeira vez que se can didata ao governo gaúcho. Antes, tentou por duas vezes ser prefeito de Porto Alegre. Nas redes, tem usado o lema “Deus, Família, Pátria e Li berdade!” Aparece nas sondagens de opinião em segundo lugar. Apre senta-se como o candidato de Bolso naro, condição também reivindica da por Luis Carlos Heinze (PP). Cláudia Jardim, atual vice-prefeita de Guaíba, é sua parceira de chapa. Luis Carlos Heinze (PP) –Ex-prefeito, ex -deputado fede ral e hoje sena dor, Heinze ga nhou visibilida de nacional durante a CPI da Covid onde pontificou defendendo a ado ção de medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada contra o coronavírus. Em 2008, quando era deputado, propôs projeto para remover dos rótulos dos produtos alimentícios a informação de que são transgênicos. Candidato do agronegócio, chamou a atenção do país em 2013 ao afirmar que "qui lombolas, índios, gays, lésbicas" são "tudo que não presta". Nesta eleição, recebe o respaldo do PTB e do PRTB. A vereadora de Porto Alegre, Tanise Sabino (PTB), é sua vice. Ricardo Jobim (Novo) – O em presário e ad vogado Jobim, 46 anos, é de Santa Maria. Lá, presidiu a seção local da OAB e foi diretor da Câmara de Indústria e Comércio lo cal. Antes do partido atual, militou no PSDB pelo qual foi candidato à vice-prefeito na sua cidade. O Novo é mais uma legenda que vai para a campanha com chapa pura. Seu vice é Rafael Dresch. Roberto Ar genta (PSC)

▶ Com o ex-governador Olívio Dutra concorrendo ao Senado, o PT tenta um feito original. Caso Olívio vença – lidera as pesquisas no momento – será a primeira vez na história que o partido terá dois senadores eleitos pelo Rio Grande do Sul. Hoje, estão no Senado Paulo Paim (PT), Luis Carlos Heinze (PP) e Lasier Martins (Pode mos), que vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados. Os competidores mais cotados nas sondagens até o momento, além de Olívio, são a ex-senadora Ana Amélia Lemos, que trocou o PP pelo PSD que integra a coligação de Eduardo Leite, e o general Hamil ton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, que representa o Republicanos. Os demais pretendentes são Airto Ferronato (PSB), Comandante Nádia (PP), Fabiana Sanguiné (PSTU), Maristela Zanotto (PSC), Pau lo Rosa (DC), Professor Nado (Avante).

EDUCAÇÃO Cerca de um milhão de gaúchos e gaúchas sofre com a fome, segun do o Consea/RS. FOME O estado terá que pagar R$ 2 bilhões/ ano para a União em 2023. E, a cada ano, a dívida seguirá aumentando. Os pagamentos prosseguirão até 2048. DÍVIDA O governo gaúcho, que investia no campo R$ 871,7 milhões/ano até 2014, hoje investe R$ 547,3 mi lhões/ano.

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Rio,Calçadostafederal,Ex-deputado–ArgenédonodaBeiraumadas maiores empresas do segmento no estado, com 12 unidades e oito mil funcionários. Na sua trajetória parti dária passou por MDB, PFL, DEM e PSL. A candidatura recebeu o apoio do Solidariedade e do Agir. Com um patrimônio declarado de R$ 372,9 milhões, Roberto Argenta (PSC) é o candidato mais rico do estado e o se gundo do país entre os 223 candida tos aos governos estaduais. Sua vice é a professora universitária Nivea Rosa (Solidariedade).

Com Olívio na disputa, PT tenta um feito inédito Senado

Na batalha pelo Senado, Olívio vai enfrentar os candidatos de Leite e Bolsonaro

Um estado ladeira abaixo GESTÃO

Na rota da direita

Com maior ou menor intensidade, os candidatos situados à direita defendem um Estado com menores recursos e mais ausente. Cabe ao mercado regular a economia. São favoráveis à privatização do patrimônio público. Os ricos pagam menos impostos. Defendem pautas de interesse dos empresários. Estão distantes das reivindicações das mulheres, negros, indígenas, quilombolas, LGBTQIAP+. Seus governos reduzem ou congelam salários, cortam gastos e, junto, os serviços prestados à população. Não há urgência em reduzir a desigualdade social. Os cofres públicos bancam a construção de estradas, mas elas são concedidas às empresas privadas que as administram e exploram pedágios.

CUT, Ariovaldo de Camar go. “Se ele nunca votou ou votou muito pouco a favor do trabalhador, já se sabe que não mudará de opinião durante as próximas vota ções de projetos de interes se da classe trabalhadora”, acentua. E emenda: “É mui to fácil prometer e não cumprir a Somando-sepromessa”.todoo país, somente 21,9% dos/as par lamentares votaram com os trabalhadores, incluindo-se tanto a Câmara quanto o Se nado. O que representa ape AYRTON CENTENO PORTO ALEGRE Vinte e seis dos 35 deputados federais do Rio Grande do Sul votaram maciçamente contra os assalariados blicanos, partido pelo qual o general Hamilton Mourão concorre ao Sena do. De seus três deputa dos – Liziane Bayer, Car los Gomes e Marcelo Brum – um votou 80% contra e os outros dois, 100% contrariamente.

A maioria dos candida tos à presidência e à vice não possuem hoje mandato no Congresso. Entre os congressistas que postu lam a presidência, a sena dora Simone Tebet, do MDB, votou contra 83,3% dos projetos ligados aos di reitos trabalhistas. E outra senadora, Soraya Throni cke, do União Brasil, votou 100% contra.

PODE O PODE, ex-PTN, tem apenas um representante gaúcho. É Maurício Dzie dricki que votou em 100% das oportunidades contra os interesses dos traba lhadores.

Democracia ▶ O DIAP constatou que, en tre os gaúchos, os/as depu tados/as que ficaram ao lado dos trabalhadores fo ram os seguintes: Paulo Pi menta, Maria do Rosário, Henrique Fontana, Elvino Bohn Gass, Dionilso Mar con. Todos do PT. Mais Pompeo de Mattos e Afonso Motta, do PDT, além de Fer nanda Melchionna (PSOL) e Heitor Schuch (PSB). “Antes de votar é impor tante analisar o perfil do/a candidato/a”, avisa o secre tário de administração da E quem votou a favor dos trabalhadores?

Veja aqui quem votou contra os trabalhadores

Apesar dos protestos, a reforma trabalhista foi aprovada com os votos da maioria dos partidos no Congresso

BrasilAgênciaCruz/AntonioFoto: adversária em 62,5% das votações.

Parlamentares protestaram, no Plenário da Câmara, contra a aprovação da reforma da Previdência

REPUBLICANOS Outra bancada que jo gou contra os trabalhado res gaúchos foi a do Repu

PSDB Partido do ex-governa dor e candidato ao gover no, Eduardo Leite, o PSDB vestiu a camiseta do time de oposição à classe tra balhadora. Da dupla de parlamentares gaúchos, Lucas Redecker, votou 100% contra, enquanto Daniel Trzeciak foi só um pouquinho menos pior: 90% contra. NOVO Marcel Van Hatten, do partido NOVO, votou 90% contra os trabalhadores.

▶ Sempre que o interesse de quem vive de salário es teve em jogo, a imensa maioria da Câmara dos Deputados mandou con tra. Foi o que apurou a pes quisa “Quem foi Quem no Congresso Nacional”, do Departamento Intersindi cal de Assessoria Sindical (DIAP), que examinou voto por voto dado nas questões que atingiam a vida dos trabalhadores. E os deputados gaú chos como se comporta ram? O levantamento de monstrou que quase 70% deles também jogaram no time adversário. E quem é essa turma? É o que va mos ver aqui, partido por partido. Confira: PL Na pesquisa do DIAP, o PL, partido do ex-minis tro e candidato ao governo Ônix Lorenzoni, votou massivamente contra os interesses dos trabalhado res na Câmara Federal. Possui seis deputados e, deles, quatro votaram 100% contra os assalaria dos: o próprio Ônix Lo renzoni, mais Bibo Nunes, Marcelo Moraes e Giovani Cherini. Dos demais, um votou 71,43% contra e o outro, 88,89%. MDB O levantamento com provou que a bancada do MDB gaúcho na Câmara dos Deputados votou 100% contra os trabalha dores. Foi o comporta mento de Alceu Moreira, Osmar Terra, Darcísio Pe rondi, Márcio Biolchi e Giovani Feltes. PP Os quatro deputados federais gaúchos do PP, le genda do candidato ao go verno, o senador Luis Car los Heinze, votaram 100% na contramão dos interes ses dos trabalhadores. As sim agiram Pedro Wes tphalen, Covatti Filho, Je rônimo Goergen e Afonso Hamm. O próprio Heinze direcionou todos os seus votos no Senado contra os direitos trabalhistas.

PSD Dos três deputados do PSD, mesma agremiação da candidata ao Senado Ana Amélia Lemos, dois deles – Nereu Crispim e Paulo Caleffi – votaram 100% contra os trabalha dores – e um, Danrlei de Deus, jogou pela equipe nas 129 deputados e sena dores. São principalmente os que fazem oposição ao governo Bolsonaro.

DeputadosdosMacedo/CâmaraLuisFoto:

PTB Santini, o único depu tado do PTB/RS, votou a favor dos trabalhadores em apenas uma ocasião. E ficou do lado oposto por seis vezes.

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Dicas de filmes gaúchos

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depoimento de Ronaldo Bernardi, o fotógrafo que fez as imagens que torna ram o caso conhecido, da viúva do operário, Juçara Pinto, e de nomes respeita dos da luta pelos direitos humanos e do movimento negro no Brasil. Além do caso que dá título ao filme, a produção discute ainda as mortes de pessoas negras provocadas pela polícia.

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Cultura

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sargento com saudade da namorada, um tenente cheio de prepotência - e acabar com a tranquilidade daquela noite no quartel. Transgres são é a palavra que se aplica a esse curta-metragem de 14 minutos, inspirado numa história do gaúcho Tabajara Ruas.

O DIA EM QUE DORIVAL ENCAROU A GUARDA (1986), DE JOSÉ PEDRO GOULART E JORGE FURTADO: Numa prisão militar, numa noite de muito calor, o negro Dorival tem apenas uma vontade: tomar um banho. Para consegui-lo, vai ter que enfrentar um soldadi nho assustado, um cabo com mania de herói, um O CASO DO HOMEM ERRADO (2018), DE CAMILA DE MORAES: Documentário conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Brigada Militar, nos anos 1980, em Porto Alegre. O crime ganhou notorieda de após a imprensa divul gar fotos de Júlio sendo colocado com vida na viatura e chegar, 37 minu tos depois, morto a tiros no hospital. O filme traz o GOLPE (2020), DE GUILHERME CASTRO E LUIZ ALBERTO CASSOL: “Perderam em 64, perderam agora em 2016. Pela família, pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim.” Assim declarou seu voto pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o então deputado federal Jair Bolsonaro (sem partido), em abril de 2016. Estava ali, mais uma vez exposta, a misoginia, o machismo, a idolatria à ditadura. autoritarismo,implicitamente,Também,oquevai se solidificando no poder. Esse GUATA (2022), DE JORGE EPIFANIOMORINICO,CHAMORRO E JOÃO MAURICIO FARIAS: Com 56 minutos, o documentário da Flow Filmes é uma produção Brasil, caminhandocom-comodadescriadoterritóriomobilidadeintensaMbya-Gurani,característicasumaPortoaldeiaArgentina,aldeiani,indígenasCriaçãoArgentina.dedoiscineastasMbya-GuaraumresidenteememMissionesnaeooutronaAnhetenguá,emAlegre.ApresentadasprincipaisdoethossuaeancestralpelograndedoYvyRupá,pelassuasdivineentregueaelesdádiva.EsteGuatacaminhar-écontadoosrealizadorescomosuas divindades fizeram ao criar o mundo. As dificuldades impostas pe los invasores de seus territórios, os espanhóis e portugueses, e a criação das fronteiras pelos juruás - não indígenassão retratadas no filme. é o enredo documentáriodo Golpe. Uma cronologia e reflexão sobre os fatos políticos recentes que marcaram a destituição de Dilma e a prisão de Lula.

A A ndinho (A A ndre B )

LEGALIDADE (2019), DE ZECA BRITO: O filme aborda o momento histórico brasileiro, em 1961, quando o presidente da República, Jânio Quadros, renuncia e seu vice, João Goulart, deve ascender ao posto. Para evitar que um golpe organi zado pelos militares entras se em curso, o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, inicia um movimento inédito no país, pelo respeito à Constituição Federal. “Eu quis falar de meu país e das raízes políticas que ligam o Brasil à América Latina. A heroica façanha de Brizola lideran do o povo em ato de cora gem e civismo, garantindo a posse do presidente Jango e a soberania da nação. Através das ondas do rádio o despertar para a Consti tuição, o respeito ao voto popular. Um filme que trama ficção e realidade. Um romance que une visões opostas de mundo. Política, espionagem e comunicação, temas que articulam um dos momen tos históricos mais intri gantes do país”, explica o diretor.

A primeira edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas foi em 1995 ExcluídosdosGritoAcervoFoto:

Entre as àmoradia,direitohistóricasreivindicaçõesestãooàcomida,àaotrabalhoedemocracia

Grito dos Excluídos e das Excluídas completa 28 anos de luta por justiça social

Movimento Popular CLARA AGUIAR PORTO ALEGRE

comuns e contra as reformas que retiram direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores; ocupar os es paços públicos e exigir do Estado a garantia e a universalização dos di reitos básicos; promover a vida e anunciar a esperança de um mun do justo, com ações organizadas a fim de construir um novo projeto de sociedade.

EDIÇÃO N O 38 - 31 DE AGOSTO DE 2022 - WWW.BRASILDEFATORS.COM.BR8

O POVO COMIDA,QUERCASA

▶ No dia 7 de setembro de 2022, o Grito dos Excluídos e das Excluí das vai novamente às ruas do Bra sil para perguntar: "Independência para quem?". Desde 1995, movimentos popu lares, grupos da sociedade civil e ordens religiosas se unem no dia 7 de setembro contra as mais varia das formas de exclusão. Em 2022, ano que marca o bicentenário da Independência do Brasil, a ação co letiva tem como objetivo denunciar injustiças na construção da sobera nia nacional e negligências do go vernoMesmoBolsonaro.apósquase 200 anos do grito "independência ou morte", en toado por Dom Pedro I às margens do rio Ipiranga, ainda perdura o questionamento: qual independên cia há, de fato, no Brasil? E para quem? Essa é a reflexão proposta pelo Grito dos Excluídos e das Ex cluídas anualmente em diversas ci dades do país, em paralelo ao desfi le cívico-militar do 7 de setembro, data que nos últimos anos tem sido marcada por atos a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).

E TRABALHO "Essa edição, de forma especial, quer mostrar que as nossas insti tuições públicas estão sendo des respeitadas pelo atual governo e, sobretudo, denunciar o agrava mento da fome, a versão mais cruel da desigualdade. Uma fome que é resultado de escolhas políticas", comenta a educadora popular Már cia Falcão, integrante do Movi mento de Trabalhadoras e Traba lhadores por Direitos (MTD), enti dade que participa da organização do Grito.Desde o início do Grito dos Ex cluídos e das Excluídas, a segurança alimentar sempre esteve no centro do debate. E, após 28 anos de luta, o acesso regular e permanente a ali mentos de qualidade e em quantida de suficiente continua a ser reivindi cado. Sob Bolsonaro, o Brasil voltou ao "Mapa da Fome" em 2021. "Foi o povo organizado em cozi nhas comunitárias e em movimen tos populares que fez um grande mutirão para enfrentar a fome. É esse povo que constrói o nosso país de baixo para cima. E o Grito dos Excluídos e das Excluídas vai para rua gritar não só contra a exclusão, mas gritar a importância da força dessas pessoas que constroem no dia a dia a resistência e a sobrevi vência", ressalta Márcia.

POR UMA NAÇÃO INDEPENDENTELIVRE, E SOBERANA Nacionalmente, o Grito surgiu em 1995, a partir da 2ª Semana So cial Brasileira da Conferência Na cional dos Bispos do Brasil (CNBB). A primeira mobilização ecoou em 170 localidades do país e teve como lema "A vida em primeiro lugar". Ainda que sua origem seja católica, de lá pra cá, o ato simbólico expan diu-se para outros âmbitos, envol vendo movimentos populares, reli giosos e sindicais, entre outras or ganizações comprometidas com as causas das populações mais vulne ráveis.Segundo o secretário do Grito continental, Luiz Bassegio, o pro tagonismo é antes de tudo dos ex cluídos e das excluídas. "Para que eles contem suas dores, seus la

mentos, suas dificuldades, fazendo com que tenham voz própria. Esse é o sentido do Grito", afirma. Entre os principais pilares do Grito dos Excluídos e das Excluí das estão: analisar criticamente o atual modelo de "desenvolvimen to" baseado no lucro e na acumula ção privada; lutar contra a privati zação dos recursos naturais, bens

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