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Destruindo a destruição

▶ A primeira tarefa de um governo que assume um país é construir aquele programa que defendeu na campanha e pelo qual foi eleito. Sim, em regra. Mas não após o governo de Jair Messias Bolsonaro.

Passados quatro anos do mais letal mandato da história da República, a primeira missão é destruir a destruição. Quem assume suas ruínas deve travar a marcha da devastação social, ambiental, econômica, política, sanitária e moral de um governante que se preparou somente para aniquilar. Como ele mesmo confessou, logo na largada de sua gestão, em março de 2019:

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- O Brasil não é um terreno aberto onde nós iremos construir coisas para o nosso povo. Nós temos que desconstruir muita coisa, revelou ao discursar em jantar com expoentes da ultradireita em Nova York.

O resultado é o que estamos colhendo agora. A começar pela tentativa de parar o Brasil no dia seguinte à derrota do mandatário, seguida pela pregação aberta do golpe de Estado com a leniência ou algo pior das forças que tinham o dever legal de barrar o processo, a sabotagem da transição, tudo culminando com a imundície que emporcalhou os Três Poderes da República no dia 8 de janeiro.

Este último fato colocou o governo atuando 24 horas ao dia. Em um front brecando a ameaça de uma nova ditadura, em outro tratando de levar o país em frente, trocando pneu com o carro em movimento, atendendo emergências como a barbárie perpetrada contra o povo Yanomami num esforço para recuperar a terra arrasada, herança trágica de quem fugiu para o exterior.

Os tempos que teremos por diante exigirão muito de nós. Os atores, estrategistas e financiadores do golpismo já mostraram que não consideram nenhum limite. Serão quatro anos nos quais a participação popular e a mobilização terão que ser intensas e permanentes, cobrando compromissos dos muitos movimentos, associações, sindicatos, centrais e ONGs afinados com o projeto de um Brasil progressista, inclusivo, diverso e generoso.

Sob esse aspecto duas iniciativas que enfocamos nesta edição – o Fórum Social Mundial e a Romaria da Terra – sinalizam que o campo popular-democrático do Rio Grande começa 2023 ciente das suas responsabilidades.

OPINIÃO

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