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Vinte anos de comunicação popular e luta pela democracia
Lançado em 25 de janeiro de 2003, no FSM, Brasil de Fato completa duas décadas de contribuição para um país mais justo
Nicolau Soares S O Paulo
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Era janeiro de 2003. O Brasil comemorava a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT); na Argentina, Nestor Kirchner se preparava para conquistar seu primeiro mandato presidencial, na esteira do desastre econômico neoliberal. Na Bolívia, o Movimento Al Socialismo de Evo Morales e seus cocaleros se fortaleciam em um país que, poucos meses depois, teria suas ruas tomadas por protestos contra a privatização do gás natural, no episódio que ficou conhecido como "A Guerra do Gás". Os Estados Unidos pressionavam a comunidade internacional para apoiar a invasão ao Iraque, que se consumaria dois meses mais tarde.
Enquanto isso, em Porto Alegre (RS), 100 mil pessoas se reuniam para a terceira edição do Fórum Social Mundial, entre 23 e 28 de janeiro. Foi no sábado, dia 25, que 7 mil delas lotaram o Auditório Araújo Viana, no Parque Farroupilha, para um evento histórico: o lançamento do Brasil de Fato, iniciativa pioneira de jornalismo organizada por movimentos populares brasileiros.
A mesa de abertura mostra a importância do momento: lá estavam o escritor uruguaio Eduardo Galeano, a médica cubana Aleida Guevara, filha do Che, o linguista estadunidense Noam Chomsky, a argentina Hebe de Bonafini, líder das Mães da Praça de Maio, o fotógrafo Sebastião Salgado e o teólogo Leonardo Boff, entre outros nomes da esquerda nacional e mundial.
Patrim Nio Dos Trabalhadores
Primeiro editor a liderar o projeto, o jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) José Arbex se recorda da empolgação do dia.
"Foi um negócio impressionante. Sete mil pessoas dentro do salão e outro tanto fora vendo pelo telão. Um negócio absurdo. Eu cheguei pro Stedile [João Pedro, liderança do MST] e falei 'opa, parece que agora vai'. Havia um entusiasmo de todo mundo", lembra.
Avaliando os 20 anos de existência do jornal, Arbex considera o projeto estratégico para a esquerda brasileira, uma vez que "é uma alternativa concreta em relação ao que diz a grande imprensa e que tem essa história acumulada".
"Isso aí é um capital fundamental, insubstituível do ponto de vista da formação de uma opinião crítica no Brasil. O Brasil de Fato é uma conquista dos trabalhadores brasileiros. É assim que ele tem que ser encarado, é assim que ele tem que ser defendido, e é assim que ele tem que continuar. Um patrimônio dos trabalhadores brasileiros", defende.