The Brazilian Post - Issue 92 - Portuguese

Page 1

GUIA

Crânio (foto), Alex Senna e Magrela deixam suas marcas com o maior graffiti brasileiro em Londres >> Pg15

Sep 3rd – 16th 2013 Photo por Rômulo Seitenfus

LONDON EDITION www.bcu.co.uk americas@bcu.ac.uk

www.brazilianpost.co.uk • Issue n. 92

ESTUDANTES BRASILEIROS CHEGANDO

Na maior entrada de estudantes no Reino Unido pelo programa Ciência Sem Fronteiras, mais de 1.500 brasileiros chegam ao país neste mês de setembro para cursar um ano de ensino superior em uma universidade britânica. Objetivo do programa do governo federal é trazer mais de dez mil alunos até 2015. Leia mais nas páginas 2 e 8 >>


02 |

Sep 3rd – 16th 2013

Cultura EDUCAÇÃO

Estudantes brasileiros do Ciência Sem Fronteiras chegam ao Reino Unido Ao todo são 1.700 alunos que chegam ao país para fazer um ano de curso na modalidade graduação sanduíche

B

Por Guilherme Reis

runo Belmonte Martinelli Gomes tem 19 anos e mora em Uberaba, Minas Gerais. Estudante de Biomedicina na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Bruno chega ao Reino Unido em setembro para fazer um ano de seu curso na Durham University, no norte da Inglaterra. Preparando-se para morar fora da casa de seus pais pela primeira vez, e logo no exterior, espera “ampliar horizontes, aprender novas culturas e fazer todo o possível para que novas oportunidades surjam a partir desta viagem”, como contou em entrevista ao The Brazilian Post. Bruno faz parte de um contingente de 1.700 estudantes brasileiros que chegam

H

á um ano atrás decidimos inovar, fazer do The Brazilian Post um jornal bilíngue. A primeira dúvida: como fazer isso com a diagramação de um jornal? Uma revista seria mais fácil. Questionamentos a parte, resolvemos virar de ponta cabeça. E literalmente fizemos. E hoje, passados 365 dias, 24 edições dessas mudanças, nos consolidamos como um jornal que fala para para além dos brasileiros, e mostra o Brasil para todo estrangeiro, falante da língua inglesa, interessado no imenso país verde e amarelo. Com isso, clarificamos o que somos e o que nos propomos. Um jornal brasileiro, baseado em Londres que vive uma experiência glocal. Ou seja, um veículo no qual podemos compartilhar

Esta será a maior entrada de estudantes brasileiros no Reino Unido pelo CsF. O primeiro grupo, com aproximadamente 520 alunos, chegou em setembro de 2012; em janeiro de 2013, vieram cerca de 600

ao Reino Unido em setembro pelo Ciência Sem Fronteiras, programa do governo federal cujo objetivo é oferecer, em quatro anos, mais de 100 mil bolsas de estudo para que alunos de graduação e pósgraduação do Brasil estudem no exterior, para manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. “Desde antes de entrar na faculdade sempre tive vontade de morar no exterior, então a possibilidade de ingressar no CsF foi a forma que encontrei de realizar este sonho”, disse Bruno. “A escolha da universidade veio depois da escolha do meu destino. A opção pelo Reino Unido foi uma conciliação entre realização pessoal

e profissional. Algumas das melhores instituições da minha área estão localizadas no Reino Unido, e a escolha por Durham seguiu este conceito”. Esta será a maior entrada de estudantes brasileiros no Reino Unido pelo CsF. O primeiro grupo, com aproximadamente 520 alunos, chegou em setembro de 2012; em janeiro de 2013, vieram cerca de 600. Entre as modalidades oferecidas estão graduação sanduíche de 1 ano, doutorado sanduíche de 1 ano, doutorado pleno de 4 anos e pós-doutorado de 2 anos. De acordo com Tânia Lima, diretora do programa CsF no Reino Unido, a meta é que, até 2015, venham para universidades

britânicas mais de 10 mil estudantes brasileiros – 7 mil de graduação, 3 mil de doutorado e 500 de pós-doutorado. Há mais de 100 universidades no Reino Unido conveniadas aos CsF. No caso dos 1.700 alunos que estão chegando, todos fazem parte da modalidade graduação sanduíche, cujas entradas ocorrem em setembro e janeiro – dentro desse universo, 320 estudantes chegaram ao Reino Unido no início do verão para aperfeiçoar o inglês, o que também faz parte do programa, apesar de não ser obrigatório. Para os cursos de doutorado e pós-doutorado, as datas são mais flexíveis. Continua na página 8 >>

EDITORIAL e conectar informações produzidas por profissionais brasileiros e ingleses, com a missão de mostrar um Brasil gigante pela própria natureza, obviamente, para além dos estereótipos. Tudo isso, aliado ao aumento da visibilidade que o país vem conquistando no cenário internacional. Para que este anseio fosse colocado em prática, além de apenas imprimir o jornal, nos reestruturamos enquanto empresa e nos tornamos uma cooperativa de capital intelectual, na qual nossos associados gerem a estrutura organizacional e trabalham como jornalistas e jornaleiros, fazendo acontecer e refletindo sobre o processo de construção de um veículo de comunicação glocal. Além disso, a grande demanda que recebemos de jornalistas, que por algum motivo saíram do Brasil,

alguns por meses e outros por tempo indeterminado, e que buscam espaço para mostrar seu trabalho no mundo exterior, contribui substancialmente para estabelecer nossa qualidade editorial. E, por isto, criamos três formas de colaboração: correspondentes, colunistas e conectando (projeto específico para estudantes universitários). Desta maneira, abrimos a possibilidade de uma via de mão dupla. Para o The Brazilian Post agregar diferentes ponto de vista, conteúdos exclusivos e se tornar uma vitrine para estes profissionais. Já para os colaboradores, a possibilidade de produzir e difundir conteúdos de relevância sobre temas atuais, num ambiente de trabalho de comunicação compartilhada, dinâmico e inovador. Forma de trabalho que sedimentou as relações entre veículo x

jornalista, e que hoje falamos com orgulho que além de Londres, nossos colaboradores se espalharam para outros lugares do mundo tais como Irlanda, Qatar, Portugal, Espanha e diversas regiões do Brasil. É desta forma que trabalhamos para manter a qualidade de todos os produtos veiculados pela marca The Brazilian Post. Para que nossos colaboradores, clientes e leitores tenham prazer em estar em contato com nosso time. São estes desafios que nos fazem continuar nesta caminhada. Divirta-se com a edição! Ana Toledo Editora Chefe ana@brazilianpost.co.uk


Brasil | 03

PONTO DE VISTA

Lei da Mídia Democrática: o processo de um movimento

E

Por Ana Toledo

m 2009, no Fórum Social Mundial da Amazônia, em Belém (PA), aconteceu o ato que chamava as coordenações de diversos estados do Brasil para organizarem localmente as comissões estaduais Pró-Conferência Nacional de Comunicação. Durante aquele ano, os estados realizaram – em parceria com movimentos sociais, coletivos, universidades, centros acadêmicos, grupos culturais, entidades representativas de classe, governos de estados e municípios – as préconferências, nas quais levantaram diversas pautas sobre a democratização da comunicação no Brasil. Tudo caminhou para que em dezembro fosse possível a realização da a I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em Brasília. Toda essa mobilização veio acompanhada das transformações trazidas pelo projeto Cultura Viva, desenvolvido pelo então ministro da cultura, Gilberto Gil. Além disso, ganharem força com as Conferências de Cultura que também estavam sendo realizadas nos estados e logo também com a Conferência Nacional, naquele mesmo ano. Um passo considerável para o movimento de democratização da mídia no Brasil que, há anos, em diversos estados - no Paraná, desde 2006 -, vem pautando este debate localmente. Com uma conjuntura política favorável - governo do presidente Lula -, o movimento se estruturou. Um fator que pontuou críticas na época. No entanto, ao longo desse período, o movimento se mostrou organizado em dois importantes aspectos: teórico e de mobilização social. No aspecto teórico, as propostas colhidas nas conferências dos estados e na conferência nacional foram sistematizadas, chegando-se a 600 proposições divididas em três eixos temáticos: produção de conteúdo, meios de distribuição e cidadania: direitos e deveres. Quanto à mobilização social, através de diversos caminhos, muita gente passou a discutir, no ano de 2009, o fato de a televisão ser uma concessão pública, que as emissoras não são donas do espectro eletromagnético. Ou seja, são empresas privadas que detém o direito de transmissão pelas ondas que são de responsabilidade do governo. E que podem ser renovadas, desde que estejam de acordo com o Código Brasileiro de Telecomunicações – que continua o mesmo há 50 anos. A maioria dos brasileiros, porém, continuam desconhecendo essas questões. Segundo pesquisa divulgada pela Fundação Perseu Abramo na

Hábitos de mídia no Brasil segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo

(http://goo.gl/8YGYNQ), sete em cada dez brasileiros não sabem que as emissoras de TV aberta são concessões públicas. Esses dois aspectos relacionados formaram uma base para que hoje

o movimento de democratização da comunicação no Brasil, através do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), apresente a Lei da Mídia Democrática, uma proposta

O QUE DIZ A LEI DE MÍDIA DEMOCRÁTICA Capítulo 1: + Televisão, + Rádio Define o que é comunicação social eletrônica e seus serviços (rádio e televisão aberta gratuita, rádio e TV digital, rádio e TV na internet não produzida por usuários, por exemplo, webTV produzida por grupos de comunicação como UOL, Folha, Globo etc.). Blogs e vídeos pessoais do YouTube, entre outros, estão fora desta lei. Capítulo 2: + Diversidade, + Cultura, + Brasil Estabelece os princípios e objetivos da lei: promover a pluralidade de ideias e opiniões; fomentar a cultura nacional, a diversidade regional, étnico-racial, de gênero, classe social, etária e de orientação sexual; garantir os direitos dos usuários etc. Também regulamenta definição constitucional de que o sistema de comunicação deve ser dividido entre público, privado e estatal. Capítulo 3: + Transparência, + Canais

Define as regras para ter uma licença de um serviço de comunicação, que passará a ser dada através de critérios transparentes e com audiências públicas. Proíbe o aluguel de espaços da grade de programação, assim como a transferência da licença. Também proíbe que políticos sejam donos de emissoras de rádio e televisão. O projeto propõe uma nova forma de organização dos serviços – como já é feito em outros países – que está baseado no seguinte conceito: quem produz conteúdo não pode ser a pessoa (empresa) responsável pela distribuição. Assim, a infraestrutura e a gestão do sinal não serão controladas por quem faz os programas. Com isso, se busca aumentar a diversidade e a concorrência neste mercado. Capítulo 4: Fim dos Monopólios Define as regras para impedir a formação de monopólio nos meios de comunicação, proibindo que um mesmo grupo econômico seja proprietário de rádios, televisões, jornais e revistas numa mesma localidade, com exceção dos pequenos municípios. Estabelece também quantas licenças de rádio e TV um mesmo grupo pode ter

de projeto de lei (PL) que regulamenta o funcionamento de meios de comunicação. Até o momento, cerca de 50 mil pessoas já subscreveram o texto. No entanto, o desafio é bem maior: colher 1,3 milhão de assinaturas para que a proposta seja aceita pelo Congresso como projeto de lei de iniciativa popular, a exemplo do que ocorreu com a Lei da Ficha Limpa. Uma ação que chega ao Brasil numa conjuntura importante, na qual diversos debates surgiram desde as últimas manifestações em junho deste ano. O movimento de democratização da comunicação se mostra maduro para representar o que 71% da população têm consenso: a programação televisiva precisa de mais regras, segunda a mesma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo. Agora é esperar para ver como se dará a continuidade do processo, num mundo tecnológico confortavelmente adaptado às redes sociais.

nacionalmente. Capítulo 5: + Brasil na TV e no rádio, + Direito de antena Reforça os princípios do Capítulo 2 e proíbe a censura prévia de conteúdos. Define o direito de antena para grupos sociais (horário gratuito em cadeia nacional, como têm os partidos políticos), o direito de resposta, a presença de conteúdo nacional e regional. Conteúdos que façam apologia ao discurso do ódio, da guerra, do preconceito de qualquer tipo não são permitidos. Garante a proteção da infância e adolescência. Capítulo 6: + Participação Social na regulação Define os órgãos do Estado que terão o papel de regular os serviços e serão os responsáveis por observar o cumprimento da lei. Também define como se dá a participação social na elaboração, debate e acompanhamento das políticas de comunicação para o país, com a criação do Conselho Nacional de Políticas de Comunicação. Mais informações: www. paraexpressaraliberdade.org.br


Brasil | 04 |

Sep 3rd – 16th 2013

SAÚDE

Médicos cubanos chegam ao Brasil para trabalhar em regiões carentes

C

Da Redação hegaram ao Brasil no final de agosto os primeiros 400 médicos cubanos – de um total de 4 mil – contratados pelo governo brasileiro. Eles estão incluídos no programa federal Mais Médicos, cujo objetivo é suprir a ausência de profissionais na rede pública de saúde em regiões carentes do interior do país mais de 10 milhões de pessoas vivem sem assistência médica no Brasil. A iniciativa é fruto de um termo de cooperação firmando entre o país e a Organização Pan-americana de Saúde, órgão que pertence à Organização Mundial da Saúde, da ONU. Esses profissionais serão direcionados para 701 cidades que não foram escolhidas por nenhum profissional na primeira etapa do programa, lançada em julho desse ano pela presidente Dilma Rousseff. Oitenta e quatro por cento dessas localidades situam-se nas regiões Norte e Nordeste. O governo brasileiro pagará à instituição o valor equivalente à remuneração dos demais profissionais contratados pelo programa (R$ 10 mil), e a organização repassará esse dinheiro para o governo cubano. O valor total do acordo é de R$ 511 milhões até fevereiro de 2014. Todos esses profissionais têm residência em medicina da família, além de pósgraduação em outras especialidades. Ao contrário dos médicos que se inscreveram na primeira etapa do programa, os cubanos não escolherão as cidades para onde serão enviados. No entanto, poderão usufruir dos mesmos benefícios, como auxílio-moradia e

Profissionais serão direcionados principalmente para cidades da região Norte e Nordeste

alimentação, arcados pelas respectivas prefeituras. Os médicos recebem ainda um salário do governo de Cuba por estarem em missão internacional. De acordo com médicos ouvidos pelo jornal Público, da Espanha, o valor gira em torno de US$ 1,6 mil – para se ter uma ideia, a cesta básica de uma família em Cuba custa cerca de US$ 100. Na primeira edição, o programa Mais Médicos selecionou 1.618 profissionais para atuar em 579 postos da rede pública em cidades do interior do país e periferias de grandes centros. Desse total, 1.096 médicos têm diploma brasileiro e 522 são médicos formados no exterior. Os participantes do programa correspondem a 10,5% dos

15.460 profissionais necessários, segundo demanda apresentada pelos municípios. O balanço foi divulgado pelo Ministério da Saúde. O segundo grupo de médicos cubanos, com 2 mil profissionais, chegará em 4 de outubro para participar da segunda rodada de avaliações. O último grupo de cubanos (com 1,6 mil) deverá chegar em novembro.

Críticas

O programa do governo federal e a chegada de médicos cubanos ao país têm sido alvo de muitas críticas no país, principalmente de setores da oposição à presidente Dilma e de entidades médicas.

Houve, inclusive, reações extremas, como médicos brasileiros vaiando médicos cubanos em Fortaleza, além de declarações a favor do boicote a esses profissionais. Uma das principais críticas é quanto a não exigência da revalidação dos diplomas, mediante a uma prova, dos médicos estrangeiros que entram no programa. Além disso, a falta de estrutura hospitalar nas cidades mais carentes é vista como o principal obstáculo para que os médicos brasileiros aceitem trabalhar nesses locais, o que supostamente faria com que a chegada de profissionais estrangeiros fosse desnecessária.

DIPLOMACIA

Brasil troca ministro das Relações Exteriores após fuga de senador boliviano

O

Da Redação ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pediu demissão dia 26 de agosto após reunião com a presidente Dilma Rousseff. A saída do ministro aconteceu após a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava asilado na embaixada do Brasil em La Paz há mais de um ano. Para o lugar dele, o Palácio do Planalto anunciou Luiz Alberto Figueiredo Machado, representante do Brasil na ONU. Pinto Molina conseguiu sair da Bolívia com a ajuda do encarregado de negócios da embaixada brasileira naquele país, Eduardo Saboia. Acusado de 20 crimes, Pinto Molina estava na embaixada brasileira em La Paz com o status de asilado desde o dia 28 de maio de 2012. Ele entrou dizendo ser um “perseguido” político do governo de Evo Morales, que, por sua vez, negou a alegação. Ele não tinha conseguido deixar

Figueiredo Machado é o novo ministro das Relações Exteriores do Brasil

a embaixada pela falta de um salvoconduto, que as autoridades lhe negaram, sustentando que deve responder a essas acusações de corrupção. Molina chegou ao Brasil escoltado por militares brasileiros, por ordens do encarregado de negócios. A fuga do senador abriu uma

crise diplomática entre Brasil e Bolívia. O chanceler boliviano, David Choquehuanca, disse que Molina não poderia ter deixado o país “por nenhum motivo” sem um salvo-conduto, que não foi concedido pelo governo. As autoridades da Bolívia enviaram uma nota diplomática à embaixada do Brasil,

expressando “profunda preocupação” com o caso. Segundo ele, é necessário ter uma explicação oficial do Brasil sobre o tema porque “foram violadas normas nacionais e internacionais”. Novo ministro Figueiredo Machado, que assume o cargo em substituição a Patriota, é diplomata de carreira e já serviu como subsecretário-geral do Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Itamaraty em 2011. Atualmente, estava em sua segunda passagem pela ONU - a primeira foi entre os anos de 1986 e 1989. Machado foi, também, o negociadorchefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no ano passado. O novo ministro também já trabalhou em Santiago, Washington, Ottawa e Paris, onde representou o Brasil na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). O novo ministro é formado em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.


05

Comunidade HERANÇA

A história de brasileiros que migraram para Londres entre 1960 e 1980 Projeto Brasiliance irá transformar em peça de teatro a trajetória de imigrantes que deixaram o Brasil e se estabeleceram na comunidade inglesa

A

Por Nathália Braga numerosa comunidade brasileira em Londres não é segredo para ninguém. Encontrar um brasileiro pelas ruas da cidade já é comum e até esperado nos dias de hoje. Mas será que era assim 50 anos atrás? Quem são os brasileiros que vieram para Londres há tanto tempo e ainda continuam por aqui? Encontrar essas pessoas, reuni-las e contar suas respectivas histórias de vida é o objetivo do projeto Brasiliance, que vai, por meio de uma peça de teatro, narrar a história de imigrantes que vieram para Londres entre os anos 1960 e 1980. O Brasiliance é uma criação do diretor artístico adjunto do teatro StoneCrabs, o brasileiro Franko Figueiredo. O projeto foi lançado pela companhia de teatro StoneCrabs e é financiado pela fundação Heritage Lottery Fund (HLF), em parceria com as universidades King’s College e University College London. Desde o início de agosto, pesquisas estão sendo feitas por voluntários (em sua maioria alunos das universidades ou pessoas interessadas na cultura brasileira) para encontrar esses imigrantes. “Através de histórias reais, o projeto visa romper com os estereótipos da identidade brasileira, focando na trajetória de brasileiros que migraram para Londres, para viver ou estudar, em decorrência do golpe de estado e ditadura

Projeto vai discorrer também sobre o momento histórico vivido pelos dois países naquela época

militar instaurada no Brasil entre as décadas de 60 e 80; e que permaneceram e se estabeleceram no Reino Unido. O foco do Brasiliance está voltado às contribuições desses indivíduos na formação da identidade social, cultural e religiosa da Londres atual”, diz o comunicado de divulgação oficial. A diretora artística do Brasiliance, Gaël Le Cornec, explica que o processo de busca pelas histórias é totalmente espontâneo. “Para pesquisar não tem uma regra, pode ser em qualquer lugar. Outro dia mesmo, estava conversando com um amigo, e ele conhecia alguém com uma história superinteressante. Não tem regra, quanto menos regra tiver é melhor, senão fica algo muito acadêmico”, cita a artista que, é brasileira e estabelecida em Londres há nove anos, onde cursou dramaturgia no teatro Royal Court, e direção teatral na companhia StoneCrabs e no teatro Young Vic. No final da pesquisa, os voluntários terão um treinamento de história oral para conseguirem extrair o máximo da vivência dos entrevistados, no caso, os imigrantes. “A história oral é definida por ser aquela que não está escrita nos livros, contada de geração para geração.

É a percepção pessoal de alguém que vive um determinado evento”, define Gaël. A ideia das entrevistas é saber por que estas pessoas vieram para Londres, por que aqui ficaram e como se adaptaram à vida na cidade inglesa. Além disso, mostrar para o público o que estava acontecendo na Inglaterra e no Brasil durante aqueles anos, qual era o momento histórico dos países e qual era a política de imigração naquela época. Enfim, é a história de brasileiros que fizeram história no Reino Unido.

Resultado

O material da pesquisa e das entrevistas será transformado em uma peça de teatro, que será apresentada no segundo semestre de 2014, quando acontecerá um festival com exposições artísticas ligadas ao tema. “Junto com a peça vamos ter uma série de eventos que vão estar relacionados ao tema da peça. Será um festival de dois dias, onde queremos divulgar inclusive a pesquisa que os voluntários estão fazendo. Será uma série de expressões artísticas sobre o tema ‘brasileiros em Londres’, mas a peça é o evento principal”, ressalta Gaël, que

além de diretora artística do projeto será a escritora da peça. Até a realização do festival, o Brasiliance deve produzir um documentário em DVD com as entrevistas editadas – estes DVDs serão doados à British Library e outras instituições de pesquisa britânicas. Outra vertente é a criação de um livro interativo para crianças que será distribuído nas escolas de Londres, sobretudo nas localizadas em bairros em que a comunidade brasileira é presente; e ainda um vídeo interativo também para crianças que deve ser lançado em março do ano que vem. Todas as datas do cronograma, porém, estão sujeitas ao resultado das entrevistas e, portanto, mudanças podem ocorrer. Para acompanhar o andamento dos trabalhos e as datas, acesse o site do projeto: www.brasiliance.com. Voluntários interessados em ajudar o projeto, brasileiros que migraram para Londres entre 1960 e 1980 e que queiram contar sua história ou pessoas que saibam de terceiros que estariam dispostos a contribuir podem entrar em contato pelo e-mail brasiliance@ stonecrabs.co.uk.


Sep 3rd – 16th 2013

Ricardo Coimbra http://vidaeobrademimmesmo.blogspot.co.uk/

Comunidade | 06 |

(?) espaciais: "veículos" dos extraterrestres (?) II, faraó que construiu o Grande Templo de Abu Simbel

Massa procurada no autoexame de mama

Mensurei A "Bela Adormecida" (Cin.)

Duke Ellington, pianista dos EUA

(?)-branco, o crime do mundo corporativo Máquina que limpa roupas (pl.)

Répteis extintos pela queda de um meteoro Luta; batalha Marca o final do desfile de escolas de samba

Capital da Coreia do Sul Criminosa (?)-se: cair (no chão)

Saco de papel de cafeteiras elétricas Apresentação do filme no cinema

Unidade social estudada pelo etnólogo Mau (?): presságio de notícia ruim

Rocha, em francês O Vitória é o maior da África Cure

(?) freático, reserva de água Autores (abrev.) Beiras; margens

O reino dos sacis (Folcl.) Pacto

Objeto sem valor (gíria) No interior de; dentro de Debaixo de

Matériaprima da indústria de papel

Grito de agonia (bras.)

Sílaba de "ronda" Sol, em inglês Ele, em inglês

Baile popular de forró (pop.) Armações dos pneus de bicicletas

BANCO

(?) Rosa, compositor de "Fita Amarela"

Uma viagem fantástica pelo

iNferNo

de Dante em 100 eNigmas Nas bancas e livrarias.

1

Solução C N H O O R A S D D E U R O S L R S O C Ã L AG O S Ã O A U L EN T R E R O N S E Ç U C H O N O E L

- Sindy Suzuki, Rio de Janeiro

© Revistas COQUETEL 2013

Fator de classificação do polígono (pl.)

R N C O L A R I L A V A D I D E M DI N O S S A H S SE U CU R O P E L I O R S P E R T A A A T AD O E R S L U L O A L A B R O S

“Todos parecem estar de olhos abertos sob o Brasil” é com essa frase que inicio falando sobre matéria “Dos clássicos aos novos: verão inglês com som brasileiro”. O país que é mais conhecido pela arte do futebol e pelas cores do Carnaval, ainda vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Mas precisa mostrar ao mundo que, além de tudo isso, ainda faz boa música e em todos os ritmos, não só o nosso querido samba. Com bom gosto, nossos artistas estão conseguindo exportar música de qualidade e o público aceitando a nova safra musical. Acho importante a mídia divulgar esses trabalhos. Parabéns ao The Brazilian Post por estar fazendo esse divulgação, incentivando e levando a música popular brasileira para os gringos conhecerem.

Iguaria frita da culinária oriental

D I M T A R V C E R A

Esta é a seção em que o Brazilian Post ouve a opinião do leitor sobre a matéria de capa da edição anterior. Você pode enviar a sua opinião também, participe! Envie um e-mail para contato@ brazilianpost.co.uk

www.coquetel.com.br

2/he. 3/roc — sun. 4/lago. 6/aurora — prélio. 7/tratado. 9/estatelar — rala-bucho.

OMBUDSMAN

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS


Comunidade| 07

PERFIL

Tony Voyage:

‘Não podemos desistir dos sonhos’

A

Por Rômulo Seitenfus o deixar o Brasil, em 2000, Tony Voyage desembarcou em Madri e foi parar na cidade de Fuenlabrada, na Espanha. A primeira pessoa com quem conversou em terras espanholas foi uma vendedora de aparelhos celulares que, questionada pelo brasileiro sobre o bairro que poderia morar, arriscou dizer a ele o nome Calhau. Chegando lá, Tony avistou um anúncio de outro brasileiro, um assistente de oficina mecânica que também procurava por trabalho. Como uma tentativa de buscar ajuda em terras distantes, discou o número anunciado. Do outro lado da linha, a mãe do anunciante

atendera ao telefonema. Antonio Alves de Freitas Filho, ao se apresentar como cabeleireiro brasileiro, fora prontamente atendido pela também brasileira que, por força do destino, era proprietária de um salão de beleza. Sorte? “Não. A gente é que faz a nossa sorte”, responde ajeitando os óculos que deslizam no rosto, “mas acredito que pessoas boas atraem pessoas boas”. Tony recebera seu primeiro trabalho como profissional de beleza na Europa. Um ano depois, rumou para a Terra da Rainha com o sonho de aperfeiçoar seu inglês. Hoje, depois de doze anos em Londres, é proprietário do Tony Voyage Cabeleireiros. Também ministra cursos para brasileiros e estrangeiros que sonham seguir seus passos.

Nascido no Ceará, Tony Voyage escolheu seu nome artístico para homenagear sua cidade natal, Boa Viagem. Ele conta que, aos três anos, foi morar em São Paulo com a família; é o décimo filho entre 11 irmãos e acredita que o número dez tenha sido decisivo ao seu sucesso profissional. “O segredo do sucesso? Fazer tudo com amor e dedicação. O resto vem com o tempo. Tudo na vida é lento e existe um processo de construção e foco. Não podemos desistir dos sonhos, as pessoas precisam realizar seus desejos. Após um sonho concluído devemos iniciar outro, para darmos continuidade às realizações”, fala com brilho nos olhos.

ID: TONY VOYAGE O momento mais marcante da sua vida: Quando me tornei europeu pela documentação. Um medo: Morrer sem realizar todos os meus projetos. Seu maior defeito: Perfeccionista. Sua maior qualidade: Sou humanitário. Uma grande extravagância: Meu trabalho. Algo que adora: Dormir bem. Algo que detesta: Falsidade. Ocupação favorita: Conversa com os amigos. Um momento inesquecível: Meu primeiro amor. Quem escolheria para abraçar? A Nira, minha primeira chefe de trabalho. Ela marcou o início da minha carreira e me deu todo o suporte que precisei. Um presente que ganhou e nunca esqueceu: Um carrinho de lata de óleo com rodinhas de pneus feitos de chinelos, confeccionado pelo meu pai, na minha infância. Um produto cultural surpreendente: O filme Flash Dance. O lugar mais maravilhoso que seus olhos já viram: Barcelona, na Espanha. Um lugar que quer conhecer: Berlim, na Alemanha. Uma personalidade: Maria Bethânia. Um livro: O Alquimista – Paulo Coelho. Uma música: Fascinação - Elis Regina. Um restaurante: O Ricco. O que deseja hoje?

Um mundo melhor, com pessoas mais honestas. O que o atrai em alguém interessante: Os olhos. Qual é o defeito mais fácil de perdoar? Mentiras sinceras, quando salvam. Se sua vida fosse uma música, qual seria? Não se esqueça de mim, na voz de Roberto Carlos. Como você imagina sua vida daqui dez anos? Visitando os salões, palestrando sobre técnicas de beleza. Qual é a conquista mais emocionante da sua vida? O nascimento do meu nome artístico, registrado para homenagear a minha cidade natal de Boa viagem. Tony Voyage é a mistura do meu nome com o nome da minha cidade em francês. A maior dor que já viveu: A perda do meu pai. Uma saudade: Tenho saudade da minha infância. Prefere surpreender ou ser surpreendido? Surpreender. Alguém interessante que eu deveria conhecer? A minha amiga Silvia, proprietária do Restaurante Ricco. Uma pessoa incrível de enorme coração. Um talento que gostaria de ter e não tem: Cantar. Uma mulher bonita: Minha mãe. Um homem bonito: William Bonner. Coisas que mais ama em Londres: As ruas de Chelsea, Fuhlam, o Rio Tâmisa e os degraus da Tower Bridge. Londres é... A capital da moda e das artes no mundo.

Uma vaidade: Cabelo e barba bem feitos. O que diz o seu espelho? Nele vejo um profissional talentoso e humilde que veio de uma família pobre e conquistou seus sonhos. Mas meu próprio espelho reflete duas imagens, porque ainda me vejo como aquele cara simples que lembra sempre da infância difícil, sem deixar de ser o profissional que, claro, tem muito ainda a aprender como todo mundo, mas que trilhou um caminho e construiu um nome; eu tenho orgulho disso.

Photo: Rômulo Seitenfus


08 | Sep 3rd – 16th 2013 >> Continuação da página 2 Os estudantes que chegam ao Reino Unido recebem uma bolsa mensal no valor de 440 libras pelo tempo em que permanecerem no país. Além disso, recebem as passagens de ida e volta, seguro saúde, auxílio instalação (compra de cobertores, roupas etc.) e auxílio didático (compra de livros e até notebook). Os alunos ficam hospedados nas acomodações oferecidas pelas próprias universidades, que recebem o valor diretamente do programa do governo federal.

Birmingham

Como era de se imaginar, a maioria dos estudantes opta por universidades na região da grande Londres (veja o quadro na página 8). Há, porém, muita procura por instituições na Escócia e em outras regiões da Inglaterra, sendo as cidades de Birmingham, Manchester e Newcastle algumas das mais populares, como apontou Tânia Lima, que não pôde, por questões contratuais, revelar quais universidades contam com o maior número de brasileiros matriculados pelo CsF. A reportagem do The Brazilian Post conversou com o responsável pelo desenvolvimento do programa Ciência Sem Fronteiras na Birmingham City University, Gabriel Ceballos, que se mostrou animado com a chegada do primeiro grupo de estudantes brasileiros do CsF. “A BCU se juntou ao CsF em 2012 e agora em setembro vamos receber a primeira leva de estudantes do programa. O Brasil é um país que oferece muitas oportunidades para a universidade como um todo e nós queremos mostrar para os estudantes brasileiros as vantagens de estudar em uma instituição com fortes laços com a indústria, dando a eles o conhecimento necessário para desenvolverem suas carreiras”, afirmou. Ao todo, a BCU receberá 22 estudantes brasileiros. A grande maioria deles – 14 no total – vai cursar Engenharia Mecânica, mas há também alunos para os cursos de ciência da computação, planejamento urbano, design, entre outros. Um desses estudantes é Daniel Pires Leal, de 23 anos, que chegou ao Reino Unido no final de junho e, após 10 semanas de curso de inglês acadêmico, está prestes a começar o primeiro de dois semestres na faculdade de Engenharia Mecânica da BCU. Nascido em Aracajú e criado no Rio de Janeiro, Daniel contou que escolheu o país para “ter a oportunidade de

estudar em um dos melhores sistemas de educação do mundo”, e que optou pela BCU “pois possui um sistema de ensino que tem como foco a prática, tornando o aprendizado muito mais interessante”. “Pela experiência de dois meses, foi possível estar em contato com pessoas de diferentes culturas, entender o sistema de ensino, conhecer cidades maravilhosas, assim como melhorar consideravelmente o domínio do inglês. Depois do curso voltarei ao Brasil para finalizar a graduação em Engenharia de Petróleo, e em seguida pretendo trabalhar na área”, disse. A Birmingham City University, aliás, tem buscado uma maior relação e conexão com o Brasil, como o The Brazilian Post já apontou aqui em outras oportunidades. Gabriel Ceballos contou que a universidade tem trabalhado para desenvolver ligações acadêmicas com universidades brasileiras, desde acordos de articulação até colaboração em pesquisas. “Estamos desenvolvendo também conexões com empresas brasileiras e britânicas em diversos setores para possibilitar aos nossos estudantes envolvimento em projetos interessantes. Em breve a BCU terá fortes laços com a indústria no Brasil e estará envolvida nos maiores eventos do país”, afirmou Gabriel, que acrescentou ainda que os detalhes sobre projetos desenvolvidos pela universidade no Brasil logo serão divulgados.

intercâmbio de alunos, professores, pesquisadores, palestrantes etc. Então isso cria uma parceria de longo prazo. E com a indústria também, porque as empresas estão envolvidas oferecendo estágios”. Outro impacto positivo se dá no ambiente das pesquisas científicas, pois “a pesquisa científica hoje em dia é tão multidisciplinar e complexa que todos os países têm muita consciência que ninguém mais consegue fazer pesquisa de alto nível sem colaboração. E colaboração internacional é um fato comprovado que aumenta muito a qualidade da pesquisa feita”. Nesse sentido, o programa incentiva a atração de cientistas renomados e líderes de grupos de pesquisa no exterior para o Brasil por meio da oferta da bolsa Pesquisador Visitante Especial e auxílio à pesquisa. Além disso, o programa irá atrair jovens cientistas ao Brasil,

principalmente brasileiros, por meio da concessão de Bolsa Jovens Talentos. Já foram concedidas cerca de 400 bolsas nesses dois casos, de um total de 1.250.

Brasileiros residentes no UK

Para os brasileiros que moram no Reino Unido e querem ingressar em uma universidade britânica, o Ciência Sem Fronteiras pode não ser a melhor opção. Isso porque é preciso estar matriculado em uma universidade brasileira para conseguir as bolsas para graduação e doutorado sanduíche – a não ser, é claro, que estejam dispostos a voltar para o Brasil. As únicas possibilidades seriam para doutorado pleno e pósdoutorado. Há, no entanto, outras possibilidades de bolsas de estudo, como Chevening UK government scholarships, Commonwealth Scholarships, Erasmus Scholarships e Royal Society grants. Mais informações estão no site www. educationuk.org/brasil.

‘Brasil no mapa’

Para Tânia Lima, diretora do CsF UK, o programa do governo federal colocou o Brasil ainda mais em evidência, e não apenas no Reino Unido. “O Ciência Sem Fronteiras colocou o Brasil no mapa como um parceiro de igualdade. Com o aumento da qualidade da pesquisa no Brasil e com o desenvolvimento econômico, a comunidade científica e acadêmica mundial já considerava o Brasil como um país prioritário para o desenvolvimento de parcerias. Mas o Ciência Sem Fronteiras proporcionou a ferramenta para viabilizar esse interesse mútuo”, argumentou. Tânia acredita que o programa terá um impacto de longo prazo, pois abre espaço para que as universidades britânicas comecem a estreitar relações com universidades brasileiras. “Muitas universidades daqui vão visitar as universidades de seus alunos no Brasil. Várias já foram. E começam a fazer

Editora chefe Ana Toledo ana@brazilianpost.co.uk EDITORES Guilherme Reis Kate Rintoul RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach

Distribuição dos estudantes do Ciência Sem Fronteiras no Brasil Norte – 1,7% Nordeste – 19% Centro-Oeste – 8,2% Sudeste – 52,5% Sul – 18,6% Distribuição dos estudantes do Ciência Sem Fronteiras no UK East Midlands – 10,3% Eastern – 3,8% Greater London – 20,2% North East England – 5,7% North West England – 8% Scotland – 14,2%

South East England – 8,3% South West – 5,7% Northern Ireland – 2,1% Wales – 7,2% West Midlands – 6,9% Yorkshire and Humberside – 7,6% Distribuição de estudantes por área de estudo Engenharia – 40% Ciências Biológicas – 18% Ciência da computação – 17% Arquitetura e Design Gráfico – 11% Física, Química e Matemática – 10% Outros – 4%

*Informações: UK Higher Education International Unit

DEPARTAMENTO COMERCIAL contato@brazilianpost.co.uk (020 3015 5043) DIAGRAMAÇÃO Roman Atamanczuk DISTRIBUIÇÃO BR Jet Emblem Group LTD

COLABORADORES Antonio Veiga Daniela Barone Gabriela Lobianco Luciane Sorrino Nathália Braga Renato Brandão Ricardo Somera Rômulo Seitenfus Shaun Cumming Zazá Oliva

Publicado por ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED 43 Oswin Street, Flat 10, London, UK, SE11 4TF Company number: 08621487


09

Europa ALIADOS

Socialistas franceses querem ir à guerra com Obama

O

Por Eduardo Frebbo* socialismo francês vai à guerra com Barack Obama. O presidente francês se alinhou à estratégia norte-americana e se prepara para participar com Washington na provável ação militar contra o regime sírio de Bachar Al-Assad, em represália contra a suposta utilização de armas químicas em um ataque lançado dia 21 de agosto contra as posições dos rebeldes nos arredores de Damasco. Em uma entrevista publicada pelo jornal Le Monde, o presidente francês confirmou que Paris participaria na magra coalizão (Estados Unidos, França e, talvez, a Liga Árabe) que aponta seus canhões para Damasco. François Hollande reiterou que a ofensiva de 21 de agosto constitui um “crime contra a humanidade” que merece, como resposta, uma intervenção “de alcance limitado”. O chefe de Estado francês se converteu em um insistente partidário da ofensiva militar e passa a encarnar

assim uma espécie de socialismo de novo perfil: militarista, intervencionista e aliado entusiasta da Casa Branca. De fato, a França é hoje o único aliado europeu de Barack Obama. Londres caiu fora da coalizão depois do voto do Parlamento, a Itália se opõe à intervenção e a Alemanha não entra no jogo desenhado. O mandatário francês não mudou sua linha desde que chegou ao poder em maio do ano passado. A França respaldou os rebeldes desde o princípio e foi também o primeiro país a reconhecer a legitimidade da Coalizão Nacional Síria como ente legal da oposição. Foi igualmente o primeiro país a admitir publicamente que estava armando o Exército Sírio livre (nome que levam as forças irregulares que combatem o regime de Bachar Al-Assad). Hollande disse na entrevista ao Le Monde que “a matança química de Damasco não pode nem deve ficar impune”. Em seguida, precisou: “não sou favorável a uma ação internacional que pretenda liberar a Síria ou derrubar

a ditadura. Mas creio sim que é preciso parar um regime que comete atos irreparáveis contra seu povo”. O cenário que fica estabelecido é tanto cômico quanto ilustrativo das convicções variáveis do socialismo francês. François Hollande, em vez de distanciar-se, prossegue com a ruptura iniciada por seu predecessor, o conservador Nicolas Sarkozy. O ex-chefe de Estado liderou em 2011 a coalizão que interveio na Líbia sob mandato da ONU para proteger a população civil. Na verdade, a intervenção teve como meta a derrubada do coronel Khadafi. Sarkozy rompeu assim a linha adotada pelo ex-presidente Jacques Chirac que, em 2003, se opôs à invasão no Iraque programada com uma trama de mentiras pelo ex-presidente norteamericano George Bush. A crise que estourou naquele período entre França e Estados Unidos – conhecida como “a guerra das batatas fritas” – foi enorme. Mas os favores se devolvem à vista. François Hollande reintegra a Obama o apoio logístico que este ofereceu

quando Paris ativou a ofensiva contra os integristas islâmicos no Mali e no Sahel. Paris e Washington estão mais próximos do que nunca. Depois que os deputados britânicos negaram a David Cameron a permissão para participar da guerra na Síria (285 votos contra 272), Paris é o único parceiro europeu de peso com que conta a administração norte-americana. O giro histórico é ressentido na Grã Bretanha como uma gigantesca humilhação. Os europeus são muito zelosos quanto às suas relações especiais com a Casa Branca. Zelosos para não dizer puxa-sacos de Washington. Qualquer gesto de reconhecimento do EUA é visto como uma benção papal, um prêmio, uma boa nota ao aluno menor, um incentivo ao aprendiz. É lastimável, mas o complexo é típico de uma tira cômica. A ironia da história é que Hollande tenha se mostrado mais firme que a imagem e o apelido que recebeu de seus detratores: “o presidente brando”. *Artigo publicado em português por Carta Maior


10 |

Sep 3rd – 16th 2013

Tecnologia FEIRA

Campus Party chega a Londres pela 1ª vez Realização do evento foi acordada no início do ano no Brasil

A

Da Redação terceira edição da Campus Party Europa será realizada em Londres de 2 a 7 de setembro, um dos acontecimento mais importante do mundo nas áreas de inovação, criatividade, ciência e entretenimento digital. Serão 10 mil jovens de todos os cantos do continente que conhecerão as possibilidades que as tecnologias emergentes oferecem e que inspira toda uma geração de “markers” digitais, além de ajudar a criar novos caminhos em suas carreiras. É a primeira vez que Londres recebe o

Edição da Campus Party em Berlin

evento, que nasceu na Espanha e já foi realizado sete vezes no Brasil – duas em 2013, em São Paulo e em Recife. Foi na edição deste ano em São Paulo, aliás, que

foi acordado que Londres receberia uma edição da Campus Party. A iniciativa foi um dos frutos do UKBrasil, projeto que teve início em setembro do ano passado, logo após as Olimpíadas de Londres. Trata-se de uma iniciativa para explorar a conexão Brasil-Reino Unido nas áreas de artes, ciência, cultura, negócios e tecnologia. “Tivemos mais de 80 eventos ao longo dessa temporada, pelo Brasil todo”, disse na ocasião John Doddrell, cônsul do Reino Unido em São Paulo. “É uma troca de ideias: queremos trazer o que há de mais novo e criativo no Reino Unido para o Brasil, mas também aprender e ver o que tem sido feito de inovador por aqui”, disse. “A Campus Party é uma ótima oportunidade para isso”, disse ele, que se mostrou entusiasmado com o evento e com as ideias e iniciativas que viu nascer naqueles dias. A Campus Party de Londres acontece na O2 Arena, que abre suas portas para encher-se de novas tecnologias, tendências e muitos jovens interessados em aprender e compartilhar conhecimento. A feira é voltada para os ‘campuseiros’ interessados em tecnologia

digital e em como ela está ajudando a definir e moldar a cultura moderna e da sociedade, bem como hackers, desenvolvedores, gamers, entusiastas de redes sociais ou geeks. Nesses cinco dias de evento, a terceira edição europeia contará com 8 palcos, cerca de 100 palestrantes e mais de 500 horas de conteúdos, hacktons, conferências, oficinas e competições. Essa será uma ótima oportunidade para os participantes, que terão a chance de desenvolver e aperfeiçoar suas habilidades digitais, além de receber dicas profissionais. As empresas, sejam pequenas, médias ou de grande porte, não ficam de fora já que também terão a oportunidade de encontrar grandes talentos. Assim como em outras edições da Campus Party que acontecem em países como o Brasil, México, Colômbia e Espanha, a CP Europa contará com algumas das personalidades mais prestigiadas do mundo tecnológico e científico que terão o desafio de debater assuntos importantes que afetam o nosso futuro digital – mais informações em www.campus-party.eu.

DESVENDE O CÓDIGO Para promover sua edição inglesa, a Campus Party espalhou arte pelas ruas da Inglaterra. Chamadas de Code Graffiti, cada mural pintado foi inspirado nos enigmas de Alan Turing e contém uma mensagem criptografada na forma de código binário. Na foto, mural em East London.


11

Economia AGRONEGÓCIO

Reino Unido quer aumentar em 50% exportações para o Brasil, diz cônsul

O

Da Redação Reino Unido espera aumentar em 50% as exportações para o mercado brasileiro neste ano. Foi o que disse o cônsul geral do país, John Doddrell, que liderou uma missão de empresários britânicos ligados ao agronegócio, que visitaram o Brasil na última semana de agosto. A delegação foi ao país para conhecer o setor e identificar oportunidades de parcerias. Os empresários participaram de uma série de eventos na Expointer, no Rio Grande do Sul. Estavam previstas reuniões entre empresários dos dois países, além de visitas de campo e à própria feira. Ao todo, oito empresas britânicas participaram do evento. O primeiro contato já havia sido estabelecido no ano passado, quando uma comitiva gaúcha esteve promovendo o Estado em Londres. Na oportunidade, o secretário adjunto da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Claudio Fioreze, abordou a importância do agronegócio no Brasil e no Rio Grande do Sul, focando

nas oportunidades de investimento. Entre essas oportunidades, Fioreze havia destacado, no setor de irrigação, as possibilidades que se apresentam na construção de barragens de médio e grande porte, assim como a produção de equipamentos e serviços para a irrigação, destacando a existência de uma grande fronteira agrícola no Estado com base nesta tecnologia. Na ocasião, Fioreze apresentou também o projeto de reestruturação do Parque Assis Brasil, mostrando que ali há possibilidades de exitosas Parcerias Público Privadas, tendo em vista que o projeto que prevê a construção de centro de eventos, hotelaria, parque educacional e tecnológico, além da recuperação da infraestrutura básica na área atual, que apresentam uma perspectiva de retorno muito positiva aos investidores. A programação no Brasil contou com Workshop e Rodada de Negócios. A promoção foi feita pela Farsul, Senar, Casa Rural, em parceria com a Embaixada Britânica e o UK Trade e Investment – UKTI. “A escala da agricultura no Brasil é enorme em

Britânicos avaliam que agronegócio é um dos setores em que podem ser feitas parcerias e aumentar o comércio bilateral

relação à Europa, no entanto, seus rendimentos médios são menores. Por isso a inovação e o conhecimento britânico podem ajudar o Brasil a aumentar sua produtividade, a eficiência energética, aumentar a renda rural e diminuir as emissões de carbono do setor agrícola”, avaliou o Consulado Britânico, em nota.

e r e H e s i t r e v Ad

0 6 6 4 9 2 5 4 anpost.co.uk 4 7 0 • 3 4 0 5 azili r b 5 . w 1 w 0 w 3 020 brazilianpost.co.uk | hebrazilianpost

contato@

.com/t

book e c a f . w w w


Esporte | 12 |

Sep 3rd – 16th 2013

Esporte CICLO OLÍMPICO

Brasil aposta nos Mundiais como preparação para Rio-2016

C

Por Renato Brandão iente da pressão para que a delegação de atletas do Brasil não decepcione nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) prometeu ao final da Olimpíada de Londres, no ano passado, que levaria o país ao Top 10 do quadro geral de medalhas. Considerando as últimas quatro edições dos Jogos, seria preciso abocanhar de 28 a 35 medalhas no total (entre sete e dez ouros) para alcançar a cobiçada décima posição daqui a três anos na Cidade Maravilhosa. É uma meta bastante ambiciosa para um país cujo melhor desempenho foi obtido justamente em 2012, com 17 medalhas no total. Para o Rio-2016, portanto, o time olímpico nacional precisará lutar por no mínimo mais nove medalhas para sonhar em figurar no Top 10. O esporte olímpico brasileiro nunca recebeu tantos investimentos quanto no atual ciclo olímpico. Além das já previstas verbas de R$ 1,5 bilhão, o Governo Federal deu um aporte extra de R$ 1 bilhão por conta do desempenho abaixo do esperado nos Jogos de Londres, quando o COB apostava em medalhas para determinadas modalidades. Segundo a entidade, os bilhões de reais em recursos têm sido investidos “na qualificação técnica dos atletas e na contratação e capacitação de treinadores”.

Primeiros frutos

Neste primeiro ano do atual ciclo olímpico, os Campeonatos Mundiais têm sido a principal arena para acompanhar a evolução brasileira em diversas modalidades. Em julho, o peso mosca Guilherme Dias conquistou um bronze no Mundial de Taekwondo de Puebla, no México, e as duplas Ricardo/Álvaro e Lili/Bárbara Seixas conquistaram a prata e o bronze, respectivamente, no Mundial de Vôlei de Praia de Stare Jablonki, na Polônia. No final de agosto, Yane Marques, medalhista de bronze no Pentatlo Moderno em Londres-2012, conquistou o vice-campeonato do Mundial Sênior da categoria em Taiwan. “Estamos administrando essa preparação junto com as Confederações esportivas, principalmente em relação aos Campeonatos Mundiais. Estamos a pouco mais de 1.000 dias para os Jogos de 2016 e para fazer atletas medalhistas é preciso de tempo. Estamos cientes desse desafio e trabalhando arduamente para cumpri-lo”, ponderou Marcus Vinicius Freire, diretor-executivo de Esportes do COB.

Mundial de Esportes Aquáticos

Depois do desempenho abaixo das

Mundial de Judô teve a melhor participação da equipe feminina do Brasil na história

expectativas nos esportes aquáticos nos Jogos de Londres – quando o Brasil levou para casa apenas duas medalhas (prata de Thiago Pereira nos 400m medley e bronze de César Cielo nos 50m livre) -, a delegação verde-amarela fez uma boa participação no Mundial de Barcelona, na Espanha, em julho. A equipe conquistou dez medalhas no total (três ouros, duas pratas e cinco bronzes), seis dessas em provas olímpicas. Na natação, foram quatro medalhas: um ouro (nos 50m livre para César Cielo), três bronzes (nos 400m medley e 200m medley para Thiago Pereira, e nos 100m peito para Felipe Lima). Já na maratona aquática, uma dobradinha brasileira (ouro para Poliana Okimoto e prata para Ana Marcela). Vale destacar a participação da equipe masculina na final do revezamento 4x100m livre, após as ausências na última final olímpica e no Mundial anterior, em Xangai. O bom desempenho da seleção brasileira no Mundial de Barcelona sinaliza que a equipe nacional vai disputar medalhas nos Jogos do Rio. Todavia, para que o país possa fazer bonito em 2016, é necessário ampliar o

número de atletas de ponta, em especial mais jovens, e investir na natação feminina, que só tem colecionado decepções nas últimas Olimpíadas.

Mundial de Atletismo

O atletismo foi outro esporte no qual o Brasil fracassou em Londres-2012, quando teve sua pior participação em 20 anos, tendo ficado sem medalha, algo que não ocorria desde Barcelona-1992. Segunda modalidade mais vencedora do esporte olímpico brasileiro (com 14 medalhas no total, sendo quatro de ouro), o atletismo está atrás em feitos olímpicos somente da vela (17 medalhas, sendo seis douradas). Pelo grande número de provas e medalhas em disputa, o atletismo é um esporte estratégico para os cartolas brasileiros, logo é um dos que tiveram maiores investimentos nos últimos anos no país - são mais de R$ 30 milhões por ano, entre o patrocínio da Caixa Econômica Federal, Lei Agnelo/Piva e outras fontes de renda. Contudo, mesmo com dinheiro, os resultados não têm aparecido, como demonstrou o pífio desempenho do atletismo brasileiro no Mundial de

Equipe brasileira erra a passagem do bastão na final do revezamento 4x100m feminino em Moscou

Moscou, na Rússia. Em seu primeiro grande teste após Londres-2012, a seleção brasileira saiu de mãos abanando. Repetiu as campanhas dos dois Mundiais anteriores, quando o Brasil esteve representado em seis finais - a única exceção foi o ouro de Fabiana Murer no salto com vara em Daegu-2011, na Coreia do Sul. Em Moscou-2013, o fracasso brasileiro foi bem traduzido no erro da passagem do bastão na final do revezamento 4x100m feminino, que custou uma provável e solitária medalha do Brasil na competição. Não houve qualquer explicação sobre a decisão de não escalar Rosângela Santos, atleta mais entrosada, que foi suplantada por Vanda Gomes, justamente a corredora que deixou o bastão cair na passagem final. Não que a falta de medalhas em Moscou tenha sido uma surpresa: a própria Confederação Brasileira de Atletismo tinha uma modesta meta de colocar o maior número possível de atletas em finais. O atletismo brasileiro tem vivido há anos uma fase agonizante. Os sinais de renovação são tímidos, e as novas gerações não conseguem repetir na categoria adulta os bons resultados obtidos nas categorias de base, seja por limitação técnica ou falta de suporte psicológico. Perto do final de suas carreiras, as maiores estrelas nacionais, Fabiana Murer, Maurren Maggi e Marilson Gomes dos Santos, estarão com mais de 35 anos na Olimpíada do Rio. O cenário para o atletismo não é dos mais otimistas e não há indícios de que melhore até 2016, sendo mais realístico por ora vislumbrar que o país fique sem medalhas no esporte.

Mundial de Judô

Acostumado a ter a equipe masculina como carro-chefe, o judô brasileiro viu as mulheres da delegação ofuscarem os companheiros no Mundial realizado no Rio de Janeiro até o último domingo. O ápice do novo cenário foi a disputa por equipes no dia que encerrou as competições: enquanto os homens foram eliminados na estreia pela ‘zebra’ Alemanha, as judocas bateram na trave e ficaram com a prata ao perderem para o tradicional Japão por 3 a 2. O desempenho foi de longe o melhor da equipe feminina em mundiais. Foram seis medalhas, sendo uma delas de ouro, com Rafaela Silva, três de prata (equipes, Érika Miranda e Maria Suellen Altheman) e duas de bronze (Mayra Aguiar e Sarah Menezes). Antes, a melhor performance delas havia sido em Paris-2011, com uma de prata e duas de bronze.


Esporte | 13

HABILIDADE EM CAMPO

No futebol inglês, agora brasileiros vão ao ataque foi Oscar. O meia já foi uma das atrações da última temporada, marcando 12 gols com a camisa do Chelsea e se firmando na equipe titular da Seleção Brasileira. O meia Phillipe Coutinho, após passagem apagada pela Itália, foi outro que também terminou o ano com prestígio em seu time, o Liverpool.

O

Por Antonio Veiga futebol inglês nunca observou e contratou tantos jogadores brasileiros como nos últimos anos. Inclusive o perfil dos atletas que desembarcam na Inglaterra está mudando, embora zagueiros, volantes e laterais ainda encontrem mais espaço. O principal exemplo é a negociação de Paulinho para o Tottenham, que envolveu cifras que não costumam chegar ao Brasil para um jogador que atua no sistema defensivo. E também o recém-firmado acordo do meio-campista Willian com o Chelsea. Após vir a Londres para fazer exames médicos no Tottenham, Willian acabou mesmo acertando com o Chelsea, clube com o qual flertava há algumas temporadas. Aos 25 anos, o meiaatacante estava escondido na Rússia, sem qualquer perspectiva de Seleção Brasileira. Agora, após ser comprado por 32 milhões de libras (R$ 119 mi), Willian tem a oportunidade de mostrar para Felipão que pode sim vestir a amarelinha. Fora Juninho, que virou ídolo atuando com a camisa do Middlesbrough, praticamente todos os brasileiros que atuaram na Premier League de meados da década de 90 até o início desta eram do setor defensivo, como Sylvinho, Edu,

Primeira impressão

Revelado pelo Corinthians, Willian estava no Anzhi Makhachkala, da Rússia, e agora vai jogar no Chelsea

Gilberto Silva, Kléberson, Lucas, entre outros. Muitas são as variáveis que podem explicar isso. O jogo mais físico da Premier League, aliado ao estilo leve dos homens de criação brasileiros, certamente influencia. E também alguns

TREINADOR

O que esperar de Mourinho?

A

Por Antonio Veiga pós seis anos, José Mourinho regressa ao banco de reservas onde mais sentou como treinador, o de Stamford Bridge. Mais maduro, o treinador chega ao Chelsea em outra fase da carreira, mas tão cobiçado quanto em sua primeira passagem, quando foi bicampeão inglês. A boa nova anima a torcida dos Blues, mas será que o técnico Felipão gostou da novidade? Tudo depende de como Mourinho aproveitará os brasileiros que tem no plantel. A julgar pela passagem do comandante português pelo Real Madrid, é bom David Luiz, Ramires e Oscar – e o recém-chegado Willian – ligarem a luz amarela. No time merengue, Marcelo e Kaká invariavelmente ficavam no banco. É certo que Kaká nunca esteve na ponta dos cascos, enquanto seus concorrentes – Özil e Di Maria – atuavam seguida e incontestadamente. Mas não se pode dizer o mesmo do lateral-esquerdo. Preterido por Coentrão, compatriota de Mourinho, Marcelo só não perdeu espaço na Seleção Brasileira por não haver uma sombra na posição. Pelos lados de Madrid, sempre se comentou que jogadores empresariados por Jorge Mendes, o mesmo do técnico, tinham alguns privilégios. Especulações à parte, Mourinho

Mourinho deixou o Real Madrid e voltou ao Chelsea

bate o pé e faz pressão para que a diretoria do time de Londres não venda o zagueiro David Luiz para o Barcelona e, ao menos no início da Premier League, tem escalado o volante Ramires e o meia Oscar como titulares.

fiascos: o que dizer da passagem de Robinho e Jô pelo Manchester City, por exemplo? Mas, apesar disso, o cenário parece mudar. O primeiro garoto de nosso país a mostrar dentro de campo que valia toda a expectativa criada em cima de seu futebol

Já que a primeira impressão costuma ser a que fica, principalmente para o torcedor, Paulinho tem tudo para brilhar e virar ídolo nos Spurs. Ele tem se destacado no início da temporada e inclusive já balançou as redes com a camisa alvinegra, na estreia do Tottenham na Europa League, contra o Dínamo Tbilisi. O meio-campista tem sido elogiado também pela sua determinação em aprender o idioma e se adaptar à cultura do país tanto dentro quanto fora de campo. Em entrevista recente ao canal interno do clube, o Spurs TV, o atleta falou somente em inglês, deixando uma boa impressão para o repórter e a torcida. Com características de um meiocampista que marca e chega ao ataque, o atleta executa com perfeição a função chamada pelos ingleses de “box-to-box”, algo como “área-a-área”, semelhante ao estilo de Gerrard e Lampard, astros do English Team.


Esporte | 14 |

Sep 3rd – 16th 2013

HOMOFOBIA

Beijo de Emerson em amigo expõe intolerância do futebol

O

Por Guilherme Reis Campeonato Brasileiro está rolando (com menos público do que o esperado nas arenas da Copa), assim como a Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana. Mas vale discorrer sobre o episódico beijo de Emerson em seu amigo, o que clareou alguns aspectos do chamado ‘país do futebol’. Para relembrar: Emerson, jogador do Corinthians que dizem “acumular polêmicas”, compartilhou uma foto no Instagram na qual aparece beijando um amigo na boca, no que parecia ser uma bem-vinda mensagem por mais tolerância e respeito aos homossexuais. Imediatamente, a foto viajou pelo web espaço dividindo opiniões. Muitos comentários parabenizaram Emerson pela corajosa atitude, com muitos torcedores de outros times e mesmo aqueles que nem gostam de futebol celebrando o fato de que “sim, o futebol pode ser mais tolerante aos homossexuais”; futebol que na maior parte do tempo “não aceita” isso, mesmo que todos saibam que há jogadores homossexuais. Mas, é claro, o beijo colocou fogo na rivalidade clubística. Os corintianos, que chamam os são-paulinos de

‘bambis’ de maneira depreciativa por serem supostamente mais inclinados a serem homossexuais, tiveram que lidar com as gozações dos torcedores de outros times, afinal “quem quer um jogador homossexual no time? Isso é inadimissível, futebol é para homem…”.

O país da Copa e da Olimpíada deve se perguntar: que mensagem pode ser transmitida através do esporte? Emerson se tornou, então, alvo de comentários raivosos na internet, mas teve uma primeira resposta muito boa, dizendo que tais críticas eram parte de um “preconceito babaca” e recebendo, consequentemente, apoio de seus colegas

Emerson ‘Sheik’ beijando o amigo

de time e do movimento LGBT. Nem tudo são flores, porém. Torcedores organizados do Corinthians, como os da Camisa 12 e da Gaviões da Fiel, fizeram um protesto em frente ao centro de treinamento do clube contra Emerson, exigindo um “pedido oficial de desculpas” do jogador. Eles foram permitidos a entrar no CT e conversar com Emerson, que no fim das contas recuou e disse “não poderia ter feito isso, foi sem intenção, mas jogo em um clube de futebol, em um mundo cheio de rivalidades e provocações, qualquer comentário é motivo de chacota. Lamento se ofendi a torcida do Corinthians, não foi a minha intenção. Foi só uma brincadeira com um grande amigo meu, até porque eu não sou sãopaulino”. Não foi uma reação surpreendente, podem argumentar. Mas isso não pode ser encarado como uma situação normal, aceitável. Não vem ao caso recriminar a atitude de Emerson, que pelo menos tentou levantar uma voz diferente no meio de um ambiente bastante homofóbico, mas perguntar que tipo de mensagem o esporte deve transmitir.

E isso não está restito ao futebol nem ao Brasil. Vem ao caso, porém, que o país será o anfitrião dos próximos dois grandes eventos esportivos, e por isso carrega a responsabilidade e a oportunidade de demonstrar seus valores culturais e transmitir um legado. Infelizmente, nesse caso, não houve reação satisfatória nem da confederação nem dos clubes – especialmente o Corinthians, que parece ter esquecido o espírito da Democracia Corintiana. E quais aspectos esse episódio revela sobre o ‘país do futebol’? Que o futebol no país pode ser bastante intolerante e homofóbico, e que há poucas vozes dizendo isso porque a maioria das pessoas considera aceitável que isso aconteça no ambiente futebolístico. O problema é que o futebol, às vezes (muitas vezes, na verdade), tem esse poder de explicar a vida – e nesse caso, se não podemos ter uma cultura mais tolerante no futebol em relação aos homossexuais, não poderemos ser mais tolerantes e evoluídos nessa questão como país.

Torcedores do Corinthians protestam no CT


15

BRAZILIAN STREET ART GOES BIG

Photo: by Rômulo Seitenfus

Graffiti lovers, pay attention: the biggest Brazilian street art mural in London can now be found between Blackwall and East India DLR Stations! Turn over the page and discover who is behind this intervention that showcases local and global art. >> Read more on Pages 16 and 17

Apreciadores de street art, prestem atenção: o maior graffiti brasileiro em Londres está fresquinho ali entre as estações Blackwall e East India do sistema de transporte DLR. Vire a página e descubra a história por trás dessa intervenção que mexe com nossa percepção de arte local e global. >> Leia mais nas páginas 16 e 17


Special | 16 |

Sep 3rd – 16th 2013

STREET ART

The biggest Brazilian graffiti in London From the Editor

L

overs of street art in London have a major new work to enjoy. Between Blackwall and East India DLR stations (more precisely in Scouler Street - E14 9PU), the biggest graffiti mural ever done by Brazilians in the British capital was completed in August. Fabio Oliveira, aka Cranio, Alex Senna and Mag Magrela, all from Sao Paulo, were responsible for the artistic work that attracts curious stares from all who pass by. The graffiti carries the unique characteristics of each creator; the melancholy black and white of Alex Senna, the vibrant orange colour of Magrela and the tropical blue of Cranio. The painting breathes new life into a street that is almost forgotten, that has been put on the street art map thanks to the collaboration of companies Edinho Motorcycles and M&S Storage, who provided the space and material for the artistic production, and the work

of Anselmo Martins Dutra, through Pigment. Pigment (www.pigmentlondon. co.uk) emerged in early 2013 with the idea of Anselmo Dutra and Rafael Mello to promote and develop the work of Brazilian artists in Europe. With various projects formats, Pigment works offering all support to the artists. “My passion for street art emerged in mid-2003 when I moved to the city of São Paulo. It’s impossible not to fall in love with street art there, I had the privilege of enjoying a new piece, a new concept, a new message to be passed every time,” Anselmo told The Brazilian Post. Now living in London, Anselmo said he is “very pleased to introduce the art of Brazilian streets here and contribute to the London art scene becomes increasingly global.” TBP asked the three artists how they came up with the idea of transforming something local into something global, from the moment a design concept based on the reality of Sao Paulo takes to the streets of London.

ALEX SENNA “I decided to do my character sleeping to match with the role idea of the mural. My characters are more melancholic in this case, I made an old man sleeping with a children’s blanket: the body get old but our conscious is the same when we were a child”

“I realised that the things that inspire me also take place outside of the place I live. As this brand is more local, in this case a Brazilian style, more and more potential of appreciation it has,” said Magrela. While Alex Senna said, “the idea is universal,” and Cranio added: “When I do graffiti in another country I always carry Brazilian culture and identity in my work, seeking to leave an original brand of Brazil.” The work of these three Brazilian artists is unique and enriches the diverse and multifaceted scene of London. And the best part is that all of them do not stop, they are looking for new places to paint every day and increasing understanding about how far can the Brazilian art goes. To see more work and other graffiti of Cranio, Alex Senna and Magrela in London and other European cities go to the Pigment on Facebook (www.facebook. com/Pigment.London) and keep an eye on our website The Brazilian Post (www. brazilianpost.co.uk).

Photo: Rômulo Seintefus

“Resolvi fazer meu personagem dormindo para que casasse com os outros desenhos do mural. Meus personagens são mais melancólicos; nesse caso, fiz um velhinho dormindo com uma colcha de criança: o corpo envelhece, mas nossa consciência é a mesma de criança”

MAG MAGRELA “I was inspired by London. London reminded me of São Paulo they share strong and intense energy. I did a woman between carnal elements, smothered by those elements that do actually come out of her”


Special | 17

ARTE DE RUA

O maior graffiti brasileiro em Londres

O

Da Redação

Anselmo Martins Dutra (Photo: Rômulo Seitenfus)

Photo: Rômulo Seintefus

“Me inspirei em Londres mesmo. Londres me fez lembrar São Paulo pela energia forte e intensa, pela agitação. Fiz uma mulher entre elementos carnais, sufocada por esses elementos que não verdade saem dela”

s apreciadores da street art de Londres têm um novo ponto para desfrutar. Na fachada lateral de uma oficina mecânica entre as estações Blackwall e East India do sistema de trens DLR (mais exatamente na Scouler Street – E14 9PU), foi finalizado em agosto o maior graffiti feito por brasileiros na capital britânica. Fabio Oliveira, mais conhecido como Crânio, Alex Senna e Mag Magrela, todos de São Paulo, foram os responsáveis pela obra que atrai olhares curiosos de quem passa por ali. Cada desenho carrega as características únicas de cada autor, seja o preto e o branco melancólicos de Alex Senna, a cor laranja vibrante e reflexiva de Magrela ou o azul tropical de Crânio. Dão ares novos a uma rua quase esquecida da região, que entra no mapa da street art de Londres graças à colaboração das empresas Edinho Motos e M&S Storage, que cederam o lugar e disponibilizaram materiais para a produção artística, e ao trabalho de Anselmo Martins Dutra, através da Pigment.

A Pigment (www.pigmentlondon. co.uk) surgiu no começo de 2013 com a ideia de Anselmo Dutra e Rafael Mello de promover e desenvolver o trabalho de artistas brasileiros na Europa. Com diversos formatos de projetos, a Pigment trabalha oferecendo todo suporte aos artistas. “A paixão pela arte de rua surgiu em meados de 2003 quando me mudei para a cidade de São Paulo. Impossível não se apaixonar pela arte de rua de lá; por onde ando tenho o privilegio de apreciar uma nova pintura, um novo conceito, uma nova mensagem a ser passada”, contou Anselmo ao The Brazilian Post. Hoje morando em Londres, Anselmo diz ser “muito gratificante introduzir a arte de rua brasileira aqui e colaborar para que a cena artística de Londres se torne cada vez mais global”. Pensando nisso, o TBP perguntou aos três artistas de que maneira eles assimilavam a ideia de transformar algo local em algo global, a partir do momento em que um conceito de desenho baseado na realidade de São Paulo toma as ruas de Londres. “Percebi que as coisas que me

CRÂNIO “I made an image of a peaceful sleeping, interacting with the place and with the people who travels by train and can admire the graffiti. Sleeping of the peace!”

inspiram também acontecem fora do lugar que moro. Quanto mais local essa marca for, no caso um estilo brasileiro, mais potencial e mais apreciação se tem”, respondeu Magrela. Para Alex Senna, “a ideia [do desenho] é universal”, então por isso ele resolveu fazer o mesmo que ele faz no Brasil. Já Crânio afirmou: “quando vou graffitar em outro país sempre levo no meu trabalho a cultura e a identidade brasileira, procurando deixar uma marca original do Brasil”. De fato, o trabalho dos três é bastante original e enriquece ainda mais a cena diversa e multifacetada de Londres. E o melhor é que os três não param, estão todos os dias buscando novos lugares para graffitar, elevando a compreensão sobre até onde pode chegar a arte brasileira. Para ver mais trabalhos e outros desenhos de Crânio, Alex Senna e Magrela por Londres e outras cidades da Europa, acesse a página da Pigment no Facebook (www.facebook.com/Pigment. London) e fique de olho no site do The Brazilian Post (www.brazilianpost.co.uk).

Photo: Rômulo Seintefus

“Fiz uma imagem de um sono ‘tranquilo menino’, interagindo com o lugar e com as pessoas que viajam de trem e podem admirar o desenho. Sono da paz!”


A Gringo’s View | 18 |

Sep 3rd – 16th 2013

FOREIGN AFFAIRS

Brazil: the best diplomatic post in the world? By Shaun Cumming

A

lex Ellis, the Foreign and Commonwealth Office’ (FCO) former director of strategy, has been appointed as Britain’s Ambassador to Brazil. He takes up his post at an exciting time for relations between these two great countries; government’s on both sides are in agreement on many issues that currently effect the world today, trade and business between the two has scarcely been better, and he will be moving to a country where the quality of life is improving all the time. Sounds like the easiest diplomatic post in the world, then… But Ellis will also be at the centre of the Olympics handover from London to Rio, and will also be at the helm during next year’s World Cup in Brazil. We know

at least one of Britain’s football teams won’t even qualify for the event; for his sake, I hope there isn’t an even more humiliating fate awaiting any of the others. Ellis will have a vast amount to experience in terms of Brazil’s diversity of regions, politics and business practices. There is also a very large opportunity for Britain over the next few years, and Ellis now has the opportunity of seizing it. We need to keep up momentum from the 2012 Olympics in London, keep Brazilians going to London and making sure trade between the two countries increases. In particular, Britain’s universities are desperate for wealthy Brazilians looking to study abroad, to choose Britain. Meanwhile, there has never been a larger group of British nationals living in

Brazil for the embassy to account for – a number I will be adding to very shortly. How can these Britons continue be good ambassadors for their country while in Brazil, bring their various expertise, while also integrating and adding to Brazilian society? Ellis has a fantastic CV for the post. Before more than two years in a top role with the FCO, he was British Ambassador to Portugal in Lisbon – language experience that will certainly be useful. Between 2005 and 2007 he was an adviser to the President of the European Commission on energy, climate change, competition, development, trade and strategy. He has held a number of other positions with the FCO throughout his career. Ellis, who is backed by the tremendous Paula Walsh as HM Consul General, will surely enjoy a fantastic and

prosperous post, in a fantastic country (and city – that’s Rio, by the way). He will be invited by all of Brazil’s great and good to enjoy their country, just like most other foreigners are. Of course, there will be challenges, but what I see at the moment is a relationship between two countries that has never been warmer, or advantageous for both sides. I expect there will be much more of an opportunity from both sides over the coming years than there will be challenges. I’d like to wish Ellis the best of luck in this important role. As I’ve said, this is an exciting, but also important time for relations between both countries that could lead to blossom in the right hands, but if any of Britain’s nations get thumped by Brazil at the World Cup next year, he would be best advised to take a few weeks holiday.

Alex Ellis will be working in Rio de Janeiro

Brasil: o melhor posto diplomático do mundo?

A

Por Shaun Cumming lex Ellis, ex-diretor estratégico do ‘Foreign and Commonwealth Office (FCO), foi apontado para o cargo de Embaixador do Reino Unido no Brasil. Ele assume o posto em um momento importante na relação entre os dois países; os governos de ambos os lados estão de acordo em muitas questões que afetam o mundo hoje, o comércio e os negócios entre os dois tem aumentado e, no Brasil, Ellis vai encontrar condições de vida que estão melhorando a todo o momento. Parece que é o posto diplomático mais tranquilo do mundo, mas Ellis estará no centro da passagem dos Jogos Olímpicos de Londres para o Rio, assim como estará

em evidência na Copa do Mundo do ano que vem. Sabemos que pelo menos uma seleção da Grã-Bretanha não estará na competição; para o bem dele, espero que não haja nenhum fato ainda mais humilhante para acontecer com nosso futebol. Ellis terá uma vasta possibilidade de experimentar o Brasil em termos de diversidade de regiões, assim como em relação à política e prática de negócios. Há muitas oportunidades para o Reino Unido nos próximos anos, e Ellis agora tem a chance de potencializar isso. Temos que manter o espírito de Londres 2012, atraindo cada vez mais brasileiros e incentivando o comércio entre os dois países em movimento crescente. Em particular, universidades britânicas estão ‘loucos’ atrás de estudantes brasileiros.

Além disso, há um número crescente de britânicos vivendo no Brasil – em breve trago números confiáveis a respeito. Como esses britânicos podem continuar sendo bons embaixadores enquanto moram no Brasil, levando seus conhecimentos e, ao mesmo tempo, se integrando na sociedade brasileira? Ellis tem um currículo fantástico para o posto. Antes de passar dois anos numa posição de destaque na FCO, ele foi embaixador em Portugal – o que lhe garantiu uma útil experiência com o idioma. Entre 2005 e 2007, foi conselheiro da presidência da Comissão Europeia nas áreas de energia, mudança climática, desenvolvimento, comércio e estratégia, além de outras posições importantes dentro da FCO ao longo da carreira.

Ellis vai certamente desfrutar de um posto privilegiado (com base no Rio de Janeiro, aliás). Será convidado a conhecer o que o país tem de melhor, como qualquer outro estrangeiro. Haverá, claramente, desafios, mas o que vejo é que o momento nunca foi melhor para os dois países. Creio que haverá muito mais oportunidades do que desafios. Eu gostaria de desejar a Ellis a melhor sorte para essa importante missão. Como eu disse, é um momento excitante e também importante na relação entre os dois países, que podem ver florescer suas relações estando nas mãos certas. Mas, se alguma seleção da Grã-Bretanha for eliminada pelo Brasil na Copa, eu sugeriria a Ellis tirar algumas semanas de férias.


Special | 19

CINEMA

Is Venice still hipster? By Gabriela Lobianco – From Venice

N

ow in its 70th edition, the oldest film festival in the world, the annual Venice event strives to maintain its prestige in the world film scene. This year’s edition of the Venice film festival was opened with the screening of ‘Gravity’, directed by Alfonso Cuaron and starring Hollywood mega stars George Clooney and Sandra Bullock. The 3D space thriller, one of the most awaited previews, was presented to good reception from critics and the public. The festival director Alberto Barbera was sensible when deciding to open with a movie featuring a charismatic actor, countless special effects and superb execution to ensure the international reputation of the event. It is a difficult task, especially when competing with the Toronto Festival. The two festivals usually mark out the awards season of American cinema and in recent years Venice has been feeling the pressure from the competitor, since it is very expensive to promote Hollywood films in Italy. Barbera played a trump card in casting Bernardo Bertolucci’s as president of the jury the Italian director was reluctant to accept the position, having refused twice but said, “it is really a great job to have the responsibility of watching two movies a day, which requires great concentration and discipline,” he said. Even so, the choice of films was widely criticised by the media. Barbera

reiterates that: “the role of the festival is to select what is most interesting best produced”. However, films like ‘The Police Officer’s Wife’, by director Phillip Groning, ‘Joe’, by David Gordon Green with Nicholas Cage, and ‘Night Moves’, by Kelly Reichardt (with an investment of producing Brazilian RT Features) have not convinced seasoned film buffs Only on the fourth day, ‘Philomena’, a drama with acid humour of British director Stephen Frears (‘The Queen’) and starring Judi Dench and comedian Steve Coogan, pleased the audience. Based on the true story of Philomena Lee, one of the victims of the infamous Madeline Laundry in Ireland, a convent that welcomed troubled teens rejected by their families but went on to abuse

E

m sua 70ª edição, o mais antigo festival de cinema do mundo, o de Veneza, empenha-se para manter seu prestígio no cenário cinematográfico Europeu. É este o mote mais perceptível do evento que ocorre de 28 de agosto a 7 de setembro (ao fechamento desta matéria, o festival estava em seu sexto dia). Esta edição da mostra de cinema de Veneza inaugurou com a exibição do longa-metragem ‘Gravity’, dirigido pelo mexicano Alfonso Cuáron e estrelado pela dupla George Clooney e Sandra Bullock. O thriller espacial em 3D, um dos mais aguardados do evento, foi apresentado fora da competição com boa recepção da crítica e do público. O diretor do festival, Alberto Barbera, foi certeiro ao selecionar um filme de abertura com um ator carismático, inúmeros efeitos especiais e uma execução primorosa para garantir o renome da mostra internacional. Tarefa difícil, principalmente ao competir com o Festival de Toronto. Os dois normalmente balizam a temporada

Brazil out of focus

Despite not having any national film selected to compete for the Golden Lion, the Franco-Brazilian co-production ‘Amazon - Planet Green’, by Thierry Ragobert, will be feature in 3D at the closing the festival. A mix of fiction and documentary, it was the most expensive movie made in the Brazilian rainforest, with a budget of € 12 million (about R$ 35 million).

In addition, three Brazilian directors attended the commemorative project ‘Venice 70: Future reloaded’, featuring short films about the future of cinema. Karim Aïnouz, Júlio Bressane and Walter Salles contributed with 90 seconds, a tangle which included 70 grafts of 70 different directors to celebrate 70 years of the oldest films festival in the world. Both old and new world cinema are at an interesting juncture, with everyone waiting to see who will be the next to innovate the scene. If you’re a cinema fan who missed out on Venice this year, you can take in a unique brand of cinema glamour and talent at Inffinito, the Brazilian Film Festival that will take place in London Later this month. For more information visit http://www.brazilianfilmfestival. com/.

Main location of the festival

Veneza ainda é hipster? Por Gabriela Lobianco – De Veneza

them furhter, was the first film to be applauded in Venice, a possible contender for the Golden Globe and the favourite for the Golden Lion. Whether the festival has done enough to please critics, we will only know on day 7, after the announcement of the winners. One thing is certain: the sun, big sunglasses, charming bicycles, Prada handbags and hyper glamour still make Veneto a top class destination.

de premiações do cinema americano, como o Globo de Ouro e o Oscar. E, nos últimos anos, Veneza vem sentido a pressão do concorrente, já que para Hollywood é muito caro promover um filme na Itália. Barbera também usou como trunfo a escolha de Bernardo Bertolucci para presidente do júri da competição principal. O diretor italiano estava relutante em aceitar o cargo, tendo recusado duas vezes: “é realmente um grande trabalho ter a responsabilidade de assistir dois filmes por dia, o que exige grande concentração e disciplina”, disse. Mesmo assim, a escolha dos filmes da mostra foi muito criticada pela mídia especializada. Barbera reitera que “o papel do festival é selecionar o que há de mais interessante e este catálogo ser uma sugestão do que de melhor é produzido”. Entretanto, filmes como ‘The Police Officer’s Wife’, do diretor Phillip Groning, ‘Joe’, de David Gordon Green com atuação de Nicholas Cage, e ‘Night Moves’, de Kelly Reichardt (esse último com investimento da produtora Brasileira RT Features), não convenceram como obras relevantes.

Curioso constatar que assuntos atuais recheiam a agenda de exibições e mesmo assim as obras ainda não carregam a magnitude de outrora. Somente no quarto dia, ‘Philomena’, drama com humor ácido do diretor inglês Stephen Frears (‘A Rainha’) e estrelado por Judi Dench e o comediante Steve Coogan, agradou. Baseado na história real de Philomena Lee, uma das vítimas das Lavanderias Magdalenas na Irlanda, convento que acolhia adolescentes grávidas rejeitadas pela família, foi o primeiro filme a ser ovacionado em Veneza, um possível concorrente ao Oscar e um dos favoritos ao Leão de Ouro. A cada nova sessão, uma breve prévia com gravações antigas do festival é exibida ao público, parte das comemorações pela edição 70. O evento ainda conta com Amos Gitai com ‘Ana Arabia’, Terry Gilliam com ‘The zero theorem’ e Philippe Garrel, um favorito de longa data em Veneza, com ‘La jalousie’, novamente estrelado por seu filho Louis Garrel. Kin-ki duk volta fora da competição com ‘Moebius’, além do mestre da animação japonesa Hayao Miyazaki (‘A Viagem de Chihiro’) com o novo ‘Kaze Tachinu’ e Errol Morris (‘The Unknown Known: the Life and Times

of Donald Rumsfeld’) com o primeiro documentário a ser selecionado na história do festival de Veneza. Se a mostra é suficiente para arrebatar a crítica e consagrar a Mostra do Lido, somente no dia 7, depois do anúncio dos vencedores, poderemos avaliar. Uma coisa é certa: sol, óculos escuros grandes, bicicletas charmosas, bolsas Prada e muito glamour ainda circulam em Veneto. Brasil sem expressividade Apesar de não ter nenhum filme nacional selecionado para concorrer ao Leão de Ouro, a coprodução francobrasileira ‘Amazônia – Planeta Verde’, de Thierry Ragobert, será o longametragem em 3D que encerra o evento. Mistura de ficção com documentário, foi o filme mais caro filmado na floresta brasileira, com orçamento de € 12 milhões (cerca de R$ 35 milhões). Além disso, três diretores brasileiros participaram do projeto comemorativo ‘Veneza 70: Future reloaded’, composto por microcurtas sobre o futuro do cinema. Karim Aïnouz, Júlio Bressane e Walter Salles contribuíram com 90 segundos, num emaranhado que contou com 70 enxertos de 70 diretores diferentes para celebrar 70 anos do Festival de Cinema mais antigo do mundo.


London by Night | 20 |

Sep 3rd – 16th 2013

Notting Hill Carnival by Memory Lovers


What's On | 21

Brazilian Carnival Encontro FlipSide

CASA Latin American Theatre Festival

Brazil’s most foremost literary festival, FLIP, will be making its debut in the UK with FlipSide – a vibrant weekend of Brazilian literature, art, music and dance on the Suffolk coast. Among the writers coming from Brazil are Milton Hatoum, Ana Maria Machado, Hans Christian Andersen and Andrea Lisboa. They will be joined by British writers including Ian McEwan, Ali Smith and Will Self. The captivating singer/ composer Adriana Calcanhotto will also be appearing during the weekend.

CASA 2013 is almost here and it is shaping up to the biggest and best festival ever. The event will bring seven outstanding plays from Bolivia, Brazil, Chile and Ecuador, and exciting new work from UKbased Latin American directors, artists and musicians to the stage. There will also be a series of talks, workshops and community events. Tickets are already on sale and are going fast, so book now and you won’t miss a thing! When: 27th September – 6th October Where: Rich Mix, Barbican, Pleasance Islington, The Institute of Latin American Studies Tickets: From £10 Info: www.casafestival.org.uk

CASA 2013 está se aproximando e tomando forma para sua maior e melhor edição. No palco serão apresentadas peças de Bolívia, Brasil, Chile e Equador, e novos trabalhos de diretores, atores, artistas e músicos latino-americanos baseados no Reino Unido. Haverá uma série de workshops, palestras e eventos comunitários. Os ingressos já estão à venda. Quando: 27 de setembro a 6 de outubro Onde: Rich Mix, Barbican, Pleasance Islington, The Institute of Latin American Studies Entrada: A partir de £10 Info: www.casafestival.org.uk

The UK Centre for Carnival Arts hosts its third Brazilian Carnival Encontro this September, featuring an incredible line up of Samba percussion, Brazilian dance and singing workshops plus spectacular performances from some of the UK’s most inspiring Carnival artists. The highlight of the weekend is the Saturday Night Showcase Party when Umpatacum, Ilu Axe, Maracatudo Mafua, Carnival Collective will take to the stage for a fantastic evening of live Samba music and dance.

Em setembro o UK Centre for Carnival Arts recebe a terceira edição do Brazilian Carnival Encontro. O evento reúne na programação workshops de percussão, dança brasileira e canto, além de apresentações de grupos que trazem para o Reino Unido todo o espírito de carnaval. O destaque do fim de semana é no sábado, com a Night Showcase Party, com as presenças de Umpatacum, Ilu Axe, Maracatudo Mafua e Carnival Collective levando muita música e dança para os expectadores.

When: 6-8 September Where: UK Center for Carnival Arts (3 St Mary’s Road, Luton, Bedfordshire, LU1 3JA) Tickets: Friday free; Saturday £10; Sunday £15 Info: www.brazilianpost.co.uk

Quando: 6 a 2 de setembro Onde: UK Center for Carnival Arts (3 St Mary’s Road, Luton, Bedfordshire, LU1 3JA) Entrada: Sexta free; Sábado £10; Domingo £15 Info: www.brazilianpost.co.uk

Luiz Melodia @ Union Chapel Brazilian singer-songwriter Luiz Melodia celebrates his 40-year career with a oneoff UK concert as the final stop on an extensive European tour. Over the years he has commented his place as one of the foremost representatives of Brazilian Popular Music, with a natural blend of Samba, Rock, Jazz and Blues. When: 6th October Where: Union Chapel (Compton Avenue, N1 2XD, London) Tickets: £ 30 Info: http://goo.gl/zmj3Pj

O cantor e compositor Luiz Melodia celebra seus 40 anos de carreira com um show em Londres, trazendo muito samba para a capital inglesa. Quando: 6 de outubro Onde: Union Chapel (Compton Avenue, N1 2XD, London) Entrada: £ 30 Info: http://goo.gl/zmj3Pj

When: 4 – 6 October Where: Snape Maltings, Suffolk Tickets: From £15 Info: www.flipsidefestival.co.uk

Um dos mais aclamados festivais do Brasil, a FLIP vai estrear no Reino Unido com a FlipSide – um fim de semana vibrante com literatura, arte, música e dança – na costa de Suffolk. Entre os escritores brasileiros que virão estão Milton Hatoum, Ana Maria Machado, Hans Christian Andersen e Andrea Lisboa. Eles vão se juntar a escritores ingleses como Ian McEwan, Ali Smith e Will Self. Haverá também show de Adriana Calcanhoto. Quando: 4 a 6 de outubro Onde: Snape Maltings, Suffolk Entrada: A partir de £15 Info: www.flipsidefestival.co.uk

Brazilian Film Festival The annual Brazilian Film Festival of London is back for its 5th edition, The 2013 program includes 13 feature films and 12 short films, which will be shown during the 5-day event. With specially curated sections, one of the special festival strands includes Cinefoot – A World Cup Tribute, a presentation of insightful films about the ‘beautiful game’.

O Brazilian Film Festival está de volta para sua quinta edição, apresentando algumas das mais recentes produções nacionais. O programa de 2013 inclui 13 longas e 12 curtas que serão exibidos ao longo de cinco dias. Uma das atrações especiais deste ano é o Cinefoot – A World Cup Tribute, que vai apresentar filmes sobre futebol.

When: 27th September – 1st October Where: Odeon Covent Garden, 135 Shaftesbury Avenue, WC2H 8AH Tickets: prices vary, http://goo.gl/jnDQTI Info: http://goo.gl/kaYyS2

Quando: 27 de setembro a 1º de outubro Onde: Odeon Covent Garden Entrada: http://goo.gl/jnDQTI Info: http://goo.gl/kaYyS2


Entertainment | 22 |

Sep 3rd – 16th 2013

LIVROS

BOOKS

Down the Rabbit whole and out the other side in search of popular literature

‘Down the Rabbit Hole’, by Juan Pablo Villalobos

N

Por Ricardo Somera

By Ricardo Somera

D

uring the past five years I have dedicated my time to study communication and new technologies. Thus I’ve been reading books in these areas such as ‘Being Digital’, by Nicolas Negroponte; ‘Long Tail’ and ‘Free’, by Chris Anderson; ‘Where Good Ideas Come From: The Natural History of Innovation’, by Steven Johnson; and just about everything written by Malcom Gladwell. Though I have never adopted the “best seller reading style” simply choosing books suggested by papers and magazines, preferring instead tips from friends or simply choosing while walking in a book shop. It was one of these recommendations that let me to ‘Down the Rabbit Hole’, the award winning book by a Mexican, who lives in Brazil, Juan Pablo Villalobos. The tip came from LidoLendo, a literature channel on YouTube and it’s vlogger [video blogger] Isa, that made me break from my usual choices and go for a more conventional piece of popular literature, on this occasion I was wrong to follow this recommendation. ‘Down the Rabbit Hole’ is a book that fits the “narcoliterature” category invented in Mexico – one that uses the trafficking of narcotics a backdrop to the novel. Though I think this genre has more to do with merchandising for the publishers than a genuine literature movement, a dangerous one that revels in the life of very powerful drug dealers. ‘Down the Rabbit Hole, is the story of a dealers son, both curious and smart who lives imprisoned in a “castle” without knowing the truth about his father, only understanding his world the word of his father’s employee or the TV. Selected for the Guardian First Book Award 2011, the book had excellent reviews in the British press, all I can think is that perhaps the English translation provided much needed rhythm that the Portuguese language has not. While reading I became increasingly annoyed with the narrative style and could not shake off the feeling that I had made a bad choice and that this is a book that I might have enjoyed when I was 12 years old. Though I am still looking for a good nook of popular fiction, fun and easy to read to break up my otherwise academic reading. One week ago I started reading ‘Getting the Girl’ the new book of Markus Zusak, author of ‘The Book Thief’. Now only a few pages in, it seems to be far better than my last choice. I haven’t read ‘The Book Thief’, but I’m very curious to watch the film adaptation with Geoffrey Rush and Emily Watson, though perhaps I should read the book first or else face one of the other great struggles reader’s suffer: when a highly anticipated film of one of your favourite books fails to live up to the novel… Once I’ve finished ‘Getting the Girl’ I will be looking for something else. Do you have any suggestion? Let me no via twitter @ souricardo.

Até o fundo da toca do coelho à procura de uma literatura pop

‘Getting the Girl’, by Markus Zusak

os últimos cinco anos tenho me dedicado a estudar comunicação e novas tecnologias, então consequentemente meu tempo de leitura foi direcionado a livros das áreas, como ‘Vida Digital’ (Being Digital), de Nicolas Negroponte; ‘Cauda Longa’ (Long Tail) e ‘Free’ (Free), de Chris Anderson; ‘De Onde Vêm as Boas Ideias’ (Where Good Ideas Come From: The Natural History of Innovation), de Steven Johnson; e todos os livros de Malcolm Gladwell. Nunca fui adepto aos best sellers das listas dos grandes jornais e revistas, preferindo dicas de amigos ou escolhendo em um passeio por alguma livraria. Procurando sobre dicas interessantes de livros, descobri ‘Festa no Covil’ (Down the Rabbit Hole), a adaptação de um premiado livro do mexicano residente no Brasil Juan Pablo Villalobos. A dica veio do LidoLendo, um canal literário no Youtube. A empolgação da Isa, a vloger, me fez arriscar uma literatura mais convencional e pop e menos cabeça e técnica, mas me dei mal. ‘Festa no Covil’ é um livro que se encaixa no que é conhecido no México como “narcoliteratura” – que usa o narcotráfico como pano de fundo, mas que é um termo mais marqueteiro para as editoras do que um movimento literário - e conta a vida íntima de um poderoso chefe do narcotráfico. A história é narrada pelo seu filho, um garoto de idade indefinida, curioso e inteligente que vive trancado num “palácio” sem saber a verdade sobre o pai, e que reconta sem filtros morais o que presencia ou conhece pela boca dos empregados ou pela TV. Selecionado para o Guardian First Book Award 2011, o livro teve ótimas críticas na imprensa britânica; talvez a tradução para o inglês tenha dado um ritmo que a língua portuguesa não conseguiu. No decorrer das 80 páginas, o romance de estreia do autor me deixou entediado e com a certeza de ter feito uma má escolha. Um livro pelo qual talvez eu me interessasse mais se tivesse lido com uns 12 ou 13 anos de idade. Cheguei a ficar irritado com a narração do personagem. A capa linda da edição brasileira não condiz com o conteúdo. E como diz o velho ditado: Não se pode julgar o livro pela capa. Ainda estou na busca por uma literatura pop, leve e divertida. Há uma semana comecei a ler o novo livro do autor de ‘A Menina que Roubava Livros’ (The Book Thief), o australiano Markus Zusak. Seu novo romance chama ‘A Garota que eu Quero’ (Getting the Girl) e já nos primeiros capítulos me parece melhor que minha última leitura. Não li ‘A Menina...’, mas fiquei ansioso para ver a adaptação do livro para o cinema após o primeiro trailer divulgado na última semana com Geoffrey Rush e Emily Watson no elenco. E eu continuo atrás de um bom livro. Alguma sugestão? Escreva para twitter.com/ souricardo.


Cool Hunter | 23 Vintage Denim jacket + Denim back from Primark

Boyfriend denim shirt at American Apparel Window at Oxford Street

Denim Dungaree on Vintage Tend at Brodway Market

Denim dungaree at Urban Outfitters window at Oxford Street

Vintage tend at Brick Lane Market

Denim from the Streets! By Zaza Oliva (www.zazaoliva.com) Originally created by Levis Strauss, with heavy duty utility for miners in mind in the nineteenth Century, adopted as a symbol of youthful rebellion in the 1940s and ‘50s, then favoured by James Dean and Marlon Brando before their first appearance on the catwalk of Calvin Klein in the ‘70s, (the first designer to do so) – Denim has remained a dominant look in magazines, fashion shows and shop windows. So what’s the next chapter for this look that has lasted over half a century? What do you think of Denim overalls? This look can be seen in all the high street store windows and worn by daring fashionistas, opting either for a relaxed look accessorised with Converse or for a more laid back chic style, worn with high heels. This look also has a great sense of heritage, first worn by women during WW1 when they first went out to work in munitions factories and farms. Far from being just another passing fad, the denim jumpsuit remains a symbol of resistance for manual labour workers. Its versatility and balance of comfort and style is so great that it has become a recurrent focus of fashion trends in the ‘60s, ‘70s and ‘90s - and now, once again, in the XXI century. Denim coveralls, overalls, jumpsuits, ‘boyfriend’ shirts, will be popular again next summer and will continue to inspire trends for generations to come. Trust me! So keep hold of yours! Thea wearing dungaree skirt from Miss Selfridge at Oxford Street

Por Zaza Oliva (www.zazaoliva.com) Criado por Levis Strauss, utilizado no trabalho pesado de mineradores em meados do século 19, o Jeans foi incorporado no uso informal como símbolo da juventude rebelde nas décadas de 1940 e 1950. E com a aparição nas telinhas de cinema, vestindo James Dean e Marlon Brando, a peça foi popularizada. Em 1970, chocando os mais conservadores, chega às passarelas. Calvin Klein foi o primeiro estilista a colocar o Jeans como tendência de moda. Desde então, o Denim nunca parou de ser visto nas revistas, passarelas e vitrines. E o macacão jeans? O que acham dele? Ele está em todas as vitrines atuais e vestido pelas fashionistas mais ousadas, sendo no estilo despojado usando Converse (ou qualquer sneaker) ou até mesmo casual chic, usado com salto alto. A peça, também criada para trabalho pesado rural, foi incorporada no armário das mulheres somente em 1916, quando a Primeira Guerra Mundial forçou-as a saírem de suas casas para trabalhar fora. E foi desta maneira que o macacão tornou-se uma escolha aceitável de vestimenta feminina. Longe de ser apenas mais um modismo, tanto em revista como a Vogue, ou em vitrines, o macacão jeans continua a ser um símbolo de resistência para os trabalhadores de trabalho manual. Seu conforto e estilo são tão grandes que se tornaram o foco das tendências da moda nos anos 60, 70 e 90. E agora, mais uma vez, no século 21. Jardineiras, macacões, macaquinhos, camisa ‘jeans boyfriend’, tudo o que há em Denim ou Jeans vai ser popular novamente no próximo verão. Além de inspirar as tendências para as gerações vindouras. Confie em mim. Portanto preserve-os ;-)

Erika wearing Vintage denim shorts dungaree around Brick Lane Market

Natasha wearing boyfriend shirt from Topshop at oxford street

Victoria wearing a Vintage denim boyfriend jacket around Brodway Market

Denim dungarees at American Apparel Window Oxford Street

instangram: @zazaoliva

| facebook: facebook.com/zazaoliva

Alice wearing denim dungarees from Urban Outfitters at Brodway Market


Feel Good | 24 |

Sep 3rd – 16th 2013

SACRED CHAT

Do What You Love, Love What You Do By Inner Space (www.innerspace.org.uk)

D

o you do what you love, or love what you do? It is great to do what we love. Only there are always going to be times when this isn’t possible and we have to do what is needed or what we don’t like. Then what are we to do? Is it possible to love what we do, whatever that may be? Wouldn’t it be great to be able to maintain our happiness even when we have to do things that we don’t like? When we are primarily focused on ‘doing what we love’ we are always going to be searching, chasing or trying to hold onto something. We are in fact saying that, in order to experience happiness or fulfilment we must be

doing a certain thing, achieve a specific aim, own particular possessions or be in certain relationships. We are in effect engaging with life from a place of neediness. If this is the case, we believe that happiness and fulfilment can only be experienced through external events, situations and relationships. When we believe this, we make ourselves completely dependent on things outside of ourselves for our happiness or fulfilment. What about the rest of the time? The times when we aren’t doing what we love? The times when we have to do the everyday tasks? Wouldn’t it be great to feel happy no matter what we are doing? Can we really ‘love what we do’? The answer is ‘yes’, if we are prepared to shift our focus.

To move into loving whatever you are doing, or keeping your happiness at all times, what you need to do is begin living from the inside out. To do this you need to first of all recognise and re-acquaint yourself with your inner riches and beauty. When all our attention is on things outside of ourselves we lose touch with our inner wealth. To begin living from the inside, is about simply shifting your attention from the outside in. This process is called meditation. In meditation we re-connect with our real self and experience our innate qualities and values. We can do this by using the power of our thoughts. Take a thought, such as love and keep it on the screen of your mind. Allow your inner attention to rest there. Allow yourself to

connect to the essence of this thought and emerge the feeling of this thought. When you do this regularly, you cultivate an inner peaceful and happy state of being. Having shifted our attention from the outside in, and experienced our inner wealth, we then find we approach life from a very different standpoint. We begin the day already feeling content and full. How we feel becomes less and less dependent on what we are doing. Our passion becomes, ‘What can I share or contribute here?’ It may be, to be happy and share happiness. Then one day, we wake up and find we feel happy for no apparent reason. Why allow yourself to be happy only when you can do what you love? Why not choose to be happy always?

Faça o que você ama; ame o que você faz Por Inner Space (www.innerspace.org.uk)

V

ocê faz o que você ama, ou ama o que você faz? É ótimo fazer o que amamos. Só que sempre há momentos em que não podemos fazer o que queremos, e então temos que fazer o que é preciso e o que não gostamos. O que fazer? É possível amar o que fazemos, seja o que for? É possível ser capaz de se manter feliz mesmo quando temos que fazer coisas que não gostamos de fazer? Quando estamos primariamente focados em ‘fazer o que amamos’, estamos sempre procurando por algo, perseguindo algo novo ou tentando agarrar alguma oportunidade. Estamos, na realidade, dizendo que para

experimentar a felicidade plena temos que fazer certas coisas, alcançar certos objetivos, ter posses particulares ou estar em determinados relacionamentos. Estamos objetivamente nos engajando em uma vida de necessidades. Estamos acreditando, afinal, que felicidade plena só pode ser experimentada por meio de eventos, situações e relacionamentos externos. Quando acreditamos nisso, nos tornamos completamente dependentes de coisas que vem de fora para nossa felicidade. Mas, então, e o resto do tempo? E aqueles momentos em que não estamos fazendo o que gostamos? E as longas horas em que estamos cumprindo nossos afazeres diários? Não seria ótimo se sentir feliz independentemente do que estamos

fazendo? Podemos realmente amar o que fazemos? A resposta é sim, se estamos preparados para mudar o foco. Para isso, precisamos viver de dentro para fora. Precisamos em primeiro lugar reconhecer nós mesmos com nossa beleza e riqueza interior. Quando toda nossa atenção está em coisas externas, perdemos contato com nosso bem estar íntimo. Esse processo de mudança se chama meditação. Com a meditação nos reconectamos com nosso verdadeiro ser e experimentamos nossas qualidades e valores interiores. Podemos fazer isso com o poder de nossos pensamentos. Pegue um pensamento, por exemplo o amor, e o mantenha na mente. Permita sua atenção interior repousar sobre ele. Permita a si mesmo se conectar com

a essência desse pensamento e fazer emergir o sentimento dele. Quando fazemos isso regularmente, cultivamos um estado pacífico e feliz do ser interior. Ao mudar nossa atenção para dentro e experimentar nossa paz interior, nos descobrimos encarando a vida de um ponto de vista bem diferente. Começamos o dia já contentes e satisfeitos. Sentimos-nos cada vez menos dependentes do que estamos fazendo. Nossa paixão passa a ser ‘O que posso compartilhar e contribuir aqui?’. Assim, nos percebemos felizes sem razão aparente. Por qual motivo nos permitir ser felizes apenas quando fazemos o que gostamos? Por que não escolher ser feliz seja lá o que for preciso fazer?


Food | 25

CHEF LUCIANE SORRINO Having graduated in Gastronomy studies from SENAC Sao Paulo, Luciane Sorrino has some fantastic experience, having worked in three different countries – Brazil, Italy and United Kingdom. During her time in SP, Luciane worked at Amadeus, awell known restaurant that specialises in sea food.

Easy chocolate cake

Bolo de chocolate fácil

Ingredients for the cake:

Ingredientes para o bolo:

• • • • • • •

3 medium eggs 320g caster sugar 360g plain flour 240ml warm water 120ml sunflower oil 90g cocoa powder 1 tbsp baking powder

How to prepare:

Preheat the oven to 180ºC. In a large mixing bowl, whisk the eggs until smooth and well combined, add the sugar and mix well to form a thick white cream. Add the oil, flour, water and cocoa powder and mix well until smooth. Add the baking powder and mix. Grease and dust with flour a round cake tin and pour the cake mixture into it. Bake in the oven for 20 minutes then allow to cool completely, still in the tin, before icing.

• •

1/2 tbsp unsalted butter 150 ml milk

Heat all ingredients in a saucepan over a low heat until becoming a thick chocolate sauce and pour over the cake.

• • • • • • •

TIP:

Modo de preparo:

How to prepare:

To add some “heat” on the chocolate icing, add 3 tbsp of whisky or cognac.

ADVERTORIAL

Celebration green and yellow

O

direct from the land that is ‘beautiful by nature’, pass by Casa Brazil, which offers products from home so you can enjoy the Brazilian culture in the land of the Queen. Tradition, variety and quality for you and your family For more information visit our website www.casabrasillondres.co.uk or visit us at our store in the famous Queensway Market. And stay tuned in through facebook promotions! (www. facebook.com / casabrasillondres) Every Monday we have the ‘SECOND CRAZY’ with products reduced in price. Well worth checking out!

7 de Setembro: Comemoração verde e amarela

N

o dia sete de setembro, brasileiros e brasileiras comemoram 191 anos de Independência do Brasil! Na maioria das cidades do país, o tradicional desfile movimenta as escolas, instituições culturais, esportivas. Muitas são as atividades celebrativas. Porém, mais importante que comemorar com atividade cívica, é preciso celebrar a capacidade realizadora dos cidadãos brasileiros e brasileiras, que são o verdadeiro espetáculo do Brasil tanto na terrinha, como fora dela. Muitos brasileiros vivem a nossa cultura longe da terra Natal, como é o caso dos brasileiros no Reino Unido, que podem celebrar e matar a saudade quando se esta longe.

Ingredientes para a calda: • • • • •

1 lata de leite condensado 5 colheres de sopa de cacau em pó 1/2 colher de sopa de manteiga sem sal 150ml de leite Misture todos os ingredientes e leve ao fogo médio; mexa até engrossar. Desenforme o bolo e despeje a calda por cima.

Faça pequenos furos com uma faca no bolo para a calda penetrar e, se preferir uma calda mais forte, acrescente três colheres de sopa de whisky ou conhaque na receita da calda.

1 can condensed milk 5 tbsp cocoa powder

n September 7, Brazilians celebrate 191 years of the Independence of Brazil! In most cities, the traditional parade takes place in schools, cultural institutions, sports. But it is also important to celebrate civic activity, one must celebrate the ability of citizens fulfilling Brazilians, who are the true spectacle of Brazil and beyond. Many Brazilians live our culture away from the homeland, as is the case of Brazilians in the UK, you too can celebrate and when you’re living far away! If you want to find Brazilian products,

Pré-aqueça o forno a 180ºC. Bata as claras em neve até ficarem bem firmes; acrescente as gemas sem parar de bater; acrescente o açúcar e bata até formar um

creme esbranquiçado. Acrescente o óleo, a farinha, a água e o cacau e bata até ficar bem homogêneo. Coloque o fermento em pó e misture bem. Coloque a massa do bolo para assar em uma forma de buraco (média 22 cm de diâmetro) untada e enfarinhada, a 180ºC, por aproximadamente 20 minutos ou até espetar um palito e ele sair limpo. Deixe o bolo esfriar e desenforme.

DICA:

Ingredients for the chocolate icing: • •

3 ovos 2 xícaras de açúcar 3 xícaras de farinha de trigo 1 xícara de água morna 1/2 xícara de óleo 1 xícara de cacau em pó 1 colher de sobremesa de fermento em pó

Em Londres, você já sabe! Se quer encontrar produtos brasileiros, direto da terra ‘bonita por natureza’, passe pela Casa Brasil, que há 24 anos oferece produtos verde-amarelos para que você possa desfrutar da cultura brasileira na terra da rainha. Tradição, variedade e qualidade para você e sua família Para mais informações acesse nosso website www.casabrasillondres.co.uk ou visite-nos em nossa loja, no famoso Queensway Market. E fique ligado nas promoções divulgas através do facebook da Casa Brasil! (www.facebook.com/ casabrasillondres) Toda segunda-feira temos a ‘SEGUNDA LOUCA’ com produtos com preços reduzidíssimos. Vale a pena conferir!


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.